Escrito por José Marinho
«Os ambientes sociais, dominados e saturados de pensamento comum, estão sempre receptivos, não apenas à negação da necessidade da filosofia, mas ao repúdio da mesma filosofia. O ambiente social dos portugueses é, há não poucos séculos, bem representativo desta receptividade. Fez dele um povo sempre empenhado em esquecer e ignorar a razão dos seus actos, feitos que mais contribuíram para a civilização, uma nação cujo estado a lança em sombria decadência por inimizade à pátria, enfim um país que o seu maior filósofo preveniu ser “o mais antifilosófico do planeta”. Assim chegou este povo a uma situação semelhante à da “Alemanha sem metafísica” do limiar do idealismo alemão, no início do século XIX, situação propiciatória, porque dela depende a sua sobrevivência, ao aparecimento daquela mais directa e sistematicamente expressa “teoria da cisão” que, segundo Álvaro Ribeiro, é essencialmente a “Teoria do Ser e da Verdade”, de José Marinho.»
Orlando Vitorino («As Teses da Filosofia Portuguesa»).
«É
Sampaio Bruno, com Antero de Quental e Leonardo Coimbra, um dos mais estudados
entre os nossos pensadores contemporâneos. Muitos leitores, senão também alguns
críticos, tardiamente consideram hoje ainda este grande leitor e crítico por
excelência, simples autor erudito de obra complexa e indigesta. Tal modo de ver
é dos olhos que vêem e não corresponde às muito reais possibilidades e à
efectividade do pensamento de Bruno [Os livros de Sampaio Bruno que
consideramos são: Notas do Exílio,
1893, O Brasil Mental, 1898, A Ideia de Deus, 1902, editados por
Lello & Irmão, Porto, e O Encoberto,
Porto, Liv. Moreira, 1904].
Já
desde a segunda década do nosso século, quando a actividade do pensador se
cumpriu, foi possível, com toda a seriedade e fundamento, formular sobre ele
qualquer destas sérias interrogações: Que pensou Bruno? Qual o significado e
valor da sua filosofia? Assinalam-no de modo mais considerável os artigos que
por ocasião da morte do autor d’A Ideia
de Deus lhe dedicaram, n’A Águia,
entre outros, Teixeira Rego e Leonardo Coimbra.
O
estudo de Leonardo Coimbra é, na sua maneira própria, amplo e sugestivo,
implicando visão mais densa e funda. O de Teixeira Rego, porém, é na mesma
brevidade e ampliada factura um dos escritos mais notáveis que nos tempos
modernos possuímos sobre qualquer dos nossos pensadores essenciais.
Indica
Teixeira Rego com nitidez, mesmo quando a argumentação possa considerar-se
deficiente, a íntima unidade ou adunação de todo o pensamento do autor de A Ideia de Deus. Com isenção e
objectividade, a objectividade e o rigor são características do pensamento de Teixeira Rego, acentua
este o carácter profundamente religioso da filosofia de Bruno, as razões da sua
obscuridade intencional mas necessária, o seu sentido do saber secreto ou
oculto. Leonardo Coimbra refere-se já não só à intrínseca unidade ou adunação
do pensamento de Bruno, mas à sua universalidade. Sugere os aspectos essenciais
dessa universalidade e antecipa de algum modo os caminhos dos futuros
intérpretes indicando o contraste e a afinidade funda entre a metafísica de
Sampaio Bruno e a sua.
Houve,
desde então, longo período de silêncio. Conquanto Fidelino de Figueiredo tenha
feito a cuidadosa menção dos seus livros na já referida bibliografia, conquanto
uma ou outra referência esclarecida a Bruno se encontre em diversos autores, só
em nossos dias estudo mais sistemático da sua obra e do seu pensamento se
empreendeu.
O
impulso foi dado por Álvaro Ribeiro que articulou Bruno com a sua própria
propedêutica filosófica, considerando-o o fundador da filosofia portuguesa E
interpretando o contraste da teologia messiânico-profética, que nós preferimos
designar como teurgia messiânico-profética, com a estreita concepção do homem e
da realidade nos estreitos limites da concepção positivista.
