sábado, 19 de fevereiro de 2022

A Nova Ordem Internacional (i)

Escrito por Miguel Bruno Duarte





«Desde que a Nação, com seus atributos de igualdade jurídica e de independência, continua a ser a base da organização internacional, continua a ser igualmente exacto que o conjunto beneficia da ordem, do progresso e do trabalho de cada povo e não são as soberanias claudicantes ou precárias que podem prestigiar ou facilitar a acção daquela. Isto pode ser expresso de outra forma: a cooperação internacional pressupõe o nacionalismo bem ordenado e bem entendido.

Dentro ou fora das Nações Unidas, a nossa política externa não tem senão que seguir, ao lado dos tradicionais imperativos históricos e geográficos, as claras indicações do último conflito. O centro de gravidade da política europeia, como já tenho afirmado, senão da política mundial, deslocou-se mais ainda para o Oeste e situou no primeiro plano o Atlântico com os Estados que o rodeiam. Em reconhecê-lo não deixamos de ser europeus; o que damos é mais largo sentido ao Ocidente.»

Oliveira Salazar («Os Nossos Interesses de Nação», 23/2/1946).



Planeamento e projecção da futura administração planetária

Abrindo o primeiro capítulo da sua biografia sobre Salazar, inserto no Volume IV, Alberto Franco Nogueira traça-nos uma síntese esclarecedora sobre a formação de uma nova ordem mundial na sequência da Segunda Guerra Mundial, de que emerge a ONU alegadamente firmada em princípios democráticos mas, não obstante, especialmente alicerçada numa estrutura de base aristocrática, que melhor diríamos de base oligárquica:

«De súbito, terminada a guerra naquele Verão de 1945, as ruínas do mundo ficam silenciosas. Entre os escombros, a ocidente e a oriente, erra uma humanidade perplexa, destroçada e empobrecida, e que parece ignorar como viver em paz. Cerca de doze milhões de homens foram mortos; outros tantos encontram-se estropiados, ou famintos, ou sem pátria; e são gerais a escassez de abastecimentos, a deficiência de transportes e comunicações, a crise do Estado e da autoridade, o dilaceramento ideológico e moral. Desde os últimos meses de hostilidades, as potências vizinhas da vitória tentam preparar uma nova ordem mundial. Foram as reuniões de Dumbarton-Oaks, de Yalta, de São Francisco. Emerge a Organização das Nações Unidas, de âmbito planetário, destinada a garantir a paz e a fomentar o progresso. Afirma-se aos homens que as Nações Unidas assentam em princípios democráticos: igualdade da soberania dos Estados, cabendo a cada país um só voto; não-interferência nos negócios internos; proibição de recorrer à força, ou à ameaça da força, para solução de conflitos; autodeterminação dos povos submetidos a ocupação estrangeira; cooperação e desenvolvimento económico; decisões tomadas por maioria simples ou qualificada quando, também por maioria simples, for decidido que são importantes os pontos em debate. Para administrar a nova ordem mundial, as Nações Unidas são dotadas de orgãos próprios. Destes destacam-se a Assembleia Geral, que se ocupa dos problemas gerais, e o Conselho de Segurança, para deliberar em matéria específica de paz ou guerra [1]. Mas na estrutura do Conselho de Segurança, que é orgão fulcral, abandona-se o princípio democrático: entre os seus onze membros, cinco consideram-se permanentes (Estados Unidos, União Soviética, França, Inglaterra e China), e os demais são renovados por eleição: e os membros permanentes dispõem do poder de veto num estatuto de base aristocrática. É o Governo mundial [2]. E este e toda a organização são erigidos em mito sagrado. Exausto por seis anos de guerra, sôfrego de bem-estar, desorientado perante o colapso de todos os valores em que acreditava, ansioso por sarar as chagas que ainda sangram, o mundo entrega-se às Nações Unidas e confia-lhes o futuro: sobre a humanidade desce uma era nova: os conflitos, as ameaças, as guerras, são pesadelo do passado e estão abolidos para sempre.» [3]

Porém, «como entre tudo o que muda o homem é que menos muda, não pode perder-se de vista para o êxito de qualquer política o que por facilidade de expressão chamaremos as "constantes humanas."» [4] Logo, a inegável suspicácia do insigne Estadista português face à ONU, em matéria de paz e segurança mundiais, denotava à partida o quão avisado andava perante as cruciais questões de política internacional, conforme, aliás, salienta Franco Nogueira:

«Sem embargo do carácter universal que se pretende atribuir à organização de Nova Iorque, e da sua vocação estatutária nesse sentido, e não obstante o mito generalizado de que o novo organismo será pródigo em benesses para a humanidade, Salazar está céptico, e até receoso. Pensa ser inviável uma estrutura supranacional, um governo do mundo; e julga que as Nações Unidas, se não forem dominadas por uma potência ou grupo de potências, reflectirão somente os interesses dos mais fortes com prejuízo dos mais fracos.» [5]

De resto, à dominante ilusão de que as Nações Unidas assentam fundamentalmente em princípios democráticos, sempre se pode encontrar a já suficientemente preconizada distinção entre a igualdade jurídica dos Estados e a sua desigualdade funcional, consoante ademais resulta do seguinte trecho:

«A ONU assenta numa série de importantes princípios. A maior parte deles constam do artigo 2.ª da Carta. O primeiro de entre eles é o princípio da igualdade soberana de todos os Estados-membros. Tal princípio, cônsono com a estrutura de Estados da sociedade internacional, reflecte o modelo Westephaliano, que afirma que na ordem interna o Estado é soberano e que na ordem externa não existe uma autoridade superior. A igualdade é o reflexo do estatuto jurídico dos Estados e não dos seus atributos específicos, como o tamanho do território, população, forças militares, riqueza ou outros parâmetros. Na realidade, à igualdade jurídica dos Estados, que faz tábua-rasa de importantes atributos do poder, contrapõe-se a desigualdade funcional, que significa que a desigualdade existe e é efectiva. As Nações Unidas patenteiam essa mesma contradição, ao promoverem a igualdade dos Estados na Assembleia Geral (“um Estado, um voto”), e a desigualdade no Conselho de Segurança. Estados Unidos, Federação Russa, China, Grã-Bretanha e França têm o estatuto de membros permanentes no Conselho de Segurança (os P-5) [6] e dispõem ainda de um voto de qualidade que os distingue dos demais – o direito de veto.» [7]

Ora, já ao ilustre Franco Nogueira coubera previamente assinalar essa mesma desigualdade entre os grandes e pequenos do mundo, justamente no processo de eclosão da chamada Guerra Fria:

«Mais de dois anos estão decorridos sobre o termo da guerra, e o mundo interroga-se: e a paz? Nas Nações Unidas depositam-se as maiores esperanças: de paz, de reconstrução, de melhoria do nível de vida, de progresso, de liberdade. Simplesmente, a estrutura da organização, para ser eficaz, supõe um entendimento entre os membros permanentes do Conselho de Segurança sobre os maiores problemas mundiais. De outro modo, o Conselho é paralisado pelo veto, que é prerrogativa dos grandes: basta que um destes o oponha para que se haja por derrotada qualquer resolução, ainda que todos os demais votem em seu favor. E desde os primórdios do organismo é cada vez mais nítida uma fractura entre os grandes. De um lado os ocidentais, sob a chefia política dos Estados Unidos; e em posição oposta está a União Soviética [8]. Iludindo os compromissos assumidos quanto à reconstituição democrática dos países europeus de Leste, baseada em eleições livres, Moscovo organiza comissões locais com elementos dos partidos comunistas; estes rejeitam a legitimidade dos governos constituídos no exílio durante a guerra; e Moscovo reconhece aquelas comissões como governos provisórios a que é lícito prestar o seu auxílio. E, apoiados no Exército Vermelho, esses governos instituem nos seus países regimes comunistas. Sucessivamente transformam-se em Estados marxistas, sob a designação de democracias populares, a Polónia, a Bulgária, a Hungria, a Roménia, e depois destes também a Checoslováquia; E sobre todos exerce soberania política, militar e económica a União Soviética. Designa-os o Ocidente por países satélites; e sobre a Europa, dividindo-a, desce a cortina de ferr[9].» [10]




Membros da delegação americana destacada para a Conferência de São Francisco (25 de Abril de 1945).



A sessão inaugural da Conferência de São Francisco (25 de Abril de 1945).

Sessão do comité-directivo na Conferência de São Francisco (10 de Maio de 1945).

Todavia, bem mais importante do que a eficácia da estrutura da ONU quanto à suposta resolução dos assoberbados e intrincados problemas suscitados na arena mundial, encontra-se, primeiro que tudo, a impreterível resposta à pergunta-chave que mais seriamente importa salientar: para que objectivos fora realmente criada a Organização das Nações Unidas e em que circunstâncias e condições veio ela verdadeiramente à luz do dia? Comecemos, para isso, por nos precaver perante a narrativa oficial amiúde propagada nas organizações colegiais e universitárias dominantes, para assim melhor nos podermos focar na complexa trama do que de facto antecedera o aparecimento oficial das Nações Unidas em São Francisco, Estados Unidos, entre 25 de Abril e 26 de Junho de 1945, data última em que seria ainda assinada a respectiva Carta da nova organização internacional. Na verdade, essa convenção de delegados de 50 nações aliadas fora somente o culminar de um moroso e delicado planeamento executado por um grupo político de alto nível durante a Administração Roosevelt, designadamente o Council on Foreign Relations (CFR), surgido oficialmente a 21 de Julho de 1921 [11], pois incumbido estivera de gizar e preparar, aquando da Segunda Guerra Mundial, a ideia generalizada de uma organização mundial vocacionada para a paz perpétua.

Sob a instigação do Departamento de Estado, dar-se-ia então o caso de, a 1 de Janeiro de 1942, um grupo de 26 nações [12] em guerra contra as Potências do Eixo terem acordado, já depois de publicada em 14 de Agosto de 1941 a Carta do Atlântico [13] resultante das reuniões Roosevelt-Churchill, o seu apoio a uma compartilhada visão do pós-guerra sob a comum designação de Nações Unidas [14]. Já, de resto, sempre se dispusera Roosevelt a encontrar a forma de neutralizar os obstáculos que num passado próximo teriam permitido aos Estados Unidos situarem-se à margem da Liga das Nações, pelo que assim se explica que, pese embora os americanos se houvessem estrategicamente posicionado durante grande parte do conflito mundial como uma potência militar pertencente ao bloco dos Aliados, tenha de algum modo já então prevalecido por entre os respectivos círculos oficiais aquela premeditada quão futura designação. Não é, portanto, de estranhar que a Franklin Delano Roosevelt se ficasse relativamente devendo a aceitação da correspondente designação ainda antes de a Organização das Nações Unidas ter sido oficialmente criada [15].

Geralmente desconhecido é também o facto de o termo Nações Unidas ter sido conceptualmente formulado por Isaiah Bowman [16], um membro fundador do CFR que pertencera a um comité directivo secreto [17] criado em Janeiro de 1943 pelo Secretário de Estado, Cordell Hull [18], comité esse que fora propriamente incumbido de delinear os planos de controlo planetário para a futura Organização das Nações Unidas, e, nessa óptica, também apto a circunscrever os objectivos do Sistema Monetário Internacional (FMI) e do Plano Marshall destinado à vindoura unificação simultaneamente económica e política da Europa socialista. Pese embora formalmente oficializadas na Conferência fundadora da ONU em São Francisco [19], bem como na Conferência de Bretton Woods de 27 de Dezembro de 1945 [20], aquelas duas instituições foram prévia e secretamente projectadas por grupos de estudo integrados no Council on Foreign Relations (CFR), que além do mais estariam ainda na confluente origem do famoso discurso do General Marshall na Universidade de Harvard, datado do dia 5 de Junho de 1947, sobre a reconstrução económico-financeira da Europa do pós-guerra. Assim pois se realça que os verdadeiros desígnios subjacentes à criação da ONU encontram-se profundamente ligados ao domínio mundial cuidadosamente planeado pelo CFR enquanto instituição responsável pelo fornecimento de executivos de topo para o Departamento de Estado norte-americano [21], e, portanto, jamais criada com vista a uma organização destinada a salvaguardar a humanidade do flagelo da guerra e a garantir, nessa aparente medida, a paz perpétua consoante postulada pela nova arquitectura internacional de inspiração kantista.

Subsequentemente, não admira que pesquisadores invulgares como Antony Cyril Sutton tenham diligentemente indagado se os Estados Unidos não estarão de facto sob a poderosa influência de uma elite autocrática geralmente desconhecida do público em geral, usando e dispondo da alta finança para alcançar os seus intentos de dominação mundial, conforme, aliás, o próprio logra salientar nos seguintes termos:

«Within the last decade or so, certainly since the 1960s, a steady flow of literature has presented a thesis that the United States is ruled by a self-perpetuating and unelected power elite. Even further, most of these books aver that this elite controls, or at least heavily influences, all foreign and domestic policy decisions, and that no idea becomes respectable or is published in the United States without the tacit approval, or perhaps lack disapproval, of this elitist circle.

