tag:blogger.com,1999:blog-78797850849733731122024-03-15T18:12:19.456-07:00Miguel Bruno DuarteLiceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.comBlogger1040125tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-59867343834575185362023-10-19T11:10:00.000-07:002023-10-19T11:10:48.265-07:00Como o que não pode ser conhecido não pode ser planeado<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Frederico Hayek</span></b></p><p><br /></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6PJCHSDpiI1QjQb3ze_GOd0TQvlFsQrg8Sp7vNvITaLMAyrzErr2gyvUdLPRDFD4ROdhq7hWW8TtYU7-S3J7UykG_RvEOp6vxdagiKqmur5btFSaY5wS_6A4W6q1RPcDejNO68yoqAibcSUX8DF7h2Yoo6yzzJkx0IeUfbl5_qHqmSYZU1bBpGO9mA4s/s2704/20221223191336_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2704" data-original-width="1785" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6PJCHSDpiI1QjQb3ze_GOd0TQvlFsQrg8Sp7vNvITaLMAyrzErr2gyvUdLPRDFD4ROdhq7hWW8TtYU7-S3J7UykG_RvEOp6vxdagiKqmur5btFSaY5wS_6A4W6q1RPcDejNO68yoqAibcSUX8DF7h2Yoo6yzzJkx0IeUfbl5_qHqmSYZU1bBpGO9mA4s/w422-h640/20221223191336_00001.jpg" width="422" /></a></div><p><br /></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Ninguém pode dar-se à liberalidade de atacar a propriedade
exclusiva e afirmar que dá valor à civilização. Não se pode dissociar a
história de ambas.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Henry Summer Maine<span style="color: #134f5c;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A propriedade [...] é, consequentemente, inseparável da economia
humana na sua forma social.»</b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Carl Menger<span style="color: #134f5c;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Os observadores avisados da ordem alargada emergente tão-pouco
tiveram grandes dúvidas de que esta estava alicerçada na segurança, garantida
pelos governos, que limitava a coerção à aplicação de regras abstractas que
determinavam a quem incumbia a posse de algo. O “individualismo possessivo” de
John Locke foi, por exemplo, não apenas uma teoria política, mas também o
produto de uma análise das condições que tinham propiciado a prosperidade da
Inglaterra e da Holanda. Baseou-se na ideia de que a <i>justiça</i> que a autoridade
política deve impor, se pretende assegurar a cooperação pacífica entre
indivíduos em que assenta a prosperidade, não pode existir sem o reconhecimento
da propriedade privada: "'Onde não há propriedade não há justiça' é uma proposição
tão correcta quanto qualquer demonstração de Euclides. Sendo a ideia de
propriedade o direito a algo e sendo a ideia a que é dada o nome de injustiça a
invasão ou violação desse direito, é evidente que estando assim instituídas
essas ideias e anexos a elas esses nomes, posso com certeza saber que esta
proposição é tão verdadeira quanto a de os três lados de um triângulo serem iguais
a dois recto" (John Locke: 1690/1924: IV, iii, 18). Pouco depois, Montesquieu
fez saber que o comércio expandira a civilização, suavizando os costumes
bárbaros do Norte da Europa.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Para David Hume e outros moralistas e teóricos escoceses do século
XVIII era evidente que a adopção da propriedade exclusiva assinalava o início
da civilização: as regras de regulamentação da propriedade pareciam tão
centrais à moral que Hume lhes dedicou a maior parte do seu <i>Treatise</i> sobre moral. Foi às restrições
ao poder do governo para interferir com a propriedade que, mais tarde, na sua <i>History of England</i> (Vol. V), atribuiu a
grandeza desse país; no próprio <i>Treatise</i>
(III, ii) explicou de modo claro que se a Humanidade executasse uma lei que, em
vez de estabelecer regras gerais sobre a posse e troca de propriedade, pelo
contrário, “atribuísse a maior posse à mais extensa virtude,... tão grande é a
incerteza do mérito, quer devido à obscuridade natural, quer por causa da
ideia que o indivíduo tem de si próprio, que nenhuma definição de regra de
conduta poderia derivar daí, tendo como imediata consequência a dissolução da
sociedade”. Posteriormente, em <i>Enquiry</i>,
referiu: “Fanáticos podem crer que <i>o
domínio assenta na graça e que só os santos herdam a terra</i>, mas o magistrado civil muito apropriadamente coloca estes teóricos sublimes ao mesmo nível dos
vulgares ladrões e ensina-lhes através de disciplina severa que uma regra que,
em especulação, possa parecer a mais vantajosa para a sociedade pode, contudo,
revelar-se, na prática, totalmente perniciosa e destrutiva” (1771/1886: IV,
187).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Hume assinalou de forma clara a ligação destas doutrinas à
liberdade e como a máxima liberdade de todos implica idênticas restrições à
liberdade de cada um através do que denominou as três “leis fundamentais da natureza”:
“a estabilidade da posse, a sua transferência por consentimento e o cumprimento
de promessas” (1739/1886: II, 288, 293). Ainda que as suas opiniões derivassem
em parte das dos teóricos da <i>common law </i>(direito comum), como Sir Mathew Hale
(1609-76), Hume pode ter sido o primeiro a entrever claramente que a liberdade
geral se torna possível quando os instintos morais naturais são “controlados e
restringidos através de um julgamento subsequente” de acordo com a “justiça ou
consideração pela propriedade alheia, <i>fidelidade</i>
ou respeito por promessas [que se tenham] tornado obrigatórias ou adquirido
autoridade para a Humanidade” (1741, 1742/1886: III, 455). Hume não incorreu no
erro, posteriormente muito corrente, de confundir dois sentidos de liberdade: a
ideia bizarra segundo a qual um indivíduo isolado é suposto ser livre e aquela
segundo a qual muitas pessoas colaborando mutuamente podem ser livres. Neste
último contexto de colaboração, só regras abstractas de propriedade – isto é,
as regras da lei – garantem liberdade.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Quando Adam Ferguson resumiu tal ensinamento ao definir o selvagem
como um homem que ainda não conhecia a propriedade (1767/73: 136) e Adam Smith
assinalou que “nunca ninguém viu um animal expressar através de gestos ou
gritos naturais que isto é meu e aquilo é teu” (1776/1976: 26), ambos exprimiam
o que fora, apesar de recorrentes revoltas por bandos de predadores esfaimados,
durante praticamente dois milénios a opinião das pessoas educadas. Na
formulação de Ferguson, “é por demais evidente que a propriedade é uma questão
de progresso” (<i>ibid.</i>). Tais
questões foram, conforme referimos, também investigadas na linguagem e no
direito; foram também compreendidas no liberalismo clássico do século XIX, e
foi, provavelmente por via de Edmundo Burke, ou talvez ainda mais através da
influência de linguistas e advogados alemães, como F. C. von Savigny, que tais
temas foram retomados de novo por H. S. Maine. A declaração de Savigny (no seu
protesto contra a codificação do direito civil) merece ser reproduzida por
extenso: “Só é possível que em tais contactos existam lado a lado agentes
livres, apoiando-se mutuamente e sem impedirem o seu desenvolvimento recíproco,
por via do reconhecimento de uma fronteira invisível no interior de cujos
limites é assegurado um determinado espaço livre à existência e acção de cada
indivíduo. As regras de definição dessas fronteiras, e por meio delas o livre
âmbito de cada um, constituem a lei” (Savigny, 1840: I, 331-332).»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/09/quanto-mais-alto-o-nivel-intelectual.html">Friedrich A. Hayek</a> («Arrogância Fatal: Os Erros do Socialismo»).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGotL0lY8aarhFQc3lL6uI_2gpe8HGrGqnOMhIl5Zh85njAAfAjr4WTz58emF9aT0_PjwHXvhFEGKEN6CrSku5cYT8eaw4wt-uJLH7Qs0pL-qiae26x7cer7FpFZpWPx5k82fo0Q4LUnAk8Wmlsej1rhDu_vxMtBWlsg-kPqE_FCi0vLrBtPmnAcZ_Ay0/s640/thumbnail_20200722182455_00001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="610" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGotL0lY8aarhFQc3lL6uI_2gpe8HGrGqnOMhIl5Zh85njAAfAjr4WTz58emF9aT0_PjwHXvhFEGKEN6CrSku5cYT8eaw4wt-uJLH7Qs0pL-qiae26x7cer7FpFZpWPx5k82fo0Q4LUnAk8Wmlsej1rhDu_vxMtBWlsg-kPqE_FCi0vLrBtPmnAcZ_Ay0/s16000/thumbnail_20200722182455_00001%20(1).jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«No primitivismo, que tanto pode ser um estado de barbárie em que “tudo
é comum” como a expressão, ainda infantil ou já caduca, de uma mentalidade
elementar, o homem vê-se extremamente carecente e quase só é um ser de
necessidade. Então, a sua relação com as coisas é, não a da propriedade, mas a
da posse que se destina à satisfação imediata de carências e desejos. Quando se
encontra perante a coisa e se apossa dela, é para a destruir: seja porque,
forçado pela necessidade, dela carece para se alimentar e vestir, seja porque
outra relação não conhece. Ignora que as coisas podem não ser pura passividade
e abandono, mas guardam algo de inviolável, uma espécie de ser que lhes é
próprio. Porque a propriedade, distinguindo-se da posse, reside no conhecimento
disso que é próprio das coisas. Mais do que adquirir-se, a propriedade
assume-se, revela-se, conhece-se; consiste, da parte da coisa, na dádiva do que
lhe é próprio e, da parte do homem, no conhecimento do que a coisa tem de
inviolável. Como, ao contrário do homem, a coisa é destituída da faculdade de a
si se conhecer, do homem lhe reverte esse conhecimento, dele recebe o modo de
existência que, entregue a si mesma, jamais alcançaria. Com efeito, em si mesma,
a existência da coisa é a mais próxima da matéria informe, contínua e infinita,
tão próxima da não-existência ou do nada que quase não oferece resistência à
destruição a que a sujeita a posse; poder-se-á até dizer que, abandonada a si
mesma, a coisa, e com ela a natureza e o mundo, acabaria por se dissolver e
regressar à matéria informe. O conhecimento que do homem lhe reverte, em troco
da dádiva que ela de si lhe faz, é o que segura a sua quase não-existência numa
forma definitiva, numa “presença” que é o repouso da coisa em si mesma sendo
para outrem.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/10/o-espirito.html">Orlando Vitorino</a> («Refutação da Filosofia Triunfante»).<span style="color: #134f5c;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p><b><span style="color: #134f5c;"><br /></span></b></p><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A forma mais radical – e a única segura – de posse é a
destruição, pois só possuímos para sempre e com certeza aquilo que destruímos.
Os donos de propriedade que não consomem, mas continuamente procuram aumentar
as suas posses, esbarram com um limite muito inconveniente: o facto lamentável
de que os homens morrem. A morte é o verdadeiro motivo pelo qual a propriedade
e a aquisição jamais podem tornar-se num princípio político verdadeiramente
válido. Um sistema social baseado essencialmente na propriedade não pode levar
a outra coisa senão à destruição final de toda a propriedade. A finitude da vida
pessoal é um desafio tão sério à propriedade como fundamento social quanto os
limites do globo são um desafio à expansão como fundamento do sistema político.
Por transcender os limites da vida humana, o crescimento automático e contínuo
da riqueza, além das necessidades e possibilidades de consumo pessoais, que é a
base da propriedade individual, torna-se assunto público e sai da esfera da simples
vida privada. Os interesses privados que, por sua própria natureza, são
temporários, limitados pela duração natural da vida do homem, podem agora fugir
para a esfera dos negócios e pedir-lhes emprestado aquele tempo infinito
necessário à acumulação contínua. Isto parece criar uma sociedade muito parecida
com as das formigas e das abelhas, onde “o bem comum não difere do bem privado;
e, naturalmente inclinadas para o benefício privado, consequentemente procuram
o benefício comum.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Como, porém, os homens não são formigas nem abelhas tudo não passa
de uma ilusão. A vida pública assume um aspecto enganador quando aparenta
constituir a totalidade dos interesses privados se esses interesses pudessem
criar uma qualidade nova pelo simples facto de serem somados».</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/09/antissemitismo-socialismo-e.html">Hannah Arendt</a> («As Origens do Totalitarismo»).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Politicamente, as térmitas organizam-se bem melhor de que nós e a
sua sociedade funciona aparentemente numa ordem perfeita, submetendo-se ao
regímen da realeza matriarcal absoluta. Os regímenes absolutos não gozam hoje
das simpatias gerais, pela simples razão de que, na História, não tornaram os
homens definitivamente felizes. O Império Romano pôde ser um êxito total em
certos momentos; mas cedo ou tarde, maus imperadores provocam catástrofes e
soldados rebeldes destroem o poder. Se pudéssemos ter um Napoleão que não fosse
belicoso e que durasse sempre, um Augusto ou Antonino imortal, ou mesmo um
simples Marco Aurélio, seríamos todos absolutistas.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
As térmitas resolveram este problema: a sua rainha dura anos: assiste a
numerosas gerações de térmitas; e quando morre, outra rainha – ou mesmo outra
termiteira – garante um funcionamento perfeito. A água, os alimentos, a educação
dos jovens, a agricultura, a defesa, estão garantidos. As térmitas não têm, em
política interna, nenhuma das nossas dificuldades.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A rainha, diz Marais, de todos os seus historiadores o que tem
mais simpatia por elas, governa telepaticamente, assegurando a felicidade
activa de todos.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #134f5c; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Denis Saurat («Preeminência das Térmitas», in «A Religião dos Gigantes e a Civilização dos Insectos»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMfOcfHb64HRru38GnzPnvI4zI2xqlOKmCCgsLQnjWNbXFMDtvqz9kZSvfhwWyLr7oqfOgyYaGsPTZ3kKX-5wMRLI25mQtFuIa99y_3Y0MM1xICczWuYwkCVntQbK3ohy1zUxsDHdkpxunFNVtWzsIr-3gzXxG7rd069vAER1SmXD76dxaNZomQnwkFfk/s640/20171216172005_00001%20(2).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="420" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMfOcfHb64HRru38GnzPnvI4zI2xqlOKmCCgsLQnjWNbXFMDtvqz9kZSvfhwWyLr7oqfOgyYaGsPTZ3kKX-5wMRLI25mQtFuIa99y_3Y0MM1xICczWuYwkCVntQbK3ohy1zUxsDHdkpxunFNVtWzsIr-3gzXxG7rd069vAER1SmXD76dxaNZomQnwkFfk/s16000/20171216172005_00001%20(2).jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">«Adaptação ao desconhecido é a chave de toda a evolução e o conjunto
de eventos a que a moderna ordem de mercado se adapta permanentemente é, de facto, desconhecido
de todos. A informação a que indivíduos e organizações podem recorrer para se
adaptarem ao desconhecido é necessariamente parcial e comunicado por sinais (por
exemplo, preços), através de extensas cadeias de indivíduos em que cada um transmite em forma modificada uma combinação de fluxos de sinais de mercado
abstractos.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Não obstante, <i>a estrutura
global de actividades tende a adaptar-se através destes sinais parciais e
desconexos a condições imprevisíveis e impossíveis de conhecer a nível individual</i>,
ainda que a adaptação nunca seja perfeita. É por isso que esta estrutura
sobrevive, e que aqueles que a utilizam também sobrevivem e prosperam.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Não são possíveis substitutos deliberadamente planeados desse
processo autodirigido de adaptação ao desconhecido. Nem a razão nem uma “bondade
natural” inata orientam os homens neste sentido, tal cabendo antes à amarga
necessidade de submissão a regras desagradáveis para suportar a competição com
grupos que já começaram a expandir-se por terem deparado antes com essas
regras.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Se tivéssemos construído deliberadamente ou déssemos
conscientemente forma à estrutura da acção humana, bastaria inquirir junto dos
indivíduos porque é que tinham interagido com uma estrutura específica. Na
realidade, apesar dos esforços de gerações de investigadores, é
extraordinariamente difícil de chegar a uma explicação destas questões e a
consenso acerca das causas ou consequências de certos acontecimentos.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">A curiosa incumbência da economia passa por demonstrar aos homens
como efectivamente pouco sabem acerca do que imaginam ser capazes de conceber.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Para a mente ingénua, que só consegue conceber a ordem como
produto de um arranjo estipulado, pode parecer absurdo que em condições
complexas a ordem e a adaptação ao desconhecido possam ser alcançadas de forma
mais efectiva através de decisões descentralizadas e que a divisão da autoridade
aumente realmente a possibilidade de uma ordem global.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Acontece que a descentralização gera, de facto, mais informação a
ser tida em linha de conta. Este é o principal motivo para rejeitar as
exigências do racionalismo construtivista. Pela mesma razão, só a divisão,
passível de alterações, do poder de dispor de certos recursos entre grande
número de indivíduos capazes de decidir sobre a sua utilização – uma partilha
obtida graças à liberdade individual e à propriedade exclusiva –, torna possível
a exploração mais completa possível do conhecimento disperso.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHgNRKhq5xv4zudRP2CN8GZp5tzgnUFFM_pHdJkaL-sZ48zmKVqLoJRM-l921A0uTwlg8p3CU3sMcfx60PEFcYq-g9rDTfOp8b77-F5pxzXTdQ-e8NwMd78h4h16KflYXuN-IRtaHe2b6MbxRgwGvJE_NVQ5COsowdZUchNwKi_SL1OUUzDDyKGymjDkI/s3840/2741013-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-There-is-in-a-competitive-society.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHgNRKhq5xv4zudRP2CN8GZp5tzgnUFFM_pHdJkaL-sZ48zmKVqLoJRM-l921A0uTwlg8p3CU3sMcfx60PEFcYq-g9rDTfOp8b77-F5pxzXTdQ-e8NwMd78h4h16KflYXuN-IRtaHe2b6MbxRgwGvJE_NVQ5COsowdZUchNwKi_SL1OUUzDDyKGymjDkI/w640-h360/2741013-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-There-is-in-a-competitive-society.jpg" width="640" /></a></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Grande parte da informação particular ao dispor de cada um só pode
ser utilizada na medida em que se possa recorrer a ela na tomada de decisões
individuais. Ninguém é capaz de comunicar a outrem tudo o que sabe porque muita
da informação que pode usar só se manifestará no processo de elaboração de
planos para a acção. Essa informação será mobilizada à medida que trabalha na tarefa
específica a que se propôs em condições peculiares, como seja a relativa escassez de diversos materiais disponíveis.
Só assim pode o indivíduo descobrir o que procurar, e o que o ajuda a fazer
isso no mercado são as respostas que os outros dão ao que encontram nos seus
respectivos ambientes. O problema genérico é usar não apenas o conhecimento que
se possui, mas também descobrir o máximo de informação que valha a pena
procurar nas condições existentes.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">É frequente a objecção de que a instituição da propriedade é
egoísta por beneficiar apenas quem possui algo de seu e que foi efectivamente “inventada”
por pessoas que, tendo adquirido alguns bens individuais, desejaram protegê-los
de outrem para usufruto em seu benefício
exclusivo.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Tais concepções, que naturalmente subjazem ao ressentimento de
Rosseau e à sua alegação de que os nossos “grilhões” foram impostos por
interesses egoístas e exploradores, não têm em conta que a gigantesca dimensão da nossa produção global só é possível por usarmos, através da troca
mercantil de propriedade exclusiva, o conhecimento amplamente disperso de
factos específicos para alocar recursos de propriedade exclusiva. O mercado é o
único método conhecido para fornecer informação que capacite os indivíduos a
avaliarem as vantagens comparativas dos diversos usos de recursos de que têm
conhecimento directo e mediante os quais, de forma intencional ou não, satisfazem
as necessidades de pessoas distantes e desconhecidas. Este conhecimento
disperso é na sua essência <i>disperso</i>,
e não pode ser reunido e transmitido a uma autoridade encarregada da tarefa de
criação premeditada de ordem.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Portanto, a instituição da propriedade exclusiva não é egoísta nem
foi ou poderia ter sido “inventada” para impor aos outros a vontade dos
proprietários. Ao invés, é genericamente benéfica por transferir a orientação
da produção das mãos de uns quantos indivíduos que – independentemente do que
possam alegar – têm um conhecimento limitado, para um processo, a ordem
alargada, que maximiza o uso do conhecimento de todos, beneficiando assim
aqueles que não possuem propriedades quase tanto quanto aqueles que possuem.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">A liberdade de todos ante a lei tão-pouco exige que <i>todos</i> sejam capazes de possuir propriedade
individual, mas antes que <i>muitos</i> a
ela possam aceder. Eu próprio preferia certamente dispor de propriedade num
país em que muitos possuam qualquer coisa do que ter de viver onde toda a
propriedade é “possuída pelo colectivo” e distribuída pela autoridade para usos
específicos.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Este argumento é também contestado, e inclusivamente ridicularizado,
como a desculpa egoísta das classes privilegiadas. Os intelectuais,
raciocinando nos termos de processos causais limitados que aprenderam a
interpretar em áreas como a física, acham fácil persuadir trabalhadores manuais
de que decisões egoístas de proprietários individuais de capital – em vez do
próprio processo mercantil – usam oportunidades muitíssimo dispersas e factos
relevantes em constante mutação. O processo global de cálculo em termos de
preços de mercado foi, inclusivamente, apresentado por vezes como parte de uma
manobra sub-reptícia dos detentores de capital para esconderem a forma como
exploram os trabalhadores. Essas objecções não chegam de modo algum a pôr em
causa os argumentos e factos já apresentados: <i>um hipotético corpo de factos objectivos não está ao dispor de
capitalistas manipuladores nem é acessível aos gestores que os socialistas
gostariam de colocar no seu lugar</i>. Tais factos objectivos simplesmente não
existem e não estão ao alcance seja de quem for.»</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/09/a-cegueira-do-filosofo.html">Friedrich A. Hayek</a> («Arrogância Fatal: Os Erros do Socialismo»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg27z5K4cjFkggrHEJpq7Yof4-adTFvyiH06FkzGPpI4XZTT_x1V_PnhqtmEOl2lRQsObVpceV_kb8OqeqgTwEOXsJbx7ifANbRpBbQpS-9qkaiHkoenQ5INA7YESsLBeQR44Q9xsEAkffljdjjKe7taOPaL1N-KypcH2_NiA_l86O0pgHL9nFFhcrkEdQ/s1600/5279056-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-Is-there-a-greater-tragedy.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg27z5K4cjFkggrHEJpq7Yof4-adTFvyiH06FkzGPpI4XZTT_x1V_PnhqtmEOl2lRQsObVpceV_kb8OqeqgTwEOXsJbx7ifANbRpBbQpS-9qkaiHkoenQ5INA7YESsLBeQR44Q9xsEAkffljdjjKe7taOPaL1N-KypcH2_NiA_l86O0pgHL9nFFhcrkEdQ/w640-h360/5279056-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-Is-there-a-greater-tragedy.jpg" width="640" /></a></div><br /><br /><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000; font-family: times; font-size: x-large;">Como o que não pode ser conhecido não pode ser planeado</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><br /></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">As dúvidas que Rousseau lançou sobre a instituição da propriedade
exclusiva tornaram-se no fundamento do socialismo e continuaram a influenciar
alguns dos maiores pensadores do nosso século. Até mesmo uma personalidade como
Bertrand Russell definiu a liberdade como a «ausência de obstáculos à
realização dos nossos desejos» (1940: 251). Antes do óbvio fracasso económico
do socialismo da Europa do Leste, muitos desses racionalistas pensavam que uma
economia de planeamento central propiciaria não apenas «justiça social» (...) como, ainda, uma utilização mais eficaz dos recursos económicos. Esta ideia
parece eminentemente sensata à primeira vista. Ignora, contudo, os factos que
acabámos de referenciar: ninguém está em condições de conhecer a totalidade dos
recursos que se podem utilizar num tal plano e, portanto, dificilmente é
possível um controlo centralizado.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os socialistas continuam, mesmo assim, a não reconhecer os
obstáculos ao posicionamento adequado de decisões individuais num padrão comum
concebido como um «plano». O conflito entre os nossos instintos que, desde
Rousseau, foram identificados com a «moral», e as tradições morais que
sobreviveram no decurso da evolução cultural e refreiam esses instintos, está
consubstanciado na frequente separação entre diversas filosofias éticas e
políticas, por um lado, e a economia, por outro.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A questão não reside no facto de que tudo aquilo que os
economistas estabelecem como sendo eficaz é portanto «correcto», mas que a
análise económica pode elucidar a utilidade de práticas outrora tidas por
correctas – utilidade na perspectiva de qualquer filosofia que condena o
sofrimento humano e a morte que acarretaria o colapso da nossa civilização. É,
consequentemente, uma traição à preocupação pelos outros teorizar sobre a
«sociedade justa» sem ponderar cuidadosamente as consequências económicas da
implementação de tais doutrinas. Contudo, após 70 anos de experiência
socialista, é seguro dizer-se que a maior parte dos intelectuais fora das
regiões – Europa de Leste e Terceiro Mundo – onde o socialismo foi
experimentado continua a ignorar as lições económicas e a mostrar-se
desinteressada em apurar por que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">razão</i>
o socialismo nunca parece funcionar conforme as <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intenções</i> dos seus líderes intelectuais. A vã busca dos
intelectuais por uma verdadeira comunidade socialista redunda na idealização e
posterior desilusão com um rosário interminável de «utopias» – a União
Soviética, depois Cuba, China, Jugoslávia, Tanzânia, Nicarágua – e devia
indicar que algo deve haver com o socialismo que não se conforma a certos
factos. Mas tais factos, explicados pela primeira vez por economistas há mais
de um século, continuam por escrutinar por aqueles que se orgulham da sua
rejeição racionalista da ideia de que podem existir factos que transcendem o
contexto histórico ou representam um obstáculo intransponível aos desejos
humanos.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Entre os que estudam economia na tradição de Mandeville, Hume e
Smith, emergiu, entretanto, de uma forma gradual um entendimento do processo
mercantil e, igualmente, uma crítica poderosa à possibilidade de o socialismo o
poder substituir. As vantagens desses procedimentos de mercado eram tão
contrárias às expectativas que só podiam ser explicadas retrospectivamente mediante
a análise do seu processo de formação espontânea. Quando isso se fez,
descobriu-se que o controlo descentralizado de recursos, em propriedade plena,
leva à criação e uso de mais informação do que sob direcção centralizada. Ordem
e controlo além do alcance imediato de uma direcção central só podem ser
conseguidos por supervisão centralizada se, ao arrepio dos factos, os gestores
locais responsáveis por aferir recursos manifestos e potenciais pudessem ser
informados também em tempo real da alteração ininterrupta da sua importância
relativa. Teriam, ainda, de comunicar na sua totalidade e em detalhe estes
pormenores à autoridade de planeamento central a tempo de esta os poder
instruir sobre o que fazer à luz de todas as demais, diferentes e concretas informações
recebidas de outros gestores regionais ou locais, que, por sua vez, se
deparariam com dificuldades semelhantes para a obtenção e transmissão de
informação similar.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzCxaUkt98iO15OlQo6AiBCY6WlzrvOBfaTiqSmJwf4pWMjShZS-nHtR702BYZvcT9QyGsQbwJVyR-jEKlN0_i6kA7BmPbUZkIYoW37JJPgqCF6AWdVakEB6B-1c8l4ALIPLQxzydVQPwQ0l2N4qH0L0LouDY9vyN6SK3qhBc9DYabxXkh6XGt9zWCvKk/s3840/3742183-Ludwig-von-Mises-Quote-The-socialist-system-however-forbids-this.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzCxaUkt98iO15OlQo6AiBCY6WlzrvOBfaTiqSmJwf4pWMjShZS-nHtR702BYZvcT9QyGsQbwJVyR-jEKlN0_i6kA7BmPbUZkIYoW37JJPgqCF6AWdVakEB6B-1c8l4ALIPLQxzydVQPwQ0l2N4qH0L0LouDY9vyN6SK3qhBc9DYabxXkh6XGt9zWCvKk/w640-h360/3742183-Ludwig-von-Mises-Quote-The-socialist-system-however-forbids-this.jpg" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Uma vez percebida a tarefa de semelhante autoridade de planeamento
central, torna-se claro que as ordens que teria de emitir não poderiam advir da
informação que gestores locais tivessem identificado como importante, só
podendo originar-se exclusivamente em acordos directamente delimitados. A
suposição hipotética, habitualmente empregada nas descrições teóricas do
processo de mercado – feitas por pessoas que habitualmente não pretendem apoiar
o socialismo –, de que todos esses factos, ou parâmetros, podem considerar-se
ser do conhecimento do analista do fenómeno, torna tudo isto obscuro e, em
consequência, gera as excêntricas descrições que ajudam a manter diversas
variantes do pensamento socialista.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A ordem da economia alargada é e só pode ser gerada por processos
totalmente diferentes, mediante um método de comunicação evoluído que torna
possível transmitir não infinitos e múltiplos relatórios sobre factos
particulares, mas apenas determinadas propriedades abstractas de diversas
condições específicas, como preços concorrenciais, que devem entrar em
correspondência mútua de forma a alcançar uma ordem global. Estas comunicam as
diferentes relações de substituição ou equivalência que as diversas partes
envolvidas consideram predominar entre diversos bens e serviços ao seu dispor.
Determinadas quantidades desses objectos podem ser equivalentes ou substitutos
possíveis uns dos outros para satisfazer certas necessidades humanas ou para
produzir, directa ou indirectamente, os meios para tal. Por mais surpreendente
que seja a existência de semelhante processo e a sua emergência através de selecção
evolutiva sem concepção deliberada, desconheço tentativas de refutar esta
descrição ou negar a validade do próprio processo, a menos que se considerem as
singelas declarações de que todos esses factos podem, de alguma forma, ser do
conhecimento de alguma autoridade de planeamento central. [Ver também,
relativamente a isto, a discussão do cálculo económico <i style="mso-bidi-font-style: normal;">in</i> Babbage (1832), Gossen (1854/1889/1927), Pierson (1902/1912),
Mises (1922/81), Hayek (1935), Rutland (1985), Roberts (1971)].</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A ideia de «controlo central» é, com efeito, confusa. Não há e não
poderá nunca existir uma mente directora única, cabendo a um conselho ou comité
a elaboração de um plano de actividades para determinada empresa. Ainda que
membros individuais possam ocasionalmente, para convencer os outros, citar
elementos específicos de informação que influenciaram as suas opiniões, as
conclusões da entidade não se irão basear no conhecimento conjunto, mas num
acordo entre diversos pontos de vista baseados em diferentes observações. Cada
pedaço de informação com que uma pessoa contribua tenderá a levar outrem a
relembrar ainda outros factos de cuja relevância apenas se apercebeu ao ser
informado de outras circunstâncias que desconhecia. Semelhante processo faz uso
de informação dispersa – estimulando assim o comércio, ainda que de modo muito
deficiente, por em regra não ser concorrencial e implicar escassa
responsabilização – em vez de unificar o conhecimento de diversas pessoas. Os
membros do grupo só serão capazes de comunicar entre si escassas razões
distintas, transmitindo sobretudo conclusões retiradas do respectivo
conhecimento individual sobre o problema em causa. Além disso, só raramente as
circunstâncias serão, de facto, idênticas para diferentes pessoas enfrentando a
mesma situação ou, pelo menos, na medida em que diga respeito a algum sector da
ordem alargada e não apenas a um grupo mais ou menos autoconfinado.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMMo2wSzObNSMO1QLR4dcXkOPQ3o-IKz5r-xQFHV97tPjQZD1317D69qvQhWC0KxluaPBATJYV_Iv37jmZ_wkwo4rOAxNPg-Hgh9KD9m9FrleOVmQOUI449slmE8orTmPRxEOJt5bRsHl6mbMo-t_vxaVxVpfQe8GrMZ6PTfiJxPyPT1FqVTIzMQ4P5Q4/s3840/2616536-Ludwig-von-Mises-Quote-The-Welfare-State-is-merely-a-method-for.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMMo2wSzObNSMO1QLR4dcXkOPQ3o-IKz5r-xQFHV97tPjQZD1317D69qvQhWC0KxluaPBATJYV_Iv37jmZ_wkwo4rOAxNPg-Hgh9KD9m9FrleOVmQOUI449slmE8orTmPRxEOJt5bRsHl6mbMo-t_vxaVxVpfQe8GrMZ6PTfiJxPyPT1FqVTIzMQ4P5Q4/w640-h360/2616536-Ludwig-von-Mises-Quote-The-Welfare-State-is-merely-a-method-for.jpg" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A melhor ilustração da impossibilidade de uma alocução «racional»
propositada de recursos numa ordem económica alargada sem orientação por preços
formados em mercados concorrenciais é o problema da alocução da oferta corrente
de capital líquido entre diversas aplicações passíveis de aumentar o produto
final. O problema consiste essencialmente em apurar o volume de recursos produtivos
acumulados que podem ser poupados a prazo em relação às necessidades presentes.
Adam Smith tinha presente o cunho relevante desta questão quando, referindo-se ao
problema enfrentado pelo detentor privado de tal tipo de capital, escreveu: «em
que género de indústria doméstica deve aplicar o seu capital e qual a produção
mais valiosa, cada indivíduo, como é óbvio, na sua circunstância local, julga
isso muito melhor do que qualquer estadista ou legislador em vez dele»
(1776/1976).</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Se considerarmos o problema do uso de todos os meios disponíveis
para investimento num sistema económico de economia alargada sob uma autoridade
directora única, a primeira dificuldade consiste em ser impossível uma pessoa
conhecer a quantidade agregada de capital disponível para uso corrente, apesar
de, obviamente, esta quantidade ser limitada no sentido do efeito de maior ou
menor investimento resultar em discrepâncias entre a procura de vários tipos de
bens e serviços. Tais discrepâncias não se irão autocorrigir, mas
manifestar-se-ão através da impossibilidade de cumprir algumas instruções da
autoridade directora por falta dos bens requeridos ou porque certos materiais
ou instrumentos fornecidos não podem ser utilizados devido à carência dos meios
complementares requeridos, como ferramentas, matéria-prima ou trabalho. Nenhuma
das ordens de grandeza que deveriam ter sido levadas em conta pode ser definida
pela inspecção ou medição de objectos «determinados» e tudo dependerá das
possibilidades entre as quais outras pessoas terão de escolher em função do
conhecimento que possuam na ocasião. Uma solução aproximada desta tarefa só
será possível mediante a interacção entre quem possa averiguar a relevância de
circunstâncias particulares do momento através dos seus efeitos nos preços de
mercado. A «quantidade de capital» disponível demonstra, então, por exemplo, o
que acontece quando a parcela dos recursos correntes utilizada para satisfazer
necessidades a prazo é maior do que aquela que as pessoas estão dispostas a
poupar no consumo corrente para aumentar a provisão para um futuro distante,
isto é, a sua disponibilidade de aforro.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A compreensão do papel desempenhado pela transmissão de informação
ou de conhecimento factual abre a porta à compreensão da ordem alargada. Estas
questões são, todavia, altamente abstractas e especialmente difíceis de
entender por quem seja formado nos cânones de racionalidade mecanicista,
cienticista e construtivista que dominam os nossos sistemas de ensino,
tendendo, em consequência, a ignorar a biologia, a economia e a evolução.
Confesso que demorei bastante desde o meu primeiro avanço, no ensaio «Economics
and Knowledge» (1936/48), passando pela identificação da «Competition as a
Discovery Procedure» (1978: 179-190), e o ensaio <i style="mso-bidi-font-style: normal;">The Pretense of Knowledge</i> (1978: 23-34), até formular a teoria do
conhecimento disperso da qual derivam as conclusões sobre a superioridade das
formações espontâneas em relação à direcção central.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In Friedrich A. Hayek,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Arrogância Fatal: Os Erros do Socialismo</i>,
Guerra e Paz, 1.ª Edição, Novembro de 2022, pp. 125-130).</span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_OP-EaE2T1uZJiqFXqAN-ZqcoqK9wSChcx2VF_M5ch5_Zw0BwJmMKKroEocJVSLs6mtYiATdyIMSGZLO055_r0WTWA8zs-VacldKu7McJ-2q3-MNIIDyR-cAlxT0feRPGJkIigbqbVngeqIFq1-etMm_dSceX6-T6bjBmq57nRmJdQlDRj4QpRDdxeek/s767/325dae12debaa0482f0eef2ae7c9ed9d.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="767" data-original-width="501" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_OP-EaE2T1uZJiqFXqAN-ZqcoqK9wSChcx2VF_M5ch5_Zw0BwJmMKKroEocJVSLs6mtYiATdyIMSGZLO055_r0WTWA8zs-VacldKu7McJ-2q3-MNIIDyR-cAlxT0feRPGJkIigbqbVngeqIFq1-etMm_dSceX6-T6bjBmq57nRmJdQlDRj4QpRDdxeek/s16000/325dae12debaa0482f0eef2ae7c9ed9d.png" /></a></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></div><p></p><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-66954241141073290152023-10-14T05:39:00.002-07:002023-10-14T05:45:18.279-07:00Heidegger e o curso «Introdução à Metafísica» (1935)<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Victor Farías</span></b></p><p><br /></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_mGBZTPOs6eA3G3rMS42N6Dglg_6yd-GwOhFoJi2SfmCc6yglrKx3whDJX1um8mQbFUlYjlFjjt3vCD_dz9Xkmi85uCRToplBGBYYT0ogWtU7yIYMBdvpJOm2_wlqixc7WwHc4YZA8BgkjM0BuVjq5577jX9p2AaHKjjZJl_gVSbYD_o9E93sjQVRnO4/s632/spear-2-e1375314820729.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="421" data-original-width="632" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_mGBZTPOs6eA3G3rMS42N6Dglg_6yd-GwOhFoJi2SfmCc6yglrKx3whDJX1um8mQbFUlYjlFjjt3vCD_dz9Xkmi85uCRToplBGBYYT0ogWtU7yIYMBdvpJOm2_wlqixc7WwHc4YZA8BgkjM0BuVjq5577jX9p2AaHKjjZJl_gVSbYD_o9E93sjQVRnO4/s16000/spear-2-e1375314820729.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">A Lança Sagrada no Palácio Imperial de Hofburg (Viena, Áustria).</span></b></td></tr></tbody></table><p><br /></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Vós, homens superiores, aprendei a rir.»</b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/por-que-sou-uma-fatalidade.html">Frederico Nietzsche</a> («Zaratustra»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><div style="background-color: white; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 10.4px; text-align: center;"><b><span style="color: #741b47;"><br /></span></b></div><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«O cenário do último encontro entre Nietzsche e Wagner, em
Bayreuth, é bem conhecido, porque o grande céptico e crítico o registou com o
seu brilhantismo habitual. Parece que Wagner, completamente inconsciente da
repugnância de Nietzsche pelos seus pensamentos sobre Cristo, tinha exposto o tema
do seu <i>Parsifal </i>projectando-o através da sua recém-adquirida experiência
religiosa de redenção e regresso ao seio cristão (tudo isto, claro, na premissa
de que Jesus não nascera judeu, mas sim de uma gloriosa estirpe ariana).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Nietzsche, para quem o cristianismo era uma depravação, “um dizer
Não a tudo”, uma capitulação ao veneno Paulino, mal conseguiu controlar os seus
sentimentos de repugnância e virou costas a Wagner e a Bayreuth para sempre.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>“Estava de facto na altura de dizer adeus”, escreveu (em <i>Nietzsche contra Wagner</i>), depois de ver
o seu único amigo rastejar deploravelmente pelo caminho da renúncia<i>, </i>“um decadente decrépito e desesperado,
impotente e quebrado, perante a cruz cristã”.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Nietzsche descreveu como deixou Bayreuth, o grande lar do
Festspiel de Wagner, sentindo <i>“aquele
tremor que toda a gente sente depois de passar inconscientemente por um perigo
tremendo”.</i></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Em verso, parodiando o estilo de Fausto, de Goethe, Nietzsche registou
os seus pensamentos sobre a conversão de Wagner.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Será isto ainda alemão?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Terá um coração alemão dado origem a estes tórridos gritos agudos?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Será de um corpo alemão esta autolaceração?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Ou serão sequer alemães esta afectação clerical,<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> Este cheiro a incenso,
estas rezas tétricas?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Alemão, este cambalear hesitante,<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Este repique adocicado, <i>bim-bam</i>?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Estes olhares de freira, este <i>Avé</i> transformador,<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Toda esta falsamente extática beatificação celestial?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Será isto ainda alemão?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Pensem! Reflictam! Estão perplexos?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Aquilo que ouvem é Roma – <i>a fé de Roma sem o texto.<o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><i> </i><o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span lang="EN-US" style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Friedrich Nietzsche: <i>Wagner as the Apostle of Chastity</i>.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Numa veia mais séria, uma mistura de fúria e desapontamento,
Nietzsche diz o que pensa sobre o <i>Parsifal</i>
de Wagner:</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>“Será o <i>Parsifal</i>, de Wagner,
a sua forma secreta e superior de se rir de si próprio? É evidente que o
desejaríamos; pois o que seria de <i>Parsifal</i>
se fosse criado com a intenção de ser uma peça séria? Teremos de o ver (como
alguém disse contra mim) como ‘o aborto enlouquecido do ódio pelo conhecimento,
espírito e sensualidade’? Uma maldição sobre os sentidos e o espírito de um
único ódio e fôlego. Uma apostasia e uma reversão a doentios ideais cristãos e
obscurantistas? E no fim, uma auto-abnegação e uma auto-eliminação por parte do
artista, que almejara anteriormente o oposto disto. Pois <i>Parsifal</i> é uma obra de perfídia, de espírito vingativo, de uma
tentativa secreta de envenenar a pressuposição da vida – uma obra má...
Desprezo qualquer pessoa que não entenda <i>Parsifal</i>
como uma tentativa de assassinato da ética básica.”</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b><span style="color: #741b47;"><i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">Wagner as the Apostle of Chastity</span></i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">, Friedrich Nietzsche.</span></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8geCwlj5wpbjKafcZsX7A8tTbTEtjWcn_ZmAy-NweW2WT4DZR8dA46bVQNTN5I1G9JALk2JFQe0pb3AA7mtdnpc0zLiM31Rl1LuNt2Gq7JeI9F5xvktycMDbvpsAoUhB4qHmcIoUIg-tZixjAXsKP4XBVA5-IbalTpg8EHS9UfAwY7nfYc-6w9kJq3jY/s640/thumbnail_20190218193901_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="422" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8geCwlj5wpbjKafcZsX7A8tTbTEtjWcn_ZmAy-NweW2WT4DZR8dA46bVQNTN5I1G9JALk2JFQe0pb3AA7mtdnpc0zLiM31Rl1LuNt2Gq7JeI9F5xvktycMDbvpsAoUhB4qHmcIoUIg-tZixjAXsKP4XBVA5-IbalTpg8EHS9UfAwY7nfYc-6w9kJq3jY/s16000/thumbnail_20190218193901_00001.jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A troca de insultos pública entre Nietzsche e Wagner não foi de
forma alguma uma coisa unilateral. Richard Wagner respondeu à letra, com uma
argumentação muito persuasiva, a favor de uma forma de cristianismo que
afastava a fé do seio do judaísmo, provando ser o oposto diametral daquilo a
que o taciturno Nietzsche chamava desdenhosamente “uma consequência do judaísmo”.
Mas Wagner afirmava que lhe fora revelado que Jesus Cristo nascera da mais pura
estirpe ariana, e que o Deus cristão nunca fora um membro dos racialmente profanados
povos judaicos, sobre os quais afirmava estarem à procura de uma “solução final”
para libertar a pátria das suas influências corruptoras. [A expressão “solução
final”, que prefigura as câmaras de gás dos campos da morte e a liquidação de
cerca de seis milhões de judeus europeus, foi primeiro pronunciada pela boca de
Richard Wagner durante a sua “conversão” cristã].</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A ideia de que o sangue de Jesus era sangue ariano, um conceito
que só por si mostra uma compreensão completamente errónea da natureza
universal do cristianismo, dava um significado novo à <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/12/o-ideal-da-cavalaria.html">demanda do Santo Graal</a>.
Significava que esses mistérios sagrados deviam ser considerados exclusivamente
alemães e que os <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/o-templo-e-o-graal.html">Cavaleiros do Graal</a> eram uma prerrogativa unicamente alemã.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O feroz ódio e desdém que se desenvolvera entre os dois grandes
heróis e fontes de inspiração de Adolf Hitler criava-lhe uma espécie de dilema –
principalmente porque a rixa entre ambos começara por ser sobre a natureza do
sangue de Cristo e o significado da Lança que o derramara.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Um grande problema permanecia por resolver: quem estava certo, nas
suas opiniões sobre Jesus Cristo? O músico, que caíra de joelhos perante um
Cristo ariano, ou o filósofo melancólico que chamara idiota ao Deus cristão? O
maestre de Bayreuth, o grande profeta de um novo cristianismo pangermânico, ou
o visionário solitário que previra a chegada do Super-Homem?</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Adolf Hitler conseguiu, de alguma forma, chegar a uma decisão que
não o forçava a tomar partido final de nenhum dos seus mentores heróicos (quem
mais poderia ter feito um salto mortal intelectual tão admirável?): retirou
simplesmente do talento irradiante de Wagner e do génio sombrio e taciturno de
Nietzsche os elementos de que necessitava para construir a sua própria e
distorcida <i>Weltanschauung</i>.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/02/a-lanca-do-destino.html">Trevor Ravenscroft</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/04/a-doutrina-secreta.html">«A Lança do Destino»</a>).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh38_OG-jD9PhGQkEAIz5guADc9GbLz2NpPaRH4m9dloYWXeoo0jP-TiwII1c6x6zWwbUzGJg45BUzLF2VnzSkjGRC1qDXaGwpVVC0Yg98-FMhMFVR4eaQ0tYcBh87kHVoOjxw0qulsoKxlEUDWUWEUr5sBmX-LhOxfcrwPt2V1VNrZG8wV_BO62hInpRM/s1024/15190143230_45fa2251a4_b.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="685" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh38_OG-jD9PhGQkEAIz5guADc9GbLz2NpPaRH4m9dloYWXeoo0jP-TiwII1c6x6zWwbUzGJg45BUzLF2VnzSkjGRC1qDXaGwpVVC0Yg98-FMhMFVR4eaQ0tYcBh87kHVoOjxw0qulsoKxlEUDWUWEUr5sBmX-LhOxfcrwPt2V1VNrZG8wV_BO62hInpRM/s16000/15190143230_45fa2251a4_b.jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><b>«A vida acaba onde começa o reino de Deus.»</b></span></p><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/frederico-nietzsche-marcha-progressiva.html">Frederico Nietzsche</a> («Crepúsculo dos Ídolos»).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Apercebi-me a pouco e pouco de que a imprensa social-democrata
era dirigida sobretudo por judeus; mas não atribuí nenhuma significação
particular a esse facto, já que o mesmo acontecia em relação aos outros
jornais. Uma única coisa podia, talvez, atrair a atenção: não se encontrava uma única folha que incluísse judeus entre os seus redactores que se
pudesse considerar como verdadeiramente nacional no sentido que a minha educação e
as minhas convicções me faziam dar a essa palavra.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Fiz um esforço e tentei ler as produções da imprensa marxista, mas
a repulsa que elas me inspiravam acabou por tornar-se tão forte que procurei
conhecer melhor os que urdiam essa colecção de canalhices.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Eram todos sem excepção, a começar pelos editores, judeus.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Reuni todas as brochuras sociais-democratas que pude arranjar e
procurei os signatários: judeus. Notei o nome de quase todos os chefes: eram
igualmente, na sua esmagadora maioria, membros do “povo eleito”, quer se
tratasse de deputados ao Reichsrat ou de secretários dos sindicatos, de
presidentes dos organismos do partido ou de agitadores de rua. Era sempre o
mesmo quadro pouco tranquilizador. Não esquecerei nunca os nomes dos Austerlitz,
David, Adler, Ellenbogen, etc.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Tornou-se-me então claro que o partido, cujos simples comparsas
eram meus adversários desde há meses no mais violento combate, se achava quase
exclusivamente, pelos seus chefes, nas mãos de um povo estrangeiro; porque um
judeu não é um alemão, sabia-o eu definitivamente para repouso do meu espírito.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Conhecia, enfim, o génio mau do nosso povo.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Um único ano em Viena tinha-me convencido de que não há um
operário tão enraizado nos seus preconceitos que não se renda perante
conhecimentos mais justos e explicações mais claras. Tinha-me a pouco e pouco
familiarizado com a sua própria doutrina e ela convertera-se na minha arma, no
combate que eu travava pelas minhas convicções.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A vitória era quase sempre minha.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Era preciso salvar a grande massa, mesmo à custa dos mais pesados
sacrifícios de tempo e de paciência.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Nunca, porém, pude libertar um judeu da sua maneira de ver as
coisas.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Eu era então ainda suficientemente ingénuo para querer
esclarecê-los sobre o absurdo da sua doutrina; no meu pequeno círculo, eu
falava ao ponto de ficar rouco e com a língua esfolada, e persuadia-me de que
conseguiria convencê-los do perigo das loucuras marxistas. Obtinha o resultado
oposto. Parecia que os efeitos desastrosos, fruto evidente das teorias
sociais-democratas e da sua aplicação, só serviam para fortalecer a sua
determinação.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Quanto mais discutia com eles, melhor aprendia a conhecer a sua
dialéctica. Eles contavam, em primeiro lugar, com a estupidez do adversário e
quando já não conseguiam encontrar uma escapatória, procuravam eles próprios
fazer-se passar por tolos. Se isto não produzia efeito, eles já não compreendiam
mais nada, ou, encostados à parede, saltavam para um outro terreno; alinhavam
truísmos que, uma vez admitidos, lhes serviam de argumento para questões
inteiramente diferentes; caso fossem de novo encostados à parede, eles
escorregavam-nos das mãos, e não se lhes podia arrancar qualquer resposta
concreta. Quando se queria agarrar um destes apóstolos, a mão limitava-se a
colher uma matéria viscosa e pegajosa que escorria entre os dedos para se
refazer no momento seguinte. Se se desferisse num deles um golpe tão decisivo
que ele não podia deixar de, na presença dos assistentes, se render à vossa
opinião, e quando se julgasse ter ao menos dado um passo em frente, não era
pequena a surpresa no dia seguinte. O judeu já nada sabia do que se tinha
passado na véspera; recomeçava a divagar como dantes, como nada se tivesse
passado, e quando, indignados, o intimássemos a explicar-se, ele fingia-se
surpreendido, não se lembrava de absolutamente nada, excepto de ter já provado
na véspera o fundamento das suas afirmações.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Isso deixava-me muitas vezes petrificado.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Não se sabia o que mais admirar: se a abundância do seu
palavreado, se a sua arte da mentira.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Acabei por odiá-los.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBszP0ska39qzqDxGiZ_F_7t1kBUcV-4O6v63RmBdHUm9OuEH3u0QNNcl7lY-pA-_x8eUyrfm_IfUR0tQcGkQ19JqSAnuBhzFrROpNYLpBfTKQnUMd1eA8EHiSZSE0uLNUTKcAjSgDqeqX6pBCZktJvnultHBTa71oFczUxpbuQAI7e7XlLRuDLGByqlo/s955/thumbnail_hitler-posen.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="955" data-original-width="624" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBszP0ska39qzqDxGiZ_F_7t1kBUcV-4O6v63RmBdHUm9OuEH3u0QNNcl7lY-pA-_x8eUyrfm_IfUR0tQcGkQ19JqSAnuBhzFrROpNYLpBfTKQnUMd1eA8EHiSZSE0uLNUTKcAjSgDqeqX6pBCZktJvnultHBTa71oFczUxpbuQAI7e7XlLRuDLGByqlo/s16000/thumbnail_hitler-posen.jpg" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Tudo isso tinha o seu lado bom: à medida que eu conhecia melhor os
chefes, ou pelo menos os propagandistas da social-democracia, o meu povo
tornava-se-me mais precioso. Quem teria podido, perante a habilidade diabólica
daqueles sedutores, amaldiçoar os desgraçados que dela eram vítimas? Com que
dificuldade eu próprio não triunfava sobre a dialéctica pérfida daquela raça! E
quão vã era semelhante vitória sobre os homens cuja boca deforma a verdade,
negando sem cerimónia a palavra que acaba de pronunciar a fim de tirar partido
dela logo no instante seguinte.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Não, quanto mais eu aprendia a conhecer os judeus, mais me sentia
inclinado a desculpar os operários.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Os mais culpados, aos meus olhos, não eram eles, mas antes todos
aqueles que eram de opinião que não valia a pena apiedar-se do povo,
assegurar-lhe o que lhe é devido mediante leis rigorosamente equitativas,
encostar finalmente à parede o sedutor e o corruptor.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>As experiências que eu fazia todos os dias levaram-me a investigar
as fontes da doutrina marxista. Conhecia agora claramente a sua acção em todos
os seus pormenores; o meu olhar atento descobria cada dia que passava o sinal
dos seus progressos; bastava ter um pouco de imaginação para se fazer uma ideia
das consequências que ela devia acarretar. A questão era agora a de saber se os
seus fundadores tinham previsto o que devia produzir a sua obra chegada à sua
última forma, ou se eles próprios tinham sido vítimas de um erro.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Em meu entender, uma e outra coisa eram possíveis.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Num dos casos, era o dever de qualquer homem capaz de pensamento
opor-se a esse movimento funesto para tentar impedir o pior; no outro, era
preciso admitir que os autores responsáveis por esta doença que tinha infectado
os povos tinham sido verdadeiros demónios; pois só o cérebro de um monstro, não
o de um homem, podia conceber o plano de uma organização cuja acção devia ter
por resultado último a ruína da civilização e, como consequência disso, a
transformação do mundo num deserto.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Neste caso, o único recurso era a luta, a luta com todas as armas
que podem fornecer o espírito humano, a inteligência e a vontade, fosse qual
fosse, aliás, aquele dos adversários em favor do qual a sorte fizesse pender a
balança.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Comecei, então, a estudar a valer os fundadores dessa doutrina a
fim de conhecer os princípios do movimento. Fiquei unicamente a dever ao meu
conhecimento da questão judaica, se bem que ainda pouco aprofundado, o ter
alcançado o meu objectivo mais rapidamente do que tinha ousado esperar. Só ele
me permitiu comparar praticamente a realidade com mentirolas contidas nas
teorias dos apóstolos e fundadores da social-democracia. Eu tinha aprendido,
com efeito, o que falar significa para o judeu: unicamente dissimular ou
esconder o seu pensamento. E não há que procurar descobrir o seu verdadeiro
desígnio no texto, mas nas entrelinhas, onde ele o ocultou cuidadosamente.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Foi nessa época que se operou em mim a revolução mais profunda que
alguma vez consegui levar a cabo.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O cosmopolita sem energia que eu tinha sido até então tornou-se um
anti-semita fanático.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Outra vez ainda - mas seria essa a última vez -, uma angústia
dolorosa oprimiu-me o coração.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Enquanto estudava a influência exercida pelo povo judeu através de
longos períodos da História, perguntei-me subitamente com ansiedade se o
destino, cujas intenções são insondáveis, não quereria, por razões
desconhecidas de nós, pobres homens, e em virtude de uma decisão imutável, a
vitória final desse pequeno povo?</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A este povo, que nunca viveu senão para a Terra, teria sido acaso
prometida a Terra em recompensa?</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O direito que julgamos ter de lutar pela nossa conservação tem um
fundamento real, ou existe somente no nosso espírito?</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O próprio destino deu-me a resposta enquanto eu me absorvia no
estudo da doutrina marxista e observava imparcialmente e sem pressa a acção do
povo judeu.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A doutrina judaica do marxismo rejeita o princípio aristocrático
observado pela natureza e substitui o privilégio eterno da força e da energia
pela predominância do número e o seu peso morto. Nega o valor individual do
homem, contesta a importância da entidade étnica e da raça, e priva, assim, a
humanidade da condição prévia da sua existência e da sua civilização. Admitida
como base da vida universal, teria como efeito o fim de qualquer ordem
humanamente concebível. E da mesma forma que uma tal lei só poderia dar em
resultado o caos neste universo para além do qual se detêm as nossas
concepções, também ela significaria, neste mundo, o desaparecimento dos
habitantes do nosso planeta.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Se o judeu, com o auxílio da sua profissão de fé marxista, alcança
a vitória sobre os povos deste mundo, o seu diadema será a coroa fúnebre da
humanidade. Então, o nosso planeta recomeçará a percorrer o éter como o fez há
milhões de anos: sem que haja homens à sua superfície.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn0KfVfduquHSNSZROB7bg3wsozjqWVNbvuA_-ODR4yVHKZv2z-jIzYjABlqJZUhf2vmOqd9gfebVeVKmfeZzWROSRD72rTYsrDI1MMjJfgjCWcrrOztdICVTtx6ns7eLCS5z7oc7L78DWgGyi7graOHCzjkeeLzVxJ9yLb_VbNB-RxZbbOQZL4ULA2rU/s640/la-et-jc-hitler-mein-kampf-germany-20150225.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn0KfVfduquHSNSZROB7bg3wsozjqWVNbvuA_-ODR4yVHKZv2z-jIzYjABlqJZUhf2vmOqd9gfebVeVKmfeZzWROSRD72rTYsrDI1MMjJfgjCWcrrOztdICVTtx6ns7eLCS5z7oc7L78DWgGyi7graOHCzjkeeLzVxJ9yLb_VbNB-RxZbbOQZL4ULA2rU/s16000/la-et-jc-hitler-mein-kampf-germany-20150225.jpg" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A natureza eterna vinga-se implacavelmente quando se transgride os
seus mandamentos.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>É por isso que creio agir segundo o espírito do Criador
todo-poderoso, pois:</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><i>Defendendo-me contra o
Judeu, combato para defender a obra do Senhor</i>»<i>.</i></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Adolf Hitler («Mein Kampf», E-Primatur, 2015). </b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #4c1130; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A alta sociedade e os políticos da III República haviam produzido
a ralé francesa numa série de escândalos e fraudes públicas. Invadia-os agora um
terno sentimento de familiaridade paterna pelo seu rebento, um sentimento misto
de admiração e medo. O menos que a sociedade podia fazer pela sua filha era
protegê-la com palavras. Enquanto a ralé tomava de assalto as lojas dos judeus
e os agredia na rua, a linguagem da alta sociedade fazia com que a violência,
intensa e verdadeira, parecesse inócua brincadeira de criança. O mais importante
dos documentos contemporâneos a este respeito é o “Memorial Henry” e as várias
soluções que propunha para a questão judaica: os judeus deviam ser despedaçados
como Marsias na lenda grega; Reinach devia ser atirado para um caldeirão de água
a ferver; os judeus deviam ser cozidos em óleo ou furados com agulhas até
morrerem; deviam ser “circuncidados até ao pescoço”. Um grupo de oficiais
revelou-se muito impaciente para experimentar um novo tipo de canhão nos 100 000
judeus do país. Entre os subscritores havia mais de 1 000 oficiais, inclusive
quatro generais no activo, e o ministro da guerra, Mercier. O número
relativamente alto de intelectuais e até de judeus que constavam da lista é
surpreendente. As classes superiores sabiam que a ralé era a carne da sua
própria carne e o sangue do seu próprio sangue. Até um historiador judeu da
época, embora houvesse visto com os próprios olhos que os judeus não têm qualquer
segurança quando a populaça impera nas ruas, falou com secreta admiração do “grande
movimento colectivo”. Isto mostra apenas quão profunda eram as raízes dos judeus
numa sociedade que estava a procurar eliminá-los.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Ao descrever – referindo-se ao processo Dreyfus – o anti-semitismo
como um importante conceito político, Bernanos tem razão no tocante à ralé.
Havia sido experimentada anteriormente em Berlim e em Viena, por Ahlwardt e
Stoecker, por Schoenerer e Lueger, mas em lugar nenhum a sua eficácia foi
demonstrada mais claramente do que em França. Não pode haver dúvida de que, aos
olhos da ralé, os judeus passaram a representar o que era detestável. Se odiavam a sociedade, podiam denunciar o
modo como os judeus eram tolerados nela; e se odiavam o governo, podiam denunciar
como os judeus haviam sido protegidos pelo Estado ou se confundiam com ele. Embora
seja um erro presumir que a ralé caça apenas judeus, estes estão certamente em
primeiro lugar entre as suas vítimas favoritas.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Excluída, como é, da sociedade e da representação política, a ralé
recorre necessariamente à acção extraparlamentar. Além disso, sente a
inclinação de procurar as verdadeiras forças da vida política naqueles
movimentos e influências que os olhos não vêem e que actuam por trás da
cortina. Não resta dúvida de que, durante o século XIX, o povo judeu incidiu
nesta categoria, exactamente como os maçons e os jesuítas. É falso que qualquer
um desses grupos realmente constituísse uma sociedade secreta propensa a dominar
o mundo por meio de uma gigantesca conspiração. Contudo, é verdade que a sua
influência, por mais abstracta que fosse, era exercida além da esfera formal da
política e operava em grande escala nos corredores, nos bastidores e no
confessionário. Desde a Revolução Francesa, estes três grupos têm dividido a
honra duvidosa de serem, aos olhos da ralé europeia, o eixo da política
mundial. Durante a crise Dreyfus, cada um deles pôde explorar essa noção
popular, jogando sobre o outro a acusação de conspirar pelo domínio do mundo, O
termo “Judá Secreta” é devido, sem dúvida, à inventividade de certos jesuítas,
que decidiram ver no primeiro Congresso Sionista (1897) o núcleo de uma
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/10/the-jewish-conspiracy-theory-of.html">conspiração mundial judaica</a>. [V. “II caso Dreyfus em <i>Civilità Cattolica</i> (5 de Fevereiro de 1898). Entre as excepções à
afirmação anterior, a mais notável é a do jesuíta Pierre Charles Louvain, que
denunciou os <i>Protocolos dos Sábios de
Sião</i>]. Do mesmo modo, o conceito de “Roma Secreta” deve-se a a mações anticlericais
e, talvez, também a calúnias indiscriminadas e impensadas de alguns judeus.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #4c1130; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/09/antissemitismo-socialismo-e.html">Hanna Arendt</a> («As Origens do Totalitarismo»).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrW1uucgoJugLOL2DQ9gazSoxrzi1gIsNuL9hf3QIAiEURH7kLPtpFh5piA76uNvktTQGKgbJsIAbpdRTJ-4YXmno_uCFu999RDQlMjaVhJzI7A1nUzDTG_DrKaZL32mEUCD_WnZn9UjBNdvozckv7dVGK4xSLNg247z8K5D0em3F9ASVPfkY08EXxpYw/s2715/20230918164349_000012.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2715" data-original-width="1704" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrW1uucgoJugLOL2DQ9gazSoxrzi1gIsNuL9hf3QIAiEURH7kLPtpFh5piA76uNvktTQGKgbJsIAbpdRTJ-4YXmno_uCFu999RDQlMjaVhJzI7A1nUzDTG_DrKaZL32mEUCD_WnZn9UjBNdvozckv7dVGK4xSLNg247z8K5D0em3F9ASVPfkY08EXxpYw/w402-h640/20230918164349_000012.jpg" width="402" /></a></div><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-B1LSX6DFiNXp_lGMTv0M7uznC_MlFTkoTrAdBieYPX8d9ExLi8b7dhSdlw2QmzYlWAiKZZcco0kfR7OiRNRUvCxC01J35Ib8JPvT3qjoGnvGgF8vOhg2xNpDd8B1LjiFx05qZxQ-PBWdQIgWwyWekzNIbGVjAWzHGQhmQBqgMzyEB8B2oXfCitpA4tc/s862/dd50d8abc9d4fe53a8be46deab067a33.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="862" data-original-width="560" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-B1LSX6DFiNXp_lGMTv0M7uznC_MlFTkoTrAdBieYPX8d9ExLi8b7dhSdlw2QmzYlWAiKZZcco0kfR7OiRNRUvCxC01J35Ib8JPvT3qjoGnvGgF8vOhg2xNpDd8B1LjiFx05qZxQ-PBWdQIgWwyWekzNIbGVjAWzHGQhmQBqgMzyEB8B2oXfCitpA4tc/w416-h640/dd50d8abc9d4fe53a8be46deab067a33.jpg" width="416" /></a></div><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Lembro-me como, na minha juventude, [o] vocábulo [“germanizar”]
dava margem a concepções incrivelmente falsas. Mesmo nos círculos
pangermanistas, ouvia-se a opinião de que, com auxílio do Governo, se poderia
realizar com êxito a germanização da Áustria eslava, sem que ninguém se
apercebesse de que só é possível germanizar um território e nunca um povo. O
que se compreendia pela palavra germanização resumia-se na adopção forçada da
língua. É quase incrível que alguém pense ser possível transformar um negro ou
um chinês em alemão somente por ter o mesmo aprendido a falar alemão e esteja
disposto a usá-lo por toda a vida e a votar em qualquer dos partidos alemães.
Os meios nacionalistas burgueses nunca chegaram a compreender que semelhante
processo de germanização redundaria numa desgermanização. Quando, hoje, pela
imposição de uma língua comum, se diminuem ou mesmo se suprimem as diferenças
mais sensíveis entre os povos, isso representa um começo de mestiçamento da
raça e, no nosso caso, não uma germanização, mas a destruição dos elementos
germânicos. Acontece muito frequentemente na História que um povo conquistador
consiga impor a sua língua aos vencidos e que, depois de milhares de anos, essa
língua venha a ser falada por outro povo e que assim o vencedor passe à posição
de vencido.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Uma vez que a nacionalidade, ou melhor, a
raça, não está na língua que se fala, mas no sangue, só se deveria falar em
germanização se, por um tal processo, se pudesse modificar o sangue dos
indivíduos. Isso é absolutamente impossível. Essa modificação teria de ser
feita pela mistura do sangue, o que resultaria no rebaixamento do nível da raça
superior. A consequência final seria a destruição justamente das qualidades que
tinham preparado o povo conquistador para a vitória. Por uma tal mistura com
raças inferiores sobretudo as forças culturais desapareceriam, mesmo que o
produto daí resultante falasse perfeitamente a língua da raça superior. Durante
muito tempo, travar-se-á uma luta entre os dois espíritos e pode ser que o povo
votado a uma decadência irremediável consiga, por um esforço supremo, elevar-se
e criar uma cultura de surpreendente valor. Isso pode acontecer com os
indivíduos das raças mais elevadas ou com os mestiços, nos quais, no primeiro
cruzamento, ainda prevalece o melhor sangue: nunca se verificará, porém, esse
facto com os produtos definitivos da mistura. Nestes verificar-se-á sempre um
movimento de regressão cultural.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Deve-se
considerar uma felicidade que a germanização da Áustria, nos moldes da
empreendida por Francisco José, não fosse continuada. O êxito ter-se-ia
traduzido na conservação do Estado austríaco, mas num rebaixamento do nível da
raça alemã. Pode ser que daí surgisse um novo Estado, mas ter-se-ia perdido uma
cultura. Com o correr dos séculos, ter-se-ia organizado um rebanho, mas esse
rebanho seria de valor muito medíocre. Poderia talvez surgir um povo organizado
em Estado, mas com isso teria desaparecido uma civilização.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Para a nação
alemã foi muito melhor que se não tivesse realizado essa mistura, aliás
evitada, não por motivos elevados, mas devido à miopia dos Habsburgos. Se
tivesse acontecido o contrário, hoje mal se poderia apontar o povo alemão como
um factor de cultura.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Não apenas na
Áustria como na própria Alemanha, os chamados nacionalistas eram e ainda são
inclinados a esses falsos raciocínios. A tão desejada política polaca, no
sentido de uma germanização do Leste, apoiava-se quase sempre em idênticos
sofismas. Acreditava-se poder conseguir a germanização dos elementos polacos apenas
pela adopção da língua. O resultado dessa tentativa só poderia ser funesto. Um
povo de raça estrangeira exprimindo os seus pensamentos próprios em língua
alemã só poderia, pela sua mediocridade, comprometer a majestade do espírito
alemão.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt;"><b>Os grandes prejuízos que, indirectamente, já
sofreu o espírito alemão, podem ser verificados no facto de os americanos, por
falta de conhecimentos, confundirem o dialecto judaico com o alemão. A ninguém
passará pela cabeça que essa piolheira judaica que, no Leste, fala alemão, só
por isso deve ser vista como de descendência alemã, como pertencente ao povo
alemão.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><i>A História mostra que foi a germanização da
terra, que os nossos antepassados promoveram pela espada, a que nos trouxe
proveitos, pois essa terra conquistada era colonizada com agricultores alemães.
