sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O romance (ii)

Escrito por Álvaro Ribeiro





Sacada da casa dos Capuleto



Não pode o romancista cingir-se às breves frases da narrativa erótica, que está ao alcance dos naturalistas; não lhe cumpre chamar a atenção para o instinto animal, que o composto humano contém, porque mais alta é a finalidade da arte; o verdadeiro romance tem de simbolizar o regresso ao paraíso perdido, por consequência da redenção. Depois de demonstrar que o matrimónio é um sacramento, cumprir-lhe-á demonstrar que é também um mandamento. Há gestos simbólicos, e mal vai ao romancista que não saiba apreciar o simbolismo das mãos.

A fisiognomia das mãos atingiu um desenvolvimento tal em alguns estudiosos que vai ao ponto de legitimar conjecturas divinatórias, como na quiromancia, mas é susceptível de verificação experimental em alguns aspectos de grafologia. Mau observador será, porém, aquele que não souber ver nas mãos alheias os sinais evidentes do trabalho ou da ociosidade, do asseio ou do desleixo, da generosidade ou da avareza. A alma humana imprime no corpo das mãos o que nem sempre exprime pela palavra sincera, clara e eloquente.

Relacionada com a fisiognomia das mãos, dá-nos as ciência de Crépieux-Jamin seguros elementos para estudo do carácter humano. A palavra escrita apresenta com maior ou menor descontinuidade as vicissitudes da palavra falada e pensada. A caligrafia feminina, com seus desenhos rítmicos que lembram a arte da rendilheira e da bordadora, contrasta à primeira vista com a caligrafia masculina, cuja regularidade significa o trabalho sóbrio e certo de quem reflecte antes de agir.

A oposição mais clara da grafologia não é a que está referida aos sexos, porque a alteração das idades e de situações sociais determina muito maiores diferenças nos outros grupos humanos. A assinatura ilegível do «senhor muito importante», que desdenhosamente subscreve um texto dactilografado por outrem, representa o termo oposto à assinatura desenhada pela modéstia do jovem que ainda presta culto à caligrafia. Entre os opostos, ou contrários, um movimento existe que, devidamente conhecido, permitirá dar estrutura científica à grafologia.

O romancista que não descreve as mãos dos amantes, e que não caracteriza os respectivos manuscritos, segundo a nomenclatura usual dos livros de grafologia, falta a um dos preceitos da arte, e jamais compreenderá o simbolismo que a interferência dos anéis confere às cerimónias de noivado e casamento. É fácil defender a ignorância alegando que no caso se trata de acaso ou de convenções sociais. A estética é a leitura dos símbolos, e sem estudos de estética não será possível interpretar as ordens de mediação entre a antropologia e a cosmologia.

Nem a antropologia pura, nem a pura cosmologia, são ciências capazes de explicar isoladamente a verdade do amor. Só no domínio intermediário entre o Homem e a Natureza, no vago domínio em que a palavra intercala a Cultura, é possível ver como se imanentiza aquela transcendente realidade. A consciência do amor é-nos dada, por isso, em condições adversas à facilidade rítmica da vida erótica, para nos impor obstáculos que exigem superação.

Verona: cidade italiana de Romeu e Julieta







Ao romancista não satisfaz definir a oposição de sexo, de idade e de condição social. Há-de marcar também a oposição das índoles, dos temperamentos e dos caracteres, segundo uma terminologia científica, discernir na oposição os rasgos compatíveis e incompatíveis, enunciar as leis do mútuo comportamento dos amantes perante um obstáculo exterior. Se o romance não concretizar até à visualidade as diferentes feições antropológicas, se descrever apenas linhas esquemáticas, realizará apenas uma abstracção, nunca atingirá o plano da obra de arte.

