Escrito por José Mattoso
«O
interesse de Afonso Henriques pelas novas formas de vida religiosa que
apareciam no Condado Portucalense manifestou-se (...) no apoio concedido
aos Templários e Hospitalários e na protecção aos fundadores de Santa Cruz de
Coimbra. As ordens militares e os cónegos regrantes eram, com efeito,
instituições bem representativas da renovação da Igreja no princípio do século
XII. Os eremitas são, por sua própria natureza, avessos a soluções
institucionais, mas inserem-se na mesma corrente renovadora. Formaram, talvez,
a sua componente mais radical, como haviam sido, no século IV, os do Egipto e
da Síria. Inovadores, inconformistas, avessos a qualquer espécie de
organização, representam bem a energia, o entusiasmo, a criatividade e o
desprendimento que caracterizam o fenómeno religioso do século XII. Também
apareceram em Portugal, de forma espontânea, com as mesmas características do
que no resto da Europa.
O
seu movimento foi relativamente efémero. Tornaram-se numerosos na primeira
metade do século; depois, o seu número estabilizou-se; para o fim do século
começaram a transformar-se em estabelecimentos convencionais (igrejas,
paróquias, dependências de ordens religiosas) ou foram abandonados; a partir de
1200 o seu número foi diminuindo. O fenómeno eremítico tornou-se esporádico ou
transferiu-se, no século XIV, para o Sul do País, sob formas que ainda não
foram esclarecidas pelos investigadores. Muitos deles, de facto, acabaram por
se agregar a instituições religiosas, ingressando nas fileiras das ordens
monásticas ou canonicais (...), ou noutras mais austeras, como os Cistercienses
ou Premonstratenses.
Afonso
Henriques também acompanhou o movimento eremítico português. Fê-lo, mesmo, com
uma surpreendente precocidade, porque o primeiro diploma autêntico que dele se
conhece é justamente (...) uma carta de couto em favor dos eremitas de São
Vicente de Fragoso, no actual concelho de Barcelos, datada de 4 de Dezembro de
1128, ou seja, meio ano antes da Batalha de São Mamede. Dir-se-ia um acto de
devoção inspirado pelo desejo de fazer uma obra meritória, e assim obter a
protecção divina para a confrontação decisiva que não podia deixar de sobrevir.
(...)
o mosteiro de Tarouca [filiou-se] precocemente em Claraval, a comunidade de que
era abade São Bernardo. Foi ele próprio, portanto, que enviou os primeiros
monges a Portugal, na época em que gozava da maior influência na Cristandade
ocidental. Vieram da Borgonha, pouco antes ou na mesma altura em que povoavam o
mosteiro de Sobrado, na Galiza, também procedentes de Claraval, por intermédio
dos quais Fernão Peres de Trava, com sua mulher e sua sobrinha Urraca, patronos
desse mosteiro, lho entregaram por carta de doação de 14 de Fevereiro de 1142.
É esta a primeira abadia cisterciense documentalmente conhecida na Galiza, mas
é evidente a proximidade da sua entrada na ordem com a que se verifica em
Tarouca.
Estes factos mostram que São Bernardo sabia muito bem quem eram Afonso Henriques e Fernão Peres de Trava. As abadias – “mãe” mantinham sempre uma relação com as suas “filhas”.»
José
Mattoso («D. Afonso Henriques»).
| Abade de Claraval |
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| Mosteiro de São João de Tarouca |
O APELO DE JERUSALÉM
Entre o Oriente e o Ocidente
Em
Março de 1129, Afonso Henriques confirma a doação que D. Teresa, sua mãe, havia
feito do castelo e do termo de Soure à Ordem Militar do Templo de Jerusalém,
exactamente um ano antes[1]. A
«rainha», juntamente com um grande conjunto de nobres, tinha também dado ou
prometido à mesma ordem muitos outros bens, além de um domínio em Fonte Arcada
(Penafiel), onde se viria a constituir uma comenda. O diploma de D. Teresa,
cuja solenidade é reforçada pela confirmação de Afonso VII, feito em Zamora[2],
envolvia a «rainha» e alguns dos principais nobres do Condado Portucalense,
como se entre eles não houvesse divisões. Nele colaboram também os senhores
galegos que, passados três meses, haveriam de ser expulsos pelo príncipe depois
de arrebatar o poder de sua mãe. Esta conjugação de doadores mostra, de uma
forma exemplar, que as divergências internas evidenciadas em São Mamede
passavam para segundo plano quando estava em causa um ideal que envolvia toda a
Cristandade, e que, desde o princípio do século, se tinha concretizado num dos
seus mais poderosos movimentos da história europeia de todos os tempos: as
cruzadas.