Sempre que o sangue estrangeiro foi introduzido no corpo da nação, os seus
desastrados efeitos fizeram-se sentir sobre o carácter do povo, dando lugar ao
superindividualismo, infelizmente ainda hoje muito apreciado</i>.»</b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 14px;">Adolf Hitler («Mein Kampf», E-Primatur, 2015). </b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyR5KtxhLxukTPqmxd2Uettnt_XgKbVR4lF3ejk5qAQSxlObIDqK_j2xt6vki3g5jtjHeDrL4MWHpbJnFj78mupAhyphenhyphenn546n6pnFRST2rnpL1iwC3wwdHRkkMYQyI4HAcDlNHgEuWnxHuPkti-z2sfi4YvJx19MH6qOuCGSAknUr1jViIeNp_kv7sfl1sQ/s640/heidegger.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="581" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyR5KtxhLxukTPqmxd2Uettnt_XgKbVR4lF3ejk5qAQSxlObIDqK_j2xt6vki3g5jtjHeDrL4MWHpbJnFj78mupAhyphenhyphenn546n6pnFRST2rnpL1iwC3wwdHRkkMYQyI4HAcDlNHgEuWnxHuPkti-z2sfi4YvJx19MH6qOuCGSAknUr1jViIeNp_kv7sfl1sQ/s16000/heidegger.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Heidegger</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«No contexto das medidas administrativas tomadas pelo reitor
Heidegger e a fim de ver a radicalidade de que ele deu provas para levar a bom
termo a tarefa de “revolucionar” a sua Universidade, convém examinar uma série
de documentos descobertos por Hugo Ott. Na sua qualidade de reitor da
Universidade de Freiburg, Martin Heidegger informou o relator das questões
universitárias do Ministério de Karlsruhe, doutor Fehrle, que existiam
documentos pondo gravemente em causa o professor de Química, Hermann Staudinger,
especialista conhecido no mundo inteiro. Staudinger receberia mais tarde o
Prémio Nobel. A informação que Heidegger tinha fornecido a Fehrle em 29 de
Setembro de 1933 permitiu a este último denunciar logo no dia seguinte
Staudinger à polícia de Freiburg. A Gestapo de Karlsruhe assumiu a investigação
confidencial sob a designação “Operação Sternheim”. Os documentos a que
Heidegger tinha feito alusão referiam rumores segundo os quais Staudinger teria
feito, durante a Primeira Guerra Mundial – era então professor na Universidade
Técnica de Zurique – declarações pacifistas, apoiado por colegas que
partilhavam as suas opiniões e não escondiam a sua oposição ao militarismo
alemão. Os elementos reunidos pela Gestapo, em particular as actas provenientes
do consulado alemão de Zurique, bastaram para que a secretaria central de
Karlsruhe encetasse um processo contra Staudinger. Heidegger, consultado em 6
de Fevereiro de 1934 pelo Ministério, é convidado oficialmente a fazer
diligências, “dado que uma eventual aplicação do §4 da lei [...] deve ocorrer
antes de 31 de Março de 1934, data limite”. Respondeu quatro dias mais tarde,
num relatório escrito à máquina por uma mão manifestamente inexperiente (tendo
em conta o número de erros de dactilografia). Este relatório figura em papel
com carimbo do reitorado, mas não comporta número de registo (Hugo Ott). Neste
relatório, Heidegger diz assumir todas as acusações apresentadas pela Gestapo e
acrescenta um juízo pessoal, que era em si mesmo uma condenação: “Estes factos,
só por si, exigem a aplicação do §4 da lei. E tendo em conta que eles são
conhecidos da opinião pública alemã desde 1925/26, época na qual Staudinger foi
contratado pela Universidade de Freiburg, é também o prestígio da Universidade
que está em jogo, é preciso tomar medidas. Tanto mais que Staudinger se faz
passar hoje em dia por um incondicional da reconstrução nacional. De
preferência a uma aposentação, é uma demissão que seria preciso encarar. Heil
Hitler! Heidegger.” Em resposta à solicitação de Heidegger, o ministro
badenense pediu ao ministro de Estado, num relatório de 22 de Fevereiro de
1934, a expulsão de Staudinger do serviço público.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Ainda que Staudinger tenha tentado, durante os interrogatórios, minimizar
as provas de culpa apresentadas contra ele, a sua situação tornou-se absolutamente
insustentável, enquanto o carácter monstruoso da medida tomada contra ele se
tornava cada vez mais evidente. É assim que, por razões puramente tácticas,
receando as repercussões internacionais que a questão podia ter, primeiro o
presidente da Câmara Municipal de Freiburg, doutor Kerber, depois o próprio Martin Heidegger, decidiram intervir para que
Staudinger não fosse demitido mas “apenas” aposentado. No final da sua carta
enviada ao Ministério em 5 de Março de 1934, sempre em papel com carimbo do
reitorado da Universidade e sem número de registo (e “é quase certo que nenhum
duplicado destes documentos figura nos arquivos da Universidade” – Hugo Ott)
Heidegger escreve: “Seja como for, é supérfluo acrescentar que tudo isto não
altera nada à <i>coisa-mesma</i>. Trata-se unicamente de evitar uma nova complicação nas nossas relações com o estrangeiro [...].” Como diz Ott, o epílogo desta questão não deixa
de ser grotesco e não se pouparam as humilhações a Staudinger. O Ministério
obrigou-o a apresentar, “por sua própria iniciativa”, um pedido de demissão.
Arquivado durante seis meses, o Ministério consentiu em não o aceitar “salvo
se, no futuro, se oferecesse uma razão para o fazer”. Passado o prazo acordado,
e não tendo “nenhuma razão” sido apresentada, autorizou-se que retirasse o seu
pedido.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Relativamente à atitude de Heidegger face à perseguição dos seus
colegas judeus, é preciso na verdade estabelecer matizes. Em particular no que
concerne aos professores de Freiburg, von Hevesy e Fränkel, especialistas de reputação
mundial respectivamente em Química (Prémio Nobel 1943) e Filologia Clássica.
Nos arquivos gerais de Karlsruhe, encontra-se uma carta de Martin Heidegger ao
conselheiro ministerial Fehrle, de 12 de Julho de 1933, na qual ele toma a
defesa dos dois cientistas a fim de não serem expulsos do serviço público.
Heidegger sublinha, por um lado, o grande prestígio dos dois professores nas
suas disciplinas respectivas na opinião do mundo científico, incluindo no
estrangeiro e, por outro lado, afirma que “seriam judeus ilustres de carácter
exemplar (<i>Sie sein edle Juden von
vorbildlichem Charakter</i>). Os seus argumentos perante as autoridades ministeriais consistem em dizer que a exclusão definitiva poderia causar um
forte prejuízo para a boa reputação da ciência alemã no estrangeiro,
particularmente nos meios intelectuais dominantes e politicamente influentes. A
defesa destes dois casos particulares, sublinha Heidegger, não deve ser
considerada como uma recusa das disposições gerais para os docentes judeus. Ao
contrário, ele assume a sua atitude mesmo estando “plenamente consciente da
necessidade de aplicar incondicionalmente a lei relativa à reorganização do
serviço público”; ele toma somente em consideração os prejuízos que a exclusão
poderia causar “ao necessário reforço, a nível mundial, do prestígio da
ciência alemã, ao novo <i>Reich</i> e à sua missão”».</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Victor Farías («Heidegger e o Nazismo»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo2u1qwegmtOV6Zdj0OyVFigoC0sGvDU5U8dfaqbI_oP7N9QC4dCCITU83pluu6NxMtezCYf1idKV2okFtNXWLe7xkWHhvIXCkiQWSlJnwZj_luY777MruIYgBbJzVMm2G0vbv2VqFlUOGbGrK4GDidn_7j_Do1vE_mn50ZsUmftyFGrOIYRMFsG0mwsA/s2457/20230905170133_00002%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2457" data-original-width="1655" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo2u1qwegmtOV6Zdj0OyVFigoC0sGvDU5U8dfaqbI_oP7N9QC4dCCITU83pluu6NxMtezCYf1idKV2okFtNXWLe7xkWHhvIXCkiQWSlJnwZj_luY777MruIYgBbJzVMm2G0vbv2VqFlUOGbGrK4GDidn_7j_Do1vE_mn50ZsUmftyFGrOIYRMFsG0mwsA/w431-h640/20230905170133_00002%20(1).jpg" width="431" /></a></div><br /><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A razão na linguagem: Oh, que velha fêmea enganadora... Creio que
não vamos desembaraçar-nos da ideia de “Deus” porque continuamos ainda a
acreditar na gramática”».</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/a-obra-de-nietzsche-radicada-em-alguma.html">Frederico Nietzsche</a> («Crepúsculo dos Ídolos»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A <i>Introdução à metafísica</i>
começa retomando o problema com que concluía <i>Que é a metafísica?</i> que, tendo elaborado o conceito de nada e
esboçado a sua relação constitutiva com o ser, não tinha todavia respondido à
pergunta “Porquê em geral o ser, em vez do nada”? Na realidade, este problema
não se resolve com uma resposta que expresse o porquê buscado; e isto
explica-se tendo em conta o que diz o escrito sobre o fundamento acerca do facto
de que toda a atribuição do porquê, toda a justificação é sempre <i>interna </i>ao mundo como totalidade de
entes que se justificam entre si, mas não tem sentido a respeito do ente na sua
totalidade. Perguntar: “Porquê o ente, e não antes o nada”? serve no entanto
justamente, por meio do “não antes”, para não esquecer a transcendência do
estar-aí, para problematizar a totalidade do ente como tal. O facto de o
problema não ter sido elaborado pela metafísica na sua história (referir os
entes a um ente supremo é também uma maneira de se manter no interior do ente;
o ente supremo é sempre um <i>ente </i>ao
lado dos outros entes) significa justamente que a metafísica esqueceu o “não
antes”, isto é, esqueceu o problema do nada. A metafísica contentou-se com
eliminar o problema do nada como se não fosse um problema: se o nada não
existe, não se fala dele, não se pode discutir sobre ele e é melhor atermo-nos
ao ser. Mas, quando se desliga do nada, o ser identifica-se imediatamente com o
ente como presença, efectividade, realidade. Toda a fundação metafísica se
limita a buscar um ente sobre o qual fundar os outros, sem cair na conta de que,
ainda no caso deste primeiro ou último, se re-coloca completamente o problema
do ser.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Uma vez que não elabora o problema do nada, a metafísica não
elabora sequer, autenticamente, o problema do ser do qual, todavia, partiu. A
metafísica tem a característica de um esquecimento do ser. Este esquecimento do
ser manifesta-se no facto de que, para a metafísica, o ser é uma noção óbvia
que não tem necessidade de ulteriores explicações. Isto equivale a afirmar que
o ser é uma noção estreitamente vaga que fica indeterminada; e é o que afirma
Nietzsche, ao constatar que a ideia de ser já não passa da “exalação última de
uma realidade que se dissolve”.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O esquecimento do ser, em conformidade com o resultado a que se
chegou no escrito sobre a verdade, não é algo que se deva a nós ou às gerações
que nos precederam. Assim como a não-verdade pertence à própria essência da verdade,
assim também o esquecimento do ser, que constitui a metafísica, é um facto que
incumbe ao ser como tal, pelo que se poderá dizer, como afirma Heidegger
explicitamente nos seus estudos sobre Nietzsche (que amadurecem nos anos
imediatamente posteriores à <i>Introdução</i>),
que a metafísica é “história do ser”. Isto significa, em primeiro lugar, que o
ser é para nós uma noção, ao mesmo tempo óbvia e vaga, isto é, o esquecimento
do ser,</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>“não é algo estranho, perante o qual nos encontramos e que nos é
dado unicamente verificar na sua existência como algo acidental. Pelo
contrário, trata-se da própria situação em que nos encontramos. É um estado da
nossa existência, mas decerto não no sentido de uma propriedade verificável
psicologicamente. Por “estado” entendemos aqui toda a nossa constituição, o
modo como nós próprios estamos constituídos em relação ao ser”.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Há que entender estas expressões no seu significado mais forte:
afirmar que a metafísica como o esquecimento do ser determina o modo em que
estamos existencialmente constituídos não quer dizer apenas que a metafísica é
algo profundamente enraizado em nós, o que constituiria ainda uma perspectiva “psicológica”.
Na medida em que não somos outra coisa senão a abertura ao ser do ente, a
metafísica, como modo de abrir-se ao ente esquecendo o ser, é a nossa própria
essência e nesse sentido pode dizer-se que é o nosso destino. Que a metafísica
seja história do ser, entende-se, sobretudo, atendendo ao facto, evidenciado por
<i>A essência do fundamento</i>, de que o
projecto não se dilui na relação entre o estar-aí e os entes; o modo como este
projecto se institui efectivamente não é um facto do ente, nem um acto do <i>Dasein</i>: depende de outra coisa, daquilo
que o escrito sobre a verdade chama a essência da verdade e que nas obras
posteriores à <i>Introdução</i> se chamará
cada vez mais explicitamente o ser. Dito de maneira esquemática, não somos
outra coisa que a abertura na qual os entes (e nós próprios somos entes) aparecem:
esta abertura implica sempre um certo modo de relação com o ser do ente, e a
abertura em que nos encontramos lançados (e que nos constitui radicalmente) caracteriza-se
como um esquecimento do ser em favor do ente; esse carácter de abertura
histórica em que nos encontramos não depende de uma decisão nossa ou das
gerações anteriores, porque toda a decisão só pode dar-se dentro de uma
abertura já aberta; remonta, pois, a algo que não somos nós (nem com maioria de
razão, os entes); é a essência da verdade ou, mais em geral, o ser.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A metafísica é, pois, história do ser e ao mesmo tempo, posto que
o sentido da definição é idêntico, a nossa história: não como obra nossa, mas
como situação que nos constitui. Se tivermos isto presente, é fácil ver que as
indagações (continuamente retomadas e aprofundadas por Heidegger) sobre a história
da metafísica são simplesmente o ulterior e extremo trabalho de concretizar a
analítica existencial de <i>Ser e Tempo</i>:
o que o <i>Dasein</i> é não pode pensar-se em
termos de “propriedades” ou de características de uma essência homem que, por
meio deles, se define e dá a conhecer. Agora o “programa”, enunciado já em <i>Ser e Tempo</i>, realiza-se do modo mais
cabal. O estar-aí não se define atendendo a propriedades, pois não é outra
coisa que a abertura histórica que o constitui. Tal abertura, que não lhe
pertence, mas à qual ele próprio pertence, é a história do ser. Nesta base,
voltar a conceber e a reconstruir a história da metafísica significa, ao mesmo
tempo, concretizar ulteriormente a analítica existencial – libertando-a de toda
a possibilidade de interpretação metafísica que ainda pudesse subsistir na base
de <i>Ser e Tempo</i> – e dar um passo em
frente no caminho da indagação do sentido do ser, que constituía precisamente o
objectivo para que devia servir a analítica.»</b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Gianni Vattimo («Introdução a Heidegger»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSduXtNtRuTZU5rmFRx5ju04E9rkBbYPMGuc3VggEsf1GhZfbOPn1zShpyUsEVpb-mBD3dst2OHEySeTNcmPiaMXJD-PMKwszgPY8wqjArExlNuUuNvwYUcY-TCy1UVOILwWimW8TazmngUAuH4fkppIxIMN60PkW91NkXa4Yfxr7nw-tRhDHcnuBxUvs/s640/20221012181952_00001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="395" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSduXtNtRuTZU5rmFRx5ju04E9rkBbYPMGuc3VggEsf1GhZfbOPn1zShpyUsEVpb-mBD3dst2OHEySeTNcmPiaMXJD-PMKwszgPY8wqjArExlNuUuNvwYUcY-TCy1UVOILwWimW8TazmngUAuH4fkppIxIMN60PkW91NkXa4Yfxr7nw-tRhDHcnuBxUvs/s16000/20221012181952_00001%20(1).jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgx-HaWJP12eQ1z5oQsdsCiVybepj61l6aDKaOZAdMxjTQNFCCFyhCuNL8yq_CpxPXDi5rqq-5RWcRSPb8uwgUOWADzF6V54i9iC9oY9skHtlhrKx-9g2rcI_Pdxk8AqmJPYEfAdGQRAucTAvgW92ZqBLzt-7zh43iRti70ghzJHftfJLTSNigQQbHKtA/s768/O-nazista-Martin-Heidegger-e-sua-pseudofilosofia-768x541.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="541" data-original-width="768" height="451" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgx-HaWJP12eQ1z5oQsdsCiVybepj61l6aDKaOZAdMxjTQNFCCFyhCuNL8yq_CpxPXDi5rqq-5RWcRSPb8uwgUOWADzF6V54i9iC9oY9skHtlhrKx-9g2rcI_Pdxk8AqmJPYEfAdGQRAucTAvgW92ZqBLzt-7zh43iRti70ghzJHftfJLTSNigQQbHKtA/w640-h451/O-nazista-Martin-Heidegger-e-sua-pseudofilosofia-768x541.jpg" width="640" /></a></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«(...) lá onde o homem já nada tem que ver e que agarrar, também
nada tem que procurar.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/02/frederico-nietzsche.html">Frederico Nietzsche</a> («Para Além do Bem e do Mal»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtbaL8jt6-AaEgHTiJIImcNMEe_rwj7zrUR2dJiEBRt_cUepEdQylzIz3j6CmdVL3lF7XNSxAXTa8xAl3HwUxuzYF28Lxv4ydkATQyIIE885g8A2vTmnX16w_QUFE3UKGb4ODWkhMoRmnLGVvCZMLDSxWNUjqUPKBLQ5PCgotXGcrudGgezmQemIDA3e0/s424/Jenseits_von_Gut_und_B%C3%B6se_-_1886.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="424" data-original-width="269" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtbaL8jt6-AaEgHTiJIImcNMEe_rwj7zrUR2dJiEBRt_cUepEdQylzIz3j6CmdVL3lF7XNSxAXTa8xAl3HwUxuzYF28Lxv4ydkATQyIIE885g8A2vTmnX16w_QUFE3UKGb4ODWkhMoRmnLGVvCZMLDSxWNUjqUPKBLQ5PCgotXGcrudGgezmQemIDA3e0/s16000/Jenseits_von_Gut_und_B%C3%B6se_-_1886.jpg" /></a></span></div><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Nos arquivos de Alfred Bäumler, conservados pela sua esposa,
encontra-se um documento muito importante escrito por Bäumler sobre Martin
Heidegger e datado de 22 de Setembro de 1933. (Para que se tome conhecimento da
integralidade do documento, a Sr.ª Bäumler pede-nos que se aguarde a sua
publicação ao cuidado de G. Schneeberger). Dada a coincidência das datas, pode
presumir-se que este texto foi escrito por Bäumler no momento em que Heidegger
foi nomeado para Berlim. A sua importância é acrescida pelo facto de Bäumler
ser uma figura preponderante da <i>Amt-Wissenschaft</i>
de Alfred Rosenberg. Transpare uma vez mais que, até aí, as relações entre
Heidegger e a <i>Amt-Wissenschaft</i> eram
excelentes. Escreve Bäumler: “Martin Heidegger é o acontecimento mais
importante da filosofia alemã desde Dilthey. Tanto no que diz respeito ao
sistema como no que diz respeito à história, Heidegger revolucionou as questões
postas pela investigação filosófica. Com o aparecimento do seu livro <i>Ser e Tempo</i>, o pensamento filosófico
entrou numa era nova (que se preparava desde há muito). Todo o trabalho
filosófico actual é impensável sem uma crítica – favorável ou desfavorável –
deste livro. No que diz respeito ao sistema, o trabalho de Heidegger consiste
em reexaminar e aperfeiçoar o que, desde Dilthey, é convencionado chamar-se a
filosofia da vida. Com uma subtileza sem par, Heidegger elaborou uma posição radical,
através da qual a lógica formal tradicional foi despojada do seu poder e do seu
prestígio, ao mesmo tempo que foi substituída por uma ontologia que trata de um
sujeito entendido simultaneamente como pensante e activo num mundo [...] A
dedução do conceito de tempo quotidiano que constitui o cume da obra de <i>Ser e Tempo</i> é uma contribuição que não
tem equivalente na literatura.”</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Diferentemente do que outros ideólogos nacionais-socialistas
criticavam na noção heideggeriana de “cuidado” [<i>Sorge</i>], Bäumler escreve em 1933: “Ao caracterizar a existência como
“cuidado”, Heidegger influenciou da maneira mais profunda a situação actual da
filosofia [...] Penso que ter tornado possível um tal fenómeno corresponde a uma das raras e insignes descobertas da história da humanidade [...].
No que diz respeito à história, o contributo de Heidegger é igualmente
extraordinário. A amplitude da sua visão da história não é hoje igualada por
ninguém [...]. E quando nas suas análises históricas, Heidegger parece proceder
por vezes de maneira arbitrária, ele fá-lo com o direito que assiste aos génios
filosóficos.”»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Victor Farías («Heidegger e o Nazismo»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«(...) a verdade é aquela classe de erro sem a qual uma
determinada espécie de seres vivos não poderiam viver. O valor para a vida é o
que decide em última instância».</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Frederico Nietzsche («A Vontade de Poder»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9swPM7CHE4Cj7M2wMhfbn1hYagznwBU0AbshGFUiyCv0dF8CMExwDsTTq90WkT7eMcnvWFQ0ksRFM2k64DpXsubOd5_YmjUSwZYnLjXiA35DlLH6gyMS4TRWuyHqGNnWn-_HVIBAMiJpoOk8CAldG4KkKIq60rTbc7QdXQswM9Rf08yA6VJoJK_kjRyw/s640/Friedrich_Nietzsche_Signature.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="161" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9swPM7CHE4Cj7M2wMhfbn1hYagznwBU0AbshGFUiyCv0dF8CMExwDsTTq90WkT7eMcnvWFQ0ksRFM2k64DpXsubOd5_YmjUSwZYnLjXiA35DlLH6gyMS4TRWuyHqGNnWn-_HVIBAMiJpoOk8CAldG4KkKIq60rTbc7QdXQswM9Rf08yA6VJoJK_kjRyw/s16000/Friedrich_Nietzsche_Signature.svg.png" /></a></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Podem ser chamados de heróis, no sentido em que colhem o seu
objectivo e a sua vocação, não do curso regular das coisas, sancionado pela
ordem estabelecida; mas de uma fonte oculta, desse Espírito interior, ainda
escondido sob a superfície, que colide contra o mundo exterior, como se fosse
uma concha, e o desfaz em pedaços.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Jorge Guilherme Frederico Hegel («Filosofia da História»).<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Lá onde o Estado acaba, olhai para ali, irmãos meus! Não vedes o
arco-íris e os poentes do Super-Homem?».</b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Frederico Nietzsche («Zaratustra»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd1SkCex_u3wcdiVRv5rn1UULBVEvuwH0aIn9SwCQIe4v5Of7JAlFsJrgnwy0jCCtG96clGfS7iKwxySVj7l26_u6Uv73DVA2Zsx2AycVljYGo7r923Tj6PUPQhNmMPTnyUeDtZSmWHM8Md0ik7y1Z-wLKsV4Jn7EnMSvZgZlD26uxaF7BF0E4t8F0d9o/s793/R%20(36).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="793" data-original-width="500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd1SkCex_u3wcdiVRv5rn1UULBVEvuwH0aIn9SwCQIe4v5Of7JAlFsJrgnwy0jCCtG96clGfS7iKwxySVj7l26_u6Uv73DVA2Zsx2AycVljYGo7r923Tj6PUPQhNmMPTnyUeDtZSmWHM8Md0ik7y1Z-wLKsV4Jn7EnMSvZgZlD26uxaF7BF0E4t8F0d9o/s16000/R%20(36).jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><span style="line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000; font-family: times; font-size: x-large;">Heidegger e o curso «Introdução à Metafísica» (1935)</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><br /></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O curso «Introdução à Metafísica» tinha sido precedido em
1934-1935 por um curso sobre Hölderlin. Esta circunstância é significativa,
porque o interesse de Heidegger pela obra de Hölderlin, que para a sua evolução
posterior seria decisiva, começou com a análise dos problemas filosóficos e
políticos do nacional-socialismo. Acerca de Hölderlin, Heidegger havia dito:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“A verdade do povo é a correspondente manifestação [condição de patente] do ser na sua totalidade de acordo com o qual os poderes
sustentadores, ordenadores e condutores obtêm as suas hierarquias e provocam o
seu consenso. A verdade de um povo é aquela manifestação do Ser a partir do
qual o povo sabe o que historicamente quer, ao querer-se, ao querer ser ele
próprio [...]. A verdade do <i style="color: black;">Dasein </i>de
um povo é fundada originariamente pelos poetas; mas o ser do ente assim
descoberto é concebido como Ser (<i style="color: black;">Seyn</i>)
e assim também é disposto e revelado pelos pensadores, e o assim concebido <i style="color: black;">Seyn</i> se converte na última e primeira
seriedade do ente, quer dizer, é colocado na verdade histórica <i>de-determinada</i>,
pelo facto de o povo ser levado a si mesmo como povo. Isso acontece pela
criação de um Estado conforme à sua essência, pelo criador do Estado. Mas todo
este acontecer tem os seus próprios tempos e, portanto, a sua própria sequência
temporal; os poderes da poesia, do pensamento, da criação do Estado actuam,
pelo menos nas épocas da história desenrolada, para a frente e para trás e não
são, sobretudo, calculáveis. Durante longo tempo podem actuar sem serem
conhecidos e sem pontos entre si não obstante influindo-se, cada um segundo o
seu diverso poder de desdobramento, do pensar, do agir de Estado, e em cada
diverso grande domínio público”<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">E, relacionando tudo isto com o seu próprio ponto de vista
nacional-socialista, Heidegger prosseguiu:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Teve lugar uma eclosão: esta eclosão, não obstante, não encontrou
a «saída» (<i style="color: black;">Aufbruch</i>) correcta; não
achou ainda o seu caminho nem era de esperar que o encontrasse rapidamente; a
preparação do verdadeiro que um dia sobrevirá não se logra da noite para o dia
e por encomenda, requer muitas vidas humanas e até «gerações»; esse longo
período permanece fechado para todos aqueles que se vêem atacados pelo
aborrecimento e não dão conta do seu próprio aborrecimento. Mas nesse longo
período, certo dia, acontece o verdadeiro: o tornar-se manifesto do <i style="color: black;">Seyn</i>. Nesse lugar da necessidade
metafísica está o poeta” <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">No curso do semestre de Verão de 1935, chamado «Introdução à Metafísica»,
tratou-se da tematização da história ou, se se quiser, de uma reflexão sobre o
papel da filosofia (que Heidegger naquela época concebia como «metafísica») na
constituição da história. Nos seus trabalhos anteriores, Heidegger insistia na
necessidade de vincular a história e a filosofia, e de buscar precursores do
que entendia por historicidade da história; agora, em contrapartida,
importava-lhe mostrar a história como um movimento dinâmico que pela sua mesma
origem oferecia um modelo para o presente e para o futuro.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzzUv82-PmmiWINsb7ode6U-IGyx4c1TRmMzsprAZg-w-2yM-iBCRJmf7Fk-11FxWPagt4D-F-bofHH9wzAiCRQy7M5HEPWR3a7QTlwjc9Rxx2cdaS3R1ZLlig08nEjM2Dz3UKj9sT-6NUw3OFNasayBwIyHHRmPUyCW_NunxpwzNDOiG88LR6K8ZANYY/s1024/1586276893.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="713" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzzUv82-PmmiWINsb7ode6U-IGyx4c1TRmMzsprAZg-w-2yM-iBCRJmf7Fk-11FxWPagt4D-F-bofHH9wzAiCRQy7M5HEPWR3a7QTlwjc9Rxx2cdaS3R1ZLlig08nEjM2Dz3UKj9sT-6NUw3OFNasayBwIyHHRmPUyCW_NunxpwzNDOiG88LR6K8ZANYY/w446-h640/1586276893.webp" width="446" /></a></div><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">É importante salientar que, neste ponto, Heidegger recolhe todos
os problemas tratados até esse momento (inclusivamente na sua aleatoriedade e
contingência política imediatas), se bem que a partir de uma nova perspectiva.
Heidegger insiste na diferença básica entre a essência do povo alemão e as
manifestações históricas pelas quais se traduzia. Essa diferença permitia a
Heidegger julgar a identidade conseguida pelo nacional-socialismo em relação
com a sua origem. Daí que Heidegger insistisse, de antemão, na diferença entre
a filosofia e aquele enfoque das coisas que a filosofia esperava converter
imediatamente num meio, na hora de criar uma nova sociedade:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Com tais perspectivas e pretensões sobrevalorizava-se o alcance e
a essência da filosofia. A maior parte das vezes, o excessivo dessa exigência
evidenciava-se no menosprezo da própria filosofia. Diz-se, por exemplo, que se
deve rejeitar a metafísica porque não cooperou na preparação da revolução. E
isso tem tanto espírito como afirmar: posto que não se pode voar com um banco
de carpinteiro, há que prescindir dele” <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Que Heidegger não atribuísse à filosofia qualquer eficácia
imediata, não significava que quisesse revogar as suas possibilidades
históricas, mas, pelo contrário, que intentava transcendentalizá-la
historicamente:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Pelo contrário, o que a filosofia pode e tem que ser, pela sua
própria essência, é: uma abertura pensante de vias de perspectivas do saber
que estabelece critérios e hierarquias, de um saber no qual e graças ao qual um
povo concebe e realiza o seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dasein </i>no
mundo histórico-espiritual; isto é, trata-se de um saber que ascende, ameaça e
constrange todo o perguntar e avaliar [...]. A filosofia, pela sua essência,
não torna as coisas mais fáceis, mas mais difíceis. E isso não é casualidade,
pois o modo como se comunica ao entendimento vulgar parece estranho e até
próprio de dementes.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O autêntico sentido da produção filosófica consiste em tornar mais
difícil a existência histórica e, deste modo, no fundo e para dizê-lo com uma
palavra, o Ser. Tal agravamento devolve peso (ser) às coisas, ao ente. Porquê?
Porque constitui uma das condições essenciais e fundamentais do nascimento de
tudo o que é grande, o qual nos permite medir, sobretudo, o destino e as obras
de um povo histórico. O destino só se encontra ali onde a existência se
encontra dominada por um verdadeiro saber das coisas. Mas a filosofia é a que
abre caminhos e perspectivas para lograr tal saber” <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[4]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Heidegger estava convencido de que isso era precisamente o que os
ideólogos oficiais não faziam. Não podiam dar-se conta, nem compreender, onde e
como estavam os problemas. Não podiam aperceber-se de que tratar do «Nada» (<i style="color: black;">Nichts</i>) era algo distinto de uma
«decomposição» que minava «toda a cultura e toda a fé». Na sua mediocridade,
eles opinavam: «O que despreza tanto o pensamento na sua lei fundamental, como
o que destrói a vontade construtiva e a fé, é puro niilismo.» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[5]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Heidegger deduziu o perigo que representava a situação em que a
Europa se encontrava:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Esta Europa, em atroz cegueira e sempre a ponto de apunhalar-se a
si mesma, jaz hoje sob a grande tenaz que a Rússia, por um lado, e a América,
pelo outro, formam. Rússia e América, metafisicamente encaradas, são a mesma
coisa: a mesma fúria desesperada da técnica desenfreada e da organização
infunda do homem normal. Quando o mais afastado recanto do globo tiver sido
tecnicamente conquistado e convertido em economicamente explorável; quando uma
ocorrência qualquer for rapidamente acessível num lugar qualquer e num tempo
qualquer; quando se puderem «experimentar», simultaneamente, o atentado a um
rei em França e um concerto sinfónico em Tóquio; quando o tempo só for rapidez,
instantaneidade e simultaneidade, e o tempo, como história, tiver desaparecido
da existência de todos os povos; quando um número de milhões em assembleias de
massas for um triunfo – então sim, voltarão a pairar como fantasmas sobre toda
esta algazarra as perguntas: para quê? Para onde? E depois, o quê?” <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><b><span style="color: #bf9000;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">[6]</span></span></span></b></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjx7qV0_9i_RTwbCRNbf6HDleunghf6T0cBGSf1ZcTZuEXRMGVGtXLQjgngQoJ8DX8S8RSBqkyFoToWReMxiCBuKJs0f1XFtdm_uQDCJVbipi15NPrEx2rnHFYTffHeDny40KTav0rji59HGCTSdeJj894mqKh3urpdCQ6M5_uK2Tco5G1jED5PSEclreI/s462/Heidegger%201927%20-%20da%20Briefwechsel%20Mohr%20Siebeck%202009.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="462" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjx7qV0_9i_RTwbCRNbf6HDleunghf6T0cBGSf1ZcTZuEXRMGVGtXLQjgngQoJ8DX8S8RSBqkyFoToWReMxiCBuKJs0f1XFtdm_uQDCJVbipi15NPrEx2rnHFYTffHeDny40KTav0rji59HGCTSdeJj894mqKh3urpdCQ6M5_uK2Tco5G1jED5PSEclreI/s16000/Heidegger%201927%20-%20da%20Briefwechsel%20Mohr%20Siebeck%202009.jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Esta crítica cultural, que foi acompanhada de uma versão fascista
[?] contra qualquer tipo de democracia, e que questionava não só os seus abusos
como a sua existência, completava-se com a valoração da Alemanha como o único
«centro» do qual podia surgir uma salvação universal:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Estamos dentro da tenaz. Por achar-se no centro, o nosso povo
experimenta a pressão mais incisiva; é o povo que tem mais vizinhos e, por
isso, o mais ameaçado, e, sobretudo, é um povo metafísico. Mas a partir desta
determinação, de que estamos seguros, este povo só obterá o seu destino quando <i style="color: black;">em si</i> mesmo chegar a criar-se um eco,
uma possibilidade de eco para esta determinação, e conceber a sua tradição de
modo criador. Tudo isto encerra em si que este povo, como povo histórico, se
expunha (e, portanto, à história do Ocidente) a partir do centro do seu
acontecer futuro no domínio originário das potências do Ser. Precisamente, se a
grande decisão sobre a Europa não houver de dar-se pelo caminho do
aniquilamento, então só poderá dar-se mediante o desdobramento de novas forças
historicamente <i style="color: black;">espirituais</i>, a partir
do centro” <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[7]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ao retomar aquela ideologia ultranacionalista e imperialista que
professores alemães haviam formulado antes da Primeira Guerra Mundial para
justificar uma política agressiva, Heidegger estabeleceu uma continuidade entre
aquela época e o fascismo [?]. Como «centro» da Europa, como povo metafísico – <i style="mso-bidi-font-style: normal;">por isso</i> – especialmente ameaçado, como
autoridade escolhida, o povo alemão devia decidir sobre o destino de todos os
povos, precisamente, na medida em que decidia por si mesmo. A planetarização da
técnica através do seu movimento centrífugo, em direcção ao maior vazio, exigia
do povo metafísico um movimento centrípeto contrário em direcção a si mesmo,
como centro estabilizador. E no centro estava a «pergunta pelo Ser», com a qual
se justificava a si mesmo.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Por isso colocámos a pergunta pelo Ser em conexão com o destino
da Europa, onde se decidirá o destino da Terra, com o que, para a própria
Europa, a nossa existência histórica como centro<span style="color: black;"> </span>fica provada” <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[8]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Este nacionalismo extremo, que foi criticado por Robert Minder <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[9]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
teve que ser entendido inequivocamente como uma vinculação ao
nacional-socialismo partindo daquela crítica a que Heidegger quis submeter o
nacional-socialismo para o clarificar.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Pois, o que a Alemanha vivia, desde o instante em que a sua
direcção nacional-socialista assumiu a sua evolução histórica e começou a
extraviar-se do caminho recto, foi absolutamente análogo ao ocorrido no século
XIX, e que Heidegger concebia como origem e ponto de partida de todos os
perigos e males de então. O processo que se pode designar brevemente como «a
derrocada do idealismo alemão», não tinha nada disso.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Não foi o idealismo alemão que se desmoronou, foi a época que
deixou de ser suficientemente forte para estar à altura da grandeza, da
amplitude e originariedade desse mundo espiritual <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[10]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
[...] A existência começou a deslocar-se em direcção a um mundo que não tinha
aquela profundidade, a partir da qual o essencial advém e retorna ao homem
[...]. A dimensão predominante era a da extensão do número [...]. Tudo isto se
intensificou depois na América e na Rússia, chegando-se a um etcétera
desmesurado do sempre igual e do indiferente, até ao ponto de o quantitativo de
tudo isto degenerar numa qualidade própria” <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[11]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgI2hq7mUNOdLLWKzBqAXp7jxY0uLGwq7mB1sX6IDKibFUoYiWEEzi-ENC3CeBeQfPUkwUOKYk-qivZtmxgQ-NWsDY-Mr5YWvVPpFTXHtu_TBSxUt47e9n-2s7uNRNkq3tDgzLA5I5iPNMofVQ15JOMKLxkJp8Q8m2XkZC3RDd3oAfOFnVDqkcrtq3r4Vg/s1600/R%20(34).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="963" data-original-width="1600" height="386" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgI2hq7mUNOdLLWKzBqAXp7jxY0uLGwq7mB1sX6IDKibFUoYiWEEzi-ENC3CeBeQfPUkwUOKYk-qivZtmxgQ-NWsDY-Mr5YWvVPpFTXHtu_TBSxUt47e9n-2s7uNRNkq3tDgzLA5I5iPNMofVQ15JOMKLxkJp8Q8m2XkZC3RDd3oAfOFnVDqkcrtq3r4Vg/w640-h386/R%20(34).jpg" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ao exagerar qualitativamente a agressividade potencial própria de
cada nacionalismo extremo, Heidegger forja um inimigo que havia de exterminar
de raiz, justamente por ser demoníaco e perverso:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“O predomínio da mediocridade, do indiferente, já não é algo de
insignificante e de meramente estéril, mas a ameaça de algo que ataca toda a
hierarquia e destrói e faz passar por mentira o que é espiritual no mundo. É o
empate daquilo que chamamos demoníaco (no sentido de malvado e destrutor). Há
diversos sinais de surgimento deste império do demoníaco, unido ao crescente
desconcerto e insegurança da Europa, com respeito a si própria e em si própria.
Um deles está no debilitamento do espírito, no sentido de uma sua má
interpretação. Hoje encontramo-nos no centro de tal acontecer”<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[12]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tanto no conteúdo como na forma, Heidegger refere-se aqui aos
sermões fanáticos e maniqueus do seu compatriota Abraham a Sancta Clara, que
queria chamar a atenção para a verdadeira origem e significado da peste e
«despertar» a população de Viena a fim de que adquirisse consciência do perigo
turco. Heidegger integrou esta posição espiritual (partilhada pelas encíclicas
papais) na concepção do mundo nacional-socialista. Também Hitler havia
desenhado uma demonologia própria (e não só com referência aos judeus). Para
ele, os fundadores do marxismo, «essa doença dos povos», eram verdadeiros
demónios, pois só na mente de um monstro – e não de um homem – pode [...]
adquirir forma de um plano de organização cuja realização haveria de levar ao
desmoronamento da cultura humana e, com isso, à <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2014/03/portugal-e-o-futuro.html">desolação do mundo</a>. Neste caso,
como última salvação restava ainda a luta, a luta com todas as armas que o
espírito humano, o intelecto e a vontade podem imaginar, sem que importasse
então a quem tinha o destino dado a sua bênção no prato da balança <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[13]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A luta, que devia ser dirigida a partir do «centro», tinha que ser
preparada cuidadosamente, como cruzada que haveria de aniquilar o inimigo
apocalíptico mais espalhado no planeta. Na opinião de Heidegger, tratava-se de
aguçar a arma mais importante nesta luta, que não era senão o «espírito»,
justamente porque tudo ia decidir-se nele, e porque um dos indícios do domínio
do demoníaco e perverso era a desfiguração da actividade verdadeira do
espírito. A partir desta premissa, Heidegger formulou a sua «crítica» ao
nacional-socialismo de uma maneira absolutamente diferente. Para Heidegger, era
particularmente vil «a má interpretação do espírito como <i style="color: black;">inteligência</i>», a sua despromoção ao «papel de uma ferramenta ao serviço
de outrem, cujo manejo se pode ensinar e aprender» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[14]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Esta má interpretação tinha tomado três formas: no marxismo, a inteligência
pôs-se ao serviço da «regulação e domínio das relações materiais de produção».
No positivismo, limitou-se «à ordem do entendimento e da explicação de todo o
sempre presente e já estabelecido». E no nacional-socialismo desviado do seu caminho, o
espírito foi degradado para inteligência na «direcção organizativa da massa e
raça vitais de um povo». A caracterização das três variantes de degradação do
espírito que Heidegger propôs parecia diferenciada e exacta. Não obstante,
enquanto condenava os dois primeiros (marxismo e positivismo), do terceiro
observou unicamente o seu desenrolar erróneo. Que Heidegger também aqui se
esforçava por reconhecer a «intrínseca verdade e grandeza» do movimento
nacional-socialista, viria pouco depois a ser óbvio <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[15]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Se se entende, como o marxismo fez da forma mais extrema o
espírito como inteligência, será absolutamente justo dizer, em resistência a
ele, que o espírito, isto é, a inteligência, tem sempre que se subordinar,
dentro da ordem das forças eficientes da existência humana, à sã capacidade
física e ao carácter”.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Diferentemente do marxismo e do positivismo, que devem ser
interpretados só como representação do demoníaco e perverso, o
nacional-socialismo actua e pensa «correctamente» no sentido de uma defesa do
espírito. Na opinião de Heidegger, o erro do nazismo não consistia em
empreender e prosseguir a luta baseando-se no racismo, mas no facto de que a
estabelecera sobre uma base frágil. Já que a «sua ordem, em si correcta, se
converte em errónea logo que concebe a essência do espírito na sua verdade.
Pois toda a força e beleza verdadeiras do corpo, a segurança e a ousadia pela
espada, assim como a autenticidade e habilidade do intelecto, têm a sua raiz no
espírito e encontram a sua ascensão ou a sua decadência apenas no
correspondente poder ou impotência do mesmo. É o que suporta e domina, o
primeiro e o último, e não só um terceiro factor imprescindível»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[16]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdE6Imd6HRsC2-40NP62LTcZfeeU2K01OSUB48OdXysmHjG7db3uxCDYMD5WnT8UtbHB-l9W-0hcoF-RKHfb9xckxxwS4bIxDqRAHfT05pYNqX-EUX0sAK76F8-UYlQpDoqjQ1YB_XGA_kmmmgEiYavfrQJ02Dc4vJIseT2om3FR28Tz06GBxk3WzRhvs/s470/R%20(35).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="470" data-original-width="327" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdE6Imd6HRsC2-40NP62LTcZfeeU2K01OSUB48OdXysmHjG7db3uxCDYMD5WnT8UtbHB-l9W-0hcoF-RKHfb9xckxxwS4bIxDqRAHfT05pYNqX-EUX0sAK76F8-UYlQpDoqjQ1YB_XGA_kmmmgEiYavfrQJ02Dc4vJIseT2om3FR28Tz06GBxk3WzRhvs/s16000/R%20(35).jpg" /></a></div><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgujqbAWzUNezuqKjLhrAsdR2CyWIdrBXvVSS83sp1uzOvOVyu79I0_a3VkJ75u9BgF_SAUeAF9BsmttQdF6aS9C7a9Kwa1vJKz6TFUV3i0fr-YR9JmEX9QH5S0bjCXv2aD57f7soiGd147dCQaHiifbkeT1-fv4eCvh-ugk-m24LUtZUgIYYu8dK6VapQ/s850/OIP%20(11).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="850" height="301" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgujqbAWzUNezuqKjLhrAsdR2CyWIdrBXvVSS83sp1uzOvOVyu79I0_a3VkJ75u9BgF_SAUeAF9BsmttQdF6aS9C7a9Kwa1vJKz6TFUV3i0fr-YR9JmEX9QH5S0bjCXv2aD57f7soiGd147dCQaHiifbkeT1-fv4eCvh-ugk-m24LUtZUgIYYu8dK6VapQ/w640-h301/OIP%20(11).jpg" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Daí que para Heidegger a alternativa racista ou belicista pudesse
devir <i style="mso-bidi-font-style: normal;">verdade</i>. Esta alternativa, que
em si, e para os dois braços da tenaz ofensiva dirigida contra a Alemanha – o
marxismo e o positivismo –, parecia para sempre impossível, era, segundo o
juízo de Heidegger, perfeitamente possível, inclusivamente necessária para a
terceira variante, o nacional-socialismo. A diferença importante entre o dito
por Heidegger no seu curso «Sobre a questão fundamental da filosofia» (que não
era necessário espiritualizar a revolução) e o que dizia aqui consiste em que a
espiritualização tinha chegado a ser necessária, porque o seu objectivo, o
nacional-socialismo, estava em vias de perder alguns dos seus atributos
essenciais. Apesar de tudo tinha capacidade de recuperação. O seu propósito de
fundamentar o racismo e a agressão no «espírito» («toda a força e a beleza
verdadeiras do corpo, a segurança e a ousadia da espada») não era uma voz
clamando no deserto. Hitler também exigiu a espiritualização da espada:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“É possível aniquilar ideias espirituais com a espada? Pode-se
lutar contra concepções do mundo com o uso da violência bruta? Pus a mim mesmo
estas perguntas frequentemente [...]. Concepções e ideias, assim como
movimentos com uma determinada base espiritual falsa ou verdadeira, a partir de
um determinado momento do seu desenvolvimento só se podem vencer com os meios
do poder técnico quando estas armas corporais são por sua vez portadoras de um
novo pensamento, de uma ideia ou ideologia [...]. A aplicação exclusivamente da
violência, sem a força motriz de uma ideia espiritual básica como premissa,
nunca poderá levar à eliminação de uma ideia nem à sua propagação, a menos que
se chegue a aniquilar o seu último porta-voz e se destrua a sua última transmissão.
Isto, não obstante, significa afastar esse corpo político [<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Staatskörper</i>] do círculo que tem significado em termos de poder
político por um tempo indefinido, quiçá para sempre: um sacrifício destes
afecta o melhor do povo segundo a experiência demonstra, já que toda a
perseguição que tem lugar sem uma condição espiritual prévia aparece como
moralmente injustificada, e incita ao protesto, precisamente, os elementos mais
valiosos do povo, com a sua consequente identificação com o conteúdo espiritual
do movimento (doutrina) injustamente perseguido. Em muitas pessoas, isto ocorre
simplesmente por causa de uma reacção instintiva contra o intento de redução à
bastonada de uma ideia por meio de uma violência brutal”.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Daí que Hitler visse como única solução a colaboração entre «a
espada» e «o espírito».</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“O primeiríssimo pressuposto de um modo de luta com as armas da
força bruta tem sido desde sempre a tenacidade [...]. A aplicação uniforme da
violência sem mais é o primeiro pressuposto do êxito. Mas essa tenacidade só se
dá partindo de uma determinada convicção espiritual. Toda a violência que não
surja de uma base espiritual firme será vacilante e insegura”<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[17]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A combinação errónea de espírito e acção que Heidegger concebia
como o maior perigo para o «centro» e para o «movimento» reflectia-se também na
Universidade – como lugar a partir do qual deveria ser possível devolver ao
espírito as suas próprias possibilidades – que corria mesmo assim o perigo de
ser destruída por causa da equivocada evolução do nacional-socialismo.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Na ciência que aqui na Universidade particularmente nos interessa
pode reconhecer-se facilmente a situação das últimas décadas, situação que, pese embora alguns intentos de saneamento, permanece imutada. Duas concepções
aparentemente distintas parecem combater-se: a ciência como conhecimento
profissional técnico e prático por um lado, e a ciência como valor cultural <i>per se</i> por outro; na realidade, ambas se movem no
mesmo sentido decadente de uma falsa interpretação do espírito e da sua
debilitação. Só se diferenciam na medida em que, enquanto a concepção
técnico-prática – profissional – adquire importância pelas suas consequências
abertas e claras, a interpretação reaccionária da ciência como valor cultural,
que agora surge outra vez, intenta cobrir a impotência do espírito com uma
mendacidade inconsciente. A confusão de falta de espírito pode alcançar tal
ponto que a interpretação técnico-prática da ciência se reconheça
simultaneamente como ciência enquanto valor cultural, de modo que ambas, na sua
falta de espiritualidade, se tolerem bem entre si. Se se quiser chamar
Universidade à instituição que une as ciências especializadas em ensino e em
investigação, isso será um mero nome, não um poder espiritual originariamente
unificador que coadjuve um compromisso imperativo” <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[18]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiotCkL6yZ5n-8oTxuaqzamqBWoryVIrTGuf1kn-AwgcVP3x-x4GnRiDs5WIP45gft7fATSMeElXn6xUXU22Ksy5EiJl08cKeum9g_YseEwvLLcBShaCCHxSPjtSYzKf2s00rWy8ST39-Ce7D8v75BcaxweXbmlFmwTO-H4dfjo32LzaexnwZXueLPdlHQ/s736/dbdf7e37cc4937409cf020ab040a0ce3--heidegger-quotes-quotes-for-me.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="368" data-original-width="736" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiotCkL6yZ5n-8oTxuaqzamqBWoryVIrTGuf1kn-AwgcVP3x-x4GnRiDs5WIP45gft7fATSMeElXn6xUXU22Ksy5EiJl08cKeum9g_YseEwvLLcBShaCCHxSPjtSYzKf2s00rWy8ST39-Ce7D8v75BcaxweXbmlFmwTO-H4dfjo32LzaexnwZXueLPdlHQ/s16000/dbdf7e37cc4937409cf020ab040a0ce3--heidegger-quotes-quotes-for-me.jpg" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A partir desta perspectiva, o curso de Heidegger intentava
recuperar espírito perdido. Não o concebia como algo de estabelecido e fixado
pela administração num plano de estudos – um curso «intelectual» que tivera a
filosofia por «tema» –; devia, sim, converter-se numa espécie de ritual, no
qual importava «realizar» novamente o «espírito» como uma instância
«histórico-transcendental». A nova tentativa de salvação do espírito tinha que
começar por um retorno às origens, ao começo da filosofia ocidental dos gregos.
E tinha que tratar-se de uma salvação, porque o acesso a esta origem estava
bloqueado. Os gregos concebiam nos começos do seu pensamento o ser como <i>physis</i>;
mas ao fazê-lo estabeleceram as bases de um começo que pouco tempo mais tarde
foi alterado.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Costuma-se traduzir esta palavra grega fundamental, que designa o
ente, como «natureza». Utiliza-se a tradução latina <i>natura</i> que, em sentido
próprio, significa «ser nascido», «nascimento». Não obstante, com esta tradução
latina marginalizou-se o conteúdo original da palavra <i style="color: black;">physis</i> e destruiu-se o próprio poder expressivo filosófico da
expressão grega. E isto não só vale para a tradução latina desta palavra, como
para as demais traduções da linguagem dos filósofos para romano. O processo
desta tradução do grego para romano não é acidental e inofensivo; assinala o
primeiro capítulo do que seria o fechamento brusco à essência originária da filosofia
grega e o alheamento dela. A tradução latina tornou-se depois normativa para o
cristianismo e para a Idade Média cristã. Traduziu-se numa filosofia moderna,
que se movimenta no mundo conceptual da Idade Média e que, com o tempo, criou
aquelas representações correntes e aqueles termos conceptuais com que, ainda
hoje se torna inteligível o começo da filosofia ocidental” <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn19" name="_ftnref19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[19]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Já na crítica da filosofia de Descartes que Heidegger faz em <i style="color: black;">Ser e Tempo</i> se podiam reconhecer
indícios das suas múltiplas reservas face ao chamado «latim» e «romano».
Reservas que são características da tradição xenófoba, da qual Abraham a Sancta
Clara é exemplo. A partir da sua adesão ao nacional-socialismo, Heidegger
mantém uma xenofobia antilatina radical que se converteu num dos elementos (ou
factores) essenciais do seu pensamento, e ao qual finalmente nunca renunciou. É
notória a diferença relativamente à época em que havia concebido o seu escrito
«Sobre a essência do fundamento» (1929), época em que tinha encontrado no
evangelista João um conceito de Cosmos fenomenologicamente válido, continuando
depois na exegese do <i>mundus</i> de Agostinho e Tomás de Aquino <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn20" name="_ftnref20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[20]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Que a xenofobia de Heidegger não foi abstracta nem tinha por objecto meras
concepções filosóficas, demonstra-o o facto de a filosofia e a linguagem não
serem para Heidegger campos separados, mas factores constitutivos e decisivos
da existência humana. A juízo de Heidegger, «os povos» em nada se realizam
tanto como na sua filosofia e na sua linguagem.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Esta perspectiva foi radicalizada pelo nacional-socialismo até às
suas últimas consequências. Para o nacional-socialismo, o eixo Grécia-Alemanha
constituía o centro de uma cultura universal. No mesmo sentido escreveu também
Alfred Bäumler no seu ensaio «A dialéctica da Europa», num fragmento polémico
dirigido contra Jules Romains: «Diferenciamos a cultura e a tradição romanas –
com as quais tivemos um contacto histórico – da relação de livre eleição que
temos com o espírito grego; mas esta relação não nos interessa menos que aquele
contacto. Estamos conscientes de que o grego não nos foi transmitido pela
tradição romana, mas conquistado por nós autonomamente em sedimentos sempre novos.
Lutero traduziu do original grego, não da Vulgata; Winckelmann sentia o mármore
grego; Goethe e o <i style="color: black;">Sturm und Drang</i>
reencontraram Homero; Hölderlin libertou Píndaro, e Nietzsche redescobriu a
tragédia dionisíaca. Todos eles são outros tantos descobrimentos do génio
grego, levados a cabo sem mediação da cultura latina, e ainda em oposição a
ela» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn21" name="_ftnref21" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[21]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Heidegger aprestou-se a lutar para libertar «a origem» do lastro
romano:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Precisamente porque nos atrevemos a empreender a tarefa, grande e
longa, de demolir um mundo envelhecido e de o reconstruir deveras, isto é,
historicamente, temos que conhecer a tradição. Devemos saber mais, isto é, de
um modo mais rigoroso e imperativo do que se sabia nas épocas e períodos de
transição que nos precederam. Só o conhecimento histórico radical nos permitirá
afrontar o extraordinário da nossa tarefa, preservando-nos ao mesmo tempo de
uma nova irrupção de meras reproduções e de imitações estéreis” <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn22" name="_ftnref22" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[22]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJAhAqJfZgY4fZsKXc5mzPRlI5I4UHk3lZfhfmpBSOJ-RVSY2ccjfiqrbyU1wamNJ61hTDCSlhwjO5r7OyViMpotS2y_-rBSe-0I1T4IOrK-0WI5JuJC7TqvLskBcnnfGW5rb6wMJtGzWoawCK-hbq2vQZWLtbOVY-giiOe1w1Ao1-Fuy6gYv9vAYUgIo/s3840/4718327-Martin-Heidegger-Quote-Language-is-the-house-of-Being-In-its-home.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJAhAqJfZgY4fZsKXc5mzPRlI5I4UHk3lZfhfmpBSOJ-RVSY2ccjfiqrbyU1wamNJ61hTDCSlhwjO5r7OyViMpotS2y_-rBSe-0I1T4IOrK-0WI5JuJC7TqvLskBcnnfGW5rb6wMJtGzWoawCK-hbq2vQZWLtbOVY-giiOe1w1Ao1-Fuy6gYv9vAYUgIo/w640-h360/4718327-Martin-Heidegger-Quote-Language-is-the-house-of-Being-In-its-home.jpg" width="640" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Estar à altura de semelhante tarefa tinha algo de titânico:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Agora [...] nós saltamos por cima deste curso de desfiguração e
decadência para intentar reconquistar a capacidade original da linguagem e das
palavras” <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn23" name="_ftnref23" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[23]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Existiam objectivamente possibilidades para isso:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Que a formação da gramática ocidental surgisse da reflexão sobre
a linguagem grega, confere a este processo todo o seu significado. Pois, esta
língua (encarada em relação às possibilidades do pensar) é, junto com a alemã,
a mais poderosa e ao mesmo tempo a mais espiritual”<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn24" name="_ftnref24" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[24]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O guia mais importante no caminho da restauração da origem foi,
segundo Heidegger, Heraclito. Através de Heraclito se podia compreender desde o
começo que a luta (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">polemos</i>)
significava a relação ontológica entre <i style="mso-bidi-font-style: normal;">physis</i>
e verdade (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">aletheia</i>). Com a equivalência
de <i>polemos</i> e <i>logos</i> se mostraria a dinâmica originária da existência:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“A luta a que aqui se alude é combate originário, pois permite que
os combatentes surjam antes de tudo como tais: não é uma mera arremetida entre
coisas já existentes. A luta projecta e des-enrola o inaudito, o até então
não-dito e não-pensado. Esta luta será pois a dos criadores, dos poetas, dos
pensadores, dos homens de Estado. Opõem ao poder avassalador o bloco da sua
obra e conjuram nela o mundo que com a sua obra abriram. Mediante essas obras,
a <i style="color: black;">physis</i> chega a fazer-se presente.
Só assim o ente, como tal, se torna ente. Este tornar-se mundo (<i style="color: black;">Weltwerden</i>) constitui o acontecer
histórico propriamente dito. A luta como tal não só faz surgir o ente como
também o conserva na sua estância. Onde a luta se suspende certamente que o
ente não desaparece, mas o mundo desvia-se” <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn25" name="_ftnref25" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[25]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O conceito heraclitiano de <i>polemos</i> devia servir de fundamento
ontológico do pensamento corporativo dos fascistas [?], ao fundamentar da
discriminação entre os homens e à negação radical da possibilidade da
solidariedade humana.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“O conflito (<i style="color: black;">Auseinandersetzung</i>)
no que engendra, faz brotar tudo (o presente); mas (também) é o que conserva e
domina. A uns mostra-os como deuses; a outros como homens; a uns põe-nos como
servos; aos outros como livres”<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn26" name="_ftnref26" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[26]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mas aqueles que não captam o <i>logos</i>, «não são capazes de ouvir nem
de dizer». Não podem estabilizar a sua existência dentro do ser do ente. Só os
que podem fazê-lo dominam a palavra: os poetas e os pensadores. Os outros dão
voltas dentro do círculo da sua obstinação e falta de entendimento. Só admitem o
que lhes sai ao caminho, o que lhes é lisonjeiro e conhecido. «São como os cães:
pois também os cães ladram aos que não conhecem.» São asnos: «Os asnos preferem
a palha ao ouro»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn27" name="_ftnref27" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[27]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O desprezo que Heraclito sente pela multidão e a sua estima por
aqueles que possuem posição e domínio, assim como a circunstância de falar dos “impróprios”
como de cães e asnos faz parte essencial da realidade grega. Se hoje se fala,
às vezes com excessivo fervor, da <i style="color: black;">polis </i>dos
gregos, não deve silenciar-se o conceito de <i style="color: black;">polis</i>
em algo de anódino e de sentimental. O realmente forte é o hierárquico [...]. Justamente porque o ser é <i>logos</i>, harmonia, <i style="color: black;">aletheia</i>, <i style="color: black;">physis</i> e <i style="color: black;">phaynestay</i> não
se mostra discricionariamente. O verdadeiro não é para qualquer um, mas apenas
para os fortes <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn28" name="_ftnref28" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[28]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTRS6AtRit_Pw4qqHWbVAAfwgymcqO2YG2NZu8_aAHoWeJMj8S_NAOzyon77MU8KYUkq4oBZUbFkPY7SgXyjuQc0Fmwtyrs3UGnmcrHhyzmrmdoFgb0DoCf8Yc4OlKGw5tyH0jSJ4o26I8VI4vu7YimTJn6KUNj-YErgfKuhVJfv1FtVmmn_H-liV0GoM/s2560/eb2c33525d0954127d20f77948a4cd78.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2560" data-original-width="1697" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTRS6AtRit_Pw4qqHWbVAAfwgymcqO2YG2NZu8_aAHoWeJMj8S_NAOzyon77MU8KYUkq4oBZUbFkPY7SgXyjuQc0Fmwtyrs3UGnmcrHhyzmrmdoFgb0DoCf8Yc4OlKGw5tyH0jSJ4o26I8VI4vu7YimTJn6KUNj-YErgfKuhVJfv1FtVmmn_H-liV0GoM/w424-h640/eb2c33525d0954127d20f77948a4cd78.jpg" width="424" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Com isto, abria-se o caminho da equiparação da <i>polis</i> grega à
sociedade corporativa fascista do nacional-socialismo, aquela sociedade de
caudilhos cujo estado era obra «dos fortes»:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“A <i style="mso-bidi-font-style: normal;">polis</i> constitui o
lugar do acontecer histórico, o ali <i style="mso-bidi-font-style: normal;">no</i>
qual, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a partir</i> do qual e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">para</i> o qual acontece a história. A
semelhante lugar do acontecer histórico pertencem os deuses, os templos, os
sacerdotes, as festas, os jogos, os poetas, os pensadores, os dominadores, o
conselho dos anciãos, a assembleia do povo, as forças armadas, os barcos. Se
tudo isto é próprio da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">polis</i>, se tudo
isto é político, não é pela sua relação com um homem de Estado, com um general
ou com os negócios do Estado. O mencionado é, antes, político, isto é, está no
centro do acontecer histórico, sempre que os poetas sejam só poetas, mas então
que o sejam realmente, os pensadores só pensadores, mas que o sejam então
realmente, os sacerdotes só sacerdotes, mas que então e por isso sejam somente
governantes. E que o sejam significa que, como executores da violência, a
empreguem realmente e se convertam em preeminentes no ser histórico como
criadores, como fazedores.”</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Por tudo isso, a <i style="color: black;">Introdução
à metafísica</i> converte-se numa <i style="color: black;">Introdução
à política</i>, na medida em que é transcendentalizada sem perder a sua força
inerente. Pelo contrário, a juízo de Heidegger, esta transcendentalização
servirá para devolver ao «político» o seu poder decisivo que, sem lugar a
dúvidas, devia conseguir-se no ideário sociopolítico do nacional-socialismo e
nas suas concepções organizativas. Que esta obra de Heidegger deva ser interpretada
como começo da sua ruptura com o nacional-socialismo, e que tal ruptura devia
ter lugar inevitavelmente, a menos que Heidegger renunciasse ao seu pensamento,
parece insustentável. Esta tese é defendida sobretudo por Alexander Schwan,
cuja afirmação de que Heidegger tinha deixado de alienar-se aqui junto aos
nacionais-socialistas, por ter reconhecido o carácter totalitário da sua
ideologia, não é compatível com a sua outra afirmação de que Heidegger em 1935
aprovava ainda o Estado totalitário <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn29" name="_ftnref29" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[29]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Na <i style="color: black;">Introdução à metafísica</i>, Heidegger
fundamentou o mesmo Estado que havia defendido em 1933-1934 e, decerto, como
poder central de uma sociedade composta de ordens na qual o exercício do poder
político só devia caber aos homens de Estado, coincidindo plenamente neste
sentido com o fascismo.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Além disso, Schwan sustenta que Heidegger neste trabalho
compreende o «povo histórico» como categoria social central. Já que este povo
adquire a sua unidade mediante o Estado (como povo num Estado), Heidegger
conceberia o povo como «obra» do Estado, como «uma realização da verdade»
abstracta, e inclusivamente<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>não-histórica. Mas o certo é que Heidegger nunca abandonou as suas convicções
quanto ao carácter cimentador-originário e até sacralizador do povo alemão,
ainda que nesta época já afirmasse na «obra» a equivalência de Estado e povo.
Uma vez que também em 1935 queria desenvolver o Estado apenas a partir do povo,
do mesmo modo que em 1934 exigia que o povo se encontrasse <i>a si mesmo</i> no Estado
e no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Führer</i>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os problemas editoriais da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Introdução
à metafísica</i> vão mais além do marco do presente trabalho. Em 1953, quando
se publicou o texto, a discussão centrava-se sobretudo numa determinada frase
que Heidegger reconhecia ter escrito, mas que afirmava ter omitido na leitura.
Nesta frase aparece resumida a evolução ideológica de todo o curso numa fórmula
que ilustra de um modo exemplar a sua conotação política. Depois de Heidegger
ter aludido à declinação do espírito e à sua consequente instrumentalização
numa filosofia de valores e totalidades – com o que se mostrava aos seus
prosélitos o ponto onde o nacional-socialismo se havia perdido no caminho –,
comenta:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Tudo isto se chama filosofia. O que hoje se oferece por todos os
lados como filosofia do nacional-socialismo – mas que não tem absolutamente
nada que ver com a intrínseca verdade e grandeza deste movimento (nomeadamente,
com a confrontação da técnica planetariamente determinada e do homem
moderno)<span style="color: black;"> </span>– faz a sua pesca nessas turvas
águas de «valores» e «totalidades» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn30" name="_ftnref30" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[30]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsZDKcikv6tgtKYXUgccauA4IdBKwpZQjwLCppAd8SnUcNwXbd2698uiM8JPX9Z9T0z7DQ0xc_-srQxiT1OqWgQA3lozg63QkoA4ZiMMf5CI3U6ldZCQXfwAblToeXO3OaIBTeq_m9BbOCMxlnR77DbyKM-wfD1HtS1H18s6BIx6wehKQ05H7_UD3cZxM/s1024/Martin-Heidegger-1392x783-1-1024x576.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsZDKcikv6tgtKYXUgccauA4IdBKwpZQjwLCppAd8SnUcNwXbd2698uiM8JPX9Z9T0z7DQ0xc_-srQxiT1OqWgQA3lozg63QkoA4ZiMMf5CI3U6ldZCQXfwAblToeXO3OaIBTeq_m9BbOCMxlnR77DbyKM-wfD1HtS1H18s6BIx6wehKQ05H7_UD3cZxM/w640-h360/Martin-Heidegger-1392x783-1-1024x576.jpeg" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Heidegger afirmou mais tarde não ter pronunciado as palavras que
apareciam entre parênteses no manuscrito original <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn31" name="_ftnref31" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[31]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Com isso pretendia indicar que as ditas palavras implicavam uma crítica aos
filósofos nacional-socialistas, à direcção política, e ao nacional-socialismo
como tal. Mas cabe perguntar-se se a crítica de Heidegger aos filósofos
nacional-socialistas e à direcção não foi pronunciada em nome daquele
nacional-socialismo que Heidegger acreditava que já em 1934 havia sido atraiçoado
e que só era de novo libertado por ele, por Heidegger, num <i>polemos</i> como o do
seu curso. Mesmo que as palavras colocadas entre parênteses constassem no texto
original, isso não mudava qualitativamente a orientação ideológica do curso. Se
o nacional-socialismo desembocava na «confrontação da técnica planetariamente determinada
e do homem moderno», era porque, para Heidegger, o poder e a possibilidade de
assumir tal confronto eram inerentes ao nacional-socialismo. Daí a sua verdade
e a sua grandeza unicamente alcançadas «intrinsecamente» depois de a direcção
política e os filósofos as terem convertido em exterioridades. Do que se
tratava aqui era de uma força e de um poder efectivos, de que o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/07/o-pensamento-portugues-esta-contra-o.html">marxismo</a> e o
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/04/do-aristotelismo-ao-positivismo.html">positivismo</a> careciam, não só porque representavam povos não-metafísicos, mas
porque Heidegger os concebia como agentes do mal. Por tudo isso, eram incapazes
de oferecer uma solução.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Rainer Marten comentou há pouco tempo como Heidegger se comportou
durante a preparação da reedição da <i>Introdução à metafísica</i>: «Em 1953, durante
os preparativos para a reimpressão do curso, nós três aconselhámo-lo, prevendo
a reacção pública, a que omitisse a passagem «com intrínseca verdade e grandeza
do nacional-socialismo» da frase «O que hoje se oferece por todos os lados como
filosofia do nacional-socialismo, mas que não tem absolutamente nada que ver
com a intrínseca verdade e grandeza do nacional-socialismo». Em lugar de fazer
o indicado, trocou o segundo «nacional-socialismo» por «movimento» e, depois,
pôs entre parênteses: «nomeadamente, a confrontação da técnica planetariamente
determinada e do homem moderno». No entanto, por 1935, para Heidegger, ainda
não existia a distinção de um nacional-socialismo pervertido pelo desgaste
técnico do existente. O carácter maléfico da técnica atribui-o nesta época,
unicamente e de um modo significativo, às potências não-germânicas. Heidegger
diz textualmente numa aula anterior do mesmo curso: «Rússia e América são ambas
[...] o mesmo: o mesmo delírio desesperado da técnica desenfreada e da
organização infunda do homem normal». Está claro que a «famosa» passagem
sanciona em cada uma das suas palavras inequívocas e favoravelmente o fascismo [?],
considerando-o filosoficamente autêntico e justo, e desmente automaticamente a
interpretação efectuada pelo mesmo <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/01/lingua-de-tradicao-e-lingua-tecnica.html">Heidegger</a> <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn32" name="_ftnref32" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[32]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>. </span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In Victor Farías, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Heidegger e o Nazismo</i>, Editorial
Caminho, 1990, pp. 339-355).<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoZGP5n4kRkU8F7t5D_F4Wf1M05to29LmcKO96Q_-Uku10fOe3P2PpyexRH07BG1JOGkRKQ3aAVTJaWOnUFUx3g0SOBzW2pzjobrTAG5-1WE4Nwsumld1qvY60RGUv4NSc_ZUgesty9Rm1qIhvM15UkkZ5PkDBPith2kRi1VqAmugJPm6z8M33h01jgVg/s1140/1585937471.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1140" data-original-width="748" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoZGP5n4kRkU8F7t5D_F4Wf1M05to29LmcKO96Q_-Uku10fOe3P2PpyexRH07BG1JOGkRKQ3aAVTJaWOnUFUx3g0SOBzW2pzjobrTAG5-1WE4Nwsumld1qvY60RGUv4NSc_ZUgesty9Rm1qIhvM15UkkZ5PkDBPith2kRi1VqAmugJPm6z8M33h01jgVg/w420-h640/1585937471.webp" width="420" /></a></b></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></p><div style="mso-element: footnote-list;">
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">M. Heidegger, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Vorlesung über
Hölderlin im Winter 1934-35</i>, citado segundo O. Pöggeler, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Philosophie und Politik bei Heidegger</i>,
Freiburg / München, 1972, pp. 28 e segs.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">M. Heidegger, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">op. cit.,</i> p.
108.</span></span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">M. Heidegger, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Einführung in
die Metaphysik</i>, Tübingen, 1953, p. 8.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, pp. 8 e segs</span>.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, p. 18.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, pp. 28 e segs.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, p. 29.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">Ibidem</span></i><span lang="EN-US">, p. 32.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;">
Cf. Minder, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Hölderlin unter den Deutschen
und andere Aufsätze zur deutschen Literatur</i>, Frankfurt, 1968, pp. 132 e
segs.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> M. Heidegger, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">op. cit.,</i> pp. 34 e segs.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, p. 35.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> A. Hitler, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Mein Kampf</i>, p. 68: sobre a Rússia como «demónio», p. 752.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> M. Heidegger, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">op. cit.,</i> pp. 35 e segs.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, p. 152.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, p. 36.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">A. Hitler, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">op. cit.,</i> pp. 118
e segs.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> M. Heidegger, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">op. cit.,</i> pp. 36 e segs.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn19" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref19" name="_ftn19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, pp. 10 e segs.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmSKaWgBGO-0yITbi7juvBxfQoUwSKGlfRyVxo3sRZZqMW_G0ndo1NUYDcbLVgzWDgwAqF_JEK4HbYkbTC_E0eOdopQzaimRPhJfjyQfOokA2ZR5kcOQ3M93kJxKz3wMwkjqJWyI1lmDFEWlKTedBVQUVJd6yMM-SZyftuLf8jP_yq7Bvf9V52N8yCrXg/s648/default.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="648" data-original-width="429" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmSKaWgBGO-0yITbi7juvBxfQoUwSKGlfRyVxo3sRZZqMW_G0ndo1NUYDcbLVgzWDgwAqF_JEK4HbYkbTC_E0eOdopQzaimRPhJfjyQfOokA2ZR5kcOQ3M93kJxKz3wMwkjqJWyI1lmDFEWlKTedBVQUVJd6yMM-SZyftuLf8jP_yq7Bvf9V52N8yCrXg/s16000/default.png" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p>
</div>
<div id="ftn20" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref20" name="_ftn20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">M. Heidegger, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Über das wesen
des Grundes, in Wegmarken</i>, Frankfurt, 19, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">op. cit.,</i> pp. 21-71 e 40-42.</span></span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn21" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref21" name="_ftn21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> A. Bäumler, «Die Dialektik
Europas. </span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;">Antwort an Jules Romains», in <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Politik und Erziehung. Reden und Aufsätze</i>; 4.ª ed., Berlin, 1943,
pp. 50, 53, 56.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn22" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref22" name="_ftn22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">M. Heidegger, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">op. cit.,</i> p.
