domingo, 31 de dezembro de 2017

A revolução globalista

Escrito por Olavo de Carvalho





Para quem quer que deseje se orientar na política de hoje - ou simplesmente compreender algo da história dos séculos passados -, nada é mais urgente do que obter alguma clareza quanto ao conceito de "revolução". Tanto entre a opinião pública quanto na esfera dos estudos acadêmicos reina a maior confusão a respeito, pelo simples fa[c]to de que a idéia geral de revolução é formada quase sempre na base das analogias fortuitas e do empirismo cego, em vez de buscar os fatores estruturais profundos e permanentes que definem o movimento revolucionário como uma realidade contínua e avassaladora ao longo de pelo menos três séculos.

Só para dar um exemplo ilustre, o historiador Crane Brinton, em seu clássico The Anatomy of Revolution, busca extrair um conceito geral de revolução da comparação entre quatro fa[c]tos históricos tidos nominalmente como revolucionários: as revoluções inglesa, americana, francesa e russa. O que há de comum entre esses quatro processos é que foram momentos de grande fermentação ideológica, resultando em mudanças substantivas do regime político. Bastaria isso para classificá-los uniformemente como "revoluções"? Só no sentido popular e impressionista da palavra. Embora não podendo, nas dimensões deste escrito, justificar todas as precauções conceptuais e metodológicas que me levaram a esta conclusão, o que tenho a observar é que as diferenças estruturais entre os dois primeiros e os dois últimos fenómenos estudados por Brinton são tão profundas que, apesar das suas aparências igualmente espetaculares e sangrentas, não cabe classificá-los sob o mesmo rótulo.

Só se pode falar legitimamente de "revolução" quando uma proposta de mutação integral da sociedade vem acompanhada da exigência da concentração do poder nas mãos de um grupo dirigente como meio de realizar essa mutação. Nesse sentido, jamais houve revoluções no mundo anglo-saxónico, exceto a de Cromwell, que fracassou, e a Reforma Anglicana, um caso muito particular que não cabe comentar aqui. Na Inglaterra, tanto a revolta dos nobres contra o rei em 1215 quanto a Revolução Gloriosa de 1688 buscaram antes a limitação do poder central do que a sua concentração. O mesmo aconteceu na América em 1786. E em nenhum desses três casos o grupo revolucionário tentou mudar a estrutura da sociedade ou os costumes estabelecidos, antes forçando o governo a conformar-se às tradições populares e ao direito consuetudinário. Que pode haver de comum entre esses processos, mais restauradores e corretivos do que revolucionários, e os casos da França e da Rússia, onde um grupo de iluminados, imbuídos do projeto de uma sociedade totalmente inédita em radical oposição com a anterior, toma o poder firmemente resolvido a transformar não somente o sistema de governo, mas a moral e a cultura, os usos e costumes, a mentalidade da população e até a natureza humana em geral?

Não, não houve revoluções no mundo anglo-saxônico e bastaria esse fa[c]to para explicar a preponderância mundial da Inglaterra e dos EUA nos últimos séculos. Se, além dos fatores estuturais que as definem - o projeto de mudança radical da sociedade e a concentração do poder como meio de realizá-lo -, algo há de comum entre todas as revoluções, é que elas enfraquecem e destroem as nações onde ocorrem, deixando atrás de si nada mais que um rastro de sangue e a nostalgia psicótica das ambições impossíveis. A França, antes de 1789, era o país mais rico e a potência dominante da Europa. A Revolução inaugura o seu longo declínio, que hoje, com a invasão islâmica, alcança dimensões patéticas. A Rússia, após um arremedo de crescimento imperial artificialmente possibilitado pela ajuda americana, desmantelou-se numa terra-de-ninguém dominada por bandidos e pela corrupção irrefreável da sociedade. A China, após realizar o prodígio de matar de fome trinta milhões de pesssoas numa só década, só se salvou ao renegar os princípios revolucionários que orientavam a sua economia e entregar-se, gostosamente, às abomináveis delícias do livre mercado. De Cuba, de Angola, do Vietnã e da Coréia do Norte, nem digo nada: são teatros de Grand Guignol, onde a violência estatal crônica não basta para esconder a miséria indescritível.






Todos os equívocos em torno da idéia de "revolução" vêm do prestígio associado a essa palavra como sinónimo de renovação e progresso, mas esse prestígio lhe advém precisamente do sucesso alcançado pelas "revoluções" inglesa e americana que, no sentido estrito e técnico com que emprego essa palavra, não foram revoluções de maneira alguma. Essa mesma ilusão semântica impede o observador ingênuo - e incluo nisso boa parte da classe acadêmica especializada - de enxergar a revolução onde ela acontece sob a camuflagem de transmutações lentas e aparentemente pacíficas, como, por exemplo, a implantação do governo mundial que hoje se desenrola ante os olhos cegos das massas atónitas.

O critério distintivo suficiente para eliminar todas as hesitações e equívocos é sempre o mesmo: com ou sem transmutações súbitas e espetaculares, com ou sem violência insurrecional ou governamental, com ou sem discursos de acusação histéricos e matança geral dos adversários, uma revolução está presente sempre que esteja em ascensão ou em curso de implantação um projeto de transformação profunda da sociedade, se não da humanidade inteira, por meio da concentração de poder.

É por não compreenderem isso que muitas vezes as correntes liberais e conservadoras, opondo-se aos aspectos mais vistosos e repugnantes de algum processo revolucionário, acabam por fomentá-lo inconscientemente sob algum outro de seus aspectos, cuja periculosidade lhes escape no momento. No Brasil de hoje, a concentração exclusiva nos males do petismo, do MST e similares pode levar liberais e conservadores a cortejar certos "movimentos sociais", na ilusão de poder explorá-los eleitoralmente. O que aí escapa à visão desses falsos espertos é que tais movimentos, ao menos a longo prazo, desempenham na implantação da nova ordem mundial socialista um papel ainda mais decisivo que o da esquerda nominalmente radical.

Outra ilusão perigosa é a de crer que o advento da administraçãp planetária é uma fatalidade inevitável. A facilidade com que a pequena Honduras quebrou as pernas do gigante mundialista mostra que, ao menos por enquanto, o poder desse mostrengo se constitui apenas de um blefe publicitário monumental. É da natureza de todo o blefe extrair sua substância vital da crença fictícia que consegue inocular em suas vítimas. Com grande freqüencia vejo liberais e conservadores repetindo os slogans mais estúpidos do globalismo, como por exemplo o de que certos problemas – narcotráfico, pedofilia, etc. – não podem ser enfrentados em escala local, requerendo antes a intervenção de uma autoridade global. O contransenso dessa afirmativa é tão patente que só um estado geral de sonsice hipnótica pode explicar que ela desfrute de alguma credibilidade. Aristóteles, Descartes e Leibniz ensinavam que, quando você tem um problema grande, a melhor maneira de resolvê-lo é subdividi-lo em unidades menores. A retórica globalista nada pode contra essa regra de método. Ampliar a escala de um problema jamais pode ser um bom meio de enfrentá-la. A experiência de certas cidades americanas, que praticamente eliminaram a criminalidade de seus territórios usando apenas seus recursos locais, é a melhor prova de que, em vez de ampliar, é preciso diminuir a escala, subdividir o poder, e enfrentar os males na dimensão do contato direto e local em vez de deixar-se embriagar pela grandeza das ambições globais.

Que o globalismo é um processo revolucionário, não há como negar. E é o processo mais vasto e ambicioso de todos. Ele abrange a mutação radical não só das estruturas de poder, mas da sociedade, da educação, da moral, e até das reações mais íntimas da alma humana. É um projeto civilizacional completo e sua demanda de poder é a mais alta e voraz que já se viu. Tantos são os aspectos que o compõem, tal a multiplicidade de movimentos que ele abrange, que sua própria unidade escapa ao horizonte de visão de muitos liberais e conservadores, levando-os a tomar decisões desastradas e suicidas no momento mesmo em que se esforçam, para deter o avanço da "esquerda". A idéia do livre comércio, por exemplo, que é tão cara ao conservadorismo tradicional (e até a mim mesmo), tem sido usada como instrumento para destruir as soberanias nacionais e construir sobre as suas ruínas um onipotente Leviatã universal. Um princípio certo sempre pode ser usado da maneira errada. Se nos apegamos à letra do princípio, sem reparar nas ambigüidades estratégicas e geopolíticas envolvidas na sua aplicação, contribuímos para que a idéia criada para ser instrumento da liberdade se torne uma ferramenta para a construção da tirania (in A Filosofia e seu Inverso, VIDE Editorial, 2012, pp. 219-223).











quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

ONU: o supergoverno mundial (iii)

Escrito por Miguel Bruno Duarte








Bergoglio e o internacionalismo católico 


Enfim, muito mais haveria a dizer sobre quão extremista e perigosa se tem revelado a Organização das Nações Unidas através das suas múltiplas operações em países, continentes e teatros de guerra espalhados por todo o mundo. É, pois, pena que monsenhor Parolin, tendo discursado sobre a paz como um dom de Deus exigindo responsabilidade humana e, portanto, um compromisso cristão (132), não tenha abordado nem sequer tocado nalguns dos aspectos que mostram, de maneira flagrante e inequívoca, como a ONU, ao invés do que poderia alguma vez supor o autor de Os Inimigos do Papa Francisco, consiste num «perigoso viveiro de subversivos» (133). Em vez disso, monsenhor Parolin dissertou sobre os objectivos da Santa Sé em «modificar o paradigma sobre o qual se apoia o ordenamento internacional», o que, para o efeito, implicará entregar à diplomacia pontifícia, consoante os planos de Bergoglio, um papel de intervenção nos interesses temporais dos estados (134) para, desse modo, prevenir guerras e perigos que ameacem a paz e a segurança mundiais.

Ora, uma tal intervenção, apoiada no multilateralismo, nos “direitos humanos” e no combate ao terrorismo, exigirá, entretanto, dois preceitos, quase diríamos evangélicos, a ser prontamente atendidos e implementados na arquitectura da nova ordem internacional, a saber:

1.º preceito: as forças armadas dos diferentes Estados devem ser limitadas a uma intervenção humanitária e à responsabilidade de proteger o que a comunidade internacional determina em termos de direito ou lei comum a todos os seus membros constituintes (135);

2.º preceito: em situações de agressão, conflito e disputa de interesses que comportem uma ameaça para a paz mundial, impõe-se a intervenção obrigatória de um tribunal internacional (136).