Ao
usar este termo, não pretendo referir-me apenas às expedições militares a que
os historiadores dão este nome, e que distinguem por meio de uma numeração
precisa, para depois apontarem as suas datas, identificarem os seus chefes e
descreverem os seus resultados, mas a toda a ampla corrente religiosa,
cultural, social e económica orientada para Jerusalém, como se esta cidade,
recuperada pela Cristandade, se tivesse tornado, na mente de todos os europeus,
o centro do mundo. A «ideia» de Jerusalém passou a estar presente, de alguma
maneira, na doutrina religiosa, nas crenças colectivas, na política do papado,
nas instituições cristãs, na hierarquia de valores morais, nas relações
sociais, nas actividades económicas, enfim, em todos os aspectos da história
europeia na primeira metade do século XII. Só muito lentamente se foi
dissipando nos séculos seguintes. Não se pode compreender este enorme movimento
sem lembrar que representa o multiforme reverso de uma época de rápida expansão
demográfica, de intensa criatividade institucional e artística e de renovação
em todos os campos da existência humana. Os acontecimentos com ele relacionados
não devem, por isso, interpretar-se em função das expedições militares
designadas pelo nome de cruzadas, mas no contexto muito mais amplo da expansão
e da renovação da Cristandade. O acto a que nos referimos, isto é, a doação de
D. Teresa e dos seus barões à Ordem do Templo, e, logo a seguir, a sua confirmação por Afonso Henriques, depois de ter assumido o poder, representam, de facto, a decidida
participação do Condado Portucalense nesse amplo movimento de expansão europeia
e de projecção da Cristandade para fora do espaço onde, até então, tinha estado
encerrada. Antes, porém, de acentuarmos este quase profético significado da
doação à Ordem do Templo, temos de o enquadrar em relação com factos objectivos
e precisos, bem delimitados no tempo, no espaço e na identificação dos
protagonistas.
Com
efeito, os documentos que servem de base a estas interpretações constituem
actos surpreendentes. Chamaram a atenção dos diplomatistas e dos críticos, como
Alexandre Herculano e a maioria dos autores que trataram da história portuguesa
durante o reinado de Afonso Henriques, nomeadamente de Rui de Azevedo. Todavia,
apesar da desconfiança com que foram examinados, não foi possível encontrar
neles indícios de falsificação. São documentos autênticos[3]. O
que surpreende é, por um lado, a sua precocidade em relação com a história dos
primeiros anos da Ordem do Templo, e, por outro lado, o facto de num deles se
encontrarem comprometidos nada menos do que dezoito senhores, incluindo o conde
Fernão Peres e seu irmão Bermudo, o conde Gomes Nunes Ide Toroñol, Soeiro
Mendes [de Sousa], Paio Nunes, Monio Rodrigues de Arouca, João Viegas «Ranha»,
e outros, provavelmente galegos. Note-se que uns continuavam fiéis a D. Teresa,
outros, como Soeiro Mendes de Sousa, já tinham, talvez, tomado partido por
Afonso Henriques. Teremos, pois, de ver nesta simpatia generalizada um
importante indício da reacção da nobreza portucalense à luta na Terra Santa.
Uma novidade no mundo cristão
Trata-se,
na verdade, de um acto surpreendente pela sua precocidade, visto que, em Março
de 1128, os Templários não tinham ainda sido aprovados como uma ordem
religiosa, constituíam uma comunidade com pouco mais de uma dúzia de membros e
eram desconhecidos na maior parte da Europa. Além disso, nunca ninguém tinha
tido a ideia de criar um exército de monges nem um convento de soldados. O estado da vida religiosa opunha-se à
profissão das armas. A função dos milites
(os que combatem) considerava-se não só diferente da função dos oratores (os que rezam) mas até
incompatível com ela. A repartição da sociedade em três «ordens», uma
consagrada à produção de bens materiais, outra à defesa e manutenção da ordem
pela força e a terceira à intercessão das bênçãos divinas, como se imaginava a
estrutura social desde os remotos tempos das tribos indo-germânicas, estava ainda na mente de toda a gente, tinha-se tornado um lugar-comum, e constituía a
base de pregações populares e de considerações morais sobre os deveres de cada
um dos respectivos estados. Unir num só «estado» cavaleiros e monges parecia
uma inovação absurda.
Nada
fazia esperar, portanto, que, quando Raymond Bernard chegou a Braga, e aí,
perante a rainha D. Teresa, Fernão Peres de Trava e um grupo numeroso de
senhores, os tivesse convencido a oferecerem o seu apoio e os seus bens à
estranha ordem de que fazia parte, e que depois tivesse conseguido em Zamora a
confirmação de Afonso VII. A sua adesão representa, temos de o admitir, um
extraordinário voto de confiança numa experiência ousada, inovadora e que,
naquele momento, não se imaginava ainda como especialmente vantajosa para a
luta contra o Islão na fronteira portuguesa.