96.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn23" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref23" name="_ftn23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, p. 11.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn24" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref24" name="_ftn24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, p. 43.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn25" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref25" name="_ftn25" style="mso-footnote-id: ftn25;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, pp. 47 e segs.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn26" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref26" name="_ftn26" style="mso-footnote-id: ftn26;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, p. 47.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn27" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref27" name="_ftn27" style="mso-footnote-id: ftn27;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[27]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, p. 101.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn28" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref28" name="_ftn28" style="mso-footnote-id: ftn28;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[28]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">Ibidem</span></i><span lang="EN-US">, p. 102.</span></span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn29" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref29" name="_ftn29" style="mso-footnote-id: ftn29;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[29]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">Cf. A. Schwan, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Die politische
Philosophie in Demken Heideggers</i><span style="mso-bidi-font-style: normal;">, Köln und Opladen</span>, 1965, pp. 94 e 101.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn30" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref30" name="_ftn30" style="mso-footnote-id: ftn30;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[30]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">Cf. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Einführung in die Metaphysik</i>,
p. 152.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn31" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref31" name="_ftn31" style="mso-footnote-id: ftn31;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[31]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">Der Spiegel</span></i><span lang="EN-US">, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">op. cit.,</i> p. 204.</span></span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn32" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref32" name="_ftn32" style="mso-footnote-id: ftn32;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[32]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">R. Marten, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ein rassistisches
Konzept von Humanität</i>, in <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Badische
Zeitung</i>, 12 / 20 Dezembro de 1987, p, 14.</span></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhauyG9qRCIdSQh_NRneaOOCL4wQevbds1vtdOAbvbXWISfm44cpxbL8wtJuy0r2OeedQnzXAsNE-PbHJhUL9rDy_pA99pZUENHizmMVn2Ru9ZpqEF6pr3FhUBpm33xsPHZaVHdB2G1iudzz3QZ5L948Z-PwTJZi0SuNU5zQ5thqYGQ9gr_-X8vkD3fQG8/s3840/371846-Martin-Heidegger-Quote-Making-itself-intelligible-is-suicide-for.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhauyG9qRCIdSQh_NRneaOOCL4wQevbds1vtdOAbvbXWISfm44cpxbL8wtJuy0r2OeedQnzXAsNE-PbHJhUL9rDy_pA99pZUENHizmMVn2Ru9ZpqEF6pr3FhUBpm33xsPHZaVHdB2G1iudzz3QZ5L948Z-PwTJZi0SuNU5zQ5thqYGQ9gr_-X8vkD3fQG8/w640-h360/371846-Martin-Heidegger-Quote-Making-itself-intelligible-is-suicide-for.jpg" width="640" /></a></span></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"><span lang="EN-US"><br /></span></span><p></p></div></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-68778611856373783962023-10-09T13:26:00.001-07:002023-10-09T13:29:48.461-07:00O Espírito<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Orlando Vitorino</span></b></p><div style="text-align: left;"><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjS7q9iuzui-4VmF8esFIfJDIqM6pBBT38R9RazWue89sVZVw-_JPT1nA-yIpD-0tC1BhaGnjSt_cLqEzvp23e1kFAeJNYcPQYSen7FwRNXRQF1-x2BxrpnN2sZ3J10flL14GWYPICH8z1K-5Ulvbs0QJpnZV7WZC7OxjoYfkGprpZwZ27Sx7ykhCX-LVU/s480/Orlando%20Vitorino%20(2).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="316" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjS7q9iuzui-4VmF8esFIfJDIqM6pBBT38R9RazWue89sVZVw-_JPT1nA-yIpD-0tC1BhaGnjSt_cLqEzvp23e1kFAeJNYcPQYSen7FwRNXRQF1-x2BxrpnN2sZ3J10flL14GWYPICH8z1K-5Ulvbs0QJpnZV7WZC7OxjoYfkGprpZwZ27Sx7ykhCX-LVU/s16000/Orlando%20Vitorino%20(2).jpg" /></a></div><br /><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: left;"><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A filosofia de Álvaro Ribeiro é um realismo, como a de Aristóteles.
A grande questão está em saber como o Espírito é real e, aí, sempre Álvaro
Ribeiro humanamente hesitou e piedosamente ignorou. A filosofia não é mística.
O filósofo não é “um místico transviado”. O que Álvaro veio a mais admirar em
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/a-obra-de-nietzsche-radicada-em-alguma.html">José Marinho</a> e o levou a considerá-lo “o maior filósofo contemporâneo”, foi ter
ele nocionado e sistematizado a “ontologia do espírito”. Álvaro entende por
ontologia o saber da verdade como real.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>É-lhe difícil, contudo, aceitar a ontologia do espírito de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/01/apologia-de-leonardo-coimbra.html">José Marinho</a>. Porque ela implica a realidade do não-ser e do nada que, de acordo com
o realismo aristotélico, não são possíveis: só é o que se diz, só se pode dizer
o que é, do não-ser nada se pode dizer, o não-ser não é.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Ora, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2014/03/a-liberdade-e-o-proprio-espirito.html">o não-ser de Marinho é o sem-limite, portanto a liberdade, e aí surge o espírito</a>. Surge da liberdade e o pensamento, tendo nele o seu
princípio, é o portador da liberdade. Assim afirmando <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/01/filosofia-como-valor-e-filosofia-como.html">Marinho</a>, a seu modo, o
não-ser e o nada, mais segundo o idealismo platonista do que segundo o
idealismo alemão, Álvaro Ribeiro acusa-o no entanto de se ter deixado
influenciar pelos pensadores germânicos.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A exigência de realismo leva Álvaro a distinguir entre <i>espírito universal</i> e <i>espírito humano</i>. Distinção estranha se o
espírito universal é o Deus dos filósofos, mas compreensível se o espírito
humano é o espírito universal que no homem pensa. Distinção sem separatividade,
antes complementar, porque o pensamento só é real no homem (Álvaro diz mais: só
é real no indivíduo). Então, o espírito será universal para que o pensamento
consista num movimento para o uno, num movimento que conduz ao uno toda a
multiplicidade dos seres e formas que compõem o mundo. E será espírito humano
para que o pensamento, portanto o espírito de que o pensamento é a actividade,
seja real.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Não se trata, porém, de uma ontologia do espírito, que é o que
Álvaro Ribeiro admira na filosofia de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/01/filosofia-como-valor-e-filosofia-como_08.html">José Marinho</a>. Trata-se, sim, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/03/filosofia-de-alvaro-ribeiro-como.html">de uma doutrina do espírito, de uma doutrina que faz do espírito “o mestre dos que sabem”</a>. Como o espírito, enquanto universal, é Deus, a doutrina está revelada e
escrita nos Livros Sagrados. O ateísmo é um analfabetismo.»</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/03/um-filosofo-singular-alvaro-ribeiro.html">Orlando Vitorino</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/09/o-mestre-dos-que-sabem_24.html">«O mestre dos que sabem»</a>).</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/03/que-e-cisao.html">doutrina da cisão</a> ilude e engana quando transita ou recorre do
distinguir para o separar. Na sensação externa como na intuição interna um
terceiro termo é dado, absorvente ou unificado. Em mais elevada ordem de
pensamento, quando o juízo surge por virtude de objectivo, a dialéctica parece
fortalecer a cisão. Os adjectivos prestam-se a figurar os contrários, pela
facilidade conferida ao escritor para manipular os prefixos de negação e de
privação. Tudo se opõe ao Nada, honrando um simples pronome indefinido com a
inicial maiúscula, como se fosse um nome. A dialéctica não é via para a
verdade, quando desfigurada em meio jogo sem arte nem trabalho.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB8opJaBTzTTUjmhciV4djByWQJwIpaKJ-LfavtzQDVEPaSYVV-jzxnPFD0Vdp42bO3ILnH4KWliRdIKTgNd3Dvd13bZlsFHfIQqaChWt2wfF9njMvdiD2byV-VZEtTQEiTCR1s6Uzg5i62wQkka8WD_XPByEedkhLDiDlQKUsTtvGf2Z8hv9S2M-42O8/s391/R%20(31).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="391" data-original-width="260" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB8opJaBTzTTUjmhciV4djByWQJwIpaKJ-LfavtzQDVEPaSYVV-jzxnPFD0Vdp42bO3ILnH4KWliRdIKTgNd3Dvd13bZlsFHfIQqaChWt2wfF9njMvdiD2byV-VZEtTQEiTCR1s6Uzg5i62wQkka8WD_XPByEedkhLDiDlQKUsTtvGf2Z8hv9S2M-42O8/s16000/R%20(31).jpg" /></a></span></div><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /><b><br /></b></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP1k9nO2VW7ymYVhPM5cU5wFWyZ7G97zMirvf_Y89FoSQRhyokVfMd1sGvH4Cy3j8giOz5VV2cDjrMxw_d1s89fgxYqwsgxsb29NwcYew1XuXvo7G0t7tITxu9jOIfkTPsb1-aVktO-N5SqXCYR2eKO_xepc42praDgL7BrbleBOAqKq4ctEYmNxNYTPw/s850/quote-thus-phenomenology-means-%CE%B1%CF%80%CE%BF%CF%86%CE%B1%CE%B9%CE%BD%CE%B5%CF%83%CE%B8%CE%B1%CE%B9-%CF%84%CE%B1-%CF%86%CE%B1%CE%B9%CE%BD%CE%BF%CE%BC%CE%B5%CE%BD%CE%B1-to-let-that-martin-heidegger-47-33-52.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="850" height="302" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP1k9nO2VW7ymYVhPM5cU5wFWyZ7G97zMirvf_Y89FoSQRhyokVfMd1sGvH4Cy3j8giOz5VV2cDjrMxw_d1s89fgxYqwsgxsb29NwcYew1XuXvo7G0t7tITxu9jOIfkTPsb1-aVktO-N5SqXCYR2eKO_xepc42praDgL7BrbleBOAqKq4ctEYmNxNYTPw/w640-h302/quote-thus-phenomenology-means-%CE%B1%CF%80%CE%BF%CF%86%CE%B1%CE%B9%CE%BD%CE%B5%CF%83%CE%B8%CE%B1%CE%B9-%CF%84%CE%B1-%CF%86%CE%B1%CE%B9%CE%BD%CE%BF%CE%BC%CE%B5%CE%BD%CE%B1-to-let-that-martin-heidegger-47-33-52.jpg" width="640" /></a></span></div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>(...) Apresentada de perfil e sem minuciosa crítica, mas de modo a
facilitar imparcial entendimento, a fenomenologia da cisão não representa todo
o mérito da <i>Teoria do Ser e da Verdade</i>.
O mais alto valor da obra está no ensaio de opor à fenomenologia do ser uma
ontologia do espírito. Estas expressões de erudição universitária e de
indústria editorial evocam, mas agora de propositada utilidade, os termos da
filosofia eleática, da filosofia ateniense e da filosofia alexandrina (e assim
dizemos porque não há unidade que se denomine filosofia grega, nem totalidade
que se denomine filosofia antiga), como evocam também os densos, complexos e
volumosos livros que a Alemanha exporta para consumo dos estudantes de
filosofia. Hegel escreveu, como é sabido, uma <i>Fenomenologia do Espírito</i>, em réplica à ontologia do espírito que
Kant estudou nos subjectivistas britânicos, Locke, Berkeley, Hume, e que
teorizou como ontologia do intelecto (<i>Verstand</i>)
aquém da razão cristã, humana e divina (<i>Vernunft</i>).
O estudioso José Marinho, afectado por funda aversão contra a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/07/filosofia-escolastica-e-deducao.html">filosofia escolástica</a>, na medida em que esta se apresenta como face exotérica do
esoterismo cristão, deixou-se fascinar pela mística teutónica e
consequentemente pelo idealismo alemão, pensando em luta contra as tendências
normais e formais da <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/09/aristoteles-e-tradicao-portuguesa-i.html">filosofia portuguesa</a>, que já do rubro fatalismo islâmico e
do verde profetismo hebraico recebera aquele sinal activista e realista que na
obra de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/09/aristoteles-e-tradicao-portuguesa-ii.html">Aristóteles</a> figura em verdade perene e dominante.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Excluindo a razão e o racionalismo, por escolásticas presunções de
possuir a verdade ou de a atingir apressadamente, excluindo também o intelecto
e o intelectualismo por sucedâneos da razão que se exterioriza e objectiva em
categorias, o pensador José Marinho mergulha até ao fundo, ao fundamento e ao
fundamental da consciência humana para descobrir a interrogação. Pensar é
interrogar. O inquérito avança até à fronteira dogmática entre a heresia e a
ortodoxia. Quem interroga é a Esfinge, símbolo quadrivial dos estádios da
evolução humana, em figuração quimérica. Junto dela as pirâmides, mas todas com
base, obras de arquitectura. O enigma trivial dá prova ao comportamento humano,
em seu duplo aspecto de interioridade e de exterioridade. Mas interrogar é
sempre julgar, e do intelecto à razão ascende o homem pelo reconhecimento de
que todo o ser e toda a verdade dependem daquele absoluto a que só por
analfabetismo pode ser recusado o santo nome de Deus. A dialéctica do ser
parcial perante o ser total, como a da verdade parcial perante a verdade total,
desaparece insubstante na presença do substante, milagrosamente significado
pela sagração da estrela ou da cruz. Cessa toda a divisão com o malefício do
divisor no momento de entender que a multiplicação original, morrendo em cada
instante de sacrifício, concorre efectivamente para a redenção final.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6qfOZYZ1ha8w4zjnx26FGi6cJ1KMxRnUq4ljDI-ebLbULlIR4iGS95_rF13JRI14sP1WFX4PVWSraYPjKy-nJNcIiTQdl9zR_-6wpI94WSOGUtzVOwul2v7E65byC3OiNbzI5Re4if3DwHX-sKitjKSCCdFZNtIqr_LqeNyNsGzYHMc1sZa4fZr5ekW0/s720/03%20(1)-003%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="516" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6qfOZYZ1ha8w4zjnx26FGi6cJ1KMxRnUq4ljDI-ebLbULlIR4iGS95_rF13JRI14sP1WFX4PVWSraYPjKy-nJNcIiTQdl9zR_-6wpI94WSOGUtzVOwul2v7E65byC3OiNbzI5Re4if3DwHX-sKitjKSCCdFZNtIqr_LqeNyNsGzYHMc1sZa4fZr5ekW0/s16000/03%20(1)-003%20(1).jpg" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Saudamos no livro de José Marinho, no pensamento e no estilo
admiráveis da <i>Teoria do Ser e da Verdade</i>,
uma obra autêntica de filosofia que efectivamente nos obriga a cogitar, a
meditar e a reflectir. A crítica dirá se as respectivas teses concordam entre
si, para coerência do sistema, e se estão de harmonia com a cultura que nos
cumpre propagar e defender. O livro surge na hora em que, perplexos ante as
dificuldades opostas pelos estrangeiros ao pensamento nacional que estrutura a
verdade da Pátria, buscamos as razões justificativas da posição que nos singulariza
pelo modo de colaborar na redenção da Humanidade. Os estrangeiros, e com os
estrangeiros os nossos emigrados ou turistas, arguem maliciosamente com a
denúncia das tristes culpas, certos de que o ensino das escolas públicas,
viciado pela frenesia cientista e tecnicista, tem revogado de geração para
geração os valores defensáveis pela filosofia portuguesa. Aos escritores, e
especialmente aos autores das obras de pensamento, tem sido efectivamente
desleixado o poder de educar as novas gerações. Só eles constroem o futuro, já
que o ser do homem é o seu pensar, e com o pensar se ilumina o agir. No passado
repousam, ou adormecem, parentes, professores e sacerdotes, que repetindo
palavras pretéritas esvaziam de conteúdo intelectual ou emocional as cerimónias
em que por hábito colaboram, transformando as comemorações históricas em farsas
revogáveis, dispersando em terras mortas o vínculo espiritual da tradição.»</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="http://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/03/decisao-e-indecisao-na-casa-de-portugal.html">Álvaro Ribeiro</a> (<a href="http://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/03/decisao-e-indecisao-na-casa-de-portugal_15.html">«Decisão e Indecisão na Casa de Portugal»</a>).</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Convém introduzir (...) uma observação sobre a dificuldade de
entender o nada como realidade e como noção, sobre tão só a dificuldade de o
dizer. Já vimos como <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/08/jose-marinho_9580.html">José Marinho</a> fala dele, ou simplesmente lhe alude, num
momento decisivo da “teoria da verdade”, dizendo “o não-ser ou mais profundo
Nada”, expressão que suscitou ao aristotelismo de Álvaro Ribeiro uma veemente,
pública invectiva. Faltou-lhe, a Álvaro Ribeiro, um esforço de compreensão para
a expressão de um pensamento no qual o que se diz por <i>Nada</i> (assim mesmo, com maiúscula) é para significar o que, depois
do <i>não-ser</i> passa a <i>sem limite</i> (expressões ainda de
raciocínios bastardos) para se afirmar no <i>infinito</i>, que é de onde vai emergir o
espírito.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Entender o nada como privação ou ausência de realidade, é nada
entender. E para o entender como não-ser, tem de previamente se considerar que
já Aristóteles demonstrou que do não-ser nada se pode dizer, nem portanto
pensar, uma vez que não é, quer dizer, que não contém, predicados nem recebe
atributos. Como então compreender que se diga – como Aristóteles diz e na
exposição da nossa tese vemos que a ciência conclui – que a matéria é o nada? A
interpretação elucidativa, luminosa, vem-nos de Álvaro Ribeiro.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Segundo a sua doutrina da insubstancialidade do pensamento e do real,
o que se designa por matéria só por vício de linguagem se designa por um
substantivo e se entende, portanto, como substancial. Todo o pensamento está em
evolução como todo o real está em movimento. Se entendermos por substancial o
que designamos por um substantivo, convém corrigir o modo de expressão ou o
modo de pensar com essa expressão, e, em vez de substantivar, verbalizar, pois
o verbo é que significa movimento. Então, o que se entende por <i>matéria</i> deverá
conceber-se como se expresso por <i>materializar</i>
ou <i>materialização</i>. Enquanto materialização,
a matéria significará a resistência a tornar real ou conservar real o
pensamento. Mas significará também conduzir ao nada, esvair em nada, como
acontece no que Leonardo Coimbra chamou “cousificação”, como acontece ao fim do
infeliz caminho que descrevemos ter a ciência seguido.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Agora sim, vemos como esta interpretação retira qualquer sentido
ao que a ciência julga ser a constituição e a desintegração da matéria.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Agora compreendemos que realidade levou o aristotelismo a formar a
noção de matéria ao mesmo tempo que concluía ser ela o nada. Não nada, mas o
nada. Como compreendemos, no outro extremo, o que levou o hegelianismo à
identificação dialéctica, do ser e do não-ser. Como, enfim, compreendemos o que
levou José Marinho a aludir ao “não-ser e mais profundo Nada”. A chave da compreensão
reside na concepção que Álvaro Ribeiro nos transmitiu da matéria como
resistência à realização do pensamento. Sem tal resistência, não haveria nem
evolução ou movimento, nem criação ou cisão. Tudo estaria dado de uma vez por
todas. Pensamento e realidade seriam o ser imóvel de Parménides ou a verdade de
José Marinho antes de se fazer outra de si, verdade que é.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Resistir quer dizer, não apenas opor, mas sobretudo negar.
Resistir ao pensamento, ou ao espírito em que o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/05/ensaio-sobre-o-que-e-o-pensamento.html">pensamento</a> tem princípio, é um
tão absurdo e louco intento que as teologias e as mitologias das religiões o
representam numa personificação igualmente absurda e louca, dando-lhe nomes
diabólicos, isto é, que dividem ou desintegram, e o génio de um poeta tentou
fazer-nos entender chamando-lhe “o espírito que tudo nega”.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A resistência, com ela a negação, só existe em relação ao que
nega. Esse, o primeiro sentido em que a matéria é o nada: em si mesma, por si
mesma, a matéria não existe. Onde existe é no outro de si, a forma que vem do
pensamento para se tornar real, a cuja realização resiste e à qual, uma vez
tornada real, nega. A forma realizada é o corpo, mas como corpo temos de
entender aqui, não só as entidades de realidade biológica e física, também as
de realidade moral, institucional, histórica e artística.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-6rDUcBWHEz3t7G6axt4Pld08dg18YK3mvvx5yUmiYVBFeFRMaL6dNGQflCwSh49oD39LukgQduAaZWDsj7GYkAEoaD2hC3sBQoqahhHlLp_N7YiXrzrZVN5cydsLYjQ1KEJIcThuQpP6BhLZUBx7r3-tXWuA5n1cGJ_Al4VGeTUCbFuBi76V2uscWvs/s800/thumbnail_20150504165844_00001%20(2)gjn.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="508" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-6rDUcBWHEz3t7G6axt4Pld08dg18YK3mvvx5yUmiYVBFeFRMaL6dNGQflCwSh49oD39LukgQduAaZWDsj7GYkAEoaD2hC3sBQoqahhHlLp_N7YiXrzrZVN5cydsLYjQ1KEJIcThuQpP6BhLZUBx7r3-tXWuA5n1cGJ_Al4VGeTUCbFuBi76V2uscWvs/s16000/thumbnail_20150504165844_00001%20(2)gjn.jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Uma vez real, no corpo, a forma, a presença da matéria afirma-se
pela morte a que todos os corpos estão inexoravelmente sujeitos. Nascer é
decerto começar a morrer, mas compreende-se que os pensadores, desde <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/07/fedon-ou-da-imortalidade-da-alma-i.html">Sócrates</a> a
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/camoes-e-fisionomia-da-patria.html">Leonardo</a>, tenham, uns, afirmado a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/08/fedon-ou-da-imortalidade-da-alma-ii.html">imortalidade</a>, tenham, outros, negado a morte,
uma vez que a morte só reside na matéria e a matéria é o nada.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A ilusão da ciência foi a de considerar que a matéria existe. A de
que existe simplesmente, a de que existe em si mesma e por si mesma. A tal
ilusão acrescentou o erro de entender que na matéria reside a substancial
realidade e, por substancial, única e última. Atribui-lhe, depois, uma
conjecturável “constituição íntima” e onde há “constituição” há organização, a
qual lhe parece confirmada pela <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/a-matematica-e-o-esqueleto-da-poesia.html">mecânica</a> porque, incidindo ela sobre os corpos,
os trata como “porções de matéria”. Deste modo ignora a ciência a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/04/aforismos-ii_03.html">forma</a> que,
como razão de ser ou razão que habita e move os corpos, é, segundo Newton,
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/04/aforismos-iv.html">segredo que Deus guarda</a> ou, como se dirá na ajuda dada por Kant à ciência,
segredo que só <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/04/aforismos-iii_10.html">Deus</a> pode conhecer. Deste modo ignora também como, na expressão
luminosa de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/o-misterio-e-feminino-tratai-o-como.html">Leonardo</a>, “a mecânica é o socorro de Deus levado ao nada”, quer
dizer, à <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/11/louvor-da-materia_7.html">matéria</a> dessas “porções de matéria” a que a ciência reduz os corpos.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A desintegração da matéria, a derradeira tarefa da ciência
moderna, é pois uma tarefa absurda, vã e, afinal, impossível. Temos visto
claramente porquê. Porque a matéria é o nada, porque não possui “constituição”
alguma, porque não existe para além das porções de si que nos corpos recebem a
forma que o pensamento lhes transmite.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Assim claramente vista, compreendemos que não é à desintegração da
matéria que a ciência procede, mas à divisão dos corpos, à separação dos corpúsculos
que encontra reunidos ou sintetizados numa forma e vai, sucessiva e sempre
transitoriamente, confundindo com os elementos que conjecturou constituírem a
matéria. O que, efectivamente, a ciência assim desintegra são as formas e isso,
que é uma violência sobre o espírito, sobre a actividade do espírito, só
possível pela ignorância de como o espírito é real, isso explica que a ilusória
desintegração da matéria corresponda efectivamente à destruição da natureza ou
do mundo sensível.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Seria evidentemente estulto atribuir à ciência o deliberado
propósito de destruir o mundo sensível. Também aqui o mal é feito pela instigação
que se faz o bem. O bem que a ciência julga ir fazendo é o de transformar o
mundo, um mundo que, por habitar nele o mal, entende imperfeito, de o
transformar num mundo em que, planeado para o serviço dos homens, só haverá
perfeição e bem. O modo de o conseguir entende ser o de desintegrar, diremos
agora decompor, “os corpos que nos rodeiam” nos elementos que os compõem, para,
depois, proceder à recomposição em novos corpos desses elementos.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Parece já ter atingido ela hoje, com a eficácia de que faz sua
glória e seu orgulhoso critério de verdade, a possibilidade da decomposição
mas, ao atingi-la, no nada se esvai ela mesma antes de poder reconhecer que a
recomposição, tal como a composição originária, de um mundo sensível, de um
real mundo sensível, nunca será o arranjo mecânico de corpúsculos elementares,
mas só se realizará mediante uma forma. “Uma forma ou uma alma ou uma síntese”
diz Álvaro Ribeiro conjugando o conceito aristotélico de <i>forma</i> com a actualização que o cristianismo lhe dá em <i><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2021/05/da-entelecheia-ou-perfeicao-da-alma.html">alma</a></i> e o hegelianismo em <i>síntese</i>.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Recorrendo de novo a uma expressão de A. N. Whitehead, lembramos
aqui ter ele dito que a concepção que a ciência moderna forma do mundo sensível
tem a imagem de “uma natureza morta”. Eloquente mais uma vez o contraste com a
concepção que do mesmo mundo sensível formou a ciência clássica, a concepção de
“um animal vivo”, expressão que tanto Platão quanto Aristóteles empregaram.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A “filosofia portuguesa” ultrapassa as limitações da ciência, que
são as do tempo e do espaço, desde logo porque é a filosofia de um povo que
descobriu e reconheceu <i>sensivelmente</i>
como a forma do mundo dos homens é a forma global, representação do “infinito
que se encontra percorrendo todos os caminhos do finito”. Assim a descreve
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/11/do-aristotelismo-camoniano.html">aristotelicamente</a> Camões no Canto X de <i><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/06/assim-fomos-abrindo-aqueles-mares-que_24.html">Os Lusíadas</a></i> e com ela <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/04/e-se-mais-mundo-houvera-la-chegara.html">pôde este povo pôr em acto a catolicidade</a>, ou “universalidade
concreta”, que o cristianismo até então só possuía em potência. <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/02/esfera.html">“Com o globo mundo em sua mão”</a>, pode a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/04/o-que-convem-saber-hoje_3.html">filosofia portuguesa</a> pensar o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/12/uma-ontologia-ou-metafisica-do-sensivel.html">mundo sensível</a> “maravilha
da criação”, imagem sempre latente no <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/10/a-alegria-dor-e-graca-i.html">pensador da alegria </a>que é <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2021/11/o-problema-do-milagre.html">Leonardo Coimbra</a> e insistentemente repetida por <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/02/leonardo-coimbra-na-terra-mais.html">Álvaro Ribeiro</a>.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcfbJMBxetroxbTqcRD6yuEFJufsZn8FgPpsgTVwkQrkHifLO5iCw3gORTBooG5BvLPZ6v0eoaY5HP2oOoTq3JGCU3WVeWbISIWL21olCFquVaWwC_ym5nKg6ela61BF9wLnEILbU1ofQ7_iV2lzpcyGMRI9HCl7FXzxCj-6wI87tiiaCAQc-jzanBtCU/s640/moby-dick.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcfbJMBxetroxbTqcRD6yuEFJufsZn8FgPpsgTVwkQrkHifLO5iCw3gORTBooG5BvLPZ6v0eoaY5HP2oOoTq3JGCU3WVeWbISIWL21olCFquVaWwC_ym5nKg6ela61BF9wLnEILbU1ofQ7_iV2lzpcyGMRI9HCl7FXzxCj-6wI87tiiaCAQc-jzanBtCU/s16000/moby-dick.jpg" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Se a tal imagem a acompanha a contrapontística exclamação de José
Marinho sobre “o mundo imundo”, há aqui uma dramática sensibilidade para com a
existência e a persistência do <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/07/mombaca-terra-do-mal.html">mal</a>, que “é imoral negar”, bem contrastante com
a fria, obsessiva e trágica sanha do espiritualismo nórdico contra a natureza
indomável. Desta sanha se originaram belas e elucidativas narrativas mitogénicas,
como a da novela <i>Moby Dick</i>, que
incitam ao império mecânico do homem sobre a natureza, império já hoje
amplamente exercido para, ao fim, ambos, homem e natureza, às mãos um do outro
soçobrarem.»</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/04/sistema-vigente-e-uma-oligarquia.html">Orlando Vitorino</a> («As Teses da Filosofia Portuguesa»).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Mesmo no fim da vida, Heidegger entendia a sua reflexão filosófica
como uma hermenêutica do ser, indissociável do tema da pátria local sacralizada
e dos seus dirigentes espirituais. Essa reflexão articula-se, para o que nos
diz respeito, em torno da entrevista concedida por Heidegger ao hebdomadário
alemão mais difundido, <i>Der Spiegel</i>.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Consagrar uma entrevista às relações com o nacional-socialismo,
entrevista destinada a uma publicação póstuma, eis o que testemunha
eloquentemente a importância concedida por Heidegger à questão.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Situar o “esclarecimento dos factos de então” em relação com a sua
própria morte, permitia a Heidegger conferir à entrevista uma solenidade particular:
ele punha, de algum modo, os seus detractores potenciais na triste situação de
profanar um túmulo. A entrevista foi programada minuciosamente e organizada
certamente por iniciativa de Heidegger.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Uma primeira leitura do texto publicada, ainda que atenta, dá a
impressão de que os jornalistas abordam apenas os temas sem ir mais longe, e
deixam na sombra as questões mais importantes e delicadas.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Não é necessariamente o caso dos jornalistas de <i>Der Spiegel</i>. Com efeito, a apresentação
do texto da entrevista pela redacção, faz aparecer a versão definitiva como o
resultado de um processo complexo. O questionário a que Heidegger respondeu era
diferente daquele que inicialmente ele tinha recebido, e as respostas que deu
no decurso da entrevista não coincidem com as respostas publicadas. <i>Der Spiegel</i> publica, com esta
entrevista, uma fotografia do texto corrigido por Heidegger, que dá uma ideia
do volume das correcções.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Dirigimo-nos aos arquivos do hebdomadário e pedimos para consultar
a documentação relativa à entrevista. Invocando argumentos de ordem
deontológica, o director dos arquivos recusou-nos o acesso ao material em
questão.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O facto merecia ser assinalado, dada a importância que teria o
estudo comparativo do texto original e do texto publicado por <i>Der Spiegel</i>.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O texto publicado não é, todavia, desprovido de interesse. Esta
publicação póstuma de Heidegger destina-se a assegurar à sua filosofia uma
influência duradoura sobre uma sociedade alemã e um público internacional com
preconceitos contra o nacional-socialismo.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Se essa foi, em parte, a intenção de Heidegger, a leitura atenta
do texto não deixa de revelar que o filósofo, para atingir esse fim, não sacrifica
as questões de princípio ligadas aos valores genéricos do nacional-socialismo.
De facto, Heidegger exige que a sua adesão ao nacional-socialismo seja
recolocada no quadro das suas reflexões sobre a essência da técnica alargada à
escala planetária. Mostrará, portanto, que o nacional-socialismo, desde o
início, se empenhou numa abordagem correcta do problema posto pelo domínio
incontrolado da técnica; depois deste bom começo, o movimento foi entravado
pela incapacidade filosófica dos dirigentes.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O texto publicado deixa na sombra mais espessa o sentido que se
deve conferir às palavras “bom começo”, a maneira como este começo foi gerido
politicamente, as pessoas encarregadas desta gestão. Isso é essencial: com
efeito, nas suas respostas, Heidegger desqualifica radicalmente os outros
sistemas que tentam dar conta da técnica e da sua expansão. Continuar a
afirmar, em 1967, a grandeza do começo (“a verdade interior e a grandeza”) do
nacional-socialismo, única tentativa, breve mas consumada, de fazer face ao
problema central do “homem moderno”, eis o que supõe um juízo de base cuja
significação explícita não pode ser ignorada: ela emana de um pensador
particularmente sensível ao valor dos “começos”, e que entende que esses “começos”
são exemplos postos como tarefa do futuro.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9LeVpnEnC6iE3ZiyyYXSQ3JJryeyWrpjtSLCrL5ZvDRed9uBNPMhem9uw8iWszaIGl0zx5yGrEhakea7ZEaiU4ZHp5mkyBwamPEWLfY_69vTN2iq56GGgWpjU4M2Ik3lVklDyhjA-tDkzuTKogXE-BgAxnEXSJSCpu-F3M-u8rYZw4an-TGxMX823Od4/s1024/1599121869853-adsiz-tasarim-6.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="512" data-original-width="1024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9LeVpnEnC6iE3ZiyyYXSQ3JJryeyWrpjtSLCrL5ZvDRed9uBNPMhem9uw8iWszaIGl0zx5yGrEhakea7ZEaiU4ZHp5mkyBwamPEWLfY_69vTN2iq56GGgWpjU4M2Ik3lVklDyhjA-tDkzuTKogXE-BgAxnEXSJSCpu-F3M-u8rYZw4an-TGxMX823Od4/w640-h320/1599121869853-adsiz-tasarim-6.jpg" width="640" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIZ7qJdviLpj2auCM5WGR0MLp8eQM-_CxwSgHRoBEuzsS3eYGCkz2qfLe25leynYgmYHQQ7IWqPE0k7cnOhIF8ReoY8Ea1OFkuyfNAUlx4ZtuOMX6ru4g9rMXrpAfVPuWEWLtCnkX9iHHu9mFFGTQ20yeXJgFl1JlcFOoeJtvc65zdENlDa3GznEwv0LE/s1280/Hoelderlin_Unterschrift.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="632" data-original-width="1280" height="316" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIZ7qJdviLpj2auCM5WGR0MLp8eQM-_CxwSgHRoBEuzsS3eYGCkz2qfLe25leynYgmYHQQ7IWqPE0k7cnOhIF8ReoY8Ea1OFkuyfNAUlx4ZtuOMX6ru4g9rMXrpAfVPuWEWLtCnkX9iHHu9mFFGTQ20yeXJgFl1JlcFOoeJtvc65zdENlDa3GznEwv0LE/w640-h316/Hoelderlin_Unterschrift.svg.png" width="640" /></a></div><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Heidegger conserva integralmente, na sua entrevista póstuma, a
distinção fundamental entre o “verdadeiro nacional-socialismo” e o
desviacionismo que o deformou. Essa distinção manifesta-se na crítica contida
no texto, último ajuste de contas com o desviacionismo, e nas soluções encaradas
por Heidegger para tirar a humanidade do beco sem saída. Interrogado pelos
jornalistas acerca do texto de Hölderlin sobre <i>A Lei Oculta da Determinação Histórica dos Alemães</i>, citado por ele
nos seus cursos sobre Nietzsche, Heidegger responde de maneira simultaneamente
vaga na forma e determinada no conteúdo: o problema central da humanidade só
pode ser resolvido lá onde ele nasceu, na Europa, e, no interior da Europa, no
seu centro, ao qual desta vez Heidegger não dá o nome de povo mas o de linguagem,
a linguagem de Hölderlin e dos alemães. Porque se “o começo” foi grego, para aí
chegar é absolutamente necessário um instrumento apropriado que não pode ser
outra coisa senão a língua alemã. É a via aberta à discriminação mais
grosseira: “Os franceses hoje voltam a assegurar-me disto: quando se põem a pensar,
falam alemão.” Os franceses dão-se conta de “que, apesar de todo o seu
racionalismo, não podem enfrentar o mundo actual quando se trata de o compreender
na origem da sua essência”.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Se o conjunto do texto cuida a forma, é claro que, quanto a este
ponto determinante do seu pensamento, Heidegger encontra frases mais virulentas
do que as que formulava na época do seu militantismo: ele propunha então aos
franceses, com o presidente Kerber e os futuros colaboradores franceses, um
modelo de diálogo: os alemães seriam professores e os franceses alunos
constrangidos e forçados.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Afirmar que o alemão é absolutamente intraduzível (“do mesmo modo
que um poema é intraduzível, não pode deixar de acontecer o mesmo com o
pensamento”) pode ser “embaraçoso” para os que não o falam, mas, para
Heidegger, essa realidade não deve ser escondida “mas posta em evidência, em
grande escala: pensando nas consequências terríveis que a tradução do
pensamento grego em língua romano-latina teve até aos nossos dias”.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Rainer Marten mostrou, melhor do que ninguém, que a filosofia de
Heidegger não pode, na sua própria essência, passar sem a sua vontade
fundamental de discriminação. As razões disso devem ser procuradas no facto de
Heidegger nunca ter rompido os laços espirituais com a condição de
possibilidade última do nacional-socialismo em todas as suas formas: a
sacralização da alemanidade e a sua conversão em exemplo exclusivo. Isso
manifesta-se no problema que Heidegger, na entrevista, considera como
fundamental. Desqualificando a democracia como sistema político incapaz de fazer
face à tecnicização do mundo, Heidegger afirma que o nacional-socialismo, no
seu começo, foi disso capaz.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Na página 206, Heidegger afirma que a técnica se tornou
independente do controlo humano e que a democracia não pode reapropriar-se desse
controlo; na página 214, quando <i>precisamente</i>
se lhe pergunta se utilizando conceitos “já ultrapassados” como o de “pátria
local” (<i>Heimat</i>), ele não se afastaria
da tentativa de trazer uma solução ao problema da planetarização da técnica,
Heidegger responde: “Parece-me que dais à palavra “técnica” um sentido
demasiado absoluto. Pela minha parte, não entendo a situação do homem no mundo
da técnica planetária como uma situação inexplicável e à qual não se pode
escapar; considero que o pensamento, com os seus próprios limites, deve ajudar
o homem a estabelecer uma relação satisfatória com a técnica. O nacional-socialismo
empenhou-se, isso é indubitável, nessa via.”</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A relação entre <i>Heimat</i> e
o nacional-socialismo, o móbil, segundo Heidegger, da verdade do movimento,
conserva efectivamente toda a sua validade até ao fim. É neste sentido que se
deve compreender a ligação estreita de Heidegger à terra e à pátria, e não no
sentido de um folclore metafísico: “Tudo o que é grande e essencial não apareceu
senão porque o homem teve uma pátria e esteve enraizado numa tradição”.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>No crepúsculo da sua vida, Martin Heidegger descreveu um grande
círculo para voltar ao ponto de partida. O seu primeiro texto celebrava em
Abraham a Sancta Clara o médico “da alma do povo”, dirigente , guia e exemplo.
Na sua entrevista póstuma, a tarefa do pensamento é preparar o terreno sobre o
qual pode aparecer “o deus” salvador, o único recurso. Na medida em que este
deus não é transcendente mas, como “tudo o que é grande e essencial”, produto
de “uma pátria”, é de temer que esse deus não seja muito diferente, na realidade, do outro deus, o de Abraham a Sancta Clara no qual Heidegger via o
fazedor de destinos.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Victor Farías («Heidegger e o Nazismo»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrtOEsxAass2XV-taVmWGJAVKS39jcbmdtQRUs-e5Ub1JSKdWuQEpX8hneDmO1KyuauOZj41G64oQaeHQYwgU73Dqj8OzJNNWTU3XkuutChM_8gIAHNLLtJfncjdpLXhyphenhyphenP4L5oKNp0ew-6PalBvw0Xxsd2B5qdmnxJDZcjmv-kK_pA9AB8Wi4udpM8z7g/s1500/22625956977%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1079" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrtOEsxAass2XV-taVmWGJAVKS39jcbmdtQRUs-e5Ub1JSKdWuQEpX8hneDmO1KyuauOZj41G64oQaeHQYwgU73Dqj8OzJNNWTU3XkuutChM_8gIAHNLLtJfncjdpLXhyphenhyphenP4L5oKNp0ew-6PalBvw0Xxsd2B5qdmnxJDZcjmv-kK_pA9AB8Wi4udpM8z7g/w288-h400/22625956977%20(1).jpg" width="288" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBbNPGuB5u1IsC0iqyMqjgymTXjak-QPv4Z6Kwq_i1xkBjyXVc6TDBS6lacQGpl-x7Hl1iOuLsDB6jxexYykmA9PkDl2d-kFH0W7fOh0MizcWWFBUHnU1IvsFLXjdo5eOGsC8wc2BhtuGl29nqnTLqJg-lXRyxEOXcoV_gh3G38TT73lv4-5yG2QXfLZc/s686/Abraham_Sancta_Clara_Statue.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="686" data-original-width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBbNPGuB5u1IsC0iqyMqjgymTXjak-QPv4Z6Kwq_i1xkBjyXVc6TDBS6lacQGpl-x7Hl1iOuLsDB6jxexYykmA9PkDl2d-kFH0W7fOh0MizcWWFBUHnU1IvsFLXjdo5eOGsC8wc2BhtuGl29nqnTLqJg-lXRyxEOXcoV_gh3G38TT73lv4-5yG2QXfLZc/s16000/Abraham_Sancta_Clara_Statue.jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Os dois grandes pensadores da nossa época são o português
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/01/dois-humanismos-duas-liberdades.html">Leonardo Coimbra</a> e o alemão Martinho Heidegger. Um, homem do centro da Europa,
talvez centro da terra, o outro, homem da periferia da Eurásia, homem do
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/08/ocidente.html">Finisterra</a>.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A nossa época é a da <i>desolação
do mundo</i>, designação de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/12/no-altar-da-patria.html">Leonardo</a> que Heidegger utiliza. A desolação do
mundo é descrita nos mesmos termos pelos dois pensadores: é o império da
técnica no vazio da existência. Para ambos, a técnica e o igualitarismo são
solidários. Portanto, o império da técnica é também o império do igualitarismo.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/05/o-humanismo-cristao.html">Leonardo</a>, que não assistiu à Segunda Guerra Mundial, só conheceu a
formação do império do igualitarismo no império comunista russo. Heidegger, que
sofreu a guerra mundial no centro da catástrofe e viveu ainda mais quarenta
anos, conheceu a formação do império da técnica no império tecnológico
americano e pôde dizer que a Europa – isto é, a civilização pois só há
civilização criada pela filosofia e só há filosofia na Europa – está sendo
esmagada entre o império russo e o império americano.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Nenhum dos pensadores assistiu à implosão do império comunista
russo. Semelhante implosão aguarda o império tecnológico americano.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Heidegger não previu nem uma nem outra implosão, e morreu no desespero
do seu pensamento que é o desespero do característico pessimismo da filosofia
alemã, afirmando que “só um Deus nos pode salvar”.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/02/o-genio-nacional-filosofia-portuguesa-e_15.html">Orlando Vitorino</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2014/03/portugal-e-o-futuro.html">«Portugal e o Futuro»</a>).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«<i>Ser e Tempo</i> (...) tinha
posto em relevo que a existência histórica concreta do homem é sempre “dejecta”,
inautêntica. Assim, não se deve ao acaso o facto de que, no escrito sobre a
verdade, e precisamente ao chegar ao conceito da historicidade, Heidegger seja
levado a dar outro passo decisivo na determinação da essência da verdade, ao
descobrir o conceito de não-verdade. Se a verdade é liberdade, como deixar-ser
o ente, como abrir-se ao ente no que este é, essa liberdade pode exercitar-se
também como não deixar ser o ente como tal, travestindo-o e deformando-o. Tal possibilidade
de não deixar manifestar o ente como é também não é (como a verdade) sobretudo
ou só uma faculdade do homem. Para que no interior da abertura que torna
acessível o ente seja possível algo como o não deixar aparecer o ente tal como
é, ou seja, o erro nas várias formas mesmo morais, é necessário que a dita
possibilidade esteja inscrita na estrutura originária da própria abertura: ela
não pode depender simplesmente do homem.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>“Posto que a liberdade ex-sistente como essência da verdade não é
uma propriedade do homem, mas antes o homem ex-siste só na medida em que esta
liberdade dele se apropria e o torna capaz de história, também a não-essência
da verdade não pode, pois, proceder originariamente da simples incapacidade e
negligência do homem. A não-verdade deve antes derivar da própria essência da
verdade”.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY4d0Xd5qu2KFtwTTjCT2xFmkYQPIZ0sBadbxKWeK2g8ZIN8qqDM-PiaTAExShXKA9H93szOazxt4YF7zl3rImm7xjA9tDJBDdV0X73NSVDpLsl3a-eBKFhooNX259Sdsn5qcvZUo-IGvPz1tuCiuaLJNXwjNc-QAYyezgNmT0mDsvtcoxWex-lDYy5Ys/s3840/6771407-William-Barrett-Quote-Heidegger-s-philosophy-is-neither-atheism.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY4d0Xd5qu2KFtwTTjCT2xFmkYQPIZ0sBadbxKWeK2g8ZIN8qqDM-PiaTAExShXKA9H93szOazxt4YF7zl3rImm7xjA9tDJBDdV0X73NSVDpLsl3a-eBKFhooNX259Sdsn5qcvZUo-IGvPz1tuCiuaLJNXwjNc-QAYyezgNmT0mDsvtcoxWex-lDYy5Ys/w640-h360/6771407-William-Barrett-Quote-Heidegger-s-philosophy-is-neither-atheism.jpg" width="640" /></a></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Como pode a não-verdade pertencer à essência da verdade? Se
concebemos a verdade como abertura originária e desvelamento, a não-verdade
conceber-se-á, por conseguinte, como obscuridade e ocultamento. Um testemunho
do vínculo subjacente entre verdade e não-verdade é justamente a própria
palavra grega <i>Aletheia</i>, que está
constituída pelo <i>a</i> privativo,
indicando assim que a manifestação da verdade como desvelamento pressupõe um esconder-se,
um ocultar-se originário, de que procede a verdade. Na análise fenomenológica,
a originária conexão de verdade e não-verdade mostra-se no facto de que toda a
verdade que expressamos ou conhecemos é a manifestação de um ente individual ou
de um grupo de entes, mas nunca a manifestação do ente como tal na sua
totalidade. Mais ainda, os entes individuais e os grupos de entes aparecem-nos precisamente enquanto a totalidade do ente
não aparece em primeiro plano como tal.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>“Justamente, enquanto o deixar-ser deixa ser o ente na particular
relação em que entra com o seu relacionar-se e assim o revela, justamente então
vela o ente na sua totalidade. O deixar-ser é assim, em si mesmo, ao mesmo
tempo um velar. Na liberdade existente do <i>Dasein</i>
sobrevém assim o obscurecimento do ente na sua totalidade”.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Este ocultamento da totalidade do ente, precisamente enquanto os
entes individuais se manifestam e se revelam, é a não-verdade essencialmente
conexa com a verdade. O ocultamento do ente na sua totalidade não é só uma “consequência”
do facto de sempre só conhecermos parcialmente o ente. O ocultamento é mais
originário porque, como dissemos, só devido a ele os entes singulares podem manifestar-se
em primeiro plano e aparecer na sua verdade. Com isto está vinculada a
possibilidade do erro, isto é, do disfarce e da deformação do ente: mesmo
quando Heidegger não estabelece explicitamente este nexo, é legítimo pensar que
o erro depende ou do “não saber tudo” (ocultar-se do ente na sua totalidade), ou
da sobreposição de um ente aos outros (os erros relacionados com o interesse,
por exemplo). Mas, sobretudo, com a não-verdade que pertence à essência da
verdade está vinculada a existência inautêntica do estar-aí, a dejecção.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>“O homem remete-se constantemente ao ente, mas a maioria das vezes
na sua relação com ele limita-se a este ou àquele ente, e ao seu revelar-se
sucessivo. O homem atém-se firmemente à realidade corrente e susceptível de ser
dominada, mesmo quando se trata daquilo que é o primeiro e último. E ainda que
se torne um dever ampliar, modificar sempre de novo a revelação do ente para
dela se apropriar e a assegurar nos mais diversos campos da sua actividade, no
entanto, toma para isso as suas directrizes do círculo dos fins e das
necessidades correntes. Instalar-se na vida corrente equivale em si a não
reconhecer o obscurecimento do que está obscurecido [...] Onde a obscuridade do
ente na sua totalidade é admitida como um limite que só às vezes nos é
anunciado, esse facto fundamental, que é o obscurecimento, caiu já no
esquecimento”.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A dejecção da existência inautêntica é, pois, possível, porque a
própria verdade implica em si a não-verdade, como obscurecimento ligado
necessariamente a toda a iluminação. O que em <i>Sein und Zeit</i> permanecia como um enigma e a razão de o <i>Dasein</i> estar quase sempre, e em primeiro
lugar na existência inautêntica, é aqui referido à própria essência da verdade,
isto é, à própria estrutura do ser: com efeito, quando falamos do ente na sua
totalidade, adverte Heidegger, na realidade pensamos no ser, por mais que,
desde há muito tempo (e esta é a história da metafísica) estejamos habituados a
concebê-lo apenas em referência à totalidade do ente.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/10/que-e-metafisica.html">Gianni Vattimo</a> («Introdução a Heidegger»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis636qBnRTDQH1-pC5oW0j_u4ZOEhzzIhbaL5JXfpwUux5OjR_niGiRzh3FqhLz5uJvWXsv92rA0K37y2JIpGtRtDLYRNnF0YvTM2nUQrpfdEKg6-QpDr6WxTdk0CV878I7hyNdvcORrKpsGs20gjDdf93YYqEbpJheO7bxI-jkla0DZHA8ZG24lUW3qw/s1600/6376262-Martin-Heidegger-Quote-What-was-Aristotle-s-life-Well-the-answer.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis636qBnRTDQH1-pC5oW0j_u4ZOEhzzIhbaL5JXfpwUux5OjR_niGiRzh3FqhLz5uJvWXsv92rA0K37y2JIpGtRtDLYRNnF0YvTM2nUQrpfdEKg6-QpDr6WxTdk0CV878I7hyNdvcORrKpsGs20gjDdf93YYqEbpJheO7bxI-jkla0DZHA8ZG24lUW3qw/w640-h360/6376262-Martin-Heidegger-Quote-What-was-Aristotle-s-life-Well-the-answer.jpg" width="640" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p></div><div style="text-align: center;"><br /></div><b><div style="text-align: center;"><b><span style="color: #741b47; font-family: times; font-size: x-large;">O Espírito</span></b></div></b></div><p><br /></p><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #351c75; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Emerge o espírito do
ser e da verdade.»</b></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #351c75;">JOSÉ MARINHO («Teoria do Ser e da Verdade», p. 113).</span><o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p><b> </b></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(...) com [a] transferência do ser da verdade para a verdade do
ser, já se nos torna explicável a singular fortuna que na filosofia moderna
obteve o preceito segundo o qual só será pensamento verdadeiro o que estiver
adequado ao real. Extraído de um momento da lógica aristotélica, o juízo
predicativo, tal preceito foi formulado pelos escolásticos medievais em termos
de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">adequatio intellectus ad rem</i> e,
transitando da escolástica à filosofia prática, presidiu a todo o
desenvolvimento da ciência moderna como única garantia da verdade.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Imediatamente surpreendemos neste preceito a redução da verdade a
uma relação, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">adequatio</i>, entre dois
termos heterogéneos e, depois, a um saber que já não é lógico mas dialéctico e
não tanto dialéctico como pragmático. O pensamento, por sua vez, sofre uma
primeira limitação a pensamento do real (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">ad
rem</i>): não é já pensamento da verdade; e acabando por se tornar difícil
distinguir entre pensamento e conhecimento, a mesma filosofia virá a
conceber-se, em termos hegelianos, como um saber científico, e até, em mais
recentes termos husserlianos, como «ciência de rigor» ou ciência exacta.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A verdade deixa portanto de aparecer como um princípio, deixa de
ser em si mesma, para se confundir com a certeza de que o real que no
pensamento se conhece é o mesmo real independente de ser conhecido.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O preceito escolástico reivindica entretanto uma radicação
aristotélica. Com efeito, nos <i style="color: black;">Segundos
Analíticos</i>, Aristóteles apresenta a adequação entre o pensamento e o real
como condição para enunciar uma predicação verdadeira: só quando a árvore dá
fruto é que é verdadeiro dizer que a árvore dá frutos, o que constitui uma
predicação acidental; só quando alguma coisa é isso que é, e não pode ser senão
isso que é, é verdadeiro dizer isso que ela é, o que constitui uma predicação
universal. Todavia, a verdade tem no juízo predicativo apenas um dos seus três
graus, e o menos significativo. É outro o da sensação e da imagem (ou sensação
diminuída) em que é imediata a adequação com o real que as suscita. Num terceiro
grau, a discursividade, a que pertence a predicação, cede o lugar à intuição,
«análogo superior da sensação» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>
pois é «uma intuição que apreenderá os princípios» e «dos princípios não haverá saber» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Aí, a verdade aparece como princípio, «o princípio do próprio princípio» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
expressão que se encontra naqueles textos do <i>Organon</i> a que os comentadores
atribuem um carácter enigmático mas, na qual o princípio só se pode
interpretar, conforme aliás o texto esclarece, como sendo a verdade, e <i>o
próprio princípio</i> como sendo o que, na discursividade lógica, preside à
demonstração, seja a causa, seja a premissa universal e necessária, seja tudo o
que em geral se designa por princípio de que depende toda a demonstração.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhV3uIJfEWHDHDy9i2zF6aG2HcLrlB5KSz7H8zlZzbxF-ZPx6Fmb-4l5NTDVToUk8gD-_PWqmUQBHwwNt6VYLNVSqV2Gf4rt65k4pU8QEbq_2n56ic9cvyAwfvY492HdUv0k40xIoIeGiTncMqBw8EXSD_4Jypf50EUTc3dy3PauFjFS49fouc231qGw34/s640/20221122181931_00001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="408" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhV3uIJfEWHDHDy9i2zF6aG2HcLrlB5KSz7H8zlZzbxF-ZPx6Fmb-4l5NTDVToUk8gD-_PWqmUQBHwwNt6VYLNVSqV2Gf4rt65k4pU8QEbq_2n56ic9cvyAwfvY492HdUv0k40xIoIeGiTncMqBw8EXSD_4Jypf50EUTc3dy3PauFjFS49fouc231qGw34/w408-h640/20221122181931_00001%20(1).jpg" width="408" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A radicação aristotélica daquilo que o pensamento moderno entende
por verdade apenas atende, portanto, a um dos seus graus, o menor, e esse mesmo
cindido e isolado. E também, por outro lado, não atende à teoria do intelecto
activo e do intelecto passivo que «embora no texto de Aristóteles apenas esteja
implícita, parece significar que a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/o-intelecto-e-inteleccao.html">intelecção</a> (...) requer uma iluminação
transcendente» e será «o acto eterno da inteligência, o princípio pelo qual
pensamos mas que escapa sempre ao nosso pensamento» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[4]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>. O
capítulo 5 do Livro III do <i style="color: black;">De Anima</i>
ocupa-se todo ele da distinção entre «o intelecto que é análogo à matéria
porque se torna aquilo que são todos os inteligíveis, que é uma espécie de
análogo da luz pois, num certo sentido, a luz converte em cores-em-acto as
cores que só existem em potência» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[5]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Os <i style="color: black;">Segundos Analíticos</i> dão um
didáctico exemplo desta «iluminação» e sugerem, ao mesmo tempo, a anagogia que
ascende da sensação para a intuição: «embora o acto de perceber tenha por
objecto o indivíduo, a sensação não deixa de incidir sobre o universal: ao
percepcionar Callias, a sensação incide sobre o homem que há em Callias»; e
depois: «cada espécie animal revela o género animal que contém e cada última
noção uma noção mais alta»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[6]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quem nos dá o testemunho mais eloquente da situação a que chegou a
filosofia moderna quanto ao pensamento da verdade, é Martinho Heidegger, o
mesmo pensador que dedicou a Escoto e a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/02/frederico-nietzsche.html">Nietzsche</a>, primeiro e último dos
filósofos nórdicos, duas das suas obras mais significativas e elaboradas, que
vê nos idealistas alemães «o esplendor derradeiro» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[7]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a> da
filosofia, que reconhece «serem-nos alheios os pensamentos que fundamentam a metafísica ocidental» porque não pensamos esses pensamentos mas sempre nos limitamos a expô-los <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[8]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
que afirma que «a ciência, muito antes da explosão da bomba atómica, já tinha
destruído as coisas enquanto coisas» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[9]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a> e
que, movido pela nietzcheana concepção genealógica do pensamento, procura levar
a filosofia nórdica a recorrer seu caminho de finalidades frustradas até sua
origem nos gregos onde o pensamento está menos mediatizado e a palavra mais
próxima do princípio que a inspirou. Intitulou esse testemunho <i style="color: black;">Da Essência da Verdade</i> onde, depois de
refutar, não que a verdade seja ou se limite a ser adequação entre o
pensamento e o real, mas que «resida originalmente no juízo predicativo» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[10]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
transforma aquela adequação na «conformidade», que a faz possível, de um real
que «se abre» e torna presente o ser que há nele com um pensamento ao qual a
liberdade de que é dotado lhe permite dar-se e revelar-se no «enunciado» do ser
assim tornado presente no real <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[11]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Desta concepção fixamos:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">– que mantém a destituição, inerente ao desprendimento do saber
antigo, da verdade como principial;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">– que não só prolonga, mas ainda acentua, a substituição do ser da
verdade, próprio do pensamento «mais próximo das origens», pela verdade do ser,
característica da modernidade; a designação de «essência da verdade», que
Heidegger dá por finalidade à sua investigação, não pode iludir o leitor que
página a página for vendo o autor situar a verdade no ser que no real se torna
presente;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">– que, destituída de carácter principial, a verdade se mantém como
relação entre o pensamento e o real, embora se trate agora do ser que há no
real e embora a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">adequação</i> lógica
suponha agora a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">conformidade ôntica</i>;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">– que não é refutado, antes continua fundamental, o preceito
escolástico da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">adequatio intellectus ad
rem</i>; o que se refuta é apenas que tal adequação «resida originalmente no
juízo predicativo»;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">– que, dando por <i style="mso-bidi-font-style: normal;">essência
da verdade</i> a liberdade que torna o pensamento <i style="mso-bidi-font-style: normal;">conformável </i>ao ser desocultado na «abertura» do real, se recusam à verdade a independência e absoluteidade que ela possui como princípio para se
reconhecerem só à essencial liberdade que assim vê reafirmado e reforçado o
predomínio que os modernos lhe atribuíram.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv4RF2LwabFNIeRu0mNm_XF5oZoE7AkAXShe7IWQqW_3SJ6tzeF-uz0ibdpzO0OoTZ7gu7Vk5c8I8c22_YyG_-v2ITQbGKmAn46-QFTjgaNavfhGxKuBo3olZuEyBvzQsPtDt-Ukx5v6xSHfUSGpCfTLhBPt3dpxqIBXFfNs8wRyxQd0Du7Z-b-GnlB-Y/s448/9780253353498.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="448" data-original-width="298" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv4RF2LwabFNIeRu0mNm_XF5oZoE7AkAXShe7IWQqW_3SJ6tzeF-uz0ibdpzO0OoTZ7gu7Vk5c8I8c22_YyG_-v2ITQbGKmAn46-QFTjgaNavfhGxKuBo3olZuEyBvzQsPtDt-Ukx5v6xSHfUSGpCfTLhBPt3dpxqIBXFfNs8wRyxQd0Du7Z-b-GnlB-Y/s16000/9780253353498.webp" /></a></div><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tal concepção, vinda de um pensador tão avisado das frustrações da
filosofia moderna, revela bem a persistência do que é essencial e decisivo
nessa filosofia até entre aqueles para os quais ela, ou toda a filosofia, já
ultrapassou «o esplendor derradeiro» e pensar já não será filosofar. E assim se
explica que não acompanhe a investigação sobre «a essência da verdade» aquele
intuito «genealógico» com que Heidegger pretende levar o pensamento a recorrer,
até à origem grega, os caminhos percorridos pela filosofia. Se é fácil
assinalar a semelhança entre a «conformidade» do pensamento ao ser, na concepção
de Heidegger, e a função «iluminadora» do intelecto, na concepção de
Aristóteles, a estranha ausência de qualquer referência, ou sequer mínima
alusão, à teoria aristotélica no ensaio <i style="color: black;">Da
Essência da Verdade</i> adquire um significativo propósito – esse mesmo de
fazer perdurar a negação da verdade como principial – que se vem confirmar
quando Heidegger nos diz que «a atribuição da verdade ao juízo predicativo» é a
atribuição tradicional e <i style="color: black;">exclusiva</i> (<i style="color: black;">sic) </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[12]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
É certo que para Heidegger – também nisso fiel às características da modernidade –
Aristóteles é ainda um filósofo suspeito e já, no afastamento das origens, um
filósofo mediador. Mais próximos das origens estarão, antes, Platão e,
sobretudo, os mitólogos a que se chama pré-socráticos. A Heraclito recorre, com
o sapiente apoio etimológico que sempre dá ao seu discurso, para, seguindo o
sentido da palavra grega <i style="color: black;">aletheia</i>,
traduzida em latim por <i style="color: black;">veritas</i>,
representar a verdade como <i style="color: black;">desocultação </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[13]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Também esta representação sobrepõe a verdade do ser ao ser da verdade, pois a
desocultação será desocultar do véu que o ser é a verdade que o ser oculta. Ganha,
portanto, mais fundo sentido a interpretação, que já lembrámos, de Álvaro
Ribeiro segundo o qual a imagem radical da palavra grega, <i style="color: black;">letes</i>, representa, não ocultar, mas esquecer, tal como aparece na
simbologia de <i style="color: black;">letes</i>, o rio da morte
ou do esquecimento. Com a sua manifesta inspiração platónica, esta
interpretação dá a verdade como o que foge ao esquecimento, reminiscência ou
lembrança da ideia que, pela intuição (como em Aristóteles), une o pensamento
ao princípio<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[14]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não nos diz Heidegger como os modernos divinizaram o homem, mas é
admirável como nos diz que divinizaram o pensamento: diz-nos que a <i style="color: black;">adequatio intellectus ad rem</i>,
insusceptível de ir além da discursividade dialéctica, depressa teve de ser
«interpretada como <i>adequatio rei ad intelectum</i>» e, então, «elle découle de la
foi chrétienne et de l’idée théologique selon lesquelles les choses, dans leur
essence et leur existence, ne sont pour autant que, créés (<i style="color: black;">ens creatum</i>), elles correspondent à l’idée conçue préalablement par
l’<i style="color: black;">intellectus divinus</i>» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[15]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Esta divinização do pensamento está suposta na razão dos últimos modernos, o
que Heidegger já não nos diz; como nos não diz que ela se explicita na famosa
afirmação de Hegel, o «derradeiro filósofo» segundo Herberto Marcuse, discípulo
de Heidegger, de que «o meu pensamento é o pensamento de Deus antes da criação
do mundo».</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Entretanto, todo este processo,
que arrancou do preceito escolástico que se encerra na predicação lógica, não
alcança o que mais importa: nem a sensação, que é sempre sensação da natureza,
nem a intuição dos princípios, que é sempre conhecimento do espírito. E
permanece a interrogação essencial sobre a relação entre o ser e a verdade,
entre o real e o pensamento. Sem o pensamento e o saber – quer os contenha em
si mesmo quer lhe venham de outrem – o ser, e com ele todo o real, seria um ser
que se ignora, um sem-sentido, um absurdo; e isolado do ser, o pensamento, por
sua vez, não se cristalizaria em saber e fluiria em súbitas fugazes formas que
deixaria vazias.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Que é o que liga a verdade ao ser? Que é o que liga a verdade
ao ser – repetimos – não apenas no juízo predicativo da discursividade lógica,
mas também na instantânea sensação e na ideia, no logos e no princípio?</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidummWEX9ZmgXoeOFdfYSuZyL7-_UNak7uk2kBGuYylC516FKoSiOo08T72kjeQHuwUp1r79k4YE0VdTeiJSHFBYxp_6VfP6WBcduNz6EXVycmiJCsJfwFgqCymCLuoehXdDL6UdOSk2GkW1PdQYEFPLaR58mGRyMOO0a75mkLulFTqKF9iogWEz_dQTA/s640/thumbnail_20200722182455_00001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="610" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidummWEX9ZmgXoeOFdfYSuZyL7-_UNak7uk2kBGuYylC516FKoSiOo08T72kjeQHuwUp1r79k4YE0VdTeiJSHFBYxp_6VfP6WBcduNz6EXVycmiJCsJfwFgqCymCLuoehXdDL6UdOSk2GkW1PdQYEFPLaR58mGRyMOO0a75mkLulFTqKF9iogWEz_dQTA/s16000/thumbnail_20200722182455_00001%20(1).jpg" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Que é o que, «situado entre um e outro, preenche o intervalo e
liga uma à outra as duas partes do grande todo»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[16]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>?
Que é «o meio entre o mortal e o imortal»<span style="color: #bf9000;"> </span><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><b><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: #bf9000;">[17]</span></span></span></b><!--[endif]--></span></a>,
«o meio entre o saber e o ignorar» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[18]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>?
Os mediadores são os demónios e «há demónios de toda a espécie; este é o Amor» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn19" name="_ftnref19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[19]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2014/01/acerca-da-visao-e-da-luz.html">Platão</a> vai acrescentando:</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Existe o Amor simultaneamente na carência e na opulência porque
«quanto adquire sem cessar lhe escapa<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn20" name="_ftnref20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[20]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>;
«sempre pobre, sem vestes e sem domicílio, dormindo ao relento sobre a terra
nua, nas ruas e nas soleiras das portas, a indigência é sua eterna companheira»
mas «ama o saber e passa a vida a filosofar» <b><span style="color: #bf9000;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn21" name="_ftnref21" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></a>
</span></b>porque os filósofos são os que, «nem sábios nem ignorantes», se encontram «no
meio entre o sábio e o ignorante»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn22" name="_ftnref22" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[22]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quase diríamos demasiado fácil, a analogia entre as duas ordens de
que o demónio é mediador e as ordens da verdade e do ser. E importa,
prosseguindo, sublinhar que o amor aparece mais como amante do que como amado:
«Imaginavas tu – diz <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/10/diotima-de-mantineia-i.html">Diotima</a> a Sócrates – que o amor é o objecto amado e não o
sujeito amante... <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn23" name="_ftnref23" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[23]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Mas Platão vai levar mais longe o rigor da determinação ao dizer-nos aquilo de
que o amor é amor: «é amor de gerar e ter filhos» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn24" name="_ftnref24" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[24]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Dado que o que se gera e concebe é um ser, o amor dirige-se ao real, como ao amado,
e, amante que é, reside na verdade e procede do saber. Porque, em sua mesma
natureza, o saber é, antes de tudo, saber de si, e sabe-se em sua «indigência
de ser», «sem domicílio e sem vestes», ao passo que o ser, até na plena ignorância de si, tem a opulência de si mesmo. Mas ignorando-se, não possui
sentido, ou sentidos, embriaga-se, não de vinho, mas da sua opulência de ser,
que é o «néctar divino» de que fala <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/11/diotima-de-mantineia-ii.html">Diotima</a>; irá cambaleando até cair
adormecido, como Poros, nos braços da esfomeada Pénia e no seio dela gerar Eros <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn25" name="_ftnref25" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[25]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Assim se concebe o amor na fábula do fabuloso Platão: o mediador
que garante o ser na principial verdade. E o regresso ao saber antigo aqui se
torna mais premente. Atender-se-á, então, a que Aristóteles representa o saber
segundo o espírito e os princípios, que Platão representa o saber segundo o ser, ou segundo a origem, a beleza e o bem. O regresso pela via
platónica é o mais propício a remontar os caminhos percorridos pela modernidade
até àquela origem em que a doutrina do ser e da aparência é o início que se
veio traduzindo em termos de uno e múltiplo, de cisão e queda, de o mesmo e o
outro.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Por regresso ao saber antigo entendemos, por um lado, a
restituição ao ser da múltipla realidade em que o ser se evanesceu e dispersou
e, por outro lado, a restituição do saber ao princípio da verdade que lhe
assiste constante e aos princípios da liberdade e da justiça que são seus fins.