Como
interpretações diversas da de Álvaro Ribeiro, surgem as de Joel Serrão e Amorim de Carvalho. Àquele devemos o primeiro livro sistemático sobre o autor das Notas do Exílio, no qual interpreta a
sua filosofia num sentido exclusivamente antropológico, reconhecendo embora
toda a importância do saber secreto e das ciências ocultas para chegarmos adequada
e plenamente a compreendê-la. Pretende o segundo mostrar que a filosofia de
Bruno, reagindo contra aspectos mais efémeros do pensamento de Augusto Comte ou
do positivismo convencional, fica fiel a uma essencial positividade que se dobra
de uma metafísica afim da Metafísica do Inconsciente de Hartmann.
Hoje, considerados os estudos de Teixeira Rego e Leonardo Coimbra, se tivermos ainda em mente toda a significativa importância da oposição em que se desenha nos escritos dos três últimos intérpretes citados, não é já duvidoso todo o fundo interesse do pensador, embora muitos lhe recusem o nome de filósofo. Por que lho recusam? Talvez porque ainda esperam perante o pensamento estranho ou estrangeiro uma prova bem documentada. A responsabilidade de pensar e julgar e conferir digno princípio e garantia ao pensar e julgar é, porém, intransferível. Porque autonomamente se interrogou sobre o homem, sua condição, sua liberdade, seu destino, porque se interrogou sobre o ser primordial e o saber radical, sobre o bem e o mal, as raízes fundas do justo e do injusto, foi e ficou Bruno filósofo e um dos filósofos primaciais entre os que surgiram em Portugal e na nossa Península.»
José Marinho («Verdade, Condição e Destino no Pensamento Português Contemporâneo»).
«Ao
dizer-nos, a nossa 4.ª Tese, que a filosofia não se referencia à ciência, podemos
pois perguntarmo-nos qual a ciência que ela tem em vista. Evidente é concluir
que se trata da filosofia moderna. Reconhecemos como isso é limitativo, mas compreendemos
que, dada a convicção generalizada que descrevemos, tenhamos de admitir a
redução de todas as ciências à moderna, situação que ela própria criou. Mas perante
esta situação, forçoso é acrescentar aqui o seguinte. É certo que em qualquer
caso, isto é, perante qualquer ciência, a filosofia não carece de a ela se referenciar mas, no caso da filosofia moderna, e ao contrário do que acontece com a clássica, é a própria ciência que impossibilita a
referenciação uma vez que supõe e afirma a inexistência da filosofia, ela
também dada como um estádio ultrapassado, já não no progresso da ciência única,
mas no do pensamento que habita o homem. Momentos definitivos e decisivos desta
afirmação, em Descartes apenas anunciada, são o kantismo, o positivismo e o
socialismo. Como Hegel discursivamente demonstrou da “Introdução” à sua Ciência da Lógica, a crítica kantista
corta o caminho a qualquer desenvolvimento do pensamento filosófico. O
positivismo, por sua vez, faz condição da sua doutrina a extinção da
filosofia, consistindo num progressismo
que vem do que chama a idade teológica à idade filosófica, ou metafísica, e,
extinta esta, avança hoje pela idade positiva na qual todo o pensamento
possível se reduz a pensamento dos conhecimentos científicos. O socialismo,
finalmente, fecha todo o pensamento, seja ele pretensamente científico, e todo
o conhecimento, seja ele científico, numa teoria social.
Admitimos,
porém, que estas afirmações da inexistência ou inviabilidade da filosofia
provêm não propriamente da ciência, mas de fora dela, até de pensadores tão
significativos para a filosofia como Kant e Comte. O que de facto importa é a negação
da filosofia pela mesma ciência, ou seja, o facto de a ciência só poder ser o
que é desde que a filosofia seja afastada. É esta negação que dizemos suposta
na nossa 4.ª Tese.
(...)
