V. Amigos e companheiros:
1 - "(...) E, porque há dias que vós sois meus companheiros e eu hei provado vosso bom desejo acerca de meus feitos, por en vos faço saber esta cousa (...) E aqueles de vós a que prouguer de comigo em ele saltarem, ter-lhe-ei a grande bem e extremado serviço; os outros a quem nom prouguer podem-se ir pera u quiserem e fazer de seus corpos o que por mais seu proveito sentirem. E, porque minha tençom é de me ir pera ele [o Mestre] e o servir em ela, por em vos disse se vos prazia de serdes em elo meus companheiros". (F.L., Cr. I, 74-75).
2 - "Amigos e irmãos, bem sabeis a tenção pera que acá saímos (...) E rogo-vos que (...) vos praza de serdes membrados de vossas honras (...)". (Cr. Cond. 29-30).
3 - "(...) e eu leixarei aqui [com irmão D. Pedro, no tempo das guerras de D. Fernando] todolos meus, que nom quero comigo levar senom cinco ou seis companheiros com nossas armas sem outras azêmelas". (Cr. Cond. 35-36).
4 - "Amigos, nenhum nom duvide de mim (...)". (F.L., Cr. I, 181).
5 - "Amigos (...) minha vontade é, com a ajuda de Deus, em companha de vós outros, de os ir buscar ante que entrem (...) E espero na mercê de Deus que nos dará deles tam bom vencimento per que sempre de vós ficará honrada fama e boa nomeada (...)". (F.L., Cr. I, 174).
6 - "Amigos, eu nom sei mais que diga, do que vos já tenho dito; pero ainda vos quero responder (...) Quanto é ao que dizeis (...) Na outra cousa em que duvidais segundo parece (...) e, pera vós verdes que é assi, se a vós praz de em esta obra sermos todos companheiros, eu vos juro e prometo que eu seja dianteiro (...) e assi podereis ver a vontade que eu neste feito tenho (...) mas, nom embargando isto, se vossa tençom é todavia qual me dissestes, aqueles que se quizerem ir pera suas casas e lugares, vam-se com Deus; cá eu com esses poucos de bons portugueses que comigo vêm (...)" (F.L., Cr. I, 176).
7 - "Ora, amigos, eu vos rogo quer os que comigo quiserdes ir a esta obra, que vos passeis da parte além deste regato de água; e os que nom quiserdes ficai desta outra parte". (F.L., I, 76).
8 - "Ó Irmãos, amigos! E pera vós é fazerdes tal obra? Leixardes tanta honra como vos Deus tem prestes, e falecerdes do que prometido tendes (...)?" (F.L., Cr. I, 177; cf. Cr. Cond. 67).
9 - "E sequer vós, Gil Fernandes, que eu pensava e penso que sois um dos bons servidores que o Mestre meu Senhor em esta terra tem, tal míngua mostrais vós em tal obra como esta?" (F.L., Cr. I, 177; cf. Cr. Cond. 67).
10 - "Nembrai-vos bem de quatro cousas, e afirmai-as em vossos corações. A primeira, que vos encomendeis a Deus e à Virgem Maria sua Madre, que nos queira ajudar contra nossos imigos, (...) e firme fé que assi há-de ser. A segunda, como vindes aqui defender-nos e vossas casas e bens (...). A terceira, como sois aqui per servir vosso senhor e alcançar grande honra que a Deus prazerá de vos dar mui cedo. A quarta, que firmeis em vossos entendimentos de sofrer todo o trabalho e aperfiar na peleja, nom uma hora, mas um dia se mester for". (cf. F.L.; cf. Cr. Cond. 92).
11 - "Amigo meu, eu vos agradeço vosso bom conselho (...)". (F.L., Cr. I, 321; cf. Cr. Cond. 92).
12 - "Senhor, vossa mercê seja tal cousa nom fazer, porque os que de mim terras tinham bem mas hão servidas, e não era bom galardom haver-lhas assi de tirar (...)". (cf. Cr. Cond. 158).
13 - "(...) E eu vos rogo de serdes em esto meus companheiros. E, se algum de vós tiver alguma dúvida de o não poder fazer, assi mo diga logo". (cf. Cr. Con. 159).
VI. Adversários:
1 - "(...) E, considerando como o Mestre D. Fernando Ançores vos há feitos alguns desserviços [ao Rei D. Fernando] em vossa terra, em esta guerra que a Vossa Mercê há com El-Rei de Castela; como eu nom som em tal estado nem de tanta gente, nem de tal maneira que lho pudesse contrariar; e vendo como João Ançores é bom cavaleiro e rijo, e é seu filho, o qual muito ama, cuidei de o requestar, como de feito fiz, par a me matar com ele, dez por dez (...)". (Cr. Cond. 24-25).