Obviously the very flow of anti-establishment literature by itself intensifies that the United States cannot be wholly under the thumb of any single group or elite. On the other hand, anti-establishment literature is not fully recognized or reasonably discussed in academic or media circles. More often than not it consists of a limited edition, privately produced, almost hand-to-hand circulated. There are some exceptions, true; but not enough to dispute the observation that anti-establishment critics do not easily enter normal information/distribution channels.

Whereas in the early and mid-1960s, any concept of rule by a conspiratorial elite, or indeed any kind of elite, was enough to dismiss the proponent out of hand as a “nut case”, the atmosphere for such concepts has changed radically. The Watergate affair probably added the final touches to a long-developing environment of skepticism and doubt. We are almost at the point where anyone who accepts, for example, the Warren Commission report, or believes that the decline, and fall of Mr. Nixon did not have some conspiratorial aspects, is suspect. In brief, no one any longer really believes the Establishment information of events now available for the curious.

Several hundred books, from the full range of the political and philosophical spectrum, add bits and pieces of evidence, more hypotheses, and more accusations. What was not too long ago a kooky idea, talked about at midnight behind closed doors, in hushed and almost conspiratorial whispers, is now openly debated – not, to be sure, in Establishment newspapers but certainly on non-network radio talk shows, the underground press, and even from time to time in books from respectable Establishment publishing houses.

So let us ask the question again: Is there an unelected power elite behind the U.S. Government?


A substantive and often-cited source of information is Carroll Quigley, Professor of International Relations at Georgetown University, who in 1966 had published a monumental history entitled Tragedy and Hope. Quigley’s book is apart from others in this revisionist vein, by virtue of the fact that it was based on a two-year study of the internal documents of one of the power centers. Quigley traces the history of the power elite:

… the powers of financial capitalism had another far reaching aim, nothing less than to create a world system of financial control in private hands to dominate the political system of each country and the economy of the world as a whole.

Quigley also demonstrates that the Council on Foreign Relations, the National Planning Association, and other groups are “semi-secret” policy-making bodies under the control of this power elite.

In the following tabular presentation we have listed five such revisionist books, including Quigley’s. Their essential theses and compatibility with three volumes of the “Wall Street” series are summarized. It is surprising that in the three major historical events noted, Carrol Quigley is not at all consistent with the “Wall Street” series evidence. Quigley goes a long way to provide evidence of the existence of the power elite, but does not penetrate the operations of the elite.

Possibly, the papers used by Quigley had been vetted, and did not include documentation on elitist manipulation of such events as the Bolshevik Revolution, Hitler’s accession to power, and the election of Roosevelt in 1933. More likely, these political manipulations may not be recorded at all in the files of the power groups. They may have been unrecorded actions by a small ad hoc segment of the elite. It is worthy that the documents used by this author came from government sources, recording the day-to-day actions of Trotsky, Lenin, Roosevelt, Hitler, J.P. Morgan and the various firms and banks involved.

On the other hand, such authors as Jules Archer, Gary Allen, Helen P. Lasell, and William Domhoff, writing from widely different political standpoints [22], are consistent with the “Wall Street” evidence. These writers present a hypothesis of a power elite manipulating the U.S. Government. The “Wall Street” series demonstrates how this hypothesized “power elite” has manipulated specific historical events.

Obviously any such exercise of unconstrained and supra-legal power is unconstitutional, even though wrapped in the fabric of law-abiding actions. We can therefore legitimately raise the question of the existence of a subversive force operating to remove constitutionally guaranteed rights.» [23]


O New Deal de FDR e a Nova Ordem de Hitler 

É decerto inegável que uma substancial parte da alta finança de Wall Street estivera profundamente envolvida no eclodir de vários fenómenos e acontecimentos históricos capitais do século XX, tais como: a Revolução Bolchevique na Rússia czarista, a ascensão de Hitler na Alemanha nazi, o Novo Acordo ou New Deal de Franklin Delano Roosevelt, e, last but not least, o monumental conflito militar que se prolongou de 1939 a 1945 envolvendo as mais poderosas nações industrializadas do orbe terrestre. E eis-nos assim novamente perante o que mais importa destacar na esteira da cuidada e apurada informação coligida pelo professor anglo-americano Antony C. Sutton:

«Looking at the broad array of facts presented in the three volumes of Wall Street series, we find persisnt recurrence of the same names: Owen Young, Gerard Swope, Hjalmar Schacht, Bernard Baruch, etc.; the same international banks: J. P. Morgan, Guaranty Trust, Chase Bank; and the same location in New York: usually 120 Broadway.   

This group of international bankers backed the Bolshevik Revolution and subsequently profited from the establishment of a Soviet Russia. This group backed Roosevelt and profited from the New Deal socialism. This group also backed Hitler and certainly profited from German armament in the 1930s. When Big Business should have been running its business operations at Ford Motor, Standard of New Jersey, and so on, we find it actively and deeply involved in political upheavals, war, and revolutions in three major countries.

The version of history presented here is that the financial elite knowingly and with premeditation assisted the Bolshevik Revolution of 1917 in concert with German bankers. After profiting handsomely from the German hyper-inflationary distress of 1923, and planning to place the German reparations burden onto the backs of American investors, Wall Street found it had brought about the 1929 financial crisis.

Two men were then backed as leaders for major Western countries: Franklin D. Roosevelt in the United States and Adolf Hitler in Germany. The Roosevelt New Deal and Hitler’s Four Year Plan had great similarities. The Roosevelt and Hitler plans were plans for fascist takeovers of their respective countries. While Roosevelt’s NRA failed, due to then-operating constitutional constraints, Hitler’s Plan succeeded.

Why did the Wall Street elite, the international bankers, want Roosevelt and Hitler in power? This is an aspect we have not explored. According to the “myth of ‘Sidney Warburg,’ ” Wall Street wanted a policy of revenge; that is, it wanted war in Europe between France and Germany. We know even from Establishment history that both Hitler and Roosevelt acted out policies leading to war.

The link-ups between persons and events in this three-book series would require another book. But a single example will perhaps indicate the remarkable concentration of power within a relatively few organizations, and use of this power.

On May 1st, 1918, when the Bolsheviks controlled only a small fraction of Russia (and were to come near to losing even that fraction in the summer of 1918), the American League to Aid and Cooperate with Russia was organized in Washington, D.C. to support the Bolsheviks. This was not a “Hands off Russia” type of committee formed by the Communist Party U.S.A. or its allies. It was a committee created by Wall Street with George P. Whalen of Vacuum Oil Company as Treasurer and Coffin and Oudin of General Electric, along with Thompson of the Federal Reserve System, Willard of the Baltimore & Ohio Railroad, and assorted socialists.

When we look at the rise of Hitler and Naziism we find Vacuum Oil and General Electric well represented. Ambassador Dodd in Germany was struck by the monetary and technical contribution by the Rockefeller-controlled Vaccum Oil Company in building up military gasoline facilities for the Nazis. The Ambassador tried to warn Roosevelt. Dodd believed, in his apparent naivété of world affairs, that Roosevelt would intervene, but Roosevelt himself was backed by these same interests and Walter Teagle of Standard Oil of New Jersey and the NRA was on the board of Roosevelt’s Warm Springs Foundation. So, in but one of many examples, we find the Rockefeller-controlled Vacuum Oil Company prominently assisting in the creation of Bolshevik Russia, the military build-up of Nazi Germany, and backing Roosevelt’s New Deal.» [24]

Entretanto, em mais uma esclarecedora passagem o insigne e bem documentado autor anota ainda sobre tão minucioso quão desatendido tema nos decantados anais da historiografia oficial triunfante:

«Hjalmar Schacht challenged his post-war Nuremberg interrogators with the observation that Hitler’s New Order program was the same as Roosevelt’s New Deal program in the United States. The interrogators understandably snorted and rejected the observation. However, a little research suggests that not only are the two programs quite similar in content, but that Germans had no trouble in observing the similarities. There is in the Roosevelt Library a small book presented to FDR by Dr. Helmut Magers in December 1933 [25]. On the flyleaf of this presentation copy is written the inscription,

To the President of the United States, Franklin D. Roosevelt, in profound admiration of his conception of a new economic order with devotion for his personality. The author, Baden, Germany, November 9, 1933.

FDR’s reply to this admiration for his new economic order was as follows: [26]

(Washington) December 19, 1933,

My dear Dr. Magers: I want to send you my thanks for the copy of your little book about me and the “New Deal.” Though, as you know, I went to school in Germany and could speak German with considerable fluency at one time, I am reading your book not only with great interest but because it will help my German.

Very sincerely yours,

The New Deal or the “new economic order” was not a creature of classical liberalism. It was a creature of corporate socialism. Big Business as reflected in Wall Street strived for a state order in which they could control industry and eliminate competition, and this was the heart of FDR’s New Deal. General Electric, for example, is prominent in both Nazi Germany and the New Deal. German General Electric was a prominent financier of Hitler and the Nazi Party, and A.E.G. also financed Hitler both directly and indirectly through Osram. International General Electric in New York was a major participant in the ownership and direction of both A.E.G. and Osram. Gerard Swope, Owen Young, and A. Baldwin of General Electric in the United States were the directors of A.E.G. However, the story does not stop at General Electric and financing of Hitler in 1933.

In a previous book, Wall Street and The Bolshevik Revolution, the author identified the role of General Electric in the Bolshevik Revolution and the geographic location of American participants as at 120 Broadway, New York City; the executive offices of General Electric were also at 120 Broadway. When Franklin Delano Roosevelt was working in Wall Street, his address was also 120 Broadway. In fact, Georgia Warm Springs Foundation, the FDR Foundation, was located at 120 Broadway. The prominent financial backer of an early Roosevelt Wall Street venture from 120 Broadway was Gerard Swope of General Electric. And it was “Swope’s Plan” that became Roosevelt’s New Deal  the fascist plan that Herbert Hoover was unwilling to foist on the United States. In brief, both Hitler's New Order and Roosevelt's New Deal were backed by the same industrialists and in content were quite similar – i.e., they were both plans for a corporate state.


 


There were then both corporate and individual bridges between FDR’s America and Hitler’s Germany. The first bridge was the American I.G. Farben, American affiliate of I.G. Farben, the largest German corporation. On the board of American I.G. sat Paul Warburg, of the Bank of Manhattan and the Federal Reserve of New York. The second bridge was between International General Electric, a wholly owned affiliate in Germany, and its partly owned affiliate in Germany, A.E.G. Gerard Swope, who formulated FDR’s New Deal, was chairman of I.G.E. and on the board of I.G.E. The third “bridge” was between Standard Oil of New Jersey and Vaccum Oil and its wholly owned German subsidiary, Deutsche-Amerikanische Gesellschaft. The chairman of Standard Oil of New Jersey was Walter Teagle, of the Federal Reserve Bank of New York. He was trustee of Franklin Delano Roosevelt’s Georgia Warm Springs Foundation and appointed by FDR to a key administrative post in the National Recovery Administration.

These corporations were deeply involved in both the promotion of Roosevelt’s New Deal and the construction of the military power of Nazi Germany. Putzi Hanfstaengl’s role in the early days, up to the mid-1930s anyway, was an informal link between the Nazi elite and the White House. After the mid-1930s, when the world was set on the course for war, Putzi’s importance declined – while American Big Business continued to be represented through such intermediaries as Baron Kurt von Schröder attorney Westrick, and membership in Himmler’s Circle of Friends.» [27]

Em suma: revolução e finança internacional convergem inteiramente no gradual estabelecimento duma autoridade global cada vez mais centralizada que, brutalmente devedora de experiências já historicamente ensaiadas ao longo de todo o século XX, impele a presente e confrangedora humanidade para a era tecnotrónica doravante marcada por um regime universal democida.