Hugo de Payns
De
facto, a doação de D. Teresa fora feita nas mãos de Raymond Bernard. Era um dos
companheiros de Hugo de Payns, o fundador da Ordem Militar do Templo de
Jerusalém, que, com ele e mais uns cinco companheiros, tinham chegado nesse
mesmo ano à Europa, onde vieram procurar apoio para a sua instituição, em bens
e em colaboradores. A sua organização era muito recente. Fundada havia apenas
sete anos, em 1120, contava, segundo parece, pouco mais de uma dúzia de
cavaleiros. Hugo de Payns era senhor de Montigny, aparentado com os condes de
Champagne, e parece ter estado uma primeira vez em Jerusalém em 1104, antes de
aí voltar uns dez anos depois, para se juntar a um pequeno grupo de cavaleiros
que se dedicavam a acompanhar e defender peregrinos que desembarcavam em Jafa e
tinham, depois, de percorrer os caminhos terrestres que se dirigiam a Jerusalém
passando normalmente por Ramallah. Durante o caminho, eram muitas vezes
assaltados ou ameaçados pelos bandidos da região. Estes cavaleiros completavam,
assim, a obra de misericórdia praticada, entre outros, pela confraria de leigos
fundada por um tal Gerardo junto da Igreja de São João Baptista de Jerusalém,
cujo objectivo principal era dar assistência aos peregrinos pobres e doentes,
para os quais instituíra um grande hospício e um hospital. A confraria tinha-se
tornado, em pouco tempo, uma ordem religiosa, e foi aprovada em 1113 pelo papa
Pascoal II, que a colocou na dependência directa da Santa Sé. Esta ordem,
chamada do Hospital de São João de Jerusalém, viria, muito mais tarde, a
desenvolver as actividades militares, tornando-se assim uma ordem
monástico-militar, mas era, nessa altura, estritamente caritativa.
A
protecção armada concedida aos peregrinos pelos cavaleiros que patrulhavam os
caminhos entre Jafa e Jerusalém tornou-se indispensável. Permitia fazer a
viagem com uma relativa segurança. Interessava, portanto, a todos aqueles que
colaboravam na organização das peregrinações. Por isso, Hugo de Payns e os seus
companheiros foram protegidos e encorajados pelo patriarca latino de Jerusalém,
Estêvão de La Ferté, e pelo rei Balduíno I (1100-1118); mas a sua falta de
recursos – rendimentos para a sua subsistência, cavalos e armas – e a
necessidade de recrutar novos adeptos levaram o fundador a empreender uma
viagem a França, com uns cinco ou seis companheiros, para conseguir os apoios
de que necessitava. Ora, apesar da novidade do projecto, e até, da sua aparente
incompatibilidade com as estruturas mentais subjacentes à ideologia das «três
ordens», a viagem que hoje chamaríamos de «recolha de fundos» teve um enorme
sucesso. Hugo e os seus companheiros receberam uma autêntica chuva de doações,
sobretudo, como era natural, em França, mas também na Inglaterra, na Flandres e
em Aragão.
Os Templários
O
entusiasmo com que Hugo e os primeiros templários foram recebidos é um dos
indícios mais claros da participação europeia no movimento das cruzadas, ou
melhor, da responsabilidade que a maioria dos cristãos sentia acerca da
necessidade de manter o Reino Latino de Jerusalém contra os ataques islâmicos,
da protecção que era preciso garantir aos peregrinos e do desejo que todos
tinham de ir um dia visitar os lugares santos e rezar junto do túmulo de Jesus
Cristo. Dada a ampla participação de franceses, normandos, flamengos e
ingleses, italianos ou alemães na primeira cruzada, não admira o sucesso que
Hugo de Payns obteve. Mostra que a vantagem prática da defesa dos peregrinos e
da defesa da Terra Santa relativizava a oposição dos cavaleiros aos monges, e
que o projecto se considerava tão importante que só a conjugação da disciplina
militar com o rigor da vida monástica podia vencer a desordem social provocada
pelos cavaleiros que abusavam da sua força, e só a abnegação podia vencer o seu
habitual egoísmo.
Estas
circunstâncias contribuíram para a solene aprovação da ordem no conflito
provincial de Troyes, reunido a 13 de Janeiro de 1129, com a presença de muitos
bispos de Champagne e da Borgonha. Tratava-se aí da aplicação dos princípios da
reforma gregoriana, não sob a forma intransigente e agressiva imprimida por
Gregório VII, mas já na variante conciliadora e criativa que se seguiu à
assinatura do Tratado de Worms (1122) entre o papa Calisto II e o imperador
Henrique V, quando se começavam a imaginar as soluções institucionais que
viriam, uns vinte anos mais tarde, a ser consignadas no Decretum de mestre Graciano. Estavam presentes também alguns abades
cistercienses, entre eles Estêvão Harding, abade de Cister e um dos fundadores
da ordem, e o seu discípulo São Bernardo, abade de Claraval. Bernardo tinha
recebido pouco antes uma carta de recomendação do rei Balduíno em favor dos
Templários, mas parece, de início, ter hesitado em apoiar a estranha conjugação
do monacato com a cavalaria. Para ele só eram verdadeiros monges os seus, os
brancos, aqueles que assumiam sem concessões a vocação contemplativa, e que
rompiam radicalmente com o mundo. Todavia, acabou por se deixar seduzir. Os
Templários podiam representar a redenção do detestável bando de cavaleiros que
só pensava em torneios, violência e vaidade em vez de se pôr ao serviço do bem
comum. Podiam criar a imagem do cavaleiro «novo», remido pela imitação de Jesus
Cristo, tal como o monge cisterciense era o modelo exemplar do «homem novo», do
cristão que superava o pecado pela redenção do mesmo Jesus Cristo. A regra do
Templo foi aprovada.
