«Muitas pessoas se deixam seduzir pela generosidade, pelo espírito de tolerância, pela abertura a um certo humanismo e por um espiritualismo com os seus ritos próprios, que encontram no seio das lojas, sem serem capazes de discernir a incompatibilidade de fundo entre o cristianismo e a Maçonaria, havendo mesmo quem se declare maçon e católico.
(…) A própria Maçonaria reconhece essa incompatibilidade. A prová-lo está o que diz a esse respeito Paul Gourdeau, antigo grão-mestre do Grande Oriente de França: "O que é importante compreender hoje em dia é que o combate que se trava actualmente condiciona o futuro, e mais ainda aquilo em que a sociedade se tornará, que assenta no equilíbrio entre duas culturas: uma fundada no Evangelho, a outra na tradição histórica de um humanismo republicano. E essas duas culturas são fundamentalmente opostas: ou a verdade revelada e intangível de um Deus que está na origem de todas as coisas, ou a verdade fundada nas construções do Homem permanentemente postas em causa porque susceptíveis de aperfeiçoamento até ao infinito. Desta batalha perpétua, reiniciada com vigor há algum tempo, dizia Malraux que o século XXI seria religioso ou não seria. É a essa afirmação, a esse desafio, que nos cabe responder" (Humanisme, n.º 193, Outubro de 1990). Albert Antoine, que foi membro do "Supremo Conselho de França de Rito Escocês" no primeiro quartel do século XX, dizia: "A Maçonaria é a única religião humana"».
Dominique Rey
«O Grão-Mestre do Grande Oriente de França, Jacques Mitterrand [irmão do ex-presidente da República de França, François Mitterrand], rebatendo umas declarações da Grande Loja Unida de Inglaterra que insistiam no requisito indispensável de acreditar em Deus, declarava ao jornal La Suisse, de 26 de Outubro de 1969, que a crença no Grande Arquitecto do Universo…
"…não é, em absoluto, uma conditio sine qua non: no seio do Grande Oriente de França verificam-se as opções mais diversas, que vão desde a religião ao ateísmo e ao marxismo. Eu próprio sou materialista ateu. Digamos que, na sua maioria, os nossos membros são agnósticos".
(…) Ulises Bacci, maçon italiano, punha o dedo na ferida ao escrever, em 1878:
"Nós protestamos contra… as deliberações das Grandes Lojas de Inglaterra e da Irlanda que não reconhecem o Grande Oriente de França (…) porque eliminou um parágrafo da sua própria Constituição, que impunha a todo aquele que quisesse ingressar na maçonaria ter a crença em Deus e na imortalidade da alma".
(…) Bacci lembrava que, muito tempo antes de o Grande Oriente de França ter tomado aquela decisão coerente, a franco-maçonaria tinha aceitado membros agnósticos e ateus sem ver nisso qualquer problema. A reacção das lojas mais conservadoras estava eivada de hipocrisia. O caso emblemático é o de Pierre Joseph Proudhon (1809-1865). No seu livro De la Justice dans la Révolution et dans l’Èglise, Proudhon narra a sua própria iniciação no grau de aprendiz da maçonaria dentro da loja "Sinceridade, perfeita união e constante amizade", da cidade de Besançon, a 8 de Janeiro de 1847:
"Como qualquer neófito, antes de receber a Luz, era um dever responder às três perguntas do costume: O que deve o homem aos seus semelhantes? O que deve ao seu país? O que deve a Deus?
Às duas primeiras perguntas, a minha resposta foi, mais ou menos, a que se podia esperar: 'Justiça a todos os homens', 'Dedicação ao meu país'. À terceira pergunta, a minha resposta foi: 'a guerra'". (Mellor, dictionn. Pág. 300, Giantulli, p. 14)».
José António Ullate Fabo («O Segredo da Maçonaria Desvendado»).
Arcanjo de Cristo |
«Do ponto de vista cristão, "Demónio", "Satanás", "Diabo", etc., são termos sinónimos. "Demónio" é o mais usado no Novo Testamento (63 vezes). Seguem-se Besta (37 vezes), Satanás (36), Diabo (33), etc. O Demónio e os seus sequazes (os demónios) são seres reais, pessoais, criaturas de Deus, puramente espirituais, anjos que se revoltaram contra Deus por mera soberba, inimigos declarados de Deus, indutores dos homens ao pecado e visam o seu afastamento definitivo de Deus, ou a sua perdição eterna. Goethe acerta ao defini-lo como Der Geist, der stehe verneint: "o Espírito que se fixou na negação", ou seja, um NÃO sem possibilidade de dizer SIM. O NÃO monótono e irreversível a Deus que é Verdade e Amor, ou seja, a Mentira e o Ódio personificados. O NÃO definitivo dado a Deus, que é "aquele que é" (Ex. 3, 13-14), "desfaz" quem o pronuncia sem retorno. Poder-se-á dizer que é tão inadequado afirmar que o Demónio – e cada um dos seus sequazes – é pessoa como negá-lo».
