domingo, 18 de abril de 2010

O Despertar dos Mágicos (iv)

Escrito por Louis Pauwels e Jacques Bergier





Hans Hörbiger



Socialismo mágico


«Têm confiança nas equações e não têm em mim! De quanto tempo precisarão ainda para compreender que as matemáticas representam uma mensagem sem valor?».

Hans Hörbiger



Foi em 1913 que um certo Philipp Fauth (1), astrónomo amador especializado na observação da Lua, publicou com alguns amigos um enorme livro de mais de oitocentas páginas: A Cosmogonia Glacial de Hörbiger. A maior parte da obra era escrita pelo próprio Hörbiger.

Hörbiger, nessa época, administrava com negligência os seus negócios pessoais. Nascido em 1860, de uma família conhecida no Tirol desde há séculos, fizera os estudos na Escola de Tecnologia de Viena, e um estágio prático em Budapeste. Desenhador na fábrica de máquinas a vapor Alfredo Collman, entrara em seguida como especialista dos compressores na fábrica de Land, em Budapeste. Foi aí que inventou, em 1894, um novo sistema de torneira para bombas e compressores. A licença fora vendida a poderosas sociedades alemãs e americanas, e Hörbiger vira-se de súbito na posse de uma grande fortuna que a guerra em breve dispersaria.

Hörbiger era apaixonado pelas aplicações astronómicas das mudanças de estado da água: líquido, gelo, vapor, que tivera ocasião de estudar no seu trabalho. Pretendia explicar com isso toda a cosmografia e toda a astrofísica. Bruscas inspirações, intuições fulgurantes tinham-lhe aberto as portas, dizia ele, de uma ciência nova que continha todas as outras ciências. Ia transformar-se num dos grandes profetas da Alemanha messiânica e, como viriam a escrever depois da sua morte: «Um descobridor de génio abençoado por Deus».

A doutrina de Hörbiger deve o seu poder a uma visão completa da história e da evolução do cosmos. Ela explica a formação do sistema solar, o aparecimento da Terra, da vida e do espírito. Descreve todo o passado do Universo e anuncia as suas futuras transformações. Responde às três interrogações essenciais: o que somos nós? De onde vimos? Para onde vamos? E responde de forma exaltante.

Tudo assenta na ideia da luta perpétua, nos espaços infinitos, entre o gelo e o fogo e entre a força de repulsão e a força de atracção. Essa luta, essa tensão variando entre princípios opostos, essa eterna guerra no céu, que é a lei dos planetas, rege também a Terra e a matéria viva e determina a história humana. Hörbiger pretende revelar o mais longínquo futuro, e introduz noções fantásticas a respeito da evolução das espécies vivas. Altera aquilo que geralmente pensamos da história das civilizações, da aparição e do desenvolvimento do homem e das suas sociedades. Não descreve, a esse respeito, uma elevação contínua, mas uma série de ascensões e de quedas. Ter-nos-iam precedido, há centenas de milhares de anos, e talvez biliões de anos, homens-deuses, gigantes, civilizações fabulosas. Aquilo que eram os antepassados da nossa raça talvez nós o voltemos a ser, através de cataclismos e mutações extraordinárias, no decurso de uma história que, sobre a Terra como no cosmos, se desenrola por ciclos. Pois as leis do céu são as mesmas que as da Terra e o Universo inteiro participa do mesmo movimento, é um organismo vivo onde tudo se repercute sobre tudo. A aventura dos homens está ligada à aventura dos astros, o que se passa no cosmos passa-se sobre a Terra, e reciprocamente.







Como se vê, esta doutrina dos ciclos e das relações quase mágicas entre o homem e o universo fortifica o pensamento tradicional mais remoto. Volta a introduzir as antiquíssimas profecias, os mitos e as lendas, os antigos temas do Génesis, do Dilúvio, dos Gigantes e dos Deuses.

Esta doutrina, como melhor se compreenderá mais adiante, está em contradição com todos os dados da ciência admitida. Mas, dizia Hitler, «há uma ciência nórdica e nacional-socialista que se opõe à ciência judaico-liberal». A ciência admitida no Ocidente, como aliás a religião judaico-cristã que aí encontra cumplicidades, é uma conspiração contra o sentido da epopeia e do mágico que reside no coração do homem forte, uma vasta conspiração que fecha para a humanidade as portas do passado e do futuro para além do curto espaço das civilizações recenseadas, que a despoja das suas origens e do seu destino fabuloso, e que a priva do diálogo com os seus deuses.