O arqui-capitalismo e o comunismo internacional na formação da Organização das Nações Unidas (ONU)

É por demais evidente, para quem sobretudo se dedica à investigação da verdade histórica, que um dos factores cruciais que realmente se encontram na formação da ONU enquanto organização supranacional destinada a unificar política, económica e culturalmente todo o planeta, se deve quer ao apoio sistemático quer à promoção concertada dos partidos, líderes e agentes operacionais do comunismo internacional apostado, durante grande parte do século XX, numa confederação mundial das repúblicas socialistas soviéticas [28]. Não constitui, portanto, nenhuma surpresa o facto de os revolucionários comunistas terem de há muito aspirado à criação de uma instituição especialmente votada ao governo mundial, nomeadamente o próprio Vladimiro Lenine visto, já em 1915, ter advogado uma espécie de “Estados Unidos do Mundo”. De resto, Earl Browder, o secretário-geral do Partido Comunista dos Estados Unidos da América [29], fundado em 1919, reconhecera inequivocamente que “the American Communists worked energetically and tirelessly to lay the foundations for the United Nations which we were sure would come into existence." [30]

Desta feita, já depois de fundada a U.N.O. (United Nations Organization), como era então comummente conhecida, Estaline por seu turno declararia em Março de 1946: "I attribute great importance to U.N.O., since it is a serious instrument for preservation of peace and international security." [31] Contudo, essa mesma declaração não passaria de mais um visado estratagema de vasto alcance propagandístico, posto a “paz” e a “segurança” propaladas significarem apenas para a velha máquina de desinformação soviética o táctico objectivo da não-resistência perante o desígnio do comunismo em fazer das Nações Unidas uma organização destinada a favorecer o seu implacável avanço no alinhado rol dos cada vez mais subjugados países, nações, blocos e regiões do mundo inteiro. No fundo, o georgiano Josef Stalin sabia perfeitamente de antemão até que ponto estava então a Organização das Nações Unidas medularmente infiltrada por agentes e espiões comunistas desde que fora praticamente fundada no pós-guerra, para assim tanto melhor poderem assegurar estrategicamente o seu eficaz aproveitamento e respectiva instrumentação ao serviço da revolução mundial conduzida pelo comunismo internacional.

Muitos foram decerto os comunistas de antanho que na primeira pessoa chegaram a testemunhar acerca do determinante papel que o Partido Comunista dos Estados Unidos (CPUSA) assumira relativamente à organização internacional das Nações Unidas. É o caso, por exemplo, de Bella Dod, uma ex-activista de topo do partido cujo envolvimento na campanha de promoção da ONU não deixa propriamente lugar para quaisquer dúvidas:

«When the Yalta conference had ended, the Communists prepared to support the United Nations Charter which was to be adopted at the San Francisco conference to be held in May and June, 1945. For this I organized a corps of speakers and we took to the street corners and held open-air meetings in the millinery and clothing sections of New York where thousands of people congregate at the lunch hour. We spoke of the need for world unity and in support of the Yalta decisions.» [32]

Outro ex-membro comunista de topo do CPUSA, Joseph Z. Kornfeder, dir-nos-ia, por sua vez, em 1955:

«Now, as to the United Nations. If you were, let’s say, a building engineer, and someone were to show you a set of blueprints about a certain building, you would know from those blueprints how that building was going to look. Organization “blueprints” can be read the same way. I need not be a member of the United Nations Secretariat to know that the UN “blueprint” is a Communist one. I was at the Moscow headquarters of the world Communist party for nearly three years and was acquainted with most of the top leaders, and, of course, I was also a leading party worker. I went to their colleges; I learned their pattern of operations, and if I see that pattern in effect anywhere, I can recognize it....

From the point of view of its master designers meeting at Dumbarton Oaks and Bretton Woods, and which included such masterful agents as Alger Hiss, Harry Dexter White, Lauchlin Currie, and others, the UN was, and is, not a failure. They and the Kremlin masterminds behind them never intended the UN as a peace-keeping organization. What they had in mind was a fancy and colossal Trojan horse under the wings of which their smaller agencies could more effectively operate. And in that they succeeded, even beyond their expectations....

Its [the UN’s] internal setup, Communist designed, is a pattern for sociological conquest; a pattern aimed to serve the purpose of Communist penetration of the West. It is ingenious and deceptive.» [33]

Conversações em Dumbarton Oaks, também oficialmente conhecidas por Washington Conversations on International Organization, Dumbarton Oaks.




A Organização das Nações Unidas (ONU) foi, sem dúvida, essencialmente orquestrada para se tornar, no palco mundial, um informe e funesto cavalo de Tróia habilmente aproveitado pelas poderosas hostes comunistas [34] para, entre outras coisas, consolidar vastos objectivos pró-revolucionários tais como:

a)   a) Assistência económica proporcionada por um largo espectro de agências especializadas da ONU;

   b) Um enorme potencial para a expansão de actividades de subversão, espionagem [35] e terrorismo a coberto da imunidade diplomática conferida aos funcionários das Nações Unidas;

c)  c) Canalização de propaganda comunista através do areópago das Nações Unidas;

   d) Uso da máquina diplomática e de propaganda da ONU para minar e descerrar ataques a países anti-comunistas e apoiar, em contrapartida, regimes e organizações pró-comunistas;

e e) Transferência de grandes somas de dinheiro de empresários americanos para o subsequente financiamento de projectos colectivistas e de toda uma vil panóplia de ditadores corruptos espalhados por todo o mundo;

f)   f) Sistemática erosão da soberania americana com base numa miríade de acordos e tratados gizados sob os auspícios da ONU;

    g) Enfraquecimento e redução dos meios militares dos Estados Unidos mediante o emprego de operações de multinacional intervenção militar por parte das Nações Unidas;

  h) Gradual subordinação do comando das forças militares americanas à autoridade internacional concentrada na Organização das Nações Unidas (ONU) e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/NATO), assim como na Organização do Tratado do Sudeste Asiático (SEATO), na Organização do Tratado Central (CENTO), na Organização Secreta Armada (OAS) [36], etc.

Consequentemente, o valioso testemunho prestado a um comité do Congresso norte-americano pelo Coronel Jan Bukar, um oficial de inteligência checoslovaco que desertara para o Ocidente, resulta igualmente significativo para se ficar a compreender, na sua complexidade, a agenda anticolonialista veiculada pela ONU sob os mais insidiosos estratagemas montados e executados por agentes comunistas no escrupuloso cumprimento de ultimadas instruções do Kremlin. Ora, dentre as revelações oriundas do seu testemunho, avulta a que respeita a uma prelecção ministrada pelo general soviético Bondarenko na mais alta instituição de treino militar da União Soviética, a Academia Militar M. V. Frunze, em que o próprio diria o seguinte perante a elite de estagiários em formação:

«From the rostrum of the United Nations, we shall convince the colonial and semicolonial people to liberate themselves and to spread the Communist theory all over the world.» [37]

Corria porém o ano de 1956 quando o Presidente do Conselho, o Senhor Doutor Oliveira Salazar, em solene discurso pronunciado na Sociedade de Geografia de Lisboa, no dia 30 do mês de Maio, traçava a largos e vigorosos traços o panorama da política do mundo com projectado realce para a posição nevrálgica da Europa e, por conseguinte, do Ocidente ameaçado na sua civilização universal pela expansão da Império russo. Vale, pois, a pena rever em que moldes capitais nos apresenta esse mesmo panorama a fim de melhor avaliarmos, se possível enriquecendo, o nosso particular transcurso até aqui oficiosamente percorrido:

«A situação mundial pode talvez definir-se a grandes traços da forma seguinte:

Na Europa a política de guerra do Ocidente tornou possível à Rússia engrandecimentos territoriais importantes, e a imposição do regime comunista a numerosos Estados, que ficaram a constituir, sob a direcção daquela, uma zona de segurança e de reserva económica e militar.

Na Ásia numerosas nações – tornadas independentes, umas, afastadas outras de qualquer influência europeia – afirmam com vigor a sua presença na sociedade internacional, no geral ainda fundamente ressentidas e eivadas de ódios à civilização do Ocidente e ao branco que foi dela o generoso portador. Do Médio e Próximo Oriente às margens atlânticas, por toda a corda do Norte de África, processam-se novas independências e parece ensaiar-se, ainda hesitante, uma comunidade pan-árabe ou pan-islâmica a definir, conforme as circunstâncias.

Assim a restante África começa a agitar-se e a arder ao fogo de movimentos que, não podendo ser nacionalistas e muito dificilmente ideológicos, se apresentarão como rácicos, a negar ao branco todo o esforço civilizador e os direitos dele decorrentes.

Em contraposição, a América, à parte sobressaltos de política interna, apresenta-se de fronteiras estabilizadas, amante da paz e dotada de espírito de colaboração especialmente no sistema interamericano. Neste sistema elementos desagregadores, impulsionados de fora, não conseguiram ainda efeitos relevantes, devido sobretudo à estrutura moral dos países que todos devem à Europa as bases da sua formação.

Assim está o mundo.

Enquanto a China, quase em silêncio, à parte a intervenção militar na Coreia e no Tibete, tenta a sua revolução comunista, para em seguida se impor ao menos ao sul e ao sudeste da Ásia; enquanto o Japão, duramente tocado pela guerra, se recompõe das perdas sofridas no seu território e importância política e tateia o caminho entre os novos valores asiáticos; enquanto a União Indiana procura através da sedução do seu neutralismo assegurar-se um dos primeiros lugares de direcção e as nações recém-chegadas à independência se organizam e consolidam nela – o ponto nevrálgico da política do mundo continua a situar-se na Europa: não só porque pela força e riqueza próprias tem tradicionalmente dirigido os destinos mundiais, como porque nela floresceu e tem estado ameaçada a única civilização universal que a Europa e as nações americanas representam e parece terem obrigação de defender solidariamente. Europa e América são para este efeito o Ocidente, e os seus problemas por aquelas razões problemas que ainda têm alcance universal.

E quais são, em face dos movimentos ideológicos e subversivos enunciados e da nova estruturação do mundo, quais são os princípios norteadores do Ocidente? Não me atrevo a dizer que o Ocidente não disponha de uma doutrina básica – ao menos os princípios essenciais da sua civilização comum. Mas a acção política e económica, as declarações dos dirigentes, as manifestações da opinião, todos sentimos provirem de atitudes mentais ou emotivas cujo acerto – ouso humildemente dizê-lo – não é comprovado pela razão e possivelmente o não será pelos eventos futuros. Poderei chamar-lhes princípios fundamentais, ideias-mestras? São talvez antes estribilhos ou slogans, trespassados dos jogos da política interna para a direcção internacional, e em tal imprecisão de conceitos e justaposição de planos, sem hoje nem amanhã, que chegam a perturbar os espíritos mais serenos ou esclarecidos. Exemplificarei, citando apenas o anticolonialismo e o direito de autodeterminação dos povos; as deficiências económicas origem do comunismo; a integração europeia; o remédio universal das Nações Unidas para solução dos conflitos internacionais. Teremos ocasião de topar um ou outro no nosso caminho e de verificar onde apenas foram excessivas as esperanças e onde terá havido mesmo erros de concepção.» [38]

Digamos que é peculiarmente enigmática a clarividente intuição com que Salazar amiúde procurava à época orientar-se na complexa reconstituição do puzzle gigantesto da política mundial. E dizemos, para o efeito, clarividente intuição devido ao especial modo como o insigne Estadista português soubera efectivamente descortinar o essencial para além das várias formas de ideologia as mais das vezes em aparente rota de colisão [39], para se ater cuidadosamente às reais, concretas e geoestratégicas questões de poder e domínio mundiais, designadamente na significativa questão do desenvolvimento, direcção e expansão do poderio russo ante o xadrez das forças de bloqueio e contenção em jogo mais ou menos limitativo daquele mesmo poderio. Ora  nisto vejamos:

«A Rússia de hoje nasceu da revolução soviética, mas não é filha do comunismo. Quero dizer com isto o seguinte. Não nego que os fautores da revolução tivessem o intento de criar uma sociedade comunista. Tendo porém as realidades mostrado que o comunismo é uma doutrina antinatural e irrealizável na prática, os dirigentes aproveitaram a força e engrenagem da revolução para dar o impulso que se verifica em muitos sectores da vida russa. Com bom aproveitamento das circunstâncias favoráveis e também da inabilidade alheia, a Rússia pôde constituir-se no que é hoje – grande potência militar, política, industrial que desafia e a largos passos intenta aproximar-se das maiores potências económicas do Ocidente.

Sem se poder negar a existência de muitas conquistas de ordem social, a revolução mostrou-se porém nas suas realizações e métodos esvaziada daquilo que seria a sua própria essência e fins. Na verdade as populações têm pago em sofrimentos indizíveis, em dominações cruéis, em exterminações catastróficas, em fomes ou restrições de vida o poderio russo. Se o movimento nasceu para servir o homem, desenvolveu-se afinal para servir e engrandecer o Estado. O comunismo-doutrina continua a ser erguido como bandeira, expressão ou esperança de uma revolução social a fazer, sobretudo em países estrangeiros distanciados da verificação local do fenómeno. Mas a inaplicabilidade dos princípios e experiências, nos países satélites, do domínio dos partidos filiados parece terem diminuído muito senão esgotado a sua capacidade de expansão.

Assim nem a vitória militar e a inteligente exploração dessa vitória, nem o desenvolvimento das indústrias de base ou de guerra, nem a actividade política do Estado russo e o seu alargamento territorial me parece terem nada que ver com o comunismo; mas tem muito que ver com a gente que se apoderou do poder, as suas ideias de governo e o regime político em que lhe foi dado trabalhar. A superioridade da orgânica estadual, traduzida na unidade de direcção, e no poder de decisão ou de realização não podem os mais Estados transplantá-la fielmente por motivos diversos para as suas próprias constituições que outras superioridades apresentam; mas não pode ser negada e há-de ter-se sempre como lição.

