Escrito por Frederico Hopffer
«O mestre Hopffer (pai) leccionou durante alguns anos no Ginásio Clube Português. Quando discípulo, recebeu as primeiras lições em 1898 do seu amigo e grande mestre Artur dos Santos. Depois continuou com o mestre Domingos de Couras Salréu e José Gonçalo Dias (o 95), assaltando várias vezes com o famoso jogador Domingos Alves, passando à categoria de mestre competentíssimo, publicou o seu livro (duas palavras sobre o jogo de pau) que é um documento indispensável à esgrima nacional pela forma clara e científica como está feito, sendo o primeiro trabalho que apareceu sobre o jogo do pau e elucida bastante sobre este desporto.»
António Nunes Caçador («Jogo do Pau – Esgrima Nacional, Lisboa, 1963, p. 24).
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| Artur dos Santos (centro). |
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| Ver aqui, aqui, aqui e aqui |
Vamos
[ao] assunto mais importante do jogo de pau.
Não
me cansarei de repetir, que o saber guardar-se é o principal.
Bater
toda a gente sabe, ou melhor ou pior, mas a defesa bem feita é mais raro, tanto
que poucos tem havido, que saibam conter em respeito o adversário, sem precisar
ser violentos nos ataques.
Ninguém
pode ser generoso a jogar, sem se sentir muito confiado nas suas defesas.
O
homem que se cobre absolutamente bem, é sempre bom jogador em toda a parte,
mesmo que desconheça a maneira de cortar.
Ninguém
deve sonhar em começar a aprender cortes, sem primeiro e durante muito tempo
ter praticado em jogo coberto. Os seus cortes servir-lhe-ão para ir perdendo
terreno, que não sabe com boas guardas reconquistar, e não tem que censurar o
adversário, se não for benévolo para com ele, visto que se dispensou de se
guardar, para fazer ataques simultâneos.
Em
todas as guardas de pancadas se tem de atender à noção da distância, por tal
forma, que como regra que nunca falha, e que não admite nenhuma excepção,
poderei dizer:
Nenhuma
guarda presta para nada, quando feita conservando
o corpo no mesmo sítio em que foi alvejado. É escusado meter o pau com todo
o engenho que se queira imaginar, que se há de ser tocado, se o adversário
souber apontar as suas pancadas. Claro está, que me refiro a adversários que
sabem procurar o corpo, que não têm gosto especial em bater no pau, e que sabem
bem ver onde está a descoberta.
As
guardas mal feitas, em que se não atende à noção da distância, originam toques,
quando as pancadas são bem feitas e simples, sendo além disso uma verdadeira
guloseima, para os amadores das fintas e dos enganos.
Com as guardas bem feitas não há enganos possíveis.
(In Frederico Hopffer, Duas Palavras sobre o Jogo de Pau, Lisboa, 1924, pp. 55-56).
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| Uma das guardas saídas da pancada por fora, por cima redonda, arrepiada ou enviesada, (guarda das mãos trocadas). |
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| Rebate. Guardas avançadas |



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