domingo, 13 de maio de 2012

«Iluminismo cristão» (ii)

Escrito por Papus (Gérard Encausse)








«No Congresso Espiritualista Maçónico de 1908, René Guénon esteve presente como secretário da mesa. Mas abandonou o Congresso, logo após a sessão de abertura, chocado com uma frase do discurso de Papus: "As sociedades futuras serão transformadas pela certeza de duas verdades fundamentais do espiritualismo: a sobrevivência e a reencarnação"».

António Carlos Carvalho (in pref. a R. Guénon, «A Crise do Mundo Moderno»).


«O iluminismo, doutrina da luz interior, é de tipo oriental. Segundo o iluminismo, a verdade não resulta da prática docente; descobre-se na alma humana, afastando os obstáculos corporais, passionais e intelectuais, segundo um procedimento de que ainda há eco em Sócrates. A alma humana tem de ser libertada da doutrina que estabelece a distinção entre o Criador e a Criatura, do princípio da individualidade natural, para que se realize a adunação mística ou búdica.

Dentro da ortodoxia católica o iluminismo teve como altos representantes Santo Agostinho e S. Boaventura, em cuja doutrina predominam os termos de contemplação, intuição e visão beatífica, posto que o objecto da filosofia e o fim ulterior do homem é o amor de Deus. O iluminismo propende, porém, para a heterodoxia, como no caso do quietismo de Madame Guyon, ressalvado por Fénelon, para o abandono dos sacramentos e da doutrina que os justifica, num mundo aberto à acção do homem.

Esta dilatação da fé, dilatação da luz, e consequentemente da liberdade, tendia a impelir para o domínio da teologia, ortodoxa ou heterodoxa, tudo quanto não pode ser demonstrado pela razão natural. Este alargamento da fé, por adesão a objectos intelectuais que não são dados da Revelação, nem estão contidos na Sagrada Escritura, tendia para o fideísmo, doutrina da subjectividade infinita que na Alemanha haveria de obter grande número de adeptos».

Álvaro Ribeiro («Filosofia Escolástica e Dedução Cronológica»).


«Proclamam acaso os professores que se aprenda e fixe o que eles pensam, e não as doutrinas mesmas, que eles julgam comunicar falando? Pois quem será tão estultamente curioso que mande o seu filho à escola, para que ele aprenda o que o professor pensa? Ora depois de terem [os professores] explicado por palavras todas essas doutrinas, que declaram ensinar, incluindo a da virtude e a da sapiência, então aqueles que são chamados discípulos, consideram consigo mesmos se se disseram coisas verdadeiras, e fazem-no contemplando, na medida das próprias forças, aquela Verdade interior de que falámos. É então que aprendem.

(...) "não chamemos mestre a ninguém na terra, pois que o único Mestre de todos nós está nos Céus" (Mateus, 23, 8-10). O que quer dizer - nos Céus - Ele próprio o ensinará, Ele que também pelos homens, por meio de sinais e de fora, nos incita a que nos voltemos para Ele no nosso interior, para sermos ensinados. A vida venturosa é conhecê-lo e amá-lo. Todos proclamam que a buscam, mas poucos são os que podem alegrar-se de a ter verdadeiramente encontrado».

Santo Agostinho («O Mestre»).


«A França é no Invisível a filha mais velha da Europa, devendo, por conseguinte, manter no seu seio o centro da iniciação. Mas, a maioria das lojas maçónicas francesas afastaram-se da iniciação, atendo-se aos compromissos maléficos da política, descendo de grau em grau até se tornarem centros activos de ateísmo e de materialismo.

Tendo abandonado o estudo dos símbolos, que estavam incumbidos de transmitir às gerações futuras, e tendo feito , sob protesto de anticlericalismo, uma guerra incessante a toda a crença e a todo o ideal, os Franco-Maçons franceses tornaram-se logo indignos de serem contados entre os membros da grande família maçónica universal».

Papus («Martinesismo, Martinismo, Willermosismo e Franco-Maçonaria»).




