Texto hermético transcrito por Titus Burckhardt
«... O espelho fora feito de forma a que nenhum homem pudesse ver-se nele materialmente, pois mal se colocava diante do espelho esquecia-se de imediato da sua própria imagem. O espelho representa o Espírito divino. Assim, quando a alma se olha nele, descobre toda a vergonha que encerra em si, pelo que prontamente a lança para bem longe do seu olhar... Uma vez purificada, imita o Espírito Santo, tomando-o por modelo, de modo que, por sua vez, ela própria se torna espírito. Ansiando pelo descanso, retorna constantemente a estado elevado, estado no qual o homem sabe reconhecer Deus e é reconhecido por Ele. Então, já sem nada que a ensombre, liberta-se das suas grilhetas, assim como daquelas que a prendem ao corpo... Que diz o filósofo?... Conhece-te a ti mesmo!... E é ao espelho espiritual do reconhecimento que ele se refere. Mas que outra coisa é este espelho senão o Espírito divino, origem de tudo quanto existe?... Quando um homem se olha e se vê nele, afasta-se de tudo aquilo que de deuses e demónios tem nome e, ao unir-se ao Espírito Santo, transforma-se enfim num homem completo, passa a ver Deus em si mesmo... Este espelho encontra-se por detrás de sete portas..., portas que correspondem aos sete céus. Sobre este mundo material, sobre as doze mansões do céu..., sobre tudo isto encontra-se este olho do sentido invisível, este olho do Espírito que se acha presente em toda a parte. E ali pode ver-se este espírito perfeito, no qual tudo se contém e cujo poder tudo alcança...» (Texto hermético redigido em língua síria, transcrito, com base em Berthelot, La Chimie au Moyen Âge, por Titus Burckhardt, in Alquimia, Publicações Dom Quixote, 1991, p. 56).
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