Orlando Vitorino e António Quadros |
Orlando Vitorino é um dos nossos melhores e mais conscientes intelectuais. Ponhamos de parte a sua bibliografia – que é vasta – não sem referir que escreveu cinco ensaios de filosofia e duas peças de teatro. E não só, para parafrasear os dizeres contumazes de certo tipo de jornalistas que por aí andam. Autor de “Refutação da Filosofia Triunfante”, Orlando Vitorino recebeu os louvores críticos de personalidades como Henrique Ruas e Natércia Freire, Pinharanda Gomes e Urbano Tavares Rodrigues, etc., e sobre ele escreveu, na Revista Brasileira de Filosofia, ligada à Universidade de S. Paulo, o crítico marxista Washington Luís: “Páginas de estupenda beleza literária… escritas num momento trágico da vida do seu País, o preciso momento denominado por Dennis Drogan o fim do império”.
Orlando Vitorino é um dos mais probos intelectuais portugueses, que alia à sua validade de pensador, a coragem e o desassombro do homem forte e conscientemente patriota, face ao que tem ocorrido entre nós. E não esqueçamos, por outro lado, o criador e fundador de revistas culturais, desde “ACTO” com António Quadros, há mais de 20 anos, até, recentemente, com Afonso Botelho, a “Escola Formal”. E não esqueçamos ainda a sua acção como empresário, que fez representar algumas das obras-primas da dramaturgia contemporânea, como “Jacob e o Anjo”, de José Régio. E anotamos ainda, como factores de excepcional importância, a sua acção nos círculos internacionais, a sua colaboração nos “Archiv fur Rechts-Und Sozialphilosophie”, a sua ligação com os meios da economia liberal, que lhe permitiram trazer a Lisboa Frederico Hayek, e a sua participação em Congressos de Filosofia.
As 10 perguntas que fizemos:
1. Como encara o panorama actual da literatura portuguesa, quer no seu aspecto nacional, quer na sua repercussão internacional?
2. A que atribui a quebra de qualidade da literatura portuguesa, quer quanto aos temas, quer ao próprio espírito e afirmação da nossa língua?
3. Não sente profundamente a necessidade de uma como que purificação da língua portuguesa e de renovação da temática literária?
4. Todos sabemos que, após uma Revolução, onde quer que ela se dê, a Literatura sofre a sua influência, de um modo geral para melhor. Os exemplos estão à vista nas literaturas estrangeiras, quer no período do Renascimento, quer após a Revolução Francesa. Acha que em Portugal, com o 25 de Abril, a cultura portuguesa recebeu qualquer benefício ou, pelo contrário, se desvalorizou a si própria?
5. Deixemos isso, agora, e diga-me: o que é para si a criação literária? Acha que ela deve subordinar-se a uma ortodoxia ou, pelo contrário, deve permanecer alheia a interesses partidários?
6. Deve o escritor interferir directa e pessoalmente na política do seu tempo, como criador ou pelo contrário, deve, de certo modo, manter-se acima dos interesses pessoais e partidários e momentâneos? Pode o escritor libertar-se desses momentos e criar livremente ou não se sentirá coarctado por influências que pretendem dominá-lo?
7. Por outro lado, quando a Pátria está em perigo, a acção do escritor, individualmente ou em grupo, poderá constituir um meio de luta, servindo-se da sua pena, com prejuízo da eternidade da Cultura, da História e da Civilização? Poderá mesmo o escritor abstrair-se do que ocorre à sua volta? Ou deve continuar a criar, dentro daquele sentido recentemente expresso por Miguel Torga, deixando a política para os políticos? Ou deverá ainda admitir-se casos como os de Zola, no caso Dreyfus?
8. Entre “os partidários da ordem” e os “defensores da Liberdade”, ideias expressas por Graham Greene e Charles Moeller, não deverá o escritor agir com aquela “deslealdade” defendida por Green num dos seus ensaios?