Compete ao historiador da literatura, e ao crítico da literatura, examinar se o romancista conhece ou não os nexos reais da biotipologia, com a fisiognomia e com a caracterologia, e verificar se ele aplica as leis da contrariedade, da polaridade e da oposição dos temperamentos. Estas leis alteram o comportamento normal dos tipos sociais, e concorrem para ocasionar o imprevisto da narrativa. Os escritores que não cultivam a precisão fisiognómica poderão conduzir arbitrariamente a acção das personagens, mas por isso mesmo vão perdendo as maiores probabilidades de êxito artístico; os escritores que ignoram a caracterologia incorrem no erro maior de conduzir as personagens para situações absurdas, falsas ou contraditórias.

O tema central do romance, o motivo de interesse para o leitor, a causa profunda do romancista é, sem dúvida, a contradição, o impedimento à vida amativa, o obstáculo alegorizado, simbolizado ou personificado em qualquer grau de especulação artística. Ao imaginar o terceiro elemento da intriga, para o alegorizar, simbolizar ou personificar, já o romancista revela a sua preparação filosófica, mas só declarará o sistema a que subordina o seu pensamento, quando disser qual foi o elemento vencedor da intriga. O romancista, por quanto supera o poeta lírico, há-de aceitar um mito, que o leitor atento reconhecerá dentro da mais subtil dissimulação, e ao optar entre os mitos trágicos e os mitos épicos, demonstrará o pensamento que presidiu à formação do drama, visto que o drama é um caminhar para a tragédia erótica ou para a epopeia amorosa.

Há sempre três personagens numa história de amor, e desta verdade inegável deveria estar consciente cada homem que se enamorasse pela beleza de uma mulher. O pretendente sabe, ou deve saber, que toda a mulher está virtualmente apaixonada por outro homem, por aquele que ela admira, se não estiver realmente encantada pelo seu namorado, noivo ou marido, conforme os costumes sociais. Enquanto não identificar, e não caracterizar, a pessoa pela qual a mulher está realmente ou virtualmente apaixonada, o pretendente encontrará imprevistas dificuldades no seu procedimento de sedução.

A italiana Monica Bellucci


A mulher está virtualmente em paixão, porque lhe é vedado exprimir os seus sentimentos e manifestar as suas emoções, ou porque receia as represálias de uma sociedade que considera ridículo o amor, de uma sociedade que tende a transigir com a disciplina erótica de novas doutrinas sexuais. Obrigada a transferir a sua actividade, que se destina geralmente a pessoas, e especialmente a crianças, para as coisas de valor social, a mulher altera a sua personalidade por masculinização, até chegar à idade em que naturalmente se desinteressa de todos os atributos da feminilidade. Mau psicólogo será aquele que não souber ouvir, no discurso aparentemente neutro da mulher, um fio de voz que pede liberdade para a vida sentimental, e lealdade do homem que mereça o sacrifício dessa liberdade em dedicação.

Esta regra, seguida pelos romancistas, de considerar a mulher virtualmente apaixonada por um homem, é como todas as regras susceptível de sofrer excepções. A excepção cai sempre abaixo da regra, porque a excepção superior, se existisse, abriria caminho para uma regra melhor. Esta regra literária costuma ser, aliás, confirmada pela tese social acerca da tendência monogâmica da mulher, naturalmente mais fiel do que o homem, e pelo seu reconhecimento no direito civil.

Quando a paixão da mulher é meramente virtual, e se exprime em termos de admiração por um homem superior, ou por um homem que ela considera superior, não faltam ao pretendente processos ou recursos de dissolver tão vaga ou imprecisa ilusão de amor. Já assim não acontece quando a mulher está verdadeiramente apaixonada pelo noivo, namorado ou marido. Mais vale ao pretendente desistir de uma acção que, além de oferecer muitas dificuldades, será sempre frustrada por sérios motivos de ordem jurídica, moral ou religiosa.