Se já não estamos, pois, segundo penso, em face de um credo que se expande, estamos em face de um Império em fase de crescimento, fase como outras que tem atravessado na História. Ora um poder em via de expansão não se limita a si próprio, e só é limitado pelo jogo de forças exteriores que se lhe oponham.

Foi em obediência a esta concepção que grande número de países largamente apoiados pelos Estados Unidos resolveram unir as suas forças para se opor à expansão russa. Apesar das muitas deficiências das organizações, tornou-se visível que o avanço se encontrava barrado no caminho do Atlântico. Vemos agora que a torrente o evita e, aproveitando as dificuldades ou fraquezas do Médio-Oriente, aí se instala e daí tentará prosseguir os seus avanços. A desintegração afro-asiática, em que os pretendentes à África negra se associam aos esforços russos, com mira na herança africana, trabalha no mesmo sentido. Verificam-se muitos protestos de fidelidade ao Ocidente e não há que tê-los em suspeição. O que se deve ter presente é que tudo o que a Rússia não puder conquistar, representa um ganho se o fizer perder aos outros.

O espectacular progresso das indústrias de guerra nas grandes nações parece ter tornado inviável a terceira grande guerra, como tentativa de expansão do poder moscovita. Em face destas circunstâncias, os próprios dirigentes russos têm proclamado como extraordinariamente favorável ao progresso e bem-estar dos povos a redução das despesas militares que esmagam ao presente as economias a começar pela sua. Não há divergências sobre este ponto e todos nesse sentido nos podemos proclamar pacifistas. Simplesmente um entendimento militar parece-me distante, porque a Rússia, como já mais de uma vez afirmei, tendo desperdiçado o seu capital de crédito, dificilmente conquistará condições de negociação: sobretudo só em último caso largará de mão os trunfos de que actualmente dispõe.

Com entendimento ou sem ele, a luta pelo poderio ensaiará outros processos. Onde a ideologia falhe e os exércitos não cheguem como veículo do poder hegemónico, surgirão as combinações políticas, os atropelos ao direito, a intriga subterrânea, a acção económica, a sublevação. A luta encaminhar-se-á – e é visível que se encaminha – para planos diversos. E em tais condições seria indispensável que o Ocidente tivesse uma orientação e estivesse apto e pronto a definir e manter uma política. Este o grande problema. Esperemos lhe dêem solução os homens a quem de facto incumbe dirigir os destinos destes povos.» [40]


 

À luz desta visão panorâmica peculiarmente lida e singularmente intuída por Oliveira Salazar, é, no entanto, já hoje possível, na base de aturada informação acrescida, compreender melhor como o movimento comunista internacional não só coexistiu lado a lado com os interesses particulares do arqui-capitalismo profundamente instalado à sombra dos grandes pilares do establishment anglo-americano, como por ele foi ainda estratégica e materialmente financiado e oportunamente impulsionado de modo a também permitir, mediante as mortais, cruéis e bárbaras maquinações do imperialismo revolucionário mundialista, a progressiva instituição de uma nova ordem internacional saída de um complexo e permanente processo de guerra militar, psicológica e económica a todos os títulos incrivelmente único no seu recorrente, amplo e deveras conduzido desdobramento histórico [41]. Ora, um caso exemplar da simbiose entre o arqui-capitalismo e o comunismo internacional pode e deve ser realmente realçado pelo que veio a ser uma agência de preconizada ajuda humanitária internacional em grande medida dominada pelos Estados Unidos mas, na verdade, previamente projectada e estabelecida em 1943 por membros do Conselho das Relações Externas (CFR), pese embora só oficialmente fundada em 1945 enquanto agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU), designadamente a United Nations Relief and Rehabilitation Administration (UNRRA). Nisto, se bem que esta agência, sedeada em Nova Iorque, e, apesar de tudo, desactivada em 1947 [42], se tenha formalmente apresentado como uma organização cujo escopo operacional estaria essencialmente focado na ajuda humanitária às vítimas de guerra em áreas sob o controle e jurisdição das potências vencedoras mediante a provisão de géneros alimentícios, abrigo, vestuário, combustível e outras mais necessidades básicas e médico-sanitárias, a verdade é que, sob a direcção de Herbert H. Lehman (CFR), o respectivo quadro de funcionários virara uma cabala internacional de comunistas que, oriundos de vários países, estavam de facto encarregues de, sob pretexto humanitário, distribuir biliões de dólares da organização, extraídos aliás do contribuinte americano, para financiar objectivos revolucionários comunistas.

Quem, na realidade, assim o pôde testemunhar foi Arthur Bliss Lane, enquanto embaixador dos Estados Unidos na Polónia em 1945 [43], descrevendo, para o efeito, como Herbert H. Lehman chegara a nomear, no âmbito da primeira missão da UNRRA em território polaco, um membro soviético do conselho da organização, o Sr. Menshikov, para que nessa medida pudesse garantir a distribuição dos necessários fornecimentos somente a funcionários governamentais e a trabalhadores de partidos socialistas que fossem portadores de um especificado tipo de cartão de racionamento, tendo uns e outros dessa forma possibilitado, em larga escala, a tomada do poder pelos comunistas na Polónia. Por outro lado, o Coronel Jan Bukar pôde igualmente, no seu testemunho perante o Congresso norte-americano, descrever um tanto similarmente a sua própria experiência na antiga Checoslováquia nos seguintes termos:

«In the distribution of the goods through UNRRA, the people who got any portion of the goods had to be enrolled as members of the Communist Party ... [and] I want again to state that through UNRRA the Communist Party gained many members.»[ 44]

Convém, aliás, notar que já no decurso da II Guerra Mundial uma parte considerável dos acontecimentos desenrolar-se-ia num sentido especialmente propício à duradoura instalação do comunismo [45] na Europa de Leste e nos países bálticos, consoante de facto atesta a Conferência de Teerão realizada em 1943, de 28 de Novembro a 1 de Dezembro, onde os três grandes líderes aliados à época, mais particularmente Estaline, Churchill e Roosevelt, se reuniriam num encontro estratégico para assim estabelecerem, com vista ao pós-guerra, um sistema de partilhas configurado na divisão da Alemanha e na delimitação de fronteiras da Polónia, bem como o reconhecimento, por parte dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, da póstera anexação da Estónia, da Letónia, da Lituânia e do Leste da Polónia por parte da União Soviética. Deste modo, não fora certamente por acaso que Arthur Bliss Lane verberara veementemente o desmembramento ocorrido no leste da Polónia como sendo uma violação traiçoeira à Constituição dos Estados Unidos, uma vez que Franklin D. Roosevelt nunca dera a conhecer tão importante decisão ao Senado americano. E com o advento da Conferência de Ialta, a segunda das três conferências [46] em tempo de guerra entre os líderes das principais nações aliadas, por seu turno constituída na base dum conjunto de reuniões ocorridas entre 4 e 11 de Fevereiro de 1945 na estação balneária de Ialta, nas margens do Mar Negro, na Crimeia, dissipara-se então de todo a esperança do embaixador Lane quanto à possibilidade duma Polónia independente e politicamente regida por uma forma legítima – entenda-se democrática – de governo no pós-guerra.

Com o avanço do comunismo no rescaldo da II Guerra Mundial, milhões de refugiados dos quais uma parte significativa havia fugido da Rússia no princípio da Revolução Bolchevique [47] e vivia então na Alemanha, foram tragicamente empurrados para os braços de Estaline não obstante o seu destino ter sido debatido pelos três líderes aliados nas Conferências de Potsdam e Ialta, aonde explicitamente acertaram de que, a haver repatriamento, este não seria, de maneira alguma, compulsivo. Enfim, tragicamente empurrados, dizíamos, porque, sob as ordens de Dwight D. Eisenhower enquanto chefe militar das forças americanas de ocupação da Alemanha, pelo menos cerca de dois milhões de refugiados foram, infelizmente, encaixotados pela força das baionetas nos vagões de gado e outros transportes rudimentares a fim de serem expedidos para o arquipélago de Goulag na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Já entretanto mencionado, o caso dramático da Polónia sob a alçada de um governo comunista fora decerto meticulosamente acompanhado pelo embaixador estadunidense Arthur Bliss Lane, que insistentemente informara e solicitara às potências aliadas dos Estados Unidos, do Reino Unido e da França a necessária intervenção para pôr cobro à vertente situação do país [48].




A par da instalação do comunismo no leste europeu e nos países bálticos, uma boa fatia da Ásia fora por igual oferecida ao líder implacável do país dos sovietes, quanto mais não fosse devido à forma como os americanos, após terem travado praticamente a sós renhidos combates com as forças nipónicas no Extremo Oriente [49], sem embargo de alguma ajuda vinda da Grã-Bretanha, proporcionaram à União Soviética uma boa parte dos frutos decorrentes da rendição [50] do Império do Sol Nascente assinada no dia 2 de Setembro de 1945, a bordo do couraçado americano USS Missouri, na baía de Tóquio. E, de facto, a Rússia soviética, que durante grande parte do conflito mundial se mantivera à margem da guerra do Pacífico – muito embora não prescindindo da sua embaixada em Tóquio a par de uma vasta rede de espionagem, por essa forma assegurando relações amigáveis com o Japão que também, por seu turno, manteve a sua embaixada em Moscovo –, só a 9 de Agosto de 1945 chegara a declarar guerra à Terra do Sol Nascente, iniciando, para o efeito, a invasão de Manchukuo [51] traduzida numa rápida derrota do Exército de Kantogun [52], que não somente ocupava aquela região histórica do leste da Ásia, mas também a Coreia [53]. E assim a URSS, que além da Manchúria se apoderara da Mongólia Exterior e de Sin Kiang (antiga província da República da China), pôde efectivamente comunizar o maior país da Ásia Oriental, arrastando consequentemente a América para as guerras da Coreia e da Indochina, e alcançando no mais a posse do Sul da ilha de Sacalina [54] e do arquipélago das Curilas [55].

A estranha política de participação da URSS na última fase da guerra do Pacífico chegou a ser igualmente subscrita em Ialta por ocasião de um encontro secreto entre Estaline e Roosevelt. Alger Hiss, o agente comunista [56] que acompanhara FDR à infame Conferência de Ialta na qualidade de “top international organization specialist”, fora quem ademais assistira à conversa onde ficara acordado o fornecimento de armamento americano ora destinado à projectada invasão soviética da Manchúria, ora à tomada da China particularmente assegurada mediante a junção do Exército Vermelho e dos exércitos comunistas chineses aos quais Estaline providenciaria também o necessário apetrechamento bélico oriundo, na sua maior parte, do contingente de armas abandonadas pelos nipónicos aos russos. Assim, terminada a Segunda Guerra Mundial com a vitória das forças aliadas, estavam pois finalmente lançadas as condições propícias para eliminar Chang-Kai-shek e, por conseguinte, levar a bom porto a urdida revolução comunista à China e fazer da Coreia, da Manchúria e da Mongólia Exterior estados satélites inteiramente submetidos ao império vermelho soviético.

De qualquer modo, foi sobretudo devido à acção de agentes soviéticos que operavam nos Estados Unidos, bem como à actividade subversiva levada a cabo pelo Institute of Pacific Relations (IPR) e outras organizações internacionais de idêntica natureza, que uma orquestrada campanha fora constantemente impulsionada para lançar o descrédito sobre o governo nacionalista chinês de Chang-Kai-shek através de livros, revistas, brochuras e artigos especialmente produzidos para o devido efeito. Fundado pelas Fundações Rockefeller e Carnegie, o IPR, inicialmente sedeado em Honolulu e depois em Nova Iorque [57], contou decerto com a variadíssima colaboração de editores, jornalistas, professores e cronistas políticos para fazer valer a distorção de todos os testemunhos verídicos que por então se iam obtendo sobre o conflito chinês entre as forças nacionalistas do Generalíssimo Chiang Chungcheng e as hostes revolucionárias comunistas sob a liderança de Mao Tsé-Tung. Logo, por contrapartida aos poucos livros favoráveis ao governo nacionalista de Chiang-Kai-shek, também alvo da larga propaganda pró-comunista dos especialistas em questões asiáticas formados pelo IPR e, de mais a mais, estrategicamente colocados no Departamento de Estado e na imprensa falada e escrita onde podiam causar os maiores estragos, as tipografias passaram a despejar toneladas de livros escritos por destacados membros pertencentes ao IPR, todos eles favoráveis aos planos de expansão de Estaline na Ásia, sublinhando para o efeito como o regime de Chang-Kai-shek representava o arquétipo do feudalismo decadente da China Imperial, além de um inimigo da democracia por, em suma, corresponder a um dócil instrumento da plutocracia corrompida da velha China [58].