2 - "(...) sobre essa intençom que ele [o Conde Mayorgas] diz (...) e se me ele nega (...) e que porende o Reino pertence ao Mestre, meu Senhor (...), que eu lhe poerei o corpo sobrelo, e lho farei conhecer, quer um per um, ou dous por dous, ou quantos ele quiser (...)". (F.L., Cr. I, 138; cf. Cr. Cond. 52).
3 - "Rui Gonçalves, (...) que se percebem bem pera a batalha e rogo-vos, Rui Gonçalves, amigo, que tanto façais por o meu amor, que vos vades com este recado o mais depressa que puderdes (...) cá entendo que nom podereis ir tam aginha que eu com a ajuda de Deus nom seja deles mui cerca". (F.L., Cr. I, 179; cf. Cr. Cond. 69).
4 - "Cavaleiro amigo, ora vós í-vos com Deus, e dizei vós a meu amigo Pedro Sarmento e a esses capitães que som em sua companhia, que se venham ao caminho quando quiserem, e i me acharõm prestes como eles desejam". (F.L., Cr. I, 297). V. também o texto n.º 4 do parág. 3.
5 - "Amigo meu, vós sejais mui bem-vindo com tais novas como estas, que me nom podíeis ora trazer outras com que me tanto prouvesse, salvo se me trouvéreis recado que El-Rei de Castela me mandava desafiar. E vós dizei ao Mestre [de Alcântara] meu senhor e amigo que me praz muito com sua desafiaçom". (Cr. Cond. 132-33).
6 - "(...) o Mestre [de Santiago de Castela], meu senhor e meu amigo, não nos havia de deixar passar por esta terra, que nos nom pusesse a batalha. Ora há mester que nos façamos prestes para ela. E quem nos tam boas novas trouxe, razão é que haja boa alvíçara". (Cr. Cond. 133).
7 - "(...) ao virtuoso e bom tanto é guardar a verdade ao imigo como ao amigo (...)". (Cr. Cond. 97).
8 - "Senhor [D. Diniz, Infante de Portugal, quando se intitulava Rei de Portugal] (...) me encomendo em vossa graça e mercê, e vos faço saber (...) E, hoje este dia à feitura desta carta, cheguei aqui a Castelo Branco. E envio-vo-lo dizer, por serdes delo certo. E rogo-vos e peço-vos que nom hajais nojo um pouco vos deter, porque, Deus querendo, eu serei convosco daqui a três dias pouco mais ou menos". (Cr. Cond. 174).
9 - "Senhor amigo, (...) a mim foi dito que vós tendes feito vosso ajuntamento de vossa gente para me vir buscar (...) E saberdes que me prouve e praz serdes assi prestes como dizem que sodes; porque dias há que esta mesma vontade tinha eu de vos ir buscar (...) E porque, outrossim, esta terra [Évora, em Junho] é muito quente, e por vos escusar de trabalho, vos rogo quanto posso que vos sofrades, e nom cureis de vir trabalhar. Porque, prazendo a Deus, eu entendo de ser onde quer que vós fordes, tan toste e mais do que vós vir. E por vos entanto avisardes de algumas cousas se vos pera esto cumprem, vo-lo faço saber". (Cr. Cond. 174).
VII. Arte Militar:
Batalha de Aljubarrota |
1 - "Senhor, a mim me parece muita gente mal acaudelada, e que pouca gente com bom capitam bem acudelada os poderia desbaratar". (cf. Cr. Cond. 56).
2 - "(...) minha vontade é de em outro dia lançar uma cilada aos da frota (...)". (cf. Cr. Cond. 28).
3 - "(...) per causa que avenha, nunca tornedes as costas. E, pera esso, com ajuda de Deus, eu serei o primeiro que eles toparei, e vós seguide-me e fazede como eu fizer, e certos sede que os Castelãos não vos sofrerão, se em vós sentirem esforço de bem fazer, mas logo volverão as costas, que não têm esperança de outro acorro, e assim nos ajudaremos deles (...)". (Cr. Cond. 29-30).
4 - "Deus, que vos deu a cidade, vos dará o castelo". (cf. F.L., Cr. I, 80).