O pensamento e o saber percorreram, através dos antigos e através dos modernos,
vias em que importa fixar o que é irreversível: o saber que da verdade, do ser
e do que os une tiveram os antigos, o saber que da liberdade e do espírito o
cristianismo trouxe.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/12/primeiro-extinguir-universidade-depois.html">Orlando Vitorino</a>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Refutação da Filosofia Triunfante</i>,
Teoremas, Lisboa, 1976, pp. 251-260).<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMvhFWE-cQmMSWDWUfmCLc9jdo7HYQRQYS4MmG29dxkchvLLj6-VOt0A8BYyuEsH2iWje3BlZayIZae_o9bzxTRCX5P0xx-5siGgYRm3TJFrkyqkaGhIY9DUT61JJuR96fRfHfEhQtxXXBS4WMwCzTCJ1XrEOK0inXyF6oRdgiljgKPiC-LOUQ1solKy0/s622/20151107172124_00002.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="622" data-original-width="449" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMvhFWE-cQmMSWDWUfmCLc9jdo7HYQRQYS4MmG29dxkchvLLj6-VOt0A8BYyuEsH2iWje3BlZayIZae_o9bzxTRCX5P0xx-5siGgYRm3TJFrkyqkaGhIY9DUT61JJuR96fRfHfEhQtxXXBS4WMwCzTCJ1XrEOK0inXyF6oRdgiljgKPiC-LOUQ1solKy0/s16000/20151107172124_00002.jpg" /></a></b></div><p></p><div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;">
Joseph Moreau, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Aristote et son école</i>,
P. U. F., Paris, 1962, p. 182.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Aristóteles, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Segundos Analíticos</i>, II, 19, 100 b, 11.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Idem, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ibid.,</i> II, 19, 100 b, 16.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> J. Moreau, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> pp. 188 e 189. «Aristóteles emprega apenas uma vez a
expressão <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intelecto passivo</i> e nenhuma
vez a de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intelecto activo</i>» (nota de
J. Tricot à p. 181 da edição do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Anima</i>
da Lib. Philosophique J. Vrin, Paris, 1947). Sabe-se, aliás, o que a doutrina
do «intelecto passivo» e «intelecto activo» deve à interpretação de Alexandre
de Afrodísia, que é exposta por O. Hamelin em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La Théorie de l’Intellect d’après Aristote et ses Comentateurs</i>
(Lib. Phil. J. Vrin, Paris, 1953). Desta doutrina fez Álvaro Ribeiro uma
aplicação à pedagogia e à didáctica nos capítulos intitulados «Intelecto
activo» e «Intelecto passivo» do livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Liceu
Aristotélico</i> (Soc. Expansão Cultural, Lisboa, 1962).<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Aristóteles, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Anima</i>, Liv. III, 5, 430 a, 11-18.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Aristóteles, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Segundos Analíticos</i>, II, 19, 100 a, e
II, 18, 100 b, 3.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Expressão do heideggeriano
francês J. Beaufret no prefácio à colectânea de Heidegger <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Essais et Conferènces</i>, Ed. Gallimard, Paris, 1958, p. IX.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> M. Heidegger, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Qui est le Zarathoustra de Nietzsche?</i>,
ensaio incluído na citada colectânea, p. 132.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> M. Heidegger, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La Chose</i>, incluído na colectânea citada,
p. 201.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> M. Heidegger, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">De l’Essence de la Verité</i>, ed. J. Vrin,
Paris, 1948, p. 78.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, §§ II e III.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> As palavras de Heidegger, na
tradução francesa de A. Waelhens e W. Biemel revista pelo próprio autor, são as
seguintes: «ainsi tombe l’attribuition traditionelle et exclusive de la verité
au jugement (énoncé) tenu pour être le seul lieu essentiel de celle-ci» (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> p. 78).<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> M. Heidegger, <i>Heraclito</i>,
incluído na colectânea, já citada, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Essais
et Conférences</i>. Ver também o ensaio <i>Hegel et les Grecs</i> incluído na
colectânea <i>Questions II</i>.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Uma vez que o rio <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lethes</i> recebe este nome de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lethe</i>, derivado por sua vez de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lanthanein</i> (que significa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">esconder</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">velar</i>), a interpretação de M. Heidegger parecerá filologicamente
mais correcta do que a de A. Ribeiro. Acontece, porém, que o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">esconder </i>ou o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">velar </i>se desenvolve e enriquece em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">esquecer</i> que imediatamente suscita a reminiscência de Platão e o
primado atribuído à memória por Aristóteles; e acabará por se justificar que no
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Crátilo</i> a palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">aletheia</i> seja explicada como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">divagação</i> ou<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> deambulação dos deuses.</i><o:p></o:p></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQf7J_ADVuCbkV-kG2wYFX6LNC11ajjRG_91u_3qFX-znbObAr6npG4lKyxTjb6A9B3YAe78Mh0SjF_RSljgJGon1NTJYSMU_Ghr1WZKkx_Mye76XQKeYfsU3DJhLv3SD_T5T1p4rVA9s4ruwDbGzN3-Ay6hQ70rA4b4qKOUyRQjtl3p4CPfRr3Z4Is3Y/s576/Dante-in-the-Lethe-o3yyxv%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="468" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQf7J_ADVuCbkV-kG2wYFX6LNC11ajjRG_91u_3qFX-znbObAr6npG4lKyxTjb6A9B3YAe78Mh0SjF_RSljgJGon1NTJYSMU_Ghr1WZKkx_Mye76XQKeYfsU3DJhLv3SD_T5T1p4rVA9s4ruwDbGzN3-Ay6hQ70rA4b4qKOUyRQjtl3p4CPfRr3Z4Is3Y/s16000/Dante-in-the-Lethe-o3yyxv%20(1).jpg" /></a></span></div><p></p><p></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></i></span></p>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> M. Heidegger, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">De L’Essence de la Verité</i>, ob. cit., p.
70.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Platão, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Banquete</i>, 202 e.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, 202 d.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, 203 e.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn19" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref19" name="_ftn19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, 203 a.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn20" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref20" name="_ftn20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, 203 e.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn21" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref21" name="_ftn21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, 203 d.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn22" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref22" name="_ftn22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, 204 b.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn23" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref23" name="_ftn23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, 204 c.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn24" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref24" name="_ftn24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, 206 e.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn25" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref25" name="_ftn25" style="mso-footnote-id: ftn25;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibidem</i>, 203 b.</span></p><p class="MsoFootnoteText"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpQcqgnXBd1n75Ewvnz47Grve7xbaC5imIQKI5M3NtSF5_VQi7BEHwUMDH9mnyN_pdyN_XK2GYpYth6cuRpgaRA73ZvY_2zMvRi1NVO6Ya0dyr-lPJqbR-7tNjy0RvA2shw2SamrGI0QMKA-b-IDUJcYYxMQ4TVcihJaD98RP2fCtBuVU_VeLxnWy6KIg/s640/thumbnail_01%20(2).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="110" data-original-width="640" height="110" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpQcqgnXBd1n75Ewvnz47Grve7xbaC5imIQKI5M3NtSF5_VQi7BEHwUMDH9mnyN_pdyN_XK2GYpYth6cuRpgaRA73ZvY_2zMvRi1NVO6Ya0dyr-lPJqbR-7tNjy0RvA2shw2SamrGI0QMKA-b-IDUJcYYxMQ4TVcihJaD98RP2fCtBuVU_VeLxnWy6KIg/w640-h110/thumbnail_01%20(2).jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9xHoHHlMLgxu44hsEP9LMcLuN8KJMLIsGhLqHcn_yuqV-CrECGUzV6vFg5f9F9L3P6l37HsmUwjPrfY4HnjeXe9ORT6ad9snFoFY-Bq_i0hpyxx5C4DwCvBQqIogTbUvOlyyqKnr8-gP_o-BTV7414sd9ysvdwlqoDWM9MV4KMLsBW_h6Tg9HANgQxQ4/s640/Refuta%C3%A7%C3%A3o...-001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="403" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9xHoHHlMLgxu44hsEP9LMcLuN8KJMLIsGhLqHcn_yuqV-CrECGUzV6vFg5f9F9L3P6l37HsmUwjPrfY4HnjeXe9ORT6ad9snFoFY-Bq_i0hpyxx5C4DwCvBQqIogTbUvOlyyqKnr8-gP_o-BTV7414sd9ysvdwlqoDWM9MV4KMLsBW_h6Tg9HANgQxQ4/s16000/Refuta%C3%A7%C3%A3o...-001%20(1).jpg" /></a></div><p></p></div></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-7632897990315661672023-10-04T12:46:00.001-07:002023-10-04T12:49:06.635-07:00Que é a Metafísica?<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Gianni Vattimo</span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLo1C8q6JVmw-Y9IFgqXlhMDhBClM3x9Jv8KlsFmgCrdWWi6Te2S11UEP3ECFyZ0sIDpwrHwkld6j76Vc-pYL-Pp9gimmOK7czk1qEpozTqkLkYsGILqdM-P1cDdNaQfYFHuwRABJ79chJ46UNfGogWqaB2TTKBbueMnCe1hsfvUM090VhCWJMDh9-0CM/s640/thumbnail_20200722182455_00001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="610" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLo1C8q6JVmw-Y9IFgqXlhMDhBClM3x9Jv8KlsFmgCrdWWi6Te2S11UEP3ECFyZ0sIDpwrHwkld6j76Vc-pYL-Pp9gimmOK7czk1qEpozTqkLkYsGILqdM-P1cDdNaQfYFHuwRABJ79chJ46UNfGogWqaB2TTKBbueMnCe1hsfvUM090VhCWJMDh9-0CM/s16000/thumbnail_20200722182455_00001%20(1).jpg" /></a></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Dizer que
a verdade aí está dada no mundo, só pode significar que o espírito abandonou
aquela absoluteidade e infinita transcendência que já vimos serem-lhe inerentes
de acordo com o mesmo processo de saber e pensar e para que pensar e saber não
sejam em vão. A verdade deixará então de se apresentar como princípio para se
confundir com o ser. E, com efeito, o mesmo espírito que, encarnando, abandonou
a absoluteidade, se afirmou, por um lado, como sendo o ser que é e, por outro lado, como sendo também a verdade.
Se o ser ou as formas de ser que há no mundo surgem assim como sendo o mesmo ser, deixam elas de constituir aquilo que o platonismo
concebeu por <i>aparência do ser</i>, na
qual convergem o pensamento que há em nós e o ser que há na aparência. A
relação entre os seres do mundo, que são aparência do ser, e aquele mesmo ser
de que são a aparência, é, nessa concepção, a relação onde se situa a verdade
ou onde o princípio da verdade identifica o seu sentido espiritual com o seu
sentido ôntico. Acentuando e desenvolvendo essa identificação, Aristóteles
preferiu pensar que o ser que há na aparência é o mesmo espírito, dizendo que o
essencial de todos os seres existentes ou aparentes é a e<i>nteléquia</i>, sem a qual nenhuma forma pode ter origem, ou a <i>substância</i>, sem a qual nenhuma forma pode
perdurar, enteléquia e substância que representam o que do espírito há nos
seres e o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/o-intelecto-e-inteleccao.html">intelecto pode inteligir</a>.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Deste modo
a verdade se manifesta simultaneamente no pensamento e nos seres, e sendo, no
domínio do espírito, o princípio susceptível de intuição e discurso, de ideia e
logos, é, no domínio do ser, o que reside na enteléquia ou aquilo pelo qual o
ser é aparência.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Na
modernidade porém o ser afirma-se, não como aparência, mas como o ser que é a
verdade. O que o pensamento perseguia, a verdade, torna-se manifesto, e o
saber, de cristalização na incessação do pensar, fica de uma vez por todas dado
e não é mais do que conhecimento do que está patente, fixado, dito e escrito em
todas as formas de ser que são a multiplicidade universal dos seres existentes.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Foi a
partir daqui, da transferência do ser da verdade para a verdade do ser, da
transferência do saber da ordem do espírito para a ordem do ser ou, finalmente,
da instauração da verdade como manifesta em todos os seres e do saber como dado
e feito, que o processo da modernidade se desenvolveu numa continuidade
ininterrupta conduzindo, em suas consequências mais flagrantes que nas duas
primeiras partes deste livro descrevemos, à frustração do direito no intuito de
realizar a liberdade, à imposição do primado da vontade e prioridade da acção e
ao repúdio de toda a transcendência.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Na primeira
fase deste desenvolvimento, correspondente à escolástica medieval, foi a
teologia que monopolizou e assegurou a exclusividade ou predomínio da verdade
do ser em todo o processo do saber. Na segunda fase, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/a-modernidade-antecipada-pelo.html">essa mesma função foi entregue à ciência moderna sobrepondo à verdade do ser, que a divindade seria e se exprimia na religião, a verdade manifesta e dispersa na multiplicidade dos seres existentes ou natureza</a>. Numa e noutra fases, o
pensamento, representado na filosofia, viu-se reduzido a servo da teologia e a
servo da ciência e foi teorizado, já em termos de razão, não de intelecto, <i>nous </i>ou espírito, como incumbido de
determinar as vias e as condições do saber, isto é, de mostrar como é possível
um saber dado no homem de uma verdade dada no ser. Por fim, a mesma filosofia
foi declarada finda e depois substituída, no seu carácter necessariamente
especulativo, por uma “filosofia prática” que se formou e desenvolveu na ciência
moderna e se assegurou contra a intervenção da transcendência pelo recurso seja
a um idealismo extreme seja a um materialismo igualmente extreme que se ignoram
na origem de onde vieram – a ideia e a matéria – e comummente consistem num
anti-transcendentalismo.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>De todo
este longo, mas contínuo, coerente e ininterrupto processo, resultou a situação
em que o homem hoje se encontra no mundo e aquela em que o mundo se encontra
no homem: a primeira dominada pela escravidão e a degenerescência, a segunda
suspensa da ameaça de uma destruição catastrófica.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>No início
do processo está uma interpretação do cristianismo e a filosofia moderna que
ela tornou possível fornecendo-lhe na minoração da fé em crença e da crença em
vontade, poder e domínio, a convicção de que a verdade está no mundo, nas
formas do ser e até nos “corpos que nos rodeiam”, seja miticamente encarnada
segundo a imagem religiosa seja segundo a interpretação que alarga essa imagem
a todas as formas existentes, a todos os seres vivos e até inertes e que teve
no franciscanismo, a que pertencia Duns Escoto, a mais expressiva exaltação
sentimental, emocional e beatífica.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2014/03/portugal-e-o-futuro.html">Orlando Vitorino</a>
(«Refutação da Filosofia Triunfante»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1UmKjOBnhNnu5nujQeCtVoQWTOJ4JJlX_ljI_se3lW9MUtzoK_nR34Qb4OLGhUoWPa3L-P6sRe7dtcAbYgWgRDqrS69ANOyVj1w2qoxRm9rNHmZt063gBYCMGKgYA0k7xPA-ZlXfRqaek1ul5RJCfMW_G-28N9lgI_REkoS3RiO-cgGDOrShNxK_T33Q/s640/5_Great-modern-philosophers.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1UmKjOBnhNnu5nujQeCtVoQWTOJ4JJlX_ljI_se3lW9MUtzoK_nR34Qb4OLGhUoWPa3L-P6sRe7dtcAbYgWgRDqrS69ANOyVj1w2qoxRm9rNHmZt063gBYCMGKgYA0k7xPA-ZlXfRqaek1ul5RJCfMW_G-28N9lgI_REkoS3RiO-cgGDOrShNxK_T33Q/w640-h360/5_Great-modern-philosophers.jpeg" width="640" /></a></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Heidegger
parte da concepção, comum na tradição metafísica, da verdade como conformidade
da proposição com a coisa. Mas (e isto já está presente no parágrafo 44 de <i>Ser e Tempo</i>) esta conformidade só é
possível se o próprio ente for já acessível, só se estiver aberto um âmbito
dentro do qual o estar-aí, pode relacionar-se com o ente. (Tenha-se sempre
conta o paralelo da luz: só pode ver-se alguma coisa se houver luz). No
entanto, é importante sublinhar que a abertura assim proposta é um estar-aberto
do estar-aí <i>ao ente</i>. Isto é,
Heidegger não rejeita redondamente a concepção da verdade como conformidade;
antes a assume como o modo fenomenológico do dar-se originário e imediato da
experiência da verdade, modo do qual é necessário partir e que não pode
eliminar-se como pura aparência. Ao buscar a verdade, esforçamo-nos
efectivamente por <i>nos conformarmos</i>
com a coisa, isto é, tomamos a coisa como norma. Este modo de nos
relacionarmos com a coisa pressupõe uma abertura mais originária (que
comparámos com a luz), só que esta abertura é precisamente um estar-aberto à
coisa como tal. Procurar esta conformidade com a coisa significa tomá-la como norma
do nosso julgar e do nosso dizer: o facto de haver uma <i>norma</i> a que devemos adequar-nos (e à qual também podemos não nos
adequar: afirmando o falso por interesse ou por insuficiente empenho na
indagação) significa que aqui entra em jogo a <i>liberdade</i>. Abrir-se à coisa procurando adequar-se-lhe como norma é
um acto livre: a essência da verdade é a liberdade. Mas dizer que a essência da
verdade é a liberdade (como abrir-se do <i>Dasein</i>
ao ente) não significará reduzir a verdade a algo de “subjectivo”, a um acto
arbitrário do homem? Isto será assim se concebêssemos a liberdade – como habitualmente
se faz, como uma <i>propriedade</i> do
homem. Mas esta liberdade como possibilidade que o homem tem de escolher entre
os entes pressupõe também que os entes são já acessíveis. De maneira que não
pode pensar-se o facto de o ente se tornar acessível, a abertura originária de
que depende a possibilidade de qualquer escolha, como um acto livre do homem
nesse sentido. O abrir-se ao ente não é algo a que o homem possa escolher porque
constitui o próprio <i>Dasein</i> como tal
enquanto ser-no-mundo. Esta liberdade não é, pois, uma faculdade de que o homem
disponha, mas é ela que dispõe do homem.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>“O homem
não ‘possui’ a liberdade como propriedade sua, mas precisamente o contrário é
que é verdadeiro: a liberdade, o estar-aí, o estar-aí ex-sistente e revelante,
possui o homem e possui-o tão originariamente que só ela permite a uma
humanidade entrar nessa relação com um ente como tal na sua totalidade, em que
se funda e traça toda a sua história”.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Gianni
Vattimo («Introdução a Heidegger»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A criação
é, na filosofia, uma palavra suspeita, tão estreitamente conotada está com o
significado teológico de criação a partir do nada. A criação a que o pensamento
do homem procede é a de dar existência ao mundo de coisa nenhuma. Coisa nenhuma
não é o nada nem é nada. É, sim, o que fica depois da cindida verdade o ter abandonado
e o fugaz espírito o ter perpassado. E o que fica é o saber de si da verdade
cindida que se esvaiu do ser a que era substancial. Fica porque não tem origem
nem princípio na verdade e, se à verdade é dado, é-lhe dado como extrínseco ou
independente dela e, portanto, não a acompanha no seu retorno ao Uno de onde se
cindiu. Mas fica sem o ser para cuja verdade substancial se formou, sem
substância portanto, como atributo extrínseco ou predicado de que o atributo é
o conceito, ou como potência cuja actualização se esvaneceu com o esvaimento do
ser em cuja verdade se actualizara. Assim, sem substância, sem o conteúdo que
tivera no predicado intrínseco ao ser, sem o acto que fora o acrescentamento do
saber de si à verdade do ser, fica como coisa nenhuma, como o que podemos dizer
mundo de coisa nenhuma.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Com ela
fica o pensamento que permanece, o pensamento do homem que, tendo seu princípio
no espírito, não o acompanha em sua universalidade, une seu movimento até ao
Uno, na sua substituição da verdade cindida à verdade una. Permanece o pensamento
do homem porque nele encontrou conteúdo e realidade o pensamento universal do
espírito universal que, sem ele, eram apenas portadores da liberdade, decerto
absoluta, mas só absoluta, liberdade do não-ser e do sem-limite, portanto
indefinida ou irreal e vazia.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O conteúdo
e a realidade que o movimento do espírito encontrou no pensamento do homem
constituíram o saber de si que, transmitido à verdade do ser, acrescentou o atributo
ao predicado e o acto à potência, realizando as virtualidades ou respondendo às
expectativas contidas no mundo do ser e para as quais ele tem origem.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Assim
independente tanto da verdade substancial quanto do espírito insubstancial, o
saber de si não acompanha o movimento universal de um e outro, e permanece.
Permanece, repetimos, como o atributo sem predicado ou como potência sem
actualidade.</span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxAZuS4krTAbxWQmQ5ZnOg3w2bmNPoC7chySuFpLwz-zPs7KyGOPdkBLlIEdbxHWoDZMkGnV6hyxwNiO9trPbtbWtDxERh29b0sP0ANd8oU-lSN4xlLRgtU2iasoWGkrEOBOdSQjYFuiD0OqraT9rd7wy8JDQESSXcPOx55KA5YUUqAjyFxuY-8-Bz0Zc/s800/thumbnail_20150504165844_00001%20(2)gjn%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="508" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxAZuS4krTAbxWQmQ5ZnOg3w2bmNPoC7chySuFpLwz-zPs7KyGOPdkBLlIEdbxHWoDZMkGnV6hyxwNiO9trPbtbWtDxERh29b0sP0ANd8oU-lSN4xlLRgtU2iasoWGkrEOBOdSQjYFuiD0OqraT9rd7wy8JDQESSXcPOx55KA5YUUqAjyFxuY-8-Bz0Zc/s16000/thumbnail_20150504165844_00001%20(2)gjn%20(1).jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Em
contraste com o conhecimento e o que em geral se designa modernamente por
ciência que são conhecimento ou ciência de outrem. O saber é sempre a expressão
de algum momento significativo do pensamento, e é sempre saber de si.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Entre os
seres, só o homem tem por si o saber de si porque só o homem pensa. O início da
filosofia foi expresso no preceito socrático geralmente traduzido por “conhece-te
a ti mesmo” o qual, atendendo à modernamente imperiosa distinção em que
conhecer e saber se dirá “pensa-te a ti mesmo” equivale a “pensa o pensamento”,
uma vez que, sendo o homem o único que pensa, é o mesmo pensar-se ele a si
mesmo ou pensar o pensamento.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Ora o saber
de si pode ser saber para si e saber para outrem e estes equivalem a ser para
si e ser para outrem. O mundo do ser, que é o da verdade, é o do saber para si.
O saber de si para outrem é o do mundo do espírito.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Dá o
espírito ao ser, mediante o pensamento, o saber de si para que a verdade nele
cindida e prisioneira seja para si e à unidade regresse, esvaindo o ser, então
manifestamente ilusório. Cumpre ao pensamento do homem, imitando o espírito em
que tem princípio, dar ao mundo de coisa nenhuma, que fica da ausência do ser e
da verdade, coisa nenhuma que é o atributo sem predicado ou a potência sem actualidade, o saber
de si que, por ser de coisa nenhuma, não pode ser para si e é necessariamente
para outrem. Ser para outrem é existir. Assim, o pensamento do homem dá
existência ao mundo de coisa nenhuma ou, na expressão mais rigorosa que começámos
por utilizar, cria a existência do mundo.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Há, então,
o mundo que é por essência e o mundo que é por existência. A essência é o que faz
que o ser e o mundo que cria é, portanto, o do ser. A existência é o que faz
que o que é em si seja para outrem e o mundo que cria já não diremos agora que
é o de coisa nenhuma mas o do ente, o do que, não sendo substância nem conteúdo,
no entanto está sendo, é no entanto real. Diremos, não que é, mas que há. E
agora compreendemos que a noção de realidade, na qual os pensadores subsumiram
a insustentável noção do ilusório ser, consiste, não em ser, mas em haver.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Conviria
atentar aqui na dificuldade de pensar sem o recurso ao ser e, pelo ser, à
substância, dificuldade que decorre da prevalência milenária das filosofias do
ser com as consequentes formas que elas instalaram no exercício humano, talvez
demasiado humano, do pensamento, formas entendidas como categorias e, mais
modernamente, transcendentais e apriorísticas, para as quais a realidade
tacitamente se pensa como ser, ou no ser se firmando, ou na verdade do ser
tendo a sua substância. Fazem-se remontar estas formas aos gregos interpretando
a filosofia clássica, num sentido como tendo por princípio, a que todos os
outros afluem, o do ser [Heidegger], noutro sentido como fundando o pensamento
nas categorias, que não são senão classificações, e evocando uma tradição, que
Álvaro Ribeiro recusa e refuta, segundo a qual Aristóteles considera a
substância como a “categoria primeira”. A dificuldade que assim observamos no
exercício humano de pensar teve origem mais uma vez na indistinção entre
espírito e verdade, confundindo-se o movimento de um com o movimento contrário
do outro, identificando-se o pensamento, que é próprio do espírito, com o ser,
que é próprio da verdade, confundindo-se o mundo da essência e do ente. Na
concepção da substância “como categoria primeira”, por exemplo, observa-se que
o termo grego que se traduziu por substância também se pode traduzir por
essência e, a utilizar esta segunda tradução, ficaria claro que o mundo
substancial é o do ser, não o do que dizemos agora ente.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Observa o
erudito francês E. Gilson que a interminável discussão sobre a distinção entre
essência e existência seria elucidada se se tivessem conservado nas línguas
vernáculas as palavras <i>ser</i> e <i>ente</i>, e o que distingue as respectivas
noções, das quais só restam hoje vestígios no italiano. Mostra assim ignorar o
admirável prosador a língua portuguesa onde se conservaram, até com uso
corrente, aquelas duas palavras.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Em sentido
filológico, <i>ser é o que é, ente é o que
está sendo</i>. Os existencialistas contemporâneos supriram a ausência das duas
palavras dizendo o <i>sendo</i> por não
poderem dizer o ente. Em sentido filosófico, ente não é, não o que é, mas o que
existe. Existir é estar sendo para outrem. O mundo da existência é o mundo dos entes
como o mundo da essência é o mundo dos seres. <o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Vimos como
se confundem essência e substância. Ambas, enquanto palavras, são a tradução de
<i>ousia</i>. Enquanto noções, tem-se feito
remontar a de essência a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/09/platao-i.html">Platão</a>, a de substância a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/12/a-vida-de-aristoteles-segundo-diogenes.html">Aristóteles</a>. Mas a essência,
em <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/09/platao-ii.html">Platão</a>, não é, como na filosofia portuguesa, a verdade, sim a ideia. E a
substância, em <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/o-intelecto-e-inteleccao.html">Aristóteles</a>, também não é, como na filosofia portuguesa, a
verdade cindida e prisioneira no ser, mas provém do espírito. Todavia, a
filosofia portuguesa é igualmente fiel ao platonismo e ao aristotelismo.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy62F26p68zU4zeh-R3JAO79LehI8ZGJLf2X3hk6DcWKMHpb7hIUJdT3QISxnhQ9MbXUaOpgpqLt78o-9AWrSf2yZEDpADdCd9sTp5vEHVejt_ei-y4yXbBltGTghAE_1pHZpvwhKkRDgMBW4BOenyp_oAIPqdSvD72EWjKebg-vzEU05J6Ud5ZqdhMmE/s720/03%20(1)-003%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="516" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy62F26p68zU4zeh-R3JAO79LehI8ZGJLf2X3hk6DcWKMHpb7hIUJdT3QISxnhQ9MbXUaOpgpqLt78o-9AWrSf2yZEDpADdCd9sTp5vEHVejt_ei-y4yXbBltGTghAE_1pHZpvwhKkRDgMBW4BOenyp_oAIPqdSvD72EWjKebg-vzEU05J6Ud5ZqdhMmE/s16000/03%20(1)-003%20(1).jpg" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A fidelidade ao aristotelismo manifesta-se,
não tanto na presença constante de Aristóteles na história dos pensadores
portugueses, não tanto ainda no realismo que os caracteriza, mas na mais
importante noção do espírito como insubstancial
substante. Trata-se de uma noção de José Marinho a quem Álvaro Ribeiro
atribui “o mais alto valor de opor à fenomenologia do ser a ontologia do
espírito”.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Aparece o
espírito no aristotelismo como o único, mas inesgotável, dispensador de formas.
A forma não se confunde com o limite, próprio do ser, porque o limite é
exterior enquanto a forma é interior, porque o limite define e fixa a definição
e imobiliza na fixidez enquanto a forma é a variável actuação de uma potência
que não se esgota num único acto e, porque interior, se diz que é para os
corpos o que a alma é para o homem e – agora hegelianamente – o que a síntese é
para a composição dos elementos que compõem os corpos numa unidade
indecomponível. Álvaro Ribeiro utilizou a forma, a alma e a síntese para demonstrar
como é frustre e vã a finalidade que a si mesma se atribui a ciência moderna de
alcançar o conhecimento definitivo no conhecimento do último elemento em que
está a decompor os corpos.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Dispensado
de forma, o espírito põe a forma onde está o informe. Como está em movimento incessante,
ou fugaz, logo, onde a põe, a abandona. Não está, pois, na forma, ou naquilo em
que pôs a forma, como substância porque, nesse caso, não a abandonaria e nela
se esgotaria. Está como substante. Quando <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2014/03/a-liberdade-e-o-proprio-espirito.html">José Marinho</a> viu que o espírito é
insubstancial, viu que a noção de insubstancial substante é a que lhe convém.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Aristóteles
não distinguiu, porém, como <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/a-obra-de-nietzsche-radicada-em-alguma.html">José Marinho</a> entre verdade e espírito. Não opôs
como ele “a fenomenologia do ser à ontologia do espírito”, para empregarmos a
expressão, aliás menos ôntica, de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/03/decisao-e-indecisao-na-casa-de-portugal.html">Álvaro Ribeiro</a>. Menos ôntica porque o que diz
“fenomenologia do ser” é a fenomenologia da verdade uma vez que da verdade é o
ser a manifestação, o fenómeno.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O que o
aristotelismo opõe ao espírito, dispensado de formas, é o informe. E dado que a
forma é o interior, a indecomponível e indivisível unidade interior ou íntima,
o informe, embora com limite exterior, é o ser. À luz da <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/03/que-e-cisao.html">“Teoria do Ser e da Verdade”</a>, a forma é o saber de si que o espírito traz à verdade do ser. [Isto
de o aristotelismo não haver oposto, para de novo recorrermos à expressão de
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/03/decisao-e-indecisao-na-casa-de-portugal_15.html">Álvaro Ribeiro</a>, a ontologia da verdade à ontologia do espírito, foi a de onde se
desenvolveu a interpretação que incrustou, no pensamento filosófico e no
pensamento ingénuo, a dualidade de espírito e matéria, como entre si contrários
e opostos. Considerou-se que o informe seria um predicado que se relaciona com
a ideia de informidade e a informidade seria a matéria que Aristóteles dissera
ser nada].»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/05/ensaio-sobre-o-que-e-o-pensamento.html">Orlando Vitorino</a>
(«As Teses da Filosofia Portuguesa»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">«A palavra <i>metafísica</i> aparece tardiamente na
história da cultura europeia. Os pensadores helénicos não usaram tal termo que
consolida uma expressão usada pela primeira vez, no século I A. C., quando
Andrónico de Rodes coligiu os textos aristotélicos. Os 24 livros que desde
então ficaram agrupados sob a capa, ou sob o capítulo, de <i>Metafísica</i> tratam diversas questões filosóficas sem evidente nexo
doutrinal.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Este caso
de catalogação, ou de ordenação didáctica, foi, porém, de más consequências
para a interpretação do aristotelismo e, consequentemente, da Escolástica. Os
pensadores judeus, cristãos e islâmicos da Idade-Média intercalaram assim entre
a física (ciência do movimento, ou da alteração no espaço e no tempo) e a
teologia (ciência da palavra divina) um método de investigação pela razão
intuitiva, e, depois pela razão discursiva, que, ampliado, pretendeu dominar a
totalidade finita do conhecimento humano. A Idade Moderna caracteriza-se
exactamente pelo florescimento de vários sistemas metafísicos, obra da palavra
humana que orgulhosamente se separa da palavra divina, e que parece vitoriosa
de longa polémica contra os intérpretes autorizados das <i>Sagradas Escrituras</i>.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">A ambição
de reunir, em uma só e última ciência filosófica, a teologia, a antropologia e
a cosmologia, mediante qualquer monismo de substancialidade, causalidade ou finalidade,
será irrealizável enquanto vivermos, falarmos e pensarmos. A desilusão de várias
gerações atingiu já o mais alto grau de evidência no existencialismo. A
filosofia actual não admite a distinção entre física e metafísica, entre espaço
real e espaço ideal, distinção que é postulada para extrair do tempo a vida do
Espírito. </span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJyKQT-djrY5nuC3uCbDfXTsxm_vKuhtxgWNOQexLwgT7BqlMi-xl_6gmKHdml13pavYnFAFnxlRnMmwMw2t23B7B9r5plc-_jXoAf85YkRQgN4Iy6ob-l_zWDimhGxpN11tLVL3ePViezUhuAlhf9S5c4dIkNhrmNvzvP9u36PZpTZz7wIHU-R66FQLE/s674/81DwW5UzRzL._AC_SX569_.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="674" data-original-width="569" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJyKQT-djrY5nuC3uCbDfXTsxm_vKuhtxgWNOQexLwgT7BqlMi-xl_6gmKHdml13pavYnFAFnxlRnMmwMw2t23B7B9r5plc-_jXoAf85YkRQgN4Iy6ob-l_zWDimhGxpN11tLVL3ePViezUhuAlhf9S5c4dIkNhrmNvzvP9u36PZpTZz7wIHU-R66FQLE/w338-h400/81DwW5UzRzL._AC_SX569_.jpg" width="338" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX9omE9B88QuD14A7YHy7wmy6NgxoCs-5PQXICnn5b7PASalZqSdYYR-sJw9rCTQ88pRfgbVnyUcrYSwqy1z-4QTzWf92vZj75HAXVBKthCyxohTSNzDWxabdaSRos27ghwBrUyUgqr1dT0H94YrIgvEfw6PVSKRHs0iu-siXDrNLhWbYGsOiNo6WK0Y0/s1920/1920px-Immanuel_Kant_signature.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="725" data-original-width="1920" height="242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX9omE9B88QuD14A7YHy7wmy6NgxoCs-5PQXICnn5b7PASalZqSdYYR-sJw9rCTQ88pRfgbVnyUcrYSwqy1z-4QTzWf92vZj75HAXVBKthCyxohTSNzDWxabdaSRos27ghwBrUyUgqr1dT0H94YrIgvEfw6PVSKRHs0iu-siXDrNLhWbYGsOiNo6WK0Y0/w640-h242/1920px-Immanuel_Kant_signature.svg.png" width="640" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Quando Kant
demonstrou a impossibilidade de ver na metafísica uma verdadeira ciência,
começou para a filosofia nova idade. Desde então a palavra de Andrónico de
Rodes deveria ter saído do vocabulário filosófico, e, com efeito, sabemos que
Hegel e Comte reduziram ao mínimo o valor e o uso do termo. Infelizmente, em
muitas escolas continuou a ensinar-se metafísica e alguns escritores
conservaram estima pela velha palavra, mas atribuíram-lhe livremente
significações incompatíveis com o rigor lógico de uma verdadeira ciência,
gerando equívocos muito prejudiciais para o desenvolvimento da filosofia.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Kant,
negando sem provas a possibilidade humana de intuição intelectual, minorou o
significado das virtudes teologais e, consequentemente, a apreensão das
verdades implícitas nas <i>Escrituras
Sagradas</i>. Assim, limitou o conhecimento humano a dois factores gnósicos,
que denominou <i>Sinnlichkeit </i>(<i>Sensitividade</i>) e <i>Verstand</i> (intelecto, ou razão discursiva). Quanto à <i>reine Vernunft</i> (razão pura, isto é, sem
interferência da intuição sensível ou da intuição intelectual) atribuiu-lhe a
função de coordenadora dos conhecimentos já obtidos, pelo que a considerou sem
valor gnósico e, portanto, sem valor sófico.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">A
gnosiologia de Kant é apenas válida para o mundo sensível que podemos inteligir
mediante as percepções, os conceitos e os juízos. Examinou Kant, na sua notável
analítica, os processos lógicos que permitem às ciências matemáticas e físicas
formular certezas e verificar a respectiva aplicação aos domínios de estudo que
competem à metafísica. Concluiu que o uso das categorias da razão discursiva,
para além das condições subjectivas do espaço e do tempo, é uso transcendental,
mero desvio que não conduz a qualquer verdade objectiva.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">(...) Kant ainda
manteve a palavra “metafísica”, e para lhe atribuir algum significado definiu-a
como aspiração inevitável do pensamento humano. Há no coração do homem três
sentimentos que nem a argumentação seguida de violência consegue anular: o
anseio por uma vida melhor, aspiração que comprova a liberdade; a não aceitação
da morte como fenómeno natural, ou luta pela imortalidade; o reconhecimento de
um ente sobrenatural a quem se presta culto e de quem se recebe graça, ente
que, por superior a nós, não pode deixar de ser concebido senão como Espírito,
ou Deus. A estas três aspirações da alma humana deu Kant o nome de ideais, ou
ideias: – liberdade, imortalidade e Deus.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Tais ideias
não são demonstráveis pelos processos gnósicos da epistemologia moderna nem
pelos termos, juízos e raciocínios dos compêndios de lógica; nisto é irrefutável
a crítica de Kant aos escolásticos decadentes. Kant pretendeu, porém, traduzir
em termos de moral o que de válido parecia existir nas antigas teorias do
sobrenatural, e assim reduziu as ideias de liberdade, imortalidade e Deus a
meros postulados da actividade prática. Explica-se assim que ao sistema de Kant, que é uma metafísica de ideais, se tenha dado o nome de idealismo, para
o distinguir dos ideísmos, ou sistemas de ideias, como o de Platão ou o de
Berkeley.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">A admissão
de uma metafísica para garantia da moral, metafísica sem construção teórica,
sem base científica, sem relação com a verdade, permitiu a floração de
doutrinas anti-racionalistas e anti-intelectualistas dependentes da vontade e
do sentimento, da posição dos valores, da estimativa axiológica. Verificando
que é a vontade o que principalmente move a política, e que o sentimento é o
que principalmente move a literatura, compreendemos a importância da obra de
Kant na génese do romantismo alemão, movimento anti-metafísico porque
anti-racionalista. Hegel, que só em escritos de juventude admitiu o conceito de
metafísica e que na adulta idade
reconheceu que os princípios válidos em metafísica são afinal princípios de
lógica, reagiu através de todo o seu ensino e de toda a sua obra contra o
excessivo sentimentalismo e o excessivo voluntarismo do pensamento romântico.</span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiegE_3Ob0-aqg-Zz21wghC5OGYFeTFj4H3ttH_ZGcVezrsClhnLCgYQOwHjrsMI3flddKxKuA-xdXo_wnrOtJKAr7uDD_hx8uvO65uPdRlXPn7427NnzfcmZ66z2W4VjMEBqtt4IM_67cbGM_dqMKaUepX0i52f8BG5mXV0S74XS9imUtL21vfBCmL4dM/s684/Kant-KdrV-1781.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="684" data-original-width="438" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiegE_3Ob0-aqg-Zz21wghC5OGYFeTFj4H3ttH_ZGcVezrsClhnLCgYQOwHjrsMI3flddKxKuA-xdXo_wnrOtJKAr7uDD_hx8uvO65uPdRlXPn7427NnzfcmZ66z2W4VjMEBqtt4IM_67cbGM_dqMKaUepX0i52f8BG5mXV0S74XS9imUtL21vfBCmL4dM/s16000/Kant-KdrV-1781.png" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Mercê de
vários factores culturais, nota-se nos meios universitários um movimento de
restauração do ensino da metafísica, e não seria mau que esta disciplina figurasse
com a de lógica nos quadros didácticos das Faculdades de Ciências. Teria esse
ensino por função mostrar que a cosmologia não é ciência autónoma, porque a
epistemologia que lhe corresponde tem de proceder em obediência aos princípios
de finalidade, de causalidade e de substancialidade, e não apenas a este
último. As ontologias, as filosofias do ser e as doutrinas da substância, não
satisfazem inteiramente ao problema de restaurar a metafísica como ciência
filosófica e, pelo contrário, não evitam que o pensamento humano regresse ao
caminho errado que conduz do misticismo ao panteísmo, e do panteísmo ao
ateísmo.»<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Álvaro Ribeiro
(«Apologia e Filosofia»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;"><br /></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">«SE É CERTO
que toda a metafísica deve tomar por fundamento verdades incontestáveis, e se
ninguém contesta que além daquelas verdades muito gerais que alguns dizem
formais e outros metafísicas, como o princípio de identidade, só conhecemos
como coisa certa e inelutável a necessidade da morte do nosso ser biológico e
mais nenhuma outra, então o reconhecimento dessa mortalidade pode e deve
constituir o ponto de partida de toda a investigação metafísica.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Porém é igualmente
certo que, quando o filósofo, em vez de falar em seu próprio nome e raciocinar
como se conversasse na intimidade com outro seu igual, como sempre se deveria
fazer, toma a palavra ante uma assembléia acadêmica para dirigir-se a ela em
nome do consenso intelectual ou científico do seu tempo, então já não pode
adotar esse ponto de partida, pela simples razão de que a comunidade acadêmica
ou a classe letrada, não possuindo a unidade real de um ser biológico, mas
apenas a unidade potencial de um todo matemático ou de um universal indutivo,
não pode tomar responsavelmente consciência de sua própria imortalidade como o
faz o indivíduo de carne e osso, mas sim, reconhecendo embora em palavras o
caráter historicamente transitório de suas crenças admitidas no momento, tende
sempre a tomar por premissa implícita a sua própria imortalidade, na medida em
que sempre espera que algumas das suas crenças, ao menos, sobrevivam ao seu
tempo, já que se admitisse o contrário estaria solapando a própria autoridade
com que pretende, enquanto poder socialmente reconhecido, influir sobre a
moldagem do futuro. Mais ainda, se a individualidade biológica tem um prazo de
duração máxima dificilmente ultrapassável, as comunidades acadêmicas não o têm,
e, por não saberem quanto devem durar, não têm outro remédio senão dar por
pressuposto que devem durar para sempre, mesmo sabendo que não vão durar. A
consequência disto é que toda a especulação filosófica fundada no consenso
científico ou letrado de uma determinada época traz em si um certo coeficiente
de duplicidade e falsidade, na medida em que não pode, ou dificilmente pode,
deixar de tomar como premissa uma crença absurda e autocontraditória segundo a
qual uma duração simplesmente difícil de calcular na prática pode ser admitida
como duração objectivamente ilimitada.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Já o
indivíduo de carne e osso, estando apto a admitir não só a própria morte como
também a certeza praticamente infalível de vir a ser esquecido e não deixar
marcas senão tênues e passageiras na história deste mundo, estando mesmo
obrigado a admiti-lo, pela razão de que a consciência de sua individualidade
biológica é uma só e mesma coisa que o reconhecimento da sua mortalidade física
e dos limites espaço-temporais da sua forma de existência, e estando, ainda
mais, obrigado a reconhecer que esses limites estão balizados por uma
durabilidade média dificilmente ultrapassável, é, por estas razões,
praticamente obrigado a admitir como verdade primeira a certeza inquestionável
da morte, e a filosofar responsavelmente segundo esse axioma infalível, o único,
talvez, que é ao mesmo tempo, e inseparavelmente, princípio auto-evidente e
fa[c]to de experiência.</span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglow92HYvxoB-eJfI__LFmuW0L7P34qKrmSrOrlYuqfHthKX4JPsW4dpu7v1yol7TODnohnvx5tlkH65u0Gn2uq2vg1s_4-dkFo9AhOjem3TbVgctfQuPuUXcaIWpnO70a9HanA2OFS0GjHbn7FXoVccMovs7QySYixDgDUrkSEmOE0U9aL61tbbmuVK4/s640/AFilosofiaESeuInverso%20(1).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="425" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglow92HYvxoB-eJfI__LFmuW0L7P34qKrmSrOrlYuqfHthKX4JPsW4dpu7v1yol7TODnohnvx5tlkH65u0Gn2uq2vg1s_4-dkFo9AhOjem3TbVgctfQuPuUXcaIWpnO70a9HanA2OFS0GjHbn7FXoVccMovs7QySYixDgDUrkSEmOE0U9aL61tbbmuVK4/s16000/AFilosofiaESeuInverso%20(1).png" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">O indivíduo
é assim depositário de ao menos uma verdade certa cuja consciência responsável
escapa necessariamente aos consensos coletivos, e, neste sentido, é o guardião
de uma espécie, ao menos, de rigor filosófico, que é inalcançável mesmo às
comunidades científicas mais sérias e devotadas. Enquanto comunidade, nenhuma
pode reconhecer que dentro de um prazo médio determinável terá se transformado
em pó; e, por isto, nenhuma pode responder seriamente por suas palavras ante o
tribunal da consciência de mortalidade.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Por isso
mesmo tem sido uma suma desgraça do pensamento ocidental a crença generalizada
de que os julgamentos da consciência individual devem ser submetidos à
verificação ante o tribunal da comunidade letrada, sempre que essa crença não
seja compensada pela admissão da sua contrapartida necessária: a admissão de
que somente a consciência individual pode ser plenamente responsável por suas
próprias palavras, enquanto as coletividades, destituídas de vida biológica
unitária, diluem sempre sua responsabilidade entre as cabeças individuais que
as compõem e, ao mesmo tempo que proclamam possuir tanto mais autoridade quanto
maior o número de seus membros, na mesma medida se tornam tanto mais incapazes
de assumir uma responsabilidade moral, jurídica ou intelectual pelo que quer
que creiam ou afirmem; e, sobretudo, podem eludir indefinidamente, por serem de
duração indefinida, a admissão da única premissa material universalmente válida
de todos os raciocínios metafísicos, que é a realidade da morte. <o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">A
coletividade, não podendo tomar consciência responsável da sua própria morte,
pode no entanto admitir <i>pro forma</i> a
dos membros que a compõem. Mas mesmo este reconhecimento não é um ato de
consciência, e sim a expressão protocolar da coincidência lógica entre
conteúdos de vários atos efetuados, independentemente, pelos membros
individuais da coletividade.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Nesse sentido,
a coletividade não obedece à condição ótima para dar início à investigação
metafísica, condição que reside no ato de tomar consciência pessoal e
responsável da própria mortalidade. O consenso acadêmico ou letrado tem,
portanto, menos autoridade em metafísica do que o meditador solitário.»<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">
</span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/11/chavoes-e-realidades_25.html">Olavo de Carvalho</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/os-filodoxos-perante-historia.html">«A Filosofia e seu Inverso»</a>).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«[A] persistência
da Escolástica, e dentro da Escolástica o aristotelismo, combatido por uma linha
de pensadores que vai de Francisco Sanches a Luís António Verney, e também de
Amorim Viana a Sampaio Bruno, pareceu sempre como um enigma irritante a todos
quantos não compreenderam a peculiaridade mental dos povos ibéricos. A
Escolástica existe pela conciliação escolar do texto morto, mas sagrado, com a
tradição viva e livre. É também a conciliação da ordem religiosa com a ordem
filosófica no problema de Deus, modo monárquico ou mono-árquico, de assegurar a
liberdade de pensamento e, consequentemente, as liberdades adjectivadas.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Desviados
da linha medieval, erraram os escolásticos modernos quando aplicaram à Física
de Aristóteles o canon de escrituras sagradas, lendo como texto perene os
livros que haviam resultado de sérios processos de observação e experimentação
naturais. A obra lógica, ética e metafísica de Aristóteles permaneceu válida
nas suas linhas peninsulares e resistiu a todas as críticas impertinentes;
assim o entenderam os componentes do escol nos povos peninsulares; mas seja-nos
permitido afirmar que <i>a interpretação portuguesa
da filosofia de Aristóteles é superior à interpretação alemã</i>. Lida directamente,
e não através de comentadores que adaptaram às circunstâncias contingentes e às
oportunidades pretéritas, a obra de Aristóteles refulge no brilho do seu
pensamento essencial, e continua a ser saudada por quantos actualizam a sua
cultura.»<o:p></o:p></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2021/10/os-escritores-falam-do-que-escrevem.html">Álvaro Ribeiro</a> («A Literatura de José Régio»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPLPY3_EIvhS-schTvUYE_sH1F3pL7doH9T4GLSXzVng3AE0N1ifRyz0uDle1Ar25U9zOjlltTOIV7RQZY3BIkKd9tisICGYvdiYJRpMgbMv2uZYD2pif_rnxUgBKdVPnXsMCD-psAgom90hyphenhyphenh-aVgpydq7u638rAJmKyXi57NvYr15CSsXvZiA4b64Rk/s2497/20221012181952_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2497" data-original-width="1540" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPLPY3_EIvhS-schTvUYE_sH1F3pL7doH9T4GLSXzVng3AE0N1ifRyz0uDle1Ar25U9zOjlltTOIV7RQZY3BIkKd9tisICGYvdiYJRpMgbMv2uZYD2pif_rnxUgBKdVPnXsMCD-psAgom90hyphenhyphenh-aVgpydq7u638rAJmKyXi57NvYr15CSsXvZiA4b64Rk/w395-h640/20221012181952_00001.jpg" width="395" /></a></div><p><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000; font-family: times; font-size: x-large;">Que é a
Metafísica?</span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Nos anos
imediatamente posteriores à publicação das duas primeiras secções de <i style="color: black;">Ser e Tempo</i>, Heidegger encontra-se
perante problemas que (...) apontou no parágrafo final daquela obra e que
condicionam as possibilidades de desenvolvimento do discurso nela iniciado. Em <i style="color: black;">Ueber den Humanismus</i>, de 1947, Heidegger
dirá que <i style="color: black;">Ser e Tempo</i>, não pôde chegar
ao fim do discurso empreendido por insuficiência de linguagem, ainda demasiado
condicionada pela «metafísica» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
De qualquer maneira que se avalie esta afirmação (formulada vinte anos depois
de <i>Ser e Tempo</i>), apesar de tudo é evidente que, desde as primeiras páginas
daquela obra, Heidegger mostra que entende a sua indagação como problematização
das próprias bases da filosofia ocidental. <i style="color: black;">Ser
e Tempo</i>, como sabemos, parte da constatação de que o ser, na tradição
filosófica europeia, se concebe de acordo com o modelo da simples-presença. Mas
a presença é apenas uma das dimensões do tempo: trata-se então de pôr a claro o
fundamento da metafísica (entendida por agora como a doutrina do ser que se
encontra substancialmente idêntica no fundo de todo o pensamento europeu),
analisando a relação ser-tempo. Na verdade, esta relação não é tratada
tematicamente em <i style="color: black;">Ser e Tempo</i>, porque
a obra é interrompida antes; mas, pelo menos, chegou-se ao resultado de pôr em
relevo a conexão peculiar que vincula o ser – como aparecer do ente no mundo –
com o <i style="color: black;">Dasein</i>; e também o carácter
constitutivamente temporal e histórico do <i style="color: black;">Dasein</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Apesar de
tudo, atendendo ainda às páginas de <i style="color: black;">Ser e
Tempo</i> sobre a temporalidade e a historicidade do <i style="color: black;">Dasein</i>, o «facto» de que parte <i style="color: black;">Ser
e Tempo</i> (isto é, a tendência que se afirma em toda a tradição filosófica
ocidental para conceber o ser de acordo com o modelo da simples presença) não é
um acidente que se possa pôr de lado com um simples passo teórico; na
dificuldade de prosseguir a sua indagação, Heidegger assinala os pesados
condicionamentos sobre ele exercidos por toda uma tradição de pensamento
cristalizado na linguagem filosófica de que dispõe. Quer teoricamente (na base
da elaboração do conceito de temporalidade e de historicidade de <i style="color: black;">Sein und Zeit</i>), quer praticamente (com a
dificuldade experimentada ao procurar problematizar a concepção metafísica do
ser como simples presença devido à insuficiência), Heidegger encontra-se, pois,
perante a necessidade de reflectir sobre as bases e o significado da
metafísica, isto é, da concepção do ser que ele acha substancialmente unitária
e presente em toda a tradição ocidental. O seu pensamento poderá desenvolver-se
apenas na medida em que, projectando-se, assume efectivamente o seu próprio
passado, a sua própria condição histórica, que é a de pertencer a uma certa
tradição e a uma certa linguagem conceptual <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Acerca do
emprego do termo «metafísica», convém adiantar desde já, para efeitos da
clareza, o desenvolvimento do seu significado nas obras de Heidegger. Já em <i style="color: black;">Ser e Tempo</i> (ver, sobretudo, os
parágrafos 1 e 6, no último dos quais se fala explicitamente da necessidade de
uma «destruição da história da ontologia»: já que «apesar de todo o interesse pela ‘metafísica’ o problema do sentido do ser caiu no esquecimento») <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>, o
pensamento que concebe o ser na base da simples presença é considerado um
pensamento «infundado», que esquece o verdadeiro problema a que deveria
prestar-se a atenção. Apesar de tudo, o termo metafísica, tanto em <i style="color: black;">Ser e Tempo</i> como nos escritos
contemporâneos da dita obra e nos imediatamente posteriores (pelo menos até ao
escrito sobre a verdade de 1930), continua ainda a indicar em geral o pensamento
que põe o problema do seu mais além (<i style="color: black;">metá</i>)
do ente como tal. Neste sentido, o tratado sobre <i style="color: black;">Que é a Metafísica? </i><b><span style="color: #bf9000;">[</span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">4]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>
afirmará que a metafísica está conaturalizada com o próprio estar-aí do homem <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[5]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
uma vez que, como se viu em <i style="color: black;">Ser e Tempo</i>,
o conhecimento do ente implica já uma compreensão preliminar do ser do ente,
isto é, o «projecto» dentro do qual o ente chega ao ser, aparecendo na
presença: isto implica um fundamental transcender do ente por parte do <i>Dasein</i>
que, ao compreender o ser, vai sempre <i style="color: black;">mais
além</i> do ente como tal.<o:p></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVxFraZKMNMF_laODQVNYmHj0opVC7mZ98tGS67POaTbVA6GlflWgsHKSGvtr_CxdpSC2Vr5Cu2M8jiyptvCRzC2V_0D07ZNGQfz_Ch4f9vMFZgQksbJIQKNAnaydg4wEhFtOr_dEaOuxjI2L-htcJlJj_-cC5ad-2xUEyf7OdBatNr9_eAlBY_uTOJGM/s500/31QvRKInpTL%20(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="331" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVxFraZKMNMF_laODQVNYmHj0opVC7mZ98tGS67POaTbVA6GlflWgsHKSGvtr_CxdpSC2Vr5Cu2M8jiyptvCRzC2V_0D07ZNGQfz_Ch4f9vMFZgQksbJIQKNAnaydg4wEhFtOr_dEaOuxjI2L-htcJlJj_-cC5ad-2xUEyf7OdBatNr9_eAlBY_uTOJGM/s16000/31QvRKInpTL%20(1).jpg" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjragM2i1zfh9S978QcVrVbeeYpxpQ1uZAAWGfWJICAxy64rzwB1D6jLl3Ij5wAsi6bMHdwyxrEeJL3z9K-PwRwTo682KGmk3JjDFFGUf8iX-ikfOvBA9oO-AXf2p9Yh5PwHJwCAjarsDDoZzvumHwqUW0tLPF1pbt7iuw-uj09ThSmlwJYEiEQTlAaLdE/s800/800px-Heideggerrundweg0009.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjragM2i1zfh9S978QcVrVbeeYpxpQ1uZAAWGfWJICAxy64rzwB1D6jLl3Ij5wAsi6bMHdwyxrEeJL3z9K-PwRwTo682KGmk3JjDFFGUf8iX-ikfOvBA9oO-AXf2p9Yh5PwHJwCAjarsDDoZzvumHwqUW0tLPF1pbt7iuw-uj09ThSmlwJYEiEQTlAaLdE/s16000/800px-Heideggerrundweg0009.jpg" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não
obstante, na história do pensamento ocidental, este transcender o ente na
direcção de uma consciência do ser, sempre implicou de facto um «erro», pois
sempre existiu a tendência para conceber o ser na base da simples presença. A
partir do escrito <i style="color: black;">Introdução à Metafísica</i>
de 1935 <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[6]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>, o
termo metafísica assume assim em Heidegger uma conotação decididamente
negativa: metafísica é todo o pensamento ocidental que não soube manter-se ao
nível da transcendência constitutiva do <i style="color: black;">Dasein</i>,
ao colocar o ser no mesmo plano do ente. Por outras palavras, o conhecimento do
ente pressupõe no estar-aí uma constitutiva compreensão prévia do ser (o
projecto), e isto é o que se entende por transcendência do estar-aí a respeito do ente; essa transcendência reflecte-se no facto
de, desde os começos da história do pensamento ocidental, a filosofia formular
o problema do <i style="color: black;">Ser do ente</i>, isto é,
daquilo que constitui o ente como tal (a sua «essentidade»; basta pensar na
problemática aristotélica da <i style="color: black;">ousía</i> e,
antes, em Parménides e em Platão; precisamente <i style="color: black;">Ser e Tempo</i> tem como epígrafe uma passagem de <i style="color: black;">O Sofista</i> de Platão <b><span style="color: #bf9000;">[</span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">7]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>; mas,
ao levantar-se este problema, o pensamento tende imediatamente a resolvê-lo de
uma maneira errada, a conceber o ser como uma característica comum de todos os
entes, como uma espécie de conceito exageradamente geral e abstracto (daqui o
desvanecimento do próprio conceito de ser e, por exemplo, a caída do ser no
nada da <i style="color: black;">Lógica</i> de Hegel) que se obtém
devido à observação daquilo que todos os entes têm de comum. Mas os entes são
concebidos – e já se verá porque – como simples presenças; de maneira que
também o ser se concebe em toda a história da filosofia ocidental como simples
presença; isto é, de acordo com o modelo do ente, que, por sua vez, é entendido
de uma maneira, conforme se viu em <i style="color: black;">Ser e
Tempo</i>, simplesmente “derivada”. Vista assim, a metafísica coincide com a
compreensão (ou não compreensão) do ser que tem a existência inautêntica; esta
conexão de metafísica com existência inautêntica está explicitamente indicada
na <i style="color: black;">Introdução à Metafísica </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: #bf9000;"><b>[8]</b></span></span></span><!--[endif]--></span></a>, ainda
que esta obra expresse uma tese já implícita em <i style="color: black;">Ser e Tempo</i> e nos escritos imediatamente posteriores <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[9]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>; o
termo metafísica chega a converter-se em sinónimo de esquecimento do ser, <i style="color: black;">Seinsvergessenheit</i>, um termo que no
posterior desenvolvimento do pensamento heideggeriano adquire uma posição
central.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Como se
articula, mais pormenorizadamente, esta reflexão heideggeriana sobre a essência
da metafísica, que tende a responder a uma das perguntas com que terminava <i>Ser
e Tempo</i>, a pergunta sobre como e porque «o ser é ‘concebido, em primeiro
lugar’, partindo da simples presença»? <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[10]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>
Este problema da metafísica e da história, que permanece vivo em todo o
pensamento de Heidegger posterior a <i style="color: black;">Ser e
Tempo</i>, caracteriza, porém, de maneira peculiar a sua indagação nos cerca de
quinze anos que se seguem à publicação daquela obra e domina e unifica o
pensamento heideggeriano até ao fim da segunda guerra mundial, o período em
cujo centro de interesse está a figura de Nietzsche, considerado como o
pensador em que a metafísica alcança a sua consumação e manifesta também a sua
essência do modo mais claro. As primeiras obras de Heidegger que seguem <i style="color: black;">Ser e Tempo</i> têm precisamente o sentido
de preparar a exposição e a elaboração do problema da metafísica e da sua
história, mediante uma série de indagações que podem parecer «afastadas» da
linha principal de <i style="color: black;">Ser e Tempo</i>, pois
dão a impressão de pôr de lado o problema da temporalidade <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[11]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
No entanto, o desenvolvimento deste pensamento é bastante linear, até porque,
como diz Heidegger em <i style="color: black;">Que é a
Metafísica?</i>, a essência da metafísica não pode conhecer-se a não ser
levantando concretamente problemas típicos da própria metafísica e procurando
resolvê-los <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[12]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Mediante esta operação, manifestará a essência da própria metafísica e com ela,
inevitavelmente, também a questão do nexo ser-temporalidade que está na sua
base. Deste modo começa Heidegger a sua reflexão sobre a metafísica – que é,
pois, a reflexão tendente a pôr a claro as características da compreensão
histórica do ser em que nos encontramos lançados, como herdeiros de certa
tradição e de certa linguagem – elaborando, na base dos resultados de <i style="color: black;">Ser e Tempo</i>, algumas questões
metafísicas capitais <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[13]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Essas questões são: o problema do fundamento e o problema com ele ligado da
«diferença ontológica» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[14]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
o problema do nada<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[15]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
o problema da verdade <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[16]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
As três investigações constituem um «ciclo» que se fecha com a conferência <i style="color: black;">A Essência da Verdade</i> de 1930, que
contém a abertura para os escritos posteriores e que até se pode considerar
como a primeira obra do «segundo» Heidegger, sobre quem a critica tanto
discutiu...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Como o
próprio Heidegger sugere nas palavras preliminares escritas para a terceira
edição de a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Essência do Fundamento</i>
(1949), este ensaio e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Que é a Metafísica?</i>
– mas, como veremos, também a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Essência da
Verdade</i> –, podem considerar-se unitariamente como elaborações do problema
da negatividade, ou também é já veremos a razão desta identificação o problema da própria metafísica.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6Zc3C1XlXVy6OCCwurJuu1tQXzH1b0WEhGmpAFfTWZKpJFDu-oET2buAD_QXrmsmX0UOxh8Udg8bwYmMMWNX87BV51vOGaCa82mmkUyt2x1797s0WpdSQa03A4W1Dq3Abw7oRWF0nfDNpuw20A1QyuMDDx31rhkpAtCsuTx_TXG_sc6Fi-TUWfj7D6_A/s1024/Tafel.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1001" data-original-width="1024" height="626" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6Zc3C1XlXVy6OCCwurJuu1tQXzH1b0WEhGmpAFfTWZKpJFDu-oET2buAD_QXrmsmX0UOxh8Udg8bwYmMMWNX87BV51vOGaCa82mmkUyt2x1797s0WpdSQa03A4W1Dq3Abw7oRWF0nfDNpuw20A1QyuMDDx31rhkpAtCsuTx_TXG_sc6Fi-TUWfj7D6_A/w640-h626/Tafel.jpg" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O ensaio
sobre a <i>Essência do Fundamento</i> parte da análise do princípio de razão
suficiente, formulado explicitamente como tal por Leibniz, mas que está
presente em toda a história da metafísica como princípio de causalidade. Em
conformidade com este princípio, tudo o que existe tem uma causa ou fundamento,
e o conhecimento do ente é o conhecimento que o conhece no seu fundamento (para
Aristóteles, por exemplo, a ciência é o saber das causas ou princípios). Porque
é que o princípio de razão suficiente tem validade universal, isto é, é válido
para todos os entes? Com base nos resultados de <i style="color: black;">Ser e Tempo</i>, também a validade deste princípio deve fazer-se
remontar ao <i>Dasein</i>: com efeito, não se pode pensar que a validade do princípio
se funda em alguma característica do ser entendido como algo objectivo (isto é,
simplesmente presente). Se os entes vêm ao ser enquanto se situam no mundo como
projecto aberto e instituído pelo <i style="color: black;">Dasein</i>,
a validade do princípio de razão suficiente deverá também ela ser referida ao
estar-aí que institui o mundo em que o ente aparece. Ora bem, o estar-aí como
cuidado, isto é, como «ser-já-diante-de si-em» (um mundo)<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[17]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
é constitutivamente alguém que, enquanto se projecta (abre o mundo), assume
sempre a sua própria situação, e de tal maneira faz que torne presente o ente
que se lhe apresenta: são, como se recordará, as três dimensões da
temporalidade do estar-aí, temporalidade, que constitui o sentido unitário da
preocupação (<i style="color: black;">Sorge</i>). O <i style="color: black;">Dasein</i>, enquanto projecto lançado, tem
já uma compreensão do ser do ente, compreensão que se articula num <i style="color: black;">discurso</i> (o discurso<span style="color: black;"> </span>é um existencial) em que os entes estão
concatenados entre si na forma da <i style="color: black;">justificação</i>
ou <i style="color: black;">fundação</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Isto
significa que o princípio de razão suficiente em geral vale só porque existe o <i style="color: black;">Dasein</i> que, projectando-se e assumindo a
situação, abre um mundo como <i style="color: black;">totalidade </i>dos
entes, isto é, como um conjunto «sistemático», ligado por uma estrutura de
justificação fundante (lembremo-nos do que se disse em <i style="color: black;">Ser e Tempo</i> sobre o mundo como totalidade instrumental e de
significados: essa totalidade pode ser tal apenas na forma de um sistema de
referências e, portanto, de justificações e de fundações). O princípio de razão
suficiente vale, pois, porque existe o estar-aí como projecto lançado que abre o
mundo. O «verdadeiro» fundamento é, então, o próprio <i style="color: black;">Dasein </i>porque primeiro e mais fundamentalmente do que o ente,
compreende o ser, isto é, abre um horizonte em que se tornam visíveis os entes,
mas o horizonte transcende e precede (não evidentemente num sentido cronológico)
os entes. Toda a verdade ôntica (todo o conhecimento do ente) supõe a verdade
ontológica (a compreensão do ser, o projecto). Mas o estar-aí como tal não é um
«fundamento» no sentido do princípio metafísico de razão suficiente; nesta
esfera, o fundamento ou é, por sua vez, fundado ou, se é o fundamento último é o
último enquanto se considera justamente como uma simples presença para além da
qual não se pode ir, e da qual tudo «deriva» ou «depende»: não é uma presença que se impõe como tal, precisamente porque é, de
alguma maneira, presença total (o Deus como acto puro de Aristóteles e da
tradição metafísica é precisamente <i style="color: black;">acto
puro</i> uma vez que está todo em acto, todo «realizado», é uma presença
totalmente completa como tal»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[18]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O estar-aí
não pode, por sua vez, ser fundado porque é precisamente ele que abre esse
horizonte, o mundo em que se situa toda a relação de fundação; por outro lado,
também não é fundamento último no sentido de ser uma simples presença para além
da qual não se pode ir, e da qual tudo «deriva» ou «depende»: não é uma simples
presença, porque o estar-aí <i style="color: black;">não é outra coisa senão projecto</i>; não é algo que «seja» e que projecte depois o mundo, não é
algo que exista como «base» estável deste projectar. O estar-aí na sua
transcendência, é fundamento, <i style="color: black;">Grund</i>,
só como <i style="color: black;">Ab-grund</i>, como ausência de
fundamento, como abismo sem fundo <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn19" name="_ftnref19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[19]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
O fundar positivo do estar-aí que abre o mundo como conjunto articulado na
forma da «justificação racional» tem pois, por sua vez, a sua raiz numa «falta
de fundamento». Numa negatividade que, apesar de tudo, se manifesta apenas na
base da ideia de fundamento, mas que verdadeiramente abre e torna possível todo
o acto de fundação no interior do ente. É isto o que se propõe dizer Heidegger
quando, nas palavras preliminares escritas em 1949, fala da «diferença
ontológica» como tema desse escrito sobre o fundamento. Diferença ontológica,
outra expressão que nos escritos heideggerianos mais recentes tem uma posição
central, é aquela pela qual o ser se distingue do ente e o transcende <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn20" name="_ftnref20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[20]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
pois é a luz em que o ente se torna visível. A negatividade do <i style="color: black;">Abgrund</i> que o próprio estar-aí é, expressando
cabalmente a diferença ontológica, o facto de o ser (do qual o <i style="color: black;">Dasein </i>deve ter uma compreensão
preliminar para fazer aparecer, isto é, para tornar possível o ente como tal) <i style="color: black;">não</i><span style="color: black;"> ser</span> o ente e, relativamente a este,
não poder aparecer senão na forma da negação.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCAadDrMVwDFsFGqXBX2ioYPNu15WtP9_5JtAqQOT6BOpvKspaCmk5WDcpA0RhcG0UBuoGH0mKXS3q1vytqj23qOayf9dfKAXxXhAZb5XVHA0nhLvW-o-rNkmCXiaSDALLnE3rvfeDSjKYGmSIQ8x-Qzv5hSiD7C0GiANBAKCx8288INwc-o4Xvg9vY6k/s3840/R%20(28).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCAadDrMVwDFsFGqXBX2ioYPNu15WtP9_5JtAqQOT6BOpvKspaCmk5WDcpA0RhcG0UBuoGH0mKXS3q1vytqj23qOayf9dfKAXxXhAZb5XVHA0nhLvW-o-rNkmCXiaSDALLnE3rvfeDSjKYGmSIQ8x-Qzv5hSiD7C0GiANBAKCx8288INwc-o4Xvg9vY6k/w640-h360/R%20(28).jpg" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A conexão
do princípio de razão suficiente com o problema da negatividade e do nada
está</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">, de resto, testemunhada pela própria formulação que o princípio tem em Leibniz;
«ratio est cur aliquid potius existit quam nihil» </span><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn21" name="_ftnref21" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[21]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">,
mas neste ensaio Heidegger limita-se a assinalar o facto e deixa pendente o
problema de ver «porque é que com o ‘cur’ se pode vincular o ‘potius quam’ </span><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn22" name="_ftnref22" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[22]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">».</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Este problema,
«porquê o ente e não antes o nada?», é o problema que Heidegger considera
constitutivo da metafísica (a qual se manifesta sempre como esforço para ir
«mais além» do ente, questionando o ser); com base na solução – ou, dizendo
melhor, da não solução – que dá desse problema, é que a metafísica se define
como tal. A centralidade deste problema consiste no facto de que o «não antes»
expressa a transcendência do estar-aí, o seu reportar-se antes ao ente do que
ao próprio ser. Com efeito, perguntar apenas «porquê o ente...?» significa
permanecer no interior do raciocinar que justifica e funda; mas acrescentar «e
não antes o nada?» significa, como se esclarecerá na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Introdução à Metafísica</i>, levantar o problema geral da totalidade de
fundantes-fundados, significa transcender o ente e os seus nexos fundadores
internos, ao tematizar o problema do ser como tal. O facto de que, em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Essência do Fundamento</i>, a diferença
ontológica apareça na forma do não, da negatividade, indica uma peculiar
relação entre ser e nada que é a mesma expressa pela pergunta metafísica
fundamental. Levantar a questão do ser do ente significa também levantar a
questão do nada e, inversamente, só levantando realmente a questão do nada se
levanta a questão do ser do ente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O nexo
entre o problema do nada e o problema do ser manifesta-se explicitamente em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Que é a Metafísica?</i>, a lição inaugural
que Heidegger pronuncia quando em 1928 o chamam a Friburgo como sucessor de Husserl.