Entre as demais organizações exclusivamente votadas aos interesses da União Soviética, refiram-se a Russian War Relief [59], o American Russian Institute for Cultural Relations with the Soviet Union [60] e a China Aid Society [61] enquanto agências proactivamente comunistas. Daí que, em resultado de toda esta propaganda destinada a instilar uma falsa narrativa na ignara credulidade do americano médio, mormente quanto à necessidade de um entendimento que fosse tanto quanto possível propício à China e à paz no mundo, não é, pois, de estranhar que o auxílio americano passasse a ser geoestrategicamente canalizado em proveito dos revolucionários comunistas chineses e, portanto, em claro detrimento do Kuomintang [62] cujos partidários foram assim finalmente desarmados e escorraçados da China continental, vendo-se nessa medida obrigados a refugiarem-se na Ilha Formosa ou Ilha de Taiwan, em 1949. O puzzle mundial estava, de resto, sendo progressiva e meticulosamente construído peça a peça quando num passo do porvir verdadeiramente inédito Henry Kissinger e David Rockefeller viriam a ser particularmente acolhidos na China maoísta que doravante marcaria pé nas Nações Unidas [63] enquanto a China nacionalista seria, por sua vez, liminarmente expulsa da nova e poderosa Torre de Babel.

Aliás, a inusitada estratégia relativa à transferência de tecnologia militar para um manifesto inimigo envolvido na flagrante violação dos direitos humanos, é já algo de si bastante característico em Henry Kissinger, visto ter sido quem, na dupla qualidade de Conselheiro Nacional de Segurança, de 22 de Janeiro de 1969 a 3 de Novembro de 1973, bem como Secretário de Estado dos Estados Unidos, de 22 de Setembro de 1973 a 20 de Janeiro de 1977, convenceu o Presidente Nixon a fornecer aos soviéticos tecnologia militar no objectivo de assim refrear as respectivas ambições territoriais, embora à partida dificilmente se perceba como seria isso alguma vez possível, se bem que, de um outro ângulo, resulte já perfeitamente compreensível se levarmos em linha de conta que o diplomata e confidente estadunidense de origem judaica era desde 1958 um bem remunerado colaborador do clã Rockefeller, tendo sido inclusivamente presidente do Comité Consultivo International do Chase Manhattan Bank, particularmente ligado ao clã estadunidense de ascendência sefardita.

Contudo, convém também aqui considerar a transferência do capital industrial americano para a China, em troca do qual o Partido Comunista Chinês favoreceria o consórcio Rockefeller/Kissinger com vista ao poder monopolístico no seio da indústria americana, conforme permite assinalar o seguinte trecho subscrito por Dick Eastman, em artigo intitulado US Middle Class Still Suffering from Rockefeller-Kissinger Industrial Transfer Scheme to China:

«When Henry Kissinger and David Rockefeller met with Zhou Enlai in China in 1973 — just after President Richard Nixon had visited China establishing official relations—an understanding was reached whereby the U.S. would supply industrial capital and know-how to China.

In return Kissinger-connected corporations would gain the monopolistic advantage of low-cost labor production which could outcompete all U.S. domestic industry.

The comparative advantage gained was being able to hire Chinese laborers who were ready to work hard at exceedingly low cost — with no drugs, no alcohol, a strong work ethic, no unions, no paid benefits and weak environmental standards. And with such a large labor pool, burned out workers could simply be replaced. This gave the Rockefeller/Kissinger corporations a major edge over their domestic U.S. competitors who had to pay relatively high wages, high regulation costs, deal with union strikes and collective bargaining etc.

Of course, the American consumer did not see greatly lowered prices commensurate with such greatly lowered labor costs. The $19.99 plastic action-figure toy marketed with a Hollywood movie still cost $19.99 even though it cost $12 to $15 to produce in the U.S. but less than $2.00 per copy to produce in China and transport to America’s West Coast container ports for distribution throughout America.

The consumer paid pretty much the old prices but the corporations split the monopoly profit with China’s Princelings since it did not take much of a lowering of prices to drive high-wage, high-benefit, contracted-labor domestic corporations out of business (not to mention the environmental and workplace safety regulations with which domestic companies were saddled). Then, Wal-Mart became a near-monopoly retailer that increased and reinforced the widespread selling of these off-shore manufactures.

Thus, America’s domestic producers were not simply being bested on one or another area of production; they were being bested across the entire spectrum of manufactured goods that American buy. It was anticipated that these domestic firms would fail, and their failure was hastened by the banks maintaining a deflationary domestic economy in the U.S. throughout the post Rockefeller-Kissinger-Zhou buildup of China and the degrading of American domestic manufacturing.» [64]

Previamente a tudo isso, encontra-se, portanto, todo um ignorado processo de financiamento e de transferência de know-how tecnológico que remonta mais particularmente a 1917, consoante assim nos dá a conhecer William F. Jasper em conciso, não obstante esclarecedor artigo intitulado «The Deep State: Funding America’s Enemies Since 1917», dado à estampa na revista The New American (Vol. 37, No. 23, 12/13/2021). Dada a sua evidente relevância, transcrevemo-lo aqui na íntegra:

«In August 1972, an intrepid scholar journeyed from the West Coast to Miami Beach, Florida, on a mission of utmost importance to the survival of the United States and the free world. On August 15 at 2:30 p.m., he addressed the National Security Subcommittee of the Republican Party’s Platform Committee, which was readying the party’s platform for the Republican National Convention that would take place in Miami Beach on August 21-23. The scholar was Dr. Antony C. Sutton, an economics professor and historian, and the author of a stunning, comprehensive investigation of the massive, decades-long transfers of crucial technologies from the United States and Western Europe to the Soviet Union. He had, by that time, published two volumes of his meticulously researched trilogy, Western Technology and Soviet Economic Development. (The third volume of the series would be published in 1973.)





Professor Sutton had been feverishly at work on this monumental study at Stanford University’s Hoover Institution on War, Revolution and Peace since 1968. Published by the Hoover Institution, his extraordinarily documented work of over 1,000 pages indisputably proved that the Soviet military threat, which the United States was then spending $80 billion a year to defend against, had been almost totally built by America and her allies. He stated his thesis to the subcommittee: “In a few words: there is no such thing as Soviet technology. Almost all — perhaps 90-95 percent — came directly or indirectly from the United States and its allies. In effect the United States and the NATO countries have built the Soviet Union. Its industrial and its military capabilities. This massive construction job has taken 50 years. Since the Revolution in 1917. It has been carried out through trade and the sale of plants, equipment and technical assistance.”

Dr. Sutton had come to Miami to warn that the bipartisan treachery and folly had continued up to the present under President Richard Nixon, who was expected to be overwhelmingly renominated a few days hence as the GOP’s standard-bearer against the Democrats’ far-left George McGovern. Incredibly, Dr. Sutton was given only 15 minutes to address this momentous issue. Sutton denounced the ongoing Nixon administration policies — which continued the Johnson administration’s policies — of transferring technology to the Soviet Union. That same technology was then being transported by the Soviets to the North Vietnamese communists, to be used to kill American soldiers and our South Vietnamese allies. These treasonous transfers had continued, Sutton noted, “in the middle of a war that has killed 46,000 Americans (so far) and countless Vietnamese with Soviet weapons and supplies.”

In the all-too-brief time he had, Dr. Sutton presented several striking examples (a tiny fraction of the avalanche of detailed cases presented in his trilogy) illustrating the fact that the Soviet Union’s formidable war machine — ships, submarines, tanks, artillery, airplanes, avionics, radar, anti-aircraft systems, jets, missiles, rockets, trucks, railway locomotives, and more — was largely of American design and was produced in factories built with the help of Western engineers and technicians (primarily American), and with Western (again, primarily American) technology. Professor Sutton proved all of this in his books in devastating detail from shipping manifests, State Department and Commerce Department documents, signed presidential waivers, congressional investigations, and press reports, as well as public statements of public officials and corporate executives participating in the transfers.

Tragically, Dr. Sutton’s address was ignored by the Republican Party establishment. It was also completely spiked by the globalist-controlled media-industrial complex, even though he was a highly credentialed academic from a prestigious institution and copies of his startling testimony had been delivered to the Associated Press and United Press International. The blackout wasn’t complete, however; his statement to the GOP platform subcommittee was published in full by The Review of the News, the weekly predecessor of The New American. Undaunted, Dr. Sutton forged ahead, producing an updated synthesis of his work, a single volume aimed at the general public, entitled National Suicide: Military Aid to the Soviet Union, published in 1973 by Arlington House.

For refusing to cave to political pressure to withdraw the book, Professor Sutton was “canceled” and his sterling academic career was destroyed. Undeterred, the following year he testified before the U.S. Senate Subcommittee on International Trade, again underscoring the unconscionable policies that were responsible for building our enemies and threatening our national security. In 1986, he published The Best Enemy Money Can Buy, another smashing exposé in which he dared to label as “bi-partisan treason” the ongoing policies of the Deep State one-worlders who have taken control of our government. As the articles in this issue of The New American show, bipartisan treasonous transfers have also built Communist China into the global menace that it is today.» [65]








[1] Além da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança, a Carta atribuía às Nações Unidas outros orgãos: o Conselho Económico e Social; o Conselho de Tutela; o Tribunal Internacional de Justiça; o Secretariado. Na prática da Organização, esta dividiu desde logo a Assembleia Geral em comissões: comissão política, comissão de política especial, comissão económica e financeira, comissão social e de direitos humanos, comissão colonial, comissão jurídica. Os problemas eram discutidos e votados nas comissões, e só depois subiam à Assembleia Geral, que aprovava as decisões daquelas ou podia reabrir o debate.

[2] No fundo, tratou-se evidentemente de constituir um directório mundial. Repetiu-se um sistema antigo, firmado em precedentes históricos: o directório saído de Munique (França, Inglaterra, Alemanha, Itália), o directório do Congresso de Viena (França, Inglaterra, Prússia, Áustria, Rússia), etc. O número de membros do Conselho de Segurança foi posteriormente aumentado para 15; mas não foi alterado o número de membros permanentes, e portanto privilegiados, nem o seu estatuto.

[3] Franco Nogueira, Salazar, IV – o Ataque (1945-1958) –, Livraria Civilização Editora, 1985, pp. 1-2.

[4] Oliveira Salazar, «Os Nossos Interesses de Nação», Discurso na Reunião das Comissões Dirigentes da União Nacional, em 23/2/1946, na Sala da Biblioteca da Assembleia Nacional, SNI», p. 16.

[5] Franco Nogueira, ibidem, p. 53. De facto, Salazar é, a propósito, manifestamente peremptório: «Em Abril estaremos em Genebra para votar a dissolução da Sociedade das Nações e a liquidação e entrega dos respectivos valores às Nações Unidas. Fiéis adeptos da Liga, não faltaremos ao último acto da sua existência nem sempre brilhante, nem sempre coroada de êxito, mas, queremos crer, geralmente bem-intencionada. Haverá um certo ilogismo no voto que nós e outros daremos, despojando-nos daquilo para que contribuímos, em favor de uma organização a que não pertencemos. Mas a solução só pode ser essa e a vida vai tão falha de lógica que não vale mesmo a pena fazê-lo notar.

Mais estranho se afigura o desembaraço com que na ausência e desconhecimento de algumas potências interessadas se procedeu em Londres à escolha dos juízes para o Tribunal Permanente de Justiça Internacional da Haia. De tudo concluo que o estatuto de transição do anterior regime para o novo, aprovado em S. Francisco, parece não ter sido levado muito fundo, e de modo que se evitassem estas incongruências. O mundo porém está tão doente e há problemas tão graves a resolver que não se deve fazer questão de pequenas coisas.

Nesta primeira sessão as Nações Unidas foram ainda apenas a associação dos vencedores, incluindo evidentemente alguns obreiros da última hora. Ela tem necessidade de, após os seus primeiros trabalhos de constituição, começar a abrir as portas e a alargar o seu âmbito não só aos neutros (ainda que não tão fortemente colaborantes como nós próprios), mas aos vencidos de ontem. Só desta forma poderá aspirar a verdadeira representação mundial, sem exclusivismos injustificados.» (Idem, «Os Nossos Interesses de Nação», p. 14).

[6] P-5 é uma sigla que designa os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e que corresponde à expressão inglesa, “Permanent Five”.

[7] Maria do Céu Pinto, O Papel da ONU na Criação de uma Nova Ordem Mundial, Prefácio, 2010, pp. 31-32.



[8] Cumpre recordar que, por ingenuidade americana, à União Soviética foram atribuídos três votos, nas Nações Unidas: o da União Soviética, o da Ucrânia, o da Bielo-Rússia. Estas duas, embora simples repúblicas federadas da União, foram no entanto admitidas na ONU como se fossem Estados independentes e soberanos.

[9] Expressão que se supõe usada pela primeira vez por Winston Churchill, num discurso em Fulton, Estados Unidos, em 5 de Março de 1946.

[10] Franco Nogueira, ibidem, pp. 73-74.