9. Em conclusão: qual deve ser a posição do escritor na época actual, não apenas em Portugal como no Mundo?
10. Face a uma Pátria em perigo, o escritor, que também é cidadão, em que sentido deve orientar a sua missão de intelectual, responsável dentro de uma sociedade?
UMA CORAJOSA E CLARA POSIÇÃO INTELECTUAL
Às duas primeiras perguntas, Orlando Vitorino deu-nos uma resposta que, pela sua profundidade, desassombro e coragem intelectuais, aqui deixamos, face a uma panorâmica intelectual portuguesa a que nos abalançamos a esclarecer, para que a verdade assuma aquela verticalidade e aquela dignidade dos grandes responsáveis da Cultura:
- Não houve, depois do 25 de Abril ou da proclamação constitucional do socialismo, qualquer quebra de qualidade na literatura portuguesa. A literatura portuguesa tem, neste século, o seu período culminante reunindo nele três dos seus maiores poetas – Pascoaes, Fernando Pessoa e José Régio – e os seus dois maiores pensadores, Leonardo Coimbra e José Marinho (para não falarmos agora de Álvaro Ribeiro). Pascoaes pode, sem grandes possibilidades de séria contestação, figurar entre os génios artísticos da humanidade, sendo, na linhagem de Homero, Virgílio, Dante e Shakespeare, o poeta da idade que vivemos agora. Por Leonardo e Marinho terá de passar todo o pensamento filosófico que não queira aceitar, como não pode aceitar, a demissão da filosofia anunciada pelos alemães posteriores a Hegel, mais expressamente por Heidegger no seu “testamento filosófico”.
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- Todavia, existem…
- Espere, por favor: aquilo a que V. se refere – ao afirmar uma “quebra de qualidade da literatura portuguesa” é a uma espécie de literatura, a uma infraliteratura que, durante os últimos quarenta anos, foi motivada, alimentada e celebrizada pela oposição ao salazarismo, e constituiu para os políticos da esquerda, um instrumento precioso das tácticas e estratégias com que fazem, ou a que reduzem, a política.
- Quer dizer, portanto…
- Que com a derrota do salazarismo, essa infra-estrutura perdeu a razão de existência e deixou efectivamente de existir, tanto pela impossibilidade de continuar a produzir os livros que até então produzia, pois lhe falta o regime, o establishment, aonde ia buscar seus motivos e temas, como pela modificação do mínimo ou nenhum valor e significado dos livros que, durante os seus findos 40 anos de existência, produziu.
- Gostava que alongasse as suas considerações a esse respeito…
- Sem dúvida alguma. Por um fenómeno facilmente explicável, embora à primeira vista paradoxal, essa espécie de literatura satisfazia igualmente a mentalidade do establishment salazarista e a mentalidade da sua oposição política, correspondia à imagem que ambas tinham da literatura como servil instrumento da política, beneficiava do igual interesse de ambas em fazer ignorar a “literatura portuguesa”, desde Camões aos nossos dias, desde Leonardo a Pascoaes, desde Marinho a Pessoa, desde Álvaro Ribeiro a José Régio.
- Isso leva-nos a uma análise aparentemente “cruel”…
- Por isso as suas “obras” – ensaios superficiais, como hoje claramente se vê que são os de A. Sérgio, poemas de gazetilha, como os de J. Gomes Ferreira, e novelas de magazine como as de A. Redol e Pereira Gomes – se viam editadas, lançadas e premiadas pelos poderes, instituições e empresas do regime, coligidas nas selectas escolares oficiais, adaptadas ao cinema e ao teatro, subsidiadas pelo Estado, instaladas com seus autores ou seus panegiristas nos liceus e universidades. Organizou-se deste modo – prossegue o nosso entrevistado – um tão eficaz ludíbrio da opinião que esta ficava impedida de observar como essa “literatura” que se dava por perseguida, vitimada e censurada pelo regime político era também a única literatura reconhecida e protegida por esse regime. Naturalmente, menos se observava ainda que a literatura portuguesa, essa que era todos os dias silenciada, tinha de recorrer aos editores marginais ou fora das grandes redes de distribuição, escondida pelos livreiros, segregada do ensino e, até, a única verdadeiramente proibida pela censura.