Estes preceitos dão, pois, a entender o seguinte: doravante, as comunidades, os povos e as culturas passarão a determinar o seu destino com base em normas, directrizes e programas estabelecidos em centros de poder, agências e organismos internacionais que ditarão os comportamentos, a concepção e os estilos de vida do quotidiano das pessoas. A partir daqui, os povos não mais voltarão a decidir o que fazer de si próprios, nem a dar nenhum passo, por mínimo que seja, sem a aprovação de quem realmente rege os mecanismos de direcção colectiva na ordem do poder mundial. Negada será, então, toda a iniciativa que esses mesmos povos possam delinear para resolver os diferendos entre si, seja no plano bilateral, seja no plano das nem sempre justas quão equilibradas e necessárias relações internacionais.

Mas não só por aqui se queda o internacionalismo católico, em crescente e acelerada convergência com os maiores inimigos da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por conseguinte, há já algum tempo que outras bandeiras vêm sendo continuamente agitadas pela Santa Sé e, em especial, pelo Papa Francisco, entre as quais as relativas à “defesa dos pobres”, à resolução das “causas estruturais da pobreza” e das “desigualdades sociais”, ou ainda a relativa à agenda globalista das “alterações climáticas” atribuídas à actividade nefasta do homem sobre o meio ambiente. Comecemos, então, pela primeira dessas bandeiras justamente anunciadas, citando o Papa no contexto de uma entrevista levada a cabo por Franca Giansoldati, vaticanista de Il Messagero: «Eu digo apenas que os comunistas nos roubaram a bandeira. A bandeira dos pobres é cristã. A pobreza está no centro do Evangelho. Os pobres estão no centro do Evangelho» (137).

Ora, neste mesmo sentido, já o historiador Roberto Bosca bem vira que Bergoglio chegara a perfilhar, como, pelos vistos, ainda hoje perfilha, a obsessão da “teologia da libertação” pelos pobres, pese embora numa acepção não puramente ideológica. Aliás, ainda antes de se tornar Papa, o cardeal Bergoglio fora, como já seria de esperar, ao ponto de considerar a opção da “teologia da libertação” pelos pobres como fazendo parte de uma longa tradição cristã enraizada nos Evangelhos. Logo, assim se compreende que a sua formal oposição àquela “teologia” se tenha apenas propiciado em dois sentidos distintos embora complementares: por um lado, os proponentes de uma tal “teologia política” surgiam, no entender de Bergoglio, como incapazes de a reformularem após o colapso do marxismo, pelo que, inevitavelmente, redundara num anacronismo inútil; por outro lado, uma das razões que levara Bergoglio a não perfilhar abertamente a “teologia da libertação” estaria no facto de os Montoneros – um movimento de guerrilha urbana de esquerda na Argentina – tomarem-na para si ao mesmo tempo que procuravam obter o apoio da Igreja.












Segundo Ion Mihai Pacepa – um ex-general da polícia secreta da Roménia comunista que, em Julho de 1978, desertou para os Estados Unidos –, o nascimento da “Teologia da Libertação”, ocorrido nos anos 60 do século XX, deu-se através de um grande e secreto “Programa de desinformação” (Party-State Dezinformatsiya Program), aprovado por Aleksandr Shelepin, presidente da KGB, e pelo membro do Politburo, Aleksey Kirichenko, que organizou as políticas internacionais do Partido Comunista (138). Tudo começara, portanto, com a manipulação de um grupo de bispos sul-americanos simpatizantes de esquerda aquando da Conferência de Bispos Latino-americanos em Medellín (Colômbia), cujo objectivo visava, em termos oficiais, a “diminuição da pobreza”, embora nos bastidores outro fosse o objectivo perseguido, designadamente a “rebelião dos pobres” contra a “violência institucionalizada da pobreza”. E assim emergia um movimento de fachada teológica que em nada se relacionava, conforme sugerira o Papa Francisco (139), com uma longa e alegada tradição cristã enraizada nos Evangelhos – um movimento que, de resto, seria ainda aprovado pelo Conselho Mundial das Igrejas (CMI), também inteiramente controlado pelos serviços secretos da União Soviética.

Vejamos, agora, a questão relativa às “causas estruturais da pobreza” e das “desigualdades sociais”, que o Papa Francisco teima em atribuir aos males do “capitalismo desenfreado” ou àquilo que, de um modo generalizado, se designa por autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira. Para o efeito, atendamos desde já às seguintes palavras de Jorge Mario Bergoglio:

«A política não deve submeter-se à economia e esta não deve submeter-se aos ditames e ao paradigma, pautado pela eficiência, da tecnocracia. Hoje, pensando no bem comum, temos necessidade de um modo ineludível de que a política e a economia, em diálogo, se coloquem decididamente ao serviço da vida, especialmente da vida humana. A recuperação dos bancos a qualquer custo, fazendo pagar o preço à população, sem a firme decisão de rever e reformar todo o sistema, reafirma um domínio absoluto da finança que não tem futuro e que só poderá gerar novas crises depois de uma longa, dispendiosa e aparente cura» (140).

À primeira vista, tais afirmações poderão, porventura, parecer a muita boa gente uma acusação que vai ao fundo do problema, porém, em termos de conteúdo, não esclarece nem permite compreender absolutamente nada. Assim, quando, logo à partida se preconiza que «a política não deve submeter-se à economia e esta não deve submeter-se aos ditames e ao paradigma, pautado pela eficiência, da tecnocracia», isso é precisamente o que jamais ocorrerá no sistema económico “alternativo” preconizado por Bergoglio, que, no fundo, é o sistema que tem até aqui preponderado com base no intervencionismo do Estado-providência, que é, por inerência própria, o processo de concentração do poder económico que favorece as elites intelectuais e as políticas de esquerda, por um lado, e os “metacapitalistas” (141), por outro. Aliás, não fora por acaso que, aquando do seu encontro com Ban Ki-moon em Maio de 2014, Bergoglio tivesse, em clara sintonia com o poder globalista, interpelado as Nações Unidas no sentido de encorajar uma melhor distribuição da riqueza, ou que, uma vez consultado por Angela Merkel a 18 de Maio de 2013, tudo encaminhasse de modo a que, ainda no mesmo dia, a Chanceler alemã apelasse para a necessidade de um maior controlo dos mercados financeiros.

Como tal, é no socialismo intervencionista, garantido pela burocracia estatal e pela tecnocracia já de si inimiga da liberdade de mercado, que está, digamos assim, a “economia que mata”, e não em falsas, simplistas e abstractas opiniões referentes ao capitalismo, ao neoliberalismo ou à mítica “Teologia de mercado” (142), para usarmos uma expressão tão cara a Adriano Moreira que só não é caduca por ser inteiramente vazia. Por conseguinte, o “novo colonialismo” – assim o denomina o actual Chefe de Estado do Vaticano – não assenta, de modo nenhum, no “capitalismo selvagem” prontamente repudiado pelos intelectuais, políticos e economistas dominantes, mas, sim, na “elite globalista” a que, na qualidade de “idiota útil”, o próprio Bergoglio se tem aproximado sem jamais ter percebido que, neste particular, fala do que não sabe e não sabe do que fala. Por outras palavras, a “elite globalista” «não é apenas – como nos esclarece Olavo de Carvalho – uma vaga classe social de capitalistas e banqueiros», porque é, antes de mais, «uma entidade organizada, com existência contínua há mais de um século, que se reúne periodicamente para assegurar a unidade dos seus planos e a continuidade da sua execução, com a minúcia e a precisão com que um engenheiro controla a transmutação do seu projecto em edifício» (143).

À expressão “elite globalista” preferiu antes Olavo de Carvalho o termo “Consórcio”, já depois de considerar o nome sugerido no título do livro de Nicholas Hagger, The Syndicate, ao qual decidiu não adoptar «porque a sua equivalente brasileira denota organizações trabalhistas, que em inglês não se chamam “sindicatos” e sim unions, enquanto Syndicate se usa mais para associações comerciais e patronais, dando o sentido preciso do que Hagger pretende dizer» (144). E, nisto, mais adianta quanto a alguns aspectos acerca da origem, história, constituição e modus operandi do Consórcio:

«1. O Consórcio formou-se há mais de cem anos, por iniciativa dos Rothschild, uma família multipolar, com ramificações na Inglaterra, na França e na Alemanha desde o século XVIII pelo menos.






2. O Consórcio reúne algumas centenas de famílias bilionárias para a consecução de planos globais que assegurem a continuidade e expansão do seu poder sobre todo o orbe terrestre. Esses planos são de longuíssimo prazo, transcendendo o tempo de duração das vidas dos membros individuais da organização e mesmo o da existência histórica de muitos Estados e nações envolvidos no processo.

3. O Consórcio é uma organização dinástica, cuja continuidade de ação é assegurada pela sucessão de pais a filhos desde há muitas gerações. [...] esse tipo de continuidade é o fator que distingue entre os verdadeiros sujeitos agentes do processo histórico e as formações aparentes, veneráveis o quanto sejam, que se agitam na superfície das épocas como sombras chinesas projectadas na parede.