A monogamia é perfeitamente respeitável, mas requer uma legitimação diferente daquele vulgar paralogismo segundo o qual todos os homens e todas as mulheres gozam do direito civil de contrair casamento. Mostrando a motivação antropológica das diversas relações ilegítimas, a literatura demonstra que a fiscalização, a proibição e a repressão nunca realizam o propósito dos moralistas e dos juristas, porque apenas deslocam o sujeito do sofrimento humano e muitas vezes agravam um mal que pretendiam aliviar. O erro dos juristas resulta de esquecerem que as relações das pessoas com as pessoas não podem ser reguladas por analogia com as relações das pessoas com as coisas, e que um direito civil, como o casamento, nem a todos é dado com a mesma facilidade com que é concebida uma certidão a quem a requer na respectiva repartição pública.

Não conseguem sair do celibato muitas mulheres, e muitos homens, que se consideram aptos para a vida conjugal e que de boa vontade se associariam por casamento. O casamento é, porém, legalmente definido por contrato, por contrato bilateral, cuja celebração exige, além das cláusulas necessárias, as oportunidades contingentes, as quais escapam ao domínio considerável por sociólogos, moralistas e juristas. Enquanto o casamento não estiver efectivamente ao alcance de todas pessoas que o desejem realizar, será injusta – se bem que legal numa sociedade que só dá protecção às famílias já constituídas, e na razão directa do número de filhos – a severidade que possa recair sobre os celibatários sem vocação.

A australiana Nicole Kidman


Grande parte da temática romanesca está efectivamente dedicada aos diversos impedimentos que demoram ou obstam a realização do casamento, mas pressupondo sempre que os pretendentes possuem contudo a respectiva capacidade legal. Salvam-se, assim, as contradições sociais perante o carácter abstracto das relações jurídicas. Todo o engenho do romancista está em alterar – e para isso deve conhecer as leis da alteração – o obstáculo que serve de impedimento ou de contrariedade, e alterá-lo durante o tempo indispensável para que as condições sociais (de família, profissão, classe, partido político ou seita religiosa) sejam vencidas pelas leis naturais.

Na descrição fenomenológica dos impedimentos à união dos amantes, intercala o romancista por vezes o elemento doutrinal que explica e justifica a oposição das gerações. Entre pai, filho e neto vai o tempo adulterando a tradição, que é o vínculo espiritual, mais depressa do que o vínculo de sangue, o tipo hereditário, a semelhança de família. Três gerações se comportam diferentemente perante os novos esquemas de habitação, vestuário e alimentação que vão lentamente alterando os costumes (quer dizer, a moral) três gerações se desentendem ainda que discutam de harmonia com a mesma razão social.

Deste modo se explica que todos os romances valham de documentos históricos, e que as obras-primas sejam superiores aos livros de historiografia. Os historiadores nem sempre respeitam a verdade das relações causais quando obedecem a intuitos secretos de escola, partido ou seita, enquanto os artistas descrevem e narram com maior liberdade. Vemos, infelizmente, que os romances não costumam ser registados nas bibliografias das ciências auxiliares da história.

A alimentação, o vestuário, o mobiliário e a habitação dependem hoje de grandes empresas industriais que não respeitam os valores da antropologia. A empresa de iniciativa privada prepara os seus produtos sem atenção às condições higiénicas, parecendo ignorar até o clima, visto que procede apenas dentro das normas convenientes para a concorrência comercial. Os romancistas que descrevem os feios ambientes em que o homem e a mulher são obrigados a viver proclamam o voto de que a direcção cultural das fábricas seja confiada aos artistas plásticos.

Ao descrever nos romances a desumanidade dos ambientes, nem sempre o artista se dá consciência de que estuda antropologia. A circunstância, que mais parece determinar a família do que o amor, condiciona porém a veracidade da narrativa romanesca. Logo que à alimentação, ao vestuário, ao mobiliário e à habitação seja dada a respectiva interpretação simbólica ou estética, o romancista verá e fará ver a situação existencial dos amantes.