2.2. O Willermosismo

Dos discípulos de Pasqually dois merecem particularmente a nossa atenção pelas obras que realizaram: Jean-Baptiste Willermoz, de Lyon, e Louis-Claude de Saint-Martin. (...) Willermoz, negociante Lionês, era maçon quando começou a sua correspondência iniciática com Martinez de Pasqually. Habituado à hierarquia maçónica, aos grupos e às Lojas, concentrou a sua obra de realização no sentido do trabalho em grupo. Tendeu, pois, a constituir Lojas de Iluminados enquanto Saint-Martin dirigiu os seus esforços para o trabalho individual.




A obra capital de Willermoz foi a organização de congressos maçónicos, os Conventos, permitindo aos Martinistas desmascarar previamente a obra fatal dos Templários e apresentar o Martinismo sob o seu real aspecto de universalismo integral e imparcial da Ciência Hermética.

Quando foi iniciado por Martinez, Willermoz era venerável da loja A Perfeita Harmonia de Lyon, cargo que ocupou entre 1752 e 1763. Essa loja filiava-se com a Grande Loja de França. Em 1760, uma primeira selecção foi realizada e todos os membros portadores do grau de Mestre constituíram uma grande Loja de Mestres de Lyon tendo Willermoz como Grão-Mestre. Em 1765, uma nova selecção foi realizada através da criação do Capítulo de Cavaleiros da Águia Negra, colocados sob a direcção do Dr. Jacques Willermoz, irmão mais novo de Jean-Baptiste. Ao mesmo tempo, este abandonou a presidência da Loja ordinária e da Loja de Mestres, em favor do Ir/Sellonf, para colocar-se na chefia da Loja dos Elus Cohens, formada com os melhores elementos do Capítulo. Sellonf, Jacques Willermoz e Jean-Baptiste formaram um Conselho Secreto, tendo os irmãos de Lyon sob tutela.

Constata-se nos documentos depositados no Supremo Conselho da Ordem Martinista, vindos directamente de Willermoz, que as reuniões, reservadas aos membros portadores do título de Iluminado, eram consagradas à oração colectiva e às operações, permitindo a comunicação directa com o Invisível. Possuímos todos os detalhes necessários para a realização dessa comunicação; mas esses rituais devem ficar reservados exclusivamente ao Comité Director do Supremo Conselho. Podemos revelar, contudo, lançando grandes luzes sobre muitos pontos, que os iniciados davam o nome de Filósofo Desconhecido ao ser invisível com o qual se comunicavam. Foi ele quem ditou, em parte, o livro Dos Erros e da Verdade de Saint-Martin, que somente adoptou esse pseudónimo mais tarde, por ordem superior. Provamos essa informação no nosso volume consagrado a Saint-Martin.

A mais alta espiritualidade, a mais intensa submissão às vontades do Céu, as mais ardentes orações a Nosso Senhor Jesus Cristo jamais deixaram de preceder, de acompanhar e de encerrar as reuniões presididas por Willermoz (4). Apesar disso, os clérigos ainda desejam ver um diabo peludo e cornudo em toda a influência invisível e se estão dispostos a confundir tudo o que for supra-terrestre com influências inferiores, só poderemos lamentar uma posição desse tipo, que possibilita toda a espécie de mistificação e de jocosidade. O Willermosismo, assim como o Martinesismo e o Martinismo, sempre foi foi cristão mas nunca clerical. Ele dá a César o que é de César e a Cristo o que é de Cristo, jamais vende Cristo a César.

O Agente ou Filósofo Desconhecido ditou 166 cadernos de instrução, possibilitando a Saint-Martin copiar os principais. Entre todos esses manuscritos, cerca de 80 foram destruídos nos primeiros meses de 1790 pelo próprio Agente, para evitar que caíssem nas mãos de enviados de Robespierre, que se esforçou por obtê-los.


2.3. Os Conventos





Em 12 de Agosto de 1778, Willermoz anunciou o Convento de Gaules, realizado em Lyon entre 25 de 27 de Dezembro do mesmo ano. Esse convento tinha como objectivo apurar o sistema escocês e destruir todos os maus gérmens introduzidos no sistema pelos Templários. Sob a influência dos Iluminados de todo o País, saiu dessa reunião a primeira condenação do plano de vingança sangrenta, preparado em silêncio dentro de algumas lojas. O resultado dos trabalhos desse convento está contido no Novo Código das Lojas Rectificadas de França, mantido nos nossos arquivos e publicado em 1779.

Para se compreender o grande esforço realizado no sentido da união dos maçons é necessário lembrar que o mundo maçónico estava em plena anarquia.