4. O Consórcio atua por meio de uma multiplicidade de organizações subsidiárias espalhadas pelo mundo todo, como por exemplo o Grupo Bilderberg ou o Council on Foreign Relations, mas não tem ele próprio uma identidade jurídica. Isso é uma condição essencial para a sua atuação no mundo, permitindo-lhe comandar inumeráveis processos políticos, econômicos, culturais e militares sem poder jamais ser responsabilizado diretamente pelos resultados (ou pela iniqüidade dos meios), seja ante os tribunais, seja ante o julgamento da opinião pública. Tendo agentes fidelíssimos espalhados em vários governos – e no comando de alguns deles –, é sobre esses governos que recai, no debate público, a responsabilidade pelas decisões e ações do Consórcio, fazendo com que os Estados e nações usados como seus instrumentos se tornem também, automaticamente e sem a menor dificuldade, seus bodes expiatórios. É esta a explicação de que tantas decisões políticas manifestamente contrárias aos interesses e até à sobrevivência das nações envolvidas sejam depois, paradoxalmente, atribuídas a ambições nacionalistas e imperialistas fundadas no “interesse nacional”. Os exemplos históricos são muitos, mas, para ficarmos no presente, basta notar que o presidente Obama, notório servidor do Consórcio, gastou em apenas uma semana 500 milhões de dólares num esforço de guerra destinado a entregar o governo da Líbia a facções políticas declaradamente anti-americanas, podendo ser então acusado de imposição tirânica do poder americano no instante mesmo em que debilita esse poder e o põe a serviço de seus inimigos, tornando-se alvo da fúria “anti-imperialista” destes últimos no ato mesmo de ajudá-los paternalmente a demolir a força e o prestígio dos EUA. Não fez outra coisa o presidente Lyndon Johnson quando enviou os soldados americanos à guerra ao mesmo tempo que lhes amarrava as mãos para que não pudessem vencê-la de maneira alguma, tornando-se assim, ante a mídia de esquerda, o supremo agressor imperialista, quando era na verdade o melhor amigo secreto dos vietcongues. Mesmíssima desgraça produziu o presidente Clinton quando, ao fornecer ajuda à Colômbia para que combatesse o comércio de drogas, impôs como condição para isso que “as organizações políticas” envolvidas no narcotráfico fossem deixadas incólumes: o narcotráfico não diminuiu, apenas seu controle foi transferido das quadrilhas apolíticas para as Farc, que, enriquecidas e livres de concorrentes, puderam então financiar a construção do Foro de São Paulo e a transformação da América Latina quase inteira numa fortaleza do anti-americanismo militante. Duplamente presenteada, a esquerda latino-americana pôde assim beneficiar-se de um fabuloso acréscimo do poder e ao mesmo tempo protestar, com ares de indignação, contra a “intervenção imperialista” à qual deviam o mais generoso dos favores. Os exemplos poderiam multiplicar-se ad infinitum (145). Esse é o modo de ação característico do Consórcio: usar os governos como instrumentos de planos que prejudicam as suas nações, e depois ainda acusá-los de prepotência nacionalista e imperialista.

5. O Consórcio é uma entidade caracteristicamente supra-nacional, formada de famílias de nacionalidades diversas, independente e soberana em face de qualquer interesse nacional possível e imaginável. Um breve exame da lista dessas famílias basta para demonstrá-lo com evidência sobrante. Supor que os Onassis, os Dupont, os Agnelli, os Schiff, os Warburg, os Rothschild, o príncipe Bernhard e a rainha Beatrix da Holanda, o rei Juan Carlos de Espanha, o rei Harald V da Noruega sejam todos patriotas americanos, empenhados em exaltar o poder e a glória dos EUA, é uma hipótese tão boba, tão pueril que nem merece discussão. A identificação do poder globalista com o interesse nacional americano – como outrora com o Império Britânico ou variados colonialismos – é apenas a camulflagem de praxe com que essa entidade onipresente confere a si própria as vantagens e confortos de uma relativa invisibilidade, batendo e roubando com mão alheia para não queimar os dedos nas fogueiras que vai ateando pelo mundo (e contando, para isso, com a colaboração servil da mídia internacional, que pertence a membros do próprio Consórcio)» (146).

Por outro lado, Bergoglio tem ainda afirmado, contra todas as evidências, de que as migrações que hoje assolam o Ocidente são a consequência directa do sistema político e económico imperante. Afirmação, no mínimo, obscura, uma vez que é por demais óbvio que aquelas migrações estão a ser directamente instigadas e conduzidas pelos globalistas de Bruxelas com vista a substituir os Estados-nação pelos “Estados Unidos da Europa” (147). Logo, o que estes globalistas não conseguiram alcançar por meios políticos, está agora a ser implementado em nome da ajuda humanitária a dezenas de milhões de pessoas do terceiro mundo, mediante uma política de portas abertas que já trouxe ao Continente europeu uma quantidade impressionante de ataques terroristas, violações sexuais e taxas de criminalidade nunca antes vistas (148).






A Chanceler da Alemanha, Angela Merkel, tem sido, de resto, uma das figuras que, desde 2015, mais responsabilidade tem tido na entrada indiscriminada de migrantes no espaço europeu, cujas consequências, agora à vista, não só recusa reconhecer, como ainda, prosseguindo na mesma política, já pôs o governo alemão a perseguir e a eliminar, com a colaboração de antigos agentes da Stasi – a antiga polícia secreta da República Democrática Alemã (RDA) – todo o discurso de sinal contrário no Facebook e noutras redes sociais, com o pretexto de simplesmente configurar um crime de “discurso de ódio”. Nestas circunstâncias, é, pois, proibido dizer a verdade, seja no sentido de que estamos perante uma operação previamente planeada e orquestrada para minar os já abalados firmamentos da civilização cristã, seja ainda no sentido de que a crise migratória constitui um dos pontos essenciais de uma agenda mais ampla que aquela preconizada pelos internacionalistas de Bruxelas, na medida em que o objectivo final é não somente usurpar o poder a nível local e nacional, mas também fundir, a nível global, os regimes regionais, tipo União Europeia (148), com vista à implementação da “Nova Ordem Mundial”. Por conseguinte, quem não acatar o que os “Senhores do Mundo” nos querem impor, será, numa primeira instância, acusado de racista, intolerante e xenófobo para, caso não inverta as suas posições, atitudes e pensamento próprio, ser seriamente intimidado a fazê-lo por força do ordenamento jurídico penal, depois do qual, falhados todos os expedientes tirânicos, seguir-se-á ainda, em último recurso, a eliminação pura e simples do recalcitrante.


“Louvado Sejas” 


Por fim, tratemos, então, da aparentemente controversa questão das “alterações climáticas” segundo o prisma oficial da Igreja Católica, olhando, em especial, para a segunda Carta Encíclica do Papa Francisco, denominada Louvado Sejas. De facto, aqui transparece uma argumentação repleta de sofismas que não encontram respaldo no mundo da experiência vivida, além de ilogismos que de tão absurdos se cobrem de um ridículo surpreendente e até inadequado para a autoridade de quem, infelizmente, os defende e sustenta. Assim, vejamos mais uma vez como Bergoglio, começando por criticar, numa dada passagem da sua Carta Encíclica, o paradigma tecnocrático do globalismo emergente, a ele, de alguma forma, regressa em nome daquela urgente necessidade, já presente em Bento XVI, de assentar a paz e o bem comum numa «verdadeira autoridade política mundial»:

«A visão consumista do ser humano, incentivada pelos mecanismos da economia globalizada actual, tende a homogeneizar as culturas e a debilitar a imensa variedade cultural, que é um tesouro da humanidade. Por isso, pretender resolver todas as dificuldades através de normativas informes ou por intervenções técnicas leva a negligenciar a complexidade das problemáticas locais, que requerem a participação activa dos habitantes. Os novos processos em gestação nem sempre se podem integrar nos modelos estabelecidos do exterior, mas hão-de ser provenientes da própria cultura local. Assim como a vida e o mundo são dinâmicos, assim também o cuidado do mundo deve ser flexível e dinâmico. As soluções meramente teóricas correm o risco de tomar em consideração sintomas que não correspondem às problemáticas mais profundas. É preciso assumir a perspectiva dos direitos dos povos e das culturas, dando assim provas de compreender que o desenvolvimento de um grupo social supõe um processo histórico, no âmbito de um contexto cultural, e requer constantemente o protagonismo dos actores sociais locais, a partir da sua própria cultura. Nem mesmo a noção da qualidade de vida se pode impor, mas deve ser entendida dentro do mundo de símbolos e hábitos de cada grupo humano» (150).

Ora, todo este primoroso arrazoado, sustentado no princípio da subsidiariedade, aparece, em passos consecutivos da encíclica papal, praticamente preterido em nome da imperiosa necessidade de obstar a uma proclamada «espiral de autodestruição» (151) resultante da acção humana sobre a “integridade” do meio ambiente. Ou seja: os problemas ambientais são de tal ordem graves que só mediante um movimento internacional se poderá salvar a Terra de uma catástrofe iminente, uma vez que os países se limitam a privilegiar «os seus interesses nacionais sobre o bem comum» (152). Este é, portanto, o ardil já habitualmente usado pelos demagogos do internacionalismo reinante, sobretudo quando asseveram, perante aquela outra «espiral de autodestruição» representada pelo terrorismo internacional, que a única resposta só poderá ser global e jamais local ou nacional, seja por alegada impotência dos Estados, seja porque também existem Estados que financiam e possibilitam o próprio terrorismo.

Mas vejamos algumas das passagens da Carta Encíclica onde tudo isto aparece preto no branco:

– «Desde meados do século passado, e superando muitas dificuldades, foi-se consolidando a tendência de conceber o Planeta como pátria e a humanidade como povo que habita uma casa comum. Um mundo interdependente, não significa unicamente compreender que as consequências danosas dos estilos de vida, produção e consumo afectam a todos, mas principalmente procurar que as soluções sejam propostas a partir de uma perspectiva global e não apenas para defesa dos interesses de alguns países. A interdependência obriga-nos a pensar num único mundo, um projecto comum. Mas a mesma inteligência que foi utilizada para um enorme desenvolvimento tecnológico não consegue encontrar formas eficazes de gestão internacional para resolver as graves dificuldades ambientais e sociais. Para enfrentar os problemas de fundo, que não se podem resolver com acções de países isolados, torna-se indispensável um consenso mundial que leve, por exemplo, a programar uma agricultura sustentável e diversificada, desenvolver formas de energia renováveis e pouco poluidoras, fomentar uma maior eficiência energética, promover uma gestão mais adequada dos recursos florestais e marinhos, garantir a todos o acesso à água potável» (153).












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– «O movimento ecológico mundial já percorreu um longo caminho, enriquecido pelo esforço de muitas organizações da sociedade civil. Não seria possível mencioná-las aqui, nem recordar a história das suas contribuições. Mas graças a tanta dedicação, as questões ambientais têm estado cada vez mais presentes na agenda pública e tornaram-se um convite permanente a pensar a longo prazo. Apesar disso, as cimeiras mundiais sobre o meio ambiente dos últimos anos não corresponderam às expectativas, porque não alcançaram, por falta de decisão política, acordos ambientais globais realmente significativos e eficazes» (154).