Os sábios admitem geralmente que o nosso universo foi criado por uma explosão, há três ou quatro biliões de anos. Explosão de quê? Talvez o cosmos inteiro estivesse contido num átomo, ponto zero da criação. Esse átomo teria explodido e estaria desde então em constante expansão. Estariam contidas nele toda a matéria e todas as forças hoje empregadas no Universo. Mas, aceitando a hipótese, não se pode dizer, no entanto, que se trata do começo absoluto do Universo. Os teóricos da expansão do Universo a partir desse átomo omitem o problema da sua origem. No fim de contas, a esse respeito a ciência não faz declarações mais precisas do que o admirável poema índio: «No intervalo entre a dissolução e a criação, Vishnu-Cesha repousava na sua própria substância, luminoso de energia dormente, entre os gérmenes das vidas futuras».

No que se refere ao nascimento do nosso sistema solar, as hipóteses também são vagas. Imaginaram que os planetas teriam brotado de uma explosão parcial do Sol. Um grande corpo astral teria passado perto, arrancando uma parte da substância solar, que se teria dispersado no espaço e como que condensado em planetas. Depois, o grande corpo, o superastro desconhecido, continuando o seu percurso, ter-se-ia perdido no infinito. Imaginaram ainda a explosão de um gémeo do nosso Sol. O professor H.-N. Roussel, resumindo a questão, escreveu com humor: «Até que saibamos como é que a coisa aconteceu o que há realmente de certo é que o sistema solar se produziu de uma certa maneira».


Quanto a Hörbiger, ele pretende saber como a coisa aconteceu. Conhece a explicação definitiva. Numa carta ao engenheiro Willy Ley confirma que essa explicação lhe saltou à vista na juventude. «Tive a revelação, diz ele, quando, jovem engenheiro, observei um dia uma corrente de aço fundido sobre a terra molhada e coberta de neve: a terra explodia com certo atraso e grande violência». É tudo. A partir daí, a doutrina de Hörbiger desenvolver-se-á e começará a dar frutos. É a maça de Newton.

Havia no céu um enorme corpo de alta temperatura, milhões de vezes maior do que o nosso Sol actual. Esse corpo entrou em colisão com um planeta gigante constituído por uma acumulação de gelo cósmico. Essa massa de gelo penetrou profundamente no supersol. Nada se produziu durante centenas de milhares de anos. Depois, o vapor de água fez explodir tudo.

Alguns fragmentos foram projectados tão longe que se perderam no espaço gelado.

Outros tornaram a cair sobre a massa central de onde partira a explosão.

Outros finalmente foram atirados para uma zona média: são os planetas do nosso sistema. Havia trinta. São blocos que a pouco e pouco se cobriram de gelo. A Lua, Júpiter, Saturno são de gelo e os canais de Marte são fendas do gelo. Só a Terra não está inteiramente tomada pelo frio: aí mantém-se a luta entre o gelo e o fogo.

A uma distância igual a três vezes a de Neptuno encontrava-se, no momento dessa explosão, um enorme anel de gelo. E ali se encontra ainda. É o que os astrónomos oficiais teimam em chamar a Via Láctea, porque algumas estrelas semelhantes ao nosso Sol brilham através dele. Quanto às fotografias de estrelas individuais, cujo conjunto daria uma Via Láctea, trata-se de truques fotográficos.

As manchas que se observam no Sol e que mudam de forma e de lugar todos os onze anos continuam inexplicáveis para os sábios ortodoxos. Elas são produzidas pela queda de blocos de gelo que se desagregam de Júpiter. E Júpiter fecha o seu círculo em redor do Sol todos os onze anos.

Planeta Júpiter


Na zona média da explosão, os planetas do sistema de que nós fazemos parte obedecem a duas forças:

- A força primeira da explosão, que os afasta;

- A gravitação, que os atrai em direcção das massa mais forte, situada nas proximidades.

Estas duas forças não são iguais. a força da explosão inicial vai diminuindo, pois o espaço não está vazio: há uma matéria ténue, feita de hidrogéneo e de vapor de água. Além disso, a água que atinge o Sol enche o espaço de cristais de gelo. Assim, a força inicial, de repulsão, acha-se cada vez mais travada. Em contrapartida, a gravitação é constante. É o motivo por que cada planeta se aproxima do planeta mais próximo que o atrai. Aproxima-se dando voltas em redor, ou antes, descrevendo uma espiral que se vai estreitando. Desta forma, mais cedo ou mais tarde, todo o planeta cairá sobre o que estiver mais próximo, e todo o sistema acabará por cair novamente em gelo no Sol. E dar-se-á então uma nova explosão, e um novo recomeço.