Nem
todos, porém, aceitaram a novidade. Assim o místico Guigo, primeiro prior dos
Cartuxos depois de São Bruno, escrevendo a Hugo de Payns, declara que não o
exorta a empreender «guerras materiais e combates visíveis», mas lhe recomenda
a conquista de si próprio; deve consagrar-se à purificação dos seus vícios, em
vez de se ocupar em «limpar» a terra dos bárbaros[4].
Outros autores também duvidavam da legitimidade do projecto templário. Mas em
Fevereiro de 1130 rebenta em Roma o cisma de Anacleto. Uma parte importante dos
cardeais apoia o antipapa Pedro Pierleone, aliás Anacleto II, que se aliava aos
normandos do Sul da Itália, se opunha ao imperador e pretendia manter as
estratégias reformistas anteriores ao acordo de Worms. São Bernardo,
porém, juntamente com São Norberto, apoiou, com todas as suas forças, o partido
de Inocêncio II, que favorecia as novas ordens cisterciense e dos Cónegos
Regrantes de Santo Agostinho, assim como a restituição aos bispos da sua
intervenção na Igreja, afectada nos quarenta anos anteriores por uma estratégia
redutora dos poderes episcopais. São Bernardo passou a apoiar os Templários,
que lhe parecia representarem um modelo ideal de regeneração de um sector
importante da sociedade. Escreveu, então, o seu célebre tratado Elogio da Nova Milícia (De laude novae militae).
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| Monte das Oliveiras |
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| Flevit super illam (Ele chorou por isso), por Enrique Simonet (1892). |
Adoptando
uma forma literária colorida e vigorosa, o abade de Claraval tece um rasgado
elogio àqueles que põem as suas armas ao serviço de Deus e, sem medo, consagram
a sua vida a guiar os pobres e os fracos pelos caminhos terrestres percorridos
por Jesus Cristo. Os cavaleiros mundanos vivem no luxo, amolecidos sob as suas
túnicas de seda e cobertos de ouro, cultivam a frivolidade e a ligeireza, são
conduzidos pela vaidade e o desejo de uma glória vã. Não formam uma «milícia»
mas uma malícia. Os novos cavaleiros,
pelo contrário, defendem, na Terra Santa, «a herança e a casa de Deus» manchada
pelos infiéis. Os Templários guardam e protegem os lugares santos: Belém, onde «o pão vivo desceu dos céus»; Nazaré,
onde Jesus cresceu; o monte das Oliveiras e o vale de Josafat, onde o Redentor
sofreu; o Jordão, onde o Messias foi baptizado; o Calvário, onde o Senhor «nos
lavou dos nossos pecados»; o Sepulcro, onde Cristo morto repousou, e onde os
peregrinos, depois de passarem tantas provas para aí chegarem, alcançado já o
seu destino, também descansam para depois regressarem em paz às suas terras.
Bernardo termina, enfim, com uma exortação aos companheiros de Hugo de Payns:
«Eis
que estas delícias do mundo, este tesouro celestial, esta herança dos povos
fiéis [os lugares santos] são confiados, meus caros, à vossa fé, à vossa
prudência e à vossa coragem. Confio que sereis capazes de guardar fielmente e
com segurança este tesouro celestial se contardes sempre com o socorro de Deus e
não com a vossa habilidade e com a vossa força.»[5]
O
apoio de São Bernardo, que, na década de 1130, e durante os vinte anos que se
seguiram, se tornou a mais influente personalidade do mundo cristão, dissipou
as reticências que ainda rodeavam o projecto templário. Em 1139, o papa
Inocêncio II aprovou sem reservas a nova milícia, por meio da bula Omne datum optimum, e concedeu-lhe a
protecção papal, tornando-a dependente da Santa Sé e isenta da jurisdição
episcopal.