Todas as ciências, diz Heidegger, levantam o problema do conhecimento do ente;
do ente e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nada mais</i>. Mas, que é este
nada? Para poder elaborar este problema, devemos ver se temos alguma
experiência do nada. Essa experiência dá-se-nos, não a um nível de compreensão,
mas a um nível emotivo, e é a angústia. Da angústia já se tinha falado em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ser e Tempo</i> (parágrafo 40) e fora assinalada
como «situação afectiva fundamental» e «abertura específica do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dasein</i>». De modo diferente do medo, que
é sempre medo de algo, a angústia revela-se como medo «do nada»; a pessoa
angustiada não teme este ou aquele ente, mas antes sente que todo o seu mundo
se afunda na insignificância, e não pode indicar algo preciso que lhe dá medo.
Reconhecer que a angústia é medo do nada significa, porém, algo muito diferente
de fazê-la dissipar: o medo do nada, que é a angústia, explica-se apenas
admitindo que nela aquilo de que se sente ameaçado o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dasein</i> não é este ou aquele ente em particular, mas a própria
existência como tal. Enquanto projecto que abre e institui o mundo como
totalidade dos entes, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dasein</i> não
está «no meio» dos entes como um ente entre os outros; quando nota a sua própria
transcendência – sente-se num ambiente «estranho», alheio no mundo, em que não se
sente como em sua casa, porque nota justamente que não é um ente do mundo como
os outros. Enquanto modo de existir na trivialidade quotidiana, o estar-aí
concebe-se como ente entre os outros entes, e até se sente protegido e
tranquilo pelos entes que o rodeiam; o simples medo testemunha isto, já que ter
medo de algo significa conceber-se sempre como «dependente» desse algo, de
alguma maneira. A angústia, como medo que não se pode explicar desse modo, como
medo de nada, coloca o <i>Dasein</i> perante a sua própria transcendência, perante a
existência como tal (e para compreendermos melhor, diremos também, perante a
sua própria «responsabilidade»: porque é o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dasein</i>
que abre e institui o mundo).<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGBdYCED0dald-9mMfYY3ZIGSauEYuVWV4ftCyRZYEZDXF8xYnI4f5odXr62L4d8uchD0iBVXFKh6PM88DFzvnedlG_W5Ta8W83hlTQCjlb_UL9XKmr7pj9CBuRaXw1lz7kYcMzSD8hma0e7fhKdTdKurLAz2Cjg4058QMxI54RDJCJfHFN4YZeOi83II/s3840/5026158-Martin-Heidegger-Quote-Dasein-is-a-being-that-does-not-simply.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGBdYCED0dald-9mMfYY3ZIGSauEYuVWV4ftCyRZYEZDXF8xYnI4f5odXr62L4d8uchD0iBVXFKh6PM88DFzvnedlG_W5Ta8W83hlTQCjlb_UL9XKmr7pj9CBuRaXw1lz7kYcMzSD8hma0e7fhKdTdKurLAz2Cjg4058QMxI54RDJCJfHFN4YZeOi83II/w640-h360/5026158-Martin-Heidegger-Quote-Dasein-is-a-being-that-does-not-simply.jpg" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A novidade
que surge de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Que é a Metafísica?</i> (e
menos explicitamente de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Essência do
Fundamento</i>) é a conexão explícita do problema do nada e da angústia com o
problema do ser.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">[o nada] «não
é um objecto, nem em geral um ente; o nada não se apresenta por si mesmo nem
junto do ente, a que, porém, diz respeito. <i style="color: black;">O
nada é a condição que torna possível a revelação do ente como tal para o ser
existencial do homem</i>. O nada não só representa o conceito oposto do ente,
mas pertence originariamente à essência do próprio ser» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn23" name="_ftnref23" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[23]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
tradicional axioma metafísico <i style="color: black;">ex nihilo
nihil fit</i>, do nada não procede nada, deve inverter-se agora: do nada
procede todo o ente enquanto ente <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn24" name="_ftnref24" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[24]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Aqui importa sublinhar a expressão <i style="color: black;">enquanto</i>:
que do nada provenha todo o ente não quer dizer que do nada provenha a
“realidade” do ente entendida como simples presença, mas o ser do ente como um
colocar-se dentro do mundo, como um aparecer à luz que o <i style="color: black;">Dasein</i> projecta no seu projectar-se: contrariamente à concepção do
ser como simples presença, a concepção do ser que se anuncia como implicitamente
suposta em <i style="color: black;">Ser e Tempo</i> e nestes
escritos posteriores, é precisamente a concepção do ser como “luz” projectada
pelo estar-aí como projecto <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn25" name="_ftnref25" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[25]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
O facto, porém, de o <i style="color: black;">Dasein</i> ser
sempre projecto lançado, como vimos, exclui que o ser possa conceber-se como seu
«produto», e que a filosofia de Heidegger se reduza a alguma forma de idealismo
empírico ou transcendental. Estas duas doutrinas supõem sempre,
inseparavelmente, uma concepção do ser como simples presença e uma concepção do
<i style="color: black;">Dasein</i> que esquece o carácter de
ser-lançado: ambas resumem tudo à relação sujeito-objecto, em que o sujeito ou
funda e produz directamente a realidade (simples presença) das coisas
(idealismo empírico: <i style="color: black;">esse est percipi</i>)
ou então, pelo menos, funda e ordena o mundo como mundo da experiência
(transcendentalismo kantiano ou neokantiano). Em ambos os casos, não se vai
além do sujeito e mesmo este, assim como o objecto, concebe-se como presente e
esquece-se o seu carácter de «lançado».<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ora bem, o
sentido do discurso desenvolvido por Heidegger nos dois escritos examinados
(com a elaboração do nexo ser-nada, é precisamente a manifestação do facto de
que, no fundo da relação do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dasein</i>
com o ente, há uma relação mais importante, por enquanto ainda obscura, indica
apenas a «transcendência» do estar-aí, que é relação com o nada enquanto
relação com o diferente do ente, com o que não se reduz ao ente (o nada como
«nada do ente»). É o que expressa explicitamente uma página de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Essência do Fundamento</i>»:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">«O <i style="color: black;">projecto do mundo</i> torna certamente
possível – mas aqui não podemos alargar-nos sobre esta possibilidade – uma
compreensão preliminar do ser do ente; mas o projecto como tal não consiste
numa simples relação entre o estar-aí e o <i style="color: black;">ente</i>» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn26" name="_ftnref26" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[26]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In Gianni Vattimo, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Introdução
a Heidegger</i>, Edições 70, 1989, pp. 61-73).</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZTGo7mwlTnstjgRjamKASL-ns1aDe1qcwspdTEQT6-1zTBBSIFsJDdg0QwJhF8Ptc5SDBQGrtSD-L5DcUzYjZID3-e2Mfx2XODzcv50YCsZ2kePg66fwU5jMy3JZ9TX-bOswiYKCnvzr1QTh71Jm8zx8s5u4x_RgY4nH458tQJ9hzWGJLGRzsPgH_wdk/s2468/20231003180334_00001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2468" data-original-width="1585" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZTGo7mwlTnstjgRjamKASL-ns1aDe1qcwspdTEQT6-1zTBBSIFsJDdg0QwJhF8Ptc5SDBQGrtSD-L5DcUzYjZID3-e2Mfx2XODzcv50YCsZ2kePg66fwU5jMy3JZ9TX-bOswiYKCnvzr1QTh71Jm8zx8s5u4x_RgY4nH458tQJ9hzWGJLGRzsPgH_wdk/w412-h640/20231003180334_00001.jpg" width="412" /></a></b></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b><p></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><div id="ftn1" style="mso-element: footnote;"><p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ueber den Humanismus, op. cit., </i>p. 17.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Veja-se <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Essere e tempo</i>, tradução citada, p. 77: «A elaboração do problema
do ser... deve assumir a tarefa de indagar a própria história, isto é, de
fazer-se historiografia para poder assim, mediante a apropriação positiva do
passado, entrar em plena posse das possibilidades problemáticas que lhe são
mais apropriadas. O problema do sentido do ser – em conformidade com o modo que
o caracteriza, isto é, pelo facto de ser a explicação preliminar do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dasein</i> na sua temporalidade e na sua
historicidade – leva por si mesmo a compreender-se historiograficamente».<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibid.,</i> p. 78.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Was ist Metaphysik?</i>, Bona 1929; 4.ª edição com um aumento,
Francoforte 1943; 5.ª edição acrescenta com uma introdução, Francoforte 1949;
tradução italiana de A. Carlini, Florença 1953.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Che cos’è la metafisica</i>, trad. cit. 33.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">Einführung in die
Metaphysik</span></i><span lang="EN-US">, Tubinga 1953. </span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">E o texto de curso universitário
de 1935, com acrescentos e retoques posteriores (distintos do texto original);
tradução italiana de G. Masi, Milão 1968.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Platão, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Sofista</i>, 244a: “Com efeito, é claro que há pouco tempo estais
familiarizados com aquilo que entendeis quando empregais a expressão ‘ente’;
também nós pensávamos antes que a compreendíamos, mas agora caímos na
perplexidade».<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Veja-se <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Introdução à Metafísica</i>, tradução italiana citada, p. 47, onde a
metafísica se relaciona com a existência inautêntica com uma explícita remissão
ao parágrafo 38 de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sein und Zeit</i>.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Tenham-se em conta em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Que é a Metafísica?</i>, por exemplo, o
carácter de «rareza» da experiência da angústia (pp. 24-25 da tradução
italiana), o facto de que a metafísica antiga vê o nada de acordo com o modelo
da presença (p. 29), a afirmação de que a metafísica «se encontra na máxima
proximidade do erro» (33).</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">Sein und Zeit</span></i><span lang="EN-US">, trad. italiana, p. 618.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> O. Pöggeler, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Der Denkweg M. Heideggers</i>, p. 88, vê
aqui precisamente uma interrupção do discurso de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sein und Zeit</i>.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Que é a Metafísica?</i>, trad. italiana citada, pp. 3-4.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Entre estas obras publicadas depois de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sein un Zeit</i>, ocupa um lugar <i style="mso-bidi-font-style: normal;">importante Kant und das problem der
Metaphysik</i>, Bona 1929 (tradução italiana de M. E. Reina, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Kant e il problema della metafisica</i>,
Milão 1963) trabalho que foi elaborado juntamente com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sein und Zeit</i> e que desenvolve uma temática com especial referência
a Kant...<o:p></o:p></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlTIIKKShK1egNJqeAzrD0na3tY62oFSH8A-GdrSR-UbL0l84mOdwWJtdDuQefMfASqrSrg_iRDnfJ91f69fBHb-xpHNKIid3eM2kQ_mOSyOH5Eb0gw5KIADHt0zp691chccWcAZrn5fxoCq7UcJSEhab2pvXrJNR9sLMaM2j1iI7paJTGnc9lNc_KTEo/s3840/951727-Martin-Heidegger-Quote-Philosophy-will-not-be-able-to-effect-an.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlTIIKKShK1egNJqeAzrD0na3tY62oFSH8A-GdrSR-UbL0l84mOdwWJtdDuQefMfASqrSrg_iRDnfJ91f69fBHb-xpHNKIid3eM2kQ_mOSyOH5Eb0gw5KIADHt0zp691chccWcAZrn5fxoCq7UcJSEhab2pvXrJNR9sLMaM2j1iI7paJTGnc9lNc_KTEo/w640-h360/951727-Martin-Heidegger-Quote-Philosophy-will-not-be-able-to-effect-an.jpg" width="640" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Von Wesen des Grundes</i>, Halle 1929, 3.ª edição com o agregado de um
prefácio, Francoforte 1949; tradução italiana de P. Chiodi. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">L’essenza del fondamento</i>, Milão 1952,
reeditada agora juntamente com <i>Sein und Zeit.</i> Turim 1969 (referimo-nos a esta
edição).<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> E o tema de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Que é a Metafísica?</i></span></p>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> «Von Wesen der Wahrheit»,
Francoforte 1943 (é uma conferência de 1930; tradução italiana de A. Carlini,
«Del’essenza della veritá», Milão 1952.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sein und Zeit</i>, tradução citada, p. 477.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> A conexão entre a teologia (na
forma que esta tem na historiografia do pensamento ocidental) e a metafísica,
como pensamento ôntico e esquecimento da diferença ontológica, está
explicitamente tratada na segunda parte de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Identität
und Differenz</i>, Pfullingen 1957.</span></p>
</div>
<div id="ftn19" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref19" name="_ftn19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Essência do Fundamento</i>, tradução italiana citada, p. 677.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn20" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref20" name="_ftn20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Veja-se <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ser e Tempo</i>, tradução citada, p. 99: «O ser é o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">transcendens</i> puro e simples».<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn21" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref21" name="_ftn21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> A razão é aquilo por que existe
algo em vez de nada».<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn22" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref22" name="_ftn22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Essência do Fundamento</i>, tradução citada, p. 675.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn23" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref23" name="_ftn23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Que é a Metafísica?</i>, tradução citada, p. 24. O sublinhado é de
Heidegger.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn24" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref24" name="_ftn24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibid.,</i> p. 31.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn25" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref25" name="_ftn25" style="mso-footnote-id: ftn25;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Durante um seminário privado em
Heidelberga, no Verão de 1964, Heidegger teria dito que o título de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ser e Tempo</i> estaria melhor formulado
como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sein und Lichtung</i> (Ser e
Iluminação).<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn26" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref26" name="_ftn26" style="mso-footnote-id: ftn26;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Da Essência do Fundamento</i>, tradução citada, p. 670.</span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj_O35Uo2HHeWQ-z2owhDGpeNj8D2aPRjXhrgrBp_vptv0QUhRSS3hrOP31fJLwWEjs9PGdZuxx2ZPby2H3_UXQHXE8NsKy_bgKWeuK8_ssRNRSZTim-mzwyeLaauzZCUnTkoBDlsUYFj1O-9roy6gqujTRPuiRcG-VOUdPtJFdfmDPyEiCkVgoYTOSMg/s1128/HeideggerAtWork.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="891" data-original-width="1128" height="506" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj_O35Uo2HHeWQ-z2owhDGpeNj8D2aPRjXhrgrBp_vptv0QUhRSS3hrOP31fJLwWEjs9PGdZuxx2ZPby2H3_UXQHXE8NsKy_bgKWeuK8_ssRNRSZTim-mzwyeLaauzZCUnTkoBDlsUYFj1O-9roy6gqujTRPuiRcG-VOUdPtJFdfmDPyEiCkVgoYTOSMg/w640-h506/HeideggerAtWork.webp" width="640" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p></div></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-89135397969699872602023-09-30T03:45:00.000-07:002023-09-30T03:46:06.109-07:00A beligerância de Portugal na I Grande Guerra<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Franco Nogueira</span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOFOF_qcO2xCbdE2nSkPPKMe8PmMYc7BmxA743SzCcBFcfdvK9LfhLMkEia9ZY_wprQ67z5G-7zDuHXBJK1rUBzO3CK91VGpU9tadla0QgHDW4P6l0JJv5Co6tWUCC4PPb-ZeqKbDZj2js2lbgRVCpZZ_A1b_Vn37iq_UhGG8fgQ83iiFu3SlmXAZkrKg/s800/plonk-portugal-ref-621.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="568" data-original-width="800" height="454" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOFOF_qcO2xCbdE2nSkPPKMe8PmMYc7BmxA743SzCcBFcfdvK9LfhLMkEia9ZY_wprQ67z5G-7zDuHXBJK1rUBzO3CK91VGpU9tadla0QgHDW4P6l0JJv5Co6tWUCC4PPb-ZeqKbDZj2js2lbgRVCpZZ_A1b_Vn37iq_UhGG8fgQ83iiFu3SlmXAZkrKg/w640-h454/plonk-portugal-ref-621.jpg" width="640" /></a></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Perdida a
independência, foi sofrido o domínio espanhol. De harmonia com a obsessão
ancestral, aquele tornou-se mais e mais opressivo e absorvente. <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/12/a-vos-o-geracao-de-luso-digo_22.html">Camões</a> sentira
o contentamento amargo e doloroso de <i>morrer
com a pátria</i>. Constrói-se mais um símbolo a diversificar as <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/a-memoria-das-raizes.html">raízes portuguesas</a>. E afirma-se a saudade da independência, desponta o <i>sebastianismo</i>, ergue-se o encoberto.
Símbolos? Mas os símbolos de uma nação correspondem, quando emergem de um
sentir colectivo, a necessidades espirituais, e traduzem em termos simples e
populistas os terrores de um povo ou a sua fé numa providência salvadora. O <i>Sebastianismo</i>, o <i>Encoberto</i>, o <i>Rei Artur</i> e
a sua <i>Távola Redonda</i>, <i>Perceval</i> e o seu <i><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/o-templo-e-o-graal.html">Graal</a></i>, <i>Joana de Arc</i> e a
sua fogueira, os <i>Niebelungos</i> e as <i>Walkirias</i>, o <i>Destino Manifesto</i>, mil outros – fizeram e fazem parte do sistema de
segredos, do conjunto de cumplicidades, do acervo de certezas interiores, das
realidades morais inerentes a uma <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/do-berco-construcao-da-nacionalidade.html">nacionalidade</a>; e na sua ausência, um povo não
encontra a sua alma, nem possui marcos de referência a que se arrimar nas
crises. Sempre foi esse o papel que aqueles símbolos desempenharam e
desempenham numa França, ou numa Inglaterra, ou numa Germânia. E assim sucedia
também em Portugal nos princípios do século XVII. Reacordada a consciência
nacional, revigorados os grandes símbolos, despertado o escol por virtude da
mão férrea de Castela, sentem-se desiludidos aqueles mesmos que haviam <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/a-ideia-do-iberismo-entre-politicos-e.html">traído o interesse português</a>. É reencontrada uma elite que passou a sentir e pensar em
termos nacionais e reconstitui-se a consciência de que eram fundamentais o Atlântico
e o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/as-forcas-que-romperam-os-lacos-entre.html">Ultramar</a>, e estes estavam sendo sacrificados à política continental da
Espanha. Foi assim viável aproveitar o declínio castelhano. Uma viragem
política internacional favoreceu os propósitos portugueses: e em 1 de Dezembro
de 1640 Portugal é de novo independente. Mas que independência?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Foi o
regresso a uma doutrina nacional e a uma dialéctica portuguesa, decerto, e que
mergulhava as suas raízes na estrutura nacional defendida por João das Regras
nas cortes de Coimbra. Mas em pouco, depois de Vestefália, começaram os responsáveis
portugueses a enredar os interesses puramente nacionais no vespeiro das
quezílias, das intrigas, das querelas do continente europeu. Políticas de
casamentos reais mal conduzidas, políticas de alianças improvisadas, e de
oportunismo irresponsável, lançaram Portugal no abismo de novo. Sobre o corpo
exangue dos portugueses digladiaram-se as forças económicas e políticas das
potências continentais e das potências marítimas. Há períodos de saudável
recuperação: a política externa de João V, o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/04/sebastiao-jose-i.html">consulado de Pombal</a>. Mas nos fins do
século XVIII e na primeira metade do século XX, Portugal soçobra mais uma vez
perante os interesses e jogos alheios. E todo o primeiro liberalismo português
sofreu do embate constante, em solo nacional, dos dissídios entre os potentados
europeus. Foi a fraqueza e a hesitação internas; foi a confiança imprudente num
equilíbrio europeu que se presumia favorável à existência de um Portugal
independente e soberano; e foi o valor atribuído a atitudes <i>aparentemente amigas </i>por parte de países
continentais. E assim se chegou, com os responsáveis portugueses atónitos, ao
passo violento do <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/09/o-ultimato-ingles-1890.html">ultimato britânico</a>. Teve clara consciência do desastre o rei
D. Carlos; e por breves anos a sua política externa recuperou muito terreno
para Portugal. Mas a I República, com intenções tão altas quanto inábeis e
ingénuas, enleou mais uma vez a nação nas querelas europeias. Nenhuma
justificação houve para a entrada na I Grande Guerra, salvo talvez o desejo
republicano de diferenciar a geopolítica de Portugal da de Espanha, de modo a
que o <i>“mau vizinho”</i> que esta era
renunciasse de vez às suas intrigas contra Portugal (João Chagas, <i>Diário</i>, IV). Neste contexto, Aquilino
Ribeiro, que fora vivamente contrário à ida de Portugal à guerra, formulou no
entanto as três perguntas relevantes: <i>“Que
posição seria amanhã a de Portugal perante a Espanha a quem os aliados estavam
gratos por toda a sorte de auxílio encapotado? E se, inesperadamente, D.
Quixote empunhasse o escudo e a lança ao lado da Entente? Não lhe ficariam
veleidades de dar um passeio, o sonhado passeio até Lisboa?”</i> (Aquilino
Ribeiro, <i>Alemanha Ensanguentada</i>,
307). Da nossa participação, todavia, regressámos a casa sem glória, nem
benefício material ou político, e sem a gratidão dos aliados, e nem ao menos o
seu apreço. Foram para a Espanha as homenagens dos aliados, e àquela foi
atribuído um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Nações, o que foi
negado a Portugal, beligerante que havia sido; e o facto motivou vivo protesto
de Afonso Costa. Mayer Garção, em <i>A Manhã</i>,
escrevia que <i>“Portugal perdeu a guerra”</i>
(José Medeiros Ferreira, <i>Um Século de
Problemas</i>, 39)».<o:p></o:p></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/09/portugal-em-africa.html">Franco Nogueira</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/02/juizo-final-i.html">«Juízo Final»</a>).</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqzZn-pwE_Qt7YxQEkyLaG-ZZQBf4Swqp2rVoBU9PaTxo8vwBZlSt_7CkwHgnUYKnIF7f6lCMzmJAR0druBFnKlS93xgA4W8soonH8F7UCEXEYL_4QOYKgVU-4YtutI5dTNV_BSG-M8d1Kpx7MgTh9nNkmwoWc9GUZuUy6t5IoJXBJndqhgK0Sd3HdbXo/s640/20151202165339_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="462" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqzZn-pwE_Qt7YxQEkyLaG-ZZQBf4Swqp2rVoBU9PaTxo8vwBZlSt_7CkwHgnUYKnIF7f6lCMzmJAR0druBFnKlS93xgA4W8soonH8F7UCEXEYL_4QOYKgVU-4YtutI5dTNV_BSG-M8d1Kpx7MgTh9nNkmwoWc9GUZuUy6t5IoJXBJndqhgK0Sd3HdbXo/s16000/20151202165339_00001.jpg" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEig7m_ZwKEXbHnjdlL_x--2dm2y7vDK1NFR-kB5imIJtZe5YZiuaUYElpRYO6kWAroTe7twF2UUuKIJuEo9F0qTSO6r6G0Hitm2oXN5-zNMOA-xhgOktlgCwUWpGatsjjIpcZLOo7tP0bPESjC4bfqJMb1x4rP7qWDpi-ZsWIP0cpgrGvA_Av3gBKVBU5I/s1024/1024px-Embarque_tropas_para_angola_1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="692" data-original-width="1024" height="432" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEig7m_ZwKEXbHnjdlL_x--2dm2y7vDK1NFR-kB5imIJtZe5YZiuaUYElpRYO6kWAroTe7twF2UUuKIJuEo9F0qTSO6r6G0Hitm2oXN5-zNMOA-xhgOktlgCwUWpGatsjjIpcZLOo7tP0bPESjC4bfqJMb1x4rP7qWDpi-ZsWIP0cpgrGvA_Av3gBKVBU5I/w640-h432/1024px-Embarque_tropas_para_angola_1.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Embarque de tropas para Angola</span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #990000; font-family: times; font-size: x-large;"><b>A beligerância de Portugal na I Grande Guerra</b></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Iniciadas
as hostilidades, o chefe do Governo português leu em 7 de Agosto de 1914,
perante o Parlamento, uma declamação: <i style="color: black;">«Logo
após a proclamação da República, todas as nações se apressaram a declarar-nos a
sua amizade, e uma delas, a Inglaterra, a sua aliança. Por nossa parte temos
feito, incessantemente, tudo para corresponder à sua amizade que deveras
prezamos, sem nenhum esquecimento, porém, dos deveres da aliança que livremente
contraímos e a que em circunstância alguma faltaríamos. Tal é a política
internacional de concórdia e de dignidade que este governo timbra em continuar,
certo de que assim solidariza indiscutivelmente os votos do venerando Chefe do
Estado com o consentimento colectivo do Congresso e do Povo Português.»</i>
Havia nesta linha de conduta a reafirmação incondicional da aliança inglesa,
sem que aliás a Inglaterra o tivesse solicitado <i style="color: black;">publicamente</i>; a formulação de uma <i style="color: black;">política internacional de concórdia</i>, no momento em que rompiam as
hostilidades generalizadas, não tinha sentido nem conteúdo; e como essa
política não equivalia à de <i style="color: black;">neutralidade</i>,
que não era declarada, nem muito menos à de <i style="color: black;">beligerância</i>,
que também se não sugeria, foi por muitos considerada equívoca a situação
criada. Mais vigorosamente do que outros protestava João Chagas em Paris contra
a atitude assumida pelo governo de Lisboa. Impressionado por pequenos factos,
considerava vexatório que Portugal não marcasse de começo uma posição clara
quando todos, <i style="color: black;">até o Haiti </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
já o haviam feito; pensava que sofríamos uma humilhação nacional porque ouvia
na rua um comentário desagradável <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
ou porque um jornal publicava um artigo crítico; desenvolvia uma actividade
frenética, por cartas e telegramas para Lisboa, procurando convencer o governo
e os seus amigos políticos de que o interesse do país era constituir-se
beligerante ao lado da França; e na falta dessa beligerância pretendia que ao
menos houvesse uma declaração firme e nítida de neutralidade. Era de desespero
o espírito de João Chagas: e pensava em vir a Lisboa <i style="color: black;">«insurreccionar»</i> o país para o salvar de um <i style="color: black;">«tremendo desastre moral» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
De Madrid, por outro lado, Vasconcelos aconselhava prudência, e recomendava que
nos abstivéssemos de <i style="color: black;">«excessivos
entusiasmos anglófilos»</i>; e sublinhava que decerto os ingleses estranhariam
que, à sua custa, tivéssemos gestos provocadores. Chagas classificava de
abjecta esta atitude, desprezava Vasconcelos como um <i style="color: black;">pobre cirurgião</i>; e entendia que Bernardino Machado e Freire de
Andrade eram agentes da Inglaterra <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[4]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Mas Bernardino Machado, por sua vez, confidenciava que Andrade era um agente da
Alemanha, e que o estava atraiçoando vilmente. Entretanto, de Londres expunha
Teixeira Gomes um ponto de vista inteiramente diverso. Entendia que a beligerância
de Portugal só poderia embaraçar a Inglaterra, e que esta, em caso de aperto,
não nos defenderia se houvéssemos entrado em guerra sem seu consentimento; e
esperava que no país os <i>«doidos»</i> deixassem seguir o governo no caminho iniciado <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[5]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Era esta, aliás, a posição que resultava das conversas com Sir Edward Grey; e o
Governo inglês, oficialmente mas em confidência, solicitava-nos que, de
momento, nos abstivéssemos de qualquer declaração de neutralidade ou de
beligerância. Em Lisboa, Freire de Andrade procurava, em princípio, manter na
prática a neutralidade portuguesa, sem prejuízo do entendimento com a
Inglaterra e de alguns pequenos serviços discretamente prestados a esta. Era o
objectivo que decerto mais convinha aos interesses nacionais. Mas a paixão
prejudicava esse desígnio. Desencadeia-se uma campanha em favor da nossa
intervenção na guerra: forma-se, como no passado, o <i style="color: black;">partido inglês</i>, o <i style="color: black;">partido
francês</i>, e o <i style="color: black;">partido dos aliados</i>.
E alegava-se: se não entrasse na guerra, Portugal não garantia a sua admissão
na Conferência da Paz e no futuro organismo internacional que desta resultasse;
e a beligerância portuguesa era indispensável se queríamos manter a integridade
do ultramar. Esta era, com efeito, uma preocupação sincera. Quando na chefia do
governo de guerra, António José de Almeida haveria de declarar no Parlamento: <i style="color: black;">«É necessário que ao chegarmos ao fim da
guerra possamos manter intacto, se não aumentado, o nosso domínio colonial em
África, e por toda a parte bem assinalado o nosso prestígio de nação autónoma, de nação livre»</i>. No subconsciente do chefe do governo, estava ligada a
independência à integridade do ultramar. Barbosa de Magalhães, em nome da
maioria democrática, deu o seu apoio àquelas palavras; idêntica foi a atitude
de Vasco de Vasconcelos, pelos evolucionistas; e Brito Camacho, dissociando-se
no mais, seguia o governo na defesa do ultramar<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[6]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Mas aqueles que estavam na oposição ao governo, por disciplina partidária, não
aceitavam tais razões, e era banidos como constituindo o <i style="color: black;">partido germanófilo</i>. No meio do tumulto agitado e emocional,
ergue-se uma voz serena e fria: a de Brito Camacho. Em sucessivos artigos na <i style="color: black;">Luta</i>, Camacho sustenta repetidamente uma
<i style="color: black;">tese nacional</i>: reafirme-se a aliança
inglesa; cumpra-se o que a Inglaterra nos solicitar, desde que o faça
oficialmente em nome da aliança, e invocando-a; enquanto nada nos for pedido,
mantenhamos e<span style="color: black;"> </span>defendamos uma estrita
neutralidade. Escrevendo como homem de Estado que possui a visão histórica das
forças externas que actuam em torno do país, Brito Camacho repisava que não
devíamos ir <i style="color: black;">«para a guerra sem expressa
solicitação da nossa aliada, porque nem seria patriótico impormo-nos tão grande
sacrifício por mero diletantismo militar, nem seria correcto que pretendêssemos
impor à Inglaterra serviços que ela tivesse por dispensáveis» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[7</span></b><b><span style="color: #bf9000;">]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>. E
aos argumentos dos <i>intervencionistas </i>Camacho respondia: a Holanda estava
neutral, possuía domínios ultramarinos, e não ia decerto perder estes por se
haver mantido neutral; a Espanha também proclamava a neutralidade, e sem dúvida
não deixaria por esse facto de pertencer ao futuro organismo da paz; e além
disso haveria tanto interesse em que nos tornássemos membros daquele? Esta
posição de neutralidade portuguesa era aquela que já Pombal e D. João VI,
perante as querelas europeias, haviam procurado defender; mas a exaustão do
tesouro e a falta de forças militares não o haviam permitido. Repetia-se agora
o mesmo desastre: não possuíamos forças armadas que pudessem defender e impor a
nossa neutralidade. Assim o declarava o ministro da Guerra na tribuna do
Parlamento. E para que não houvesse qualquer dúvida, referindo-se ao exército,
afirmava: <i style="color: black;">«não digo que tem pouco, digo
que não tem nada» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[8]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Um aspecto, todavia, importava considerar: a vizinhança que tínhamos em África
com territórios alemães. Recomendava Brito Camacho que se organizassem e
enviassem expedições militares ao ultramar: combatendo aí os alemães,
defenderíamos o que era nosso e do mesmo passo prestávamos preciso auxílio à
nossa aliada, dispensando-a de distrair tropas da Europa para África. E Camacho
dizia <i style="color: black;">«mal de nós se precisássemos amanhã
de prover à defesa do nosso território, no continente ou no ultramar, e não
pudéssemos fazê-lo porque os nossos soldados andavam combatendo noutra parte!» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[9]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Por virtude desta posição nacional e independente sofreu Camacho os mais
acerbos ataques dos partidos; e estes não hesitaram mesmo perante a injúria
pessoal. Era de grande violência a campanha <i style="color: black;">intervencionista</i>
na imprensa que obedecia a Bernardino Machado ou Afonso Costa; João Chagas
ameaçava demitir-se e vinha a Lisboa, e com frenesi falava a todos os
principais vultos da política na necessidade da entrada de Portugal na guerra.
Em fins de 1914 caía o governo, e Freire de Andrade abandonava os Estrangeiros.
Em Londres, Teixeira Gomes, muito mais ponderado que Chagas, sentia-se
inquieto. Desabafava: <i style="color: black;">«a nacionalidade
portuguesa poderá sair desta crise mais forte; mas também pode sair moribunda;
e também pode desaparecer. O que há de profundamente doloroso nesta perspectiva
é a convicção de que seria fácil alcançar o primeiro dos três resultados e
tudo parece encaminhar-se para os dois últimos, só porque meia dúzia de homens
não querem entender-se em um assunto que lhes não afecta os interesses partidários
nem particulares: a política internacional» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[10]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Encarando o problema no plano nacional e não partidário, Teixeira Gomes dizia a
Brito Camacho: <i style="color: black;">«a minha correspondência
para o ministério, quando for conhecida, provará que fiz tudo para evitar que
entrássemos em guerra, provará mais que tornada a nossa cooperação inevitável
não consenti que ela se realizasse sem que a Inglaterra formalmente invocasse a
aliança, única forma de podermos auferir daí, no futuro, algumas vantagens» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[11]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Sir Edward Grey, apavorado com a precipitação portuguesa, continuava a
recomendar prudência, e a manifestar o desejo de que não entrássemos na guerra;
às levianas ofertas portuguesas respondia que guardássemos o nosso exército e a
nossa marinha para nos defendermos, no continente e no ultramar, visto que, em
apertos na Europa, não poderia a Inglaterra fazê-lo; e esta, de Portugal,
apenas requeria alguns pequenos serviços, discretos e não incompatíveis com a
neutralidade <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[12]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Esta posição da Grã-Bretanha era perfeitamente correcta; e correspondia à
conduta defendida por Brito Camacho. Mas nas esferas políticas ganhavam terreno
os <i style="color: black;">intervencionistas</i> a todo o preço:
e queriam impor à Inglaterra a ida de uma missão militar portuguesa a Londres.
E quando a França e a Grã-Bretanha nos solicitaram a cedência de alguma
artilharia, respondemos que apenas satisfaríamos o pedido se o armamento fosse
acompanhado de uma divisão de infantaria. Ficaram contrariados os embaixadores
de França e da Inglaterra; e o adido militar francês, sugeria cortesmente que
as nossas tropas não estavam treinadas, nem organizadas, insinuando assim a sua
perfeita inutilidade. Mas a campanha intensificava-se; e ganhava terreno na
imprensa partidária, depois de um artigo do major Sá Cardoso, a ideia do envio
de tropas para França. Com a nova administração, ficavam senhores do governo os
<i style="color: black;">intervencionistas</i>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2USnVcTJkAx3Rt11LeeAUbYCyPeO77vwQ3EYAewgCZbC92yctb6H1SjJcJKVAi8JXmD2NEZr_B6uGxqQr7jDRJmO1Rb6xtX-oqBa2vPS1dJBAZ-o9aiFZ21_mRQpgf78JSQS4uo1X-5tNeFPniD1H-JtLVyUYelEInCC1AOWeZeLjTRAfrtU4WCN9qmA/s780/tranch10.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="520" data-original-width="780" height="427" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2USnVcTJkAx3Rt11LeeAUbYCyPeO77vwQ3EYAewgCZbC92yctb6H1SjJcJKVAi8JXmD2NEZr_B6uGxqQr7jDRJmO1Rb6xtX-oqBa2vPS1dJBAZ-o9aiFZ21_mRQpgf78JSQS4uo1X-5tNeFPniD1H-JtLVyUYelEInCC1AOWeZeLjTRAfrtU4WCN9qmA/w640-h427/tranch10.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Infantaria portuguesa em França.<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Já havíamos
sido atacados em África pelos alemães, e com estes travado duros combates. Mas não
fora declarada a guerra. Apesar de tudo, a opinião pública não lhe era
favorável. Em Janeiro de 1915, o governo é derrubado pela ditadura do general
Pimenta de Castro. Este continua na aparência a política anterior: abastece
navios ingleses em portos nossos, permite o trânsito de tropas britânicas,
presta outras pequenas ajudas: mas não agrava a política intervencionista. Mas em
Maio de 1915 há novo movimento revolucionário. Constitui-se um <i style="color: black;">governo de guerra</i>: chama-se João Chagas
à presidência: mas um atentado inibe-o de assumir funções. Para os Estrangeiros
entra Augusto Soares; a Guerra é confiada a Norton de Matos. A todo o custo, <i style="color: black;">queremos </i>declarar a beligerância: era
uma obsessão. Mas Sir Edward Grey é peremptório: se quisermos declará-la, <i style="color: black;">«façamo-lo por motivos exclusivamente nossos
e jamais invocando a aliança» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[13]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Em resposta, Augusto Soares alega as reclamações alemãs contra actos nossos, os
ataques das tropas germânicas da Damarlândia, o fornecimento de armas à África do
Sul, o combate de Naulila, e tudo o ministro atribui ao facto de sermos aliados
da Inglaterra <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[14]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Esta argumentação, obviamente especiosa, não impressiona Grey; a verdade é que,
sem embargo de todos aqueles factos, a Alemanha não declarara guerra a
Portugal: e assim apenas por motivos exclusivamente portugueses poderemos nós
declará-la. Era necessário um pretexto, portanto; e esse encontrámo-lo na
apreensão dos navios mercantes alemães surtos no Tejo. No mês de Fevereiro de 1916
requisitámos os barcos; e em Março a Alemanha afirmava-se em estado de guerra
com Portugal. Era a vitória dos intervencionistas. Alexandre Braga propõe um <i style="color: black;">governo nacional</i>: era a <i style="color: black;">união sagrada</i>. Na verdade, porém, o
ministério era composto apenas de democráticos e evolucionistas: presidia
António José de Almeida;<span style="color: black;"> </span>Augusto Soares
e Norton de Matos continuavam nos Estrangeiros e na Guerra; Afonso Costa entrava
para as Finanças. Por vontade própria, e coerentes com a atitude anterior,
excluíam-se os unionistas de Camacho, e os socialistas e monárquicos. O partido
da guerra celebrou o triunfo; e em Paris Chagas exclamava: <i>«aleluia»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b></i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[15]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
E do facto tiravam os intervencionistas conclusões de tocante candura: os
aliados eram convidados a almoço no Quai d’Orsay, e <i style="color: black;">«assim Portugal entra pela primeira vez no consórcio da Entente»</i>;
Portugal era tratado amigavelmente no <i style="color: black;">Figaro</i>
e isso considerava-se uma das <i style="color: black;">«surpresas
da guerra»</i>; quando Chagas subia numa manhã as escadas do Quai d’Orsay, era <i style="color: black;">«Portugal que subia a uma das eminências da
sua história»</i>; e perante um telegrama de cortesia do Chefe do Estado
francês, em que se faziam votos pela glória de Portugal, comentava-se <i style="color: black;">que «era a primeira vez, há alguns séculos,
que a glória de Portugal é uma palavra em documentos internacionais» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[16]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Não o entendia assim, porém, a massa popular, e nesta não tem eco o triunfo dos
intervencionistas.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii9_kvXTf44lhuQHzbwPli5TfiF1b9b7S402NIX3up2TPVCLGQlfqQKXyTzzcssHZcaWu0eTyYhQq2H-1CR6Vv7NuGtfXs0pmJNw3F7i0OLq8AewCqLdeIgdiWpdjvalXuc440hEDPCth9gnpFPov_qQNJDTKeoLsrwCnuMptQzhzu0g2q7LvaMOCrTsE/s1024/Acidente_Afonso_Costa_-_3_de_Julho_1915.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="641" data-original-width="1024" height="401" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii9_kvXTf44lhuQHzbwPli5TfiF1b9b7S402NIX3up2TPVCLGQlfqQKXyTzzcssHZcaWu0eTyYhQq2H-1CR6Vv7NuGtfXs0pmJNw3F7i0OLq8AewCqLdeIgdiWpdjvalXuc440hEDPCth9gnpFPov_qQNJDTKeoLsrwCnuMptQzhzu0g2q7LvaMOCrTsE/w640-h401/Acidente_Afonso_Costa_-_3_de_Julho_1915.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Ver <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_Costa">aqui</a><br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjymULNPyQNW4fHqVCsPkJzvky3V_gylg4M_f0tMCb5W-QhHdI3-ihHDQacCiAZbhHPY1SUdMdb_dryUrIQIieeHnJQppn1x6sBlj8LfFrLvqykCHnjnBCJ58C2mXHQj0cphjTwYLJSgW-V3cg6XrFhhKT1b7jmj98af7NJFUb77cc051uUL3A1KD_T-6c/s1920/Assinatura_Afonso_Costa.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="558" data-original-width="1920" height="186" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjymULNPyQNW4fHqVCsPkJzvky3V_gylg4M_f0tMCb5W-QhHdI3-ihHDQacCiAZbhHPY1SUdMdb_dryUrIQIieeHnJQppn1x6sBlj8LfFrLvqykCHnjnBCJ58C2mXHQj0cphjTwYLJSgW-V3cg6XrFhhKT1b7jmj98af7NJFUb77cc051uUL3A1KD_T-6c/w640-h186/Assinatura_Afonso_Costa.svg.png" width="640" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Segue-se a
nossa participação activa. Afonso Costa e Augusto Soares deslocam-se a Londres
e Paris para concertar pormenores; organiza-se e envia-se para França o <i style="color: black;">Corpo Expedicionário Português</i>; e até ao
fim das hostilidades não cessam os nossos sacrifícios. Era o <i style="color: black;">«anseio de evidência mundial que tinha
impulsionado o desejo de intervir na luta»</i>; e não foi viável conduzir o
nosso esforço em termos devidos porque o escol era alheio à vida colectiva da
nação, ou não traduzia aquele mínimo de convergência indispensável perante os
mais altos interesses nacionais <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[17]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
A incapacidade do governo e a resistência passiva da opinião pública provocaram
novo golpe de Estado: em Dezembro de 1917, Sidónio Pais assumia o poder: e
Bernardino Machado, Afonso Costa, Augusto Soares, Norton de Matos, João Chagas,
outros mais, eram exilados ou afastados. Foi modificada a política de guerra:
não nos retirámos das hostilidades: mas o C.E.P. deixou de ser reforçado e
arrastou desde então uma existência apagada e inútil. Um instante de prestígio
fugaz: em 9 de Abril de 1918 as forças portuguesas foram severamente batidas no
<i style="color: black;">Lis</i>: mas o comportamento dos soldados
foi galhardo. Entretanto, continuámos a reforçar as nossas posições em África;
e para as defender não oferecia o sentimento nacional qualquer resistência.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp0vkp3D2HvcX08JEe82RjDG7IJZhu-WwtgFBsGtIkLQTqwsQsFFYdn_IhXrMZizAm1DrVZVa3PNQlVYA59frCEdFyAuxX1gOJSfp0huPpJkFFGO6-ExrOmr_EC6inH13e-92cE3yrE7VUmI3HD4RhdbPGeiFOICRR5n5jDnOXG9uVtLmKclT5qTuUTKg/s750/ww1-b-589-portugal.jpg-e1523298596290.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="750" height="410" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp0vkp3D2HvcX08JEe82RjDG7IJZhu-WwtgFBsGtIkLQTqwsQsFFYdn_IhXrMZizAm1DrVZVa3PNQlVYA59frCEdFyAuxX1gOJSfp0huPpJkFFGO6-ExrOmr_EC6inH13e-92cE3yrE7VUmI3HD4RhdbPGeiFOICRR5n5jDnOXG9uVtLmKclT5qTuUTKg/w640-h410/ww1-b-589-portugal.jpg-e1523298596290.jpg" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Feita a
paz, procedeu-se ao saldo dos sacrifícios de Portugal. Escreve um professor
eminente: expedições para a África de 34 600 brancos, a que foram
associados 19 500 soldados pretos; fornecimento aos aliados de 30 000
espingardas, 15 milhões de cartuchos, 56 bocas de fogo, 14 400 granadas;
cedência de 157 233 toneladas de navegação à Inglaterra e permissão para
serem utilizados os nossos portos; manutenção de matérias-primas e géneros
alimentícios; entre mortos, feridos e inutilizados, perdemos em França 14 623
soldados, e em África 21 000; perda de cerca de 100 000 homens por
invasão ou subversão dos territórios <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[18]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Em compensação, a <i style="color: black;">Portugal foi
reconhecido o direito de pertencer à comissão que organizaria a Sociedade das
Nações, à de Portos e Vias, à de Reparações </i>– e recebemos a minúscula
povoação de Kionga, ao norte de Moçambique, que os alemães nos haviam tomado.
Foi tudo: e era nada. E enquanto negociávamos em Paris, assassinava-se em
Lisboa o presidente Sidónio Pais, surdia uma revolução em Santarém, proclamava-se
a <i style="color: black;">monarquia</i> do norte. Como no Congresso
de Viena, também em Paris éramos tratados de sub-aliados <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn19" name="_ftnref19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[19]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_FX0Xk03EPRpVk1CfEYWCIJYgp6PZmgbsheKl-R83cvmlhI9PQ9CbagLCyIxALfhj2tuqGoG-31EWAZgkjW8uRGLfWpQBHu_r-w5fGdh7OxH-3WGKW-vhf4fkOzmEp3PsE6xUnEJ_c8ar4RUeK73rXLoCadFDJ_VAsQc04mpTunNHbbQiYaIMLVeElQA/s1920/1920px-William_Orpen_%E2%80%93_The_Signing_of_Peace_in_the_Hall_of_Mirrors,_Versailles_1919,_Ausschnitt.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="686" data-original-width="1920" height="228" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_FX0Xk03EPRpVk1CfEYWCIJYgp6PZmgbsheKl-R83cvmlhI9PQ9CbagLCyIxALfhj2tuqGoG-31EWAZgkjW8uRGLfWpQBHu_r-w5fGdh7OxH-3WGKW-vhf4fkOzmEp3PsE6xUnEJ_c8ar4RUeK73rXLoCadFDJ_VAsQc04mpTunNHbbQiYaIMLVeElQA/w640-h228/1920px-William_Orpen_%E2%80%93_The_Signing_of_Peace_in_the_Hall_of_Mirrors,_Versailles_1919,_Ausschnitt.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #bf9000;"><i>A Assinatura da Paz na Sala dos Espelhos</i> (pormenor do quadro de William Orpen). Afonso Costa surge retratado de pé, o segundo à esquerda).</span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnakgyvJxJGQ1gm-sWBQyAg89O_644qNgplv8uOFx6fYAtKssP_o16apXn_WkMzpyn06M0fAzv618U0_7wQt4M7ecyF_eSqDjDHFM-TFdfmp9ZcxgUT5YBARiGEFdElKufZrskbVGLOWJpuYy2lXAD6jYT-gKufod2DSE9XPeY4l4Ssz3-DGCZdwkPWYY/s1024/1024px-Chateau_Versailles_Galerie_des_Glaces.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="680" data-original-width="1024" height="425" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnakgyvJxJGQ1gm-sWBQyAg89O_644qNgplv8uOFx6fYAtKssP_o16apXn_WkMzpyn06M0fAzv618U0_7wQt4M7ecyF_eSqDjDHFM-TFdfmp9ZcxgUT5YBARiGEFdElKufZrskbVGLOWJpuYy2lXAD6jYT-gKufod2DSE9XPeY4l4Ssz3-DGCZdwkPWYY/w640-h425/1024px-Chateau_Versailles_Galerie_des_Glaces.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Galeria dos Espelhos no Palácio de Versalhes.<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Como nas
guerras europeias anteriores – dos <i style="color: black;">sete
anos</i>, de <i style="color: black;">sucessão de Espanha</i>, <i style="color: black;">campanha do Rossilhão</i>, <i style="color: black;">guerras napoleónicas</i> – também no
conflito europeu de 1914-1918 fez Portugal sacrifícios pesados. E contudo não
tínhamos nenhum interesse vital afectado na Europa, e que portanto devêssemos
defender. Mas não soubemos proclamar uma neutralidade, que por outro lado não
poderíamos fazer respeitar, dada a nossa extrema fraqueza económica e militar;
apenas para satisfação de lutas partidárias internas e em obediência cândida e
cega a ideologias que não eram nossas, envolvemo-nos no conflito contra a vontade
dos seus principais condutores; e apresentámos continuamente, perante
terceiros, o espectáculo da divisão política, da desagregação administrativa,
da ingenuidade na acção internacional. Chagas, o grande paladino da intervenção,
e que considerava esta uma <i style="color: black;">aleluia</i>,
viu desfeitas as suas ilusões. E em 1918 escrevia: <i style="color: black;">«ontem, o parlamento francês celebrou já a apoteose dos aliados da
França. Falou-se em todos: não se falou em nós. De resto é de toda a evidência
que existe o propósito de ocultar o caso de Portugal, como um caso triste que é
discordante no conjunto da vitória» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn20" name="_ftnref20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[20]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
E, com efeito, no fecho da luta beneficiámos rigorosamente de coisa nenhuma.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-novos-imperios-e-os-direitos-de.html">Franco Nogueira</a>, <i><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/guerra-peninsular.html">As Crises e os Homens</a></i>, Livraria Civilização Editora, 2.ª edição, 2000, pp.
238-244).</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitavErmKFHmkcUg68DGn-fA1d6-GvoYULjV6uujbTKYsimwmPVlW4Cx9Yy5R7jCAB6Y9MIWDARBOl-uNurvHP7RJD2rlnk-TfsU79MSWeWNPNMsLCvPu3sLOBJiE_ovfXg7snAPAB-9scD9r8rGyPhbaloSQG40FEMBH9-tbHKZc4BzcXHx3h9-vwcSlU/s3971/20230114183513_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3971" data-original-width="2777" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitavErmKFHmkcUg68DGn-fA1d6-GvoYULjV6uujbTKYsimwmPVlW4Cx9Yy5R7jCAB6Y9MIWDARBOl-uNurvHP7RJD2rlnk-TfsU79MSWeWNPNMsLCvPu3sLOBJiE_ovfXg7snAPAB-9scD9r8rGyPhbaloSQG40FEMBH9-tbHKZc4BzcXHx3h9-vwcSlU/w448-h640/20230114183513_00001.jpg" width="448" /></a></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></div><p></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> João Chagas, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Diário</i>, I, 147.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> João Chagas, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Diário</i>, I, 159.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> João Chagas, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Diário</i>, I, 157.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> João Chagas, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Diário</i>, I, 255.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Teixeira Gomes, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Correspondência</i>, I, 195.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Diário das Sessões</i>, 8 de Novembro de 1916.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Brito Camacho, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Portugal na Guerra</i>, 110-111.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Brito Camacho, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> 156.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Brito Camacho, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> 124.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Teixeira Gomes, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Correspondência</i>, I, 212.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Teixeira Gomes, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> 216-217.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Freire de Andrade, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">carta</i> de 11-12-1914.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">História de Portugal</i>, ed. de Barcelos, VII, 501.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Livro Branco</i>, doc. 300. Também carta de Teixeira Gomes a Augusto
Soares, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Correspondência</i>, II, 54.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> João Chagas, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Diário</i>, II, 217. Comentando a intervenção,
escrevia Agostinho de Campos<i style="mso-bidi-font-style: normal;">: «A verdade
é que alguns dos nossos mais fogosos intervencionistas estavam convencidos de
que a beligerância portuguesa era vantajosa, primeiro e com certeza, para o seu
partido; depois e talvez, para a sua pátria».</i> Agostinho de Campos, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Portugal em Campanha</i>, 240.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> João Chagas, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Diário</i>, II, passim.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">História de Portugal</i>, ed. de Barcelos, VII, 505. Em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rescaldo da Guerra</i>, Brito Camacho faz
uma lúcida análise dos erros e leviandades cometidas.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Professor Hernâni Cidade, em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">História de Portugal</i>, ed. de Barcelos,
VII, 521-522.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn19" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref19" name="_ftn19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Saliente-se que, também como em
Viena, o representante inglês na conferência de Paris, Balfour, envidou todos
os esforços para que fossem satisfeitas as reclamações portuguesas. A Europa
continental, porém, julgou de outro modo.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn20" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref20" name="_ftn20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> João Chagas, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Diários</i>, IV, 343-344.</span></p><p class="MsoFootnoteText"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAvdy8TmvTQqZs5quXFqXrndojgJD5xCmduutorVU09TDvenNUf29gor7_HFFQCU0R5nGNf60ff8veTgyfQnm3Irc1VZhce0GMFuDKwh5-EVICRibO0Q0UBUqq62ixj8VnjVKMY5BFu1V6rCnLNKmfp4TASkxJ9fu9bplfaHDG5Xf-6ZolQTgndqgze6I/s866/I_GM-Exercicios%20(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="592" data-original-width="866" height="438" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAvdy8TmvTQqZs5quXFqXrndojgJD5xCmduutorVU09TDvenNUf29gor7_HFFQCU0R5nGNf60ff8veTgyfQnm3Irc1VZhce0GMFuDKwh5-EVICRibO0Q0UBUqq62ixj8VnjVKMY5BFu1V6rCnLNKmfp4TASkxJ9fu9bplfaHDG5Xf-6ZolQTgndqgze6I/w640-h438/I_GM-Exercicios%20(1).jpg" width="640" /></a></div><p></p><p></p></div></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-55095655462092154752023-09-26T03:30:00.000-07:002023-09-26T03:31:22.068-07:00Antissemitismo, socialismo e supranacionalismo<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Hannah Arendt</span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIz9snMw6m_IY2KoN90FOYjGcFZF1XgA3eTRLhpDo1i2-5xrB6k7i7DxNbCNGedWQolohuRMPB8UFbK2-2hiiF8rgkGfTE7S6krKb1HewOeXv-R-ZIOENBlJp1ycadYxi3CHQM-CfIlkROj03QRMG3LYshpLLTvfn-JowFItlUjX5ufJCXjgpnajSPBig/s640/adolf-hitler-practices-speeches%20(1)%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="336" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIz9snMw6m_IY2KoN90FOYjGcFZF1XgA3eTRLhpDo1i2-5xrB6k7i7DxNbCNGedWQolohuRMPB8UFbK2-2hiiF8rgkGfTE7S6krKb1HewOeXv-R-ZIOENBlJp1ycadYxi3CHQM-CfIlkROj03QRMG3LYshpLLTvfn-JowFItlUjX5ufJCXjgpnajSPBig/s16000/adolf-hitler-practices-speeches%20(1)%20(1).jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMr7ljvbejRZMWb65CV6rhkpfGQuB2d6fgJrprvMZo3EyJDzuTdtaucf9UbabBcuD1wc5GTfo_11EpudPigbMotu3oForBfRbwTxHcxEgShWAe1juy-xy15NfxNJox0pJbJAEUPvLIQ5v0CzJ6rUYzfAPqxqLLvxMT_SmeWJZRillN0TLEtZp3W24kg0U/s473/quote-hitler-s-unconscious-seems-to-be-female-carl-jung-136-89-98.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="203" data-original-width="473" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMr7ljvbejRZMWb65CV6rhkpfGQuB2d6fgJrprvMZo3EyJDzuTdtaucf9UbabBcuD1wc5GTfo_11EpudPigbMotu3oForBfRbwTxHcxEgShWAe1juy-xy15NfxNJox0pJbJAEUPvLIQ5v0CzJ6rUYzfAPqxqLLvxMT_SmeWJZRillN0TLEtZp3W24kg0U/s16000/quote-hitler-s-unconscious-seems-to-be-female-carl-jung-136-89-98.jpg" /></a></div><p><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Na
Alemanha, antes de Hitler ter chegado ao poder, o movimento em direcção ao
planeamento tinha já avançado muito. Importa recordar que, algum tempo antes de
1933, a Alemanha chegara a um estado tal que tinha de ser governada ditatorialmente. Ninguém punha em dúvida que a democracia havia ruído e que os
democratas sinceros como Bruning, já não poderiam governar melhor do que
Schneider ou Von Papen. Hitler não precisou de destruir a democracia; bastou-lhe instalar-se nas suas ruínas para, no momento mais
crítico, receber o apoio de muitos que, embora o detestassem, acreditavam ser
ele o único homem com força suficiente para fazer alguma coisa.»<o:p></o:p></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/09/quanto-mais-alto-o-nivel-intelectual.html">Frederico Hayek</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-caminho-para-servidao-i_08.html">«O Caminho para a Servidão»</a>).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Relativamente
à atitude de Heidegger face à perseguição dos seus colegas judeus, é preciso na
verdade estabelecer matizes. Em particular no que concerne aos professores de
Freiburg, von Hevesy e Fränkel, especialistas de reputação mundial
respectivamente em Química (Prémio Nobel 1943) e Filologia Clássica. Nos
arquivos gerais de Karlsruhe, encontra-se uma carta de Martin Heidegger ao
conselheiro ministerial Fehrle, de 12 de Julho de 1933, na qual ele toma a
defesa dos dois cientistas a fim de não serem expulsos do serviço público.
Heidegger sublinha, por um lado, o grande prestígio dos dois professores nas
suas disciplinas respectivas na opinião do mundo científico, incluindo no estrangeiro
e, por outro lado, afirma que "seriam judeus ilustres de carácter exemplar (<i>Sie sein edle Juden von vorbildlichem
Charakter</i>)". Os seus argumentos perante as autoridades ministeriais
consistem em dizer que a exclusão definitiva poderia causar um forte prejuízo
para a boa reputação da ciência alemã no estrangeiro, particularmente nos meios
intelectuais dominantes e politicamente influentes. A defesa destes dois casos
particulares, sublinha Heidegger, não deve ser considerada como uma recusa das
disposições gerais para com os docentes judeus. Ao contrário, ele assume a sua
atitude mesmo estando “plenamente consciente da necessidade de aplicar
incondicionalmente a lei relativa à reorganização do serviço público”; ele toma
somente em consideração os prejuízos que a exclusão poderia causar “ao necessário
reforço, a nível mundial, do prestígio da ciência alemã, ao novo <i>Reich</i> e à sua missão”».<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Victor
Farías («Heidegger e o Nazismo»).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><b>«Na vida do judeu, incorporado como parasita no meio de outras nações e de outros Estados, existe um traço característico, no qual <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/da-necessidade-metafisica.html">Schopenhauer</a> se inspirou para declarar, como já mencionámos: “O judeu é o grande mestre da mentira”. A vida impele o judeu para a mentira, para a mentira incessante, da mesma maneira que obriga o homem do Norte a vestir roupas quentes.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><b>A sua vida, no seio de povos estranhos, só pode perdurar se ele conseguir despertar a crença de ser o representante, não de um povo, mas de uma “comunhão religiosa”, muito embora singular.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><b>Mas isto é a primeira das suas grandes mentiras.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><b>(...) Numa sequência lógica, amontoam-se sempre novas mentiras sobre a grande mentira inicial, a saber: que o judaísmo não é uma raça, mas uma religião. A mentira estende-se igualmente à questão da língua dos judeus; esta não lhes serve de veículo para a expressão, mas sim de máscara para os seus pensamentos. Quando fala francês, o seu modo de pensar é judeu; ao recitar versos em alemão ele exprime somente o carácter da sua nacionalidade.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><b>Enquanto o judeu não se torna senhor dos outros povos é forçado, quer queira quer não, a falar a língua deles.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><b>Porém, assim que eles ficassem seus vassalos, teriam de aprender todos um idioma universal (por exemplo, o esperanto!) a fim de assim poderem ser dominados mais facilmente pelo judaísmo.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><b>Os <i>Protocolos dos Sábios de Sião</i>, tão detestados pelos judeus, mostram, de maneira incomparável, a que ponto a existência desse povo é baseada numa mentira ininterrupta. “Tudo isto é falsificado”, geme sempre de novo o <i>Frankfurter Zeitung</i>, o que constitui mais uma prova de que tudo é verdade. Tudo o que muitos judeus talvez façam inconscientemente, acha-se aqui claramente desvendado. Mas o ponto essencial é que não importa de modo algum saber que do cérebro judeu provêm tais revelações. O ponto decisivo é a maneira pela qual essas revelações tornam patentes, com uma segurança impressionante, a natureza e a actividade do povo judeu nas suas relações íntimas, assim como nas suas finalidades. A melhor crítica desses escritos é fornecida, todavia, pela realidade. Quem examinar a evolução histórica do último século sob o prisma deste livro, logo compreenderá também o clamor da imprensa judaica, pois no próprio dia em que o mesmo for conhecido de todo o povo, estará evitado o perigo do judaísmo.»<o:p></o:p></b></span></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><b>Adolf Hitler («Meín Kampf»).</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBDh8j0V9ZAzmg4J_D8zrZ7aoWg_Nt2jvOXcz6x1oFhA_UNlqBllrsaBQVZmGZUXBD4ROuEOPSP1MGMZ7XqtcwloaqSrEaPFVMdVKRfpuZJf-nsO4RbtQ6NnyeoMIhlW6QeVUW0AAIrzpk89jc8tRvOVBfm9dvxBkL2lEaxWGvYxC0urRAUVzoiN_V9H0/s640/10475580_10152484014838648_37562975_o1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="298" data-original-width="640" height="298" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBDh8j0V9ZAzmg4J_D8zrZ7aoWg_Nt2jvOXcz6x1oFhA_UNlqBllrsaBQVZmGZUXBD4ROuEOPSP1MGMZ7XqtcwloaqSrEaPFVMdVKRfpuZJf-nsO4RbtQ6NnyeoMIhlW6QeVUW0AAIrzpk89jc8tRvOVBfm9dvxBkL2lEaxWGvYxC0urRAUVzoiN_V9H0/w640-h298/10475580_10152484014838648_37562975_o1.jpg" width="640" /></a></div><br /><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF4_VXdEMWYpVqGBR3eyKKbgKQ1vnRaUl17fLNOZqDVMpvR_ckWZ2xSrw_hMvvRHcPDN31tqbWoIij9uJ3tXIU2zE0bxXxkuJGSd6ZK4h3sHlQzWbElvIl5wqVSmrzubsefmJ-rtVi2--v967k8yLAdF9vyxo-DOvKMwrbrkQSK8-_u9YcPRLFiU5gsjI/s640/86599-C-G-Jung-Quote-Hitler-is-a-shy-and-friendly-man-with-artistic.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF4_VXdEMWYpVqGBR3eyKKbgKQ1vnRaUl17fLNOZqDVMpvR_ckWZ2xSrw_hMvvRHcPDN31tqbWoIij9uJ3tXIU2zE0bxXxkuJGSd6ZK4h3sHlQzWbElvIl5wqVSmrzubsefmJ-rtVi2--v967k8yLAdF9vyxo-DOvKMwrbrkQSK8-_u9YcPRLFiU5gsjI/s16000/86599-C-G-Jung-Quote-Hitler-is-a-shy-and-friendly-man-with-artistic.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDOLgor6hxBIv1mDf4p5A12Ski8XgMIX9rBsbrwNHU7-MSunZpFoE3clbG4heDRyh-pe41gGJym8kHwGd0IbF10jFIIqhnnsprl_l3ai-cs0FPVtgyiMyNXc1YLWvAloGi-7VtkCqzG-u7RP43ml6UitO66iptLFHGxmwkE2EOHIPV_voXxl4VNgV1efQ/s640/1035930.jpe" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="460" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDOLgor6hxBIv1mDf4p5A12Ski8XgMIX9rBsbrwNHU7-MSunZpFoE3clbG4heDRyh-pe41gGJym8kHwGd0IbF10jFIIqhnnsprl_l3ai-cs0FPVtgyiMyNXc1YLWvAloGi-7VtkCqzG-u7RP43ml6UitO66iptLFHGxmwkE2EOHIPV_voXxl4VNgV1efQ/s16000/1035930.jpe" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrb16hof8mJG3vckWxMPVvgA-_IeF89N9pu4rTU8OqmBfo9NDsfu3o0oaSvPYT4qbKMDW6v4J94s556uxxaILGeYcLyCFuHI981-mVR-Nux_XddL8vwHsDKuEHYW9X6k9tkp4E_-PhZoDNUitt2N1aUIbyaPHudy7seLdQgIhvnOh8yVGcGmTc4aeL4jY/s1280/Hitler_Signature2.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="602" data-original-width="1280" height="302" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrb16hof8mJG3vckWxMPVvgA-_IeF89N9pu4rTU8OqmBfo9NDsfu3o0oaSvPYT4qbKMDW6v4J94s556uxxaILGeYcLyCFuHI981-mVR-Nux_XddL8vwHsDKuEHYW9X6k9tkp4E_-PhZoDNUitt2N1aUIbyaPHudy7seLdQgIhvnOh8yVGcGmTc4aeL4jY/w640-h302/Hitler_Signature2.svg.png" width="640" /></a></div><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Os juízos
da aristocracia fundam-se numa boa musculatura, numa saúde florescente e no que
para isto contribui: a guerra, as aventuras, a caça, a dança, os jogos e
exercícios físicos e em geral tudo o que implica uma actividade robusta, livre e
alegre. Muito pelo contrário na classe sacerdotal; tanto pior para ela. Os
sacerdotes são os inimigos <i>mais malignos</i>;
porquê? Porque são os mais impotentes. A impotência faz crescer neles um ódio
monstruoso, sinistro, intelectual e venenoso. Os grandes vingativos, na
história, foram sempre sacerdotes, e nada se pode comparar com o engenho que o
sacerdote desenvolve na sua vingança. A história da humanidade seria uma coisa
insípida sem o engenho com que o ameaçaram os impotentes. Ponhamos o exemplo
mais notável. Tudo o que na Terra se fez contra os "nobres", os
"poderosos", os "senhores", os "governantes" não
se pode comparar com o que fizeram os <i>judeus</i>.
Os judeus vingaram-se dos seus dominadores por uma radical mudança dos valores
morais, isto é, com uma <i>vingança
essencialmente espiritual</i>. Só o povo de sacerdotes podia obrar assim. Os
judeus, com uma lógica formidável, atiraram por terra a aristocrática equação
dos valores "bom", "nobre", "poderoso",
"formoso", "feliz", "amado de Deus". E, com o
encarniçamento do ódio afirmaram: "Só os desgraçados são bons; os pobres,
os impotentes, os pequenos, são os bons; os que sofrem, os necessitados, os
enfermos, são os piedosos, são os benditos de Deus; só a eles pertencerá a
bem-aventurança; pelo contrário, vós, que sois nobres e poderosos, sereis por
toda a eternidade os maus, os cruéis, os cobiçosos, os insaciáveis, os ímpios,
os réprobos, os malditos, os condenados..." Todos sabem quem foi que
recolheu a herança destas apreciações judaicas... E recordo aqui o que noutro
lugar (<i>Para além do bem e do mal</i>, a
fl. 195) disse: Que com os judeus começou a <i>emancipação
dos escravos na moral</i>, esta emancipação que tem já vinte séculos de
história e que já hoje perdemos de vista por ter triunfado completamente.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/por-que-sou-uma-fatalidade.html">Frederico Nietzsche</a> («A Genealogia da Moral»).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXozISwH-74Q4WWic451sny8lZLQRLzy_E8QRFIie1Ka3qr4Pg5R8KapaXj8MiuTT6ougmvHT1q_Dbp4d5WR9EEylw-QtGy9vpzvEYpzTM5zWzUWUL4_5hW2Pu40hXJs63AvmrFtT2Ci8Tg1g8_WvdBKnyfg664T2p6YS7MajeK1dysjG6RbbHQoVfrsM/s640/Friedrich_Nietzsche_Signature.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="161" data-original-width="640" height="162" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXozISwH-74Q4WWic451sny8lZLQRLzy_E8QRFIie1Ka3qr4Pg5R8KapaXj8MiuTT6ougmvHT1q_Dbp4d5WR9EEylw-QtGy9vpzvEYpzTM5zWzUWUL4_5hW2Pu40hXJs63AvmrFtT2Ci8Tg1g8_WvdBKnyfg664T2p6YS7MajeK1dysjG6RbbHQoVfrsM/w640-h162/Friedrich_Nietzsche_Signature.svg.png" width="640" /></a></span></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /><b><br /></b></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span lang="EN-US" style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 16.1px;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGf3HPFGA78kJ-xWCt5MTzW7zRRkczCnMxHI3mWX9Caux-f59ws3puNNNWQfb7eV1CRhQQeghIO-6QEunfxc5OsMvHc30ye6laspPlybj03-HijrOCr75qXQHTEeC7ySp0lVWC8GZePnbklCJ8V69VvBDWxG-Bvy3guvGAJ_TzSzVBXmetJqeCeQ6jCJM/s850/1535908216581.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="850" height="301" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGf3HPFGA78kJ-xWCt5MTzW7zRRkczCnMxHI3mWX9Caux-f59ws3puNNNWQfb7eV1CRhQQeghIO-6QEunfxc5OsMvHc30ye6laspPlybj03-HijrOCr75qXQHTEeC7ySp0lVWC8GZePnbklCJ8V69VvBDWxG-Bvy3guvGAJ_TzSzVBXmetJqeCeQ6jCJM/w640-h301/1535908216581.jpg" width="640" /></a></span></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«(...) o
judeu começa de repente a ser liberal, começando a sonhar com a necessidade do
progresso humano. Pouco a pouco transforma-se no arauto de uma nova época.