Manuel Guerra («A Trama Maçónica»).
NATURALISMO
13. Em todos os assuntos que se prendem com a religião, vejamos como a seita dos Maçons actua, especialmente onde tem mais liberdade para agir sem restrições, e então, cada um pode julgar por si se o propósito não é levar a cabo os objectivos dos naturalistas. Desde há muito, por meio dum trabalho longo e incessante, pretendem obter esse resultado – a saber, que o magistério e a autoridade da Igreja sejam irradiados do Estado; e com este mesmo propósito afirmam à pessoas e pugnam para que a Igreja e o Estado sejam definitivamente separados. Desta maneira, excluem das leis e a da administração a influência benéfica da religião Católica; e, em consequência, concebem que os Estados devem ser constituídos fazendo letra morta dos ensinamentos e preceitos da Igreja.
14. Não contentes por desprezarem a Igreja – o melhor dos guias – ofendem-na também com a sua hostilidade. Entretanto, com eles tornou-se legal atacar impunemente os próprios fundamentos da religião Católica, por palavras, por escrito e pelo ensino; e nem mesmo os direitos da Igreja são poupados, e as prerrogativas com que foi dotada por Deus, também não estão a salvo. Deixa-se à Igreja a menor liberdade possível para exercer a sua missão; e isto é feito por meio de leis que, em aparência, não são muito hostis, mas que, na realidade, foram concebidas e ajustadas para coarctar a sua liberdade de acção. Cada vez com maior frequência, Nós vemos leis excepcionais e gravosas que são impostas ao clero, com a finalidade de reduzir continuamente os seus efectivos e os seus meios de subsistência. Nós também vemos o que resta dos bens da Igreja ser onerado com imposições limitadoras, e submetido à vontade e ao livre arbítrio dos funcionários do Estado, e as ordens religiosas serem desenraizadas e dispensadas.
CONTRA A SÉ APOSTÓLICA
16. Se aqueles que são admitidos como membros, não são obrigados a abjurar por palavras a doutrina Católica, é porque esta omissão, longe de ser desfavorável aos desígnios dos Maçons, serve melhor os seus propósitos. Em primeiro lugar, por este meio, eles enganam os ingénuos e os distraídos, e podem atrair um número muito maior de pessoas para as suas fileiras. Acresce que, como todos aqueles que querem ser admitidos, não importando qual a sua religião, eles utilizam isto para propagar o grande erro dos nossos dias – que a religião deve ser olhada com indiferença, e que todas as religiões são semelhantes. Esta maneira de pensar foi concebida para demolir todas as formas de religião, e especialmente a religião Católica, a qual, sendo a única que é verdadeira, não pode, senão com grande injustiça, ser considerada como meramente igual às outras religiões.
Baphomet |
18. Quando esta suprema verdade fundamental tiver sido aniquilada ou enfraquecida, também as outras verdades, que são conhecidas através da luz natural, serão derrubadas – designadamente, que todas as coisas foram feitas pela vontade livre de Deus Criador; que o mundo é governado pela Providência divina; que as almas não morrem; que à vida dos homens sobre a terra, seguir-se-á uma vida eterna.
19. Quando se apregoam estas verdades, desligadas dos princípios naturais que tanta importância têm para o pensamento e para a conduta humana, é fácil ver em que se irá transformar a moralidade, tanto a pública como a privada. Nada dizemos daquelas virtudes mais celestiais, que não podem ser adquiridas ou exercidas senão com um dom especial e a graça de Deus, os sacramentos e a felicidade que será alcançada no céu. Nós falamos agora das obrigações que resultam da probidade natural. Que Deus é o Criador do mundo e o seu providente Senhor; que a lei eterna manda que seja conservada a ordem natural, e proíbe que esta seja perturbada; que o fim último do homem é um destino muito superior às coisas humanas e para além da sua jornada terrena: estes são os princípios e a fonte de toda a justiça e de toda a moral.
Se estes forem afastados, como os naturalistas e os Maçons pretendem, perder-se-á imediatamente a noção do que é que é justo ou injusto, ou em que princípio se funda a moral. E, na verdade, o ensino da moral, que, isoladamente, encontra acolhimento junto da seita dos Maçons, e na qual eles defendem que a mocidade deve ser educada, é aquela a que eles chamam “civil”, “independente” e “livre”, designadamente, aquela que não contém nenhum valor religioso. Mas este ensino é insuficiente, desprovido de consistência, e está à mercê do mais leve impulso das paixões, de que são prova evidente os maus frutos que já começaram a aparecer. Porque, sempre que a educação Cristã foi suprimida, e estes ensinamentos se tornaram predominantes, a bondade e a integridade moral depressa desapareceram, multiplicaram-se as monstruosidades e as opiniões vergonhosas, e a audácia dos feitos maléficos aumentou vertiginosamente. Existem queixas e lamentos sobre tudo isto; e até daqueles que não o pretendem fazer, são forçados, perante a força das evidências, a corroborar os testemunhos.