- Não haverá exagero na sua dissecação?
- Oiça, meu caro, quando extinta a famigerada instituição, uma sociedade subitamente convertida ao comunismo triunfante organizou uma exposição de livros que a Censura havia proibido, logo teve de encerrar e tornar acessível o seu catálogo, por se verificar que os autores mais “censurados” não eram os da “esquerda”, mas sim os escritores como Domingos Monteiro e José Régio. A iniciativa desta exposição mostra bem como a infraliteratura tentou prolongar o ludíbrio que lhe mantivera a existência até para além de todos os limites de verosimilhança.
- Há muitos exemplos de tudo isso. E tem havido pouca coragem em os mostrar…
- Exacto. Este exemplo é, porém, demasiado ingénuo e tolo. Outros há. Um deles é-nos oferecido por Eduardo Lourenço que, em livro recente, ainda veio denunciar pensadores como Álvaro Ribeiro, José Marinho, Afonso Botelho, António Quadros, António Telmo, eu próprio, de terem formado uma corrente de pensamento de apoio ao salazarismo, quando ele, Eduardo Lourenço e seus parceiros de opinião, eram quem desempenhava cargos, como os de professor universitário, que não podiam deixar de ser da confiança do Governo, então o salazarista.
- Bem… e depois?
- Desaparecido o salazarismo, desapareceu essa infraliteratura que dele se alimentava. Os ambientes que a tomavam a sério, forjados pela imprensa dirigida e pelo ensino marxizado da universidade, ficaram efectivamente sem literatura, pois só aquela lhes era acessível, e substituíram-na pela televisão e algum cinema, nada tendo perdido com a troca. Mas os políticos que nele tinham a sua “literatura própria”, esses é que, ao passarem da oposição para o poder, ficaram sem o que seria a “literatura oficial”.
- Sendo embora exacto, Orlando Vitorino, clarifique os seus pontos de vista…
- Bem. Sabendo eles que os valores, princípios, pensamentos e sentimentos da “literatura portuguesa” ou de toda a verdadeira literatura (ao contrário do que o bem-pensantismo ainda julga, os escritores não são da esquerda), sabendo que esses valores têm, como a expressão da verdade para o predomínio do erro, efeitos nefastos e destruidores para o socialismo, vêem-se obrigados, como os salazaristas, a fazê-la ignorar. Ficam assim, sem nenhuma literatura.
O PROBLEMA DO LAVAR DAS MÃOS
- Para lavarem daí as mãos – prossegue Orlando Vitorino -, declaram toda a literatura em crise, fazem constar coisas como essa de haver “uma quebra de qualidade na literatura portuguesa actual”. Você, meu caro, fez-se eco dessa balela, deixou-se levar.
- Não acredite nisso. Fiz a pergunta consciente dela e pensando de certo modo como você, bastará ler alguns de meus trabalhos, em jornal e até em livro. Mas adiante. O meu caso não interessa e o entrevistado é você e não eu.
