domingo, 17 de maio de 2015

Soares e a 'revolução dos cravos'

Artigos de Alfredo Farinha e João de Mendia







Rue Cadet (France).









Ver aqui



Giscard d'Estaing (membro do Grande Oriente Francês).



«...Um membro do clandestino Grande Oriente Lusitano diz que a “luz verde” para uma mudança de atitude dos maçons portugueses quanto à independência dos territórios de África foi dada pelo Grande Oriente de França: “Repare, por exemplo, nas posições tímidas que a CEUD defendia, em 1969, acerca do dramático problema africano. A viragem deu-se efectivamente a partir das novas directrizes do Grande Oriente de França. Era então Grão-Mestre Fred Zeller”. A teia multinacional da Maçonaria explica também o maior intervencionismo de Senghor, que começou por incitar as autoridades do Brasil a impulsionarem a projecção da comunidade luso-afro-brasileira...».

José Freire Antunes («Nixon e Caetano. Promessas e Abandono»).


«Desde a morte do Doutor Oliveira Salazar, os intriguistas criminosos que se insurgiram contra o regime e cuja queda provocaria a morte de Portugal, redobram de esforços. Os Estados Unidos e a Rússia estavam perfeitamente de acordo em partilharem os despojos do Império Lusitano.

Quando o presidente R. Nixon e o presidente Pompidou se encontraram nos Açores com Marcello Caetano, numa reunião secreta, os americanos ofereceram ao Presidente do Conselho, o Professor Marcello, uma montanha de dólares se este último abandonasse o Ultramar Português. Ele recusa dizendo que a África portuguesa não estava à venda. Vê claramente que se os portugueses partissem, seria o grande capital internacional e a "Revolução marxista" que tomariam o seu lugar. Com esta recusa o Professor M. Caetano condena-se a desaparecer ou a ser suprimido.

Desde então os intriguistas estrangeiros precipitam-se e a partir da Conferência de Bilderberg em 20 de Abril de 1974 tomaram a resolução de desencadear em Portugal a revolução do 25 de Abril e de impedir a parte atlântica de realizar as manobras aeronavais Dawn Petrol 1974 da OTAN, que deviam começar no dia 25. Ganha a marinha portuguesa pela revolução, pôde regressar ao porto de Lisboa no dia 24 e dirigir os seus canhões para o Parlamento e para a Presidência do Conselho (esta intervenção foi determinante na demissão do Governo de Caetano). No decurso da mesma reunião o Príncipe Bernhard tinha dissertado sobre o petróleo de Cabinda com amigos que se interessavam muito por esta matéria. No Vaticano seguiam atentamente o assunto: Monsenhor Pereira Gomes tinha falado no dia 15 de Abril com Monsenhor Villot, progressista notável.

Pode-se ser aprendiz de feiticeiro e não ter o estofo dum Maquiavel; o Senhor Luns, Secretário Geral da OTAN, certamente que não esperava que o vento da revolução que ele tinha favorecido com os seus amigos virasse para a democracia popular, como reconheceu publicamente um ano e meio mais tarde».

P. F. Villemarest («História Secreta das Organizações Terroristas»).







Ver aqui



Ver aqui












Ver aqui









Sócrates na reunião de Bilderberg, em Stresa, na Itália (Junho de 2004, antes de se tornar secretário-geral do PS e depois primeiro-ministro de Portugal).







António Guterres na reunião de Bilderberg em Rottach-Egem, na Alemanha (Maio de 2005, antes de ser indigitado para comissário da ONU).


Ao centro: Angelina Jolie e António Guterres



Ver aqui



Ver aqui






Ver aqui






Maria de Medeiros






Ver aqui



«Disponibilidade sem posse do dinheiro detêm-na, por sua natureza institucional, a Banca e o Estado. A Banca detém a disponibilidade do dinheiro que os depositantes lhe confiam livremente, o Estado a do dinheiro que os contribuintes são obrigados a confiar-lhe. Com a Banca, faz o plutocrata, mediante os accionistas, um jogo que tem regras estabelecidas pela lei, pelo mercado e pelo costume. Com o Estado faz o plutocrata um jogo sem regras, mais propriamente um jogo com o político do que com o Estado. Descreve Ernesto Palma alguns exemplos ou casos deste jogo: o dos Mellos e M. Bullosa com Mário Soares, o do mesmo Bullosa com os "capitães de Abril", o de Champalimaud com Salgado Zenha e o Marechal Spínola, o da alta finança internacional (Nelson Rockefeller, Edmundo Rothschild entre outros) reunida na Suíça para lançar a revolução socialista em Portugal».

