Mona Lisa |
ESTÉTICA E POÉTICA I
1. Distinção entre Estética e Poética:
Carácter clássico da Poética.
1.2. Estética: estesia, arte e sensação, arte e sentimento, romantismo e modernismo.
Poética: o fazer da obra de arte, a imitação da natureza, a imaginação, a especulação intelectual.
1.3. A sobreposição moderna da estética à poética, seu apoio no predomínio da filosofia alemã, sua adequação à situação actual da filosofia e do mundo, o que se perdeu e o que se ganhou.
2. A Poética na Pintura:
2.2. A natureza ou o mundo sensível como espelho e imagem do mundo inteligível; a obra de arte como espelho do mundo sensível, imitação da natureza ou imagem da imagem do mundo inteligível.
Leitura comparada do “Tratado da Pintura”, de da Vinci, e de “Las Meninas”, de Velasquez.
3. A Estética na Pintura:
a) As imagens diluídas: do romantismo ao impressionismo;
b) A abstracção do real: da não-figuração ao abstraccionismo;
c) A imagem dirigida à sensação;
d) A desfiguração do real (surrealismo);
e) A desertificação e desolação do mundo (Paula Rego);
f) A realidade destroçada (Picasso).
3.2. As 52 cópias que Picasso fez de “Las Meninas” de Velasquez. Sua interpretação como sumário da distinção entre Poética e Estética.
4. A Poética e a Estética na escultura: seu paralelo com a pintura.
5. A Poética e a Estética na arquitectura:
5.2. Submersão da arte arquitectónica na tecnologia da construção.
5.3. A definição do lugar como última presença da “imitação da natureza”.
5.4. Inviabilidade da estética na arquitectura.
6. O pensamento estético e o pensamento poético substituídos pela história da arte.
ESTÉTICA E POÉTICA II
1. Teoria da Literatura:
1.2. Os valores literários. Como a literatura é mais inacessível à estética por ter os seus valores além da sensação, do sentimento e da estesia, e como se encontra na poética a expressão do pensamento que lhe é próprio.
Valores literários e géneros poéticos.
1.3. Acesso à ontologia dos géneros poéticos a partir da concepção de Álvaro Ribeiro do conteúdo do conto – narrativa do maravilhoso –, da novela – uma narrativa de aventuras – e do romance – narrativa de amor.
1.4. Como cada género poético tem o arquétipo duma obra literária: a epopeia na Divina Comédia, de Dante e n' Os Lusíadas, de Luis de Camões; o romance do D. Quixote, de Cervantes e no Ulisses de James Joyce; a lírica nos Sonetos de Petrarca e na Vida Etérea, de Pascoaes; o teatro na Antígona, de Sófocles e no Hamlet, de Shakespeare. Exposição e interpretação dos arquétipos.
2. A literatura contemporânea como literatura de crise:
2.1. A crise do romance.
A breve época do romance: género menor antes do séc. XIX, género inviável hoje.
Explicação da inviabilidade actual do romance: por sua inerência à burguesia e dissolução actual da burguesia ou por seu conteúdo (narrativa de amor) e pela actual redução do amor à relação sexual.
2.2. A crise do conto.
Explicação pelo prestígio dos triunfos da técnica e sua absorção do maravilhoso (conteúdo do conto).
2.3. A crise da novela
Explicação pela exigência universal de segurança social com a consequente recusa pessoal da aventura (conteúdo da novela).
3. Do teatro de crise ao domínio da tecnologia do espectáculo
3.1. O teatro como unidade embrionária de todas as artes poéticas e estéticas. Sua presença predominante nos principais tratados de poética, o de Aristóteles e de estética, o de Hegel.
Ontologia dos géneros teatrais:
a) Conceito de teatro: o actor e o autor;
b) A tragédia, o conflito irredutível e a morte inevitável;
c) O drama e o conflito abertos à redução pela liberdade;
d) A farsa e o riso que esconde o medo da morte;
e) A comédia e a ironia que descobre o vazio dos conflitos sociais.
3.2. O teatro que se interroga perante a situação do mundo contemporâneo (eliminação da metafísica e decomposição do real).
3.2.1. Pirandello: a essência da existência no vazio (ver Metafísica, 1.4) e a fantasmagoria das personagens sem autor.
3.2.2. Ionesco e o absurdo da linguagem.
3.2.3. Beckett e o não-ser como absurdo.
3.2.4. Eliminação da metafísica e a impossibilidade da tragédia: o pacifismo.
3.3. A invasão do teatro pela tecnologia.
3.3.1. O predomínio da encenação como preparação para reduzir o teatro à espectacularidade de que a técnica se vai assenhorear.
3.3.2. Assim como a fotografia capta, à pintura, a imagem do real, assim o cinema capta, ao teatro, a espectacularidade. O gigantismo do espectáculo cinematográfico e a excrescência da palavra.
3.3.3. Charlie Chaplin e a tentativa de transportar para o cinema o circo e o melodrama. Ingmar Bergmann e a tentativa de transportar para o cinema o drama e a comédia teatrais. F. Fellini e a linguagem onírica como a única linguagem artística acessível ao cinema.
Charlie Chaplin |
4. O cinema e o gigantismo:
4.1. O gigantismo, tendência do mundo contemporâneo. A dimensão como categoria prioritária do espectáculo. Exemplos: desde os espectáculos musicais para assistências de centenas de milhares de espectadores presentes até aos edifícios como o que se está a construir em Hong-Kong para 50.000 moradores.
4.2. O cinema (com seus derivados: televisão, etc.), a dimensão planetária do espectáculo e a massificação do espectador. Massificação e espectador, termos contraditórios.