O Grande Oriente de França fora fundado em 1772 graças à usurpação da Grande Loja por Lacorne e seus seguidores, dirigidos ocultamente pelos Templários. Estes, após terem estabelecido o Capítulo de Clermont, foram transformados em 1760 no Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente; em 1762, em Cavaleiros do Oriente, entrando, finalmente, no Grande Oriente através de Lacorne.

Graças à sua influência, o sistema de lojas foi profundamente modificado; em todos os lugares o regime parlamentar, realizando as eleições dos seus oficiais, substituiu a antiga unidade e autoridade hierárquica. Com a desordem causada por essa revolução, que se estendera por toda a parte, os Martinistas intervieram no sentido de trazerem a reconciliação para todos. Eis a razão desse primeiro convento de 1778 e dos seus esforços para impedir as dilapidações financeiras que se faziam em toda a parte.

Encorajado por esse primeiro sucesso, Willermoz convocou, a partir do dia 9 de Setembro de 1780, «todas as grandes lojas escocesas da Europa ao Convento de Wilhemsbad, perto de Hanau» (5). O Convento de Wilhemsbad foi aberto numa terça-feira, no dia 16 de Julho de 1782, sob a presidência de Ferdinand de Brunswick, um dos chefes do Iluminismo Internacional. Desse convento saiu a Ordem dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa de Jerusalém e uma nova condenação do sistema Templário.

Como se observa, o Willermosismo tendeu sempre para o agrupamento de fraternidades iniciáticas, para a constituição de colectividades de iniciados dirigidas por centros activos de novo ligados ao iluminismo. Não tem razão quem pensa que Willermoz abandonara as ideias dos seus mestres; pensar isso é conhecer mal o seu carácter elevado. Sempre até à morte, ele quis estabelecer a Maçonaria sob bases sólidas, dando como objectivo aos seus membros a prática da virtude e da caridade; mas sempre procurou fazer das lojas e dos capítulos, centros de selecção para os grupos de Iluminados. A primeira parte da sua obra era clara, a segunda oculta; é por isso que as pessoas mal informadas podem não ver Willermoz sob a sua verdadeira personalidade.

Após a tormenta revolucionária, tendo o seu irmão Jacques Willermoz sido guilhotinado, juntamente com todos os seus iniciados, havendo ele próprio escapado por milagre ao mesmo infortúnio, foi ainda ele quem reconstituiu a Franco-Maçonaria espiritualista, graças aos rituais que pôde salvar do desastre.


Louis-Claude de Saint-Martin e o Martinismo





Além dos estudos ligados ao Iluminismo, começados juntos a Martinez e desenvolvidos com Willermoz, Louis-Claude de Saint-Martin ocupou-se activamente da Alquimia. Ele possuía em Lyon um laboratório organizado para esse fim. (...) Tendo estendido o seu raio de acção, Saint-Martin foi obrigado a fazer certas reformas dentro do Martinesismo. Os autores clássicos da Maçonaria deram o nome do grande realizador à sua adaptação e designaram sob o nome de Martinismo o movimento proveniente de Louis-Claude de Saint-Martin. É muito divertido ver certos críticos, que nos abstemos de qualificar, esforçarem-se por fazer acreditar que Saint-Martin jamais fundou qualquer ordem.

A Ordem de Saint-Martin foi introduzida na Rússia sob o reino da Grande Catarina, sendo tão difundida ao ponto de ser mencionada numa peça de teatro encenada na corte. É à Ordem de Saint-Martin que se ligam as iniciações individuais, referidas nas memórias da baronesa de Oberkierch. O autor clássico da Franco-Maçonaria, o positivista Ragon, que não simpatizava com os ritos dos Iluminados, descreve nas páginas 167 e 168 de sua Ortodoxia Maçónica as mudanças operadas por Saint-Martin para constituir o Martinismo (6).

Sabemos que esses críticos não merecem ser levados a sério, principalmente por Saint-Martin ter desprezado a Franco-Maçonaria positivista, facto que nunca perdoaram. O mesmo Martinez, que remeteu a Maçonaria para o seu verdadeiro papel de escola elementar e de centro de instrução simbólica inferior. Em suma, quando desejam negar factos históricos, ridicularizam-nos.