Reacções na Hispânia
A
viagem de propaganda empreendida pelos companheiros de Hugo de Payns não teve,
no entanto, os mesmos resultados em toda a parte. De facto, não se conhecem na
Península Ibérica concessões comparáveis às da França, senão em Aragão e em
Portugal. Talvez por estar nessa altura demasiado absorvido em recuperar as
cidades e regiões de Castela, até ali ocupadas pelo rei de Aragão, Afonso VII
não fez concessões notáveis em favor dos Templários, apesar de ter confirmado a
doação de D. Teresa. Devia achar preferível concentrar os seus recursos na sua
própria fronteira. Podia invocar uma bula de Pascoal II, no ano 1100, pela qual
o papa proibia aos nobres e milites
da Hispânia tomarem parte na cruzada para não prejudicarem, com a sua ausência,
a defesa dos reinos cristãos contra a as investidas dos almorávidas[6]. Este facto vem reforçar ainda mais o significado da doação de D. Teresa e dos
fidalgos portugueses que assinaram as duas cartas de 1128, dando mostras de uma
grande generosidade, como se sentissem a causa da Terra Santa tão fortemente
como da sua própria contra o Islão. Note-se também que a diferença de
comportamento para com os Templários, castelhano e leonês de um lado, e
português e aragonês do outro, não se verificou só na primeira metade do século
XII. Continuou nos anos seguintes, e até se acentuou com a perda de Fitero e a
fundação de Calatrava, a que se seguiu a criação de outras ordens peninsulares.
O rei e os nobres castelhanos e leoneses antepunham a guerra santa da sua fronteira à participação na guerra santa da Palestina.
Esta
diferença de atitudes a respeito de um empreendimento comum da Cristandade,
destinado a sustentar um esforço permanente de defesa dos lugares santos, como
se fosse uma responsabilidade inerente a todos os cristãos, parece dar conta de
duas concepções diferentes acerca da luta contra o Islão. Na tradição
peninsular, a luta aparecia, segundo a ideologia cultivada pela monarquia
leonesa, como o esforço de recuperação de um território injustamente perdido;
por isso se chamava «Reconquista». Em Portugal, esta justificação da guerra
tinha menos adeptos. Além disso, a presença de Cavaleiros franceses, e
sobretudo a influência exercida pela forte personalidade do conde D. Henrique e
pelos monges que adotaram os costumes cluniacenses, devem ter difundido a ideia
de que a luta directa na fronteira não era mais do que uma parcela da oposição
global entre a Cristandade e o Islão.
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| Afonso VI de Leão e Castela entrega o Condado Portucalense a D. Henrique em 1096. |
Jerusalém terrestre e Jerusalém
celeste
A
ideia de uma confrontação de civilizações, polarizada numa oposição religiosa,
como não podia deixar de ser numa época em que a identidade dos grupos sociais
se reforçava por meio de referências de crença e de ritual, teve, obviamente,
a sua expressão concreta no movimento das cruzadas. O apelo do papa Urbano II
no Concílio de Clermont de 1095, ao convidar os turbulentos cavaleiros de
França e de outros países sem contacto directo com o Islão a irem à Terra Santa
para libertar o túmulo do Senhor, onde os peregrinos eram vexados pelos turcos
que poucos anos antes tinham conquistado a Ásia Menor e nessa altura ameaçavam
Constantinopla, suscitou, como se sabe, um entusiasmo avassalador. A
participação de um grande número de cavaleiros e a presença de chefes empreendedores
permitiu superar as dificuldades de um recrutamento desordenado e de uma
ausência de planificação, acabando os três exércitos que então se formaram por
conseguir conquistar Jerusalém no dia 13 de Julho de 1099. A vitória cristã,
facilitada pelas rivalidades então existentes entre os muçulmanos, encheu a
Cristandade e o papa de entusiasmo. Os navios que se dirigiam à Palestina e as
estradas que atravessavam a Ásia Menor encheram-se de peregrinos.
Estabeleceu-se o Reino Latino de Jerusalém e criou-se um exército capaz de o
defender dos constantes ataques muçulmanos. Afluíram padres e religiosos à
Cidade Santa para aí fundarem conventos e prestarem serviços religiosos. Vieram
também muitos aventureiros atraídos pelas riquezas que o saque tinha posto nas
mãos dos primeiros cruzados. O papa tentou coordenar a corrente que assim
engrossou, concedendo privilégios e exortando à reforma dos costumes sob
orientação do clero, como se estivesse para nascer um mundo novo, mais conforme
com o modelo de cidade santa que Jesus Cristo queria para a sua Igreja. Assim,
nos primeiros anos do século XII, a notícia do que se passava em Jerusalém
concentrava todas as atenções, e imprimia novo alento contra os inimigos da fé.
O
interesse pelo que se passava no Oriente, depois da conquista de Jerusalém,
conjugado com a possibilidade de obter o perdão de todos os pecados e de ter
garantida a vida eterna, para aqueles que tomassem a cruz e se alistassem nas
fileiras dos combatentes na Palestina, assim como a esperança de participar
numa viagem iniciática que prometia aos visitantes dos lugares santos
revelações comparáveis com experiências místicas que transportavam os eleitos
até às portas do Paraíso envolveram os cristãos de todas as nações europeias.