Ernesto Palma («O Plutocrata»).


«Aconteceu então o que ficou conhecido por descolonização, de que Mário Soares, por convicção ou por ordens do PCP, foi um dos maiores responsáveis e autores. Como já acontecera antes, e que lhe valera uns tantos anos atrás das grades, colara-se mais uma vez ao PC de Álvaro Cunhal com o qual teria conjuntamente planeado a estratégia a cumprir logo a seguir ao pseudo-golpe militar do 25 de Abril. E não perdeu tempo pois havia uma fita do tempo a cumprir. Enquanto no primeiro 1.º de Maio vociferava ao lado de Cunhal que era imperioso acabar rapidamente com a vergonhosa guerra colonial, logo no dia seguinte marchava rumo às capitais europeias para explicar aos vários governos a situação em Portugal e no Ultramar na sequência do 25 de Abril. Afirmou que ia cumprir instruções do General Spínola, com o qual tinha estado reunido cerca de meia-hora!!! Não sei que directiva podia ter recebido pois, nem Spínola, nem muitos elementos do golpe, tinham a ideia rigorosa sobre os fundamentos, a génese do movimento e sua provável evolução. Acredita-se que soubessem do que gostariam que viesse a passar-se para darmos o tal salto para a frente com que todos sonhávamos, mas todos pareciam um pouco atordoados. Mário Soares, sentindo-se excessivamente dependente da estrutura do PCP, tinha fundado o seu próprio partido em Maio de 1973, para ver se conseguia um pouco mais de autonomia e, sobretudo, projecção ou protagonismo não só no espectro nacional como europeu. Na Alemanha reúne-se com meia dúzia de exilados políticos e leva a efeito o que se chamou de Congresso da AES (Associação de Esquerda Socialista), da qual era co-Fundador. Dali saiu, com pompa e circunstância, o partido socialista português, do qual Mário Soares era secretário-geral. E nesta função segue para a Europa, fazendo uma primeira escala em Bruxelas. Aqui encontra-se por mero acaso ou coincidência com Agostinho Neto que, por acaso, tinha decidido vir à Europa à procura de apoios. O homem do MPLA, derrotado politica e militarmente, parecia ressuscitar da longa agonia em que estava mergulhado. Ignora-se o teor da conversa entre os dois "lutadores antifascistas". Mário Soares sempre afirmou que não revelaria o teor da conversação havida entre ambos. No entanto, Agostinho Neto, sem qualquer projecção tanto a nível europeu como angolano, no dia seguinte, através de comunicados, incita os naturais de Angola a lutarem com toda a determinação contra o domínio e a opressão levados a cabo na sua terra, que sem qualquer benefício para o seu povo continuava a ser espoliado pelo colonizador. O que leva Agostinho Neto, que não dava sinais de vida desde 1971 e estava no Canadá aquando do 25 de Abril, a pedir ajuda aos angolanos para prosseguir a sua luta? Vem para Bruxelas, não se conhece a mando de quem e, após a conversa com Mário Soares, incentiva o povo angolano a pegar em armas e a expulsar o colonizador. Cheira a recado do nosso "mensageiro". Primeiro Acto de uma trágica odisseia que se vai arrastar por mais alguns meses, que perdura até hoje e jamais se apagará da memória dos portugueses e dos povos que a sofreram na pele.







Na sequência do golpe, Spínola ascende a Presidente da República e forma o primeiro governo provisório. Contra a vontade do PCP, Palma Carlos é o primeiro-ministro, mas sem liberdade para escolher os elementos do seu elenco ministerial. A comissão coordenadora do MFA, com Vasco Gonçalves à cabeça, segue as instruções do PCP que, de facto, é a sede do poder neste país desgovernado. Pereira de Moura, ex-comunista, contra a vontade de Spínola, assume a pasta da Educação onde irá ter lugar uma outra revolução. Todos nos recordamos das passagens administrativas. Conheci um jovem que em 1973 tinha reprovado no 5.º ano do liceu e que em Outubro de 1974 entrou para a Universidade de Coimbra!!! Recorde-se ainda um outro ministro, Capitão Costa Martins, da Força Aérea, que servira comigo na 3.ª Rep. do EMFA, onde não mostrara um mínimo de capacidade para o desempenho das suas funções, que foi chamado para a pasta do Trabalho onde teve como Secretário de Estado o Dr. Carlos Carvalhas o qual, logicamente, organizou o ministério e procedeu à respectiva purga.