Porém, ele está é a destruir cada vez mais os fundamentos de uma economia
verdadeiramente útil ao povo. Pelo processo das sociedades de acções, vai
penetrando nos círculos da produção nacional, faz desta um objecto mais
susceptível de compra e traficância, roubando assim às empresas a base da
propriedade pessoal. Por isso, surge entre o patrão e o empregado aquele
distanciamento que origina a ulterior luta política de classes.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Cresce
assim a influência dos judeus em matéria económica, além da bolsa, e isso com
assombrosa rapidez. Torna-se proprietário ou controlador das forças de trabalho
do país.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Para
consolidar a sua posição política, tenta destruir as barreiras raciais e de
cidadania, que mais do que tudo o embaraçam a cada passo. Para atingir tal fim,
luta com a sua resistência típica pela tolerância religiosa, encontrando na
franco-maçonaria, que caiu inteiramente em seu poder, um excelente instrumento
para combater o que não lhe convém e realizar as suas aspirações. Os círculos
governamentais, assim como as camadas superiores da burguesia política e
económica caem nas suas armadilhas, guiados por fios maçónicos, porém mal se
apercebem disso.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Só o
verdadeiro povo, ou melhor, a classe que, despertando, luta pelos seus próprios
direitos e pela sua liberdade, não pode ser conquistado por esse meio,
principalmente nas suas camadas mais profundas. Essa, porém, é a conquista mais
indispensável. O judeu sente que a sua ascensão a uma posição dominadora só se
tornará possível quando existir à sua frente um “precursor”, e este pensa ele
descobrir não entre a burguesia mas nas camadas populares. Não se pode,
entretanto, conquistar fabricantes de luvas e tecelões com os frágeis processos
da franco-maçonaria, tornando-se obrigatório introduzir, nesse caso, meios mais
rudes e grosseiros, porém não menos enérgicos. Como segunda arma ao serviço do
judaísmo, existe, além da franco-maçonaria, a imprensa. Com muito afinco e
muita habilidade, ele apodera-se deste orgão de propaganda e começa lentamente
a enlaçar toda a vida oficial, a dirigi-la, a empurrá-la, tendo a facilidade de
criar e superintender aquela potência que, sob a denominação de “opinião
pública”, é hoje mais bem conhecida do que há algumas décadas. Com isso tudo,
apresenta-se sempre como animado por uma infinita sede de saber, elogia todo o
progresso, sobretudo aquele que acarreta a ruína dos outros, pois só julga todo
o saber e toda a evolução na medida em que lhe facilitam a propaganda da sua
raça. Quando falta esse objectivo, torna-se inimigo encarniçado de toda a luz e
de toda a verdadeira civilização. Desse modo, utiliza todo o saber adquirido
nas escolas alheias, única e simplesmente ao serviço da sua raça.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Adolf Hitler («Meín Kampf»).</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">«As
transformações administrativas adoptadas por Heidegger foram completadas por
uma série de medidas tendentes a mudar a vida dos estudantes cujos hábitos, até
1933, consistiam em levar uma vida fácil sem outro fim que não fosse o sucesso
profissional e material – preocupação considerada decadente e individualista. O
encarniçamento com que o reitor Heidegger vai assumir esta tarefa, numa
Universidade cujos estudantes eram, na sua esmagadora maioria, procedentes das
classes médias e da burguesia, é um sinal da sua decisão de impor o programa
nacionalista na sua variante populista mais radical. Wolfgang Kreutzberger pôs
a claro o que, na origem social dos estudantes de Freiburg, conspirava contra a
decisão do reitor. Com efeito, a participação real dos estudantes nos trabalhos
voluntários foi fraca. A maior parte dos que aderiram a esta iniciativa
pertencia às classes mais desfavorecidas, e punha frequentemente como condição
da sua participação que os trabalhos que lhes fossem confiados tivessem alguma
relação com a sua formação profissional; ao mesmo tempo, recusava toda a
espécie de “trabalho sujo”. Os que “se empenhavam” estavam, na maior parte dos
casos, muito menos inclinados a identificar-se com a classe operária, do que
estavam influenciados por ideias anti-internacionalistas e antipacifistas que
não coincidiam necessariamente com as convicções nacionais-socialistas.</span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlxLExVVxCURrC_WctpCM_UsYkoI2SQS2pcHYFd1i3quI-0UgaccETP85MvZbqDDwnQmesLv22tquLBXlqJ7KV3B8tjF5mIQcXiMlD9ZhV5z9hA0nYxBsGXzu1Vjtg5OM_xnSZa1-PkyGmbZuk2Zuzdy83fEIcGTAKivyIRO6m7GMjmCl-GIT6-eUILAo/s781/Heiddeger-card.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="781" data-original-width="600" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlxLExVVxCURrC_WctpCM_UsYkoI2SQS2pcHYFd1i3quI-0UgaccETP85MvZbqDDwnQmesLv22tquLBXlqJ7KV3B8tjF5mIQcXiMlD9ZhV5z9hA0nYxBsGXzu1Vjtg5OM_xnSZa1-PkyGmbZuk2Zuzdy83fEIcGTAKivyIRO6m7GMjmCl-GIT6-eUILAo/w492-h640/Heiddeger-card.jpg" width="492" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-9k89nIQ-ecGlh8_aDiPmvLyqC86oZZe2FS_TVQGXKan8kL_wHQNmNQaC5l3c5mmBIG5KZ7AQJZBczLs-Vo4du-MNNvvbBS8GLN5TvM4lx_0nfdSPnaxp9YIlKmt2FqNdplDwZaikw4KZLci3wKEsGqziWfApnC4OVr-NENbmypADM8ODAAa4kaN427o/s640/albert_speer_light_dome_nuremburg%20(1)%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="540" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-9k89nIQ-ecGlh8_aDiPmvLyqC86oZZe2FS_TVQGXKan8kL_wHQNmNQaC5l3c5mmBIG5KZ7AQJZBczLs-Vo4du-MNNvvbBS8GLN5TvM4lx_0nfdSPnaxp9YIlKmt2FqNdplDwZaikw4KZLci3wKEsGqziWfApnC4OVr-NENbmypADM8ODAAa4kaN427o/s16000/albert_speer_light_dome_nuremburg%20(1)%20(1).jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Heidegger
via nesta transformação do mundo estudantil – que se realizaria graças aos seus
laços concretos com o mundo dos trabalhadores – o cumprimento de um dos pontos
do programa do grupo SA. Isso transparecia claramente no seu discurso de 26 de
Novembro de 1933. <i>O Estudante Alemão como
Trabalhador</i>, pronunciado por ocasião da festa da matrícula. A cerimónia e o
discurso do reitor Heidegger foram comentados e retransmitidos por uma vasta
cadeia de emissores de Frankfurt, Freiburg, Trier, Colónia, Estugarda e
Mühlacker. O novo estudante não tira, afirma ele, a sua especificidade somente
da sua entrada na Universidade ou dos laços estabelecidos, através dela, com o
Estado, mas da sua integração “no serviço do trabalho, nas SA”. “O novo
estudante alemão passa hoje pelo serviço do trabalho, ele está nas SA”. O
verdadeiro sentido do serviço do saber é integrar o estudante na “frente dos
trabalhadores”. E é somente sendo ele próprio um “trabalhador” que o estudante
se pode ligar autenticamente com o Estado, “porque o Estado nacional-socialista
é o Estado do trabalho”. Este discurso que tem mais o carácter de uma
declaração de princípio, encontra o seu complemento explicativo no artigo “O
apelo ao serviço do trabalho”, publicado pelo jornal dos estudantes em 23 de Janeiro de 1934. De passagem, anotemos que este artigo se encontra associado a
um outro que defende o auto-de-fé dos livros organizado pelos superiores
políticos imediatos dos que editavam esta <i>Deutsche
Studentenzeitung</i>. Os fogos ateados para queimar os livros “escritos por
judeus são fogos contra delinquentes intelectuais, não se extinguirão antes do último dos seus escritos ser transformado em cinzas, do último dos
parasitas que os escreveu ser internado num campo de trabalho e desses animais
terem sido tosquiados e lavados”».<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Victor
Farías («Heidegger e o Nazismo»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A ausência
de regras formais absolutas na moral colectivista não significa decerto que não
haja hábitos individuais que uma comunidade colectivista encorajará e outros
que desencorajará. E mostrará até muito maior interesse do que uma sociedade
individualista pelos hábitos de vida dos indivíduos. Para se ser membro útil de
uma sociedade colectivista é necessário possuir qualidades bem definidas que
devem fortalecer-se por uma prática constante. Se lhes chamamos “hábitos úteis”
e não as podemos definir como “virtudes morais” é porque o indivíduo nunca os
poderá tomar como regras que coloca acima das ordens estritas que recebe nem
deixar que eles se tornem um obstáculo à realização de qualquer objectivo que a
sua comunidade se proponha. Apenas servem, portanto, para preencher os
intervalos entre o cumprimento das ordens recebidas ou entre os esforços para
alcançar as finalidades determinadas e nunca podem justificar um conflito com a
vontade da autoridade superior.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A diferença
entre as virtudes que num sistema colectivista continuarão a ser bem vistas e
aquelas que terão de desaparecer fica bem ilustrada com a comparação entre as
virtudes que até os seus piores inimigos reconhecem aos alemães, ou, antes, aos
“prussianos típicos”, e aquelas que geralmente se lhes negam e são as que os
ingleses justificadamente se orgulham de possuir. Poucas pessoas poderão negar
que os alemães são, de um modo geral, trabalhadores disciplinados, íntegros até
ao fanatismo e enérgicos até à crueldade, conscienciosos e responsáveis em
todas as tarefas que empreendem, possuidores de um forte sentido da ordem, do
dever e da obediência à autoridade e se mostram muitas vezes dispostos a fazer
sacrifícios pessoais e correrem sérios perigos físicos. Tais predicados fizeram
dos alemães um instrumento eficaz para o desempenho das tarefas que lhes eram
destinadas e assim foram cuidadosamente educados no velho estado prussiano e no
novo Reich dominado pelos prussianos. O que geralmente se nega ao alemão típico
são as virtudes individualistas da tolerância e do respeito pelos outros e suas
opiniões, a independência de espírito, a rectidão de carácter e a coragem de
defender as suas convicções pessoais diante de um superior, virtude que os
alemães, conscientes de as não possuírem, designam por <i>Zivilcourage</i>; e ainda a consideração pelos fracos e enfermos e
aquele saudável desdém pelo poder que só uma velha tradição sabe criar.
Faltam-lhes também aquelas pequenas qualidades, mas bem importantes, que
facilitam as relações entre os homens numa sociedade livre: a amabilidade, o
sentido do humor, a modéstia pessoal, o respeito pela intimidade dos outros e a
confiança nas boas intenções dos que lhes são próximos.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Tais
virtudes, ao mesmo tempo que individualistas, são também eminentemente sociais,
virtudes que amenizam o convívio social e tornam menos necessário, e mais
difícil de impor, o controlo vindo de cima. Virtudes que só florescem onde predomina
o tipo da sociedade individualista ou comercial, não existem onde prevalece o tipo da sociedade colectivista ou militarista, diferença
que é, ou era, tão visível entre as diversas regiões da Alemanha como a existente
agora entre as concepções que governam toda a Alemanha e aquelas que são
características do mundo ocidental. Até há pouco tempo, pelos menos nas regiões
alemãs que mais influenciadas foram pelas forças civilizadoras do comércio – as
velhas cidades comerciais do sul e oeste e as da Liga Hanseática –, as concepções
morais eram muito mais semelhantes às dos povos ocidentais do que aquelas
que hoje predominam em toda a Alemanha.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Seria
todavia profundamente injusto considerar as massas desse povo dominado pelo
totalitarismo como desprovidas de sentido ético só porque dão o seu apoio
incondicional a um sistema que nos aparece como a negação da maior parte dos
valores morais. Para a maioria dos alemães, o contrário é que, provavelmente,
será verdadeiro: a intensidade das emoções morais que estão por detrás de um
movimento como o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/10/as-componentes-esotericas-do-iii-reich_16.html">nazismo</a> ou o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/10/comunismo-e-terrorismo.html">comunismo</a> só pode talvez ser comparável às dos
grandes movimentos religiosos da história. Uma vez que se aceite que o
indivíduo é apenas um instrumento destinado a servir as finalidades determinadas
por uma entidade superior que se apresenta com o nome de sociedade ou nação,
grande parte daquelas características dos regimes totalitários que nos
horrorizam, aparecem como um corolário inevitável. Do ponto de vista
colectivista, a intolerância e supressão brutal dos dissidentes, o total
desprezo pela vida e pela felicidade dos indivíduos são consequências fundamentais
e iniludíveis daquela premissa. O colectivista é capaz de reconhecer o que
acabamos de mostrar mas não deixará de, ao mesmo tempo, afirmar que o seu
sistema é superior àquele em que os interesses, a que chama “egoístas”, dos indivíduos
podem impedir a completa realização dos fins que a comunidade se propôs. Quando
os filósofos alemães repetidamente nos apresentam como sendo em si mesma imoral
a luta pela felicidade individual e como digno de todos os louvores o
cumprimento de um dever que nos é imposto, fazem-no com total sinceridade
embora isso seja incompreensível para quem formou a sua personalidade segundo
diferentes concepções.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinZ37oSICOv_sXyNuu97xWRnPQMVOAPCPszw9TrKVmpdP5JPS1n1Cm9MJolOSjjGh22X4mAC7UP388afq_sWbyDWHnb-Ei3fS_x1eQPucfzFYQazgHTT-vrq-L4YghkwoG8mE9sZAbqP8mqEaR78wXc3nVFHIjRHJz0jXsA1aApxC_tc4O1UTyAhH4LHQ/s850/R%20(28).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="850" height="301" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinZ37oSICOv_sXyNuu97xWRnPQMVOAPCPszw9TrKVmpdP5JPS1n1Cm9MJolOSjjGh22X4mAC7UP388afq_sWbyDWHnb-Ei3fS_x1eQPucfzFYQazgHTT-vrq-L4YghkwoG8mE9sZAbqP8mqEaR78wXc3nVFHIjRHJz0jXsA1aApxC_tc4O1UTyAhH4LHQ/w640-h301/R%20(28).jpg" width="640" /></a></span></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Sempre que
há um fim comum que ultrapassa tudo e tudo domina, deixa de haver lugar para
quaisquer valores éticos ou quaisquer regras de carácter geral. Até certo
ponto, todos nós temos a experiência disso quando, como agora acontece, nos
encontramos em guerra. Mas até quando assim nos encontramos em guerra, e
correndo aqui, em Inglaterra, os maiores perigos, a experiência é apenas uma
aproximação ainda distante do totalitarismo pois apenas uma reduzida parte dos
nossos valores foram sacrificados ao serviço da finalidade única. Sempre que
umas tantas finalidades específicas dominem a totalidade da sociedade, é
inevitável que a crueldade se torne em certos casos um dever, que se considerem
meras questões de expediente coisas que revoltam todos os nossos sentimentos
como fuzilarem-se reféns e abaterem-se velhos e doentes, que desalojar e
desterrar pessoas constitua um recurso da política que toda a gente, à
excepção das vítimas, aprova, que se tomem a sério sugestões como a do “serviço
militar obrigatório com fins educativos para as mulheres”. Aos olhos do
colectivista, actos como estes servem sempre uma finalidade que, só por si, os
justifica pois não há quaisquer direitos ou valores do indivíduo que possam
constituir obstáculos à realização do objectivo comum da sociedade.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Se para as “massas”
de cidadãos dos Estados totalitários é a dedicação desinteressada por um ideal,
seja-nos ele embora repugnante, que as leva a aprovar e até a executar actos como
esses, o mesmo se não poderá dizer dos homens que orientam tal política. Para
ser um colaborador útil de um governo totalitarista, não basta que um homem
esteja preparado para aceitar as justificações mais artificiosas das acções
mais vis; é preciso que também esteja activisticamente disposto para quebrar
todas as regras morais a que sempre obedeceu caso isso seja necessário ao fim
que é imposto. E como é o chefe supremo quem determina sozinho todos os fins,
os seus instrumentos, os homens que são seus instrumentos, não podem ter
convicções morais próprias. Acima de tudo, devem eles entregar-se sem reservas
à pessoa do chefe; e para isso, é essencial que sejam totalmente destituídos de
princípios e literalmente capazes de tudo. Não podem ter ideais que visem
realizar, nem ideias sobre o que é certo ou errado que possam interferir nas
determinações do chefe. Assim se vê como, nos lugares de poder, pouco há que
possa atrair aqueles que tenham ainda as convicções morais que noutros tempos
guiaram os povos europeus, poucas são as compensações para os aspectos
desagradáveis das tarefas que é preciso cumprir, poucas oportunidades existem
para a realização das ambições mais idealistas, poucas recompensas se oferecem
pelos riscos que, sem dúvida, se correm e pelo sacrifício da maior parte dos
prazeres da vida privada e da independência pessoal que os cargos de responsabilidade
sempre implicam. Os únicos gostos satisfeitos são o gosto pelo poder em si, o
prazer de ser obedecido e o orgulho de fazer parte de uma máquina eficaz e
imensamente poderosa que assegura sempre um lugar na primeira fila.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Para os
homens bons – segundo os nossos padrões – pouca sedução podem pois exercer os
lugares de chefia na máquina totalitária. Mas aos homens cruéis e sem escrúpulos
oferece ela óptimas oportunidades. Haverá sempre tarefas, em si mesmas
repugnantemente vis, mas cuja execução é posta ao serviço de um fim mais
elevado e que exigem a mesma perícia e eficácia de quaisquer outras. E como quem
estiver ainda ligado à moral tradicional terá repugnância em as aceitar, quem
se prontificar a fazê-lo tem assegurado o caminho da promoção e do poder. São
inúmeras as situações oferecidas por uma sociedade totalitária que exigem a
prática da crueldade e da intimidação, da mentira propositada e da espionagem
ou vigilância denunciadora. Nem a Gestapo, nem a administração de um campo de
concentração, nem o Ministério da Propaganda, nem os S. A. e os S. S ou seus
equivalentes italianos e russos, são lugares adequados à expressão de sentimentos
humanitários. São essas, todavia, as instituições que se encontram na estrada
que conduz aos lugares mais elevados nos Estados totalitários.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-caminho-para-servidao-i.html">Frederico Hayek</a> («O Caminho para a Servidão»).</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcKHDE4f6V3hO8xICWkyamspaq-TIcwCs_qzWwmYkksD-bFaRfQNcVPPAeCZdlVxB07iz7xg0d3R1YVYqnZo3wCpULNtembLFLGtSwzTarRR_1CAMzhb4t4pf8yNPm0-q2aeB0Qo15jJW-fRhdlR_dIKGGWbb5yQmqvROAZUs0QH8pvKBi1QVFH1lvJrQ/s622/20151107172124_00002.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="622" data-original-width="449" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcKHDE4f6V3hO8xICWkyamspaq-TIcwCs_qzWwmYkksD-bFaRfQNcVPPAeCZdlVxB07iz7xg0d3R1YVYqnZo3wCpULNtembLFLGtSwzTarRR_1CAMzhb4t4pf8yNPm0-q2aeB0Qo15jJW-fRhdlR_dIKGGWbb5yQmqvROAZUs0QH8pvKBi1QVFH1lvJrQ/s16000/20151107172124_00002.jpg" /></a></span></div><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Com o
abandono do padrão-ouro perdeu-se aquela simplicidade que fazia do dinheiro um
instrumento da justiça; com o abandono da correspondência entre a quantidade da
moeda e a quantidade das mercadorias, perdeu-se o que fazia do dinheiro um
instrumento da liberdade; com a paridade flexível, perde-se agora a projecção
na economia da existência das pátrias.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Perde-se a
projecção na economia da existência das pátrias, dizemos, e perde-se a imediata
evidência que a economia dá a cada um da necessidade dessa existência. Trata-se
de uma realidade essencial mas a que os teorizadores da ciência económica,
estranhamente, nunca atenderam, antes vendo na existência de diferentes
repúblicas um obstáculo ao perfeito funcionamento do sistema da economia. O
próprio von Mises é um exemplo desta estranha atitude. Muitas vezes utiliza
ele, para fazer valer os seus argumentos ou apenas os explicitar, a hipótese de
uma república mundial que acompanha de declarações atribuindo à existência das
nações, à divisão do mundo em diferentes entidades nacionais e ao nacionalismo,
a causa dos clamorosos erros que denuncia na economia contemporânea, como seja
o <i>ódio</i> – a expressão é dele – ao
padrão-ouro. É possível explicar esta atitude do grande teorizador pelas
perturbações da época em que viveu e o sujeitaram a muitas espécies de
atribulações e sofrimentos não apenas vividos – o exílio e a pobreza, por
exemplo – mas também intelectuais. Era em nome do nacionalismo alemão ou
aurindo suas forças no nacionalismo russo, que via instaurar-se o
intervencionismo socialista.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>De certo
modo, esta posição de von Mises corresponde à imagem também mundialista que
Adam Smith formava do dinheiro e do comércio, ele que via a economia como um
sistema que sucedera ao da agricultura. Diz, por exemplo, que o “ouro circula
entre os países comerciantes como a moeda circula dentro de cada país: pode
considerar-se a moeda da grande república mundial do comércio”.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Tais
posições têm, por sua vez, equivalência na banalizada convicção popular de que “o
dinheiro não tem pátria”.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Ora a
verdade é que de nada, como do dinheiro, se pode com mais razões afirmar que
tem pátria. Sem a variedade das moedas nacionais, não haveria troca e mercado
do dinheiro, e desapareceria o último e mais resistente instrumento, que é o
câmbio, para, abandonados os outros padrões, conhecer ou apreciar o poder
aquisitivo da moeda e defender as populações das arbitrariedades, então
definitivamente instaladas no intervencionismo, dos sucessivos e sempre
ocasionais governantes.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Dissemos
também que se perdeu, com o abandono do padrão-ouro, a simplicidade que fazia
do dinheiro um instrumento da justiça. Com efeito, ligada ao ouro e
identificada com a mercadoria que o ouro é, a apreciação ou o preço da moeda
torna-se patente e imediatamente acessível a todos os homens, desde os que se
encontram no mais recôndito rincão do globo até aos mais envolvidos no
turbilhão das grandes metrópoles, desde os mais incultos até aos mais doutos.
Todos eles igualmente sabem estabelecer a relação das mercadorias que cada um
possui com a mercadoria universal presente no dinheiro e, através dela, com
todas as mercadorias existentes. Cada um sabe, pois, o que possui ou lhe
pertence, e a justiça consiste, como já vimos e conforme Platão estabeleceu, em
reconhecer o que pertence a cada um. Ao mesmo tempo, dando a cada coisa privada
uma dimensão universal, estabelecendo a correspondência entre a propriedade, o
trabalho e a produção de todos os indivíduos, o dinheiro é, conforme disse já
Hegel, a real e concreta expressão da solidariedade universal dos homens.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Sem o
padrão-ouro, uma complexidade inextricável veio substituir a simplicidade que
ele representava e tornar possível multiplicar até ao infinito das abstracções
intelectuais, as propostas, as combinações e os cálculos que transformaram a
ciência económica num areal estéril onde os contabilistas encontram o seu
paraíso vazio e se entretêm a traçar fugazes caminhos que levam a nenhures. A
justiça fica separada da vida real das populações e da existência quotidiana
dos indivíduos e a economia torna-se um labirinto de crises permanentes que
ninguém consegue decifrar.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_BK9AEgk2ADRdyi5uPhQzRO08fI2cS9rDPfX_5c1LUJ9ZvLrFTiQUCVqfWVxP33yh_WzqTgikqq0lb2uDbATPqZPtaaNA-HwYSMzEHaQsI8miEVxVOI-AHyNOoqu8BYoifc7CzKu0Ec6_RT_zEsYw5W1jqu3zQnE2UdKZ0OdDFFieHLJNaLAYc0KCpCY/s900/post-goldStandard.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="900" height="427" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_BK9AEgk2ADRdyi5uPhQzRO08fI2cS9rDPfX_5c1LUJ9ZvLrFTiQUCVqfWVxP33yh_WzqTgikqq0lb2uDbATPqZPtaaNA-HwYSMzEHaQsI8miEVxVOI-AHyNOoqu8BYoifc7CzKu0Ec6_RT_zEsYw5W1jqu3zQnE2UdKZ0OdDFFieHLJNaLAYc0KCpCY/w640-h427/post-goldStandard.jpg" width="640" /></a></span></div><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6rFxMexrrEkSys3O9aZETg2HO0Ph4N7_wleO_eTspVQhBvJRxnPDTU4xVmBL83UbyIPeTyNkpI0Qyaht4m_135WopfZh0Jmi9fxNEFNbfpbC-XfZfXfhLniadhdKJ03vfs9WLpVwJvyyaZRnQL8MWsq1tiIlSHgNgLQ-SHycus7JNvwaF0m9mjhJcRvo/s850/quote-with-the-exception-only-of-the-period-of-the-gold-standard-practically-all-governments-friedrich-august-von-hayek-54-46-83.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="850" height="302" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6rFxMexrrEkSys3O9aZETg2HO0Ph4N7_wleO_eTspVQhBvJRxnPDTU4xVmBL83UbyIPeTyNkpI0Qyaht4m_135WopfZh0Jmi9fxNEFNbfpbC-XfZfXfhLniadhdKJ03vfs9WLpVwJvyyaZRnQL8MWsq1tiIlSHgNgLQ-SHycus7JNvwaF0m9mjhJcRvo/w640-h302/quote-with-the-exception-only-of-the-period-of-the-gold-standard-practically-all-governments-friedrich-august-von-hayek-54-46-83.jpg" width="640" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxbHbqP92nZ0ZVkDt1gR9cHLhdH_mBQir59DtV_eJj8J-Ag6n9HsSY1ue_sGZB-VYf8CldyiYQ1p4dr7dlvDlu7d4K1XW8In_69bx1PhxG0ErEZCyp1NvoWX4Yfmp2edKHhVniEVIqh_b0Nb2ODzr4IDt2l2-w5XgnNsUfQRG1sKJhb9nBFN7Y2Cb-cfw/s850/quote-the-gold-standard-makes-the-money-s-purchasing-power-independent-of-the-changing-ambitions-ludwig-von-mises-70-97-95.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="850" height="302" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxbHbqP92nZ0ZVkDt1gR9cHLhdH_mBQir59DtV_eJj8J-Ag6n9HsSY1ue_sGZB-VYf8CldyiYQ1p4dr7dlvDlu7d4K1XW8In_69bx1PhxG0ErEZCyp1NvoWX4Yfmp2edKHhVniEVIqh_b0Nb2ODzr4IDt2l2-w5XgnNsUfQRG1sKJhb9nBFN7Y2Cb-cfw/w640-h302/quote-the-gold-standard-makes-the-money-s-purchasing-power-independent-of-the-changing-ambitions-ludwig-von-mises-70-97-95.jpg" width="640" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBE5ULxVLUthLmF0Z5VkjaRV9Z9qVdKr8Mui1VgAiUcd2EYMK4Ir8blwPPq6-PIqAk4vS_mvvgy8QJrjb13LqAyOM7CGY9LFVuM8wJQP4dhu5encwV39Ts_1i1RuJ9xiuSTCtVjG1WvdnSBET08ZMYKhQVQ8uebqDgDidmKsZ5uRtPRogbOXd7Ay_17_A/s850/quote-in-truth-the-gold-standard-is-already-a-barbarous-relic-john-maynard-keynes-70-32-32.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="850" height="302" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBE5ULxVLUthLmF0Z5VkjaRV9Z9qVdKr8Mui1VgAiUcd2EYMK4Ir8blwPPq6-PIqAk4vS_mvvgy8QJrjb13LqAyOM7CGY9LFVuM8wJQP4dhu5encwV39Ts_1i1RuJ9xiuSTCtVjG1WvdnSBET08ZMYKhQVQ8uebqDgDidmKsZ5uRtPRogbOXd7Ay_17_A/w640-h302/quote-in-truth-the-gold-standard-is-already-a-barbarous-relic-john-maynard-keynes-70-32-32.jpg" width="640" /></a></div><br /><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq6XFtfIg0hgzHOz0DTE_n0w0Jd1MgLIjwIFGWWYPM8xH47xLY7sEfZ6XvSwWkKO3eS86e9v_AJVnTy7irLipu1HUtwTvor_U_dNS_jck1FWDUwD2Yz7unPO-Il_8Gmt7qKcbsh67BOGtYomZ4736_yWUo2j2dvUcMC_CUFX5E-IK4PYSGDwuEiXtAfbw/s3840/1784796-Margaret-Thatcher-Quote-The-government-has-no-money-of-its-own-It.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq6XFtfIg0hgzHOz0DTE_n0w0Jd1MgLIjwIFGWWYPM8xH47xLY7sEfZ6XvSwWkKO3eS86e9v_AJVnTy7irLipu1HUtwTvor_U_dNS_jck1FWDUwD2Yz7unPO-Il_8Gmt7qKcbsh67BOGtYomZ4736_yWUo2j2dvUcMC_CUFX5E-IK4PYSGDwuEiXtAfbw/w640-h360/1784796-Margaret-Thatcher-Quote-The-government-has-no-money-of-its-own-It.jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUUwgPrF-k_KklCYScV20l_2TVdPxha4LeflMJ0Bzxz_zYmFtjwvV76gc0ljhEAvvv-LiVAHqx2AJ2isLJksQ5qcn0u9WstnJXqy3FpmWxg6RUYib6LPxDZVH4xzKoqySE_PeVWvXNf5XJyO8sqSepb8b9OD8-73hxMiatJAKZwdVjjAozcynGhDxpN_c/s1200/We-have-gold-because-we-cannot-trust-174045.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="630" data-original-width="1200" height="336" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUUwgPrF-k_KklCYScV20l_2TVdPxha4LeflMJ0Bzxz_zYmFtjwvV76gc0ljhEAvvv-LiVAHqx2AJ2isLJksQ5qcn0u9WstnJXqy3FpmWxg6RUYib6LPxDZVH4xzKoqySE_PeVWvXNf5XJyO8sqSepb8b9OD8-73hxMiatJAKZwdVjjAozcynGhDxpN_c/w640-h336/We-have-gold-because-we-cannot-trust-174045.webp" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Dissemos,
finalmente, que, com o abandono da correspondência entre a quantidade da moeda
e a quantidade das mercadorias, se perde o que, depois de abandonado o
padrão-ouro, fazia do dinheiro um instrumento da liberdade. Com efeito,
abandonada aquela correspondência, o dinheiro deixa de oferecer à escolha dos
homens, consoante as suas carências, seus interesses e seus desejos, a
totalidade das mercadorias existentes. Trata-se, aqui, da liberdade de escolher
que é, decerto, uma forma inferior da liberdade, embora seja aquela que,
indispensável a todos os homens, a maioria deles unicamente conhece. Mas outra
forma de liberdade o dinheiro oferece: a de tornar possível o ócio, quer dizer,
o estado propício ao pensamento que é onde reside a insofismável liberdade.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Na
categoria do dinheiro se torna, pois, presente o fim da economia. Não é esse
fim, como pretenderam os que fizeram merecer à ciência económica a designação
de “melancólica ciência”, administrar a escassez das coisas, contabilizar o que
sempre será escasso para satisfazer as carências dos homens quando por
carências se entenderem as veleidades sem desígnio, os desejos sem conteúdo e
as ambições sem limite. O fim da economia é alcançar, no dinheiro, o
instrumento da liberdade. E porque este fim só se alcança no termo de cada
ciclo de articulação das categorias, porque cada ciclo é composto de trânsito e
de retorno, da categoria do dinheiro reverte a liberdade para todos os
momentos, fases e categorias dos sucessivos ciclos que, sem cessar, a
actividade económica transcorre e recorre.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/08/teoria-do-dinheiro-i.html">Orlando Vitorino</a>
(<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/08/teoria-do-dinheiro-ii.html">«Exaltação da Filosofia Derrotada»</a>).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjem3OETYft6mdzRSwM4aNt-x0jzO-OUBSjhIKUz-46Rxc4sHjg7gwnRdVdheNjPlkZan4lqUyv_Av4HYE7-NEcpdf4ghy-ZDDSy82P9rgWqGGozJgnFlBfsokiQIbFQqpCO4c62PFq8J-Pw3sn38erZ3YBhxOSdvaMMPFbs26rpBhN16jggVQcEimUoAI/s480/Orlando%20Vitorino.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="316" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjem3OETYft6mdzRSwM4aNt-x0jzO-OUBSjhIKUz-46Rxc4sHjg7gwnRdVdheNjPlkZan4lqUyv_Av4HYE7-NEcpdf4ghy-ZDDSy82P9rgWqGGozJgnFlBfsokiQIbFQqpCO4c62PFq8J-Pw3sn38erZ3YBhxOSdvaMMPFbs26rpBhN16jggVQcEimUoAI/s16000/Orlando%20Vitorino.jpg" /></a></b></span></div><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg23Q4ALsUEja4Yyk7C8fLHISrAi7IQCciwoeza0r7pkUjOol_uB0hjMO9W6r3o2iFuh04FgsBfdu7YOOWzNLSYywLUEtE2I5xmOZc4dZSBS0KyHqOlWRB4lGkLaF-PzIjXJ03lVQk4eyUq6SwIoFC0MA0rCjXl4EkJjTis_5b4_-8SV_gzDKA2NAxDxDw/s640/thumbnail_01%20(2).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="110" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg23Q4ALsUEja4Yyk7C8fLHISrAi7IQCciwoeza0r7pkUjOol_uB0hjMO9W6r3o2iFuh04FgsBfdu7YOOWzNLSYywLUEtE2I5xmOZc4dZSBS0KyHqOlWRB4lGkLaF-PzIjXJ03lVQk4eyUq6SwIoFC0MA0rCjXl4EkJjTis_5b4_-8SV_gzDKA2NAxDxDw/s16000/thumbnail_01%20(2).jpg" /></a></span></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Não é
difícil privar a grande maioria das pessoas de um pensamento independente. Mas a
minoria que se mantém atenta e crítica, não pode deixar de ser silenciada. Vimos
já porque é que a coacção se não pode limitar a fazer aceitar o código moral
que alicerça o plano segundo o qual é comandada toda a actividade social. Uma
vez que grande parte desse código moral nunca será explicitada, uma vez que
grande parte da escala de valores que o condicionou só existirá implicitada na
planificação, a mesma planificação em cada um dos seus pormenores, o mesmo
governo em cada um dos seus actos, terão de ser sacrossantos e estar ao abrigo
de qualquer crítica. Se é preciso que o povo apoie sem hesitações o esforço
comum, deve para isso estar convicto de que não só o fim desejado mas também os
meios escolhidos são os mais correctos. A doutrina oficial, a que se forçam
todos a aderir, deverá conter todos os pontos de vista sobre os factos em que a
planificação se baseia. Deverá suprimir-se toda a possibilidade de refutação,
desde a crítica aberta até às fugazes expressões de dúvida susceptíveis de
abalar a confiança pública. Tal como se expõe no relatório dos Webbs sobre o
ambiente existente em todas as empresas russas: “No meio do trabalho, qualquer expressão
de dúvida ou sequer de receio quanto às possibilidades de êxito da planificação,
é considerado um acto de deslealdade e até de traição por causa dos efeitos que
poderá ter na boa vontade e dos esforços do restante pessoal”. E caso tais
expressões de dúvida ou simples receio se refiram, não ao êxito da empresa, mas a toda a
planificação social, deverão ser tratadas como sabotagem.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Tanto como
as ideias acerca dos valores, os factos e as teorias constituem matéria da
doutrina oficial. E todo o aparelho de comunicação e ensino, as escolas e a
imprensa, a rádio e o cinema, serão exclusivamente destinados à difusão das
opiniões que, verdadeiras ou falsas, fortificam a confiança nas decisões do
Estado; e toda a informação que possa suscitar dúvidas será escondida. O único
critério para decidir se uma informação deve ser publicada ou escondida, é o do
efeito que ela possa ter na fidelidade do povo ao regime. A situação em que se vive
num estado totalitário é, permanentemente e em todos os sectores, idêntica
àquela em que, nos Estados não totalitários, só se vive, durante os períodos de
guerra, em alguns sectores. Tudo o que possa suscitar dúvidas sobre a
competência do governo ou criar descontentamento, será escondido do povo. Serão
suprimidas todas as informações que forneçam meios de comparação com a situação
noutros países, que dêem indicações sobre possíveis alternativas para o caminho
agora empreendido, que sugiram falhas por parte do governo, não ter ele
cumprido as promessas que fez, não ter sabido aproveitar as oportunidades para
melhorar a situação. Com este condicionalismo, não haverá nenhum sector que não
esteja sujeito ao controlo sistemático da informação e onde não seja obrigatória
a uniformidade de opiniões.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Tudo isto
se aplica a tudo, até a campos aparentemente muito afastados dos interesses
políticos, designadamente a todas as ciências, mesmo as mais abstractas.
Compreende-se com facilidade, e a experiência só o tem confirmado, que, num
sistema totalitário, não seja permitida a busca desinteressada da verdade nas
disciplinas que, mais directamente ligadas aos problemas humanos, mais
directamente podem afectar as opiniões políticas: a história, o direito, a
economia. Nestas disciplinas, a defesa das doutrinas oficiais terá de
constituir o objectivo único. E na realidade, tornaram-se elas, nos países
sujeitos ao totalitarismo, as fábricas mais produtivas de mitos oficiais que os
chefes utilizam para guiarem os espíritos e as vontades de seus súbditos. Nada
admira que se chegue a pôr de lado, até como pretexto, a busca da verdade e
sejam as autoridades que decidem quais as doutrinas a ser ensinadas e
publicadas.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLMB3qAyKbOWpQXWxlRPCKPgeiq7r-zGK8QfGjOOn_WX_5Xigc6e4Z6aDAybI0B6D7JHgPG8MLpQzf56uiBs1V2Lb8GmiCGJ-g0g0vBg9yCzqSnoev1FY6PgX7ukRiiqCNkQRDt5LzuM9sQNCbfwIeVTXsCf9mLN062HlZ0WxWJnZfTEcUhxj1iREvGjY/s3840/649751-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-In-no-other-field-has-the-world.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLMB3qAyKbOWpQXWxlRPCKPgeiq7r-zGK8QfGjOOn_WX_5Xigc6e4Z6aDAybI0B6D7JHgPG8MLpQzf56uiBs1V2Lb8GmiCGJ-g0g0vBg9yCzqSnoev1FY6PgX7ukRiiqCNkQRDt5LzuM9sQNCbfwIeVTXsCf9mLN062HlZ0WxWJnZfTEcUhxj1iREvGjY/w640-h360/649751-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-In-no-other-field-has-the-world.jpg" width="640" /></a></span></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O controle
autoritário da opinião estende-se também a domínios que, à primeira vista,
parece não terem significado político. É muitas vezes difícil explicar porque é
que certas doutrinas são oficialmente proscritas e outras incentivadas, e é
curioso observar como estas preferências são semelhantes nos vários regimes
totalitários. A todos eles parece comum uma forte aversão pelas formas mais
abstractas do pensamento, aversão de que também participam, significativamente,
muitos dos colectivistas que há entre os nossos cientistas. Seja, por exemplo,
a teoria da relatividade apresentada como “um ataque semita à física cristã e
nórdica” ou seja ela atacada por estar “em conflito com o materialismo
dialéctico e o dogma marxista”, o resultado é o mesmo. Também não faz grande
diferença que certos teoremas de estatística matemática sejam repudiados porque
“fazem parte da luta de classes na frente ideológica e são um produto do papel
histórico da matemática como lacaia da burguesia” ou porque “não dão garantias
de servirem os interesses do povo”. Parece que nem as matemáticas puras
escapam, e até a defesa de determinadas opiniões sobre a natureza da continuidade
pode ser considerada “um preconceito burguês”. Segundo os Webbs, o <i>Journal for Marxist-Leninist Natural
Sciences</i> contém os seguintes <i>slogans</i>:
“Pelo Partido na Matemática”, “Pela pureza da teoria marxista-leninista na
cirurgia”. A situação é semelhante na Alemanha. <i>O Journal of the National-Socialist Association of Mathematicians</i>
está cheio de expressões como “o Partido na matemática”, e um dos físicos
alemães mais conhecidos, o Prémio Nobel Lennard, resumiu o trabalho de toda a
sua vida no título <i>A Física Alemã em
Quatro Volumes</i>!<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Está inteiramente
de acordo com todo o espírito do totalitarismo a condenação de qualquer
actividade humana que tenha um carácter gratuito, que não seja determinada por
um propósito. A ciência pela ciência, a arte pela arte são tão abomináveis para
os nazis como para os nossos intelectuais socialistas ou comunistas. Não há
para eles actividade que não tenha de se justificar por uma finalidade social
deliberada. Não há para eles actividade espontânea, liberta de orientação
prévia. Porque esse género de actividade por dar resultados que não estão
previstos e para os quais o “plano” não tem soluções; pode dar origem a coisas
novas e não sonhadas na filosofia do planificador. E a mesma abominação abrange
os jogos e os divertimentos. Deixa ao leitor a possibilidade de adivinhar se
foi na Alemanha nazi ou na Rússia soviética que oficialmente se exortaram os
jogadores de xadrez nos seguintes termos: “Temos de acabar de uma vez para
sempre com a neutralidade do xadrez. Temos de condenar de uma vez para sempre a
fórmula <i>o xadrez pelo xadrez</i> tal como
condenámos a fórmula <i>a arte pela arte</i>.”<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXJ29sUazrFEi0_6YqEM82e6321u3q74gBGRzfT6aDXRZKUMBaYkCqwHhB5YNmWEdnPccg7aCxOf-9J5pbkh9W4q4WNmeyc5y18ZxP6Az9RGL3D9ck5RrygJr5v_Jhls3FwT2Dsq9haTLKlaOhH3jcphSMyTR9AqbuMeX5nNGWZ9l8AgDab9gvs-JAgJ4/s320/R%20(31).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="292" data-original-width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXJ29sUazrFEi0_6YqEM82e6321u3q74gBGRzfT6aDXRZKUMBaYkCqwHhB5YNmWEdnPccg7aCxOf-9J5pbkh9W4q4WNmeyc5y18ZxP6Az9RGL3D9ck5RrygJr5v_Jhls3FwT2Dsq9haTLKlaOhH3jcphSMyTR9AqbuMeX5nNGWZ9l8AgDab9gvs-JAgJ4/s16000/R%20(31).jpg" /></a></span></div><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /><b><br /></b></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Por muito
incríveis que nos pareçam algumas destas aberrações, é necessário
precavermo-nos contra elas e não as desdenharmos como meros subprodutos
acidentais que nada têm a ver com o carácter essencial de um sistema
planificador ou totalitário. Porque o não são. Porque são resultado directo
daquela mesma vontade de que tudo seja dirigido por uma "concepção unitária do
todo", daquela necessidade de defender, custe o que custar, as ideias em nome
das quais se exigem constantes sacrifícios ao povo, e daquele princípio segundo
o qual a sabedoria e as convicções populares apenas são um instrumento a usar
para um único fim. Uma vez que a ciência deixa de depender da verdade para
estar ao serviço dos interesses de uma classe, de uma comunidade ou de um
Estado, só se exprimem e discutem os argumentos destinados a justificar e
difundir as ideias que são impostas a toda a existência da comunidade. Neste
sentido explicou o ministro da Justiça nazi que toda a inovação científica deve
começar por se interrogar: “Sirvo o nacional-socialismo para maior benefício de
todos?”<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A mesma
palavra <i>verdade</i> perde o antigo
significado. Já não significa aquilo que é necessário procurar e tem na
consciência individual o único árbitro para decidir, em cada caso singular, se
a evidência (ou a posição daqueles que a proclamam) garante que nela se
acredite. Torna-se, antes, a designação daquilo que a autoridade estabelece,
daquilo em que é forçoso acreditar no interesse da unidade da acção organizada
e que é susceptível de alteração sempre que as exigências de tal acção
organizada a isso obrigaram.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O ambiente
intelectual que deste modo se origina, o espírito de total cinismo perante tudo
o que se relaciona com a verdade, a perda do sentido e até do significado que a
palavra verdade contém, o desaparecimento do espírito da investigação
independente e da possibilidade de acreditar no poder das convicções racionais,
a maneira como as diferenças de opinião se tornam, em todos os ramos do saber,
questões sobre as quais só as autoridades superiores devem decidir, tudo isso
são desgraças que só a experiência pessoal pode fazer conhecer pois não há
descrição capaz de as exprimir em toda a sua extensão. O mais alarmante será,
talvez, o facto de o desprezo pela liberdade intelectual não surgir só quando o
sistema totalitário está já estabelecido, mas <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/09/quanto-mais-alto-o-nivel-intelectual.html">se encontrar onde quer que os intelectuais tenham feito uma profissão de fé colectivista</a> e sejam aclamados
como chefes, trate-se embora de países nos quais ainda perdure o regime
liberal. Até <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/01/do-socialismo-mundial-sem-reservas.html">a pior das opressões é desculpada caso se exerça em nome do socialismo</a>, e a criação de um sistema totalitário vê-se amplamente defendida
por pessoas que pretendem falar em representação dos cientistas dos países
liberais; e também a intolerância vemos ser elogiada abertamente. Pois não
assistimos recentemente à defesa que um escritor britânico fez da Inquisição
dizendo que “ela constituiu um benefício para a ciência porque protegeu uma
classe em ascensão”. Opiniões como esta em nada se distinguem, efectivamente,
das convicções que levaram os nazis a perseguir homens de ciência, a queimar
livros científicos e a marginalizar sistematicamente a <i>intelligentzia </i>do povo subjugado.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-conflito-na-economia-contemporanea-i_26.html">Frederico Hayek</a> («O Caminho para a Servidão»).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A noção
que Disraeli tinha do papel dos judeus na política data da época em que era
ainda simples escritor e não havia iniciado a carreira política. As suas ideias
a este respeito não eram, portanto, resultado da experiência própria, mas
ateve-se a elas com notável tenacidade durante toda a sua vida.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>No seu
primeiro romance, <i>Alrov</i> (1833),
Disraeli elaborou o plano de um império judeu no qual os judeus reinariam como
uma classe estritamente delimitada e separada. O romance mostra a influência das
ilusões reinantes na época a respeito das possibilidades de poder dos judeus,
bem como a ignorância do jovem autor quanto às verdadeiras condições de poder
no seu tempo. 11 anos mais tarde, a experiência política no Parlamento e as
relações com homens eminentes haviam ensinado a Disraeli que “os objectivos dos
judeus, quaisquer que tenham sido antes e depois, estavam, na sua época, muito
longe da afirmação de nacionalidade política sob qualquer forma”. Noutro
romance, <i>Coningsby</i>, ele já abandonou o sonho de um império judeu e revelou um
plano fantástico, segundo o qual o dinheiro judeu domina a ascensão e a queda
de cortes e de impérios e reina de modo supremo na diplomacia. Nunca na vida
ele abandonou essa segunda noção de uma secreta e misteriosa influência dos
homens escolhidos da raça escolhida, que substituiu o seu sonho anterior de misteriosa casta dominante, abertamente constituída. Esta ideia tornou-se
o eixo da sua filosofia política. Em contraste com os seus mui admirados
banqueiros judeus que concediam empréstimos aos governos e recebiam comissões,
Disraeli, com a incompreensão de leigo, não entendia como tais possibilidades
de poder fossem manuseadas por pessoas desprovidas da ambição do poder e não
compreendia que um banqueiro judeu estivesse ainda menos interessado em política
do que os seus colegas não judeus; pelo menos para Disraeli, era natural que a
riqueza judaica servisse de instrumento para a sua política. Quanto mais vinha
a saber da eficaz organização dos banqueiros judeus em questões de negócios e
da sua permuta internacional de notícias e informações, mais se convencia de
que se tratava de algo como uma sociedade secreta que, sem que ninguém o
soubesse, tinha nas mãos os destinos do mundo.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH0cXrGBih1jF5jnyKelBKJvbZh0_K16oO9woPzLj6BYK5Yqa9gd-uYhktq-MNcQKrf3X7amCZIDt2ytu1_K5z6DKcDoGRiaAcxLfEoXyhdxtu-avu2eFkL0-whROoJZGHFPvyn_V7EWXyapntby1c89DBxm-hvvJP80CYkl-81RrGmqESstfEEV4SXDY/s850/R%20(32).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="850" height="302" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH0cXrGBih1jF5jnyKelBKJvbZh0_K16oO9woPzLj6BYK5Yqa9gd-uYhktq-MNcQKrf3X7amCZIDt2ytu1_K5z6DKcDoGRiaAcxLfEoXyhdxtu-avu2eFkL0-whROoJZGHFPvyn_V7EWXyapntby1c89DBxm-hvvJP80CYkl-81RrGmqESstfEEV4SXDY/w640-h302/R%20(32).jpg" width="640" /></a></span></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdsh0uX3gxAhNj_onEG9wSJ5hmljggFB7H8XGgptOs20_AaM46C9h8HJL6mJ-U2kfIbilZ-kCGFDpx3UXp-DRHSkaefjw5n9h6QG6gnrqar7yUWa8ep13npudChFv5ONo6OB7dZbvoBY75dTm6kA4FuIh3p-C4SVfV0uGlfJvU5DX3qFtRSP7fLDl4uCE/s1920/Benjamin_Disraeli_Signature_2.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="597" data-original-width="1920" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdsh0uX3gxAhNj_onEG9wSJ5hmljggFB7H8XGgptOs20_AaM46C9h8HJL6mJ-U2kfIbilZ-kCGFDpx3UXp-DRHSkaefjw5n9h6QG6gnrqar7yUWa8ep13npudChFv5ONo6OB7dZbvoBY75dTm6kA4FuIh3p-C4SVfV0uGlfJvU5DX3qFtRSP7fLDl4uCE/w640-h200/Benjamin_Disraeli_Signature_2.svg.png" width="640" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmsbXko-pFiKnh1PbL7LYSIHmR-qR9fEjNkrZbku6mGkdZzsi2iIR50hNMPsU78Z5I3SFQ-bq5bVuGzoUfkE1nvJOQWwWCSnsdV0r7nmVuggy43ZzvfK_zE7-rvPkYzddnLk3Jt6DEIPRYzHJagM7c06UQGoMx08n2klPD9A70VFfhWS17P4Azs944SC8/s1000/1986961100-quote-Benjamin-Disraeli-the-view-of-jerusalem-is-the-history-44927_1.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="562" data-original-width="1000" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmsbXko-pFiKnh1PbL7LYSIHmR-qR9fEjNkrZbku6mGkdZzsi2iIR50hNMPsU78Z5I3SFQ-bq5bVuGzoUfkE1nvJOQWwWCSnsdV0r7nmVuggy43ZzvfK_zE7-rvPkYzddnLk3Jt6DEIPRYzHJagM7c06UQGoMx08n2klPD9A70VFfhWS17P4Azs944SC8/w640-h360/1986961100-quote-Benjamin-Disraeli-the-view-of-jerusalem-is-the-history-44927_1.webp" width="640" /></a></span></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A crença
numa conspiração alimentada por uma sociedade secreta alcançou a maior força
propagandística na publicidade anti-semita, ultrapassando em importância as
tradicionais superstições a respeito de assassínios rituais e envenenamentos de
poços, supostamente cometidos por judeus. É altamente significativo que
Disraeli, para fins exactamente opostos e numa época em que ninguém pensava
seriamente em sociedades secretas, houvesse chegado a conclusões idênticas,
pois mostra claramente quanto essas invenções foram devidas a motivos e
ressentimentos sociais e até que ponto explicavam, mais facilmente do que a
verdade, as actividades económicas e políticas. Aos olhos de Disraeli, como aos
olhos de muitos outros charlatães menos conhecidos e famosos depois dele, todo
o jogo político era travado entre sociedades secretas. Não apenas os judeus,
mas qualquer outro grupo cuja influência não fosse politicamente organizada, ou
que estivesse em oposição ao sistema social e político, eram para ele forças
ocultas que agiam nos bastidores. Em 1863, julgou assistir a “uma luta entre as
sociedades secretas e os milionários europeus; até agora quem ganhou foi
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/11/deep-state-follow-rothschild-soros-and_26.html">Rothschild</a>”. Mas dizia também que “a igualdade natural dos homens e a supressão
da propriedade são proclamadas pelas sociedades secretas”: ainda em 1870 falava
com seriedade das forças “subterrâneas” e acreditava sinceramente que “sociedades
secretas com as suas ligações internacionais, e a Igreja de Roma usando das
suas pretensões e métodos bem como o eterno conflito entre a ciência e a fé”,
determinavam o curso da história humana.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A
inacreditável ingenuidade de Disraeli fazia-o ligar todas essas forças “secretas”
aos judeus. “Os primeiros jesuítas foram judeus; aquela misteriosa diplomacia
russa que tanto alarma a Europa ocidental é organizada e principalmente
executada por judeus; essa poderosa revolução que se prepara neste instante na
Alemanha e que será, de facto, uma segunda e maior Reforma [...] está a ser
elaborada inteiramente sob os auspícios dos judeus”, “homens de raça judia
estão à frente de cada um dos grupos comunistas e socialistas. O povo de Deus
coopera com ateus: <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/10/the-jewish-conspiracy-theory-of.html">os mais hábeis acumuladores de propriedade aliam-se aos comunistas</a>, a raça singular e escolhida dá mãos à escória e às castas
inferiores da Europa! E tudo porque desejam destruir esse Cristianismo ingrato
que lhes deve até o nome, e cuja tirania não podem suportar”. Na imaginação de
Disraeli, o mundo havia-se sub-repticiamente tornado judeu.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Nessa singular
fantasia acabou por ser traçado o mais engenhoso dos truques publicitários de
Hitler: a aliança secreta entre o judeu capitalista e o judeu socialista. Por
mais imaginária que fosse essa ideia, não se pode negar que ela tinha lógica.
Ao partir da premissa, como Disraeli, de que milionários judeus eram
arquitectos da política judaica; ao levar em conta os insultos que os judeus
haviam recebido durante séculos (que, por mais reais que fossem, não deixaram
de ser exagerados pela propaganda de apologia dos judeus); ao observar os casos,
não muito raros, da ascensão de filhos de milionários judeus à chefia de
movimentos dos trabalhadores; ao verificar a forte interligação existente entre
famílias judaicas, não parecia tão inviável que fosse rejeitada a imagem
oferecida por Disraeli – retomada por vários
anti-semitas no futuro – de calculada vingança dos judeus contra os
povos cristãos. Na verdade, os filhos dos milionários judeus inclinavam-se para
os movimentos de esquerda precisamente porque – além dos motivos óbvios:
conflito de gerações, repulsa e concessões pouco dignificantes dos pais, etc. –
lhes faltava aquela consciência de classe (peculiar do filho de um burguês
comum), exactamente como, pelas mesmas razões, os trabalhadores não alimentavam
aqueles sentimentos anti-semitas, declarados ou não, que sentiam as outras classes.
Assim, os movimentos de esquerda passaram a oferecer aos judeus as únicas possibilidades
reais de assimilação genuína. A persistente propensão de Disraeli para explicar
a política em termos de sociedades secretas baseava-se em experiências que,
mais tarde, convenceram muitos outros intelectuais europeus de menor
importância. Conforme a sua experiência era muito mais difícil penetrar na
sociedade inglesa do que obter um lugar no parlamento. A sociedade inglesa do seu
tempo reunia-se em clubes elegantes à margem de diferenças partidárias. Os
clubes, embora fossem extremamente importantes na formação do escol político,
não eram do domínio público. Para quem estivesse de fora, deviam ter parecido
realmente muito misteriosos. Eram secretos no sentido de que poucos tinham
acesso a eles. Tornavam-se misteriosos na medida em que membros de outras
classes, que pediam admissão, eram recusados após uma pletora de dificuldades
incalculáveis, imprevisíveis e aparentemente irracionais. Nenhuma honraria
política se podia igualar aos triunfos decorrentes daquela associação íntima
com os privilegiados.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Hannah Arendt
(«As Origens do Totalitarismo»).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguToEtCvIGdz2MxicM6oDjvbHcui6jWH-cBkPS2y1A3XjcoxvCCbqJHN7at8hSuQbwZ7xQZ4TvPHLdo6zzKblpNgqHTr1UOcQNpPvPh8sFPTOPkh9Tn9MoHHy8s75qJ86ePRqvxs74EPnRjCXYw9HVa8v_74e1aJSu-g0cb67q3hVREdHIGdtOY3VXfcI/s838/838_heidegger_arendt.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="838" data-original-width="838" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguToEtCvIGdz2MxicM6oDjvbHcui6jWH-cBkPS2y1A3XjcoxvCCbqJHN7at8hSuQbwZ7xQZ4TvPHLdo6zzKblpNgqHTr1UOcQNpPvPh8sFPTOPkh9Tn9MoHHy8s75qJ86ePRqvxs74EPnRjCXYw9HVa8v_74e1aJSu-g0cb67q3hVREdHIGdtOY3VXfcI/w400-h400/838_heidegger_arendt.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Hannah Arendt e Martinho Heidegger</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Parece-me
sugestivo assinalar que aquilo que o internacionalismo é para as pátrias, as
nações e os povos, é-o o colectivismo (ou o socialismo) para os homens, as
pessoas e os indivíduos. Quando um e outro dominam, é fácil vaticinar a
dissolução das pátrias ou, para empregar a baixa retórica dos actuais políticos
e seus jornalistas, é fácil vaticinar o abandono progressivo da “identidade
nacional” bem como o crepúsculo inevitável da autonomia política. O patriotismo
passa então a ser um grosseiro economismo como acontece agora, quando os
políticos interrogam se Portugal “é economicamente viável”».<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/02/do-conceber-para-o-lugar-do-conceber.html">Luís Furtado</a> («Segundo Diálogo sobre a Pátria», in «Escola Formal», quinto número,
Dez. 1977/Fev. 1978, p. 11).<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #990000;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">«O que
parece incomodamente claro, desde já, é a força de certos processos,
aparentemente incontroláveis, que tendem a destruir todas as esperanças de evolução
constitucional nos novos países e a minar as instituições republicanas dos
países mais velhos. Os exemplos são numerosos demais para permitirem uma
enumeração mesmo sucinta, mas a intromissão do “governo invisível” de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/04/the-real-agenda-behind-cia-spawning-eu.html">serviços secretos</a> nos assuntos domésticos, nos sectores culturais, educacionais e
económicos da vida, é um sinal por demais ominoso para passar desapercebido.
Não há por que duvidar da declaração de Allan W. Dulles de que o serviço de
espionagem dos Estados Unidos vem desfrutando desde 1947 de “uma posição mais
influente no nosso governo do que a espionagem desfruta em qualquer outro
governo do mundo” [Foi o que disse Allan Dulles num discurso na Universidade de
Yale em 1957, segundo David Wise e Thomas B. Ross, <i>The Invisible Government</i>, Nova Iorque, 1964, p. 2.], nem há motivo
para acreditar que essa influência tenha diminuído desde que ele fez essa
declaração, em 1958. O perigo mortal do “governo invisível” para as
instituições do “governo visível” já foi apontado muitas vezes; o que talvez
seja menos conhecido é a íntima ligação que tradicionalmente existiu entre a
política imperialista e o domínio por meio do “governo invisível” e dos agentes
secretos. É um erro pensar que a criação de uma rede de serviços secretos nos
Estados Unidos após a II Guerra Mundial tenha sido a resposta a uma ameaça
directa à sua sobrevivência nacional pela rede de espionagem da União
Soviética; a guerra havia guindado os
Estados Unidos à posição de maior potência mundial, e esse poder mundial, e
não a existência nacional, é que era desafiado pelo poder revolucionário do
comunismo dirigido por Moscovo. [Dizia Allan Dulles que o governo tinha de
combater “fogo com fogo” e, com a desconcertante franqueza que distinguia o
ex-chefe da CIA dos seus colegas de outros países, passava a explicar o que queria
dizer. Pelos vistos, a CIA tinha de seguir o modelo do serviço de segurança do
Estado soviético, que “é mais que uma organização de polícia secreta, mais que
uma organização de espionagem e contra-espionagem. É um instrumento para a <i>subversão, manipulação e violência, para a
intervenção secreta nos assuntos de outros países</i>” (O itálico é da autora).
</span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">V. Allan W. Dulles,
<i>The Craft of Intelligence</i>, Nova
Iorque, 1963, p. 155]».<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Hannah
Arendt («As Origens do Totalitarismo»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgP2kuG8EADxYHMcEW-fuhtjeeBf2FrllmUb9xaaUwCWk_jCTyL6gEmnD5xDDCb0Ue3vHSzMb267kVLorOfhRIntf1BLJa305oZ1rpspAtAyDuewhcwkSP0a26OabgtIXjxK0tOaz3BgKxmmlPeGkAHzZBwdvESFCJNdhRvOq7Atrw4ZIxWcNxLEDIDS74/s500/51j+i73uodL.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="334" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgP2kuG8EADxYHMcEW-fuhtjeeBf2FrllmUb9xaaUwCWk_jCTyL6gEmnD5xDDCb0Ue3vHSzMb267kVLorOfhRIntf1BLJa305oZ1rpspAtAyDuewhcwkSP0a26OabgtIXjxK0tOaz3BgKxmmlPeGkAHzZBwdvESFCJNdhRvOq7Atrw4ZIxWcNxLEDIDS74/s16000/51j+i73uodL.jpg" /></a></span></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQTjU-Mdre9k_zuxGp16HtBKQcpaXfroIRV-emMfwGwlYvWsD7aYgRGjSPriDaS4W73b-_Hx9lHi2u_bYb_WQacUXTroVOwvvZM4sO27MdKCxEZLA_ZlVzCYorD1YBD8KAyRlMUgx_flwV_8DtmxNYVbVd2yydloIE-p4oGCYWkd1m-Bv8YRLPPbScXZU/s527/default.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="527" data-original-width="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQTjU-Mdre9k_zuxGp16HtBKQcpaXfroIRV-emMfwGwlYvWsD7aYgRGjSPriDaS4W73b-_Hx9lHi2u_bYb_WQacUXTroVOwvvZM4sO27MdKCxEZLA_ZlVzCYorD1YBD8KAyRlMUgx_flwV_8DtmxNYVbVd2yydloIE-p4oGCYWkd1m-Bv8YRLPPbScXZU/s16000/default.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicZJBphXaxPdGJbNSlqI0WjGUj-4DN3kCPouqPfBwDecMsIMZmtDpJj-8sFdvjpIxVkIjn_ZGjWCZhYb1SFuNrWHv2_X7C7S2DivlU1MA0LCSluyP_-9S449sK-dbCkJxVvjIIRUCeGzzfsXYfvWw60iQoRx5yYPXu5ElQgIpIEcGZdggfjTHBPY5i1kM/s1600/1596669-Allen-Dulles-Quote-An-intelligence-service-is-the-ideal-vehicle.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicZJBphXaxPdGJbNSlqI0WjGUj-4DN3kCPouqPfBwDecMsIMZmtDpJj-8sFdvjpIxVkIjn_ZGjWCZhYb1SFuNrWHv2_X7C7S2DivlU1MA0LCSluyP_-9S449sK-dbCkJxVvjIIRUCeGzzfsXYfvWw60iQoRx5yYPXu5ElQgIpIEcGZdggfjTHBPY5i1kM/w640-h360/1596669-Allen-Dulles-Quote-An-intelligence-service-is-the-ideal-vehicle.jpg" width="640" /></a></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span lang="EN-US" style="line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47; font-family: times; font-size: x-large;">Antissemitismo, socialismo e supranacionalismo</span></b></span></p><p><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A estrutura
política do Estado-nação foi instituída quando nenhum grupo em particular
estava em posição de exercer o poder político exclusivo, de modo que o governo
assumia o verdadeiro domínio político, que nem sempre dependia de factores
apenas sociais e económicos. Os movimentos revolucionários de esquerda, que
lutavam por uma mudança radical das condições sociais, de início jamais visavam
directamente a essa suprema autoridade política. Haviam desafiado o poder da
burguesia e a sua influência sobre o Estado, mas, ao mesmo tempo, dispunham-se
sempre a aceitar a orientação do governo em assuntos estrangeiros, onde estavam
em jogo os interesses de uma nação supostamente unificada. Em contraste com
essa atitude, os grupos anti-semitas preocupam-se, também desde o início, com
assuntos estrangeiros; o seu ímpeto revolucionário era dirigido contra o
governo em geral e não contra uma classe social e o que realmente almejavam era
destruir o padrão político do Estado-nação por meio de uma organização
partidária.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O facto de
um partido pretender colocar-se acima de todos os partidos tinha outras
implicações, mais significativas do que o anti-semitismo. Se a questão
consistisse apenas em desfazer-se dos judeus, a proposta feita por Fritsch num
dos primeiros congressos anti-semitas – de não criar um novo partido, mas
disseminar o anti-semitismo até que finalmente todos os partidos existentes
fossem hostis aos judeus – teria chegado ao resultado almejado muito mais
rapidamente <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Acontece que a proposta de Fritsch não encontrou eco, porque o anti-semitismo
já se transformara, na época, num instrumento para a liquidação não apenas dos
judeus, mas também da estrutura política do Estado-nação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não foi por
acaso que este alvo dos partidos anti-semitas coincidiu com os primeiros
estádios do imperialismo e encontrou tendências parecidas tanto na
Grã-Bretanha, embora não contagiadas pelo anti-semitismo como nos movimentos vivamente
anti-semitas que pretendiam unificar o continente. Na Alemanha, essas
tendências não incorporaram o anti-semitismo para se reforçar popularmente, mas
originaram-se directamente nele e os partidos anti-semitas precederam (e
sobreviveram) à formação de grupos puramente imperialistas, como a Liga
Pangermânica, todos proclamando transcenderem os agrupamentos partidários.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os
movimentos análogos que, porém, se afastavam da demagogia dos partidos
anti-semitas com o fito de, por apresentarem mais seriedade, alcançaram maiores
oportunidades de vitória, foram aniquilados ou submersos pelo movimento
anti-semita, o que bem indica a importância política da questão. Os
anti-semitas estavam convencidos de que a sua pretensão de tomar o poder
absoluto não era outra coisa senão aquilo que os judeus já haviam conseguido e
que o seu anti-semitismo era justificado pela necessidade de eliminar os reais
ocupantes dos postos de mando: os judeus. Assim, era necessário ingressar na
área da luta contra os judeus exactamente como os trabalhadores lutavam contra
a burguesia, e, atacando os judeus, que apresentavam – de acordo com a ideia
geral – como detentores do poder por detrás dos governos, agrediam abertamente
o próprio Estado, catalisando assim todos os descontentes e frustrados.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8hhWIVjDupR1goVIyjI9u97F-2HYSl0rBi6BLVTdvLsT3_JYFnCySPSqAbNOkHzN3_YnOUhE4vK4OekGjC_GFLWS0Uhp7Hdp7sQStBOvpQFL6PRwpXs0ln2zUyfbfAV1573pi09dbmMsKAQhKw2tz6FYcZT1_ohc-lttzlorb4uGuTC0iW847-4Nne64/s2715/20230918164349_000012.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2715" data-original-width="1704" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8hhWIVjDupR1goVIyjI9u97F-2HYSl0rBi6BLVTdvLsT3_JYFnCySPSqAbNOkHzN3_YnOUhE4vK4OekGjC_GFLWS0Uhp7Hdp7sQStBOvpQFL6PRwpXs0ln2zUyfbfAV1573pi09dbmMsKAQhKw2tz6FYcZT1_ohc-lttzlorb4uGuTC0iW847-4Nne64/w402-h640/20230918164349_000012.jpg" width="402" /></a></div><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A segunda
característica altamente significativa dos novos partidos anti-semitas está na
organização supranacional de todos os grupos europeus ligados à mesma corrente,
em flagrante contraste com as palavras de ordem nacionalista. A sua preocupação
supranacional indicava claramente que não visavam apenas a conquista do poder
político da nação, mas também almejavam – e já haviam planeado – um governo
intereuropeu, «acima de todas as nações» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Este segundo elemento revolucionário que significava o rompimento fundamental
com o <i style="color: black;">status quo</i>, tem sido
frequentemente esquecido, porque os próprios anti-semitas usavam, apesar da sua
característica revolucionária, a linguagem dos partidos reaccionários, em parte
devido a hábitos tradicionais, em parte por que mentiam conscientemente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Uma íntima
relação liga as condições peculiares da existência judaica e a ideologia de
grupos anti-semitas. Os judeus constituíam o único elemento intereuropeu numa
Europa organizada numa base nacional. Era lógico que os seus inimigos se
organizassem de acordo com o mesmo princípio e, na sua luta contra o grupo que
supera as nações, criassem um partido que supera os partidos, já que pretendiam
eliminar esses pretensos manipuladores do destino político de todas as nações,
apoderando-se dos seus segredos e das suas armas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O sucesso
do anti-semitismo supranacional dependia ainda de outras considerações. Mesmo
no fim do século XIX, e especialmente desde a Guerra Franco-Prussiana em 1870,
um número crescente de pessoas considerava antiquada a organização nacional da
Europa, pois ela já não podia enfrentar a convicção de que interesses idênticos
envolviam toda a Europa. Este sentimento fornecia forte argumento a favor da
organização internacional do socialismo. Mas enquanto as organizações
socialistas internacionais permaneciam passivas e desinteressadas no sector da
política externa (isto é, precisamente nas questões em que o seu
internacionalismo poderia ter sido posto à prova), os anti-semitas começavam
pelos problemas de política externa e chegavam a prometer a solução de
problemas internos numa base supranacional. Se estudarmos as ideologias, não pela
aparência, mas analisando profundamente os verdadeiros programas dos
respectivos partidos, verificaremos que os socialistas, muito mais interessados
pelos assuntos internos, enquadravam-se melhor na estrutura do Estado-nação do
que os anti-semitas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Isto não
significa, naturalmente, que as convicções internacionalistas dos socialistas
não fossem sinceras. Ao contrário, eram mais fortes e até anteriores aos
interesses supranacionais de classes, que ultrapassaram as fronteiras de
Estados nacionais. Mas a consciência da importância transcendente da luta de
classes dentro de cada Estado, levou-os a desprezar a herança que a Revolução Francesa
havia legado aos partidos operários e que, se realizada, poderia tê-los guiado
à teoria política articulada no sentido internacionalista. Os socialistas
mantiveram implicitamente intacta a validade do conceito «nação entre nações»,
todas pertencentes à família da Humanidade; mas não foram capazes de
transformar esta ideia em facto aceite pelo mundo dos Estados soberanos. Por
conseguinte, o seu internacionalismo permaneceu na convicção pessoal,
compartilhada por todos e o seu saudável interesse pela soberania nacional
tornou-se uma insalubre e irrealista indiferença pela política externa. Aliás,
os partidos de esquerda não tinham, em princípio, objecções a Estados-nações,
mas tão só ao aspecto hegemónico das soberanias nacionais, a ponto de
preconizarem como solução política a formação de estruturas federalistas, com
eventual integração de todas as nações em termos iguais, o que pressupunha, de
certa forma, liberdade e independência nacional de todos os povos oprimidos.