- Seja. Repare bem que não é só a “literatura actual” que eles pretendem englobar na balela. É toda a literatura portuguesa, desde a clássica até à contemporânea. Observe o que tem sido a acção das autoridades socialistas desde que assumiram o poder: fizeram a campanha contra Camões, dizendo-o poeta militarista, colonialista e racista, cantor de uma história com “cinco séculos de fascismo”; comemoraram o centenário de Herculano, mas tendo o cuidado de deixarem sepultados seus inéditos e por reeditar a sua obra fundamental (os salazaristas tinham feito o mesmo com Guerra Junqueiro); congelaram, nas mãos dos professores universitários, a obra de Pascoaes e a de Camilo: prolongaram a campanha, que já vinha do regime anterior, contra José Régio, campanha que há quem diga ter sido a responsável da sua morte, para, depois, numa sinistra macacada comicieira, lhe chamarem “o nosso camarada socialista”; fizeram comprar pelo Estado o espólio de Fernando Pessoa para o entregarem, com os seus 26 000 inéditos, às mãos servis dos professores universitários que dele vão extraindo, sem qualquer garantia da verídica autoria (já chegaram a publicar como sendo um inédito de Pessoa, uma versalhada do antiquário Kamnetzky à Greta Garbo), aqueles textos, ou excertos de textos que julgam poder servir para a deturpação do pensamento do grande poeta; cercam de sinistro silêncio e obstáculos editoriais as obras de Leonardo Coimbra e José Marinho, de seus epígonos e seus companheiros, como Álvaro Ribeiro e Santana Dionísio; enchem as selectas escolares de textos que esterilizam para sempre a capacidade de compreensão intelectual e estética de sucessivas gerações de estudantes; fazem do ensino da língua portuguesa o ensino de uma técnica de comunicação no qual o homem se não distingue do animal.
OS FACTOS PONTUAIS
Tudo isto – acentua Orlando Vitorino, com o seu habitual desassombro – são factos. “Factos pontuais”, dirá Você, utilizando a linguagem corrente.
- Talvez…
Pois é. Exactamente, respondo eu, mas é unindo os pontos que se aprende na escola a desenhar as figuras. Dir-me-á Você que as autoridades não podem ser responsabilizadas, por tudo o que lhe descrevi…
- Também não o direi… Aí engana-se Você, Orlando Vitorino…
- Melhor. Mas eu lembrar-lhe-ei que vivemos em regime socialista, que todo o regime socialista é estatizante, que os nossos chefes socialistas se orgulham de terem estabelecido em Portugal o mais amplo grau de estatização de todos os países ocidentais e que, nestas condições, tudo o que lhe descrevi está dependente do Estado socializado.
- Bem, meu caro: uma pergunta lhe faço agora: Como é que, perante tal situação, pode sobreviver a literatura portuguesa que, sem quebras, continua a existir.
- Responder-lhe-ei: como sempre sobreviveu: em “GUETOS”.
RENOVAÇÃO DA TEMÁTICA LITERÁRIA E O PROBLEMA DA LÍNGUA
Quanto à sua terceira pergunta, responder-lhe-ei. Quanto à renovação da temática literária, do que anteriormente disse se deduz que isso seria um problema só daquela infraliteratura desaparecida com o salazarismo.
Quanto à “purificação da língua”, o caso é outro. A língua portuguesa – que foi a primeira das línguas românicas a adquirir virtualidades de expressão descritiva, com Fernão Lopes, e de expressão conceptual (o que é muito mais importante), com D. Duarte – parece ser também a primeira delas a passar, como o latim e o grego, a “língua morta”. A maneira como se fala nos meios escolares de todos os graus e nos jornalísticos, radiofónicos e políticos, a maneira como está redigida a “Constituição” são um espectáculo em que facilmente se diagnostica a doença mortal. E são um espectáculo tão generalizado, consentido e até aplaudido – sobretudo quando se referem aos “novos países de expressão portuguesa” - que é difícil esperar que a doença tenha remédio. Dela ficará – mais uma vez confirmando a antiquíssima sabedoria de que “o pássaro de Minerva levanta voo ao anoitecer” - a literatura que nos nossos dias alcança, com essa língua moribunda, as suas mais imperfeitas expressões, designadamente no domínio conceptual. Daqui resulta que os nossos escritores, sendo ainda operantes, são já escritores clássicos, no sentido em que se diz que os romanos e os gregos, com seus livros escritos numa língua há muito morta, gradualmente mais actuante do que Fernando Pessoa previu e alegorizou no poema dos “Jogadores de Xadrez”, constituem uma situação talvez única na história: escritores a escreverem numa língua que lhes é natural mas se debate, já moribunda, nas convulsões e no tumulto da morte. Nada se pode fazer contra isto. Durante mais alguns anos, durante ainda uma ou duas gerações, assistir-se-á nas escolas, na imprensa, na rádio e na política, agora também nas igrejas, que aboliram o latim, à degenerescência cada vez mais acelerada, mais grosseira e mais vil, de uma língua que alguns raros homens, os escritores que Pessoa via na figura dos jogadores de xadrez, continuarão a utilizar com uma perfeição que ela nunca antes teve.