Terminam os romances no capítulo narrativo do casamento, porque os casamentos felizes não são susceptíveis de história. Cessando o obscuro silêncio da paixão, e também a linguagem alegórica do sentimento, para reinar a eloquência directa das emoções, a mulher realiza na intimidade conjugal uma liberdade ideada, aquela liberdade de que a sociedade a privara, enquanto solteira, visto que a expressão das emoções, se em certos limites é proibida ao sexo masculino, em muito maior escala o é ao sexo feminino. Os cônjuges felizes guardam zelosamente os segredos da sua felicidade, não revelam as causas ocultas, abstêm-se pudicamente de comunicar receitas que, provavelmente, não seriam úteis a pessoas de outras índoles, de outros temperamentos e de outros caracteres.



Carl Gustav Jung




O romancista tem de conhecer as leis da felicidade conjugal, leis a que chegou por indução sobre os dados da biotipologia, da fisiognomia e da caracterologia. Considerando este tema verdadeiramente importante para a educação das novas gerações e para a felicidade dos povos, o psiquiatra C. G. Jung ensinou quais são os temperamentos compatíveis e os temperamentos incompatíveis, e quais os modos por que a compatibilidade ou a incompatibilidade se acentua ao longo do tempo. Moldando o temperamento está sempre o carácter, por motivação moral, ética e religiosa.

À medida que as mulheres vão adquirindo maiores habilitações escolares e, consequentemente, ascendendo na escala social, maior consciência adquirem da superioridade do sexo feminino sobre o sexo masculino. Não observam os homens este sinal precursor da sociedade futura que lhes deveria ser mostrado pelos romancistas. É evidente, porém, e já vai tomando um aspecto clamante e alarmante na vida social, o desencanto do amor entre cônjuges que se encontram habilitados a mutuamente julgarem os valores intelectuais e espirituais.

A inteligência da mulher, exercitada por uma cultura masculina e masculinizante, desenvolve-se em detrimento daquela intenção preservativa da beleza e da bondade. A mulher muito inteligente vai-se tornando ou feia ou má. O homem, demitido da sua função de chefe de família ou de cabeça-de-casal – pois nunca devemos esquecer que chefe significa aquele que pensa -, sofre, na vida doméstica, ou nas relações mundanas, uma humilhação terrível de que há-de compensar-se humilhando os seus inferiores e, mais ainda, os seus semelhantes.

A curiosidade feminina, que leva à quebra dos segredos defensores da felicidade amorosa, e a mulheril discursividade que infringe o sigilo conjugal, denunciando primeiro com malícia o que virá depois a revelar impudicamente, são temas que proporcionam a transição do romance para a novela. Mal vai quando um cônjuge apresenta queixa do outro, e pior ainda quando a queixa é apresentada fora do círculo da família. Quem quebra o segredo conjugal não tarda a submetê-lo a juízo da opinião pública e, consequentemente, a requerer sentença do tribunal.

Deveríamos chamar divórcio a esta separação que de facto os cônjuges realizam quando procuram alívio dos seus desenganos em confidências com terceira pessoa. O problema moral está em saber se os nossos costumes consentem ou não que o divórcio de facto possa ser seguido de divórcio de direito. Transferido o problema da ordem moral para a ordem ética, equivale ele a interrogar-nos sobre se, adulterado, minorado ou desaparecido o amor, pode existir sincera e verdadeira vida conjugal.

Eis-nos perante uma questão de muito interesse para os teólogos, que justamente se indignam quando o Estado se arroga o direito de separar o que foi unido pela Igreja. A impossibilidade de verificar e, portanto, de proclamar a dissolução do matrimónio em vida de ambos os cônjuges limita de certo modo o poder sacerdotal de administrar sacramentos, e parece até de pouca simetria doutrinária com a faculdade de absolver os pecados veniais e mortais. Não parece absurdo conjecturar que em futuro mais ou menos próximo seja conferida ao sacerdote a faculdade de anular o matrimónio, sempre que a vida conjugal, perdidas as virtudes teologais que lhe asseguram a sobrenaturalidade, não seja mais do que uma situação de incessante e clamante pecado contra o Espírito Santo.