20. Acresce que a natureza humana foi manchada pelo pecado original, e em consequência, tem mais propensão para o vício do que para a virtude. Para levar uma vida virtuosa, é absolutamente necessário refrear os impulsos desregrados da alma, e forçar as paixões a obedecer à razão. Neste conflito, as coisas humanas são muitas vezes desprezadas, e têm que sujeitar-se aos maiores trabalhos e contrariedades, para que a razão possa sempre triunfar. Mas os naturalistas e os Maçons, que não têm fé nestas coisas que aprendemos através da revelação de Deus, negam que os nossos primeiros pais pecaram, e consequentemente, pensam que a liberdade de escolha não é enfraquecida nem tem inclinação para o mal (13). Em lugar disso, preferem exagerar o poder e a excelência da natureza, e pondo exclusivamente nisto o princípio e a regra da justiça, nem sequer conseguem imaginar que é preciso um esforço constante e perfeitamente estável para resistir à violência e à força das nossas paixões.
Por conseguinte, Nós vemos que há homens que são publicamente tentados pelas muitas seduções do prazer; que há jornais e panfletos que não têm moderação nem vergonha; que há peças de teatro que se destacam pelo carácter licencioso; que desenhos para obras de arte são subjugados desavergonhadamente às leis do chamado verismo; que tudo é planeado para que a vida seja doce e delicada; e que todos os louvores ao prazer possam reduzir a virtude ao mais tranquilo dos sonos. Também duma forma maliciosa, mas ao mesmo tempo coerente, aqueles que agem assim, afastam-se da esperança nos bens celestiais, e reduzem toda a felicidade ao nível das coisas materiais, e por isso mesmo, terrenas. De tudo quanto Nós dissemos, o próximo facto, espantoso não tanto por si mas pelo que representa, pode servir como confirmação. Pois, como ninguém está acostumado a obedecer a homens inteligentes e astutos de forma tão submissa como aqueles cuja alma está enfraquecida e subjugada ao império das paixões, houve na seita dos Maçons quem tenha proposto abertamente de forma astuciosa e deliberada que a populaça devia ser saciada com uma autorização ilimitada para o vício, pois, quando isto tiver sido posto em prática, submeter-se-iam mais facilmente ao seu poder e autoridade para a realização dos actos mais ousados.
20. No que se refere à vida doméstica, a doutrina dos naturalistas está quase toda contida nos preceitos seguintes: o casamento pertence à categoria dos contratos comerciais, que podem ser revogados legalmente pela vontade daqueles que os celebraram, e que os dirigentes civis do Estado têm poder sobre o vínculo matrimonial; que na educação dos jovens, nada deve ser ensinado em matéria de religião como sendo uma verdade certa e permanente; e cada um deve poder seguir, quando tiver idade, o caminho que muito bem entender. Os Maçons concordam plenamente com estas coisas, e não só concordam, como contribuem para que elas possam vir a ter força legal e institucional. Porque em muitos países, e naqueles denominados Católicos, está prescrito que os casamentos não devem ser considerados legais salvo se estiverem contratualizados no rito civil; noutros lugares, a lei permite o divórcio; e noutros, estão a ser feitos todos os esforços para torná-lo legal com a maior brevidade possível. Assim, aproximam-se os tempos em que os casamentos vão ser transformados num outro tipo de contrato – a saber, em uniões cambiáveis e incertas, feitas ao sabor dos caprichos, e que, se estes mudarem, podem ser desfeitas.
Albert Pike |
Com uma grande unanimidade, a seita dos Maçons também preconiza tomar para si a educação dos mais novos. Eles pensam que podem moldar facilmente as suas opiniões numa idade tão tenra e maleável, e vergá-los à sua vontade; e nada pode ajustar-se melhor aos seus desígnios do que serem eles a educar a juventude do Estado, como planeiam. Por conseguinte, na educação e na instrução das crianças, eles não permitem que os ministros da Igreja tenham qualquer participação na formação ou na instrução; e em muitos lugares, eles tentaram que a educação das crianças estivesse exclusivamente nas mãos de leigos, e que nada do que diz respeito às obrigações mais importantes e mais sagradas do homem para com Deus, deve constar das lições sobre moral.
CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS
23. Que estas doutrinas agradam por igual aos Maçons, e que eles pretendem constituir Estados de acordo com o exemplo deste modelo, é um facto tão conhecido que não carece de demonstração. Desde há algum tempo que eles vêm defendendo abertamente isto com toda a sua força e todos os seus recursos; e assim, preparam o caminho para um número não despiciendo de homens com a ousadia para tornar as coisas piores, no seu afã de atingir a igualdade de toda a riqueza por meio da destruição de todas as distinções de classe e de fortuna (in ob. cit., pp. 332-340).
(13) Trid, sess. vi, De Justif., c1. Texto do Concílio de Trento: "Tametsi in eis (sc. Judaeis) liberum arbtrium minime extinctum, vinibus licet attenuatum et Inclinatum".
Continua
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