Escrito por Jorge Álvares
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| Carraca portuguesa em Nagasaki, cidade fundada pelos portugueses no Japão em 1570. Painel japonês do Período Nanban (séc. XVII). |
«Estes homens [os Portugueses] são comerciantes. Compreendem, até certo ponto, a distinção entre superior e inferior, mas não sei se existe entre eles um sistema próprio de etiqueta. Bebem em copo, sem oferecerem aos outros. Comem com os dedos e não com pauzinhos como nós. [...] Não compreendem o significado dos caracteres escritos. São gente que passa a vida viajando de aqui para além, sem morada certa, e trocam produtos que têm pelos que não possuem, mas no fundo não são má gente.»
Crónica japonesa Teppo-ki (séc. XVI).
A
gente do Japão é pouco cobiçosa e muito educada. Quando se vai à sua terra, os
mais ricos convidam-vos para comer e dormir em suas casas; parece que vos
querem meter na alma. São muito desejosos de saberem de nossas terras e de
todas as coisas. Em casa, é costume estarem assentados com as pernas cruzadas.
[...] Comem no chão como os Mouros, com pauzinhos como os Chineses e cada
pessoa em sua tijela.
Estimam muito em falar baixo e têm-nos a nós por destemperados porque falamos alto. Cada dia se lavam duas vezes [...]. As mulheres são muito bem proporcionadas e muito alvas e são muito maviosas e meigas. São mulheres muito limpas e fazem em casa todo o trabalho como tecer, fiar e coser. As mulheres honradas são muito veneradas de seus maridos; os maridos são mandados por elas. São mulheres que vão onde querem, sem o perguntarem a seus maridos.
In Informação sobre o Japão (1547).



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