Mário Soares, com toda a naturalidade, assume a pasta dos Estrangeiros enquanto Cunhal só é Ministro de Estado. Começam a rolar cabeças em todo o tecido nacional. Uns são demitidos, outros seguem para a prisão sem qualquer nota de culpa. Recorde-se que Kaúlza de Arriaga esteve enclausurado dezoito meses porque se negou a sair sem conhecer os crimes de que era acusado. Muitas outras figuras públicas foram metidas nas prisões sem que, a qualquer delas tenha sido elaborada nota de culpa. Espantoso! Foram enjaulados sem ninguém saber os crimes que tinham cometido. Casos como este foram às centenas, senão milhares. Portugal foi decapitado e os notáveis que foram saindo, substituídos por elementos preparados e instruídos pelo PCP.

Mas Mário Soares tem uma importantíssima missão a cumprir: a descolonização.




Carlos Carvalhas, Nelson Mandela e Álvaro Cunhal







Fundação Mário Soares

















Ver aqui







Ver aqui



Ao centro: Fernando Lima. Ver aqui



Ver aqui


Ver aqui



Ver aqui







José Manuel Anes




Ver aqui







Ver aqui



Ver aqui





Ver aqui






(...) Sabe-se [que a Fundação Mário Soares] não foi feita com dinheiros seus, mas com dinheiros públicos. O Governo, de uma só vez, deu-lhe mais de 500.000 contos e a Câmara de Lisboa, presidida pelo filho, deu-lhe um prédio no valor de centenas de milhares de contos.

(...) O percurso de Mário Soares é, no rebentar da revolução, descrito por ele próprio nos seguintes termos:

"No dia 24 de Abril estava em Bona e tinha um encontro previsto com elementos da fundação Hebert para os sensibilizar para o facto de estar-se a preparar uma revolução em Portugal. Eram as minhas informações e era, sobretudo, a minha própria apreciação da realidade, tal como a escrevera no jornal "Le Monde", num artigo publicado a seguir ao 16 de Março, onde comentara a revolta dos Capitães das Caldas da Rainha e "avisava" que esse movimento de descontentamento militar iria ter seguimento. A análise que fazia da situação é que era inevitável haver uma revolta das Forças Armadas que "não suportavam mais o peso da guerra colonial e a sucessão de comissões de serviço" no chamado Ultramar. Era já esta a minha apreciação quando se criou o partido socialista. Desembarquei na manhã do dia 28. Era um domingo, o que me proporcionou grandes manifestações populares desde a fronteira. E da estação fui directamente falar com o General Spínola. Dos militares do 25 de Abril conhecia apenas o Melo Antunes. Estivera na última campanha eleitoral em que participara, em Outubro de 1969. Encontrei-o uma ou duas vezes, foi ao meu escritório, falámos. Tratava-se de um militar no activo, um homem decidido que enfrentava os problemas e colocava as questões. No dia 1 de Maio viajei logo após o comício e a pedido de Spínola, para Paris, onde, para além de ver François Miterrand, me avistei também com o Presidente Senghor com quem apalavrei o encontro de Dakar. Em Bruxelas avistei-me com elementos do partido socialista e do governo Belga, Henri Simonet, por exemplo, e com Agostinho Neto. Em Londres estive no N.º 10, Downing Street, com o primeiro-ministro, Harold Wilson, e o ministro dos Negócios Estrangeiros".

Chegada de Mário Soares a Santa Apolónia após o 25 de Abril de 1974






















Soares e Cunhal






Legalização do PCP em 1974: Álvaro Cunhal com outros dirigentes comunistas. Ver aqui




Da esquerda para a direita: Dias Lourenço, Luis Corvalán (secretário-geral do PC Chileno) e Álvaro Cunhal







Ver 1, 2 e 3



Ver aqui



Ver aqui



Nesta sua história, Mário Soares não fez nem faz a mínima referência aos seus encontros com Cunhal e Boris Ponomariov em Praga, Paris e Londres, onde também teria estado Melo Antunes, o pseudo-cérebro da revolução dos cravos. Aí, nesses encontros, lhe foram transmitidas ordens concretas que teria de levar a efeito logo após a queda do governo que estava podre e nem pretendia continuar mais em funções.