– «Urgem acordos internacionais que se cumpram, dada a escassa capacidade das instâncias locais para intervirem de maneira eficaz. As relações entre os Estados devem salvaguardar a soberania de cada um, mas também estabelecer caminhos consensuais para evitar catástrofes locais que acabariam por danificar a todos. São necessários padrões reguladores globais que imponham obrigações e impeçam acções inaceitáveis, como o facto de países poderosos descarregarem, sobre outros países, resíduos e indústrias altamente poluentes» (155).

– «Mencionemos também o sistema da governança dos oceanos. Com efeito, embora tenha havido várias convenções internacionais e regionais, a fragmentação e a falta de severos mecanimos de regulamentação, controlo e sanção acabam por minar todos os esforços. O problema crescente dos resíduos marinhos e da protecção das áreas marinhas para além das fronteiras nacionais continua a representar um desafio especial. Em definitivo, precisamos de um acordo sobre os regimes de governança para toda a gama dos chamados bens comuns globais» (156).

– «A lógica que dificulta a tomada de decisões drásticas para inverter a tendência do aquecimento global é a mesma que não permite cumprir o objectivo de erradicar a pobreza. Precisamos de uma reacção global mais responsável, que implique enfrentar, contemporaneamente, a redução da poluição e o desenvolvimento dos países e regiões pobres. O século XXI, mantendo um sistema de governança próprio de épocas passadas, assiste a uma perda dos estados nacionais, sobretudo porque a dimensão económico-financeira, de carácter transnacional, tende a prevalecer sobre a política. Neste contexto, torna-se indispensável a maturação de instituições internacionais mais fortes e eficazmente organizadas, com autoridades designadas de maneira imparcial por meio de acordos entre os governos nacionais e dotadas de poder de sancionar. Como afirmou Bento XVI, na linha desenvolvida até agora pela doutrina social da Igreja, “para o governo da economia mundial, para sanar as economias atingidas pela crise de modo a prevenir o agravamento da mesma e consequentes maiores desequilíbrios, para realizar um oportuno e integral desarmamento, a segurança alimentar e a paz, para garantir a salvaguarda do ambiente e para regulamentar os fluxos migratórios urge a presença de uma verdadeira autoridade política mundial, delineada já pelo meu predecessor, o Papa [São] João XXXIII”» (157).


Um esquema de pilhagem internacional: o Acordo de Paris 


Ora bem: para quem nos tenha acompanhado até aqui, não pode haver dúvidas de qual seja, no mundo actual, essa «verdadeira autoridade política mundial»: isso mesmo, é a Organização das Nações Unidas. Aliás, António Guterres, essa figura exemplar do catolicismo do século XXI, já veio, inclusive, anunciar de que se torna urgente proceder a uma reforma dessa Organização, o que, na terminologia globalista, significa, não propriamente maior eficiência (158), responsabilidade e transparência por parte da mesma, mas, sim, a centralização do poder político, económico e cultural nas mãos do super-governo mundial – os globocratas, como já vimos, preferem chamar-lhe governança mundial. E quanto ao acordo internacional que esses mesmos globocratas tanto têm perseguido no domínio das “alterações climáticas”, ele já aí está inteiramente pronto e feitinho: é o Acordo de Paris aprovado a 12 de dezembro de 2015.

Este Acordo, aprovado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (CQNUAC), consiste essencialmente num esquema de extorsão do dinheiro dos contribuintes ocidentais – mais de 100 biliões de dólares por ano, calcula-se – a fim de o canalizar para regimes autocráticos do terceiro mundo, como que para reparar os alegados danos provocados ao meio ambiente por parte dos países mais industrializados do mundo. É, dito de outra forma, a transferência da riqueza dos “países ricos” para os “países pobres”, num acto de pilhagem inédito e espectacular protagonizado pelos engenheiros do socialismo à escala global. E não só se trata da transferência de riqueza, mediante a gigantesca burocracia da ONU, para os líderes autocráticos do terceiro mundo, mas também dos infindáveis recursos financeiros e tecnológicos tais como obrigatoriamente estipulados pela já referida convenção internacional das Nações Unidas.







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Reduzir, portanto, o impacto das emissões dos gazes de estufa a fim de manter as temperaturas globais “bem abaixo dos dois graus Celsius”, conforme presumivelmente registados antes da Revolução Industrial, e desenvolver esforços para limitar essa subida a um máximo de 1,5 graus Celsius, eis, assim, o novo expediente (159) promovido pela clique globalista para enganar aquele meio-mundo que tão cegamente deposita a sua crença no “aquecimento global” (160). Aliás, por aqui se explica o recente aproveitamento, como já seria de esperar, da destruição provocada pelos furacões Harvey e Irma nas ilhas das Caraíbas e nos Estados Unidos, associando-os directa ou indirectamente ao suposto fenómeno do “aquecimento global”, numa relação causa-efeito a que certamente nem todos os cientistas estarão dispostos a aceitar. Contudo, o Papa, um aproveitador nato, foi, neste particular, peremptório ao assinalar que “quem nega as mudanças climáticas tem de perguntar aos cientistas. Eles são claros e precisos” (161).

O culto do “aquecimento global”, estreitamente ligado ao ecologismo radical e extremista, encontra-se exemplificado numa série de documentários sensacionalistas sobre as “alterações climáticas”, em especial os particularmente produzidos pelo activista político e ex-candidato à presidência dos Estados Unidos, Al-Gore (162), além do produzido pelo renomado actor norte-americano Leonardo DiCaprio (163). Nestes documentários, o engodo deve-se, sobretudo, ao concertado uso de imagens susceptíveis de sugerir aquilo que, na realidade, não se passa nos termos trágico-dramáticos em que é apresentado, como, por exemplo, quando se mostram pedaços maciços de gelo caindo no oceano, ao mesmo tempo que se dá por adquirido que a sua causa reside no “aquecimento global”. Neste caso, como noutros semelhantes, Al Gore e DiCaprio omitem propositadamente que a queda de gelo no oceano é um fenómeno perfeitamente natural cuja periodicidade anual está, inclusivamente, na origem dos icebergs.

Quanto à existência de furacões, tufões e tempestades, já estes perturbavam a atmosfera terrestre muito antes da Revolução Industrial, como nos faz questão de recordar aquela intempérie que mais particularmente assolou, ao largo da costa da Irlanda, a “Invencível Armada” reunida pelo rei Filipe II de Espanha, em 1588, para invadir a Inglaterra, o mesmo se aplicando a tormentas como a que, na “antiguidade grega”, preludiando a Batalha das Termópilas, se abatera sobre os navios persas ancorados na costa da Magnésia. De todo impossível será, pois, tentar levar a sério o Papa Francisco na sua ânsia de entregar a salvação da humanidade às Nações Unidas, para que esta acabe de uma vez por todas com as injustiças do mundo mediante um sistema de total controlo da ordem internacional. Tudo virá, então, sob a forma de objectivos interdependentes, absolutos, indiscutíveis, sem os quais não será possível erradicar a guerra, a pobreza, defender a paz e a democracia, consolidar a protecção ecológica e responsabilizar a família humana pelo bem-estar da “Mãe-Terra”.

De resto, também já existe uma Carta da Terra, conforme nos explica Cristina Martín Jiménez:

«O ex-presidente soviético e antigo chefe do KGB Mikhail Gorbachov, membro da Comissão da Carta da Terra e presidente da Cruz Verde Internacional, foi o responsável máximo pela redacção e supervisão do texto final, aprovado em Março de 2000, no quartel-general da Unesco em Paris. Foi oficialmente divulgada no Palácio da Paz em Haia a 29 de Junho do mesmo ano, numa cerimónia presidida pela rainha Beatriz da Holanda, um dos pesos-pesados de Bilderberg.

Na reunião do Conselho da Terra celebrada no Rio de Janeiro em Março de 1997, antes da Cimeira da Terra (Julho, Nova Iorque), Gorbachov definiu a Carta como “o manifesto de uma nova ética para um novo mundo, um Decálogo da Nova Era”. Segundo o antigo dirigente russo “há que ajudar a humanidade a mudar a visão antropológica do homem. É necessário fazer-se a transição da ideia do homem como rei da natureza para a convicção de que o homem faz parte dela. Necessitamos encontrar um novo paradigma que substitua os vagos conceitos antropológicos”.

Segundo continuou Gorbachov, “substituiremos os Dez Mandamentos pelos princípios contidos nesta Carta ou Constituição da Terra”. O novo conceito do mundo, esta religião, ou melhor, pseudorreligião global, tomaria o lugar da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.



















Gorbachov não se fica por aí. Expõe conceitos que serão compreendidos por quem já está familiarizado com os termos globalistas. Afirma de forma taxativa que “o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve impulsionar a nova ordem mundial. As Nações Unidas têm as armas legais para o fazer. Deve construir-se um novo mundo com base num sistema de valores plasmado na Carta da Terra e a globalização deve ser o conceito em que se baseia o êxito da Carta da Terra. Por isso, a minha fundação (Cruz Verde) tem como fim criar e fomentar esta consciência global”.

Hans Küng é um controverso sacerdote católico, muito crítico da Igreja a que pertence, e que desde 1995 é presidente da Fundação por uma Ética Mundial. A Carta da Terra complementa a sua doutrina de religião ou ética única da nova ordem mundial com a Nova Ética Global que Küng apresentou há poucos anos no Fórum Económico de Davos, patrocinado pelo World Wildlife Fund (Fundo Mundial para a Vida Selvagem, do príncipe Filipe de Edimburgo, cujo primeiro presidente foi o seu primo, o príncipe Bernardo da Holanda!).

Em Davos, Küng falou na impossibilidade de construir a nova ordem mundial sem a nova ética planetária. Segundo Arguedas, “Hans Küng é a cabeça visível do processo de imposição, através das Nações Unidas, dessa ética cósmica, síntese superadora de todas as religiões do mundo, mistura de gnosis, bons sentimentos e outras características da vaga e alienante espiritualidade New Age.

