quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Esgrima Lusitana no Rio de Janeiro, Brasil, de 6 a 12 de Janeiro 2025

É com muito prazer que anunciamos a realização de um Seminário excecional de Esgrima Lusitana orientado pelo mestre Nuno Russo no Rio de Janeiro, Brasil - de 06 a 12 de Janeiro 2025!

Este seminário é um evento único e é acessível a todos, com ou sem experiência prévia em Jogo do Pau Português.

Para mais informações, é favor contactar o organizador, o agente de ensino Mauro Monteiro:

tel: (0055) 21 986645071.







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quarta-feira, 12 de junho de 2024

“Da maneira de ferir despada” à esgrima portuguesa de pau

Escrito por Paulo Lopes





O Leal Conselheiro é um livro escrito pelo Rei D. Duarte I, compilado por volta de 1438, ano da sua morte. A obra é um tratado de 103 capítulos sobre ética e moral destinado a ser lido por membros da corte. Junto a este livro, D. Duarte escreveu outro com o nome de Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela, deixado incompleto com a sua morte. Considerado um dos manuais mais antigos sobre hipismo e justa equestre medieval.

No capítulo XIII, «Da maneira de ferir despada», o monarca explica de forma pormenorizada as várias maneiras de poder ferir bem um adversário com uma espada:

«Sobre os avysamentos pera bem ferir despada, a mym parece que razoadamente a cavallo se pode ferir per quatro maneiras: primeira, de talho travesso; segunda, de reves; terceira, fendente de cima pera baixo; quarta, de ponta

Ver aqui, aqui e aqui

Nestes textos é possível constatar a igualdade técnica e táctica do manejo da espada com o manejo do pau no JPP [Jogo do Pau Português], bem como a semelhança dos nomes dos ataques.

No JPP existem basicamente oito ataques de base desferidos aos lados esquerdo e direito do oponente, sendo estes:

- Dois ataques «redondos»:

Ataques paralelos ao chão, ao nível do ombro do adversário, identificado no livro como “travesso”.

Sendo o “talho” um corte da direita para a esquerda, um “talho travesso” seria um ataque redondo pela direita. O ataque “revés” também indicado no livro, seria um ataque da esquerda para a direita. O golpe “travesso” também poderia ser chamado de golpe de “travez”[1].

- Dois ataques «arrepiados»:

Ataques oblíquos de baixo para cima.

Para permitir o movimento dos braços, poucas armaduras protegiam a área da axila, podendo este ataque ser bastante fatal. Uma lâmina podia penetrar aqui e chegar até o pescoço ou o tórax. Os jogadores antigos chamavam a este golpe um “revesso” ou de “revés”[2]. O rei cita o termo “revés”, mas aqui, este termo pode ser interpretado como um golpe arrepiado, ou, como um golpe da esquerda para a direita (como explicado nos redondos).

 



Uma «Ponta» (pontoada ou estocada):

Ataque normalmente directo à cara ou ao plexo solar.

Identificado no livro como “ponta” também.

Numa armadura, por mais fechado que fosse qualquer capacete ou elmo, sempre havia uma abertura para não bloquear a visão.

 – Um ataque «de alto a baixo»:

Ataque desferido directamente à cabeça de cima para baixo.

Identificado no livro como “fendente de cima pera baixo”.

– Dois ataques «enviesados»:

Como o ataque de alto a baixo, são ataques desferidos de cima para baixo, mas de forma oblíqua. Podendo estes serem altos à cabeça, médios ou baixos às pernas. No livro, podemos ler:

«(...) com a espada bem apertada na maão faça [o] seu golpe, non todo travesso nem de cima pera baixo, mes em vyes [enviés] (...)».

Na era medieval, com o uso de armadura, o ataque seria mais fatal de forma oblíqua ao pescoço do que ao topo da cabeça, protegida com um capacete ou elmo. No caso de um ataque enviesado baixo, este seria ao joelho, que estaria protegido por uma dobra.











Tecnicamente no JPP todos estes ataques são feitos em rotação (salvo a «ponta») e de forma descontraída e fluida. Aqui quando aplicada a força, compromete a velocidade da rotação e consequentemente a da vara, sendo o ataque mais forte quando dado em “soltura”, como é referido no livro.

Quando vindo a cavalo:

«(...) e se em viindo o cavallo, da soltura do corpo, do braço juntamente, o golpe era mayor em grande avantajem.»

Estando a pé, a sua postura seria:

«(...) firmando-se sobre as pernas solte bem o corpo e o braço, com a espada bem apertada na maão faça seu golpe (...) E pera ferir de reves, da soltura do braço sollamente se deve fazer.»

In Paulo Lopes, O Jogo do Pau Português – A Arte Marcial Portuguesa, 1.ª Edição: Novembro de 2020, pp. 136-138.



[1] “D. Pedro, ouvindo-o, deu-lhe um golpe de travez que o decapitou”, in “A vida de Nun’Álvares; história do estabelecimento da dynastia de Aviz”, 1893, p. 277.

[2] Palavra de origem latina reversus, que pode significar “golpe ou cutilada dado obliquamente”, in https:// dicionario. Priberam.org/rev%C3%A9s [consultado em 28-08-2019].





quarta-feira, 22 de maio de 2024

Ser Campeão no ringue como na vida

A Biografia Leonina de Fernando Fernandes



 


No âmbito do VII Seminário de Artes Marciais, organizado pela Associação Clave de Sor, de 17 a 19 de Maio de 2024, em Tramaga - Ponte de Sor, ocorreu uma aula prática e dinâmica de bastão dirigida por Mestre Nuno Russo e coadjuvada por Miguel Bruno Duarte. Presente no evento, esteve o leonino desportista e lutador Fernando Fernandes, a cujo livro consagramos aqui, no Liceu Aristotélico, a atenção e o destaque que naturalmente merece. Bem-haja!



















quinta-feira, 2 de maio de 2024

Da fisiologia à lógica do varapau português

Escrito por Ramalho Ortigão


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«Eu vivi muito no campo e sou das pessoas mais entendidas na fisiologia dos varapaus. Em todas as aldeias se distinguem quatro marmeleiros capitais: o do administrador, o do regedor, o do boticário e o do mestre-escola. Cada um deles tem o seu tipo, a sua individualidade, o seu cunho moral.

         Diz-me o marmeleiro que usas, dir-te-ei as manhas que tens.»


In Sindicato Nacional dos Jornalistas, Boletim número 3 de 16 de Janeiro de 1871.


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