Os grandes representantes da “filosofia portuguesa” são os que gradualmente
chegaram a concluir o que se enuncia na sua 4.ª Tese. Deles precursor, Sampaio
Bruno marcou a posição crítica a adoptar perante a ciência moderna mas ainda
confiou haver ou poder haver nela uma veracidade irrecusável; tal confiança
encaminhou a exposição do seu pensamento filosófico no livro mais
representativo desse pensamento, A Ideia
de Deus. Com efeito, toda a exposição revê aí referências aos conhecimentos
de ciência moderna, ao contrário do que acontece noutros livros, infelizmente
todos referenciados mas a outras sistematizações dos conhecimentos, em especial
ocultistas.
Leonardo Coimbra fez mais do que referências à ciência moderna no seu pensamento
filosófico. Habilitado com profundo e minucioso saber dos conhecimentos
científicos, dedicou longos anos e penosos trabalhos ao que esperaria vir a ser
uma filosofia da ciência moderna, isto é, a fundamentação que a ciência
reconhece não possuir. Cuidadosa e compenetrada atenção lhe mereceram os homens
de ciência que expuseram essa ausência de fundamentação, em especial A. N.
Whitehead e, sobre todos, H. Poincaré. Naturalmente, suscitou o seu interesse
intelectual para o contraditor deles todos, para Kant. E se não pode dizer-se
que foi um kantiano, é porque desde início viu a limitação do kantismo, o que há
de “artificioso” nele, logo nos pontos fulcrais da sua construção...
Em
artificiável momento das tentativas de realizar o seu propósito, Leonardo
remeteu para o que designou por “cientismo”, e segue uma posição imprópria da
ciência, as concepções que, como a da “desintegração da matéria”, são o produto
de uma ambição desmedida, negativa e absurda. Mas decepções que se vieram
sucedendo, e estão bem expressas nos seus livros, acabaram por o desviar do seu
propósito, por o fazer abandonar a referenciação da filosofia à ciência. É
quando reconhece que o próprio Kant se deixou tentar e absorver pelo “cientismo”.
Antes de se entregar, sem concessões, à exposição do seu pensamento filosófico,
ainda trocou a referenciação à ciência pela referenciação à religião, à poesia
e à política. Morreu porém de morte violenta sem haver exposto directamente o
pensamento filosófico cuja riqueza, deslumbrante riqueza, pode ser haurida onde
ficou dispersa, nas páginas dos livros, nas almas dos amigos, nas lembranças de
discípulos, onde se entregou a si próprio.
O longo caminho através da ciência, que Leonardo levou a filosofia a seguir, as decepções que se sucederam, o nenhures aonde esse caminho levou, foram aproveitados pelos seus dois maiores discípulos: José Marinho e Álvaro Ribeiro.»
Orlando Vitorino («As Teses da Filosofia Portuguesa»).
«José
Pereira de Sampaio nasceu a 30 de Novembro de 1857 na cidade do Porto. Naquele
tempo fundava-se em Lisboa o Curso Superior de Letras, que em 1870 seria
transformado em centro de difusão do positivismo. Influenciado pelas obras dos
alemães Feuerbach, Strauss e Büchner, publica Sampaio Bruno em 1874 o seu
primeiro livro, intitulado Análise da
Crença Cristã.
Não
faltam, nos escritos do pensador portuense, elementos de autobiografia
espiritual, segundo os quais poderemos reconstituir o movimento intelectual do
Liceu do Porto e de outras instituições culturais da Cidade. Vinte anos de
intensa doutrinação republicana, na qual Sampaio Bruno colaborava também como
jornalista, tiveram por consequência o movimento militar de 31 de Janeiro de
1891. Comprometido na preparação da conjura revolucionária, o nosso compatriota
teve de seguir para Paris, onde se dedicou a estudos filosóficos e religiosos.
