Escrito por Oliveira Salazar
(...) A descoberta abnegada e teimosa é sem dúvida um título; o sangue
dos soldados, nas lutas de ocupação, selo material da posse; mas o que está
feito é mais – é a fusão da raça e da terra, o alargamento, até aos confins do
sertão, das estreitas fronteiras da Península, a mesma Pátria reproduzida, alma
e sangue, ao modo de mãe em seus filhos.
A charrua penetra o solo mais que o ferro da espada; o suor fertiliza a terra mais que o sangue das veias; o espírito afeiçoa e transforma os homens e a natureza mais profundamente que a força material dos dominadores. As fundas pegadas e traços que ficaram de nós na terra e nas almas, por muita parte onde não é nosso o domínio político, e têm maravilhado os observadores desde as costas de Marrocos à Etiópia e do Mar Vermelho aos Estreitos e ao Mar da China, vêm exactamente de que a nossa obra não é a do caminheiro que olha e passa, do explorador que busca à pressa as riquezas fáceis e levando em seu coração a imagem da Pátria, se ocupa amorosamente em gravá-la fundo onde adrega de levar a vida, ao mesmo tempo que lhe desabrocha espontâneo da alma o sentido da missão civilizadora. Não é a terra que se explora: é Portugal que revive...
(Oliveira Salazar, «A Europa em guerra. Repercussão nos problemas nacionais» (9 de Outubro de 1939), in Discursos e Notas Políticas, III, 1938-1943, Coimbra Editora, 1944, pp. 178-79).
Nenhum comentário:
Postar um comentário