Um colega americano enviou-me em Abril de 2013 uma notícia muito esclarecedora que, fora do contexto, mais parecia uma simples parvoíce do seu protagonista. Durante uma sessão de uma unidade do exército na reserva na Pensilvânia, acerca do extremismo e do terrorismo, o instrutor mencionava as religiões judaica, católica, evangélica e islâmica, juntamente com a Al Qaeda e o Hamas, como radicais e extremas. A questão, aparentemente banal, adquire um sentido pleno à luz do desejo de implantação de uma religião única, não sabemos se pela força ou pelo consenso, pelos senhores do mundo.

O professor emérito de Teologia da Universidade de Lovaina (Bélgica), monsenhor Michel Schooyans, autor do livro La face cachée de l’ONU, e ex-presidente do Vaticano nas Nações Unidas, afirmou que a questão ecológica desenvolvida na Carta da Terra é uma artimanha, uma estratégia para desviar a atenção de um assunto bastante grave: “Entramos numa nova revolução cultural e as verdades fundadoras da ONU, referentes à centralidade do homem no mundo vão sendo a pouco e pouco desactivadas”. A Carta defende a criação de “uma religião mundial única, o que implicará imediatamente a proibição de todas as outras religiões de fazer proselitismo”. Neste contexto entende-se perfeitamente a versão que considera as citadas religiões como radicais, colocando-as ao mesmo nível da Al Qaeda e do Hamas que, até à data, são consideradas organizações terroristas pelos Estados Unidos, como publicamente manifestado.

Para a ONU apenas será considerado direito do homem o que os senhores do poder decidirem. Se assim acordarem, um determinado ser humano pode não ter direito a viver se interferir na vida de outras pessoas. O que pode levar à loucura de decretar que os velhos prejudicam a sociedade porque já não lhe são úteis, e devem ser eliminados. A directora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, já disse que “o FMI pede para baixar as reformas pelo ‘risco das pessoas viverem mais do que o esperado’”.

Estamos a entrar numa das eras mais obscuras da História do homem na terra. Quando irão parar? Onde estão os seus limites?

O ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e as Nações Unidas foram galardoados com o prémio Nobel da Paz a 10 de Dezembro de 2001. Durante a cerimónia da entrega do prémio, o Comité Nobel destacou o trabalho de Annan à frente da entidade: “Foi fundamental a dar vida nova à Organização”. Em relação ao galardão, o Comité desejou “proclamar que o único caminho negociável para a paz mundial e a cooperação é através das Nações Unidas”. A instituição, recordemos mais uma vez, em que projectam constituir o governo mundial.




Nunca houve um império que não tenha tido a sua própria religião. E o império Bilderberg não ia ser excepção. É uma religião que faz o homem sentir-se perdido perante a imensidade de um planeta que o desenraíza, um planeta sem alma onde uma árvore é mais importante do que um ser humano» (164).


Nacionalismo versus internacionalismo 


É hoje praticamente sabido que a Administração de Barack Obama estivera na primeira linha da frente no apoio à agenda mundialista das Nações Unidas. Ou melhor: o governo sombra em Washington ditara as linhas-mestras desse mesmo apoio, ao mesmo tempo que ia assegurando o controlo, mediante as instituições e os funcionários governamentais do Deep State, da administração eleita dos Estados Unidos da América. O governo sombra não descarta, portanto, o emprego de meios ilegítimos para alcançar os objectivos e os interesses de inacessíveis e poderosos Insiders, cujo principal instrumento de dominação tem sido, segundo Kevin Shipp, a Agência Central de Inteligência (CIA) sob a qual operam as restantes agências que constituem a Comunidade de Inteligência dos Estados Unidos. Deste modo, enquanto o governo sombra encerra em si mesmo o poder de iniciar guerras, ordenar golpes de Estado e manipular decisões políticas, incluindo as do presidente eleito, o Deep State compreende o complexo militar-industrial, a Reserva Federal, o centro financeiro de Manhattan (Wall Street), o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e demais organizações de projecção e planeamento globalista.

Donald Trump, por sua vez, chegou a afirmar ser simultaneamente um nacionalista e um globalista, deixando assim perplexa a sua base de apoio que o vira na campanha eleitoral a condenar o globalismo para, em contrapartida, advogar o nacionalismo americano mediante a transferência do poder estatal centralizado em Washington para os cidadãos da república originalmente delineada pela Constituição dos Estados Unidos. Não é, por isso, de admirar que o discurso do presidente norte-americano proferido, a 19 de Setembro de 2017, na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, suscitara mais uma vez as críticas de muitos dos seus apoiantes e seguidores, pois se, por um lado, Trump enfatizara a necessidade de salvaguardar o patriotismo e a preservação das soberanias nacionais com suas respectivas tradições históricas e culturais (165) – além de ter ainda denunciado, e bem, a corrupção e o carácter desumano dos regimes socialistas (166) e comunistas de um grande número de países representados na ONU –, por outro lado caíra no erro de elogiar o socialista António Guterres por este ter supostamente reconhecido a necessidade de reformar a Organização enquanto alegado parceiro na luta contra as ameaças que impendem sobre a soberania, a segurança e a prosperidade do mundo. Logo, se é verdade que o pensamento pode enunciar a identidade dos contrários, no mundo real isso só pode implicar uma de duas coisas: ou prevalece a arquitectura cooperante das nações soberanas e independentes já hoje praticamente minada pelo internacionalismo uniformizador, ou predomina, pura e simplesmente, um sistema global totalitário nunca antes visto na história da humanidade, como aquele que, infelizmente, já entrou e se instalou fronteiras adentro (167).

Há ainda, porém, um outro lado da questão daquilo que nos trouxe até aqui: a ONU pode não ser, de resto, o último estádio no desenvolvimento da nova ordem internacional, por ser apenas o seu estádio primitivo, consoante já preconizara John Foster Dulles no seu livro War or Peace (1950). Seja como for, a reforma agora preconizada, sobretudo por António Guterres e seus apaniguados socialistas, não produzirá outra coisa senão uma organização supranacional mais sofisticada e, nessa óptica, ainda mais eficiente que a actual Organização das Nações Unidas na forma definitiva de um super-governo mundial anticristão. E quem diz anticristão, diz anti-católico.

Por outro lado, não deixa de ser elucidativo o modo como, durante a corrida às eleições presidenciais americanas de 2016, se predizia, sondagem após sondagem, a vitória esmagadora da tortuosa e desonesta Hillary Clinton. Ora, nada podia estar mais longe da verdade, uma vez que até os Estados do Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, havidos por tradicionais bastiões democráticos, contribuíram consideravelmente para a surpreendente quão “inesperada” vitória de Donald. J. Trump. As sondagens, de uma forma geral, acabariam assim por confirmar que na origem das recorrentes previsões, destinadas a ludibriar o público quanto à inevitável vitória de Hillary Clinton, estivera um premeditado estratagema montado pelas principais agências noticiosas e empresas de (des)informação directa ou indirectamente ligadas a poderes e organizações mundialistas, bem como a movimentos, facções e partidos de esquerda.

Por conseguinte, também em Portugal se deu o facto de todos os meios de comunicação social terem colaborado no estratagema, como, de resto, ficou abundantemente registado através das mentiras, distorções e vigarices propagadas pelos inúmeros jornalistas, professores universitários e pretenciosos especialistas de política internacional. Assim, até à véspera do resultado das eleições norte-americanas, todos eles e elas, sem excepção, teimavam em dizer o que a realidade veio afinal desmentir em termos tais que, dali para a frente, ficaria definitivamente demonstrado que os jornais e as televisões, no fundo, não passam de instrumentos de propaganda enganosa e, portanto, sem nenhuma espécie de credibilidade para relatar os acontecimentos que perfazem e configuram o mundo hodierno. A prová-lo, estivera ainda o facto de toda a comunicação social haver prontamente alinhado no processo mundial de demonização do novo presidente dos Estados Unidos, acusando-o até de criar “factos alternativos” quando, na realidade, aqueles que assim o acusavam tinham acabado de mostrar, face à retumbante vitória de Donald Trump, que eram eles mesmos quem, recorrendo a toda a gama de meios sórdidos e desonestos, haviam criado uma “realidade alternativa” mediante uma campanha de desinformação conduzida do exterior.










































































Quanto a isto, não há, pois, dúvida nenhuma: Hilary perdera as eleições porque, segundo os tortuosos e enganosos especialistas da comunicação social, Vladimir Putin nelas interferira através do recurso à ciber-espionagem (168), mesmo que nem uma prova minimamente credível haja sido apresentada para esse efeito (169). E depois ainda falam, indignam-se e choramingam por causa dos alegados “teóricos da conspiração”, quando verdades e factos incontestáveis vão sendo desvendados, expostos e veiculados por orgãos de informação alternativos, sem os quais pouco ou nada se saberia sobre a natureza dos verdadeiros obstáculos e variadíssimos ardis montados contra a inédita e sobressaltada eleição de Donald Trump. Aliás, sobre o que andam aqueles insidiosos artistas a fazer nos jornais e nas televisões (170) que possa ser, entretanto, igualmente desmascarado com base no excelente trabalho informativo reunido nalguns sites, vídeos e entrevistas geralmente acessíveis por via electrónica, ressalta o seguinte:

a) Permanente e sistemática omissão de factos e acontecimentos relativos à destruição da propriedade pública nos Estados Unidos – quando parcialmente focados, a comunicação social encara-os sob a forma de meras manifestações de protesto contra o presidente Donald Trump;

b) Silêncio sepulcral quanto ao real significado da violência e dos distúrbios em universidades americanas protagonizados por grupos militarizados “antifascistas”, como o movimento Antifa (171) constituído por marxistas, socialistas e anarco-comunistas – os queridinhos da esquerda progressista –, ou ainda o grupo de extrema-esquerda denominado Black Lives Matter (172) – ambos financiados por George Soros e manipulados pelo Deep State a fim de provocar e sobretudo explorar o caos, o conflito e a divisão racial;

c) Uso e abuso de um duplo-padrão baseado, por um lado, no ataque e na distorção de tudo o que diga respeito à agenda pró-americana de Donald Trump – controlo e estabilização da imigração legal, construção de um muro na fronteira com o México, negociações bilaterais em detrimento das “uniões económicas e monetárias", etc. –, e por outro, na cega aprovação da agenda globalista implementada por Hillary Clinton e Barack Obama;

d) Torcida e retorcida aplicação de chavões, rótulos e estereótipos tais como racista, xenófobo, homofóbico, extremista de direita e tutti quanti, para desarmar todos aqueles que, de uma forma frontal, assumem posições, exprimem opiniões e fundamentam reflexões que não alinham na perversão da linguagem promovida pela agenda extremista dominante (173).