[11] O influente e bem-financiado Conselho das Relações Externas fora aliás criado como consequência directa da recusa dos EUA em aderir à Liga das Nações após a Grande Guerra. Basta para isso relembrar que a League to Enforce Peace, uma organização não-governamental americana criada em 1915, na Filadélfia, constituíra na realidade uma organização fundamentalmente apostada em incutir e popularizar na opinião pública a ideia de uma futura entidade internacional votada à paz mundial. E de facto seria em Washington, a 27 de Maio de 1916, aquando de um banquete patrocinado por aquela organização, que o presidente Woodrow Wilson chegara a endossar, ainda que indirectamente, um programa duma futura organização que sob o estatuto de uma associação de nações pudesse absorver as demais nações do mundo. Nisto, a reacção não se fizera esperar da parte do Senado americano, porquanto, conduzido por Henry Cabot Lodge de Massachusetts e William Borah do Idaho, declinara manifestamente o emaranhar dos Estados Unidos na esfera de influência das potências europeias em persistente guerra, bem como ainda a já suspeita possibilidade de uma real fusão da nação americana no âmbito de um super-estado mundial.

A fim de reverter esta resistência quanto à progressiva configuração de uma nova ordem mundial, o Conselho das Relações Externas lançaria, em Maio de 1919, um encontro realizado no Hotel Majestic, em Paris. Reunindo-se com os membros americanos do grupo “Inquiry” estiveram, para o efeito, os internacionalistas do Reino Unido ligados à elite semi-secreta do grupo da Távola Redonda criado pelo colonizador e magnata britânico Cecil John Rhodes. O co-fundador da De Beers Mining Company era igualmente um ardente impulsionador do governo mundial, pelo que assim melhor se compreende que, do encontro organizado pelo Coronel House no Hotel Majestic, tivesse surgido o Institute of International Affairs com futuras filiais em Londres e Nova Iorque, por decerto constituírem locais apropriados na justa medida em que aproximariam dos membros fundadores do CFR os grandes advogados e financeiros internacionais de Wall Street largamente associados a J. P. Morgan. Afere, pois, a esse respeito James Perloff: «The founding president of the CFR was John W. Davis, who was J. P. Morgan’s personal attorney and a millionaire in his own right. Founding vice-president was Paul Cravath, whose law firm also represented the Morgan interests. Morgan partner Russell Leffingwell would later become the Council’s first chairman. A variety of other Morgan partners, attorneys and agents crowded the CFR’s early membership rolls.» (James Perloff, The Shadows of Power: The Council on Foreign Relations and the American Decline, Appleton, WI: Western Islands, 1988, p. 38). Em suma: o ramo Americano da organização lançada em Paris daria assim lugar ao Council on Foreign Relations, sedeado em Nova Iorque, ao passo que na capital londrina o ramo britânico tornar-se-ia no Royal Institute of International Affairs, também conhecido sob a designação de Chatham House.




Cecil John Rhodes. Ver aquiaqui e aqui




[12] Tratam-se designadamente dos quatro grandes Aliados, também designados pelos Four Policeman (Estados Unidos, Reino Unido, União Soviética e a República da China), seguindo-se os países da Commowealth Britânica (Austrália, Canadá, Índia, Nova Zelândia e África do Sul), assim como os nove aliados dos norte-americanos na América Central e no Caribe (Costa Rica, Cuba, República Dominicana, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Nicarágua e Panamá), finalmente seguidos dos oito governos Aliados exilados (Bélgica, Checoslováquia, Grécia, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Polónia e Jugoslávia).

[13] «O primeiro dos encontros entre Churchill e Roosevelt é também o mais célebre, pois é aquele que viu a assinatura da Carta do Atlântico (9-12 de Agosto de 1941). Preparado no maior segredo, organizado em Placentia Bay, ao largo da Terra Nova – aonde o Primeiro-ministro chega a bordo do Prince of Wales, o mais recente dos couraçados britânicos, e o presidente Roosevelt a bordo do cruzador Augusta –, o encontro inicia-se com um serviço religioso, na manhã de domingo, 10 de Agosto, na presença dos dois homens de Estado, dos almirantes e das tripulações em peso.

(...) Tal como é assinada a 12 de Agosto, a Carta do Atlântico foi elaborada a partir de um esboço proposto por Churchill, mas como Roosevelt não queria dar um aperto de mão pela paz futura, o texto limita-se a imperativos muito gerais. É deste modo que são proclamados o princípio da autodeterminação (qualquer modificação territorial deve fazer-se livremente e com o consentimento das populações), o direito de cada país escolher a sua forma de governo, a necessidade de uma paz justa libertando os povos do medo e da necessidade, o abandono do uso da força em favor da segurança colectiva e do desarmamento, a liberdade de comércio e o livre acesso às matérias-primas. Está ali, como se vê, um condensado dos axiomas da democracia liberal, na sua versão anglo-saxónica, e encontram-se-lhe associados o idealismo rooseveltiano e o realismo Churchilliano.» (François Bédaria, Winston Churchill, Verbo, Edição BABEL, 2010, pp. 305-306).

Neste particular, Franco Nogueira é curiosamente célere na forma concisa como aborda a questão: «Entretanto, Roosevelt e Churchill haviam-se encontrado algures no alto mar, em pleno Atlântico, e acordavam numa declaração de oito pontos que consubstanciavam os objectivos da guerra e os princípios a que deveria obedecer a paz: é a Carta do Atlântico.» Ainda em nota de rodapé, adianta o autor: «Por muito conhecidos, não se reproduzem aqui os oito pontos. Sendo um resumo dos quatorze pontos de Wilson, da guerra de 1914-18, consagravam a livre vontade dos povos, a livre escolha de governo por cada um, igualdade no comércio mundial e no acesso às matérias-primas, colaboração económica internacional, segurança colectiva, liberdade dos mares, desarmamento, não engrandecimento territorial.» Porém, numa outra passagem, sobre os profundos interesses americanos do lado do Atlântico, Franco Nogueira aborda, ainda que sucintamente, o fulcro da questão: «Roosevelt, uma vez reeleito, vai de ousadia em ousadia. Proclama uma doutrina de Monroe que abrange o mar oceano havido como vital para a defesa do hemisfério ocidental; altera a lei de neutralidade, de forma a rasgar caminho para uma eventual beligerância; amplia a rede de bases americanas além das fronteiras, designadamente em ilhas britânicas do Atlântico; proíbe a exportação de matérias-primas; faz armar muita da navegação mercante americana; multiplica as suas expressões públicas contra a Alemanha e a Itália; decide o rearmamento maciço do país; instala forças americanas na Islândia; por todas as áreas do mundo inicia uma política intervencionista e imperial; e é cada vez mais íntima a sua colaboração com Churchill, acentuando sobre este um ascendente que se sobrepõe à poderosa individualidade do primeiro-ministro britânico.» (Franco Nogueira, Salazar, III – As grandes crises (1936-1945) – Livraria Civilização Editora, 1983, p. 337 e pp. 360-361).

[14] Por outras palavras, as 26 nações em questão assinaram uma “Declaração das Nações Unidas” na qual se comprometiam a fazer cumprir os princípios da Carta do Atlântico.

[15] Disso mesmo dera claro testemunho o próprio FDR aquando da sua comemorativa mensagem proclamada a 14 de Agosto de 1942, relativa ao primeiro ano de aniversário da Carta do Atlântico: «A year ago today the Prime Minister of Great Britain and I, as representatives of two free nations, set down and subscribed to a declaration of principles common to our peoples. We based, and continue to base, our hopes for a better future for the world on the realization of these principles. This declaration is known as the Atlantic Charter.




A year ago today the nations resisting a common barbaric foe were units or small groups fighting for their existence. Now these nations and groups of nations in all the continents of the earth have united. They have formed a great union of humanity, dedicated to the realization of that common program of purposes and principles set forth in the Atlantic Charter through world-wide victory over their common enemies. Their faith in life, liberty, independence, and religious freedom, and in the preservation of human rights and justice in their own as well as in other lands, has been given form and substance as the United Nations.

Freedom and independence are today in jeopardy the world over. If the forces of conquest are not successfully resisted and defeated there will be no freedom, no independence and no opportunity for freedom for any nation. It is, therefore, to the single and supreme objective of defeating the Axis forces of aggression that the United Nations have pledged all their resources and efforts.

When victory comes we shall stand shoulder to shoulder in seeking to nourish the great ideals for which we fight. It is a worth-while battle. It will be so recognized through all the ages, even amid the unfortunate peoples who follow false gods today. We reaffirm our principles. They will bring us to a happier world.»

[16] Bowman fora inclusivamente membro de um grupo de internacionalistas americanos denominado “Inquiry”, de que fizera igualmente parte o Coronel Edward Mandell House, o conselheiro-chave e o alter-ego do presidente Woodrow Wilson, bem como quem mais particularmente esboçara pela primeira vez o pacto da Liga das Nações fundada aquando da assinatura do Tratado de Versalhes em 28 de Junho de 1919. O Tratado de Versalhes fora ademais criado por aquele mesmo grupo de internacionalistas largamente constituído por cerca de 100 engenheiros sociais igualmente responsáveis pela formulação dos “Catorze Pontos” de Woodrow Wilson relativos a um alegado plano de paz mundial caracterizado por uma política de livre-cambismo, democracia e autodeterminação dos povos como forma de evitar o surgimento de novas tensões bélicas entre as grandes potências europeias. Escolhidos a dedo pelo próprio House, figuras como Walter Lippman, Allen W. Dulles, John Foster Dulles, Christian A. Herter e Norman Thomas chegaram de facto a pertencer ao grupo “Inquiry” dirigido pelo cunhado do Coronel House, o Dr. Sidney Mezes.

[17] Posteriormente designado por Informal Agenda Group (IAG).

[18] Faziam parte desse comité, além de Cordell Hull, Leo Pasvolsky, Isaiah Bowman, Sumner Welles, Norman Davis e Morton Taylor. Todos eles eram membros do CFR, à excepção do então Secretário de Estado.

[19] Na qualidade de secretário-geral dessa conferência de que fora o organizador e director executivo, estivera o agente soviético Alger Hiss, também ele um destacado membro do CFR que diligentemente chegara a nomear muitos dos delegados e oficiais da ONU, bem como ainda a desempenhar um papel determinante na elaboração da Carta de São Francisco, comummente conhecida como Carta das Nações Unidas. Esse papel determinante começara aliás por ser previamente desenvolvido na qualidade de secretário-executivo aquando da Conferência Dumbarton Oaks realizada no Estado de Washington, D.C., entre 21 de Agosto e 7 de Outubro de 1944, conjuntamente com um perito de Estaline, Vyacheslav Molotov. Por fim, já em São Francisco, Hiss prestar-se-ia a servir nos comités executivos encarregues dos retoques finais da Carta da ONU, para então ele próprio, terminada a conferência, ser quem pessoalmente levaria de facto a designada carta para ser ratificada pelo Senado em Washington.

Demais, 43 delegados americanos destacados para a Conferência de São Francisco eram ou viriam a ser na sua maioria membros do CFR. São eles nomeadamente: 1.Theodore C. Achilles 2. James W. Angell 3. Hamilton Fish Armstrong 4. Charles E. Bohlen 5. Isaiah Bowman 6. Ralph Bunche 7. John M. Cabot 8. Mitchell B. Carroll 9. Andrew W. Cordier 10. John S. Dickey 11. John Foster Dulles [membro fundador do CFR] 12. James Clement Dunn 13. Clyde Eagleton 14. Clark M. Eichelberger 15. Muir S. Fairchild 16. Thomas K. Finletter 17. Artemus Gates 18. Arthur J. Hepburn 19. Julius C. Holmes 20. Philip C. Jessup 21. Joseph E. Johnson 22. R. Keith Kane 23. Foy D. Kohler 24. John E. Lockwood 25. Archibald MacLeish 26. John J. McCloy 27. Cord Meyer, Jr 28. Edward G. Miller, Jr. 29. Hugh Moore 30. Leo Pasvolsky 31. Dewitt C. Poole 32. William L. Ransom 33. Nelson A. Rockefeller 34. James T. Shotwell 35. Harold E. Stassen 36. Edward R. Stettinius, Jr. 37.Adlai E. Stevenson 38. Sweetser 39. James Swihart 40. Llewellyn E. Thompson 41. Herman B. Wells 42. Francis Wilcox 43. Charles W. Yost.

[20] A fundação do FMI surge aquando da primeira das Conferências de Bretton Woods em 22 de Junho de 1944, onde 730 delegados de 44 nações aliadas estiveram reunidos no Mount Washington Hotel, em Bretton Woods, New Hampshire, para finalmente acordarem o sistema comercial e financeiro internacional do pós-guerra entre os países mais industrializados do mundo. Contudo, só na segunda das Conferências de Bretton Woods, realizada a 27 de Dezembro de 1945, é que o FMI seria formalmente criado por 29 países-membros e mais tarde homologado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Abril de 1966.