Só Soares, Cunhal, Melo Antunes e Vasco Gonçalves sabiam da revolução tal como fora planeada pela União Soviética no período da Guerra Fria, quando os EUA se encontravam enterrados no Vietname. E aconteceu o 25 de Abril, com toda uma encenação para lhe dar um carácter de golpe militar quando no fim foi uma segunda edição do golpe comunista de 1948 em Praga. O grande "democrata" e anti-fascista Soares lança-se numa batalha frenética pela conquista do poder. A sua actividade desenvolve-se a um ritmo alucinante em vários sectores, em especial na descolonização, enquanto os verdadeiros senhores do poder nos tempos subsequentes à revolução se mantêm, aparentemente, na sombra, mas criando o aparelho que há-de conduzir o país ao caos completo, do económico ao educacional, do trabalho à justiça, etc., etc. Foi toda uma máquina complexa, mas extraordinariamente eficaz, que se vem arrastando até aos nossos dias, paralisando os centros vitais da actividade positiva e do progresso do país.

(...) Soares fica finalmente com a porta aberta para satisfazer as suas ambições pessoais. Após onze anos em funções governativas, limitou-se, quase exclusivamente, a estender a mão à caridade alheia da OCDE e do FMI, para conseguir os empréstimos que evitassem o descalabro económico e financeiro do país, que dá pelo nome de falência. E os milhões chegaram para tapar os buracos que ele próprio ajudara a abrir, embriagado pelo poder que lhe caíra nas mãos, levantando bem alto as bandeiras da democracia e liberdade que só serviam para os outros.

(...) Populista, demagogo e duma ambição desmedida, o poder mais alto do Estado cai-lhe finalmente nas mãos. (...) Mário Soares (...) retoma o caminho do esbanjamento e da promoção pessoal, consolidando a construção do "trono dourado" que idealizou para si e família.

(...) Só no seu último mandato, Soares fez mais de 100 viagens ao estrangeiro, mais do que as 87 que Sampaio totalizava em apenas oito anos de Belém. Quando Soares levava os mesmos oito anos de presidência, já averbava no bornal 111 viagens oficiais, mais 27 do que Sampaio. (...) Soares gostava de viajar com pompa e circunstância ao contrário de Sampaio que fez visitas mais curtas e com menor comitiva. As viagens de Soares não pretendiam essencialmente benefícios para Portugal, mas prestígio para o líder na sua desmesurada ambição pelo triunfo fácil e à custa dos contribuintes.






(...) Este chegou ao ponto de alugar um avião Jumbo para transportar os seus mais de 200 convidados, passeando-se pelo Extremo Oriente: China, Japão, Macau, Hong-Kong, Tailândia, durante cerca de 15 dias. Quanto terá custado ao erário público este louco desvario e quais os proveitos que trouxe a Portugal? Seria um exercício interessante e talvez não muito complicado de fazer.

(...) As críticas às suas constantes andanças pelo mundo nunca o preocuparam. Foi ele que disse um dia, numa referência directa ao então presidente da Câmara de Lisboa, João Soares: "O meu filho trata das ruas, eu trato dos passeios..."».

GENERAL SILVA CARDOSO («25 DE ABRIL DE 1974. A REVOLUÇÃO DA PERFÍDIA»).





SOARES, O MAIOR IMPOSTOR POLÍTICO

Por Alfredo Farinha, 6 de Setembro de 2005


«Mário Soares, "imposto" ao PS pelo seu secretário-geral e proclamado pelo partido como seu representante efectivo e único no certame eleitoral de Janeiro próximo, com largas semanas ou meses de antecedência em relação à sua declaração formal de que pretendia ou aceitava candidatar-se, depois de uma "mise-en-scène" ridiculamente empolada e prolongada, com a qual pretendeu, infantilmente - porque aos oitenta começa o inelutável regresso do adulto à "segunda meninice" - iludir os portugueses, fazendo-lhes crer que só ao cabo de longas meditações, dolorosas dúvidas e inúmeras consultas tomaria (ou não...) a "heróica decisão" de oferecer o corpo alquebrado e a alma inquieta à imolação final no altar da Pátria - que ninguém prejudicou e traiu tantas vezes como ele;

Mário Soares, o maior impostor político, talvez nado e criado em Portugal, quase sempre a saque de barões, burgueses, militares, salteadores e governantes:

Mário Soares, "o português que mais ganhou com a revolução de Abril", na opinião expressa por Rumsfeld, Secretário de Defesa dos Estados Unidos - e também, no campo político, admito eu, antes e depois do golpe;

Mário Soares, que toda a vida sonhou com a glória de participar na destituição do "tirano de Santa Comba", ou na sua eliminação física, mas deixou-o fugir-lhe das mãos (das dele e dos demais comparsas, tão canhestros como ele) para um sítio onde nunca poderá alcançá-lo - a terceira grande frustração, geradora de novos ódios, rancores e perseguições, agora contra tudo o que "o outro" amara, prestigiara e engrandecera, especialmente a Pátria.









Ao centro: Manuel Alegre e Mário Soares




Ver aqui







Ver aqui




Mário Soares, porventura o político português que mais amigos e camaradas traiu, com o único e ruim propósito de conquistar para si próprio os lugares e os poderes que almejava, como aconteceu com Salgado Zenha, Sousa Tavares, Rui Mateus e, agora mesmo, Manuel Alegre - a quem interesse mais detalhada lista das vítimas da insaciável avidez política do ex-PR, recomendamos a leitura de "Acuso" e "Contos Proibidos", respectivamente, de Henrique Cerqueira e Rui Mateus. Apenas como lamiré, ou como aperitivo, transcrevemos do primeiro as seguintes frases: "A carreira política do sr. Soares está cheia de sacanices" e "o comportamento daquela polícia de má memória (a PIDE, obviamente, esclarece o autor) é, apesar de tudo, bem mais decente que o dele". (pág. 197 e 198, "Editorial Intervenção"). E basta de citações. Que fique só o cheirinho... a merda de gato mal tapada» (Este artigo, extraído da obra de Silva Cardoso - 25 DE ABRIL DE 1974. A REVOLUÇÃO DA PERFÍDIA - carece da indicação onde foi publicado).



Dr. Mário Soares: "Desapareça"

Por João de Mendia, publicado a 4 de Setembro de 2005 no Diário de Notícias


«A auréola de democrata que erradamente se insiste em atribuir ao dr. Mário Soares tem sido contraditada pela sua própria conduta pública. Mas agora, velho, incontinente verbal a dizer o que dantes o coarctava a ambição e a evidenciar a sua verdadeira natureza, aí o têm a recandidatar-se a Presidente da República.

No que diz respeito ao Ultramar português, Soares esforçou-se de forma empenhada para que o processo se passasse como se passou. Contrariamente ao que se diz e à fama que se auto-atribui.

Em tempos de PREC, o dr. Mário Soares cativava inocentes com promessas de consultas populares, a serem feitas cá e lá, mas a verdadeira intenção era não perguntar nada a ninguém e entregar todo o nosso território ultramarino a elementos directissimamente ligados ao estalinismo soviético. Soares executou, objectivando-o, um desiderato do partido comunista. É assim deste personagem a responsabilidade pelo que considero ter sido, e ser ainda, a maior catástrofe nacional: a destruição, traiçoeira e vil, de um ideal eminentemente português e a sequente, horrorosa e previsível mortandade que se seguiu.

A gravidade deste horror indescritível vem ainda do facto de nunca ninguém ter investido Soares de poderes para dispor de território nacional. Nem mesmo isso seria jamais possível, por muito que invoque a legalidade revolucionária (que substancialmente não foi legalidade alguma, por se ter traduzido naquilo em que se traduziu: destruição de Portugal). A partir daqui, o que se passou é da enorme responsabilidade de uma pessoa imputável há 81 anos e que dá pelo nome de Mário Soares. A "descolonização exemplar" foi exemplarmente criminosa, e é imperdoável, tendo em vista a sua enorme gravidade.

Na nossa entrada na CEE o género continua. Depois de consultar técnicos, por si escolhidos, e aqueles o terem esclarecido de que não deveríamos entrar na então CEE, Soares, à revelia de tudo e de todos, comprometeu-se com Bruxelas e "implorou que nos aceitassem. Segue-se a cedência de tudo a todos e o desprezo olímpico pelos pareceres que iam no sentido oposto.























Ver aqui



Ver aqui











Para defesa do indefensável, Soares não se cansa de nos tentar convencer de que não haveria alternativas. Só que havia. E várias. A que escolheu era a pior.

Todas eram melhores, incluindo a entrada na CEE, mas bem negociada.