O fim da Europa 


Na actual conjuntura, está mais que visto ser o transnacionalismo uma perniciosa ficção que, na sequência da Segunda Guerra Mundial, declarou nulo o princípio das nacionalidades, e, por extensão, todo e qualquer nacionalismo doravante condenado por estar alegadamente na origem de conflitos e guerras havidas ou a haver entre as diversas nações do orbe terrestre. Quem bem o compreendera, em profundidade e «do alto de fortalezas erguidas por gigantes em séculos de esforços» (174), fora Oliveira Salazar, o “sábio do Ocidente”, como, aliás, assim quedara personificado numa altura em que estadistas de todo o mundo davam constantes e claros sinais de funda desorientação. Como tal, a clarividência admirável daquele que, sem dúvida, fora o maior Estadista do século XX, encerra, no que de quase profético nos revela, muito do que temos até aqui procurado desvendar acerca do internacionalismo invasor, se para o devido efeito atendermos a alguns dos seus notáveis escritos por onde perpassa o génio nacional em questões tão fundamentais como a federação europeia e a independência das nações. Eis, então, e à guisa de conclusão, alguns desses memoráveis textos:

– «A política de uma Nação não é conduzida por assim dizer em espaço livre, mas no condicionalismo determinado pela coexistência com outras Nações. O aumento geral da população no globo, a distribuição do trabalho no Mundo, como a extrema rapidez das comunicações tornam os povos estreitamente dependentes quanto aos seus meios de vida, mas uns mais que outros, poucos existindo dotados de aptidões e recursos que lhes permitam libertar-se mesmo onerosamente da dependência de qualquer condicionalismo exterior. Na complexidade da vida moderna vieram ainda enxertar-se, nos motivos de dependência e influência natural, outra causas de dependência ou servidão, abusivas pela sua origem e perniciosas nos seus possíveis resultados. Umas e outras dependências diminuem a liberdade dos Estados, mesmo quando não façam violência à sua vida ou atinjam a sua integridade. Mas não falamos destas últimas.

Sem dúvida, a interdependência quando em domínios vitais, impõe a colaboração que pode estabelecer-se plurilateralmente por duas formas diversas: ou partir da Nação como unidade integradora dos seus próprios interesses, ou partir destes directamente para a organização internacional. É esta segunda modalidade a que parece ter hoje preferência, não no domínio das aplicações, ainda na verdade restritas, mas no ambiente político universal. Ela é aliás a mais conforme com certo afrouxamento do princípio nacionalista no Mundo. Eu, porém, creio que a organização internacional de grandes interesses terá muito maior viabilidade e eficácia se feita por escalões, um dos quais o nacional se afigura imprescindível, mesmo porque é este o processo de evitar a sobreposição de autoridades independentes dos Estados e o desconhecimento da autoridade destes para organizar equilibradamente o conjunto dos interesses da Nação» (22 de Novembro de 1951) (175).

– «Sucederam em poucos anos factos cuja génese e desenvolvimento costumam demandar séculos. Vivemos crises – financeiras, económicas, políticas, e sofremos guerras – civis, internacionais, intercontinentais, talvez as mais sangrentas e bárbaras de toda a história humana.


Modificou-se a estrutura dos continentes: a Europa cindiu-se, diminuiu-se, enfraqueceu-se; as Américas enriqueceram, fortaleceram-se, aumentaram de coesão; a Ásia insurgiu-se contra o primado civilizador do Ocidente e procura consolidar a independência alcançada, sob a direcção de algum dos seus povos: o Japão? a China? a Índia? a própria Rússia? a África agita-se desde Suez ao Atlas, desde o Mediterrâneo ao Cabo da Boa Esperança – ao norte para liquidar, sem saber como, as situações herdadas do passado, por toda ela sob os ventos revoltos que sopram com a ousada pretensão de acordá-la de um sono secular. Destas subversões, na maior parte catastróficas, resultou ruírem tronos, desaparecerem impérios, afundarem-se nacionalidades, surgirem novos Estados, alterarem-se as posições de força e sentir-se a necessidade de buscar novo equilíbrio em combinações diferentes.

Fizeram-se nos campos político e económico as experiências mais ousadas, umas com sequência, abortadas outras em grandes insucessos. Viram-se governos totalitários defendidos pela razão e a vontade do povo e viu-se chamarem-se populares governos de clara origem e essência minoritária. Presenciou-se em plena acção o socialismo das nacionalizações e dos racionamentos, enquanto o comunismo alastrava por vastas zonas do Mundo. Assistiu-se à morte do liberalismo económico e viram-se os regimes democráticos tenteando o caminho, perante a necessidade de disciplinas drásticas impostas pelos novos tempos. Presenciou-se um novo surto de suspeito humanitarismo contra a posse dos territórios coloniais, ao mesmo tempo que o estabelecimento em vasta escala de regimes de submissão e colonização sobre nações civilizadas e livres. Verificaram-se migrações forçadas de povos, maiores que as dos tempos bárbaros, trocas de populações, massacres em massa para solução de pretensas dificuldades políticas. Foi chamada a inteligência a legitimar as quebras da moral, bem como os colapsos da legalidade e da justiça; criminosos arvoraram-se em juízes e condenaram as pessoas de bem.

São tempos apocalípticos os nossos, época de regressão ou de transição violenta em que se abalam os alicerces antigos antes de estarem abertos ou consolidados aqueles em que se supõe dever assentar a cidade nova. De tão grandes convulsões sentem-se repercutir os efeitos tanto nas grandes massas como no escol social. A consciência da insegurança do que há de mais caro ou mais necessário na vida – ideias e afectos, sociabilidade e ordem, instituições e bens – criou nos espíritos um estado de insatisfação, de angústia, de ansiedade. É uma doença geral que paralisaria mesmo a vida e o trabalho, se não fosse o instinto de viver e a necessidade do trabalho para levar a vida. Nada de estranhar que por quase toda a parte os homens pareçam inferiores aos acontecimentos e que, em vez de enfrentá-los, se sintam tentados a confessar, vencidos, esmagados por eles, a sua incapacidade de os dirigir. E tudo em vinte anos; que poder de destruição e de anarquia o destas forças incontroladas» (22 de Novembro de 1951) (176).

– «Ao pedir um Estado capaz de definir uma política, nós partimos do pressuposto de que ele é livre, primeiro para se organizar e depois para determinar a sua vida interna e a sua vida de relações. Ao exigir do Estado que realize a política que definiu, pressupõem-se nele requisitos orgânicos e razoável independência em relação ao condicionalismo exterior. Estes problemas podem dizer-se redutíveis a este outro – saber, no mundo contemporâneo e dada a interdependência das sociedades civilizadas, qual o âmbito deixado à autodeterminação dos Estados.

Ouve-se falar muito na força das ideias, para significar que estas se generalizam e acabam por impor-se à inteligência e à conduta dos homens, e quem diz dos homens diz naturalmente dos Estados, impelidos assim a uma tal ou qual uniformidade de orgânica e de doutrina. Ora, fora do jogo de alguns conceitos universais, o asserto é sobretudo exacto quando não há em relação a umas ideias outras de igual mérito que se lhes oponham. Assim a inaptidão que está a verificar-se na Europa Ocidental de criar, acreditar, viver ideias políticas ou sociais suas, pode conduzir-nos neste século a uma espécie de colonização mental da parte dos dois maiores poderes em presença – a Rússia e a América do Norte. E, se assim for, pode augurar-se que, seja qual for o país afinal dominante nessa influência, o que chamamos a nossa civilização ou será destruída ou sofrerá profundamente nalguns dos seus elementos essenciais. A passividade, o espírito fatalista com que a Europa se dispõe a ser qualquer coisa diferente dela mesma, confrange os espíritos menos apaixonados pela sua milenária cultura. E eu não vejo outra defesa que não seja partir do princípio de que na vida as coisas não têm fatalmente de ser isto ou aquilo, de que a vontade é a suprema criadora da História, e apelar para a contribuição que pode esperar-se da índole particular de cada povo e da seiva da suas melhores tradições, em vez de abafar-lhes a força criadora do génio sob o peso de importações alheias.

As tendências para a uniformização da orgânica dos estados têmo-las visto umas vezes nascer como fruto pouco amadurecido de exaltações sentimentais, outras do espírito de solidariedade partidárias e outras ainda das imposições de uma hegemonia política. Em qualquer caso devemos considerar essas tendências contrárias aos ensinamentos da experiência, à índole dos povos e aos seus interesses. Elas são nalguns casos a máscara de abusiva intervenção nos negócios internos e na vida das Nações, com a postergação de uma norma de conduta internacional, condição de colaboração pacífica.



Oliveira Salazar




Quando se pensa que o Estado é a primeira barreira defensiva em face de todos os factores de corrupção ou perversão da comunidade que representa, pode fazer-se a ideia do que a possibilidade prática e o direito efectivo de se organizar livremente representam para a saúde moral dos povos e para a sua independência. Não duvido um momento de que estamos na boa razão, na linha de defesa da civilização ocidental e do melhor interesse da Nação portuguesa ao reivindicar o direito de nos organizarmos segundo as nossas concepções, de fazê-lo segundo as nossas necessidades e índole, prestando aos mais o contributo, embora modesto, da nossa experiência. As instituições que podem viver, apesar da incompreensão que por vezes as cerca, têm pelo menos o valor e o significado da sua própria durabilidade» (22 de Novembro de 1951) (177).

– «No conjunto dos sucessos a que assistimos, há destruições sem conto e também esboços de novas construções; há acidentes de tempo e de lugar e também fenómenos com tendência a uma expressão duradoira nas sociedades humanas; há concepções ultrapassadas da vida e também o romper de amarras indispensáveis da disciplina social; há ainda, finalmente, embora obscurecido pelo fumo das paixões e pela atrocidade das lutas, o homem na constância da sua natureza, tal como o conhecemos ou adivinhamos desde o alvor dos tempos. Então o problema está em não se deixar perturbar pela avalanche dos acontecimentos indecisos ou contraditórios, e em descobrir nuns casos e escolher noutros as linhas mestras da melhor construção futura» (22 de Novembro de 1951) (178).