Aqueles que os críticos universitários denominavam Teósofo de Amboise foi um realizador bastante prático, sob uma aparência mística. Empregou assim como Weishaupt (7) a iniciação individual. Foi graças a esse procedimento que a Ordem obteve facilidade de adaptação e de extensão, que muitos ritos maçónicos invejam. Saint-Martin não se dedicara à difusão da Cavalaria Cristã de Martinez, o que desencadeou violentos ataques endereçados contra a sua obra, a sua personalidade e a sua vida. (...)


Martinismo e Materialismo





A obra perigosa de Cagliostro não foi a única que Saint-Martin procurou combater. Ele também concentrou todos os seus esforços para lutar contra o progresso dos Filósofos, que se esforçavam por precipitar a Revolução espalhando por toda a Europa os princípios do ateísmo e do materialismo. Foram ainda os Templários (8) que conduziram esse movimento organizado, como nos indicam os trechos extraídos de Kirchberger:

«A incredulidade formou actualmente um clube muito bem organizado. É uma grande árvore que faz sombra numa parte considerável da Alemanha, que porta muitos maus frutos e que projecta as suas raízes até à Suíça. Os adversários da religião cristã têm as suas afiliações, os seus observadores e a sua correspondência muito bem montada; para cada departamento, têm um provincial que dirige os agentes subalternos; têm os principais jornais alemães sob controle, que constituem a leitura favorita do clero, que não gosta mais de estudar; os nossos jornais censuram artigos, aos quais dão a sua versão e criticam os demais; se um escritor quer combater o despotismo, enfrentará uma enorme dificuldade para encontrar um editor que queira encarregar-se do seu manuscrito. Eis o método para a parte literária; mas têm muitos outros para consolidar o seu poderio e enfraquecer aqueles que sustentam a boa causa».

«Se há uma vaga de instrução pública qualquer, ou se existe um senhor com necessidade de um instrutor para os seu filhos, eles têm três ou quatro personagens prontos que se apresentam ao mesmo tempo por canais diferentes; dessa maneira, estão quase sempre certos de vencer. Eis como é frequentada a Alemanha, e para onde enviamos os nossos jovens para estudar».

«Pesquisam também para colocar os seus protegidos nos gabinentes dos ministros da corte alemã; têm também os seus apadrinhados dentro dos conselhos dos príncipes e noutros lugares».

«Um segundo método que empregam é aquele de Basílio... a calúnia. Esse método torna-se para eles cada vez mais fácil, na medida em que a maior parte dos eclesiásticos protestantes são, infelizmente, os seus agentes mais zelosos; como essa classe tem mil maneiras de penetração em todos os lugares, podem espalhar os rumores que causam efeito, antes que se tenha tido conhecimento da coisa e tempo de se defender».

«Essa coalizão monstruosa custou trinta e cinco anos de trabalho ao seu chefe, que é um velho homem de letras de Berlim, e, ao mesmo tempo um dos livreiros mais célebres da Alemanha. Ele redige desde 1765 o primeiro jornal desse país; chama-se Frederic Nicolai. Essa Biblioteca Germânica foi também amparada pelos seus agentes, pelo espírito da Gazeta Literária de Viena, que é muito bem feito e que circula em todos os países onde a língua alemã é falada. Nicolai influencia ainda o jornal de Berlim e o Museu Alemão, dois veículos muitos acreditados. A organização política e as sociedades afiliadas foram estabelecidas quando os jornais inocularam suficientemente o seu veneno. Eles marcharam lentamente, mas com passo seguro. Actualmente o seu progresso é tão assustador e a sua influência tão grande, que não existe mais nenhum esforço que possa resistir-lhes; somente a Providência tem o poder de nos libertar dessa peste».