Soares, com o maior dos desaforos tem assumido atitudes quase majestáticas, como se tudo lhe fosse devido, reivindicando "direitos" que o têm colocado em ridículos patamares, como que a cobrar-se por uma resistência que está longe de ser a tal desgraça de que se queixa. Só que o que se deveria passar seria exactamente o contrário. Por razões de gravidade infinitamente menor das que vêm descritas em documentação vastíssima, e não desmentida, como na de Rui Mateus, entre outra, e pelo que está gravado na memória de centenas de milhares de espoliados do Ultramar, até o Ministério Público já, de alguma forma, se pronunciou. Havendo mesmo um notável parecer do prof. Cavaleiro Ferreira, eminente penalista, que por completo esclarece a situação. Mas o Dr. Soares, estranha, presumida e humilhantemente para todos, arroga-se o direito de ter direitos que ninguém mais tem.

Mário Soares está ainda longe de ter sido o responsável, como se diz, por vivermos neste simulacro de democracia. O que se passou foi que, no segundo 1.º de Maio depois de 74, quando Soares se pretendia juntar aos comunistas, foi por estes rejeitado. Só mais tarde, e por ter percebido que se não se afastasse do PC teria a sorte que tiveram as dezenas de centros regionais daquele partido, que foi terem ido pelo ar na sequência de reacções populares, aproveitou para inventar o chamado socialismo democrático, que nunca ninguém percebeu muito bem o que é, mas que é do que tem vivido até agora.

Soares, como governante, foi ainda pouco menos que uma nulidade. Nos governos provisórios foi o desastre que se sabe. Em 1978 foi demitido pelo General Eanes: por má governação. Em 1983-85 frustrou completamente os acordos de coligação com o PSD, que permitiriam a Portugal desenvolver-se e modernizar a economia. Em 1983-85, com Soares no poder, a inflação chegou a uns impensáveis 24% e o défice desses governos alcançou a vergonhosa marca de 12%! O país estava quase sufocado pela dívida externa e viveu até essa data (1985) praticamente com as estruturas do Estado Novo e com empréstimos do FMI. Tudo por culpa da teimosia do dr. Soares que, obstinadamente, se recusava a rever a Constituição que permitiria uma liberalização da nossa economia. Facto este que estava previsto nos acordos de coligação entre o PS e o PSD em 1983. O radicalismo de esquerda, no Verão Quente, foi, mais uma vez, bem mais da responsabilidade de Mário Soares do que do PCP, realidade que está na base do estado actual de Portugal.






Por todas estas, e por muitas outras razões. Mário Soares é a figura política que mais e mais gravemente prejudicou Portugal em toda a sua existência. Outros terão tentado, como Afonso Costa, mas, graças a Deus, não conseguiram. Mário Soares conseguiu. Assim, e usando a expressão que ele próprio usou com um GNR que o servia, exijo-lhe: "dr. Mário Soares, deixe-nos em paz. Desapareça"».



Ainda de João de Mendia, retirado do Diário Digital, da secção "Portuguesíades":


«Mário Soares é um dos grandes, sendo o maior logro gerado pelo 25 de Abril. Tem-se vindo a manter a ideia de atribuir à pessoa de Mário Soares exactamente aquilo que ele não foi nem fez. Convencionou-se que Soares é um democrata, mas não é, embora pareça. Convencionou-se que Soares é um bonacheirão, boa pessoa e cheio de charme, mas só o charme é que estará certo, exactamente naquela medida em que um Profírio Rubirosa o usaria para auferir sinecuras pelos meios que se conhecem. Convencionou-se que Soares está na base de uma descolonização exemplar e de ter feito dos cravos a nossa revolução mas, o que se passou, foi e é, dramaticamente o contrário. Convencionou-se, ainda, que é a Soares a quem se deve o isolamento do comunismo e a opção pelo que se veio a instalar no nosso país e a que vulgarmente de tem chamado democracia, mas não é nem uma coisa nem outra. Convencionou-se, também, ter sido Soares um dos grandes impulsionadores da nossa entrada para a Comunidade Europeia, o que, sendo certo desta vez, fê-lo da pior maneira e pelo pior processo, como adiante se recordará. Soares passa por ser um homem de cultura, estudioso que sempre terá sido não se sabe bem de que temáticas, mas, a realidade, é Soares tratar-se de uma pessoa de uma esperteza pouco mais que vulgar, que recorre a banalidades e a lugares comuns debitados de cátedra e em registo grandiloquente que lhe virá da circunstância de quase todos o bajularem e poucos, ou nenhuns, o contestarem. Com frequência são ainda atribuídas a Soares operações cuja irregularidade se assemelha a de outros que, por isso mesmo, estiveram, ou estão a braços com a justiça ou mesmo a cumprir tempo de cárcere. Mas, passado todo este tempo, urge atribuir a Mário Soares aquilo pelo que é responsável, dado que lhe acabam de passar 80 anos por cima e ser já tarde para se deixar de insistir num estatuto ridículo e quase majestático que ele próprio fomenta, usa e abusa para tudo e mais alguma coisa.