– «Parece-me que tudo que se tente [no] sentido [dos projectos de União Europeia] não tem grande viabilidade. Somos demasiado velhos – os europeus – para que nos não conheçamos uns aos outros! É possível que o tentado entendimento entre a França e a Alemanha, quanto ao ferro e ao carvão, crie um tipo de colaboração que seria, eventualmente, uma base para os estudos de uma estrutura continental europeia, nos campos económicos e de redistribuição de mercados. Mas a federação de tipo político, com abdicação das velhas soberanias, num figurino americano inadaptável ao Velho Continente – é mais uma teia de aranha que o sopro das realidades desfaz.

“Colaboração, sim, ampla e compreensiva, é uma necessidade e parece, felizmente, uma tendência segura”» (10 de Agosto de 1950) (179).

– «Não é, porém, preconceito racial a verificação de um facto histórico – qual a marcada superioridade do europeu, na tarefa civilizadora, entre todos os povos da Terra. Desta Europa gerada na dor das invasões, sacrificada em guerras intestinas, curtida no trabalho insano, revolvida a cada passo por avalanches de ideias e revoluções que se assemelham a furiosos temporais, descobridora, viajeira, missionária, mãe de nações, desta Europa simultaneamente trágica e gloriosa ainda hoje se pode asseverar que mantém o primado da ciência e das artes, utiliza no mais alto grau os segredos da técnica, conserva o instinto de afinar as instituições e de sublimar a cultura e é detentora de incomparável experiência política. Não esquecemos o que se deve a outros na criação artística, esplendor literário, subtileza de filosofias aqui e além criadas e desenvolvidas; mas só da Europa se pode afirmar que criou, sob inspiração cristã, valores universais, generosamente, gratuitamente postos ao dispor do Mundo, na sua ânsia de transplantar civilização – Cada um de nós deveria sentir o orgulho de se afirmar europeu.

Seria no entanto desrazoável fechar os olhos à crise da Europa no presente momento: devastada, empobrecida, dividida, moralmente desfeita, corroída pelo desânimo, a braços com uma perigosa desorientação mental e o claro declinar das virtudes em que se formou, muitos perguntam se não são estes sintomas da decadência e se esta não será definitiva: finis Europae» (25 de Julho de 1949) (180).



Notas:

(132) Nello Scavo, Os inimigos do Papa Francisco, pp. 122-123.

(133) Ibidem, p. 66.

(134) Ibidem, p. 124. Esta tutela na ordem temporal encerra, segundo Parolin, um fim «primariamente religioso».

(135) Ibidem, p. 125.

(136) Ibidem, p. 127.

(137) Ibidem, pp. 32-33.








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(138) À semelhança do movimento da “teologia da libertação” nascido no seio da KGB, outros “movimentos de libertação” viriam à baila numa altura em que, sob a liderança de Khrushchev, também se começara a exportar o comunismo para a América Central e a América do Sul. Entre esses “movimentos de libertação”, nascidos em Lubyanka – o quartel-general da KGB –, contam-se o Exército de Libertação Nacional da Colômbia, criado pela KGB com a ajuda de Fidel Castro, o Exército de Libertação Nacional da Bolívia, criado pela KGB com o apoio de “Che” Guevara e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), criado pela KGB com ajuda de Yasser Arafat.

(139) A aproximação, ainda que de baixo perfil, de Bergoglio aos líderes da extrema-esquerda, como Alexis de Tsipras e Walter Baier, em nome do combate à pobreza e às desigualdades sociais, é mais um elemento a juntar a todos aqueles que, directa ou indirectamente, confirmam a tendência progressista do actual Papa (cf. Nello Scavo, Os Inimigos do Papa Francisco, pp. 29-31). E se bem que para os militantes de movimentos, comités e partidos comunistas o Papa jamais possa ser suficientemente comunista ou até progressista para que possa ser efectivamente reconhecido como um deles, Bergoglio não deixa, contudo, de constituir um “cavalo de Tróia” extremamente apetecível para tais formações, grupos e células incendiárias no domínio do terrorismo político à escala local, regional e mundial. Prova disso consta, aliás, num dos panfletos de propaganda comunista, citados por Nello Scavo, também ele um convicto quão torcido partidário apologista de Bergoglio: «Claro que o papa não é comunista, nem progressista, mas por outro lado nós somo-lo e fazê-lo trabalhar para nós, além de possível, é um dever do nosso tempo (que só é obscuro para quem não consegue ir além da superfície das coisas, do lamento estéril). E, se neste jogo, que todos jogamos contra os poderes fortes, o Vaticano pode ter um papel, então façamos de modo a que seja assim. É o primeiro passo para nos libertarmos da sua capa de opressão que aflige o mundo» (in Os Inimigos do Papa Francisco, pp. 199-200).

(140) Ibidem, p. 31.

(141) Sobre os “metacapitalistas”, diz-nos Olavo de Carvalho: «Se o sistema medieval havia durado dez séculos, o absolutismo não durou mais de três. Menos ainda durará o reinado da burguesia liberal. Um século de liberdade econômica e política foi suficiente para tornar alguns capitalistas tão formidavelmente ricos que eles já não querem submeter-se às veleidades do mercado que os enriqueceu. Querem controlâ-lo, e os instrumentos para isso são três: o domínio do Estado, para a implantação das políticas estatistas necessárias à eternização do oligopólio; o estímulo aos movimentos socialistas e comunistas que invariavelmente favorecem o crescimento do poder estatal; e a arregimentação de um exército de intelectuais que preparem a opinião pública para dizer adeus às liberdades burguesas e entrar alegremente num mundo de repressão onipresente e obsediante (estendendo-se até aos últimos detalhes da vida privada e da linguagem cotidiana), apresentado como um paraíso adornado ao mesmo tempo com a abundância do capitalismo e a ‘justiça social’ do comunismo. Nesse novo mundo, a liberdade econômica indispensável ao funcionamento do sistema é preservada na estrita medida necessária para que possa subsidiar a extinção da liberdade nos domínios político, social, moral, educacional, cultural e religioso.

Com isso, os metacapitalistas mudam a base mesmo do seu poder. Já não se apóiam na riqueza enquanto tal, mas no controle do processo político-social. Controle que, libertando-os da exposição aventurosa às flutuações do mercado, faz deles um poder dinástico durável, uma neo-aristocracia capaz de atravessar incólume as variações da fortuna e a sucessão das gerações, abrigada no castelo-forte do Estado e dos organismos internacionais. Já não são megacapitalistas: são metacapitalistas – a classe que transcendeu o capitalismo e o transformou no único socialismo que algum dia existiu ou existirá: o socialismo dos grão-senhores e dos engenheiros sociais a seu serviço» (in Olavo de Carvalho, Os EUA e a Nova Ordem Mundial, VIDE Editorial, 2012, pp. 88-89).

(142) Adriano Moreira, Futuro com Memória – Lições da Vida e da História, Clube do Autor, 2016, p. 79.

(143) Olavo de Carvalho, Os EUA e a Nova Ordem Mundial, pp. 78-79.

(144) Ibidem, p. 79.

(145) E não são só exemplos pontuais. Destruir o poder, a economia e a soberania dos EUA por meio de medidas que depois serão atribuídas à motivação exatamente oposta e imputadas à “voracidade imperialista ianque”, tal tem sido a estratégia geral do Consórcio nas suas relações com o governo americano há muitas décadas. Vejam por exemplo a sucessão de acordos monetários globais celebrados desde Breton Woods (1944). Todos eles são explicados como lances de um processo de dominação da economia mundial pelos EUA. É uma interpretação, nada mais, mas uma interpretação que, de tão repetida, encobre e torna invisível o fa[c]to bruto de que, quando esses acordos começaram, os EUA eram o maior credor do mundo; hoje são o maior devedor, à beira da falência. Se é verdade que “pelos frutos os conhecereis”, a verdade óbvia é que o poder do Consórcio e o dos EUA não crescem em proporção direta, mas inversa.

(146) Ibidem, pp. 79-82.

(147) Embora se possa dizer que estão a entrar na Europa milhares de “refugiados” de origem inclusivamente africana por motivos de ordem económica, sendo que a maior parte deles são “homens em idade militar”, a verdade é que a chamada “crise dos refugiados” tem sido principalmente criada e explorada mediante o deflagrar de inúmeros conflitos e guerras no Médio Oriente, na sua maioria suscitadas pelos líderes dos Estados Unidos e das potências europeias que, em nome do combate ao terrorismo, abrem propositado caminho ao triunfo do globalismo invasor. Não admira, pois, que muitos dos atentados “islâmicos” perpetrados na Europa estejam a ser recorrentemente aproveitados para privar os cidadãos dos seus direitos constitucionais em troca de uma alegada segurança contra elementos terroristas, nem sempre eles próprios objecto de rigorosa definição. Logo, ampliar o tamanho e o alcance desmesurável dos vários governos em estreita “cooperação mundialista”, corresponde, no fundo, a uma musculada reacção ao que leviana e inconscientemente se tem designado por “multiculturalismo”, também já visto, e bem, como um planeado “choque de culturas”.














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George Soros e Jean-Claude Juncker. Ver aqui






































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(148) O Papa Francisco chegou, recentemente, ao ponto de afirmar que a centralidade da pessoa humana nos obriga a tornar prioritária a segurança pessoal em detrimento da segurança nacional. E, logo, também a necessidade de automaticamente se simplificar a concessão de “vistos humanitários” ou “vistos temporários especiais” para todo o migrante venha ele donde vier. Ora, este é precisamente o princípio do caos instalado nas sociedades humanas do Ocidente.