4.3. Absorvido o teatro e dando ao espectáculo uma dimensão planetária (capaz de no mesmo instante ser apresentado, já pela televisão, cada vez mais pelos aperfeiçoamentos da cibernética, a todas as populações do globo), o cinema adquire o carácter de uma produção exclusivamente industrial que o equipamento norte-americano domina. As tentativas da Comunidade Europeia para contornar esse domínio.
ANTROPOLOGIA
1. O homem como unidade, composto ou síntese, de corpo, alma e espírito:
1.1. Doutrinas antropológicas da unidade indecomponível do ser humano: o individualismo. Fundamentos filosóficos destas doutrinas: a indivisibilidade do tempo e do espaço e a negação do movimento; a indivisibilidade da matéria e os problemas do atomismo (os indivisibilia e os infinitésimos); a indivisibilidade das formas enquanto substâncias dos corpos.
1.2. Doutrinas antropológicas da separação dos componentes do ser humano: o dualismo alma e corpo. Variedade deste dualismo: a do platonismo, a do cristianismo e a do cartesianismo.
2. O corpo humano ou o homem como ser de natureza:
2.1. Os orgãos e as funções.
- Uma função sem orgão específico: a fala;
- As funções que persistem para além da destruição dos seus orgãos específicos;
- Determinação orgânica, ou natural, e determinação não-orgânica, ou sobrenatural das funções realizadas pelo corpo. O corpo como mediador e o corpo como determinante.
2.2. A sexualidade (ou cisão) no corpo humano:
a) A sexualidade pelas idades do corpo: o que se cinde e o que permanece no trânsito da infância e puberdade para a adolescência, da adolescência para a maturidade, da maturidade para a velhice;
Grace Kelly |
b) A sexualidade pelas diferenças étnicas: o que distingue e o que assemelha etnicamente os corpos no poder genético, na resistência ao esforço, na entrega à acção;
c) A sexualidade como condição da conservação da espécie: o que separa e o que une, o feminino e o masculino, a carência e o desejo;
d) A sexualidade absoluta e a morte do corpo.
2.3. O corpo humano como vegetal (Platão) e como máquina (Descartes, Harvey). Carácter crescentemente técnico da medicina: o diagnóstico por análise laboratorial e o diagnóstico por audição e interpretação das palavras do doente ou redução da medicina à cirurgia e abertura da medicina à psicologia e pneumatologia. Distinção entre doença e dor ou entre doenças e doentes.
3. A alma ou o homem como ser dependente, limitado e afectivo:
3.1. A Entificação da alma.
O princípio da individuação.
O amor: amor dos corpos, amor das almas, amor social, amor cósmico.
3.2. A ciência da alma ou psicologia.
A psicologia enquanto mitologia: Eros e Psique.
A psicologia integrada na teologia e na religião: a imortalidade da alma.
As paixões da alma e a determinação da alma pelo corpo.
A separação extrema da alma e do corpo com a redução da psicologia a uma epifenomenologia somática.
3.3.A renovação da psicologia pela psicanálise.
A alma como consciência.
A consciência pré-determinada: das raízes da consciência ao subconsciente e ao inconsciente.
O inconsciente como heredo ou herança pessoal (Léon Daudet), como arquétipo colectivo e mítico (Jung), como recalque pessoal e social (Freud).
Sigmund Freud |
Pneumatologia e autognose.
Interpretação hegelina da psicologia aristotélica: restituição da alma ao espírito.
Consciência e personalidade.
As doutrinas da pessoa humana: responsabilidade e liberdade.
LÓGICA
1. A Lógica entendida como conhecimento das condições para que o pensamento seja possível (Platão):
a) Do [hiato no texto] ao Logos;
b) A comunicação das ideias.
2. A Lógica entendida como o processo do pensamento:
a) O Organon aristotélico;
b) A predicação;
c) As categorias;
d) O silogismo.
3. A Lógica entendida como arte de pensar:
a) A Escolástica;
b) O cartesianismo de Port-Royal;
c) A Lógica Formal.
4. A Lógica entendida como formação dos juízos: “pensar é judicar” (Kant).
5. A Lógica entendida como metafísica (Hegel):
a) “... a lógica é o pensamento de Deus antes da criação do mundo”;
b) A metafísica é “a ciência da lógica”.
6. A Lógica entendida como logística (ou ciência do raciocínio segundo o modelo da abstracção matemática):
a) Reversão à Lógica Formal.
a) Prioridade da linguagem: o homem é o único que pensa e o único que fala;
b) Filologia: distinção, na palavra, entre significante e significado;
c) Linguística moderna: identidade, na palavra, do significante e do significado ou o pensamento como “isso que fala” (J. Lacan).
8. A Lógica entendida como Dialéctica:
a) A contradição;
b) O “raciocínio bastardo” de Platão: conhecimento do que é mediante o conhecimento do que não é, do ser pelo não-ser;
c) Dialéctica hegelina: tese, antítese, síntese, ou ser, não-ser e devir.
9. Termos da Lógica e diversidade dos seus significados nos diversos sistemas de Lógica:
a) Ideia, noção e conceito;
b) Logismo e juízo;
c) Predicado e atributo;
d) Predicação e categoria;
e) Razão e intuição;
f) Raciocínio e silogismo.
10. A Lógica no pensamento filosófico português:
a) A Lógica formal da Escolástica ensinada pelos compêndios de Pedro Hispano e Pedro da Fonseca em todas as escolas da Europa desde o séc. XI até finais do séc. XVIII;
b) A doutrina do “pensamento integral”, de Leonardo Coimbra: pensamento comum, pensamento analógico, pensamento especulativo;
c) A doutrina da razão, de Álvaro Ribeiro: A Arte de Filosofar.
Continua
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