Por isso, os partidos socialistas podiam operar, dentro dos limites do Estado-nação,
pensando emergir, quando decaíssem as estruturas sociais e políticas do Estado,
como o único partido hostil a fantasias expansionistas e que não sonhava com a
destruição de outros povos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsv8jd642h1lu6UO9lgjXkhggyFuohYi4IoF74qYg8i7fYblNcqdtszQ-8Ds6ZfohtAJPjw4G1KFSEx9ymkGM8v0WE4A8MbM2M9trkJSuW1KZxq7c2DMZ1X4iSnLgvTZPn0D4Gwk3TAGGJCqHk2cA0yh5I9rcuIHMSqzb9aJHs_2VLgAJw3gwEJmWPprg/s756/hannah-arendt-613744.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="756" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsv8jd642h1lu6UO9lgjXkhggyFuohYi4IoF74qYg8i7fYblNcqdtszQ-8Ds6ZfohtAJPjw4G1KFSEx9ymkGM8v0WE4A8MbM2M9trkJSuW1KZxq7c2DMZ1X4iSnLgvTZPn0D4Gwk3TAGGJCqHk2cA0yh5I9rcuIHMSqzb9aJHs_2VLgAJw3gwEJmWPprg/s16000/hannah-arendt-613744.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
supranacionalismo dos anti-semitas abordava a questão da organização
internacional do ponto de vista exactamente oposto. O seu objectivo era uma
superestrutura estatal que destruísse as estruturas nacionais. O seu
ultranacionalismo, que preparava a destruição do corpo político da sua própria
nação, baseava-se no nacionalismo tribal, com um desmedido desejo de conquista,
que constituiria uma das forças principais com que se poderiam aniquilar as
fronteiras do Estado-nação e da sua soberania. Quanto mais eficiente se
tornavam os meios de propaganda chauvinista, mais fácil era persuadir a opinião
pública da necessidade de uma estrutura supranacional que – partindo da
hegemonia do próprio grupo nacional – reinasse de cima e sem distinções
nacionais através de um monopólio universal da força e dos instrumentos de
violência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Restam
poucas dúvidas de que a condição especial do povo judeu – o facto de serem
intereuropeus – poderia ter servido aos fins do federalismo socialista pelo
menos tão bem quanto iria servir às sinistras conspirações dos
supranacionalistas. Mas os socialistas mostravam-se tão preocupados com a luta
de classes e tão despreocupados das consequências políticas dos conceitos que haviam
herdado, que somente perceberam a existência dos judeus como factor político
quando deram de frente com um sério concorrente no plano interno: o
anti-semitismo desenfreado. Nessa ocorrência, estavam não só mal preparados para
integrar a questão judaica nas suas teorias, mas também receosos de tocar no
assunto. Neste ponto, como em outras questões internacionais, deixaram a
iniciativa aos supranacionalistas que, na época, se faziam passar pelos únicos
que conheciam as soluções dos problemas mundiais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">No dobrar
do século XIX, os logros da década de 79 desvaneceram-se e uma era de
prosperidade e de bem-estar, especialmente na Alemanha, acabou com a prematura
agitação da década de 80. Ninguém poderia prever que esse período representava
apenas uma trégua temporária e que todas as questões políticas não resolvidas,
juntamente com todos os ódios não aplacados, redobrariam em força e violência
após a I Guerra Mundial. Os partidos anti-semitas na Alemanha, depois de um
sucesso inicial, reduziram-se à sua insignificância e os seus dirigentes, após
breve agitação da opinião pública, saíram pela porta traseira da história.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In Hannah Arendt, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As
Origens do Totalitarismo</i>, Publicações Dom Quixote, 8.ª edição, 2018, pp.
48-52). <o:p></o:p></span></b></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Essa proposta foi feita em 1886
em Cassel, onde foi fundada a Deutsch Anti-semitische Vereinigung [Associação
Alemã Anti-Semita].<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> O primeiro congresso
internacional antijudaico realizou-se em 1882 em Dresden, com cerca de 3000
delegados da Alemanha, Austro-Hungria e Rússia; durante as discussões, Stoecker
foi derrotado pelos elementos radicais, que se reuniram um ano mais tarde em
Chemnitz (actual Karl-Marx-Stadt, na Alemanha Oriental), e fundaram a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Alliance Antijuive Universelle</i>. Um bom
relato dessas reuniões e congressos, seus programas e discussões, pode ser
encontrado em Wawrzinek, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">op. cit</i>.</span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyCZGL4M5jq8-R6-JPw9etsgB1vcPBc_IK7Z7VpqI4Vu0et5FZ7ZkWl92xd6wHlrhDf7hPz10lzH0frG2payYwHliu0OslUOIDpOxc55YbkrCByCvakIPY8RHyJGMA9uLbzeg2VnQ43WpzaBEwcAapItdZL7g7ALoxQlZdOXoc-E54e206YqWXFHSvUXs/s728/79495f8c3c94c9a48cd8b1ad03830c75.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="343" data-original-width="728" height="302" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyCZGL4M5jq8-R6-JPw9etsgB1vcPBc_IK7Z7VpqI4Vu0et5FZ7ZkWl92xd6wHlrhDf7hPz10lzH0frG2payYwHliu0OslUOIDpOxc55YbkrCByCvakIPY8RHyJGMA9uLbzeg2VnQ43WpzaBEwcAapItdZL7g7ALoxQlZdOXoc-E54e206YqWXFHSvUXs/w640-h302/79495f8c3c94c9a48cd8b1ad03830c75.jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMgdlIYdXe3PJnIBTVFzNUw-9SyiZKWu0LCzWrcT4DWOjz-u7-eIPqsK77TdHGkScXlEgjy6Tf3dAnzBH30Dyt1dQ_AyexYADV3FUlyTSTEH-P9L5zlgTDJ2XhDvAg3G1r5n6sDfAq9jFh38nirq1jOnAi16MUIH7yrWhD3vnb1LNR-7l5nKBn3xe9auI/s1920/1920px-Hannah_Bluecher-Arendt_signature.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="199" data-original-width="1920" height="66" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMgdlIYdXe3PJnIBTVFzNUw-9SyiZKWu0LCzWrcT4DWOjz-u7-eIPqsK77TdHGkScXlEgjy6Tf3dAnzBH30Dyt1dQ_AyexYADV3FUlyTSTEH-P9L5zlgTDJ2XhDvAg3G1r5n6sDfAq9jFh38nirq1jOnAi16MUIH7yrWhD3vnb1LNR-7l5nKBn3xe9auI/w640-h66/1920px-Hannah_Bluecher-Arendt_signature.svg.png" width="640" /></a></div><p></p></div></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-15900750610227651012023-09-22T05:01:00.002-07:002023-09-22T17:44:13.552-07:00"Quanto mais alto o nível intelectual, quanto mais falamos com intelectuais, mais provável é depararmos com convicções socialistas!"<b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Frederico Hayek</span></b><div><b><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></b></div><div><br /></div><div><br /></div><div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWIyGr5Vq7Jw_eBW3Wa1U8ncKnXNiLKYTAk8rwdZkY12U1ESPLJT4PZN835njSUPDI2453B_qMfZ57nRqtrOmD9BqxnzniblXymTjdMBnDodD5WggiJ_oWTRWuW8OT7vY9qkcypLgSQVWyeF1Bo5qQt2ktI3XxFrrR3vJcCJRlZVGXBpwTGGnJzOBXovI/s640/20221003175610_00001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="428" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWIyGr5Vq7Jw_eBW3Wa1U8ncKnXNiLKYTAk8rwdZkY12U1ESPLJT4PZN835njSUPDI2453B_qMfZ57nRqtrOmD9BqxnzniblXymTjdMBnDodD5WggiJ_oWTRWuW8OT7vY9qkcypLgSQVWyeF1Bo5qQt2ktI3XxFrrR3vJcCJRlZVGXBpwTGGnJzOBXovI/s16000/20221003175610_00001%20(1).jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A filosofia
com todos os seus progressos ainda não pôde oferecer às multidões nenhum ideal
que as encante, e, porque elas carecem a todo o custo de ilusões, dirigem-se
instintivamente, como o insecto que se arremessa para a luz, para os retóricos
que lhas apresentam. O grande factor da evolução dos povos nunca foi a verdade,
mas sim o erro. O socialismo, se é hoje tão poderoso, é por ser a única ilusão
que ainda hoje tem vida. E assim, apesar de todas as demonstrações científicas,
o socialismo continua a crescer. A principal força do socialismo reside em ser
defendido por espíritos que ignoram da realidade das coisas o bastante para
ousarem prometer a felicidade dos homens. A ilusão social pompeia hoje sobre
todas as ruínas acumuladas do passado e pertence-lhe, sem dúvida, o futuro. As
multidões nunca tiveram sede de verdades; em presença de evidências que lhes
desagradem, afastam-se, preferindo deificar o erro, se este as encantar. Quem
facilmente as souber iludir, assenhorear-se-ia delas; quem tentar desiludi-las
será sempre vítima delas.»<o:p></o:p></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/genese-da-grandeza-e-decadencia-das.html">Gustave Le Bon</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/12/e-na-escola-que-hoje-se-formam-os.html">«A Psicologia das Multidões»</a>).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #741b47;"><br /></span></b></div><p></p></div><div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Precisamos
de uma Revolução completamente ventilada. A nossa Revolução tem de sair à luz e
ao ar. Poderemos ter de aceitar a sovietização à russa muito em breve, a menos
que consigamos conceber nós uma colectivização melhor. Mas se concebermos uma
colectivização melhor, é bastante provável que o sistema russo incorpore as
nossas melhorias, esqueça de novo o seu nacionalismo em revitalização, destrone
Marx e Estaline (tanto quanto estes podem ser destronados) e se funda no único
Estado mundial.<o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Entre estes
antagonistas primários, entre a Revolução com os olhos abertos e a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/07/lethal-lockdowns-who-cdc-global-genocide_9.html">Revolução de máscara e mordaça</a>, haverá certamente complicações devidas a patriotismos e
fanatismos e à cegueira deliberada e impermeável a ensinamentos daqueles que
não querem ver. A maioria das pessoas mente muito a si própria antes de mentir
às outras pessoas, e é impossível esperar que todos os cultos e tradições em
confronto que confundem o espírito humano actual se unam em face da compreensão
da situação humana tal como a descrevi aqui. Há multidões que nunca a
compreenderão. Poucos seres humanos são capazes de mudar as suas ideias
essenciais passada a metade da casa dos trinta anos. Ficam fixados e agem de
acordo com elas não mais inteligentemente do que os animais agem de acordo com
os seus impulsos inatos. Preferem morrer a mudar os seus segundos eus.»<o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/o-novo-mapa-do-mundo.html">Herbert George Wells</a> («A Nova Ordem
Mundial»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY09UpfIvonqcKZN9It893nD6fkFEBkebEMxT1co065LRRrE29VwfhbJqu5ZUHgNAaMBIMkUkUeq0lZlCVut6U-a0290RmBNWdGsi0Aww_8l3AX9DzrPqMxQYAEuOtVB97XXppZDORoFbL4E2M1egwVYp9YwPHEzc0toggKVDacAqhY74phbBULeBHOU0/s2725/20220928164303_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2725" data-original-width="1820" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY09UpfIvonqcKZN9It893nD6fkFEBkebEMxT1co065LRRrE29VwfhbJqu5ZUHgNAaMBIMkUkUeq0lZlCVut6U-a0290RmBNWdGsi0Aww_8l3AX9DzrPqMxQYAEuOtVB97XXppZDORoFbL4E2M1egwVYp9YwPHEzc0toggKVDacAqhY74phbBULeBHOU0/w427-h640/20220928164303_00001.jpg" width="427" /></a></div><br /><span lang="EN-US" style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«As grandes
crenças gerais são em número muito restrito. O seu aparecimento e a sua
extinção formam o ponto culminante da História para toda a raça histórica; essas
crenças constituem o verdadeiro esqueleto do edifício das civilizações.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>É facílimo estabelecer uma opinião passageira na alma das multidões; mas é dificílimo assentar nela
uma crença duradoura. Como é igualmente muito difícil destruí-la, logo que ela se haja assentado. A maior parte das vezes, só à custa de violentas revoluções
é que essa crença se pode mudar, sendo para notar que mesmo as revoluções só
conseguem isso quando a crença haja completamente perdido o domínio sobre as
almas. As revoluções só servem para de todo varrerem o que já estava quase
abandonado, mas que o hábito impedia de ser completamente abandonado. As
revoluções que se iniciam são, na realidade, crenças que acabam.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Gustave Le
Bon («A Psicologia das Multidões»). <span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p><b> </b></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«(…) muitos
de nós estamos a começar a perceber que todos os governos existentes têm de entrar
no cadinho, acreditamos que temos diante de nós uma revolução mundial e que, na
grande luta para evocar um Socialismo Mundial Ocidentalizado, os governos
contemporâneos podem desaparecer como chapéus de palha nos rápidos do Niágara.»<o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/01/do-socialismo-mundial-sem-reservas.html">Herbert George Wells</a> («A Nova Ordem Mundial»). </b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK316z8xzHXCZHU4Iv7PWSUKeMYopsW9Nom6CeihjfwdgBKe8DBoVCyMp3kYIzzO_bKBAgh_wDyICyPSEzp-mHHWpZN8ZQZ3y14Etom8mYWCHGzW-vhgS3TFbQV57F9MPyF4ure8LZdX1hocXDzGfnFNjmkqt5xoqorSRQ3E8FXsying_Dluy8vsoBCiQ/s2709/20220928164303_00002.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2709" data-original-width="1800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK316z8xzHXCZHU4Iv7PWSUKeMYopsW9Nom6CeihjfwdgBKe8DBoVCyMp3kYIzzO_bKBAgh_wDyICyPSEzp-mHHWpZN8ZQZ3y14Etom8mYWCHGzW-vhgS3TFbQV57F9MPyF4ure8LZdX1hocXDzGfnFNjmkqt5xoqorSRQ3E8FXsying_Dluy8vsoBCiQ/w426-h640/20220928164303_00002.jpg" width="426" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«O absurdo
filosófico que muitas vezes apresentam as crenças gerais nunca foi um obstáculo ao seu triunfo. Este só parece até possível quando essas crenças contenham
qualquer misterioso absurdo. Não será, pois, a fraqueza evidente das crenças
socialistas actuais o que obstará ao seu triunfo na alma das multidões. A
verdadeira inferioridade das crenças socialistas, relativamente a todas as crenças
religiosas, reside unicamente no facto de estas apresentarem um ideal de
felicidade que só numa vida futura será realizado, não podendo, portanto,
ninguém contestar-lhe a realização. O ideal de felicidade socialista, porque
tem de ser realizado na terra, patenteará, logo às primeiras tentativas de
realização, a inanidade das suas promessas e a nova crença perderá nessa ocasião
todo o seu prestígio. O seu poder só aumentará, pois, até ao dia em que, pelo triunfo
obtido, comece a sua realização prática. E é por isto que, se a nova religião
exerce agora, como todas que a precederam, uma função destruidora, não poderá
depois exercer, como estas, a função criadora.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Gustave Le
Bon («A Psicologia das Multidões»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><o:p><b> </b></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Outra
probabilidade importante de uma ordem mundial colectivista que tem de ser aqui
referida é o enorme aumento da velocidade e da quantidade de investigação e
descobertas. Escrevo “investigação”, mas refiro-me àquele ataque cerrado à
ignorância, ao ataque biológico e ao ataque físico, a que geralmente se chama “Ciência”.
A “Ciência” chega-nos dessa Idade das Trevas académica, quando os homens tinham
de se consolar da sua ignorância fingindo haver uma quantidade limitada de
conhecimento no mundo e se pavoneavam homenzinhos de cartolas e togas, bacharéis
que sabiam tudo o que havia para saber. Agora é evidente que nenhum de nós sabe
grande coisa, e quanto mais analisamos o que sabemos, mais coisas não
detectadas até então encontraremos a espreitar dos nossos pressupostos.<o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Até agora,
isto da investigação, aquilo a que chamamos “mundo científico”, tem de facto
estado nas mãos de muito poucos. Deixo a sugestão de que no nosso mundo
actual, de todos os cérebros capazes de grandes e magistrais contributos para o
pensamento e a realização “científicos”, cérebros do calibre dos de Rutherford,
Darwin, Mendel, Freud, Leonardo ou Galileu, menos de um num milhar, menos de um
em muitos milhares, nasce em condições tais que lhe permitam realizar as suas
oportunidades. Os restantes nunca aprendem uma língua civilizada, nunca se
aproximam sequer de uma biblioteca, nunca têm a menor hipótese de se
autorrealizar, nunca ouvem o chamamento. Estão subnutridos, morrem novos, são
desaproveitados. E dos milhões que dariam bons, úteis e curiosos investigadores
e exploradores secundários, nem um num milhão é aproveitado.<o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Mas considere-se
agora como seriam as coisas se tivéssemos uma educação estimulante em todo o
mundo, uma busca sistemática e cada vez mais competente de qualidades mentais
excepcionais e uma rede cada vez mais extensa de oportunidades para elas.
Suponha-se que um espírito público arguto implicava uma atmosfera de respeito
cada vez maior pela realização intelectual e uma crítica mais contundente da
impostura. Aquilo que hoje chamamos “progresso científico” pareceria um avanço
débil, hesitante e incerto quando comparado com o que estaria a acontecer
nestas circunstâncias mais felizes.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0WQOGM_7_MQFfd7r8zcQqwvmJk2MX9tIzKdfh329sd5eJI5bMLjE8vYgjzKUch6tDRJUp9ObZv-QaSc1-cNNt3IhHV5wme6ERNPvRuh7jrtsC-69_VipE-ygjK1JmqTOPSzm9EJRhhvcyZzN8ITWfbuUBFSrZsNRLkj6VSNHR4J7IXQahDGbc-Ta7yAs/s851/945321212-uW9mE.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="315" data-original-width="851" height="237" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0WQOGM_7_MQFfd7r8zcQqwvmJk2MX9tIzKdfh329sd5eJI5bMLjE8vYgjzKUch6tDRJUp9ObZv-QaSc1-cNNt3IhHV5wme6ERNPvRuh7jrtsC-69_VipE-ygjK1JmqTOPSzm9EJRhhvcyZzN8ITWfbuUBFSrZsNRLkj6VSNHR4J7IXQahDGbc-Ta7yAs/w640-h237/945321212-uW9mE.webp" width="640" /></a></span></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O progresso
da investigação e da descoberta conduziu a resultados tão brilhantes e
surpreendentes no último século e meio que poucos de nós estamos cientes do
pequeno número de homens notáveis responsável por ele e do modo como figuras
menores por detrás destes líderes se vão diluindo num séquito de especialistas
tímidos e mal financiados que mal se atrevem a fazer frente a um responsável
público no seu próprio campo. Este pequeno exército, este “mundo científico”
dos nossos dias, que, creio, será constituído por não mais de duzentas mil almas desde o topo até à base e ao último lavador de provetas, estará
certamente representado na nova ordem mundial por uma força de milhões, mais
bem equipados, amplamente coordenados, livres de questionar, capazes de exigir
oportunidades. Os seus melhores não serão melhores do que os nossos melhores,
que não podiam ser melhores, mas serão muito mais numerosos e as suas fileiras –
exploradores, prospectores, equipas experimentais e uma hoste ciclópica de
classificadores, coordenadores e intérpretes – terão um vigor, um orgulho e uma
confiança que farão os laboratórios actuais parecerem quase covis de
alquimistas.<o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Alguém pode
duvidar de que o “mundo científico” irromperá desta forma quando a revolução se
concretizar e que o desenvolvimento do poder do homem sobre a natureza, sobre a
sua própria natureza e sobre este planeta ainda inexplorado sofrerá uma
aceleração contínua à medida que os anos forem passando? Nenhum homem pode
saber de antemão que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>portas se abrirão
nessa altura nem para que terras maravilhosas darão.<o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Estas são
algumas anotações dispersas sobre a qualidade mais ampla que uma nova ordem
mundial pode abrir à humanidade. Não especularei mais sobre esta porque não
quero que digam que este livro é utópico ou “imaginativo” ou outra coisa do
género. Não referi nada que não seja estritamente razoável e praticável. Este é
o mais sóbrio e o menos original dos livros. Julgo ter escrito o suficiente
para mostrar que é impossível os assuntos mundiais permanecerem no seu nível
actual. Ou a humanidade colapsa ou a nossa espécie se ergue com esforço, usando
as vias árduas, mas bastante óbvias, que apresentei neste livro para alcançar
um novo nível de organização social. Não pode haver muitas dúvidas quanto à
abundância, ao empolgamento e à pujança da vida que aguarda os nossos filhos
nessa terra superior. Se for alcançada. Não pode haver dúvidas quanto à
degradação e à miséria, caso não seja.»<o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Herbert
George Wells («A Nova Ordem Mundial»).</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit7tyJsW4c7TOF3tHpzVme3fQ9_SciEDyZvkDvCeak3hUkFuiQ8YzdmXrzPK7ec3v9pxwRyR5oYQbGSXpCDXw5J4nmNATfiyfvPo-sYyZBzzBi-3RSHTYI_qkOkCXPwbph1ciRoTwKHYBeeCKdwvODe_6xwtsuTAp3dI4pdg2n3c5XS4PJXUE94e7Q9Ys/s1280/jjjj%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="553" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit7tyJsW4c7TOF3tHpzVme3fQ9_SciEDyZvkDvCeak3hUkFuiQ8YzdmXrzPK7ec3v9pxwRyR5oYQbGSXpCDXw5J4nmNATfiyfvPo-sYyZBzzBi-3RSHTYI_qkOkCXPwbph1ciRoTwKHYBeeCKdwvODe_6xwtsuTAp3dI4pdg2n3c5XS4PJXUE94e7Q9Ys/s16000/jjjj%20(1).jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A
intervenção de um professor de direito ou a manipulação marxista da
<a href="http://filosofiaportuguesa.blogspot.com/">universidade</a> portuguesa<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Nas
intervenções que se seguiram a esta 2.ª Conferência, foi especialmente
significativa a do Dr. Soares Martinez, professor da Faculdade de Direito de
Lisboa, que declarou:<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>a) que, na
generalidade dos países, 50% da economia está nacionalizada; como poderá,
portanto, estabelecer neles o <a href="http://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-caminho-para-servidao-i.html">Prof. Hayek</a> o sistema de concorrência que
preconiza?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>b) que a “lei
marxista da concentração capitalista” é irrefutável; como poderá, portanto, ser
viável o liberalismo?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>c) que o
marxismo é inteiramente válido no domínio económico e só é refutável no domínio
do social, na hierarquia de valores sociais que estabelece.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #741b47;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">F. Hayek
respondeu com nitidez sumária e indisputável a estas declarações de Soares
Martinez. Mas o que há nelas de significativo é virem confirmar a tese </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 14px;">–</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"> exposta no n.º 3 da "Escola Formal" </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 14px;">–</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt;"> de que, entre nós, a distinção entre
capitalismo e <a href="http://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/02/o-socialismo-nao-e-o-unico-caminho-i.html">socialismo</a> consiste apenas no seguinte: o capitalismo separa as
entidades que dispõem do poder económico e dominam o Estado, os <a href="http://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-plutocrata-i.html">plutocratas</a>, e
as entidades que representam o Estado, os governantes; o <a href="http://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/02/o-socialismo-nao-e-o-unico-caminho-ii.html">socialismo</a> reúne nas
mesmas entidades os senhores do governo e os senhores da economia, os que
representam o Estado e os que dominam o Estado; no capitalismo, "a hierarquia
social dos valores" (para empregar a expressão do Dr. Soares Martinez) é
independente da hierarquia política ou burocrática; no socialismo, a hierarquia
social identifica-se com a hierarquia burocrática ou política. O regime
adoptado pelo Dr. Soares Martinez é o que vigorou até ao <a href="http://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/10/autopsia-do-25-de-abril_19.html">25 de Abril</a>; o regime
advogado pelos socialistas é o que vigora desde o <a href="http://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/05/25-de-abril-de-1974-uma-pagina.html">25 de Abril</a>. Tudo o mais é,
para ambos, igual: o planeamento da <a href="http://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/selva-oscura-da-economia-i_18.html">economia</a>, o controlo da produção, a negação
da propriedade (para uns “de facto”, para outros “de direito”). Para ambos, a <a href="http://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/a-selva-oscura-da-economia-ii.html">economia</a> deve reger-se pelo marxismo. Para ambos, a marcha ou os ventos da
história são inexoráveis e conduzem inexoravelmente à nacionalização e à
colectivização de toda a acção humana, agora já em 50%, brevemente em 100%. A
ambos é comum o horror ao liberalismo, à liberdade, ao indivíduo.</span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>De registar
ainda que o Dr. Soares Martinez é professor da Faculdade de Direito e, por
sinal, um dos professores que mais resistiu às organizações socialistas ou
comunistas dos estudantes, o que lhe valeu a hostilidade da poderosa máquina de
propaganda do <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/11/o-socialismo-montou-cerco-portugal.html">socialismo</a>. Mais significativo se torna, portanto, que um homem
assim hostilizado pelos socialistas organizados não consiga desprender-se dos
quadros mentais socialistas que dominam o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/04/socializacao-do-ensino-i.html">ensino</a> universitário há largos anos e
venha agora defender, perante <a href="http://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-conflito-na-economia-contemporanea-i_26.html">Frederico Hayek</a>, a irrefutabilidade do <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/07/o-pensamento-portugues-esta-contra-o.html">marxismo</a>
na economia. A “Escola Formal” não podia encontrar melhor confirmação da
descrição que fez, no seu n.º 2, do carácter estruturalmente marxista que,
desde alguns decénios adoptou, o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/04/linhas-gerais-de-restauracao-do-ensino.html">ensino superior</a> em Portugal. Esse carácter é o
principal factor da actual socialização do país.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O que
<a href="http://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-caminho-para-servidao-i_08.html">Frederico Hayek</a> respondeu ao Dr. Soares Martinez foi isto:<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>– quanto à
dificuldade de estabelecer o sistema de concorrência nos países que já
nacionalizaram 50% da economia, Hayek observou que mais difícil seria
estabelecê-lo se já estivessem nacionalizados 100% da economia.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>– quanto às
objecções levantadas pelo sistema marxista da economia, Hayek observou que todo
esse sistema, de princípio a fim, está errado.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/frederico-hayek-em-lisboa-i_22.html">Orlando Vitorino</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/frederico-hayek-em-lisboa-ii_23.html">«Frederico Hayek em Lisboa. O fim do socialismo»</a>, in <i>Escola Formal</i>, n.º 5, Dez. 1977/Fev.
1978, pp. 17-18).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjxuhYcXwj6xw1_Wq2oWqGPBdXUaiD-lwaMaTe8nSYO1FOAw6AEoCCUzbpZyn2G7eoYtsB1i0It-FrZDeFIL1_BYCyVcFpzQijwCiEG9nfuORAwStv5j2AbjrB89eXIUrsoW5IfsPArg_CUT-rN4I_4z7j4w7R6NpmO4ocbhr0K9SVTVXMuXE0gkqGYRA/s1280/thumbnail_20180430185638_00002%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="97" data-original-width="1280" height="49" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjxuhYcXwj6xw1_Wq2oWqGPBdXUaiD-lwaMaTe8nSYO1FOAw6AEoCCUzbpZyn2G7eoYtsB1i0It-FrZDeFIL1_BYCyVcFpzQijwCiEG9nfuORAwStv5j2AbjrB89eXIUrsoW5IfsPArg_CUT-rN4I_4z7j4w7R6NpmO4ocbhr0K9SVTVXMuXE0gkqGYRA/w640-h49/thumbnail_20180430185638_00002%20(1).jpg" width="640" /></a></span></div><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /><b><br /></b></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">«(...) é
certo que, antes de 1933 na Alemanha e antes de 1922 em Itália, os comunistas
colidiam muito mais facilmente com os nazis e os fascistas do que com os outros
partidos. É que disputavam entre si o apoio do mesmo tipo de pensamento e entre
si se dirigiam o mesmo ódio aos heréticos. Mas a sua acção mostrou bem como estavam
intimamente ligados. Para ambos, o inimigo real, o homem com quem nada tinham
de comum e que não podiam esperar convencer, era o liberal à maneira antiga.
Enquanto que, para o nazi, o comunista, para o comunista, o nazi, e para ambos,
o socialista, são recrutas potenciais feitos da mesma massa, transitoriamente
diferenciados uns dos outros apenas por terem dado ouvidos a falsos profetas,
todos eles sabem que não pode existir qualquer compromisso entre quaisquer
deles e os homens que realmente acreditam na liberdade individual.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Para que
esta verdade não seja posta em dúvida pelas pessoas que estão dominadas pela
propaganda de qualquer dos lados, permito-me citar o depoimento de uma
autoridade que não pode ser suspeita. Num artigo com o significativo título “A
descoberta do liberalismo”, o professor Eduardo Heinnam, um dos chefes do
socialismo religioso alemão, escreve:<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">“O
hitlerianismo pretende ser, e como tal se intitula, uma verdadeira democracia e
um verdadeiro socialismo, e a terrível realidade é que há uma parte de verdade
nessa pretensão, uma parte infinitesimal, é certo, mas suficiente para servir de
fundamento a essa fantástica distorção. O hitlerianismo vai até o ponto de se
atribuir o papel de protector do cristianismo, e a terrível realidade é que
esta enorme falsidade é susceptível de causar alguma impressão. Mas no meio de
tantas névoas, um facto se desenha com perfeita clareza: Hitler nunca
pretendeu representar o verdadeiro liberalismo. O liberalismo tem, portanto, a
particularidade de ser a doutrina mais odiada por Hitler.” [<i>Social Research</i> – New York – vol.
XXVIII, n.º 4, Novembro, 1941. Vale a pena recordar que Hitler, quaisquer que
fossem as razões que a isso levaram, afirmou, num discurso pronunciado em
Fevereiro de 1941, que “essencialmente, nacional-socialismo e marxismo são a
mesma coisa” – cf. <i>The Bulletin of
International News</i>, publicado pelo <i>Royal
Institute of International Affairs</i>, vol. XVIII, n.º 5, p. 269].<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Importa
acrescentar que tal ódio de Hitler ao liberalismo teve poucas ocasiões de se
manifestar porque, quando Hitler subiu ao poder, o liberalismo estava para
todos os efeitos destruído na Alemanha e havia sido o socialismo que o tinha
destruído.»<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-conflito-na-economia-contemporanea-i_26.html">Frederico Hayek</a> («O Caminho para a Servidão»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Só as
vantagens da conservação de uma classe de camponeses saudável, como fundamento
de toda a nação, são enormes. Muitos dos nossos males actuais não são mais do
que a consequência do desequilíbrio entre o povo dos campos e o das cidades.
Uma base firme constituída de pequenos e médios camponeses foi, em todos os
tempos, a melhor defesa contra as enfermidades sociais do género das que nos
afligem presentemente. Essa é também a única saída que permite a um povo
encontrar o pão de cada dia nos limites da sua vida económica. A indústria e o
comércio retrocedem da sua posição de dirigentes e colocam-se no quadro geral
de uma economia nacional de consumo e compensação. Uma e outro já não são a
base de alimentação do povo, mas sim um auxílio para a mesma. Dispondo eles de
uma compensação entre a produção e o consumo, tornam toda a alimentação do povo
mais ou menos independente do exterior. Ajudam, portanto, a assegurar a
liberdade de Estado e a independência da nação, sobretudo nos dias maus.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Adolf
Hitler («A Minha Luta»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«(...) o comércio surgiu muito cedo e o trato comercial a grande distância, e de artigos cuja origem seria provavelmente desconhecida para os comerciantes envolvidos, é mais antigo do que qualquer outro contacto rastreável entre grupos remotos. A arqueologia moderna confirma que o comércio é mais antigo do que a agricultura ou qualquer outro modo de produção regular (Leakey, 1981: 212)».</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Friedrich A. Hayek («Arrogância Fatal: Os Erros do Socialismo»).</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3yfG9o7SH1kA1X5B5vrVw8XBSqlfvcQrrY2gddYqLgvQTCvxarLTFnnNdq7Zrlj2LeNDC1NXcai91Nz233hnnUjmU4IXLC_TSG320MOU3uOn8wLBYFX_V3FGdx0mQChML6S1fxuUJamDM5QNo-P1q5EDPNCWZpfzEoduIETxtQOi2SLubWlQfy9SlfjQ/s2457/20230905170133_00002%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2457" data-original-width="1655" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3yfG9o7SH1kA1X5B5vrVw8XBSqlfvcQrrY2gddYqLgvQTCvxarLTFnnNdq7Zrlj2LeNDC1NXcai91Nz233hnnUjmU4IXLC_TSG320MOU3uOn8wLBYFX_V3FGdx0mQChML6S1fxuUJamDM5QNo-P1q5EDPNCWZpfzEoduIETxtQOi2SLubWlQfy9SlfjQ/w432-h640/20230905170133_00002%20(1).jpg" width="432" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«É preciso,
todavia, investigar a originalidade da contribuição de Heidegger para estas
ideias. Ele responde a uma outra preocupação: a vontade dos alemães colocarem o
centro político no Nordeste. E como este deslocamento conduz à constituição de
centros de Poder nas grandes cidades (particularmente Berlim), Heidegger vai
opor-lhe a necessidade de procurar o móbil do trabalho espiritual e político
não só na província, mas no próprio campo. À burocratização dos Estados que se
submetem progressivamente à hegemonia da fracção institucional, Heidegger opõe
o movimento revolucionário das pátrias locais. A sua crítica do mundo urbano paralelamente
à valorização do mundo rural, escondem a defesa de um projecto político bem
preciso:<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>“O citadino
pensa que ‘se mistura com o povo’ se condescender numa longa conversa com um
camponês. Quando à noite, à hora do descanso, me sento com os camponeses à
volta do lume ou à mesa, por esses cantos perdidos, <i>a maior parte do tempo nem sequer falamos</i>. Fumamos o nosso cachimbo
em <i>silêncio</i>. De tempos a tempos
talvez, deixa-se cair uma palavra para dizer que o corte da lenha da floresta
está a acabar, que na noite anterior a marta devastou o galinheiro, que
provavelmente amanhã tal vaca irá parir [...]. A pertença íntima do meu
trabalho à Floresta Negra e aos homens que aí vivem vem de um enraizamento secular,
que nada pode substituir, no território alemânico e suábio.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>“O citadino
é, quando muito, ‘estimulado’ pelo que se convencionou chamar uma estada no
campo. Mas é todo o meu trabalho que é animado e guiado pelo mundo destas
montanhas e dos seus camponeses. Agora, o meu trabalho lá em cima é de vez em
quando interrompido por períodos bastante longos para colóquios, deslocações
para conferências, discussões, e para o meu ensino cá em baixo. Mas logo que
regresso lá acima, desde as primeiras horas de presença na casa de campo, todo
o universo das questões antigas me invade, e na forma mesma em que as tinha
deixado [...].<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>“Os
citadinos admiram-se frequentemente do meu longo e monótono isolamento nas
montanhas, com os camponeses. Contudo, não é um isolamento, mas antes a <i>solidão</i>. Nas grandes cidades, o homem
pode com efeito facilmente estar mais <i>isolado</i>
do que em <i>nenhum outro lugar</i>. Mas lá
ele nunca pode estar só. Porque a solidão tem o poder absolutamente original de
não nos <i>isolar</i>, mas pelo contrário de
<i>lançar</i> toda a existência na ampla
proximidade da essência de todas as coisas.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>“Lá podemos
num passe de magia tornar-nos uma ‘celebridade’, por intermédio dos jornais e
das revistas. É ainda o caminho mais seguro para votar o nosso querer mais puro
à <i>falsa interpretação</i> e para cair rápida
e radicalmente no esquecimento.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>“Em
contrapartida, a memória camponesa testemunha uma <i>fidelidade </i>simples, experimentada e sem falhas. Há pouco tempo, uma
velha camponesa morreu lá em cima. Gostava frequentemente de cavaquear comigo,
e nessas ocasiões vinham à baila velhas histórias da aldeia. Ela tinha
preservado, na língua poderosa e figurada que era a sua, muitas das antigas
palavras e diversos adágios, que hoje a juventude da aldeia já não compreende e
que estão perdidos para a língua viva. Ainda no ano passado, quando vivi
sozinho semanas inteiras na casa de campo, esta camponesa de <i>83 anos</i> subiu por várias vezes a encosta
íngreme para me vir ver. Queria, dizia ela, verificar de todas as vezes se eu
ainda lá estava e se ‘umas pessoas’ não me tinham vindo assaltar. A noite da
sua morte, passou-a a conversar com os membros da família. Ainda uma meia hora
antes do seu <i>fim</i> os encarregou de
darem cumprimentos ao ‘Senhor Professor’. – Uma lembrança destas vale
incomparavelmente mais do que a ‘reportagem’ mais hábil de um jornal
mundialmente conhecido sobre a minha suposta filosofia.”».<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Victor Farías
(«Heidegger e o Nazismo»).</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKKa0rO8apfzGhiG7FRGf_STrSoOwzffF702VSnbG64E_Z-Ap3psAadDE6lBQMeEoE3jFGzINoSQPW_XpR-WGYgWhyg5vzUgj1V01heb7fixq4cfdyrS7okxuIO5BIMeGKMemUVEYcF2j2FXG83FP5Evwcw5dhg0AEy-9RutZ-gb6NGLc0VpADZZB7Sg8/s800/thumbnail_20150504165844_00001%20(2)gjn.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="508" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKKa0rO8apfzGhiG7FRGf_STrSoOwzffF702VSnbG64E_Z-Ap3psAadDE6lBQMeEoE3jFGzINoSQPW_XpR-WGYgWhyg5vzUgj1V01heb7fixq4cfdyrS7okxuIO5BIMeGKMemUVEYcF2j2FXG83FP5Evwcw5dhg0AEy-9RutZ-gb6NGLc0VpADZZB7Sg8/s16000/thumbnail_20150504165844_00001%20(2)gjn.jpg" /></a></span></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /><b><br /></b></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">«Tudo o que
é social se apresenta aos indivíduos, aos grupos que entre si formam e aos
povos com um poder de coerção limitativo, repressivo e, em muitos casos,
opressor, o que o torna tanto mais estranho quanto é certo que só em sociedade
o homem existe e pode ser feliz. Também aqui está presente o problema do mal.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Os
indivíduos, os grupos e os povos têm, sem dúvida, vários modos de existência.
Nos indivíduos, o mais próprio e nobre é o da existência espiritual, no dos
grupos, como a família, é o da existência natural, no dos povos é o da nação.
Mas todos eles têm, cumulativamente, uma existência social e é aí, enquanto
existindo em sociedade, que estão sujeitos à obrigatoriedade, que a norma moral
exprime, e à coerção, que o poder do Estado exerce. Acontece que a maior parte
dos homens são incapazes de transcender a existência social para se afirmarem
nos modos de existência que lhes são mais próprios.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">A sociedade
é, como a positividade entre os sistemas e formas do direito, o denominador comum
das entidades que vimos serem a Pátria, a Nação, a República e o Estado. Isso
explica a tentação e a facilidade de as reduzirem a esse denominador aqueles
cujo pensamento, mais ingénuo do que filosófico, é incapaz de delas formar o
conceito.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Sociedade é
uma noção incerta, vaga e equívoca que a sociologia há mais de um século se
esforça por definir, sem conseguir enunciar-lhe o conceito e por determinar,
sem conseguir encontrar-lhe os termos ou limites.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">A
sociologia é uma falsa ciência. Porque não há tema, problema ou realidade de
que se ocupe que não tenha o lugar próprio numa outra ciência, mais geralmente
na psicologia, na história e no direito. Quer dizer, a sociologia não tem
categorias e, sem categorias, não há ciência.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Falsa
ciência a sociologia, a sociedade não é, em rigor, real: não há sociedade, mas
sociedades, e dizer “sociedades” é já empregar um termo vago para designar os
povos e as nações.»<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2021/07/o-empolamento-do-capital-e-do-trabalho.html">Orlando Vitorino</a> («As Teses da Filosofia Portuguesa»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">«Apesar do
abuso internacional da palavra “social”, as suas formas mais extremas talvez se
encontrem na Alemanha Ocidental, onde a Constituição de 1949 consagrou a expressão
<i>sozialer Rechtsstaat</i> (estado social
de direito), a partir da qual se espalhou o conceito de “economia social de
mercado” – num sentido em que o seu divulgador, Ludwig Erhard, certamente nunca
pretendeu. (Ele asseverou-me em conversa certa vez que para si a economia de
mercado <i>não tinha de ser social</i>, mas
que era assim devido à sua origem). Estado de direito e mercado são, à partida,
conceitos bastante claros, mas o qualficativo “social” priva-os de qualquer
significado inequívoco. A partir destes usos da palavra “social”, os especialistas
alemães chegaram à conclusão de que o seu governo está constitucionalmente
subordinado ao <i>Sozialstaatsprinzip </i> (princípio do estado social), o que significa,
pura e simplesmente, que o estado de direito se encontra suspenso. De igual modo,
estes especialistas alemães vislumbraram um conflito entre <i>Rechtsstaat</i> (estado de direito) e <i>Sozialstaat</i> (estado social) e implantaram o <i>soziale Rechtsstaat</i> (estado social de direito) na Constituição que,
deve talvez dizer-se, é da lavra de fabianos de ideias atabalhoadas inspirados
pelo inventor oitocentista do “Nacional-Socialismo”, Friedrich Naumann (H. Maier,
1972: 8).<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">O termo “democracia”,
de igual modo, tinha um significado bem claro, mas “social-democracia” não só
serviu para nomear o austro-marxismo radical do período entre guerras como foi
agora escolhido na Grã-Bretanha para denominar um partido político votado a uma
variante do socialismo fabiano. A expressão tradicional para o que hoje em dia
é chamado “estado social” era “despotismo iluminado” e o intrincado problema de
como alcançar tal despotismo de forma democrática, isto é, preservando a
liberdade individual, é simplesmente deixado de lado pela amálgama “social-democracia”».<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/09/a-cegueira-do-filosofo.html">Friedrich A. Hayek</a> («Arrogância Fatal: Os Erros do Socialismo»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGff28P8-X1N3Mncu2TEgLnwldz3niRezoqRPUdBFHuKzQwfPHymbt3__oMWq4_z_8qC17ywr08oUBj1WgZB74vnU_LB_bvZn_2GEj-U19jBDR5xaXKJTdPPIGCxJhTxyEtAHwDL3OaIBt3L-UKZtNmslA1dgf0-oLwl9Bs-cVVmf-QCqQfA4AQ5CC9R4/s2704/20221223191336_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2704" data-original-width="1785" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGff28P8-X1N3Mncu2TEgLnwldz3niRezoqRPUdBFHuKzQwfPHymbt3__oMWq4_z_8qC17ywr08oUBj1WgZB74vnU_LB_bvZn_2GEj-U19jBDR5xaXKJTdPPIGCxJhTxyEtAHwDL3OaIBt3L-UKZtNmslA1dgf0-oLwl9Bs-cVVmf-QCqQfA4AQ5CC9R4/w422-h640/20221223191336_00001.jpg" width="422" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">«É evidente
que, sem Deus, não há teocracia que tenha algum mínimo sentido. Dizer “teocracia
sem Deus” é, no entanto, a designação adequada a um sistema que,
paradoxalmente, a si mesmo retira o princípio que o justificaria e a cada uma
das suas </span></b></span><b style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #741b47;">formas retira significado que lhe daria sentido. Todo este sistema supõe
uma dedução a partir da ideia da divindade e em cada uma das suas formas está
implícita uma noção teológica ou teonómica; mas completada a dedução,
articulando todo o formalismo, o sistema nega e repudia o que lhe deu origem.
Trata-se, pois, de uma teocracia que a si mesma se ignora o que é e que, portanto,
faz da ignorância o seu fundamento e o seu método, uma espécie de lógica sem
logos que positivamente rejeita tudo o que seja pensar.</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">(...) os
teocratas recusam-se a conceber como “formas jurídicas” os modos que a existência
comum dos homens pode adquirir. Preferem chamar-lhe, por exemplo, “formas de
existência social” para evitarem ter de atender aos princípios que as formas
jurídicas significam e dos quais se deduzem, para darem a existência comum como
o domínio do fortuito, do convencional e do arbitrário, domínio de onde, precisamente,
a arrancou o direito, e para, enfim, poderem propor, sem mais adequada
justificação, a substituição das “formas de existência” que condenam pelas “formas
de existência” que preconizam. As primeiras, serão expressões do que, na
desigualdade, singulariza os seres e individualiza os homens, as segundas, as
expressões da igualdade que repudia toda a individuação. Sabemos bem como só as
primeiras podem apresentar-se como “formas jurídicas” pois deduzem-se de
princípios e a igualdade é uma relação, não um princípio. Substituir um
princípio por uma relação, equivale a estabelecer que a existência não tem
significado.»<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/10/a-filosofia-do-direito-pela-filosofia_31.html">Orlando Vitorino</a>
(«Refutação da Filosofia Triunfante»).</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioGkPnx7rxoxRrpu8IdtGuP4K4bao44x4MLdJckU4e94ZuH83OFAa1ct6KaLV42_d0aLPScQAiQLkQMaXddM9w6qIqp3L6SeXY9A8AsSOjuqOCn3OWhs649Zl2Kst78E3eV49VNomjFLScRUglbHkWfCF4Gpu_dzqtz9pt_yBOjnzpU38r5vxsfifElvo/s640/thumbnail_20200722182455_00001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="610" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioGkPnx7rxoxRrpu8IdtGuP4K4bao44x4MLdJckU4e94ZuH83OFAa1ct6KaLV42_d0aLPScQAiQLkQMaXddM9w6qIqp3L6SeXY9A8AsSOjuqOCn3OWhs649Zl2Kst78E3eV49VNomjFLScRUglbHkWfCF4Gpu_dzqtz9pt_yBOjnzpU38r5vxsfifElvo/w610-h640/thumbnail_20200722182455_00001%20(1).jpg" width="610" /></a></div><br /><p></p></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: times; font-size: x-large; line-height: 115%;"><span style="line-height: 115%;"><b><span style="color: #660000;">Os nossos intelectuais e a sua tradição de socialismo razoável</span></b><o:p></o:p></span></span></p><span style="line-height: 115%;"><span style="color: black; font-family: times; font-size: x-large;">
</span><p class="MsoNormal" style="color: black; text-align: justify;"><span style="color: black; line-height: 115%;"><o:p><span style="font-family: times; font-size: x-large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O que
aventei acerca da moral e tradição, sobre economia e mercado e em matéria de
evolução, entra obviamente em conflito com muitas ideias influentes, não só com
o velho social-darwinismo (...), mas também com muitas outras concepções do
passado e do presente: com as opiniões de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/09/platao-i.html">Platão</a> e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/12/a-vida-de-aristoteles-segundo-diogenes.html">Aristóteles</a>, de Rousseau e
dos fundadores do socialismo, de Saint-Simon, Karl Marx, e de muitos outros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Com efeito,
o ponto da minha tese segundo a qual a moral, incluindo em particular as nossas
instituições de propriedade, liberdade e justiça, não são uma criação da razão
humana, mas um legado suplementar produto da evolução cultural, opõe-se à
concepção intelectual dominante do século XX. A influência do racionalismo foi,
de facto, tão profunda e disseminada que, em regra, quanto mais inteligente e
educada a pessoa, o mais provável, presentemente, é que ele ou ela seja não só
um racionalista, como também cultive pontos de vista socialistas (independentemente
de ser suficientemente doutrinária para atribuir um rótulo às suas opiniões,
incluindo a etiqueta «socialista»). Quanto mais alto o nível intelectual, quanto
mais falamos com intelectuais, mais provável é depararmos com convicções
socialistas. Os racionalistas tendem a ser inteligentes e os intelectuais
inteligentes tendem a ser socialistas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Se me é
permitido registar aqui duas notas pessoais, creio poder falar com o benefício
de alguma experiência sobre esta visão porque as opiniões racionalistas, que tenho
vindo a examinar e criticar sistematicamente há muitos anos, são aquelas que,
tal como sucedeu com muitos pensadores europeus não religiosos da minha
geração, alimentaram os meus próprios pontos de vista no início deste século.
Nessa altura revelavam-se óbvias e adoptá-las parecia ser a via para escapar a
todo o tipo de superstições perniciosas. Tenho eu próprio levado algum tempo a
libertar-me dessas noções e, na verdade, tendo descoberto nesse processo que se
tratava de superstições, não atribuo qualquer cunho pessoal às considerações
deveras ríspidas que reservo a certos autores nas próximas páginas. Será talvez
apropriado, inclusivamente, lembrar neste ponto os leitores do meu ensaio
«Porque Não Sou um Conservador» (1960: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Posfácio</i>)
para evitar que extraiam conclusões erradas. Apesar de a minha tese ser
contrária ao socialismo, tenho tão pouco de conservador <i>tory </i>quanto Edmund
Burke. O meu conservadorismo, tanto quanto existe, está confinado à moral dentro
de certos limites. Sou inteiramente a favor da experimentação e de uma
liberdade muito maior do que a permitida por governos conservadores. A minha
objecção aos intelectuais racionalistas que irei discutir não é o facto de eles
experimentarem. Pelo contrário, experimentam pouco e apreciam sobretudo experiências
banais; afinal, a ideia de retornar ao instintivo é vulgaríssima e já foi
tentada tantas vezes que é incompreensível considerá-la uma experimentação.
Oponho-me a esses racionalistas porque consideram as suas experiências como
resultantes da razão, revestindo-as de metodologia pseudocientífica e, assim,
ao tentarem convencer pessoas influentes, submetem a ataques infundados
costumes tradicionais inestimáveis (fruto de séculos de experiências por
tentativa e erro) e resguardam as suas próprias «experiências» do devido
escrutínio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A surpresa
ao descobrir que pessoas inteligentes tendem a ser socialistas diminui quando
nos apercebemos de que tais indivíduos são, obviamente, propensos a sobrestimar
a inteligência e a supor que devemos todas as vantagens e oportunidades que
oferece a nossa civilização a um propósito deliberado em vez do respeito por
regras tradicionais. Presumem, igualmente, que conseguiremos, graças ao
exercício da nossa razão, eliminar quaisquer aspectos indesejáveis ainda
existentes graças a mais reflexões inteligentes, mais projectos apropriados e
mais «coordenações racionais» dos nossos esforços. Isso alimenta uma disposição
favorável em relação ao planeamento económico central e controlo que são o
âmago do socialismo. Intelectuais exigirão, com certeza, explicações sobre tudo
o que se espera deles e terão relutância em aceitar costumes pelo mero facto de
vigorarem nas suas comunidades de nascimento, o que os levará a entrar em
conflito com, ou pelo menos a depreciarem, quem aceita placidamente as normas
de conduta prevalecentes. Acresce que esses intelectuais pretenderão,
compreensivelmente, seguir na senda da ciência e da razão e consequentemente –
considerando o progresso extraordinário das ciências físicas nos últimos
séculos, além de terem sido ensinados de que construtivismo e cientificismo são
a razão de ser da ciência e da razão – terão dificuldade em acreditar que possa
existir algum conhecimento útil que não derive da experimentação deliberada ou
em aceitar a validade de outras tradições diversas da sua própria tradição de
razão. Assim, um distinto historiador escreveu nesse sentido: «A tradição é
quase por definição repreensível, algo a ridicularizar e lamentar»
(Seton-Watson, 1983: 1270).<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCXhb1K6QgpRrwH8H0dTvBn3-2sQH83Iy9InENec9s45ud-0ti4URT5WzyP2hX6To6RZvkGeQivtKDEE0JuzqQtfVg8ll27hRHpI_UqmYraqq7-koYmTzx1sPPXD4857jiIk_WmgqXbtO0ho6EAtdA_F_dstleYW3tvSn5aCm_3mFLWv1D6rh_0mmYphw/s3840/4841768-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-Human-reason-can-neither-predict.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCXhb1K6QgpRrwH8H0dTvBn3-2sQH83Iy9InENec9s45ud-0ti4URT5WzyP2hX6To6RZvkGeQivtKDEE0JuzqQtfVg8ll27hRHpI_UqmYraqq7-koYmTzx1sPPXD4857jiIk_WmgqXbtO0ho6EAtdA_F_dstleYW3tvSn5aCm_3mFLWv1D6rh_0mmYphw/w640-h360/4841768-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-Human-reason-can-neither-predict.jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0nZ0w71boz_uoD1cwPzKVUXcoz3_9KRdr_72wVI-2RK1J0FyQwQepK_zkw6yfjZ0h2tCJsMfmdu8qWwL4XIXTQvtVd-4xDkTybU2IhINBi4AKAk3111-DJqzI0J_f4qcUXLmFEnjcjESXEh9slV0d5o9Ra4quLzvRpw7t-dzqxMn6Y4V4iG3hzkGuSnY/s852/john-locke-1311704.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="852" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0nZ0w71boz_uoD1cwPzKVUXcoz3_9KRdr_72wVI-2RK1J0FyQwQepK_zkw6yfjZ0h2tCJsMfmdu8qWwL4XIXTQvtVd-4xDkTybU2IhINBi4AKAk3111-DJqzI0J_f4qcUXLmFEnjcjESXEh9slV0d5o9Ra4quLzvRpw7t-dzqxMn6Y4V4iG3hzkGuSnY/s16000/john-locke-1311704.jpg" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><i>Por
definição</i>: Barry (1961, atrás citado) pretendia fazer a moral e a justiça imorais e injustas por «definição analítica»; aqui Seton-Watson tenta o mesmo
ardil em relação à tradição, tornando-a, por definição, repreensível.
Voltaremos a estas <i>palavras</i>, a esta «Novilíngua» (...). Entretanto, vejamos os
factos mais de perto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Todas estas
reacções são compreensíveis, mas têm consequências. As consequências são
particularmente perigosas – para a razão e também para a moral – quando a opção
recai sobre esta tradição convencional da razão, em vez dos resultados reais da
razão, levando os intelectuais a ignorarem os limites teóricos da razão, a
menosprezarem um mundo de informação histórica e científica, a ignorarem as
ciências biológicas e humanas, como a economia, e a distorcerem a origem e
funções das nossas normas morais tradicionais. Tal como outras tradições, a
tradição da razão é adquirida e não inata. Também se situa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">entre o instinto e a razão; e a questão da efectiva razoabilidade e
veracidade desta proclamada tradição de razão e verdade tem de ser agora
escrupulosamente examinada</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="line-height: 115%;"><b><span style="color: #660000; font-family: times; font-size: x-large;">Moral e razão: alguns exemplos</span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Para que
não pensem tratar-se de exagero, apresentarei seguidamente alguns exemplos. Não
quero, contudo, ser injusto para com os nossos grandes cientistas e filósofos,
dos quais pretendo discutir algumas ideias. Apesar das suas opiniões ilustrarem
a relevância do problema – a nossa filosofia e ciência natural estão muito
longe de compreender o papel desempenhado pelas nossas principais tradições –,
não são, em regra, directamente responsáveis pela ampla disseminação dessas
ideias porque têm melhores coisas em que se ocupar. Por outro lado, não se deve
supor que as afirmações que estou em vias de citar são meras aberrações
pontuais ou idiossincráticas da parte dos nossos distintos autores; são, ao
invés, conclusões consistentes derivadas de uma tradição racionalista bem
estabelecida. Não ponho em dúvida, com efeito, que alguns destes grandes
pensadores se esforçaram por compreender a ordem alargada de cooperação humana
– mesmo que tenham acabado como seus opositores tenazes e frequentemente
involuntários.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quem mais
fez para difundir essas ideias, os verdadeiros portadores do racionalismo
construtivista e do socialismo, não foram, no entanto, esses distintos
cientistas. Foram antes e predominantemente os chamados «intelectuais» a quem
chamei noutra ocasião (1949/1967: 178-194), de modo pouco simpático, profissionais do
«trato em segunda mão de ideias»: professores, jornalistas e «representantes dos
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">media</i>» que, tendo absorvido rumores
nos corredores da ciência, se autodesignam representantes do pensamento moderno
– pessoas de conhecimento e virtude moral superiores aos de quem mantenha em
alta consideração os valores tradicionais –, tendo como lídimo dever a
apresentação de novas ideias ao público e vendo-se por isso compelidos a
ridicularizar o convencional para vincar o cunho inovador da sua mercadoria.
Para essas pessoas, devido às posições que ocupam, o «novo», a «novidade», em
vez da verdade, tornam-se no valor principal, mesmo que não seja essa, de forma
alguma, a sua intenção e que aquilo que têm<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>para apresentar esteja longe de ser novo e verdadeiro. Podemo-nos
perguntar, ainda, se esses intelectuais não serão por vezes motivados pelo
ressentimento de, apesar de um conhecimento superior sobre o que deve ser
feito, ganharem muito menos do que aqueles cujas instruções e actos orientam
efectivamente as questões práticas. Esses intérpretes literários de avanços
científicos e tecnológicos, entre os quais <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/o-novo-mapa-do-mundo.html">H. G. Wells</a> – que devido à elevada
qualidade da sua obra seria um magnífico exemplo –, fizeram mais pela difusão
do ideal socialista de uma economia dirigida e centralizada em que a cada um é
atribuída a parte devida do que os verdadeiros cientistas cujas obras
extorquiram muitas das suas ideias. Outro exemplo similar é o jovem <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/06/principios-da-novilingua.html">George Orwell</a>, que afirmou que «quem tem cabeça para pensar sabe perfeitamente que
está no âmbito das possibilidades [que] o mundo, potencialmente pelo menos,
seja extremamente rico», pelo que seríamos capazes de «desenvolvê-lo como pode
ser desenvolvido de modo a podermos todos viver como príncipes, caso o
desejássemos».<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_QZUK1JDsaF9LjKuxUmhRFL5taGxUeYY0ADGULJ7BBbInYdlv40y_jDkH6Pt-LKcEo0muIPdopzchsbXtBtI2ZJcF5rcHYIzBEE5PBo7GsSTLzwqvbVuR2Xdx8EmpW4ShDjKc-AOLvvidqiyWSHzc6xp6_8dovbxaDNLVUSz-YGwXF2jMe5ieZLG51ow/s1140/1587398610.webp" style="font-size: 10.5pt; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1140" data-original-width="713" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_QZUK1JDsaF9LjKuxUmhRFL5taGxUeYY0ADGULJ7BBbInYdlv40y_jDkH6Pt-LKcEo0muIPdopzchsbXtBtI2ZJcF5rcHYIzBEE5PBo7GsSTLzwqvbVuR2Xdx8EmpW4ShDjKc-AOLvvidqiyWSHzc6xp6_8dovbxaDNLVUSz-YGwXF2jMe5ieZLG51ow/w400-h640/1587398610.webp" width="400" /></a></div><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Vou
concentrar-me aqui não nas obras de homens como Wells e Orwell, mas nas
opiniões sustentadas por alguns dos maiores cientistas. Podemos começar com
Jacques Monod. Monod foi uma grande personalidade cujo trabalho científico
muito admiro, tendo criado, no essencial, a moderna biologia molecular. As suas
reflexões sobre ética são, no entanto, de qualidade diferente. Em 1970, num
simpósio da Fundação Nobel sobre «O Lugar dos Valores num Mundo de Factos»,
afirmou: «O desenvolvimento científico finalmente destruiu, reduziu ao absurdo,
relegou ao nível de uma noção ilusória e sem sentido, a ideia de que a ética e
os valores não são livre escolha nossa, mas antes uma obrigação» (1970: 20-21). Mais tarde, nesse ano, reiterou as suas opiniões e defendeu-as num livro que se
tornou famoso, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Acaso e a Necessidade</i>
(1970/1977). Nessa obra intima-nos a renunciar a qualquer outro alimento
espiritual e a reconhecer a ciência como a nova e virtualmente exclusiva fonte
de verdade, e a rever, em conformidade com isto, os fundamentos da ética. O
livro conclui, como tantas outras declarações similares, com a ideia de que a
«ética é na sua essência <i style="mso-bidi-font-style: normal;">não objectiva</i>
e encontra-se para sempre excluída do campo do conhecimento» (1970/77: 162). A
nova «ética do conhecimento não se impõe ao homem; <i style="mso-bidi-font-style: normal;">é ele, pelo contrário, quem se lhe impõe</i>» (1970/77: 164). Esta nova
«ética do conhecimento» é, afirma Monod, «a única atitude quer racional quer
resolutamente idealista sobre a qual pode ser edificado um verdadeiro
socialismo» (1970/77: 165-66). As ideias de Monod são representativas por
estarem profundamente enraizadas numa teoria do conhecimento que tentou
desenvolver uma ciência do comportamento – chame-se-lhe eudaimonia,
utilitarismo, socialismo ou outra coisa qualquer – assente no princípio de que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">determinados tipos de comportamento são os
mais indicados para satisfazer os nossos desejos</i>. Somos aconselhados a
adoptar um comportamento que conduza a determinadas situações capazes de
satisfazer os nossos desejos, tornando-nos mais felizes, e assim por diante.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Por outras
palavras, pretende-se uma ética que os homens possam acatar <i style="mso-bidi-font-style: normal;">propositadamente </i>de modo a alcançar fins
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">conhecidos</i>, desejados e pré-seleccionados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">As
conclusões de Monod advêm da sua opinião de que a única outra forma possível de
explicar a origem da moral – além de atribuí-la a uma invenção humana – passa
por recorrer aos relatos animistas ou antropomórficos de muitas religiões. E é,
de facto, verdade que «para a Humanidade no seu conjunto todas as religiões se
interligavam com a visão antropomórfica da divindade como um pai, amigo ou
potentado a quem o homem devia servir, rezar, etc.» (M. R. Cohen, 1931: 112).
Não posso de forma alguma aceitar este aspecto da religião, tal como Monod e a
maioria dos cientistas da natureza. Parece-me rebaixar algo muito além da nossa
compreensão a um nível ligeiramente superior a uma mente de tipo humano. Mas
rejeitar este aspecto da religião não implica deixar de reconhecer que devemos
a essas religiões a preservação – ainda que por razões erróneas – de costumes
sumamente mais importantes para a sobrevivência e prosperidade do homem do que
muitos dos estabelecidos racionalmente (...).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Monod não é
o único biólogo a argumentar nestes termos. Uma declaração de outro grande
biólogo e investigador erudito ilustra melhor do que qualquer outra com que me
tenha deparado os absurdos a que podem chegar inteligências superiores por via
da incompreensão das «leis da evolução» (...). Joseph Needham escreve que «a
nova ordem mundial de justiça social e camaradagem, o estado racional e sem
classes, não é um sonho idealista, mas a extrapolação lógica de todo o curso da
evolução, derivando exclusivamente daí a sua autoridade, sendo,
consequentemente, a mais racional de todas as crenças» (J. Needham, 1943: 41).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(...) Um
dos casos mais apropriados, que discuti noutro local (1978), é representado por
John Maynard Keynes, um dos mais representativos líderes intelectuais de uma
geração emancipada da moral tradicional.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEin6guXN1Nc2l_Dx_NdROCEvbas3RbNIeYK3t2ivTdUSSzKZajFv0A_Q87SzUGjOynDUGHdllbPHMan1GcnaBwU88ugSK9U2MHtkE0JqHp07CR1GfqSduw1uvjAgRmJz5PAfOZrRq_yC70b85I7q0TIhM-rOgVnXd8vGnz7BHXHhSg0KRE3rt9yjDbvJ3A/s800/1904937-John-Maynard-Keynes-Quote-By-a-continuing-process-of-inflation.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="800" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEin6guXN1Nc2l_Dx_NdROCEvbas3RbNIeYK3t2ivTdUSSzKZajFv0A_Q87SzUGjOynDUGHdllbPHMan1GcnaBwU88ugSK9U2MHtkE0JqHp07CR1GfqSduw1uvjAgRmJz5PAfOZrRq_yC70b85I7q0TIhM-rOgVnXd8vGnz7BHXHhSg0KRE3rt9yjDbvJ3A/w640-h360/1904937-John-Maynard-Keynes-Quote-By-a-continuing-process-of-inflation.jpg" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Keynes
acreditava que, levando em linha de conta efeitos previsíveis, poderia
construir um mundo melhor do que acatando regras tradicionais abstractas.
Keynes usou a frase «sabedoria convencional» como uma expressão favorita de
desprezo e, num revelador relato autobiográfico (1938/49/72: X, 446), contou
como o círculo de Cambridge da sua juventude, de que muitos membros viriam a
integrar o Grupo de Bloomsbury, «repudiava em absoluto a obrigação pessoal de
obedecer a regras gerais» e como eram, «no sentido estrito do termo,
imoralistas». Acrescentou modestamente que, ao chegar aos 55 anos, era
demasiado velho para mudar e continuaria a ser um imoralista. Este homem
extraordinário também justificou de modo peculiar alguns dos seus pontos de
vista económicos e a sua crença genérica na gestão de uma ordem mercantil,
alegando que «a longo prazo estaremos todos mortos» (isto é, não importa o
prejuízo que causemos a longo prazo; só conta o momento presente, o curto
prazo, consistindo na opinião pública, exigências, votos e toda a parafernália
e subornos da demagogia). A máxima «a longo prazo estaremos todos mortos» é
também uma manifestação típica da recusa em reconhecer que a moral se preocupa
com os efeitos a longo prazo – <i style="mso-bidi-font-style: normal;">efeitos além
da nossa capacidade de percepção</i> – e da tendência para desprezar o estudo
da evolução a longo prazo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Keynes
também criticou a tradição moral da «virtude de aforrar», recusando, na
companhia de milhares de economistas excêntricos, reconhecer que a redução da
procura de bens de consumo é em regra requerida para aumentar a produção de
bens de capital (isto é, investimento). E isto, por seu turno, levou-o a
devotar a sua formidável capacidade intelectual ao desenvolvimento da teoria
«geral» da economia – à qual ficámos a dever a inaudita inflação mundial do
último quartel do nosso século e, por inevitável consequência, a subsequente
situação de acentuado desemprego (Hayek, 1972/1978).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Portanto,
não foi apenas a filosofia a induzir Keynes em erro. A economia também. Alfred
Marshall, que percebia do assunto, parece não ter conseguido que Keynes
compreendesse adequadamente uma das importantes ideias a que John Stuart Mill
chegara na sua juventude: a saber, que «a procura de mercadorias não é uma
procura de trabalho». <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sir</i> Leslie
Stephen (o pai de Virginia Woolf, outro membro do Grupo de Bloomsbury)
descreveu esta doutrina em 1876 como uma «doutrina tão escassamente
compreendida que o seu cabal entendimento é, possivelmente, o melhor teste de
um economista» e Keynes reduziu-o ao ridículo por esta afirmação. (Ver Hayek,
1970/78: 15-16, 1973: 25, e (sobre Mill e Stephen) 1941: 433ff.)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Apesar de
Keynes ter, involuntariamente, contribuído imenso para o debilitamento da
liberdade, chocou os seus amigos de Bloomsbury ao recusar o seu vago
socialismo. A maioria dos seus discípulos, contudo, era constituída por
socialistas de várias correntes. Nem ele nem esses discípulos compreenderam que
a ordem alargada tem de assentar em considerações de longo prazo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A ilusão
filosófica por detrás da visão de Keynes da existência de um atributo indefinível
de «bondade» destinado a ser descoberto pelo indivíduo, impondo-lhe a obrigação
de o acatar, e cujo reconhecimento justifica o desprezo e desrespeito para com
a maior parte da moral tradicional – uma visão que graças à obra de G. E. Moore
(1903) predominava no Grupo de Bloomsbury – levou a uma típica hostilidade para
com as fontes em que se alimentara. Isso era também óbvio, por exemplo, em E.