Mount Washington Hotel

Constitui o FMI, sem sombra de dúvida, mais uma organização internacional subjacente ao globalismo dominante, a que não serão certamente estranhos tanto os mercados financeiros globais e as inúmeras corporações transnacionais, como ainda os aparentes governos nacionais económica, política e até militarmente ligados em rede unimundial. Entretanto, surgem também os designados “governos globais” tais como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Banco Mundial (BM) enquanto instituições aptas a criar um sistema de poder global em detrimento de toda e qualquer soberania nacional, ou seja, um sistema particularmente destinado a suprimir, na esfera nacional, a respectiva autoridade constitucional doravante transferida para os invasivos poderes, mercados e organizações internacionais. Trata-se, alfim, de um sistema que institucionaliza a desigualdade global que ironicamente preconiza combater, procurando assim proceder a um processo de centralização das instituições económicas transnacionais como forma de, em nome do triunfante multilateralismo, enfraquecer de uma vez por todas a tradicional proeminência do Estado-Nação como actor indispensável no concerto das relações internacionais.

[21] O CFR tornou-se, de alguma forma, o governo sombra dos Estados Unidos, tendo amiúde praticamente dominado através dos seus membros todas as administrações norte-americanas desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Assim, presidentes como Dwight D. Eisenhower, John F. Kennedy, Richard Nixon, Gerald Ford, Jimmy Carter, George H. W. Bush e Bill Clinton eram todos membros efectivos do Council on Foreign Relations (CFR), como o eram igualmente centenas de indivíduos por eles estritamente nomeados. A par disso, influentes jornalistas, correspondentes e directores executivos de comunicação têm sobretudo desempenhado o seu papel de incontestáveis propagandistas do CFR nos grandes meios de comunicação tais como: New York Times, Wall Street Journal, Los Angeles Times, Newsweek, Time, US News & World Report, NBC, CBS, ABC, etc. Entre esses propagandistas ao serviço do poderoso cartel noticioso têm-se contado membros do CFR, tais como: Tom Brokaw, Dan Rather, Ted Koppel, Diane Sawyer, James Lehrer, Bernard Kalb, Irving R. Levine, David Brinkley, Barbara Walters, Morton Kondracke, entre outros mais.

[22] There are many others; the author selected more or less at random two conservatives (Allen and Lasell) and two liberals (Archer and Domhoff).

[23] Antony C. Sutton, Wall Street and the Rise of Hitler, Clairview, 2010, pp. 168-169.

[24] Idem, ibidem, pp. 166-167.

[25] Helmut Magers, Ein Revolutionar Aus Common Sense, (Leipzig: R. Kittler Verlag, 1934).

[26] Nixon, Edgar B., Editor, Franklin D. Roosevelt and Foreign Affairs, (Cambridge: The Belknap Press of Harvard University Press, 1969), Volume I: January 1933-February 1934. Franklin D. Roosevelt Library. Hyde Park, New York.

[27] Idem, ibidem, pp. 120-122.

[28] Aliás, fora num sentido afim que o programa oficial da Internacional Comunista estipulara, em 1936, o seguinte: “Dictatorship can be established only by a victory of socialism in different countries or groups of countries, after which the proletariat republics would unite on federal lines with those already in existence, and this system of federal unions would expand ... at length forming the World Union of Socialist Soviet Republics.” (Official 1936 program of the Communist International, recorded in hearings before the Senate Committee on Foreign Relations, July 11, 1956, p. 196).

[29] Em inglês: Communist Party USA (CPUSA). Trata-se, como é óbvio, de um partido ideologicamente conotado com o marxismo-leninismo, no contexto do qual, em livro de sua lavra datado de 1932, o então presidente nacional William Z. Foster afirmara que “The American Soviet government will join with the other Soviet governments in a world Soviet Union.... Not christianity [sic] but Communism will bring peace on earth. A Communist world will be a unified, organized world. The economic system will be one great organization, based upon the principle of planning now dawning in the U.S.S.R. The American Soviet government will be an important section in this world organization.” (William Z. Foster, Toward Soviet America (Balboa Island, CA: Elgin Publications, 1961), pp. 272, 326). Além de que, no preâmbulo do CPUSA chegara a ser igualmente exarado o apoio à ONU nos seguintes moldes: “The Communist party of the United States ... fights uncompromisingly against ... all forms of chauvinism.... It holds further that the true national interest of our country and the cause of peace and progress require ... the strengthening of the United Nations as a universal instrument of peace.” (Soviet World Outlook: A Handbook of Communist Statements, U.S. Department of State Publication 6836 (Washington, D.C.: U.S. Government Printing Office, 1959), p. 171).

[30] Earl Browder, Victory — and after (New York: International Publishers, 1942), p. 110. E, de facto, o próprio também chegara a reconhecer que “It can be said, without exaggeration, that ever closer relations between our nation and the Soviet Union are an unconditional requirement for the United Nations as a world coalition... The United Nations is the instrument for victory. Victory is required for the survival of our nation. The Soviet Union is an essential part of the United Nations. Mutual confidence between our country and the Soviet Union and joint work in the leadership of the United Nations are absolutely necessary.” (ibidem, p. 160, 169).

[31] Pravda, March 23, 1946, quoted in Robert W Lee, The United Nations Conspiracy (Appleton, Wis.: Western Islands, 1981), p. 73.

[32] Bella V. Dodd, School of Darkness (New York: Devin-Adair, 1963), p. 179.




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[33]  G. Edward Griffin, The Fearful Master: A Second Look at the United Nations (Appleton, WI: Western Islands, 1964), p. 120. Por via deste testemunho-chave se vê claramente que existiram, de facto, cidadãos americanos que conscientemente agiram na discreta condição de agentes soviéticos em altos postos do governo americano com vista ao planeamento e formação da ONU mediante a elaboração da respectiva Carta destinada a transferir o centro de gravidade do direito legítimo da força de cada Estado para uma nova e consolidada força multinacional. Assim, dentre as principais figuras agindo como operativos soviéticos nos Departamentos de Estado e do Tesouro dos Estados Unidos, contam-se as seguintes: Soloman Adler, Virginius Frank Coe, Lawrence Duggan, Noel Field, Harold Glasser, Alger Hiss, Irving Kaplan, Victor Perlo, Abraham G. Silverman, Nathan G. Silvermaster, William H. Taylor, William L. Ullman, John Carter Vincent, Henry Julian Wadleigh, David Weintraub e Harry Dexter White.

[34] Em 1952, durante as audiências no senado norte-americano, o senador James O. Eastland também lograra pôr, em matéria de infiltração comunista nas Nações Unidas, o dedo na ferida no momento em que proferira as palavras que se seguem: «I am appalled at the extensive evidence indicating that there is today in the United Nations among the American employees there the greatest concentration of Communists that this committee has ever encountered.... [A]lmost all of these people have in the past been employees of the United States Government in high and sensitive positions.» (Activities of United States Citizens Employed by the United Nations, Hearings before the Senate Internal Security Subcommittee of the Committee on the Judiciary (1952), pp. 181-182).

[35] Agentes e líderes comunistas puderam durante decénios usar as Nações Unidas como um veículo de propaganda mundial em nome da paz, da felicidade e da fraternidade entre povos de todo o mundo, albergando elogiosamente no seu seio ditadores e terroristas ao serviço do movimento comunista internacional, tais como: Nikita Khrushchev, Josip Broz Tito, Nicolae Ceaușescu, Kwame Nkrumah, Fidel Castro, Ernesto “Che” Guevara, Patrice Lumumba, Yasser Arafat e Nelson Mandela. A ONU foi ademais o principal centro de espionagem usado pelos soviéticos contra os Estados Unidos, pelo que assim se explica que o director do Departamento Federal de Investigação (FBI), John Edgar Hoover, tivesse em 1963 alertado para o facto de diplomatas comunistas designados para as Nações Unidas representarem a espinha dorsal dos serviços de inteligência russos em território americano. E daí a curial observação de Chapman Pincher enquanto autoridade britânica em matéria de espionagem, exarada em The Secret Offensive (New York: St. Martin’s Press, 1985), p. 129): «Because of the protection and cover they afford, all the major United Nations institutions have been heavily penetrated.... Whole books have been published listing the abuse and manipulation of the United Nations by the Soviets. The area most blatantly used for active measures and espionage is the main headquarters in New York.»




Entre os desertores do bloco de países comunistas que chegaram a testemunhar sobre o papel crucial das Nações Unidas no concertado esquema de espionagem soviética, encontra-se o antigo operacional do KGB, Ladislav Bittman. No seu livro intitulado The KGB and Soviet Disinformation: An Insider’s View (McLean, VA: Pergamon-Brassey’s International Defense Publishers, 1985, pp. 56-7), escreve Bittman: «The United Nations is an international organization that deserves special attention for the role it plays in overt and clandestine propaganda campaigns conducted by the Soviets. As an organization that helps to shape world public opinion and plays a vital peacekeeping role, the United Nations is a major battlefield for the Soviet Union and the United States.... But the Soviet Union maintains the most impressive intelligence organization, consisting of the largest single concentration of Soviet spies anywhere in the West.... Spying in New York is so pervasive that some diplomats refer to the United Nations as “the stock exchange of global intelligence operations."»

Convém já agora relembrar que o contribuinte americano foi quem, em boa parte, financiou contra o seu próprio país as campanhas de subversão, espionagem e desinformação levadas a cabo pelo KGB, consoante, aliás, acusa John Barron no seu estudo intitulado KGB: The Secret Work Of Soviet Secret Agents (New York: Reader’s Digest Press, 1974,  p. 20): «The KGB derives still another advantage from placing its officers on the United Nations payroll. Since the United States pays 25 percent of the entire U.N. operating budget, it pays 25 percent of the bountiful salaries granted KGB officers insinuated into U.N. jobs. American taxpayers thus are compelled to finance KGB operations against themselves and the noncommunist world. Moreover, the Soviet Union requires its citizens paid by international organizations to rebate the greater part of their salaries to the government. Thus, it actually makes money each time it plants a KGB officer in the U.N.».

De resto, a criação da sede das Nações Unidas nos Estados Unidos, sob o agourento céu de Nova Iorque, não fora certamente um acontecimento fortuito num mundo paralelamente assente e dominado por uma rede de espionagem, sabotagem e terrorismo nunca antes vista à escala planetária, até porque, curiosamente, a questão levantada pelo primeiro secretário-geral eleito da ONU fala por si mesma: «“Why not locate the headquarters of the future international organization within the United States’ own borders, so that the concept of international could match forces on the spot with those of its arch-enemy, isolationism — utilizing at all times the American people’s own democratic media?”» (Trygve Lie, In the Cause of Peace (New York: Macmillan Company, 1954), p. 57). Assim formulada a questão, escreve ainda Lie: «The Americans declared their neutrality as soon as the Preparatory Commission opened its deliberations. The Russians disappointed most Western Europeans by coming out at once for a site in America.... Andrei Gromyko of the U.S.S.R. had come out flatly for the United States. As to where in the United States, let the American Government decide, he had blandly told his colleagues. Later the Soviet Union modified its stand to support the east coast.» (ibid., pp. 58-60). Logo, quanto aos indispensáveis fundos com que financiar a compra do terreno para a sede da ONU, Lie, após ter incitado o Presidente da Câmara de Nova Iorque, William O’Dwyer, a entrar em contacto telefónico com Nelson Rockefeller, pudera finalmente reunir-se, mais a sua equipa técnica, com os irmãos Rockefellers e o patriarca do clã, John D. Rockefeller, Jr, para consultas secretas que não tardariam a traduzir-se num presente de «$8,500,000 with which to purchase the East River property as a Headquarters site.» (ibid., pp. 113-14).


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[36] Em francês: Organisation Armée Secrète.

[37] Executive Hearings before the House Committee on Un-American Activities, May 13 and 14, 1953, Soviet Schedule For War — 1955 (Washington: United States Government Printing Office, 1953), p. 1721.

[38] Oliveira Salazar, «Apontamento sobre a Situação Internacional» na Sessão de Abertura do IV Congresso da União Nacional, Secretariado Nacional de Informação, Lisboa, 1956, pp. 4-6.

[39] Oliveira Salazar chegara inclusivamente a ilustrar, aquando duma entrevista concedida ao embaixador Elbrick que lha particularmente solicitara em nome do Presidente Kennedy, como o plano ideológico chega a ser muitas vezes um mero expediente no verdadeiro terreno da actividade política subterrânea: «Os Estados Unidos, como líder do Ocidente, devem compreender que os russos estão activamente empenhados em destruir as duas nações da Península Ibérica. A existência de governos comunistas em Espanha e em Portugal conduziria seguramente a uma Europa comunista. Os russos estão claramente a atacar Portugal em África e parece que os americanos estão ingenuamente a fazer o jogo dos russos. É manifestamente impossível ser um aliado de Portugal na Europa e um inimigo de Portugal em África(Cf. José Freire Antunes, Kennedy e Salazar, o leão e a raposa, Difusão Cultural, 1991, p. 178).