Efectivamente, só com o livro Notas do Exílio (1892) é que Sampaio Bruno enceta a sua verdadeira carreira de escritor, em total independência perante o naturalismo, o socialismo e o ateísmo dos colaboradores das Conferências do Casino. Ao naturalismo em literatura opõe Sampaio Bruno o simbolismo, fundado no princípio de imaginação criadora; à sociologia internacional opõe a política nacional, segundo a doutrina republicana; ao ateísmo militante opõe o messianismo de A Ideia de Deus. Afastando-se de Antero de Quental, Oliveira Martins e Eça de Queirós, para acompanhar Teófilo Braga e Guerra Junqueiro, foi expondo o seu pensamento original em Teologia, antropologia e cosmologia, tornando assim possível a fundação da filosofia portuguesa.»
Álvaro Ribeiro («A Arte de Filosofar»).
«A
misantropia de Álvaro Ribeiro funde-se na observação de que a realidade é uma
realidade em decadência. O carácter normativo do pensamento consiste em
rectificar os erros que alimentam a decadência. Neste sentido se pode dizer que
a filosofia de Álvaro Ribeiro é uma filosofia do direito, pois o direito é a
rectificação. Álvaro Ribeiro diz que ao real
empírico se opõe o ideal lógico.
A
confirmação, se não a inspiração filosófica, da misantropia de Álvaro Ribeiro,
encontrou-a ele em Sampaio Bruno que, por sua vez, a recebeu para além da
análise, da reflexão das mitologias religiosas do paraíso perdido, da idade de
ouro, da queda original. A existência do real condiciona a existência do homem
e do mundo. A redenção é, todavia, possível, mas a esperança do homem tem sido
iludida pelas religiões redentoristas. Porque só o pensamento será redentor,
poderá travar e inverter o movimento de queda, e o novo Cristo que houver será
um Deus filósofo, “um Cristo cujos milagres sejam argumentos".
É
estranho que Álvaro Ribeiro tenha considerado Bruno “o fundador da filosofia portuguesa”, isto é, da sua própria filosofia. Porque Bruno é ainda um pensador
demasiado cingido às “verdades” do conhecimento científico, seja embora para as
refutar, e às “revelações” religiosas, seja embora para as discutir. É, de seu,
um pensador mergulhado nas trevas originais ou pré-originais, sempre aberto aos
vestígios de um caos cuja presença se prolonga desde as noites imemoriais e que
só à ciência, ou às leis científicas, atribui poder para ordenar.
Ora o mundo da misantropia de Álvaro Ribeiro não é o mundo lúgubre da misantropia de Bruno. Entre uma e outra situa-se o pensamento luminoso de Leonardo, e Álvaro Ribeiro tem sempre expressamente presente “a maravilha da criação”».
Orlando Vitorino («A Filosofia de Álvaro Ribeiro como Doutrina do Espírito», in revista Leonardo, Ano II, n.º 5/6, 1989).
«A Ideia não tem pressa»
Há
anos vimos longamente considerando e tratando, e isso por própria e funda
tendência do nosso espírito, não por cultural imitação, exigência idealista e
dialéctica, tentando pacientemente atender e respeitar aquele fundo pensamento
de Hegel, quando disse: «A Ideia não tem pressa». Nem cabe ignorar que da atenta
reflexão sobre tudo quanto sintetiza e tudo quanto já imediatamente significa,
depende muito e porventura muito mais que muito. Quem sabe? Se todos os
leitores atentos e reflexivos deste modesto escrito, se detivessem aqui, não
passassem adiante, e longamente atendessem tudo quanto Hegel quis dizer, é
claro como o mais claro que tudo de um dia para o outro assumia novo aspecto.
Tal é a potência de significado e sugestão verídica do pensamento!
«A
Ideia não tem pressa.» Esse profundo pensamento é o mais estranho possível aos
homens e até aos filósofos demasiado humanos, e logo o mostra Nietzsche, que
entendeu poder filosofar «às marteladas» e assim aquele e todos aqueles que
entenderam poder contraditoriamente tornar a dialéctica hegeliana em uma
espécie de aríete ou de explosivo capaz de apressar as coisas.
«A
Ideia não tem pressa.» Este profundíssimo pensamento é alheio aos homens
demasiado humanos e aos povos em crise e glória de demasiado, ou, noutra linguagem,
deficiente humanismo. Aos alemães, certamente, nos tempos posteriores a Hegel e
nos recentes, e aos ibéricos noutro tempo, e aos russos, hoje.