É hoje público que, pouco tempo antes do 25 de Abril, Soares esteve numa reunião com Cunhal, um dos principais estrategas de Brejnev, Ponomarev, e outros, em Paris, onde ficou decidido dar-se início ao que viria a ser um golpe de Estado em Portugal. Já não incentivando o terrorismo no Ultramar, mas preparando o golpe na própria sede do poder em Lisboa. E isto porque a nossa política ultramarina estava a ser cada vez mais bem acolhida, tanto nos próprios territórios como, crescentemente, na comunidade internacional. ONU incluída. Sendo assim, os tempos e os modelos por que tinha que passar este golpe de Estado estavam longe de ser democráticos, assim como tudo o que passou durante toda a longa fase criminal do PREC, tem Soares como um dos responsáveis. Tudo isto teve a sua expressa anuência, para além de que estava bem consciente de que a União Soviética era quem ditava as regras deste, e de muitos outros jogos. O verdadeiro programa, saído desta conspirata, que não ainda o do MFA que se alinhavou mais tarde, não podia deixar de ser do conhecimento e ter o aval de Soares.





Com frequência se ouve dizer a Soares que pouco terá tido a ver com a descolonização por sistematicamente ter sido ultrapassado por Melo Antunes e outros, sabendo-se agora, pela obra póstuma de Melo Antunes, não apenas as responsabilidades de Soares como a interferência dele em quase tudo. Chega mesmo ao cúmulo da desfaçatez de tentar convencer as pessoas de que, não fora a sua intervenção, os processos teriam tido aspectos ainda piores. Então, teve ou não responsabilidades? É revoltante e insultuoso ouvir o descaramento destas enormidades, sabendo ele, como poucos, as consequências daquilo que fez. Se não conseguia evitar o que agora admite ter tido algumas falhas, então que se tivesse demitido. Mas não se demitiu. Soares era o ministro dos Negócios Estrangeiros, e era com ele, e através dele, dado que não havia ainda Bruxelas para impor compromissos, que se definia e aplicava a nossa política externa. Muitos lhe chegaram a pedir, populações e quadros africanos inclusive, para que adiasse as independências por se prever com facilidade a inevitabilidade de horror de uma tragédia que se anunciava. Soares nada fez. Insistiu mesmo com as independências de todos os territórios, mesmo aqueles que ele sabia, melhor que ninguém, que pereceriam sem o apoio da Metrópole, como Cabo Verde, Timor e S. Tomé. E em Angola, por exemplo, as últimas e dramáticas contas elevavam a cerca de 3 a 4 milhões de pessoas, portuguesas muitas delas, mortas e assassinadas à mão directa e indirecta dos responsáveis pela independência e descolonização. E digo isto porque é frequente Soares abusar do argumento de que não será responsável pelo que se passou depois da independência, remetendo isso para as novas soberanias, o que não pode ser mais farisaico e demonstrativo do carácter e da sensibilidade que não existem nesta personagem. É que a responsabilidade mantém-se para lá da independência, como é óbvio, quanto mais não seja por todos saberem que os acordos de Alvor foram feitos à pressa, na madrugada anterior, por Almeida Santos, que tinha de África dezenas de anos de experiência, e sabia, assim como Mário Soares e melhor que ninguém, que o acordo não duraria mais que umas escassas horas. Mas eram compromissos com a bandeira política do marxismo comunista e socialista da altura, e outros que se saberá um dia, tarde temo eu, de onde viriam e em que é que consistiriam».
























Ver aqui




Ver aqui







Samora Machel e o 'descolonizador' Mário Soares. Ver aqui




Os signatários do Acordo de Lusaka







Moçambique



Ver aqui




Ver aqui






Ver aqui

















Nenhum comentário:

Postar um comentário