sábado, 31 de dezembro de 2016

Carmelita

Escrito por António Correia de Oliveira





A espada do Condestável (Exército Português, Museu Militar de Lisboa).



Ó meu Santo Condestável
Dum povo subido a tanto:
- Quando nos virá de Roma
Já, ao todo, Herói e Santo?

Meu São Nuno, por quem rezas?
Tão cheio de amor e esp'rança?
- "Por todos os da minh'Alma,
Do meu sangue, minha Herança".

Nossa Senhora do Carmo,
Benção de esp'ranças meninas,
Onde está teu relicário,
Teu convento? - "Entre ruínas".

Roga por nós, lembrando o Paladino,
São Galaaz do Reino Lusitano
Patrono e Doador do seu destino.

Hoje em dia, não é contra as Espanhas,
Tão amigas e irmãs,
De cá e lá as mãos tão enlaçadas,
- Mas prontas, de alma e vidas,
A serem, lado ao lado ao céu erguidas
No mesmo heróico frémito de espadas
Ou de orações cristãs.

Roga por nós! Não já contra as Espanhas,
Mas contra as gentes bárbaras e estranhas
Que sobem do Oriente
(Oh triste e negro horror luciferino!)
Q'rendo apagar em túrbido poente
A renascente, doce e branda aurora,
Sempre a sorrir-nos, - Madre redentora!
Quando embalas ao colo o Deus Menino.

Do poema "Carmelita", 1951.









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