O
sentido da verdade urgente dominou durante largos séculos, e domina ainda, os
povos ibéricos. Crença ou sentido pragmático primaram em nós o mais puro
sentido especulativo. A Ideia frustrou-se aqui, por ser requerida com demasiada
pressa. De querermos a verdade alcançada, tivemos a verdade celeste que
necessariamente degenerou e nos deixou com as mãos vazias. No receio da
filosofia heterodoxa, perdeu-se a teológica ortodoxia.
O
pensamento de Sampaio Bruno é, sob este essencial aspecto, significativo. Não
desenvolve uma lógica, no melhor sentido do termo, nem uma dialéctica
consequente. Não se apresenta como metafísica do conhecimento e da compreensão,
mas, caracterizadamente, como metafísica de redenção. A interrogação que lhe
está na base não é, como nunca é, em geral, nos ibéricos, «que sei e posso
clara e plenamente compreender?», mas «que sou e como posso autenticamente
ser?».
Sem
se atender a este ponto, nada se intui ou abrange nem do pensamento português,
nem do sentido da nossa história e da nossa vida presente.
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José Marinho |
Não
nos interrogamos longamente sobre o sentido e sobre as possibilidades
teoréticas de uma razão distinta e de um conceber autónomo, e todas as
tentativas nesse sentido são afinal desviadas ou caem vencidas. O nosso
conceber é genesíaco e prático, polarizado em dois sentidos: a fé, referência
directa à revelação originária, a acção, ou redenção imediata do mundo. Se «a
Ideia não tem pressa», nós tivemos pressa em demasia.
E
entretanto, quando às vezes longamente revemos este conceito, que todo o
Português responsável deveria examinar, achamos que não há no que foi nada de
mau, no sentido dos críticos modernos. Se, com efeito, em nós, peninsulares,
foi demasiado obsessivo o sentido dos fins, a filosofia de além-Pirenéus
demorou-se bastante pelos caminhos e meios da natureza e da natural razão, da
cidade e da razão da cidade.
E
eis agora chegado o momento em que a Europa começa a saber claramente aquilo de
que já há muito suspeitava: tomou – vê ela – os meios pelos fins. Coisa essa,
certamente, já muitas vezes dita e repetida. Mas o propósito de quem pensa não
é a aleatória novidade, mas a verdade. A corajosa atitude de repetir implica a
capacidade de verificar o que está certo.
Começamos
a ver como pela segunda vez interferem os caminhos da Europa e os dos países do
Sol posto. De novo o que ficou mergulhado no passado surge perante a
actualizada mente europeia. Lamentável e até terrível seria que os preconceitos
importados da Europa, formando aqui uma escolástica de novo tipo (agora humano e
terreno), nos vedassem a consciência da situação e impedissem o ver equânime e
justo.
Como
é difícil dizer neste ponto tudo quanto importa! E como se corre o já
experimentado perigo de se ser julgado como qualquer restrito nacionalista
quanto o verídico sentido do universal nos move!
Uma
coisa, entretanto, deveria ver-se: não será com os modernos preconceitos
enciclopedistas, hoje obsoletos, que os novos caminhos se abrirão.
Sem atender a isso – mas toda a séria filosofia moderna leva a tal! – não se compreende o sentido do pensamento de Bruno. Para ajudar, por outro lado, a atender, nenhuma obra entre nós pode igualar a de Bruno. E nenhuma pode igualá-la porque ela abrange, em seu percurso, durante quase meio século, os extremos entre os quais se trava o debate que, sob certo aspecto, é do século XIX e dos nossos dias, e que, sob outro aspecto, é, por certo, tão velho e tão longo quanto as interrogações do homem, o mesmo homem e a própria filosofia.
(In José Marinho, Estudos sobre o Pensamento Português Contemporâneo, Biblioteca Nacional, Lisboa, 1981, pp. 56-57). Ver aqui
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