[40] Oliveira Salazar, «A Atmosfera Mundial e os Problemas Nacionais», Discurso proferido por Sua Excelência o Presidente do Conselho, em 2 de Novembro de 1957, ao Microfone da Emissora Nacional, Secretariado Nacional da Informação, Lisboa, 1957, pp. 5-7.

[41] Estamos, neste ponto, perfeitamente conscientes de como no panorama histórico do século XX subsistiu, como ainda decerto subsiste no presente século, uma entrosada relação entre os círculos financeiros de Londres e os particularmente relativos ao Leste dos Estados Unidos, cujo poder e influência mundiais permitem fundamentalmente explicar a tácita colaboração entre o movimento comunista internacional e o arqui-capitalismo internacionalista – Rockefeller, Morgan, Carnegie, Lamont, Warburg e Schiff – com vista a consolidar, numa última instância, um governo global totalitário resultante do controlo e acumulação de riqueza nas mãos de uma poderosa oligarquia transnacional. O facto de os arqui-capitalistas, usando e abusando de leis e regulamentações governamentais para assim impedir toda a competitividade económica e financeira que não coincida com os seus próprios interesses, não manifestarem uma real e significativa oposição às várias formas de colectivismo (fascismo, socialismo e comunismo), assenta precisamente no experienciado pressuposto de que tais formas sempre serão inevitavelmente dadas a esquemas de centralizado controlo da riqueza mediante o recurso a instrumentos de opressão policial e militar, pelo que a respectiva distribuição, limitada à elite dominante, permanece, ao fim ao cabo, uma simples miragem para a totalidade da população em aflitivo estado de pobreza e miséria constantes. Por outras palavras, os arqui-capitalistas conspiraram e colaboraram as mais das vezes com líderes genocidas comunistas do século XX (Lenine, Estaline, Fidel Castro, etc.), na medida em que uma tal colaboração conspirativa representara sobretudo o meio deveras eficaz e adequado para derrubar e destruir a velha ordem na mira de uma nova quão incontestável ordem internacional.

Se é também um facto de que os globalistas condenaram periodicamente a ameaça comunista, suscitando operações militares e de inteligência para contê-la na aparência, a verdade é que nunca deixaram de a promover, financiar e explorar na prospectiva de alcançar um Estado Leviatã globocrata. Ainda assim, viram-se igualmente eles próprios perante um dilema: como contornar a inerente brutalidade e a natureza anti-humana do comunismo de modo a propiciar a fusão entre o Ocidente e a União Soviética, sem com isso pôr em causa a ingente necessidade de defesa e segurança colectiva do Ocidente que uma tal ameaça desde logo encerra em si mesma? Por conseguinte, a questão nunca passara pela derrota do comunismo mas, pura e simplesmente, pela transformação e submissão das respectivas forças a um ponto tal que fosse doravante possível reestruturar radicalmente o sistema internacional numa nova ordem mundial artificialmente mergulhada em sucedâneas crises e ameaças globais como as que hodiernamente perpassam de sobejo sob o nosso incrédulo olhar: a “crise” das “alterações climáticas”, a chamada “Guerra ao Terror”, a plandemia do coronavírus chinês, etc.

[42] Muitas das funções da antiga Administração de Socorro e Reabilitação das Nações Unidas foram posteriormente transferidas para diversas agências especializadas da ONU, como a Organização Internacional de Refugiados (OIR), fundada em 20 de Abril de 1946 e substituída em 1952 pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), assim como a Organização Mundial de Saúde, fundada em 7 de Abril de 1948, com sua sede em Genebra, Suíça. No fundo, à desactivação da UNRRA correspondeu, em larga medida, o aparecimento do Plano Marshall, cujas operações começaram em 1948.

[43] Lane fora nomeado embaixador dos Estados Unidos na Polónia de 1944 a 1947, primeiro para o governo polaco no exílio em Londres e mais tarde em Varsóvia, para o governo do pós-guerra.

[44] "Soviet Schedule for War: 1955," Executive Hearings Before the Committee on Un-American Activities, House of Representatives, May 13 and 14, 1953 (Washington, D.C.: U.S. Government Printing Office, 1953), p. 1727. Ainda segundo o jornalista de investigação Eugene W. Castle, o «UNRRA money was unreservedly given to the Communist-ruled nations behind the Iron Curtain. It fed discontented peoples and strengthened the Red grip on their governments.» (Eugene W. Castle, Billions, Blunders, and Baloney (New York: Devin-Adair, 1955), p. 47). Além disso, na China milhões de dólares em fundos e fornecimentos foram do mesmo passo disponibilizados pela UNRRA, nomeadamente para Soong Ching-ling, a segunda esposa do líder da Revolução Hsinhai (1911), Sun Yat-sen, bem como para Mao Tsé-Tung para que este lograsse triunfar sobre o General Chiang Kai-shek, também conhecido como Generalíssimo Chiang ou Chiang Chungcheng. Este padrão de actuação subversiva seria, de resto, continuamente empregue nas décadas seguintes pelas mais variadas instituições da ONU, tais como: UNICEF, UNESCO, WHO, UNHCR, FAO, UNFPA, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, etc.

[45] Oliveira Salazar soube, aliás, antever quanto baste o perigo comunista para a Europa do pós-guerra, conforme assinala Franco Nogueira na sua biografia monumental sobre o singular Estadista português: «Ora, “eu não vejo a guerra através da guerra; vejo a guerra através da paz. Quer dizer: o que me preocupa mais não é saber quem vence ou como vai vencer, mas que paz se fará, com que princípios se constituirá a futura paz. Neste campo, pode perguntar-se se o fim da guerra é a destruição da unidade alemã ou se esta unidade, acabada de realizar por Hitler, não é uma vantagem europeia”. Neste contexto, julga “precipitado” o discurso com que Churchill saúda a entrada da Rússia na luta. Sem dúvida: aproveitar a força russa para combater a Alemanha é perfeitamente compreensível. Mas importaria não esquecer que a União Soviética colaborou na partilha da Polónia, e fora para defesa deste país que a Grã-Bretanha entrara em guerra; e que Moscovo invadira a Finlândia, e se apossara dos Estados Bálticos, e da Bessarábia; e tudo isto era contrário aos fins de guerra afirmados por Londres. Parecia deste modo que Churchill não deveria ter oferecido a sua “solidariedade”, conclui Salazar.» (Idem, Salazar, III – As grandes crises, 1936-1945 –, Livraria Civilização Editora, 1983, p. 327).




[46] A conferência anterior, já entretanto referida, ocorrera em Teerão, ao passo que a posterior, denominada Conferência de Potsdam, ocorrera na Alemanha entre 17 de Julho e 2 de Agosto de 1945, no sentido dos "Big Three" (Estaline, Churchill e Roosevelt) poderem ultimar assuntos relativos à decisiva ordem internacional do porvir.

[47] Também conhecida como a Grande Revolução Socialista de Outubro, ou Revolução Vermelha, desencadeada a 25 de Outubro de 1917, em Petrogrado.

[48] Lane acabou por demitir-se do seu posto e regressar aos Estados Unidos quando se deu finalmente conta de que os seus despachos e comunicados estariam sendo sistematicamente ignorados em Washington. Foi então que escreveu o livro I Saw Poland Betrayed: An American Ambassador Reports to the American People (1948).

[49] Convém relembrar que os Estados Unidos combateram as forças japonesas espalhadas por mais de uma centena de ilhas do Pacífico à custa de 200 000 mortos. Em contrapartida, os japoneses só na defesa de Okinawa perderam 117 000 homens e 20 000 em Iwo Jima.

[50] Dando por finda a Segunda Guerra Mundial, a acta de rendição do Japão foi um acordo que formalizou a Rendição do Japão, assinada por Mamoru Shigemitsu, ministro das Relações Exteriores do país insular da Ásia Oriental, e aceite pelo general Douglas MacArthur, o Comandante Supremo das Forças Aliadas, ao lado de representantes de diversas nações.

[51] Designação dada pelos japoneses à Manchúria.

[52] Esta força militar constituía o mais respeitado comando do Exército Imperial Japonês.

[53] Ao abrigo da Operação Tempestade em Agosto, o Exército Vermelho avançou pela Manchúria e pelo Norte da China, conquistando a região de Mengjiang (na Mongólia Interior) e também o norte da Coreia. Ficou também conhecida como “Operação da Manchúria” ou “Batalha da Manchúria”, constituindo parte integrante da Guerra Soviético-Japonesa de 1945.

[54] Ou Karafuto para os japoneses. Sacalina é uma grande ilha banhada pelo mar de Okhotsk a norte e a leste, o estreito de La Pérouse a sul, separando-a da ilha japonesa de Hokkaido, e o estreito da Tartária a oeste, separando-a do continente asiático.




Vista do Monte Chekhov na Ilha de Sacalina








Yuzhno-Kurilsk

[55] Em japonês Kuriru ou Chishima. O arquipélago das Curilas é um arquipélago vulcânico de 56 ilhas que se estende entre a Península de Kamchatka, no extremo oriental da Rússia, até à ilha japonesa de Hokkaido, entre o Mar de Okhotsk, a noroeste, e o Oceano Pacífico, a sudeste.

[56] Já em 1939 o Departamento Federal de Investigação (FBI) apresentara sólida evidência ao poder executivo referente às actividades comunistas de Alger Hiss, doravante emitindo repetidos avisos sobre o espião soviético. Contudo, à semelhança do que já sucedera em numerosos casos anteriores, e outros tantos por acontecer segundo um padrão amiúde estabelecido, tais avisos quedariam sistematicamente ignorados.

[57] O IPR, fundado sob a inspiração do internacionalismo liberal do presidente Woodrow Wilson (1913-1921), fora entretanto dissolvido em 1960.

[58] Entre os livros em questão, destacam-se nomeadamente os seguintes: Unfinished Revolution in China (1947), por Israel Epstein; Report from Red China (1946), por Harrison Forman; Journey from the East (1944), por Mark Gayn; Inner Asian Frontiers of China (1940), por Owen Lattimore e Alastair Lamb; Making of Modern China, A Short History (1945), por Owen e Eleanor Lattimore; The Situation in Asia (1949), por Owen Lattimore; China’s Wartime Politics 1937-1944 (1944), por Lawrence K. Rosinger; Battle Hymn for China (1944), por Agnes Smedley; The Challenge of Red China (1945), por Gunther Stein; The Phoenix and the Dwarfs - A Play In Three Acts, (1944), por George E. Taylor e George Savage.

[59] Do mesmo passo conhecida sob as designações de Russian War Relief Fund e The American Committee for Russian War Relief, esta agência fora constituída a 12 de Setembro de 1941, em Nova Iorque, sendo o seu presidente  Edward C. Carter de 1941 a 1945, tendo, aliás, também sido o secretário-geral do Institute of Pacific Relations (IPR), entre 1933 e 1946. Foi-lhe ainda outorgada a Ordem da Bandeira Vermelha do Trabalho, uma condecoração da União Soviética criada para destacar grandes serviços prestados ao Estado e à sociedade soviética nos campos da produção, ciências, cultura, literatura, artes, educação, saúde, etc.

[60] Sob a prévia designação de American Society for Cultural Relations with the Soviet Union, tratou-se de um grupo de fachada comunista identificado em 1947 pelo Procurador Geral dos Estados Unidos, Thomas C. Clark. Entre os seus membros esteve o já mencionado Edward C. Carter, bem como Henry H. Collins, Jr., que fora não somente membro do Partido Comunista dos Estados Unidos da América (CPUSA) e do Ware Group, uma rede de espionagem comunista que operava no seio do governo americano nos anos 30, como também o director-executivo do American Russian Institute em 1948. Curiosamente, o primeiro encontro do Ware Group ocorrera em 1933 com a participação de oito membros, designadamente: John Abt, Henry Collins, Alger Hiss, Victor Perlo, Lee Pressman, Nathaniel Weyl, and Nathan Witt.

[61] Esta sociedade, cuja designação seria alterada, em Fevereiro de 1941, para Korean Volunteers Corps Aid Society, foi fundada em Los Angeles, Califórnia, por um grupo de progressistas coreanos após a invasão da China pelo Japão em 1937.

[62] Literalmente Partido Nacionalista Chinês.

[63] A questão da entrada da República Popular da China na Organização das Nações Unidas foi particularmente debatida pelo governo chinês aquando da segunda visita de Kissinger em Outubro de 1971. Na primeira visita, secretamente ocorrida em Julho do corrente, o assunto debatido recaíra na exigência do governo chinês para que o governo americano reconhecesse Taiwan como fazendo parte legítima da República Popular da China, e, nisto, pusesse um ponto final no apoio militar ao regime do Kuomintang, concedendo, por conseguinte, na retirada das forças militares americanas da Formosa.










[64] In 21st Century Wire, DECEMBER 31, 2016.

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