Texto de Aristóteles
I. Mas não devemos colocar como pontos ou linhas a matéria de onde vem o corpo, pelas mesmas razões.
II. e III. E também que os pontos e as linhas são limites, que é a matéria, a qual nunca pode existir independentemente da qualidade nem independentemente da forma. (...)
Reexposição comentada
II. Provado por Aristóteles, que não pode ser sujeito de aumento, o que não tem a quantidade em acto ou em potência, o ponto e a linha não poderiam ser elementos consistentes dos corpos; embora o sejam da matemática, não o são da matéria enquanto tal. Falta à linha e ao ponto as dimensões que possuem os corpos materiais. Se a linha tem superfície não tem profundidade nem latitude. O ponto, por sua vez, carece de toda a magnitude. Expõe Aristóteles que os pontos e as linhas são os limites da matéria, coisas incorpóreas em acto, e não podem engendrar um corpo que tenha uma grandeza. Também a matéria não pode existir sem a sua configuração e as suas qualidades, como bem salientam os comentaristas ao analisar este tópico. Acusava Tomás de Aquino os platónicos de considerar os entes matemáticos como substâncias dos corpos naturais.
Fundamentavam eles o seu pensamento no facto de serem o ponto e a linha termos das dimensões, como a forma é termo da matéria, e afirmavam que aquilo que, pelo qual é terminado, seria a matéria dos corpos, e sendo os pontos e linhas os últimos termos, seriam consequentemente o fundamento da matéria.
III. Na Metafísica demonstrou Aristóteles que uma coisa nasce absolutamente de uma outra, e que sua causa eficiente é, ora uma coisa em acto, da mesma espécie ou do mesmo género, ora uma enteléquia. Todo o devir implica um ser em acto de onde ele se origina e ele pode ser, como o esquematiza Tricot:
a) uma coisa é em acto, quer dizer uma forma na matéria, idêntica com a coisa produzida, quer específica, quer genericamente.
b) Para a poíesis propriamente dita (realização, criação de uma obra), resultado da tekhnê (arte) uma forma, que está no espírito do artista no estado de enteléquia.
Júpiter e seus satélites |
O outro tipo de mutação é aquela em que o sujeito da mutação passa através de fases intermédias entre o terminus a quo e o terminus ad quem. No movimento tópico, local, vemos tal exemplo, pois há uma distância que o móvel percorrerá. Nas mutações intensistas, por exemplo, aquecimento-resfriamento, dá-se o mesmo. A teoria dos minima de Aristóteles pode ser aplicada também às intensidades como já o faziam os escolásticos, como o expõe Suarez nas "Disputationes Metaphysicas"... (in Mário Ferreira dos Santos, Aristóteles e as Mutações, Livraria e Editora Logos, S. Paulo, 1955, pp. 18-19; 97-98).
Júpiter |
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