(149) Bruxelas tem, aliás, insistido na criação de uma força militar de matriz europeísta capaz de intervir em qualquer parte do Continente europeu, e, portanto, contra a vontade soberana das nações que o compõem. Entretanto, a resistência vinda da Hungria tem sido, na realidade, um caso digno da máxima atenção, uma vez que, após ter construído uma cerca e colocado tropas ao longo das fronteiras com a Sérvia e a Croácia, os eurocratas do regime de Bruxelas não mais pararam de tecer ameaças e chantagens para que a Hungria renuncie, de uma vez por todas, ao propósito de salvaguardar a vida e os costumes das populações de que, por princípio, é inteiramente responsável. Demais, totalmente conivente com o teor e a finalidade última daquelas ameaças e chantagens, tem permanecido, em termos de enviesada cobertura noticiosa, a imprensa internacional já bastante desacreditada nos dias que correm.

(150) Carta Encíclica do Santo Padre Francisco, Laudato Si’, PAULUS Editora, 2015, pp. 110-111.

(151) Ibidem, p. 123.

(152) Ibidem, p. 127.

(153) Ibidem, pp. 123-124. O negrito é de nossa autoria, tal como se segue nas demais citações.

(154) Ibidem, p. 125.

(155) Ibidem, p. 129.

(156) Ibidem, p. 129.

(157) Ibidem, p. 130.

(158) A única “eficiência” procurada pela ONU é a destruição das nações soberanas e independentes para então surgir como a única entidade suprema na liderança do planeta.

(159) Durante os anos 60 e 70 do século passado, os alarmistas climáticos preconizavam precisamente o contrário do que hoje defendem: o “arrefecimento global”. Segundo eles, viria aí uma nova idade do gelo que estaria na origem do fim dos tempos, com colheitas destruídas e fome generalizada. Um artigo da revista Newsweek, intitulado “The Cooling World”, de 1975, também dizia que, há já algumas décadas, a temperatura vinha decrescendo devido à actividade humana. E, nisto, citava as desconcertantes estatísticas colhidas na National Academy of Sciences, no National Oceanic and Atmospheric Administration’s Center for Climatic and Environmental Assessment, nas Universidades da Columbia e Wisconsin, enfim, era o papão do “arrefecimento global” cujo cenário apocalíptico traçado e previsto deu em nada.

(160) É verdade que a maior parte dos gráficos e modelos de base ou programação computacional, integrados no âmbito dos relatórios periódicos produzidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas criado pelas Nações Unidas, previram graus variados do aumento do aquecimento em função da acentuada concentração atmosférica do dióxido de carbono. Porém, todos esses gráficos e modelos revelaram estar completamente errados, uma vez que, em virtude da recolha de dados de temperatura mediante o uso de satélites, ficou, antes pelo contrário, demonstrado que não há aumento mas antes um decréscimo da temperatura desde 1996. A par dessa recolha, foram ainda considerados um conjunto de dados sobre a temperatura provenientes da National Aeronautics and Space Administration (NASA), do U.K. Hadley Centre for Climate Prediction and Research na Universidade de East Anglia, da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e até dum sistema de detecção remota na Califórnia.

(161) O Papa não chegou, pelo menos até aqui, a exigir, como já hoje fazem alguns ambientalistas histéricos, a prisão ou o encarceramento dos que negam o “aquecimento global”, embora tenha sugerido tratarem-se de pessoas estúpidas e más: "O homem é estúpido, é um teimoso que não vê". E mais adiantou que a “história julgará as decisões” dos maus políticos, isto é, daqueles que negam as “alterações climáticas”. Enfim, juízos de valor deste jaez leva-os o vento.

(162) Al Gore produziu, em 2006, o documentário An Inconvenient Truth, seguido de um outro, em 2017, intitulado An Inconvenient Sequel. As previsões até agora feitas pelo vigarista norte-americano falharam em tudo, desde a inexistência de gelo no Ártico prevista para 2013 – já estamos em 2017 e a área das calotes polares estende-se por 12 a 15 milhões de quilómetros quadrados –, passando pelo total desaparecimento da neve sobre o monte Kilimanjaro, conjecturado para 2015 – o pico mais alto de África continua, em 2017, cheio de neve e cercado por glaciais –, e culminando no desaparecimento das Ilhas da Polinésia, antecipado para 2015 – os arquipélagos de Tuvalu e Kiribati permanecem actualmente incólumes, além de mais de 600 ilhas de corais da Polinésia terem mantido, em cerca de 80%, a sua área de origem ou até mesmo aumentado de tamanho (os outros 20% revelaram alguma redução).






















(163) Leonardo DiCaprio, também ele um activista ligado à direcção de grupos ambientalistas como o Natural Resources Defense Council (NRDC), o Global Green USA e o International Fund for Animal Welfare (IFAW), produziu, em 2007, o documentário The 11th Hour. É, no entanto, sabido que o milionário DiCaprio, como o bilionário Al Gore, vivem como aristocratas e nababos em ostentosas mansões, andam de avião a jacto e gozam abundantemente dos prazeres da vida em iates de luxo, embora não se cansem de pregar, com a maior cara-de-pau, a necessidade de a própria humanidade cingir-se, com os subsequentes e inevitáveis sacrifícios, ao imperativo de pôr fim à ameaça do “aquecimento global”. Porém, falando de hipocrisia, Leonardo DiCaprio gosta ainda de, no cúmulo da marotice, exibir o seu carro eléctrico para tornar credível o seu papel de propagandista do ecologicamente correcto.

(164) Cristina Martín Jiménez, O Clube Secreto dos Poderosos, pp. 94-97.

(165) Neste ponto, Trump denunciou igualmente o esquema dos “refugiados” montado pela ONU, no âmbito do qual já altos funcionários da instituição têm admitido que o seu objectivo último é derrubar e destruir soberanias. E apresentou ainda a verdadeira solução de cariz humanitário: alojar temporiamente os “refugiados” perto das suas nações de origem tanto quanto possível, para que possam regressar e reconstruí-las depois de restabelecidas as indispensáveis condições de paz e segurança.

(166) Sobre a angústia e a devastação causada pelo socialismo soviético, cubano e venezuelano, Donald Trump lançou, de facto, uma verdade lapidar à cara dos ditadores da ONU, a saber: «O problema não é que o socialismo tenha sido mal implementado, mas que o socialismo foi fielmente implementado».

(167) A única forma de pôr fim ao globalismo invasor começa antes de mais, não por reformar a ONU, mas por cortar todo o seu financiamento sem o qual implodirá por completo, e também expulsar de solo americano o seu quartel-general infestado de espiões concertados na destruição dos princípios e valores espirituais do Ocidente. Para o efeito, já existe o American Sovereignty Restoration Act (H.R. 193), um projecto-lei apresentado por vários membros do Congresso norte-americano onde se propõe a saída dos Estados Unidos das Nações Unidas. Se este projecto-lei não for para a frente, continuaremos então a assistir ao avançar da agenda globalista da ONU na pilhagem do planeta, no controlo inter-governamental da produção e do consumo, na implementação de taxas e impostos a nível mundial, na criação de uma moeda única, no projectar das smart cities e nas aplicações da geo-engenharia, enfim, tudo posto e disposto de maneira a que nem as crianças possam, nas escolas, escapar à propaganda relativa aos esquemas do “desenvolvimento sustentável” preconizado pelas Nações Unidas.

(168) Segundo a narrativa dominante, esta actividade de ciber-espionagem teria sido essencialmente perpetrada no âmbito das contas de e-mail de Hillary Clinton.

(169) Esta tem sido a acusação repetida até à exaustão por círculos governamentais directamente ligados ao Deep State e às grandes corporações mediáticas que, em contrapartida, tratam de silenciar as relações da ex-secretária de Estado (2009-2013) e da Fundação Clinton com agências e companhias russas que permitiram ao Kremlin obter, nos Estados Unidos, 20% de activos estratégicos de urânio. De facto, investidores russos e canadianos pagaram mais de 130 milhões de dólares ao sindicato do crime constituído pela família Clinton, para que tudo se processasse sob os auspícios da companhia mineira Uranium One, sediada em Toronto, Canadá, e comprada, em Janeiro de 2013, pela Rosatom, uma empresa estatal russa. Assim, a táctica empregue, durante a campanha presidencial, por Hillary Clinton consistira em distrair o eleitorado americano de suas actividades criminosas e corruptas mediante a atribuição a Donald Trump daquilo que ela própria, em conluio com o Kremlin, personificara num acto de traição contra o seu próprio país.

(170) Jornais e televisões são, em Portugal, o espelho de uma sociedade inteiramente minada por partidos socialistas e de extrema-esquerda onde se agrupam, num tribalismo primário, comunistas, anarquistas, maoístas, troskistas e outros mais. Estão por todo o lado: fundações, escolas, cátedras universitárias, centros e movimentos culturais, sindicatos, redacções de jornais, o diabo.

(171) O Departamento de Segurança Interna de New Jersey chegou a declarar oficialmente, a 2 de Junho de 2017, a Antifa como um movimento terrorista.

(172) Muitos membros do BLM têm abertamente defendido o assassínio de polícias e de indivíduos brancos em geral, confessando assim o seu grau de completa insanidade, extrema-violência e manifesta criminalidade.

(173) Dizia Horácio que Júpiter enlouquece primeiro aqueles que quer perder. É o que acontece com os esquerdopatas do totalitarismo hodierno. Para estes a verdade não pré-existe, de modo que os princípios de ordem ética e espiritual também não têm nenhuma razão de ser, ou, quando muito, limitam-se apenas a relativas convenções ou eventuais consensos de expressão puramente subjectiva, pelo que somente existem preferências resultantes de paixões e instintos primários, sejam eles de ordem meramente sexual, sejam eles provenientes da raiva ou do desejo de vingança. Por outras palavras, a liberdade ou o princípio da liberdade é-lhes incompreensível na medida em que estão condenados a serem escravos das suas próprias paixões e de primitivos quão dissociáveis automatismos mentais.

(174) Oliveira Salazar, «Duas Palavras de Prefácio», in Discursos e Notas Políticas, II, 1935-1937, Coimbra Editora, 2.ª edição, 1945, XXIII. O negrito é de nossa autoria.

(175) In J. P. D’Assac, O Pensamento de Salazar. Extraído dos seus Discursos, Companhia Nacional Editora, 1952, pp. 168-169.

(176) Ibidem, pp. 169-170.

(177) Ibidem, pp. 170-172.

(178) Ibidem, p. 172.

(179) Ibidem, p. 167.

(180) Ibidem, pp. 167-168. O negrito é de nossa autoria.