Gelo e fogo, repulsão e atracção estão permanentemente em luta no Universo. essa luta determina a vida, a morte e o perpétuo renascimento do cosmos. Um escritor alemão, Elmar Brugg, escreveu em 1952 uma obra em homenagem a Horbiger, na qual dizia:

«Nenhuma das doutrinas de representação do Universo punham em jogo o princípio de contradição, de luta entre duas forças contrárias, e de que, no entanto, a alma do homem se alimenta há milénios. O mérito imperecível de Hörbiger é ter ressuscitado poderosamente o conhecimento intuitivo dos nossos antepassados por meio do conflito eterno do fogo e do gelo, cantado por Edda. Ele expôs esse conflito ante os olhos dos seus contemporâneos. Fundou cientificamente essa imagem grandiosa do mundo ligado ao dualismo da matéria e da força, da repulsão que dispersa e da atracção que torna a reunir.

É então certo: a Lua acabará por cair sobre a Terra. Há um momento, algumas dezenas de milénios, em que a distância de um planeta a outro parece fixa. Mas poderemos constatar que a espiral se estreita. Pouco a pouco, no decorrer dos tempos, a Lua aproximar-se-á. A força de gravitação que ela exerce sobre a Terra aumentará. Então as águas dos nossos oceanos juntar-se-ão numa maré permanente, e aumentarão de volume, cobrindo as terras, submergindo os trópicos e cercando as mais altas montanhas. Os seres vivos achar-se-ão progressivamente libertos do seu peso. Crescerão. Os raios cósmicos tornar-se-ão mais poderosos. Agindo sobre a génese e os cromossomas provocarão mutações. Ver-se-ão surgir novas raças, animais, plantas e homens gigantescos.






Depois, ao aproximar-se ainda mais, a Lua explodirá, girando a grande velocidade, e transformar-se-á num imenso anel de rochedos, de gelo, água e gás, girando cada vez mais depressa. Por fim, esse anel cairá sobre a Terra, e então será a Queda, o Apocalipse anunciado. Mas se sobreviverem alguns homens, os mais fortes, os melhores, os eleitos, estar-lhes-ão reservados estranhos e formidáveis espectáculos. E talvez o espectáculo final.

Após milénios sem satélite, durante os quais a Terra terá conhecido extraordinárias imbricações de raças antigas e modernas, civilizações vindas dos gigantes, recomeços para além do Dilúvio e de imensos cataclismos, Marte, mais pequeno do que o nosso globo, acabará por se lhe reunir. Atingirá a órbita da Terra. Mas é demasiado grande para ser capturado, para se tornar, como a Lua, um satélite. Passará muito perto da terra, roça-la-á ao cair sobre o Sol, atraído por ele, aspirado pelo fogo. Então a nossa atmosfera achar-se-á de um momento para o outro tragada, arrastada pela gravitação de Marte, e abandonar-nos-á para se perder no espaço. Os oceanos agitar-se-ão aos borbotões à superfície da Terra, lavando tudo, e a crosta terrestre estalará. O nosso globo, morto, continuando a girar em espiral, será apanhado por planetóides gelados que vagueiam pelo céu, e transformar-se-á numa enorme bola de fogo que por sua vez se precipitará sobre o Sol. Após a colisão haverá o grande silêncio, a grande imobilidade, enquanto o vapor de água se acumulará, durante milhões de anos, no interior da massa chamejante. Finalmente haverá uma nova explosão para outras criações na eternidade das forças ardentes do cosmos.

Tal é o destino do nosso sistema solar na visão do engenheiro austríaco que os dignitários nacionais-socialistas chamavam «O Copérnico do século XX». Vamos agora descrever esta visão aplicada à história passada, presente e futura da Terra e dos homens. É uma história que, através dos «olhos de tempestade e batalha» do profeta Horbiger, se assemelha a uma lenda, cheia de revelações fabulosas e formidáveis estranhezas (in ob. cit., pp. 314-320).


(1) Philipp Fauth nasceu a 19 de Março, de 1867 e morreu a 4 de Janeiro de 1941. Engenheiro e construtor de máquinas, as sua investigações sobre a Lua deram-lhe uma certa notoriedade: traçara dois mapas da Lua, e uma cratera dupla, ao sul da cratera de Copérnico, tem o nome de Fauth, por decisão da União Internacional de 1935. foi nomeado professor em 1939, por medida especial do Governo nacional-socialista.




Continua


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