Todos queriam participar na grande empresa que encaminhava os peregrinos para a
Jerusalém dos céus através da Jerusalém terrestre. Aqueles que não podiam ou
não tinham coragem de partir sentiam-se na obrigação de favorecer os que
estavam dispostos a correr todos os riscos para lá chegarem. Com efeito, um dos
aspectos da grande constelação de ideias centrada em torno de Jerusalém, como
símbolo da renovação e de esperança, é o oferecimento de terras e de bens de
todos os géneros a ordens e instituições que protegiam os peregrinos, nomeadamente
o Hospital de São João, e a multiplicação de indivíduos que empreendiam a
viagem, abandonando tudo e correndo todos os riscos, sem saberem se voltariam
algum dia à sua terra.
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| Basílica do Santo Sepulcro |
Peregrinos do Ocidente peninsular
Este
ambiente de verdadeiro fascínio atingiu também o Ocidente da Península Ibérica.
Aqui, porém, a novidade não consistia em participar numa grande acção militar
para esmagar o Islão e os inimigos da fé – o que os reis e cavaleiros de toda a
Hispânia já faziam há séculos – mas em envolver-se na renovação da vida cristã
que propunha o contacto físico ou espiritual com Jerusalém como o primeiro
ponto do seu programa. De facto são muitos, e bem expressivos, os testemunhos
de que o fascínio dos fiéis por Jerusalém atingiu também o Ocidente da
Península Ibérica.
Assim,
admite-se, apesar de a evidência documental referir apenas um projecto que não
se sabe se foi concretizado, que o conde D. Henrique tenha ido à Terra Santa em
1102. O bispo D. Maurício de Coimbra esteve também em Jerusalém durante quatro
anos, entre 1104 e 1108, sendo então acompanhado pelo presbítero Telo, futuro
arcediago da diocese e fundador do Mosteiro de Santa Cruz[7]. São
Teotónio seguiu o mesmo caminho por duas vezes, sendo numa delas acompanhado
por uma «não pequena multidão de peregrinos, antes de se associar a Telo para
fundar o mesmo mosteiro[8].
Antes disso, em 1096, logo a seguir ao apelo de Urbano II no Concílio de
Clermont, o arcebispo Bernardo de Toledo fez o voto de ir à Santa Terra, mas
foi dispensado do seu cumprimento pelo próprio papa, que considerou mais
importante a sua presença na Hispânia[9]. A
infanta Sancha, filha de Afonso VI, parece ter passado alguns anos em
Jerusalém, consagrando-se ao serviço dos peregrinos do Hospital[10].
Outra filha do mesmo rei e irmã de D. Teresa, Elvira, casou com o conde
Raimundo IV de Toulouse; participaram ambos na primeira cruzada, e tiveram um
filho que baptizaram no rio Jordão, o conde Afonso Jordão de Toulouse, que
esteve frequentemente em Leão e Castela[11]. Os
irmãos Fernão Peres e Bermudo Peres de Trava também foram a Jerusalém, talvez,
mesmo, mais de uma vez, sem dúvida para expiarem o grave crime de incesto em
que estiveram envolvidos, juntamente com a rainha D. Teresa[12]. O
nobre Rodrigo Gonçalves de Lara, senhor de Toledo, teve de ser substituído no
seu cargo de governador da cidade e de direcção dos combates da fronteira
castelhana que havia assegurado durante vários anos, por ter decidido fazer a
viagem à Cidade Santa pela mesma época em que esses senhores galegos lá
estiveram também. Viveu algum tempo na corte do conde de Barcelona, mas ficou
leproso e foi morrer à Palestina[13]. A
estes exemplos relativos a personagens com alguma importância social
poder-se-iam acrescentar muitos outros mais ou menos desconhecidos[14].
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| Tomada de Jerusalém durante a Primeira Cruzada (1099). |
Como é evidente, porém, só um pequeno conjunto de peregrinos podia empreender a arriscada viagem à Terra Santa. Aqueles que não podiam fazê-la ou não tinham para isso coragem suficiente procuravam vincular-se às ordens palestinianas por meio de laços espirituais, inscrevendo os seus nomes como seus associados mediante a oferta de bens materiais, para obterem o benefício das orações e dos méritos dos seus membros. Assim fez o próprio Afonso Henriques, que, na confirmação da doação de Soure por D. Teresa, declara que a faz «por amor de Deus e para remédio de sua alma e da de seus pais e pelo cordial amor que tem para convosco, e para ter o benefício de ser irmão da vossa fraternidade»[15]. O exemplo do infante seria depois seguido por uma grande quantidade de nobres portugueses, cujos dons constituíram a base fundiária das muitas comendas mais tarde constituídas pelas mesmas ordens em várias regiões do país, sobretudo pela Ordem do Hospital[16].