5 - "(...) E sobre tais cousas como estas convém de havermos nosso conselho (...) E, porque, fazendo-se este conselho presente(s) quantos aqui somos, seria cousa muito devassa e logo sabudo pelos de fora, que pouco convém a poucos guerreiros; poren me semelha boa ordenança que, quando tais cousas coms as semelhantes vierem, onde cumprir vosso conselho, que eu o fale com alguns de vós, pera com vosso acordo ordenarmos o que vos melhor parecer. E, se eu escolhesse alguns de vós outros, crendo que eles tinham avantagem pera seguir seu acordo, logo aqueles que som seus iguais se haveriam por descontentes e sempre seriam anojados tendo que, com desprezamento, os nom fizera do Conselho, nom os havendo por tam bons, e porem me parece que é bem que os de Lisboa escolham antre si quais lhe prouguer com que fale meus segredos, e isso mesmo os de Évora e de Beja e de outros lugares se os i houvesse, e desta guisa eu haverei meu conselho com eles como cumpre, e eles vos podem depois razoar o que é pera descobrir, e requerer-vos quais quer cousas que a cada uns de vós outros pertençam (...) Além desto vos encomendo que nossa ajuda e acorro seja de tal guisa feita aos nossos naturais, que andando nós pela terra pola defender, eles nom sentam de nós tal dano como recebem de seus imigos; doutra guisa a mim conviria tornar a elo fazendo-vos algum desprazer, o que eu nom queria por cousa que fosse". (F.L., I, 172).
6 - "(...) minha vontade é, com ajuda de Deus, em companha de vós outros, de os ir buscar ante que entrem, e pelejar com eles. (...)". (F.L., Cr. I, 174; cf. Cr. Cond. 65).
7 - "(...) já muitas vezes aconteceu os poucos vencerem muitos, porque todo vencimento é em Deus e nom nos homens (...)". (F.L., Cr. I, 176).
8 - "(...) Nem por levarem alguns dos gados nom é cousa que nos monte. Porque em terra somos que bem nos entregaremos prazendo a Deus". (Cr. Cond. 135).
VIII. Questões de Estado:
- V. texto n.º 1 do parág. 2.
1 - "Isto é obra de Deus, que se quer lembrar do Reino de Portugal; pois os da Cidade querem tomar o Mestre por seu Regedor e Defensor, para defender o reino, de El-Rei de Castela, que é fama que vam pera entrar nele". (F.L., Cr. I, 73; cf. Cr. Cond. 44).
2 - "Tais menagens nom som de guardar, poisque El-Rei [de Castela] quebra os tratos. Todolos fidalgos podem ser em ajuda do Mestre sem nenhum prasmo, o qual bem poderia juntar mil homens de armas e muitos homens de pé (...)". (F.L., Cr. I, 73).
3 -"(...) o Mestre, meu senhor, e nós outros Portugueses com ele (...) fazemos justa guerra por defensom de nossos corpos e haveres, e (...) El-Rei de Castela, mal e como nom deve, entrou em este reino ante do tempo que devera, britando os trautos que teúdo era de guardar, por a qual razom perdeu todo quanto dereito em ele havia e (...) porende o reino pertence ao Mestre, meu Senhor, (...) como filho d'El-Rei Dom Pedro que é (...)". (F.L., Cr. I, 138).
4 - "Peço-vos por mercê que me deis poder que possa dar os bens de quaisquer pessoas que vossa voz nom tenham; e, dados por mim primeiro que por vós, que a minha dada seja mais valiosa; e que possa dar dinheiro de graça e fazer quaisquer mercês e acrescentamentos, como cada um merecedor for". (cf. F.L., Cr. I, 168). V. texto n.º 5 do parág. 7.
5 - "Digo-vos, senhor Conde [D. Álvaro Pires de Castro] que, pois vós ficastes com meu Senhor o Mestre, e vontade boa tendes de o servir, que tais razões e aconselho como esse que vós dais, nom é bom nem comunal, nem ele vo-lo deve de crer, ante deve de ir per seu feito em diante e nenhuma cousa tornar atrás. (...) deve continuar sua defensom, e de todos aqueles que lhe som sujeitos (...)". (F.L., Cr. I, 145; cf. Cr. Cond. 56).
6 - "Ora, Senhor, vós não tendes aqui outrem que seja contra vosso serviço, nem que torve de vós serdes rei, salvo este roncador de Martim Vasques; e, se vós quiserdes, eu vos despacharei de seu estorvo". (F.L., Cr. I, 411). V. texto n.º 10 do parág. 3. V. texto n.º 12 do parág. 5* (in ob. cit., pp. 66-71).
* Utilizei para Fernão Lopes, a edição da Liv. Civilização (1983); para a Cr. do Condestável, a edição de Mendes dos Remédios. A obra do Pe. Valério Corseiro é: A Vida de Beato Nuno Alvarez Pereira (1919).
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