quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Despertar dos Mágicos (vi)

Escrito por Louis Pauwels e Jacques Bergier








Madame H. P. Blavatsky



Todos estes movimentos: Rosa-Cruz moderna, Golden Dawn inglesa, Sociedade do Vril alemã (que nos conduzirão ao grupo Tule, no qual encontraremos Haushoffer, Hess, Hitler) tinham maiores ou menores ligações com a Sociedade Teosófica, poderosa e bem organizada. A teosofia juntava à magia neopagã uma solenidade oriental e uma terminologia hindu. Ou antes, abria os caminhos do Ocidente a um certo Oriente luciferino. Foi sob a designação de teosofismo que se acabou por descrever o vasto movimento de renascimento do mágico que impressionou muitas inteligências no início do século.

No seu estudo Le Théosophisme: histoire d'une pseudo-religion, publicado em 1921, o filósofo René Guénon mostra-se profeta. Ele vê aumentarem os perigos por detrás da teosofia e os grupos iniciáticos neopagãos mais ou menos ligados à seita de Madame Blavatsky.

Escreve:

René Guénon
«Os falsos messias que até agora vimos apenas fizeram prodígios de qualidade muito inferior, e aqueles que os seguiram provavelmente não eram muito difíceis de seduzir. Mas quem sabe o que o futuro nos reserva? Se pensarmos que esses falsos messias nunca foram senão instrumentos mais ou menos inconscientes entre as mãos daqueles que os suscitaram, e se nos reportarmos em especial à série de tentativas sucessivamente feitas pelos teosofistas, somos levados a pensar que tudo isso foram apenas ensaios, de certa maneira experiências, que se renovarão sob diversas formas até que o êxito seja alcançado, e que, entretanto, sempre conseguem provocar certa perturbação nos espíritos. Aliás, não acreditamos que os teosofistas, nem os ocultistas ou os espíritas sejam capazes de realizar, por eles próprios e com pleno êxito, tal empreendimento. Mas não haveria, atrás de todos esses movimentos, qualquer coisa de igualmente temível, que os seus chefes talvez nem conhecessem e de que eram, por sua vez, os simples instrumentos?»

É também a época em que uma extraordinária personagem, Rudolph Steiner, desenvolve na Suiça uma sociedade de investigações que se baseia na ideia de que o Universo inteiro está contido no espírito humano e que esse espírito é capaz de uma actividade sem nada de comum com o que a esse respeito nos diz a psicologia oficial. De facto, certas descobertas steinerianas, na biologia (os adubos que não destroem o solo), na medicina (utilização dos metais que alteram o metabolismo) e sobretudo em pedagogia (funcionam hoje na Europa numerosas escolas steinerianas), enriqueceram consideravelmente a humanidade. Rudolph Steiner pensava que há uma forma negra e uma forma branca de investigação «mágica». Achava que o teosofismo e as diversas sociedades neopagãs provinham do grande mundo subterrâneo do Mal e anunciavam uma era demoníaca. Apressava-se a estabelecer, no âmago do seu próprio ensinamento, uma doutrina moral incitando os «iniciados» a só utilizarem forças benéficas. Ele pretendia criar uma sociedade de benevolentes.

Não vamos pôr a questão de saber se Steiner tinha ou não razão, se era ou não senhor da verdade. O que nos impressiona é que as primeiras equipas nazis parecem ter considerado Steiner o seu inimigo número um. Logo de início, os seus agentes dispersam por meio da violência as reuniões de Steinerianos, ameaçam de morte os discípulos, obrigam-nos a fugir da Alemanha e, em 1924, na Suíça, em Dornach, deitam fogo ao centro edificado por Steiner. Os arquivos ardem, Steiner já não está em condições de trabalhar e morre de desgosto um ano mais tarde (in ob. cit., pp. 307-309).


Goetheanum



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