ORLANDO VITORINO FALA DO ONTEM E DO HOJE
- Vou responder à sua quarta pergunta. Em Portugal não houve nenhuma revolução. O 25 de Abril foi apenas a previsível, prevista, inevitável transição de um regime socialista gradualmente mais actuante, mas envergonhado de si, escondendo-se e mascarando-se, a um regime socialista sem qualquer espécie de vergonha, proclamando-se e constitucionalizando-se. Nesta transição apenas se substituíram os capitalistas que tinham nas mãos o Estado pelos estatistas que têm nas mãos o capital. Muitos deles, são as mesmas pessoas e quase todos pertencentes às mesmas famílias. Os militares e os funcionários públicos puderam jurar a nova Constituição sem perjúrio de terem jurado a anterior Constituição.
- Como encara as consequências dessa transição?
- As consequências dessa transição na literatura foram o desaparecimento da infraliteratura que lhe descrevi, caso se lhe queira dar alguma mínima importância. Quanto à literatura portuguesa, essa permaneceu e permanecerá imperturbável. Não há regime socialista constitucionalizado ou salarizado, que tenha sobre ela algum poder, além do de a obrigar a viver em guetos.
Quanto às questões que me põe, nas perguntas 5 e 6, acham-se implícitas nas anteriores perguntas.
- E quanto à sétima pergunta?
O PROBLEMA DA PÁTRIA
- Também aqui a resposta já está dada.
- Mas gostava que a ampliasse.
- Seja. Deixe-me, por isso, fazer-lhe uma observação. Os “exemplos” que propõe, de Zola e Torga, são inadequados. Zola é um escritor estrangeiro e ultrapassado (tenho em conta que só de certas obras literárias se pode dizer que estão ultrapassadas). Falemos, pois, de Torga apenas. Sempre ele se considerou escritor de “esquerda” e intervencionista. Era-o, porém, mais sentimental do que intelectualmente, o que está patente nos volumes dos seus “Diários” de angústia sem ternura. No último destes volumes, o 12.º, creio, Torga descreve a decepção que lhe causou a “esquerda” triunfante com o 25 de Abril. Descreve-a com uma indignação e uma verdade superiores àquelas com que anteriormente a defendia. Depois, o regime vigente utilizou Torga com homenagens, que Mário Cesariny já ridicularizou, destinadas a encobrir o vazio aberto pelo desaparecimento da sua infraliteratura e também esconder e fazer ignorar a literatura. Diz-me Você agora que o Torga nos aconselha a deixarmos a política para os políticos. Compreende porque é que eu considero o exemplo de Torga inadequado?
- Mea culpa, Meu caro. Tem inteira razão. Dou a mão à palmatória. E eu sou contra todos os oportunismos e oportunistas, deixei-me embalar pelas palavras bonitas? Exacto. E isso é imperdoável.
- Quanto à sua oitava pergunta, eis a resposta: Deslealdade e Lealdade são duas faces da Servidão com Honra; como a dos militares. Ora falar hoje, entre nós, da virtude que é própria aos militaristas, presta-se às maiores confusões.
Quanto à nova pergunta a minha resposta é: Amar a Verdade.
E, finalmente, sobre a última palavra, digo-lhe com a mesma sinceridade: Dizer a Verdade.
A entrevista concluíra-se. Outras se seguirão, mas não concluo sem afirmar que nos confortou espiritualmente e nos causou grande orgulho como português, dialogar com Orlando Vitorino, grande escritor e também ele, português de boa cepa.
Martins Gaspar
(in suplemento «Ler e Saber», de O Dia de Amanhã, 5 de Janeiro de 1980).
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