A protecção aos peregrinos pobres
Como
é evidente, nem todos os peregrinos da Terra Santa eram senhores poderosos ou
eclesiásticos célebres. Estes foram apenas alguns dos nomes que a memória
histórica registou. A documentação da época conserva, além disso, inúmeros
testemunhos de nomes de peregrinos de todas as categorias sociais e a
referência a peregrinos pobres, que empreendiam a sua caminhada inteiramente na
providência divina. O Hospital de São João de Jerusalém, fundado pelo leigo
Gerardo logo a seguir à conquista de Jerusalém, a que nos referimos anteriormente, foi
criado justamente para os proteger, recolher e lhes dar assistência. Em breve
se pôs em contacto com outras confrarias do mesmo género, de tal modo que, em
1113, já formava com elas uma rede da qual faziam parte hospitais em vários lugares,
como Saint-Gilles-du-Gard, no Sul da França, Pisa, Bari e Tarento na Itália, ou
seja, nos principais portos onde os peregrinos embarcavam para atravessarem o
Mediterrâneo antes de chegarem a Jafa. A ordem religiosa caritativa assim
criada foi aprovada e protegida pelo papa Pascoal II por meio da bula Pie postulatio voluntatis de 5 de
Fevereiro de 1113. Embora houvesse uma ligação entre a confraria de Gerardo e
os Cónegos Regrantes do Santo Sepulcro que asseguravam os ofícios divinos na
Igreja de São João do Hospital, a bula considerava-as como ordens autónomas.
Note-se, de passagem, que a comunidade dos Cónegos Regrantes do Santo Sepulcro
resultava também de uma alteração do estatuto da comunidade do mesmo nome,
transformada, havia pouco tempo, de cabido secular (sem obrigação de votos de
pobreza e de obediência) em comunidade regular, com os votos religiosos
habituais, sob a Regra de Santo Agostinho. As três instituições – templários,
hospitalários e cónegos do Santo Sepulcro – representavam, portanto, as novas
concepções da vida religiosa que se haviam formado na segunda metade do século
XI, e começavam agora a triunfar sobre os princípios defendidos pelos monges de
Cluny e outros do mesmo género, que haviam orientado o ideal de reforma
eclesiástica até aos anos 20 do século XII. A aprovação pelo papa dos estatutos
da Ordem de São João do Hospital representava bem o triunfo das novas
concepções, mais adaptadas às necessidades concretas dos homens e mais
intervenientes na vida social.
O envolvimento do Ocidente
peninsular
O propósito de colaborar na criação de condições destinadas a ajudar e proteger os peregrinos pobres verificou-se também precocemente, no Ocidente peninsular. De facto, o oferecimento de terras e outros bens às instituições ligadas à Terra Santa pode-se observar desde cedo, em Leão, Galiza e Portugal. Em 1113, a rainha D. Urraca dá a Ordem de São João do Hospital a aldeia de Paradinas. Em 1116 acrescenta-lhe um grande senhorio e um domínio perto de Toro[17]. Em 1130 um tal Soeiro, provavelmente Soeiro Bermudes das Astúrias, aparece também como benfeitor da mesma ordem[18]. A existência de uma Confraria do Santo Sepulcro em Coimbra registada já em 1117 confirma a popularidade das peregrinações e da devoção ao túmulo de Jesus Cristo[19].
Com
este enquadramento torna-se admissível a presença de uma comunidade de «pobres
de Jerusalém» em Portugal já desde o ano de 1122, ou mesmo de 1112, isto é,
numa data tão precoce que tem feito hesitar os historiadores quanto à
autenticidade do testemunho documental em que se apoia. Trata-se do ano em que
a referida comunidade, decerto já ligada aos Hospitalários, substituiu os
monges de Leça (mais tarde chamado Leça de Balio), perto do Porto, por doação
de D. Teresa. Havia ali, de facto, um priorado ligado ao mosteiro da Vacariça,
o qual, depois de ter seguido os costumes monásticos peninsulares, adoptara,
segundo parece, a Regra de São Bento. D. Teresa tinha, decerto, direitos
patronais sobre ele, pois ofereceu o mosteiro e os seus domínios à Ordem do
Hospital; provavelmente Martinho, o prior, que a si próprio se intitula «servo
dos pobres» ou «servo dos pobres de Jerusalém», por se deixar envolver no
movimento de entusiasmo por tudo o que dizia respeito à Terra Santa, resolveu
associar-se com a sua comunidade à Ordem de São João do Hospital. A descoberta
de um documento até há pouco desconhecido permite admitir que a transformação
do mosteiro em convento hospitalário se tenha dado em 1112[20].
Apesar de tão precoce, visto ser anterior à bula de aprovação da ordem de 1113,
há pouco mencionada, a data não é inverosímil, tendo em conta os contactos
directos com Jerusalém testemunhados pelas peregrinações de D. Maurício e dos
Presbíteros Telo e Teotónio, assim como pelas importantes doações da rainha D.
Urraca em 1113 e 1116, já mencionadas.
Ao
contrário do que aconteceu com a Ordem do Templo, a do Hospital viria a obter
uma grande quantidade de domínios e rendimentos em Castela, embora em datas
mais tardias do que as mencionadas até agora[21]. Em
Portugal, os domínios dos Hospitalários multiplicaram-se sem cessar durante os
séculos XII e XIII, vindo até, a tornar-se uma ameaça ao património régio,
constantemente prejudicado pelas rendas que os comendadores das ordens
militares lhe iam subtraindo[22].
