Ilha da Madeira |
Alberto João
Ora é de Alberto João Jardim que recebo, logo que a minha candidatura se anuncia, os primeiros conselhos e advertências e, até, a consideração da possibilidade de uma posição política a assumir a meu favor. Esta atitude reveste inegável nobreza pois é assumida num momento em que Alberto João se conta entre os possíveis candidatos a apresentar pelo PSD. Os tempos irão correndo e não será candidato, o que constituirá mais uma prova das intrigas em que se afundam os políticos. Só terão eles, como atenuante deste erro, o facto de a candidatura de Alberto João ter começado por ser defendida, nos bastidores dos conluios, por um grupo tão oportunista que, na babugem do êxito de Reagan e Tatcher, pretende apresentar-se como adepto de um neo-liberalismo que foi aprender à pressa.
Necrofilia socialista
Hoje, é isto de este Governo socialista transferir, em grande cerimonial cívico, o sepulcro de Fernando Pessoa para os Jerónimos, ao lado de Camões e do Gama. É a maior homenagem material que os homens do poder político, sempre tão pobres em espírito, podem prestar a um poeta.Acontece, porém, que um poeta é um homem de poemas e de ideias pois não há poesia sem verdade como se diz, citando alemães, na epígrafe das "Obras Completas" do homenageado. E acontece também que, que entre as ideias, ou verdades, de Fernando Pessoa a mais contrastante e de muitos modos expressa é a do repúdio do socialismo, doutrina que o poeta cientificamente refuta e visceralmente abomina.
Como se pode, então, homenagear Fernando Pessoa e continuar a ser socialista? Ou estes nossos socialistas são, além de suicidas, tolos e tontos ou vão anunciar-nos, já amanhã, que deixaram de ser socialistas. Não há outra hipótese possível.
Socialismo avança no Brasil
Más notícias do Brasil, que a imprensa de cá finge ignorar e trata de esconder. O novo Governo faz uma "política de abertura", como entre nós foi a marcelista, e as milhares de "comunidades de base", organizadas e dirigidas pelo Arcebispo de S. Paulo e outros Bispos da Igreja, reivindicam, apoiadas na imprensa das ocasiões e nos políticos das oportunidades, a "reforma agrária" e já também a "reforma urbana". As "palavras de ordem" são as mesmas que nós conhecemos em 1974/75, as finalidades as mesmas e os mesmos argumentos: o mal que há no mundo resulta só de haver propriedade, o remédio é a abolição da propriedade.
Quem nos traz estas notícias, dá pormenores: já se registaram milhares de mortos, as "comunidades" são armadas pela Líbia, e ocupações de terras realizam-se com furor, não nas regiões pobres do Nordeste, mas no Estado de mais rica agricultura como é o Paraná. Mais ainda: o Governo legaliza a "reforma agrária" mas não o faz nos terrenos do Estado (que são 60% do território brasileiro). Fá-lo nas terras já cultivadas e enriquecidas. Ainda mais: os Bispos, como suas "comunidades de base", não vêem limites às reivindicações, alargando-as aos terrenos e propriedades urbanas e fazendo, pela voz do Arcebispo de S. Paulo, o elogio das figuras do comunismo internacional, como o cubano Fidel Castro.
E ainda: todo este movimento teve seu remoto início há uns quarenta anos quando, num congresso internacional comunista, Estaline recomendou que se actuasse em força no Brasil pois, afirmou, "quem dominar o Brasil, dominará o mundo" (O processo das Presidenciais 86 , pp. 22-23).
Belo e lúcido texto!
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