«No início, a marcha dos Nicolaistas foi muito silenciosa; associavam as melhores cabeças da Alemanha à sua Biblioteca Universal; os artigos científicos eram admiráveis; os temas de obras teológicas ocupavam sempre uma parte considerável de cada volume. Esses temas eram compostos com tanta sabedoria, que os nossos professores da Suíça recomendavam-nos nos seus discursos públicos aos nossos jovens eclesiásticos. Mas, pouco a pouco, eles expeliam o seu veneno, embora com bastante cautela. Esse veneno foi reforçado com endereço certo. Mas, por fim, tiraram a máscara e, em dois de seus jornais afiliados, esses celerados ousavam comparar o nosso Divino Mestre ao célebre impostor tártaro Dalai Lama (...). Esses horrores circularam na nossa terra, sem que ninguém em toda a Suíça desse o menor sinal de descontentamento. Então, em 1790, escrevi numa gazeta política, à qual estava anexa uma folha onde se escrevia tudo; despertei a indignação pública contra esses iluminadores, Aufklarer, ou esclarecedores, como se denominavam. Enfatizei a atrocidade e a profunda asneira dessa blasfémia».

«Neste momento, esses indivíduos causam uma influência negativa mais fraca através dos seus escritos do que pelas suas filiações, pelas suas intrigas e pelas suas infiltrações nos postos; de sorte que a maior parte do nosso clero, na Suíça, é corrompida moralmente até ao miolo dos ossos. Faço, por minha parte, tudo o que posso pelo menos para retardar a marcha desses indivíduos. Algumas vezes obtive sucesso, noutros casos os meus esforços foram impotentes, porque são muito adestrados e porque o seu número chama-se legião» (in ob. cit., pp.18-21; 25-26; 32-34).


Notas:

(4) «Conheci muitos Martinistas, tanto em Lyon como em diferentes cidades das províncias meridionais. Longe de parecerem ligados às opiniões dos filósofos modernos, demonstravam desprezo pelos seus princípios. A sua imaginação, exaltada pela obscuridade dos escritos do seu patriarca, deixava-os expostos a todo o género de credulidade. Embora muitos fossem distinguidos por talentos e conhecimentos, tinham o espírito amiúde ocupado com fantamas e prodígios. Não se limitavam a seguir os preceitos da religião dominante; mas livravam-se das práticas de devoção em uso na classe menos instruída. Em geral, os seus costumes eram bastantes regulares. Constatava-se grande mudança de conduta naqueles que, antes de adoptar as opiniões dos Martinistas, tinham vivido na dissipação e na procura dos prazeres» (Neunier, Influências dos Iluminados na Revolução, Paris, 1822, 8, p. 157).

(5) Ragon, Ortodoxia Maçônica, p. 162.

(6) Ficamos surpresos por ver o judicioso autor da História da Fundação do Grande Oriente de França ter o prazer de diminuir O Escocismo reformado de Saint-Martin, no qual só encontra «superstições ridículas e crenças absurdas». Não ignoramos que a maior parte das cópias existentes desse rito estão bastante alteradas, podendo induzir ao erro o homem mais instruído, mas, assinalemos: 1.º que grandes luzes e o talento de escrever asseguram a Saint-Martin um lugar distinto entre os Sectários particulares; 2.º que foi pelo menos uma empresa louvável, ultrapassando o círculo estreito desse labirinto e pelo orgulho; 3.º que a filiação dos graus de Saint-Martin apresenta, aparentemente, um sistema bastante coerente, um conjunto que pode conduzir facilmente todo o iniciado na arte real. Finalmente, cada grau em particular supõe um conhecimento profundo da Bíblia, que ninguém possuía melhor do que ele próprio dos textos originais, conhecimento bastante raaro entre os maçons. Poder-se-ia talvez apenas censurar-lhe de ser muito preso aos detalhes (De L'Aulnaye, Le Thuilleur Géneral).

(7) Veja Cartas à Caton Zwach, de 16.2.1781.




(8) Esses templários que, segundo Papus, organizaram um movimento subversivo que culminou com a Revolução Francesa, só tem o nome dos antigos Templários, construtores do Templo Místico de Salomão. Os primeiros originaram-se do Sistema Escocês instituído por Ramsay em 1728, «cuja base era política e cujo ensinamento tendia a fazer de cada Irmão um vingador da Ordem do Templo». Os antigos Templários originavam-se da Ordem do Templo, fundada em Jerusalém em 1118 por Hugues de Payens e Geoffroi de Saint-Omer e sete Cavaleiros, sob a espada do 67º sucessor de São João, o Evangelista. Exteriormente, tinham como objectivo proteger os peregrinos que se dirigiam ao Santo Sepulcro de Jerusalém; ocultamente, o objectivo era obter a Iluminação, como toda a ordem iniciática digna desse nome (N.T.).

Continua


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