A historiografia portuguesa tem normalmente interpretado a doação do castelo e do termo de Soure aos Templários como uma forma de reforço militar da fronteira a sul de Coimbra. De facto, o castelo estava situado junto à estrada que dava acesso à cidade, mas passava mais a leste, por Ansião, Alvorge e Germanelo, com uma variante ainda mais para leste, por Chão de Couce e Penela. Embora a povoação e o castelo tivessem constituído um centro relevante nas campanhas do emir Ali b. Yusuf em 1116 e 1117, Soure era talvez menos importante, do ponto de vista militar, do que os outros castelos que acabamos de mencionar. Nessa altura dificilmente poderia resistir à invasão. Porque as tropas almorávidas, durante as operações de cerco de uma cidade importante, costumavam devastar os seus arredores e apropriarem-se de todos os bens que podiam, além dos que necessitavam para o seu abastecimento. Por isso, os habitantes de Soure, avisados da aproximação do exército inimigo, decidiram incendiar as suas casas e refugiar-se em Coimbra, para escaparem às pilhagens, ao cativeiro ou à exterminação.
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| Castelo de Soure |
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| Localização de Soure |
O mais significativo, porém, é que, na altura em que D. Teresa e Afonso Henriques fizeram as suas concessões, não deviam estar à espera de que o castelo de Soure passasse, com a presença dos Templários, a desempenhar um papel de grande importância nas estruturas militares criadas em torno de Coimbra para assegurar a sua defesa, e muito menos que se tornasse ponto de partida para grandes investidas em direcção ao sul. Nessa altura, a ordem não tinha ainda sido aprovada pelas autoridades eclesiásticas, e não possuía recursos suficientes para exercer uma função militar de relevo. Tratava-se antes de uma espécie de dotação destinada a prestar ajuda às actividades dos seus membros na Terra Santa, ainda numa perspectiva de protecção dos peregrinos, à semelhança do que faziam também os estabelecimentos dos Hospitalários. De facto, os Templários só passaram a colaborar activamente nas operações de guerra na década de 1140, sobretudo depois de Afonso Henriques (ou melhor, Mendo Fernandes de Bragança) lhes ter entregue os castelos de Longroiva, Mogadouro e Penarroias em 1145. Nessa altura já se tinham tornado numa grande potência militar, financeira e política em todo o Mediterrâneo, e Soure viria em breve a ser o centro de um vasto e rico senhorio com funções bélicas importantes.
(In José Mattoso, D. Afonso Henriques, Círculo de
Leitores, Sétima edição, 2012, pp. 58-66).
[1]
DR 96.
[2]
DR 79; cf. DR 77; B. REILLY, 1998, p. 25.
[3] R. de AZEVEDO, in DR, pp. 593 e 614-616.
[4] J. DEMURGER, 1989, pp. 45-46.
[5] Ver J. DEMURGER, 1989, pp.
48-51.
[6] M. LADERO QUESADA, 1998, p. 167.
[7] Vita Tellonis, n. 2 (ed. A. do NASCIMENTO, 1998, pp. 56-57; cf. pp. 130-131).
[8] Vita Theotonii, ns. 5 e 10-11 (ed. A. do NASCIMENTO, 1998, pp,
146-147 e 155-165).
[9] M. LADERO QUESADA, 1998, p. 107.
[10] M. CALLEJO PUERTA, 2001, p. 477.
[11] B. REILLY, 1998, pp. 15, 91, 109
e 142.
[12] M. TORRES SEVILLA QUIÑONEZ DE
LÉON, 1988. Refere-se a esta viagem a informação registada pela IV Crónica Breve «foi-se pera terra
d’ultramar»: ed. F. FONSECA, p. 112.
[13] M. LADERO QUESADA, 1998, p. 416;
B. REILLY, 1998, p. 57.
[14] Ver, por exemplo, documentos de
1146, no Livro Santo de Santa Cruz,
n. 102 e 118 (ed. L. VENTURA e A. FARIA, 1990, pp. 238 e 255); de 1178, no
cartório de Pendorada (J. Mattoso, XII, p. 82).
[15] DR 96.
[16] Ver J. FIGUEIREDO, I, 1800, pp.
24-141.
[17] M. LADERO QUESADA, 1998, p. 202
[18] M. CALLEJO PUERTA, 2001, p. 477.
[19] S. GOMES, 2000, p. 115.
[20] J. FERNANDES e L. OLIVEIRA,
2005; P. COSTA, 1996.
[21] M. LADERO QUESADA, 1998, p. 501;
B. REILLY, 1998, p. 272.
[22] Ver documento de 1132 e 1143 no Livro Santo, n. 15 e 25 (ed. L. VENTURA e A. FARIA, 1990, pp. 133 e 146); M. TRINDADE, 1981.
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