Absolvição significa libertação ou, melhor, é de esperar que o direito canónico venha a admitir que um novo amor sacramentado redima o ex-cônjuge dos erros e pecados que cometeu. Só em nome de uma doutrina materialista, que considere mais a morte do corpo do que a morte da alma, será possível negar ao divorciado o direito, que é concedido ao viúvo, de contrair um novo matrimónio.

Curioso é observar que muitos escritores que lamentam o divórcio, condenem o adultério, combatem a bigamia, desenvolvem mais engenho em defender as suas opiniões morais do que em estudar as causas desses três factos consideráveis, observáveis e verificáveis, que no conjunto formam um flagelo social. A transigência para com aquelas leis que, alegando motivos de ordem pública e até de força maior, afastam os cônjuges da residência no mesmo lar, é um exemplo da incoerência e da inconsequência de muitos doutrinadores. Análoga irreflexão conduz à doutrina simplista de admitir, como único motivo justo de divórcio, o facto consumado pelo adultério.






A incompreensão do que é verdadeiramente o divórcio leva muitos romancistas a cultivar como tema literário o adultério da mulher. O triângulo da intriga começa a desenhar-se aos olhos do leitor logo nos primeiros capítulos do livro. A rigidez do esquema triangular, susceptível de poucas variantes, e a falta de imaginação do escritor realista concorrem para que não haja surpresa no inevitável aparecimento do sedutor.

A mulher que não goza da felicidade conjugal também não pode deixar de dar sinais visíveis e audíveis da sua infelicidade. Rara é a mulher que, no seu comportamento rigorosamente honesto, não deixe escapar uma frase denunciante de juízo depreciativo acerca do marido, frase que profere em termos de indulgência tão pouco oportunos que logo provoca o ridículo. Tal juízo, que não passa desatendido dos ouvidos atentos, é suficiente para revelar os gostos e os desgostos da mulher.

Qualquer homem que surpreenda a mulher em conversa depreciativa do valor do marido reflectirá inteligentemente sobre os termos da confissão espontânea e aplicará o seu engenho na simulação de sentimentos convenientes. Dotado de imaginação para variar os modos de requestar a mulher desiludida, e munido de paciência para esperar a hora oportuna, cultivará um afecto que outro homem desprezou, ou que poderes mais altos o obrigaram a abandonar. O sentimento real e o sentimento imaginário, combinados nas suas melhores proposições, simulam e por vezes imitam o verdadeiro amor.

Sabido é que a origem da inclinação sentimental para o adultério está nas confidências femininas. A inconfidência da mulher casada incita uma falsa amiga a preparar o encontro fatal com o sedutor. A intermediária, que desaparece depois de desenhada a intriga, tem a prudência de evitar gradualmente as maiores e as menores responsabilidades.

O romancista que adoptar o tema do adultério há-de situar a intriga no quadro caracterológico. Sem oposição de temperamentos, sem a mediação de outro temperamento habilmente descrito, a narrativa será fruste, por inverosímil, e parecerá reprodução insignificante de um modelo esgotado. A oposição caracterológica tem por fim condicionar, se não explicar o drama, que é o movimento do novo romance.

A tendência monogâmica da mulher não lhe permite atingir felicidade plena durante as horas de ilusório amor, porque a emoção limitada, contraída, ou inibida se transforma em indescritível tristeza que precede o remorso e o arrependimento. A má consciência, ou a consciência da ruptura do vínculo conjugal, e portanto de um movimento contrário ao da maternidade, impele a mulher para solução de tragédia. No fim deste tipo de romance, uma das figuras esquematizadas no triângulo é substituído pela imagem fria da morte.

Temos assim a prova de que o romance, sempre que esteja certo ao descrever o modo por que as personagens tomam consciência do amor, promove a imaginação do leitor até às fronteiras do preternatural e do sobrenatural. O vínculo conjugal é dotado de um poder simbólico que, reconhecido no direito, transita para a arte, e que da arte transita para a religião. Compreende-se, portanto, a importância que um estudo sobre a teoria do amor nos romancistas pode assumir para a caracterização da filosofia de cada povo (in ob. cit., pp. 240-48).







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