M. Forster, que defendeu seriamente que a libertação da Humanidade dos
malefícios do «comercialismo» se tornara tão urgente quanto a sua libertação da
escravidão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Convicções
similares às de Monod e Keynes foram também expressas por um cientista de menor
gabarito, mas, ainda assim, influente: G. B. Chisholm, o psicanalista que se
tornou no primeiro secretário-geral da Organização Mundial de Saúde. Chisholm
advogava nada menos do que «a erradicação do conceito de certo e errado» e
sustentava que a função do psiquiatra era libertar a raça humana do «fardo
prejudicial do bem e do mal», orientação que à época foi louvada por altas
autoridades legais americanas. Aqui, de novo, a moral é vista – dado não ter
fundament</span><span style="font-size: 12pt;">o «científico» - como irracional e o seu estatuto como encarnação do
conhecimento cultural é ignorado.</span></p><p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdBZzBpRwqpF1n1VHfFLhwR04wKVa4QjMhPy1KXc6Kaja_SxkqYfazBe6ySAX5NAvy27_vA8hZ-EvW6VHUety1XGovk9LwYiPFiqHRRDCjdsHrGw3WdoHVE_1KuHEYs4AFZL07bEFao24VQlqBvj4WV4Fod41GA7IhQgLXtAfqkEvSGlyhnp0GfVedj8w/s600/UN-Secretary-General-Trygve-Lie-and-WHO-Director-General-Brock-Chisholm-formalize-WHO-as.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="452" data-original-width="600" height="301" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdBZzBpRwqpF1n1VHfFLhwR04wKVa4QjMhPy1KXc6Kaja_SxkqYfazBe6ySAX5NAvy27_vA8hZ-EvW6VHUety1XGovk9LwYiPFiqHRRDCjdsHrGw3WdoHVE_1KuHEYs4AFZL07bEFao24VQlqBvj4WV4Fod41GA7IhQgLXtAfqkEvSGlyhnp0GfVedj8w/w400-h301/UN-Secretary-General-Trygve-Lie-and-WHO-Director-General-Brock-Chisholm-formalize-WHO-as.png" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKk6YDy3kvtFkmwcSBV62ZovY1kXc4VOihPnR2oFd1a0QoCog1eJ7UrDWa1YC7WqJyZ3vwlo_GrC7x8ouLTdGVIU1oEQ4bjiHHwnw7Qxm2w4cgR49y01lQ8KijzOcbiz6LtG9xACYdlyZPDStVFkbpZT-Ccse_oc9_Pp1Hg3lHbf4lZPQOcn_WY4Q3x-Q/s1200/brock-chisholm-quote-lbs0o5s.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="630" data-original-width="1200" height="336" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKk6YDy3kvtFkmwcSBV62ZovY1kXc4VOihPnR2oFd1a0QoCog1eJ7UrDWa1YC7WqJyZ3vwlo_GrC7x8ouLTdGVIU1oEQ4bjiHHwnw7Qxm2w4cgR49y01lQ8KijzOcbiz6LtG9xACYdlyZPDStVFkbpZT-Ccse_oc9_Pp1Hg3lHbf4lZPQOcn_WY4Q3x-Q/w640-h336/brock-chisholm-quote-lbs0o5s.jpg" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Consideremos,
no entanto, um cientista de gabarito bem superior a Monod ou Keynes, Albert
Einstein, talvez o maior génio da nossa época. Einstein interessava-se por um
assunto diferente, ainda que muito próximo. Recorrendo a uma popular máxima
socialista, escreveu que a «produção para uso» deve substituir a «produção para
o lucro» da ordem capitalista (1956: 129).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">«Produção
para uso» significa aqui o tipo de trabalho que, num pequeno grupo se efectiva
em função da utilização esperada do produto. Mas esta noção não leva em linha de
conta os argumentos que avançámos em capítulos anteriores e que abordaremos de
novo no próximo: na ordem autogerada do mercado só as diferenças entre os
preços expectáveis para diversas mercadorias e serviços e os seus custos
indicam ao indivíduo a melhor forma de contribuir para o acervo do qual nos
abastecemos na proporção devida à nossa contribuição. Einstein parece não se
ter apercebido de que só através do cálculo e distribuição em termos de preços
de mercado é possível utilizar os recursos ao nosso dispor de modo intensivo a
fim de orientar a produção para satisfazer objectivos que se encontram muito
além do campo de percepção do produtor e capacitando o indivíduo a participar
vantajosamente na troca produtiva. Primeiro, servindo pessoas que na maioria
desconhece, mas cujas necessidades pode, apesar disso, satisfazer de forma
efectiva e, em segundo lugar, abastecendo-se a si próprio porque pessoas que
ignoram a sua existência são induzidas, também por sinais do mercado, a
providenciar às suas necessidades (...). Ao expressar tais pontos de vista,
Einstein revela a sua falta de compreensão, ou interesse efectivo, acerca dos
reais processos de coordenação das acções dos seres humanos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O biógrafo
de Einstein nota que ele considerava evidente que a «razão humana deve ser
capaz de encontrar um método de distribuição capaz de funcionar de forma tão
efectiva como o da produção» (Clark, 1971: 559), descrição que faz lembrar uma
das afirmações do filósofo Bertrand Russell segundo a qual uma sociedade não
podia ser tida por «plenamente científica» a não ser que «tivesse criado
intencionalmente uma determinada estrutura para concretizar certos fins» (1931:
203). Tais exigências, sobretudo por Einstein, pareciam ser de tal modo
plausíveis, numa abordagem superficial, que, inclusivamente, um filósofo
sensato, ao censurá-lo por afirmações fora da sua esfera de competência em
escritos de divulgação, declarou em tom aprovador que «Einstein tem perfeita
consciência de que a actual crise económica se deve ao nosso sistema de
produção orientada para o lucro em vez do uso e ao facto de o tremendo aumento da
capacidade produtiva não ser acompanhado por um equivalente acréscimo no poder
de compra das grandes massas» (M. R. Cohen, 1931: 119).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Deparamos
ainda com Einstein a repisar no citado ensaio frases típicas da agitação
socialista sobre a «anarquia económica da sociedade capitalista» em que «o
pagamento dos trabalhadores não é determinado pelo valor do produto», ao passo
que «uma economia planeada... distribuiria o trabalho a realizar entre todos os
que fossem capazes de trabalhar» e outras declarações semelhantes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Opinião similar,
mas mais prudente, surge no ensaio do colaborador de Einstein, Max Born (1968:
cap. 5). Apesar de Born ter obviamente compreendido que a nossa ordem alargada
deixara de satisfazer instintos primitivos, também ele não examinou com atenção
as estruturas que a geraram e mantêm, nem escrutinou como os nossos instintos
morais ao longo de mais de cinco mil anos passaram por substituições ou
restrições graduais. Desse modo, ainda que se tenha apercebido de que a
«ciência e a tecnologia destruíram a base ética da civilização, talvez
irreparavelmente», pensa que tal se deve aos factos que desvelaram, em vez de
terem desacreditado de forma simétrica, crenças que não satisfaziam determinados
«padrões de aceitação» exigidos pelo racionalismo construtivista (...). Mesmo
aceitando que «ninguém concebeu ainda maneira de manter a coesão social sem
princípios éticos tradicionais», Born espera, contudo, que possam vir a ser substituídos
«por via do método tradicional usado na ciência». Também ele não consegue
entrever que aquilo que existe entre instinto e razão não pode ser substituído
pelo «método tradicionalmente usado na ciência».<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj71zmswFWXqifEBgGBXgklJoLuoxOVnrHuBwqlFnuSDk0-pDimZVK6-gyxrWkVMGjILz63LvmmChnGGTP_CcBshgb2VfT-anRwFeDZ6k7qnAQoLVBCfR5K5XRxtdmbhpv1qiAmWsDUuMMUmjXSRWXRJofzVTruU3bAw2UxLwI3El7XwzHF3pMusPazSpU/s980/albert-einstein-538497.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="980" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj71zmswFWXqifEBgGBXgklJoLuoxOVnrHuBwqlFnuSDk0-pDimZVK6-gyxrWkVMGjILz63LvmmChnGGTP_CcBshgb2VfT-anRwFeDZ6k7qnAQoLVBCfR5K5XRxtdmbhpv1qiAmWsDUuMMUmjXSRWXRJofzVTruU3bAw2UxLwI3El7XwzHF3pMusPazSpU/s16000/albert-einstein-538497.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSQkCXQf41i9PWmSRddUaMeLvgv2N88aonpdLKU1KfBcoLTzd-hfyvVmKNvSHOKUB_Rvdr6f0JfRWAxmY8HzPFRxExM27xi8l7fPmzXAJC02QzOqdMTO4SxLDYKcj46Wp5WDu7tPBlQwkCYZnqhcgfgkoZGCa-inUWUTxTwQpTLIRAVmg8UBA-MFA_QOY/s1600/2019566-Karl-Marx-Quote-Democracy-is-the-road-to-socialism.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSQkCXQf41i9PWmSRddUaMeLvgv2N88aonpdLKU1KfBcoLTzd-hfyvVmKNvSHOKUB_Rvdr6f0JfRWAxmY8HzPFRxExM27xi8l7fPmzXAJC02QzOqdMTO4SxLDYKcj46Wp5WDu7tPBlQwkCYZnqhcgfgkoZGCa-inUWUTxTwQpTLIRAVmg8UBA-MFA_QOY/w640-h360/2019566-Karl-Marx-Quote-Democracy-is-the-road-to-socialism.jpg" width="640" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os meus
exemplos são extraídos de declarações de importantes vultos do século XX e não
inclui inúmeras outras personalidades, como R. A. Milikan, Arthur Eddington, F.
Soddy, W. Oswald, E. Solvay, J. D. Bernal, que proferiram muitas afirmações
insensatas sobre questões económicas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Pode-se,
com efeito, citar centenas de declarações similares de cientistas e filósofos
de renome comparável quer de séculos transactos ou da actualidade. Mas creio
ser mais proveitoso analisar de perto esses exemplos contemporâneos e o que
está por detrás deles do que o mero acumular de citações e casos. A primeira
coisa a sublinhar, talvez, é que, longe de serem idênticos, estes exemplos
possuem um certo parentesco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; line-height: 115%;"><b><span style="font-family: times; font-size: x-large;">Uma litania de erros</span></b><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #660000; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">As ideias
arroladas nestes exemplos têm em comum um certo número de raízes temáticas
intimamente inter-relacionadas que não se resumem a meras questões de
antecedentes históricos comuns. Aos leitores não familiarizados com alguma
desta literatura podem escapar numa primeira abordagem certas interligações.
Por esta razão gostaria, antes de prosseguir o exame dessas ideias, de
identificar certos temas recorrentes – na maior parte e à primeira vista sem
nada a objectar e todos eles familiares – que, em conjunto, constituem uma
tese. Esta «tese» também pode ser descrita como uma litania de erros ou um
receituário para gerar o suposto racionalismo que denomino cientismo e
construtivismo. Iniciemos esta ronda consultando um dicionário, essa «fonte de
conhecimento» imediata.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Coligi do
muito útil <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Fontana/Harper Dictionary of
Modern Thought</i> (1977) algumas sucintas definições de quatro conceitos
filosóficos básicos que, por via de regra, orientam os pensadores contemporâneos
educados segundo a linha cienticista e construtivista: racionalismo, empirismo,
positivismo e utilitarismo, conceitos que nos últimos séculos foram tidos como
expressões representativas do «espírito científico da época». Segundo essas
definições, formuladas por Lorde Quinton, um filósofo presidente do Trinity
College de Oxford, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">racionalismo</i>
repudia crenças que não assentam exclusivamente na experiência e no raciocínio
dedutivo ou indutivo. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">empirismo</i>
defende que todas as proposições de índole cognitiva têm de ter justificação na
experiência. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">positivismo</i> é descrito
como a doutrina de acordo com a qual todo o conhecimento verdadeiro é
científico, no sentido de que descreve a coexistência e sucessão de fenómenos
observáveis. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">utilitarismo</i> «assume
que o prazer ou dor experimentados são o critério da rectidão do acto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Nestas
definições surgem de modo bastante explícito, tal como se nota implicitamente
nos exemplos citados na anterior secção, as profissões de fé da moderna ciência
e da filosofia da ciência e as suas declarações de guerra contra as tradições
morais. Estas declarações, definições e postulados criaram a impressão de que
só o justificável racionalmente, o demonstrado por observação experimental, somente
o vivenciado e passível de exame, são dignos de crédito, sendo de evitar acções
que não produzam deleite. Daqui deriva directamente a tese de que as principais
tradições morais que criaram e criam a nossa cultura – impossíveis naturalmente
de justificar de tal forma e frequentemente detestadas – não são dignas de
respeito e que é nossa obrigação erguer uma nova moral assente no conhecimento
científico, por via de regra a nova moral do socialismo. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiv6IdCH6FUj-GXNYXUbDUgUAoCVSXnH0feGvF6k3lcVUZcoOUmGesn71R5iPuECo6hfmsiNMgpam44WhdpaQvA0_a5U6FZNNXRJ6KiDYdTzBZepf5UajDHc6PWZNkG9Ds2NlnyNtRJ0QpqM4ouzyjz5E1m10bNQzS7fFOP7OwZOsVwI9_zi4H0KOk8vw/s948/friedrich-august-von-hayek-1218610.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="948" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiv6IdCH6FUj-GXNYXUbDUgUAoCVSXnH0feGvF6k3lcVUZcoOUmGesn71R5iPuECo6hfmsiNMgpam44WhdpaQvA0_a5U6FZNNXRJ6KiDYdTzBZepf5UajDHc6PWZNkG9Ds2NlnyNtRJ0QpqM4ouzyjz5E1m10bNQzS7fFOP7OwZOsVwI9_zi4H0KOk8vw/s16000/friedrich-august-von-hayek-1218610.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Estas
definições, juntamente com os nossos anteriores exemplos, examinadas com maior
detalhe, incluem os seguintes pressupostos:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">1.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">1. A ideia de que é infundado o que não possa ser justificado
cientificamente ou provado através da observação (Monod, Born).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">2.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">2. A ideia de que não é razoável seguir o que não se compreende. Esta
noção está implícita em todos os nossos exemplos, mas devo confessar que eu
próprio a partilhei outrora e chego a encontrá-la num filósofo com quem em
geral concordo. Assim, <i>Sir</i> Karl Popper alegou certa vez (1948/63: 122; destaque
meu) que os pensadores racionalistas «não se submetem cegamente a qualquer
tradição», o que é, obviamente, tão impossível quanto ignorar toda e qualquer
tradição. Terá sido, talvez, um deslize, dado que noutra ocasião ele nota com
acerto que «nunca saberemos acerca de que é que falamos» (1974/1976: 27, sobre
isto, ver também Bartley, 1985/1987). (Por muito que o homem livre insista no
seu direito a examinar e, quando apropriado, rejeitar qualquer tradição, não
consegue viver em sociedade se recusar a aceitação de incontáveis tradições sem
sequer pensar nelas e ignorando os seus efeitos.)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">3.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">3. A ideia relacionada de que não é racional seguir determinada via
sem propósitos previamente definidos (Einstein, Russell, Keynes).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">4.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">4. A ideia, também intimamente relacionada, de que não é razoável
fazer algo a não ser que os seus efeitos sejam não apenas totalmente conhecidos
de antemão, mas totalmente observáveis e vistos como benéficos, no caso dos utilitaristas. (Os pressupostos 2, 3 e 4, são, a despeito das suas ênfases diferentes,
praticamente idênticos, mas assinalei as distinções para chamar a atenção para
o facto de que os argumentos a seu favor redundam, conforme quem os defenda,
numa falta de compreensão em geral ou, mais em particular, na ausência de
propósito específico ou, ainda, de conhecimento perceptível dos efeitos.)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Podia-se
adiantar outros requisitos, mas estes quatro (...) serão suficientes para os
nossos propósitos, essencialmente ilustrativos. Dois aspectos quanto a esses
requisitos devem ser referidos desde já. Em primeiro lugar, nenhum dá prova de
compreender que podem existir limites ao nosso conhecimento ou razão em certas
áreas ou tem em conta que, em certas circunstâncias, a descoberta desses
limites pode ser a tarefa mais importante da ciência. Aprenderemos a seguir que
existem tais limites e que eles podem de facto ser parcialmente superados, como
por exemplo através da ciência da economia ou da «catalaxia», mas que eles <i style="mso-bidi-font-style: normal;">não podem ser superados se nos atermos aos
quatro requisitos acima</i>. Em segundo lugar, a abordagem na base dos
requisitos carece de capacidade de compreensão de tais problemas, de
entendimento quanto à forma de reconhecer e lidar com eles, como revela ainda uma
singular falta de curiosidade acerca da génese e subsistência da nossa ordem
alargada e de quais as consequências das tradições que a criaram e mantêm.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In Friedrich A. Hayek, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Arrogância
Fatal: Os Erros do Socialismo</i>, Guerra e Paz, 1.ª Edição, Novembro de 2022,
pp. 79-93).</span></b></p><p class="MsoNormal" style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWkTw6yUk0_xEH1tb8nyUwbIQzk78IAmJ7dT627xy2pmzAUmHN_RP02zqzxmh0z-zCu7u0eLHRSJFenwUP_aWlhrJFkHNXXtw9rkBQn-7ljDxwJd8H9qqVK3Hd1mh6AaC6v9AeKlMhnBOM8FOfySD-Yvqhsbd7tWJ2W-u9xRQFrahv4HzZaXoWUB4stGY/s1600/2453423-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-A-claim-for-equality-of-material.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWkTw6yUk0_xEH1tb8nyUwbIQzk78IAmJ7dT627xy2pmzAUmHN_RP02zqzxmh0z-zCu7u0eLHRSJFenwUP_aWlhrJFkHNXXtw9rkBQn-7ljDxwJd8H9qqVK3Hd1mh6AaC6v9AeKlMhnBOM8FOfySD-Yvqhsbd7tWJ2W-u9xRQFrahv4HzZaXoWUB4stGY/w640-h360/2453423-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-A-claim-for-equality-of-material.jpg" width="640" /></a></div><p></p></span><p></p></div>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-34086035822334055532023-09-17T03:35:00.003-07:002023-09-17T05:17:43.753-07:00Portugal em África<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Franco Nogueira</span></b></p><p><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU2_xSFdE6Qq5Nm1H0xSbA2fo-KRQGcJs9X3CE_NQrb3Y94AyTDkO4TOxockhS1Rd3JIsFiU_WOg2LVyRujyxVXtwuVsBRoFM6IbkAfwNdV4ZOfa_YGNPzOplAPcSrEaFPQtKHZUdUXXENPK8NQ_zQIJlN3SLuPyXMsZR4yHti8Ozh6tNRp-HGKb9G5AY/s640/20180521183255_000021.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="446" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU2_xSFdE6Qq5Nm1H0xSbA2fo-KRQGcJs9X3CE_NQrb3Y94AyTDkO4TOxockhS1Rd3JIsFiU_WOg2LVyRujyxVXtwuVsBRoFM6IbkAfwNdV4ZOfa_YGNPzOplAPcSrEaFPQtKHZUdUXXENPK8NQ_zQIJlN3SLuPyXMsZR4yHti8Ozh6tNRp-HGKb9G5AY/s16000/20180521183255_000021.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: justify;"><b style="background-color: white; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 10.4px;"><span style="color: #bf9000;">Batalha de Coolela, travada em 7 de Novembro de 1895, durante a qual Mouzinho de Albuquerque esteve pela primeira vez debaixo de fogo.<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0mja9EGwBo31XAunPS3DfjVJDxzRzKMl8eOJVFFD2BzEpHHWHuZRUufyGUdop3SAdetBaE2VkI6IvgbbzPker7JRunsPMaWinzEavrLXUKVMpXARul3jUUGlauA8S51SVxs_7XIQVZK2Vzu_O1GDMeoLKuJPW3A4EYQ6xhVESdFf4JssnjqSmOc1yqgo/s640/20180521183255_00003.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="451" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0mja9EGwBo31XAunPS3DfjVJDxzRzKMl8eOJVFFD2BzEpHHWHuZRUufyGUdop3SAdetBaE2VkI6IvgbbzPker7JRunsPMaWinzEavrLXUKVMpXARul3jUUGlauA8S51SVxs_7XIQVZK2Vzu_O1GDMeoLKuJPW3A4EYQ6xhVESdFf4JssnjqSmOc1yqgo/s16000/20180521183255_00003.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b style="background-color: white; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 10.4px;"><span style="color: #bf9000;">Ocupação de Manjacaze, última operação militar antes de Chaimite.</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«António
Enes também veio a revelar-se um comissário lúcido em termos militares. Apesar
de ser um civil, foi a ele que a tropa ficou a dever o esquema global das
campanhas de 1895. Em primeiro lugar, decidiu-se a resolver a questão da
segurança nas "terras da Coroa". Foi igualmente graças à sua acção
que os oficiais puderam contar com meios logísticos locais. Também defendeu
desde a primeira hora o avanço no terreno baseado em colunas móveis e foi o
comissário régio quem procedeu à reorganização militar da província. Sob a sua
direcção política, nasceu a tal geração de jovens soldados que ganhou destaque
nas campanhas de Moçambique. No seu tempo, a tropa adquiriu experiência de
combate e obteve com custos mínimos os resultados que até então ninguém havia
conseguido. No seu conjunto, as vitórias de Marracuene, Magul, Coolela e
Manjacaze terão custado 14 baixas brancas, número insignificante quando
comparado com os 5592 mortos deixados pela França em Madagáscar, na mesma
altura. Foi este sucesso e traquejo operacional que esteve na base da criação
de uma percepção muito característica dos chamados "africanistas".
Para eles, o Império viria a revelar-se a própria razão de ser da nação. Sem
Império, esta não se cumpria, ideologia [ou realidade] que os regimes políticos
até 1974 não mais iriam <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/05/a-perda-do-ultramar-portugues-e-os.html">abandonar</a>.</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">Assim, os
louros da campanha de 1895 ficaram a dever-se mais à acção estratégica,
organizativa e política de António Enes do que ao voluntarismo de Mouzinho de
Albuquerque, tardiamente chegado a Moçambique, ou à vitória obtida em Chaimite
já no final do ano. A captura do Gungunhana (...) seria apenas um episódio,
ainda que significativo, do esforço militar português na colónia do Índico. No
seu conjunto, as operações desenvolvidas ao longo de 1895 representaram a
primeira campanha "moderna" levada a cabo pelas Forças Armadas
nacionais, vindo a servir de modelo para as que se seguiram.</span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoKLH8hiqJTUt3_AgqElwZZNlC_Kk0-YzDs27e6PSwVzC7pQ5EEFSgk-gPib4IB0b11eSUw5yfALVuuOFgIC7OVDybDIct6CPdf9ARQgxpjGTSi1wprX-5esqultd9skCwGqNSAwsU-JR-RlnceG6RSlFPPq9uZ8Tr8kKLdAc_zK-DEs-iYv5i5BWYSdE/s640/20180523153618_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="627" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoKLH8hiqJTUt3_AgqElwZZNlC_Kk0-YzDs27e6PSwVzC7pQ5EEFSgk-gPib4IB0b11eSUw5yfALVuuOFgIC7OVDybDIct6CPdf9ARQgxpjGTSi1wprX-5esqultd9skCwGqNSAwsU-JR-RlnceG6RSlFPPq9uZ8Tr8kKLdAc_zK-DEs-iYv5i5BWYSdE/s16000/20180523153618_00001.jpg" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Todavia,
para a história, os feitos deste ano seriam associados ao militar, não ao
paisano. Percebe-se a razão da preferência. António Enes, para além de não
pertencer ao meio castrense, tinha um perfil discreto, um passado de homem de
Letras cordato, apesar de se ter envolvido uma década antes em polémicas
políticas contra a Coroa no jornal <i>O
Progresso</i>. Já o capitão Joaquim Mouzinho de Albuquerque tinha uma aura
diferente, mais própria dos heróis que conseguiam triunfar apesar de rodeados
de dificuldades. A prisão do "leão de Gaza", o seu feito maior,
levado a cabo por um punhado de brancos, que enfrentaram destemidamente
milhares de africanos no seu reduto, tornou-se uma façanha difícil de igualar.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">De resto,
para além da sua figura cimeira, a campanha de 1895 iria ser o berço de uma
geração de protagonistas como Eduardo Galhardo, Paiva Couceiro, Eduardo Costa,
Freire de Andrade, Sanches de Miranda e Aires de Ornelas, a que se juntariam em
breve Gomes da Costa e João de Azevedo Coutinho. Este grupo de
"africanistas", os "centuriões" como lhes chamou René
Pélissier, não contando Caldas Xavier, que morreu em Lourenço Marques logo nos
inícios de 1896, iria tornar-se a curto prazo numa espécie de Ínclita Geração
do final do século XIX. O heroísmo demonstrado por Mouzinho de Albuquerque à
entrada de Chaimite só passou a encontrar comparação na Batalha de Aljubarrota.</span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRWOZnEjG1dNp2zG2VpFwHDvnV3fzjDdjoKv4PNmDRSvboml7I-n-1f62j6wg6Xle1Q_p6A2WxbtGjsc9dcphZEb8Bnmp1mqi-PZhzKZsFxPG_6ql9R7S61GsDOL8u2okUeDrTO_F3ur1-0S39izbbRZZbdvP2KtV_OzW33DJ1G10I3-Kuh9J1XXpDyAk/s640/20180521185623_00001.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="414" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRWOZnEjG1dNp2zG2VpFwHDvnV3fzjDdjoKv4PNmDRSvboml7I-n-1f62j6wg6Xle1Q_p6A2WxbtGjsc9dcphZEb8Bnmp1mqi-PZhzKZsFxPG_6ql9R7S61GsDOL8u2okUeDrTO_F3ur1-0S39izbbRZZbdvP2KtV_OzW33DJ1G10I3-Kuh9J1XXpDyAk/s16000/20180521185623_00001.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #bf9000;">A «geração» de Mouzinho de Albuquerque. Os companheiros de África. Sentados da esquerda para a direita: Dr. Baltasar Cabral, Mouzinho de Albuquerque e Aires de Ornelas. De pé, da esquerda para a direita: Andrade Velez, Gomes da Costa, Eduardo Costa, João de Azevedo Coutinho, João Galvão e Baptista Coelho.<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>(...) Este
grupo de militares teve o condão de, pelas suas proezas nunca alcançadas nos
anos recentes, despertar o país para a realidade colonial e de promover a
afirmação de Portugal perante o exterior numa altura em que o prestígio
nacional em África já tinha conhecido melhores dias. Os inimigos não eram as
azagaias dos Vátuas, mas sim os apetites que a debilidade da presença
portuguesa despertou nas potências europeias, nomeadamente na Grã-Bretanha e na
rival Alemanha».<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Paulo Jorge
Fernandes («MOUZINHO DE ALBUQUERQUE. Um soldado ao serviço do Império»).<span style="color: #783f04;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Estamos em
África há 400 anos, o que é um pouco mais que ter chegado ontem. Levámos uma
doutrina, o que é diferente de ser levados por um interesse. Estamos com uma
política que a autoridade vai executando e defendendo, o que é distinto de
abandonar aos chamados “ventos da história” os destinos humanos. Podemos
admitir que a muitos custe compreender uma atitude tão estranha e diversa da
usual; mas não podemos sacrificar a essa dificuldade de compreensão populações
portuguesas cujos interesses na comunidade nacional consideramos sagrados.»<o:p></o:p></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/04/nao-e-terra-que-se-explora-e-portugal.html">Oliveira Salazar</a> («Portugal e a Campanha Anticolonialista»).<span style="color: #783f04;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHFL6rwYdzjDGmzLBUwbYymBFoAOtyjs9ttRBq4LwmttMZqN8c8n9eVLUdc6-Dcet2764hXfYUyMYyZ9RINY-_kpEtP2QNAmz6KYbIN5tL-Rxr59JfUF_V-kDsoHGAPtWih0voHOIV4f5ADAZygFsp_lI3YueYU93jQsE7R7MnYnRIoSI1B9QxGv0Gt6U/s800/20150509152549_00001%20(1)%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="594" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHFL6rwYdzjDGmzLBUwbYymBFoAOtyjs9ttRBq4LwmttMZqN8c8n9eVLUdc6-Dcet2764hXfYUyMYyZ9RINY-_kpEtP2QNAmz6KYbIN5tL-Rxr59JfUF_V-kDsoHGAPtWih0voHOIV4f5ADAZygFsp_lI3YueYU93jQsE7R7MnYnRIoSI1B9QxGv0Gt6U/s16000/20150509152549_00001%20(1)%20(1).jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">«<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/01/genocidio-contra-portugal.html">Portugal</a>
foi vítima de um ludíbrio gigantesco, os portugueses foram enredados num logro
colossal. <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/10/portugal-e-os-americanos-iii.html">As forças que atacavam Portugal, e os seus agentes, criaram na
consciência colectiva, quanto à visão do País, uma fractura entre o <i>consenso nacional histórico</i> e o <i>consenso nacional contemporâneo</i>.</a> Não foi
por acaso que se procurou, e ainda procura, apagar e fazer esquecer a história
de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/02/desagregacao-de-portugal-multirracial-e.html">Portugal</a>, e deste facto é a tentativa de destruir a figura de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/camonologia.html">Camões</a>, o
símbolo mais expressivo: àquelas forças importa que <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/a-memoria-das-raizes.html">Portugal</a> se transforme numa
terra sem história.»</span><o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/09/o-ultimato-ingles-1890.html" style="font-weight: bold;">Franco Nogueira</a><b> (</b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/06/dialogos-interditos.html"><b>«Diálogos Interditos»</b></a><b>, I Volume).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPCfpZ6vdVXcb7OxxbOiGcFiMzVkbXsHk1zi8M8Zn6n6eqmB0ByZfnTFOQ4bcEi5qMDrwnC2QQAAolywSLbhXuvIHrmwV61rZO1JWNfB9H53nPUzjStdOrwZWoT7dXmE6oLd0Xu6c9-DSQNDvoEXqPAJkwoN15oBnWWJ-f0mzoRj3yvq26hC8OBqyJJRg/s640/Franco%20N.%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="447" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPCfpZ6vdVXcb7OxxbOiGcFiMzVkbXsHk1zi8M8Zn6n6eqmB0ByZfnTFOQ4bcEi5qMDrwnC2QQAAolywSLbhXuvIHrmwV61rZO1JWNfB9H53nPUzjStdOrwZWoT7dXmE6oLd0Xu6c9-DSQNDvoEXqPAJkwoN15oBnWWJ-f0mzoRj3yvq26hC8OBqyJJRg/s16000/Franco%20N.%20(1).jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #741b47; font-family: times; font-size: x-large;"><b>Portugal em África</b></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Depois da
crise com a Inglaterra, não estavam findas as preocupações ultramarinas. Era a
tradição: paz com Portugal na Europa; guerra ao que Portugal possuísse
além-mar. Desencadeia-se uma campanha política e de imprensa, de âmbito
internacional. Acusações graves são lançadas: incapacidade administrativa,
atraso económico, prática de escravatura, tesouro exausto. Alegam-se massacres
por autoridades portuguesas; e dissemina-se a ideia de que as populações se
encontravam em estado de insurreição. As potências fingem-se preocupadas, e
consideram um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dever</i> moral e político
substituir Portugal em África: apenas assim poderiam continuar <i style="mso-bidi-font-style: normal;">generosamente</i> a suportar o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fardo do homem branco</i>, impondo ao negro
o respeito que os portugueses eram inábeis para garantir, e só assim seria
viável levar a civilização ao continente africano, explorando as suas riquezas,
mercados, matérias-primas. E como Portugal – adiantavam os mesmos críticos –
não tinha exércitos, capitais, técnicas, ou quadros administrativos
suficientes, era forçoso que a Europa tomasse sobre si essa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">responsabilidade</i>, e se assinasse o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sacrifício</i> de partilhar a África
portuguesa. E a recusa ou a resistência de Portugal era um obstáculo, um
embaraço incómodo que entravava o que era havido como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">alta política</i> europeia, e ofendia os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">supremos ideais</i> que as grandes potências difundiam no mundo, num
mandato que ninguém lhes outorgara.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tendo
suspendido o pagamento da dívida externa, e vivendo em <i>déficit</i>, era desesperada
a situação financeira <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>. O
descrédito era total <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
O conde de Reillac, nosso credor, era implacável. Cartazes ofensivos eram
afixados em Paris; e nos cafés-concertos exibiam-se velhos decrépitos,
andrajosos, que esmolavam para Portugal. Tentou-se um empréstimo na praça de
Londres: em penhor, ficariam cativos os réditos aduaneiros do ultramar. Soube-o a Alemanha, e Berlim logo se precipitou: queria partilhar de qualquer operação
financeira que acaso se repercutisse na África portuguesa. Em face de
dificuldades com os <i style="color: black;">boers</i>, que se
avizinhavam, a Grã-Bretanha tinha interesse em evitar a exclusiva intervenção
alemã. E em 1898 Balfour assina com os alemães dois acordos secretos, e uma
nota, prevendo a partilha das províncias portuguesas de África: para a
Inglaterra, todo o sul do Zambeze e o norte de Angola; para a Alemanha, o sul
de Angola, ligando com o sudoeste, e o norte de Moçambique (e ainda Timor).
Firmados os documentos, os enviados britânicos e alemães em Lisboa, numa
diligência comum, põem à disposição do Governo português os recursos
financeiros necessários, solicitando para garantia o controle aduaneiro do
ultramar. O governo fora informado dos acordos de Londres; e José Luciano, que
o presidia, repudiou a oferta. Mas a França também apurara o segredo, e
apressou-se a fornecer os créditos precisos, de forma <i style="color: black;">desinteressada</i>, porque o seu objectivo era frustrar o entendimento
anglo-germânico. Fortalecidos com o apoio francês, e denunciado em Londres os
acordos de que tivéramos conhecimento, foi viável levar a Grã-Bretanha ao
cumprimento da aliança e do tratado de 1891. Foi essa a política de D. Carlos e
de Soveral. Aproveitando a guerra contra os <i style="color: black;">boers</i>,
que agora a Inglaterra conduzia na África Austral, e necessitando aquela de auxílio
português, declarámos que lho prestaríamos em nome da aliança, e se esta fosse
invocada; e foi essa invocação e confirmação que se obteve com o <i style="color: black;">Tratado de Windsor</i>, em fins de 1899.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mas a
Europa entrava no regime de<i> paz armada</i>. Era crescente a tensão entre as
potências: deslocações das alianças e <i>Entente Cordiale</i> entre a França e a
Inglaterra, com a morte da rainha Vitória e a subida de Eduardo VII ao trono <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>;
intervenção alemã na África Equatorial; incidente de Agadir; crise em Marrocos
e protectorado francês. Deseja a Inglaterra travar o rearmamento da Alemanha, e
de novo a encaminhou para África. Voltou a ideia de reformar os acordos de
1898, e nos últimos anos do século XIX<span style="color: black;"> </span>o
Governo inglês sentiu sempre o desconforto da <i>«situação ambígua»</i> de que se queixava
Sir Edward Grey. Em Berlim, todavia, falava-se de Angola como de território
alemão, e também do norte de Moçambique, junto ao Tanganica; e em Inglaterra,
sem embargo do Tratado de Windsor, cresce o fascínio pela mesma província, e o
desejo de acaso a incorporar. Assinariam os dois governos, em Agosto de 1913,
um novo tratado de partilha, que reproduzia as convenções secretas de 1898. Um
ponto era alterado: para não desprazer à Austrália, substituía-se Timor por S.
Tomé e Príncipe. Para fazer pressão sobre Portugal, e por sugestão de
Tattenbach, a Alemanha enviara uma esquadra a Lisboa, e logo a Inglaterra, para
equilibrar aquela pressão, fez comparecer no Tejo a sua frota de Gibraltar. De
novo reagiu a França. Esta pretendia a Guiné, Cabo Verde e Cabinda. Paris
intervém em Berlim e Londres, e exige que nenhumas modificações sejam feitas na
bacia do Zaire sem o seu acordo. Para contemporizar, consegue a Inglaterra que
a Alemanha aceda ao pedido francês; e nesse sentido foi assinado, em Julho de
1914, o respectivo acordo. Antes da sua execução, mergulharia a Europa numa
guerra generalizada <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[4]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2W_2nMUx7UCm2JB5-MUcZs5CB1WArbIQM7hYGxLgnB32ThoHvgrA2tF6JOgIPWTzUGZxOXpG37NRR0DX-nnlxcVL477s23pYx-LAelWAjKukzrKfFkNuzSeCi9Oz7d8erUoBZyDVpdrBp6nnb7MDvU3WFFPzqLQOPoYb0yJlagmHsn6YgwLViIqBazlM/s640/20180521183255_000013.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="393" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2W_2nMUx7UCm2JB5-MUcZs5CB1WArbIQM7hYGxLgnB32ThoHvgrA2tF6JOgIPWTzUGZxOXpG37NRR0DX-nnlxcVL477s23pYx-LAelWAjKukzrKfFkNuzSeCi9Oz7d8erUoBZyDVpdrBp6nnb7MDvU3WFFPzqLQOPoYb0yJlagmHsn6YgwLViIqBazlM/s16000/20180521183255_000013.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b style="background-color: white; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 10.4px;"><span style="color: #bf9000;">Um aspecto do desenvolvimento urbano de Lourenço Marques no final do século XIX.<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Da
rivalidade entre as potências, beneficiou Portugal: entravou a partilha do
ultramar. Mas a conservação deste deveu-se, acima de tudo, ao esforço resoluto então feito para o guarnecer e administrar. Fustigados por crises sucessivas,
feridos por um <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/09/o-ultimato-ingles-1890.html">ultimato</a>, ameaçados pelas cobiças de terceiros, empreendemos uma
campanha sistemática de ocupação efectiva. Compreendeu a opinião pública quanto
era imperioso fazê-lo: sentiu a Nação essa cruzada: e os governos, apoiados
numa política nacional e mesmo compelidos a praticá-la, puderam tomar as
providências apropriadas. Estava-se perante um problema vital do país: este
gerara um movimento colectivo e uma mística popular: e contra esta foram
impotentes os conluios palacianos, os ódios pessoais dos dirigentes, os grupos
e facções partidárias, e até o desinteresse dos que se consideravam o escol
mental.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Esse
esforço tinha de se exercer em relação a Angola. Havia que demarcar com precisão
os limites definidos, nos vários tratados: ao norte, em face de franceses e
belgas; pelo sul, com os alemães; e a leste, ao longo de todo o Barotze <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[5]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
uma vasta faixa fora-nos arrancada na crise anglo-lusa de 1890. As populações
locais encontravam-se em estado de excitação e incerteza, e era indispensável
afirmar a soberania nacional. Tropas e material foram enviados da metrópole, e
a ocupação levada aos confins da província. Destacam-se Artur de Paiva,
Veríssimo Teixeira, Padrel. Dois povos ofereciam especiais dificuldades. Ao
sul, os cuamatos: Alves Roçadas, partindo da Huíla, empenhou-se em combates
sucessivos: e ao findar o ano de 1907 quase toda a área estava pacificada e sob
domínio português. Ao norte, na região dos Dembos, régulos e sobas agiam com
independência quase absoluta. Numa zona áspera pelo clima e configuração do
terreno, João de Almeida estabelece postos militares e administrativos, e a
soberania portuguesa retoma os seus direitos. Depois, como governador da Huíla,
dirige-se ao sul; e continua a obra de Roçadas ocupando Hinga, Dombola, Balondo
e demais pontos nevrálgicos. Por 1915, com Pereira de Eça, toda a fronteira sul
de Angola estaria enfim balizada. Entretanto, durante o governo de Paiva
Couceiro, já antes arduamente experimentado nas campanhas de Moçambique, haviam
sido abertas vias de penetração por todo o interior: fora a política de
<i>«intervencionismo»</i> que permitiu consolidar a província, dar-lhe unidade
territorial, preparar o seu desenvolvimento, e sobretudo prevenir novas ambições
de terceiros <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[6]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Era na
costa oriental, todavia, que o nome português atingira a última das
degradações. Para além de Lourenço Marques, quase se não exercia autoridade
portuguesa em Moçambique. Em todas as <i style="color: black;">terras
da coroa</i> lavrava a revolta. Surdira na região de Magaia, e logo se
estendera a uma vasta área. A linha do Incomati pertencia aos rebeldes; até ao
Save, mesmo em zonas tão distantes como Cossine, os soldados portugueses só
estavam seguros da terra que pisavam; e ao norte do Save, desde a fronteira do
Transwaal até aos vales do Pungue e do Busi, tudo estava abandonado a
influência alheia. Diziam as populações aborígenes que o mato lhes pertencia e
que apenas Lourenço Marques era dos brancos; e os portugueses eram havidos como
mais timoratos que mulheres ou designados, por desprezo, como <i style="color: black;">galinhas </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[7]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Nos territórios ingleses vizinhos era conduzida uma campanha contra Portugal,
pela imprensa e pela corrupção; e Cecil Rhodes, o adversário mais tenaz que
alguma vez defrontámos em África, espreitava em Capetown o ensejo de explorar
as dificuldades portuguesas. Os governos europeus vigiavam os acontecimentos;
sugeria-se que caudilhos e mercenários europeus formassem com os rebeldes uma
hoste aguerrida que tomasse Lourenço Marques; e esta seria depois proclamada <i style="color: black;">cidade livre</i>, com estatuto de autonomia
garantido pelas potências europeias <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[8]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Nas águas de Moçambique, e na baía da capital, cruzavam esquadras inglesas e
alemãs; e por toda a África em redor, desde o Natal ao Niassa, considerava-se
Moçambique como província a abandonar pelos portugueses. Estes estavam <i style="color: black;">«prestes a ser atirados ao mar pelos cafres»</i>;
e na África Austral não tinham limite os insultos, as vaias, as calúnias, as
acusações, as objurgatórias contra Portugal por causa de África. Complicava o
problema a existência das comunidades <i style="color: black;">boers</i>
no Transwaal; estes ambicionavam o porto e cidade de Lourenço Marques, sabiam
que os ingleses, no entanto, não lho consentiriam; mas também não desejavam que
estes últimos se apossassem daquela posição; e por isso preferiram que Portugal
se firmasse naquela área vital para a república de Pretorius. Londres entrevia,
do seu lado, o futuro conflito anglo-<i style="color: black;">boer</i>:
para o ataque ao Transwaal considerava indispensável Lourenço Marques: e a
menos que lançasse uma agressão frontal ou que os portugueses sucumbissem,
apenas a aliança com Portugal, e a invocação expressa desta, permitiria usar
aquele porto. Foi esta conjugação de circunstâncias que Soveral explorou com
lucidez, e que levou ao <i>Tratado de
Windsor<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b></i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[9]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Tudo era seguido pelos gabinetes da Europa, e estes formavam a sua opinião
àquela luz. E tudo parecia perdido para Portugal quando o governo de Lisboa,
num sobressalto de pavor, resolve nomear António Enes como Comissário Régio em
Moçambique, e com plenos poderes.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSc-6L_7Ry4tgTZXXq8mqziIJCnERZ0oF8dwQgPBvXsZvgsfpq_QJBe7gePGgcumXrArIcBsmpFfvvU_B5wkS-Uze1QTvjAjO2MFTb7v3HskkjMz96FvNLhIRwbSy4MBVBRSFLMPAs3SZzp1h0mx3-H2uSb1z_GJGZ6UFVY64F2qzMnkjDIUOg_JkmH_Y/s640/lm-primordios.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="390" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSc-6L_7Ry4tgTZXXq8mqziIJCnERZ0oF8dwQgPBvXsZvgsfpq_QJBe7gePGgcumXrArIcBsmpFfvvU_B5wkS-Uze1QTvjAjO2MFTb7v3HskkjMz96FvNLhIRwbSy4MBVBRSFLMPAs3SZzp1h0mx3-H2uSb1z_GJGZ6UFVY64F2qzMnkjDIUOg_JkmH_Y/s16000/lm-primordios.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Vista geral de Lourenço Marques no primeiro decénio de 1900.<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">António Enes chega a Moçambique praticamente sem nada. Mas em nenhum momento equacionou
a missão a cumprir com os elementos, de homens e de material, que possuía:
aquela tinha de ser executada com o que houvesse ou lhe pudesse vir a ser fornecido.
Desfrutava o Comissário Régio do apoio firme do rei D. Carlos e da rainha D.
Amélia, que no alto nível da política portuguesa pareciam ser as únicas figuras
interessadas com paixão pela África. E tinha ainda a compreensão e o auxílio do
ministro da Marinha e Ultramar, Ferreira de Almeida. Este lutava, no entanto,
com as maiores dificuldades: os seus colegas de gabinete tinham pavor de tudo e
deixavam-se impressionar pelas críticas <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[10]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>;
os jornais políticos e homens de governo não queriam a campanha contra
Gungunhana <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[11]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>;
todas as medidas eram paralisadas pela <i style="color: black;">«engenhoca
política»</i> e pelos <i style="color: black;">«interesses
ilegítimos» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[12]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
e queixava-se de que todos queriam resultados sem sacrifícios. Então desabafa com
Enes: <i style="color: black;">«eu ainda não percebi a razão de
certos receios e ainda menos a importância que se dá a certos sujeitos; que por
este andar o país não se aguenta é fora de toda a dúvida; assim vou-me embora e
hei-de arrepender-me toda a minha vida de mais uma vez tomar alguma coisa a
sério» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[13]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Era este o ambiente político que António Enes, ao partir, deixara atrás de si.
Mas nem o facto, nem a escassez de meios em Moçambique entibiaram o Comissário
Régio. Empreendeu a sua missão com a coragem e a cegueira de quem luta por
ideia ou interesse que o transcende. Enes trabalhou sobretudo com homens:
Caldas Xavier, Paiva Couceiro, Aires de Ornelas, Mouzinho, Freire de Andrade,
Eduardo Costa, Eduardo Galhardo, Roque de Aguiar. Estes homens, quase entregues
a si próprios, improvisando com engenho, imaginando com fé, de nada fazendo tudo,
indiferentes à fortuna e ao sacrifício, mantiveram <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/05/mocambique.html">Moçambique</a> na nação
portuguesa, e impuseram aos locais e aos estranhos o respeito pela soberania
nacional. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Chegou
António Enes nos primeiros dias de Janeiro de 1895 a Lourenço Marques, e
inteirado da situação logo organiza, com bocados de forças díspares, uma coluna
que marcha para o Norte. É confiado o comando ao major de infantaria Caldas Xavier.
No grupo do Comissário Régio, este era decerto a individualidade mais rica,
mais humanamente generosa, mais densa de isenção e de espírito de sacrifício:
de uma energia inquebrantável, era a obstinação personificada e tinha brasas
nos olhos: e era oficial de grande valor militar, além do mais. Em 2 de Fevereiro,
a coluna está acampada por alturas de Marracuene, a cerca de trinta quilómetros
de Lourenço Marques. Na madrugada daquele dia, com as tropas formadas em quadrado,
os vátuas, cafres, landins atacaram por milhares. Era a mais fraca a face
constituída por <i style="color: black;">angolas</i>, e sobre essa
se concentraram os assaltantes. Rompido esse lado penetraram no interior: e a
doutrina militar dizia que uma vez desfeito um lado, não mais se poderia
recompor um quadrado, e seria destruído. Mas os oficiais de Marracuene – Caldas
Xavier, Couceiro, Ornelas, Eduardo Costa, alferes Pinto – <i style="color: black;">«esqueceram-se de que não havia exemplos de se salvarem quadrados
arrombados» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[14]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Todas as outras três faces, constituídas por tropas brancas, mantiveram-se
firmes: embora sentindo nas suas costas a luta corpo a corpo com os vátuas no
interior do quadrado, continuaram sob formatura imperturbável e a fazer
pontaria certeira para o exterior. Roque de Aguiar e o alferes Pinto correm
para os <i style="color: black;">angolas</i> espavoridos; e Caldas
Xavier, dominando todos com a sua presença e a sua bravura, obriga-os a retomarem
as fileiras. Reconstituiu-se o quadrado: e <i style="color: black;">«é
tão desusado, tão único, este fenómeno de se reorganizar, sob pressão do
inimigo, um quadrado já desmantelado, que se tem procurado para ele muitas
explicações, extraordinárias, mas inverosímeis»</i><i><span style="color: #bf9000;"> </span></i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: #bf9000;"><b>[15]</b></span></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Ao cair da tarde, retiravam-se os assaltantes: haviam perdido centenas de
mortos: e depois, dos ferimentos graves, muitos outros <i style="color: black;">«estiveram muito tempo a morrer»</i>, como disse uma das testemunhas
nativas. Limpo o terreno, exploradas as cercanias, fortificado o local,
regressou a coluna a Lourenço Marques. Era um conjunto de destroços humanos. Mas,
chegados às primeiras casas, gritou Caldas Xavier às forças: <i style="color: black;">«Lembrem-se de que vão ser vistos por
estrangeiros!»</i>. Não foi preciso mais exortação ou ordem: foi geral o
aprumo. <i style="color: black;">«Nas filas que passavam
cadenciadas descobriam-se rostos emaciados, peles esverdeadas ou terrosas,
magrezas esqueléticas, malares esbrugados e retintos pelas vermelhidões das
febres, lábios sem cor, pálpebras negras e entumecidas; mas os olhos, esses
brilhavam sempre. Traziam os uniformes de linhagem empastados de lama até às golas, negros pela pólvora e pela graxa do equipamento, encarnados da areia,
escorrendo água, descosidos de farpões; o calçado vinha cambado e roto, as
ferragens do armamento cheias de ferrugem. Cobriam-nos todos os estigmas, todas
as imundícies, todos os desalinhos com que o sertão e a guerra, as duras
provações e o forçado abandono de si podem deprimir a dignidade da figura
humana; mas a expressão viril dos semblantes, o próprio esforço com que
dissimulavam a fadiga, o sereno desassombro com que deixavam ver os seus farrapos
sujos, a lembrança do que tinham ousado, feito e padecido, faziam-nos parecer
tanto mais nobres quanto mais sórdidos, e mais heróicos quanto mais definhados» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[16]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Frente à residência do Comissário Régio, a coluna faz alto, abre em
formatura,<span style="color: black;"> </span>saúda em continência. Caldas Xavier,
muito naturalmente, manda o chefe do estado-maior pedir ordens e instruções
para acção imediata. Mas Enes determina que a força regresse a quartéis. E <i>«estrangeiros escarninhos, que paravam para
os ver, ficavam sérios e reverentes; e lágrimas silenciosas de enternecimento e
ufania rolavam pelas faces dos bons portugueses»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b></i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[17]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAMgEII5KHhhMOcaMw8VIaT6HJI1xnM2Ytoe3k_WUFGOuzmF3Q7lIw6vJ9riBVscZjX8gcEyZ9G2B6Z1moYw9Ihh-XBeOhBoCi8OWiS_5c_4SBBbdsEfLkseGLExI1z-gVAUZ-1ukkuL7lnGFTlbp9PwY4VLZPXuK1eZat1X1gnA9KcGEJbFWvKh4X0hA/s640/paladin_pt.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="245" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAMgEII5KHhhMOcaMw8VIaT6HJI1xnM2Ytoe3k_WUFGOuzmF3Q7lIw6vJ9riBVscZjX8gcEyZ9G2B6Z1moYw9Ihh-XBeOhBoCi8OWiS_5c_4SBBbdsEfLkseGLExI1z-gVAUZ-1ukkuL7lnGFTlbp9PwY4VLZPXuK1eZat1X1gnA9KcGEJbFWvKh4X0hA/s16000/paladin_pt.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Paiva Couceiro</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Fora um
golpe duro no império vátua; mas apenas um golpe. Tanto bastou para que a
imprensa internacional redobrasse nos seus ataques e calúnias; muitos jornais
apresentavam a vitória portuguesa como tendo sido um massacre dos soldados
brancos; as correspondências expedidas de Moçambique vilipendiavam e
achincalhavam a acção do Comissário Régio e das suas forças; os interesses das
potências sentem-se afectados; e Couceiro, indignado, procura pelos cafés da
Polana os correspondentes estrangeiros, e esbofeteia-os até caírem.
Entretanto, António Enes trabalha politicamente. Urde as suas intrigas contra o
chefe vátua; oculta ciosamente os seus planos; e por intermédio do conselheiro
Almeida procura averiguar das verdadeiras intenções de Gungunhana. Ao norte, as
companhias majestáticas, com predomínio de capitais estrangeiros, tinham
atitudes equívocas. Almeida era ao mesmo tempo secretário da Companhia de Moçambique;
e o tenente Bicker, que Enes destacara para junto do conselheiro, considerava
suspeitas as relações daquele com o chefe vátua. Este último, nas conversas com
Almeida e Bicker, prometia vassalagem ao rei de Portugal, e depois desdizia-se;
procurava comportar-se como se fosse alheio aos rebeldes; mas em Abril já o
Comissário Régio concluíra que o régulo tinha entendimentos com agentes
estrangeiros<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[18]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
não desejava cooperar com os portugueses, e que sem a sua destruição não
haveria paz em Moçambique.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Reorganizadas
as forças, recebidos do reino alguns elementos em homens e material,
coadjuvado pelo auxílio técnico do coronel Galhardo (que acabava de chegar), o
Comissário Régio lança sucessivas colunas para o norte. Ocupa Incanene; bate a
margem esquerda do Incomati; submete Mapunga e Maputo; e inicia os preparativos
contra Inhambane. Chega da metrópole um esquadrão de cavalaria. Enes sente o
seu poder aumentar, é crescente o prestígio das armas portuguesas, muitos
régulos se acolhem à autoridade do governo: podia passar à ofensiva. Ponto
fundamental a resolver, contudo, era este: tentar a submissão de Gungunhana por
meios pacíficos ou destruí-lo em guerra aberta? Almeida continuava de intermediário,
e afirmava ter grande ascendente sobre aquele. E depois de muitas trocas de
mensagens, dá a conhecer as <i style="color: black;">condições </i>do
imperador dos vátuas; se retirássemos das fronteiras do <i style="color: black;">seu</i> território as nossas forças, licenciaria a sua gente de guerra;
e para garantia de que entregava os rebeldes oferecia dois reféns importantes,
mil libras em oiro e três dentes de elefante, dos grandes. Almeida acrescentava
não ser viável conseguir mais: os ingleses espalhavam no sertão o rumor de que
os portugueses em qualquer caso fariam a guerra; e porque persuadido de que
esta era inevitável, não poderia aceitar outras condições. Desde este momento,
Enes tomou a decisão, embora sem a enunciar, de se apoderar de Gungunhana, e
não mais confiou na lealdade do conselheiro Almeida. <i style="color: black;">«E do Reino? Vinham da metrópole palavras de apoio, de encorajamento, de
orientação que minorassem ou levitassem as preocupações do Comissário Régio?
Não: o Terreiro do Paço continuara sempre preocupado com os problemas
partidários e os favores pessoais; e, na imprensa, as velhas rivalidades
políticas ou os antagonismos jornalísticos não tinham férias, enquanto Enes se
devotava a uma alta e difícil tarefa de puro interesse nacional» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn19" name="_ftnref19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[19]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Enes chega a solicitar a exoneração; mas retira-a, a pedido de Lobo de Ávila. E
com redobrado vigor prossegue a campanha contra os vátuas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Organizada
poderosa coluna, sob o comando de Galhardo, este parte em direcção de
Manjacase, no interior do território vátua. Em Coolela dá-se o embate com as
forças de Gungunhana: o resultado é desastroso para estas. No seu relatório ao
Comissário Régio, e ao analisar o comportamento do quadrado, Galhardo informa: <i style="color: black;">«Tais oficiais e soldados são o orgulho dos
chefes que têm a honra de os dirigir, exaltam o seu país e o seu Rei, e bem merecem
da Pátria»</i><i><span style="color: #bf9000;"> </span></i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn20" name="_ftnref20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: #bf9000;"><b>[20]</b></span></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Fora novo golpe para o poderoso régulo: e este é obrigado a fugir desordenadamente.
Galhardo não soube ou não pôde, todavia, explorar a vitória. Seria o capitão
Mousinho de Albuquerque, por encargo de Enes, que remataria a campanha.
Entretanto, o Comissário Régio dava a sua missão por concluída: tudo estava
pacificado: e em Janeiro de 1896, um ano depois de chegar, embarcava para
Lisboa. Nomeado governador militar de Gaza, com suficientes meios militares à
sua disposição, Mousinho empreende a prisão de Gungunhana. Num gesto de supremo
arrojo, depois de ter feito cercar Chaimite, dirige-se quase só ao local onde
se encontra o chefe vátua com os seus ministros. Perante o assombro de quantos
negros cercam a cabana real, Gungunhana é preso, amarrado, lançado por terra.
Dois dos seus ministros, mais hostis a Portugal, são fuzilados de pronto. Era a
derrocada do império que pusera em risco Moçambique. A caminho do reino seguia
António Enes: desgostoso, amargurado, tendo <i style="color: black;">«desejado
muitas vezes morrer»</i> perante a incompreensão e a injustiça de Lisboa. Como
Sá de Miranda havia mais de três séculos, como Herculano havia vinte ou trinta
anos, também Enes ansiava por abandonar tudo, desaparecer, aniquilar-se. E
antes de partir escrevera a sua filha Luísa: <i style="color: black;">«Não quero ser mais coisa alguma neste país em decomposição! Como eu agora
tenho podido apreciar os homens, os caracteres, as coisas, os serviços
públicos! E que tristeza e amargura me tem causado essa apreciação! Está tudo
tão podre! Se eu aqui conseguir evitar desastres e vergonhas, já terei operado
um verdadeiro milagre, que me fará acreditar na Providência. Não me meto
noutra, não!» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn21" name="_ftnref21" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[21]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Um homem, todavia, reparou<span style="color: black;"> </span>nos serviços
de António Enes: em 24 de Janeiro de 1896, o rei D. Carlos, depois de o felicitar,
oferecia-lhe a grã-cruz da Torre e Espada <i style="color: black;">«como
lembrança dos grandes e relevantes serviços que à tua Pátria e ao teu Rei
prestaste em África»</i>. E uma figura de mulher expressou a sua emoção: em
telegrama, a rainha D. Amélia quis associar-se numa <i>«derradeira homenagem àqueles que pela Pátria deram a vida e saúdo
todos aqueles, Comissário Régio, oficiais e soldados que tão brilhantemente
continuaram as nossas gloriosas e nunca interrompidas tradições»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b></i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn22" name="_ftnref22" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[22]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmeCwpnYLMPL6kBCZktdZw2GYIInZVXdupN4wvSqbahNi1qNdp3Xl7RTwYQB8lDnIgUUGo9DNjxRjzfXxeXqL1pSdbhspr0DWXFOKKRJkd4aDWlqPygm-zUAWh8YxBrlqsIG29AWtBzUXbg9qgee-688eLiKgbyz0KNfWqbcU4HyjMjAJ3CQoFnkA6Wq8/s640/lourenc3a7o-marques-1970-pict0237-alfredo-ginja.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="427" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmeCwpnYLMPL6kBCZktdZw2GYIInZVXdupN4wvSqbahNi1qNdp3Xl7RTwYQB8lDnIgUUGo9DNjxRjzfXxeXqL1pSdbhspr0DWXFOKKRJkd4aDWlqPygm-zUAWh8YxBrlqsIG29AWtBzUXbg9qgee-688eLiKgbyz0KNfWqbcU4HyjMjAJ3CQoFnkA6Wq8/s16000/lourenc3a7o-marques-1970-pict0237-alfredo-ginja.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Praça Mouzinho de Albuquerque (Moçambique, cerca de 1970).<br /><br /><br /><br /></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRIAjoSUd2bDByGVVL4lPTB3-n4ofCbcT3D3YJ5NWDd0lUMchmChu_joRs6849RVCsnB29q3srh3MEU02CB9h7PmVKvK5QYxOPIFe6aB7cgubOQhlTaEn10p0KIkJQrunuLlj_2BWgR4XG6aY9iw_PCP4nhqI5KcxHY5jp9NZKNlEiL6Je3WHg1n_Dbwg/s640/maputo-bairro-da-maxaquene.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="453" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRIAjoSUd2bDByGVVL4lPTB3-n4ofCbcT3D3YJ5NWDd0lUMchmChu_joRs6849RVCsnB29q3srh3MEU02CB9h7PmVKvK5QYxOPIFe6aB7cgubOQhlTaEn10p0KIkJQrunuLlj_2BWgR4XG6aY9iw_PCP4nhqI5KcxHY5jp9NZKNlEiL6Je3WHg1n_Dbwg/s16000/maputo-bairro-da-maxaquene.jpg" /></a></div></b></td></tr></tbody></table><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Suportou a
massa do povo português todos os sacrifícios e todos os gastos com as campanhas
de África. Enquanto a política se agitava, e os governos se sucediam, e a ideia
republicana se difundia, o nome de Portugal ganhava prestígio por todo o sul do Sara, e os conluios das potências, para partilhar os nossos domínios, eram
frustrados. Nos primeiros anos do século XX apenas um território dava cuidados
sérios: a Guiné. Surge então a grande figura de João Teixeira Pinto: mercê da
sua acção, também naquela província foi viável consolidar a soberania portuguesa
e pôr cobro a desígnios territoriais franceses<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn23" name="_ftnref23" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[23]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Mas aproximava-se uma crise internacional de proporções catastróficas. Novos
cuidados, novos sacrifícios iam afectar o povo português, e<span style="color: black;"> </span>também novos erros de alguns.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/guerra-peninsular.html">Franco Nogueira</a>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/a-ideia-do-iberismo-entre-politicos-e.html">As Crises e os Homens</a></i>, Livraria Civilização Editora, 2.ª edição, 2000, pp.
223-232).<o:p></o:p></span></b></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Soveral escrevia para Lisboa: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«O que parece incrível é que El-Rei não veja
os perigos da sua situação e a catástrofe inevitável»</i>. Carta inédita de
Luís Soveral ao conde de Arnoso, de 22-7-1898, na posse da Família.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Soveral informava: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«Chamberlain disse ontem ao Príncipe de
Gales que nada se podia fazer com os governos portugueses, que eram de uma
fraqueza inconcebível»</i>. Carta inédita de Soveral ao conde de Arnoso, de 7
de Agosto de 1898, na posse da Família.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> É geralmente desconhecida em
Portugal a acção de relevo desempenhada por Soveral na negociação da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Entente Cordiale</i>. Foi Soveral um dos
comissários que Eduardo VII utilizou junto de Delcassé. Ver André Maurois, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Edouard VII et son temps</i>, Paris, 1937.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Minúcias de todas as negociações
podem ver-se em: Professor Doutor Marcello Caetano, <i>ob. cit.,</i> 153-180; José de
Almada, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Convenções anglo-alemãs relativas
às colónias portuguesas</i>; <i style="mso-bidi-font-style: normal;">História de
Portugal</i>, ed. de Barcelos, VII, 598-600. Sobre os aspectos financeiros,
Teixeira de Sousa, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Para a história da
Revolução</i>, I, 40 e segs, e nos aspectos políticos, págs 157 e segs.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Soveral ocupava-se activamente
em Londres do caso, e comentava com bom humor: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«Eu devia ir à Irlanda na próxima semana mas o Barotze não permite».</i>
Carta inédita ao conde de Arnoso.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Pode encontrar-se no volume
<i>«Angola»</i>, editado pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Política
Ultramarina (1963-1964), talvez o melhor estudo de conjunto sobre a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fixação das fronteiras de Angola</i>, por
Luís de Matos, até este período. No mesmo volume, e no plano político, o estudo
de Henrique Martins de Carvalho sobre as relações de Angola com os territórios
vizinhos. Ver ainda <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«Angola, meio século
de integração»</i>, de João Pereira Neto, ed. do I.S.C.S e P.U.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> António Enes, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Guerra d’África em 1895</i>, pág. 44, ed.
de 1898.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> António Enes, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Guerra d’África em 1895</i>, pág. 45. <o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Sobre a acção diplomática de D.
Carlos e de Soveral, e embora o autor nem sempre seja objectivo, tem interesse
o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">D. Carlos I</i>, de Luís Vieira de
Castro, 2.ª ed., 1941.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Carta de Ferreira de Almeida a
António Enes, de 7-5-95, in <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«As Campanhas
de Moçambique em 1895»</i>, compilação, prefácio e notas do Professor Doutor
Marcello Caetano, Lisboa, 1947.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Carta sem data, ibidem.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Carta sem data, ibidem, pág. 79.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Cartas de Ferreira de Almeida a
António Enes, de 7-4-95 e 2-7-95.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> António Enes, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> 95.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> António Enes, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> 95.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> António Enes, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> 107.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> António Enes, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> 108.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Salisbury chegou a propor que
Portugal reconhecesse Gungunhana como soberano independente.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn19" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref19" name="_ftn19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Professor Doutor Marcello
Caetano, prefácio a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Campanhas de
Moçambique em 1895</i>, pág. 10.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn20" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref20" name="_ftn20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> António Enes, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> 506.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn21" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref21" name="_ftn21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Carta de 27 de Junho de 1895.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn22" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref22" name="_ftn22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Sobre este período da história
de Moçambique contém elementos de interesse: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A derrocada do império vátua e Mouzinho de Albuquerque</i>, de Francisco
Toscano e Julião Quintinha; <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Mouzinho</i>,
do general Ferreira Martins; <i>As fronteiras de Moçambique</i>, de Luís de Matos; <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Relações entre Moçambique e a África do Sul</i>,
de Silva Rego; <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Mouzinho de Albuquerque</i>,
de Eduardo de Noronha.</span></p>
</div>
<div id="ftn23" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref23" name="_ftn23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Ver João Teixeira Pinto, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A ocupação militar da Guiné</i>, ed. de 1936.</span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgC0r2XZtLC6c-knDBCXIlgg7v94d3OPKSGWOlMYvP7gY4XIAjAIHqm8HnCqKtk_QEVZBjUAKRN80JHb_E_KaLulcl3lrw3Dbh9u5SroYaJBxh-rcADWOBImenICFI5VyBpijFP20Qo08qIva0ZRm9r3-djCxVvY4F3qzd6oQ3Y7i6YkRiSqEkcQ0g-Q0/s640/20180521185623_00002.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="377" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgC0r2XZtLC6c-knDBCXIlgg7v94d3OPKSGWOlMYvP7gY4XIAjAIHqm8HnCqKtk_QEVZBjUAKRN80JHb_E_KaLulcl3lrw3Dbh9u5SroYaJBxh-rcADWOBImenICFI5VyBpijFP20Qo08qIva0ZRm9r3-djCxVvY4F3qzd6oQ3Y7i6YkRiSqEkcQ0g-Q0/s16000/20180521185623_00002.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b style="background-color: white; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 10.4px;"><span style="color: #bf9000;">Conjunto de espadas e o bastão de guerra de Mouzinho de Albuquerque.</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p></div><div id="ftn23" style="mso-element: footnote;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQEsaOi9WcC0xitas9isIS29oW_9v4C0MVCNqDO-UamQQdC4ETzL0iyOGzzyK-VJeQmaTnuNNXJpBnapPqEKOb2jBTklQe3TcGe9xE6iZ9_kVCZyvnSI-8Wft2d6MDcUrtUzUz-On5-NyhN8zCNxsnCM_GFR5hiV3y0ow35xOAGtvBDMRto1SQfQDUUis/s640/Assinatura_Mouzinho_de_Albuquerque.svg%20(1).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="108" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQEsaOi9WcC0xitas9isIS29oW_9v4C0MVCNqDO-UamQQdC4ETzL0iyOGzzyK-VJeQmaTnuNNXJpBnapPqEKOb2jBTklQe3TcGe9xE6iZ9_kVCZyvnSI-8Wft2d6MDcUrtUzUz-On5-NyhN8zCNxsnCM_GFR5hiV3y0ow35xOAGtvBDMRto1SQfQDUUis/s16000/Assinatura_Mouzinho_de_Albuquerque.svg%20(1).png" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span></div></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-86418018629642869102023-09-15T14:22:00.001-07:002023-09-15T14:32:22.217-07:00Fernão de Magalhães<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Fernando Pessoa</span></b></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-BMGKIvM_fTvlM7pu_p0dK34ZTOmm8rUa2f9tmiwHixaR2NmIn9FuM88tB7USvu3w869t83GVhYQYEUz6LAUCCQzl8iBEmDdilaa-9gtZ__ZEV3b-QIxOoL1fDrEY8IW5eaFQFkAF2e1hbiOigDl0__3TOC3uVNYIOHOj7qisCMY_AQNcJPiLLP0bSuw/s900/magallanes.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="507" data-original-width="900" height="361" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-BMGKIvM_fTvlM7pu_p0dK34ZTOmm8rUa2f9tmiwHixaR2NmIn9FuM88tB7USvu3w869t83GVhYQYEUz6LAUCCQzl8iBEmDdilaa-9gtZ__ZEV3b-QIxOoL1fDrEY8IW5eaFQFkAF2e1hbiOigDl0__3TOC3uVNYIOHOj7qisCMY_AQNcJPiLLP0bSuw/w640-h361/magallanes.jpg" width="640" /></a></div><p><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">No vale
clareia uma fogueira.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Uma dança
sacode a terra inteira.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">E sombras disformes
e descompostas<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Em clarões
negros do vale vão<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Subitamente
pelas encostas,<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Indo
perder-se na escuridão.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;"> </span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">De quem é a
dança que a noite aterra?<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">São os
Titãs, os filhos da Terra,<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Que dançam
da morte do marinheiro<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Que quis
cingir o materno vulto –<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Cingi-lo,
dos homens, o primeiro –,<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Na praia ao
longe por fim sepulto.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;"> </span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Dançam, nem
sabem que a alma ousada<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Do morto
ainda comanda a armada,<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Pulso sem
corpo ao leme a guiar<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">As naus no
resto do fim do espaço:<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Que até
ausente soube cercar<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="color: #0b5394; font-family: Times New Roman, serif; font-size: large;"><b>A terra inteira com seu abraço.</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;"><br /></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Violou a
Terra. Mas eles não<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">O sabem, e
dançam na solidão;<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">E sombras
disformes e descompostas,<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Indo
perder-se nos horizontes,<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Galgam do
vale pelas encostas<o:p></o:p></span></b></span></p><p style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Dos
mudos montes.</span></b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="font-size: large;">Mensagem</span></b></span></p><p style="text-align: center;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKDq5HJo9Z_9Rv1Rd7dbnhpZSvijvpbt2BolnPc6bsXjk20fDfynSYX30io5xn7znrHpwIhTJYs3mLPDC3pFPiZAg5uaPw3aN1zI_qU-RUWYAFGavNl_1S4rBOnNM6j9ho-xrkJkFHF6xF1_bU1NN2VgVgclmOxdv191hZMJd6OO7FKHk6PXfd56XkvU0/s1024/Chile.estrechodemagallanes.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="674" data-original-width="1024" height="421" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKDq5HJo9Z_9Rv1Rd7dbnhpZSvijvpbt2BolnPc6bsXjk20fDfynSYX30io5xn7znrHpwIhTJYs3mLPDC3pFPiZAg5uaPw3aN1zI_qU-RUWYAFGavNl_1S4rBOnNM6j9ho-xrkJkFHF6xF1_bU1NN2VgVgclmOxdv191hZMJd6OO7FKHk6PXfd56XkvU0/w640-h421/Chile.estrechodemagallanes.png" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqtnjZW5PiEB2MzPpHzzPDrKQSUG9OYMKviDq4Ub5R8Wpz6t-KTzw3nhhnYAvANX4fYbYXKWlHUmD6iIREzBm_wMFWGW_J0fJ_TpA_Gv-cNu20_0s8yIrwgNhrhl-dunA01Uk1T1HxdC67VaZYKKva8K_41vPYB_0m6E-f2XRuJo5LeB_fpnUCsNN_7d0/s1920/Magellan_Signature.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="776" data-original-width="1920" height="259" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqtnjZW5PiEB2MzPpHzzPDrKQSUG9OYMKviDq4Ub5R8Wpz6t-KTzw3nhhnYAvANX4fYbYXKWlHUmD6iIREzBm_wMFWGW_J0fJ_TpA_Gv-cNu20_0s8yIrwgNhrhl-dunA01Uk1T1HxdC67VaZYKKva8K_41vPYB_0m6E-f2XRuJo5LeB_fpnUCsNN_7d0/w640-h259/Magellan_Signature.svg.png" width="640" /></a></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSOih7RSH9d0zjr1g283ogy1FfZEXolCcKfEi8MIbAbfBjk5bwr_cNsJL1tWAtSC0RX1oUYF6fHT7k4dSnt5hhCcLbpNoufiXA1CzZIxveh1iG5WnsDCLeAB8JKIQMWzhmuujUgzHPD4ofttwIxTbdlKgcrtw2xwjUAT0fFjvc2WGHgKK8a3AR3OYOY3s/s563/Ecoregion_NT0402.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="563" data-original-width="563" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSOih7RSH9d0zjr1g283ogy1FfZEXolCcKfEi8MIbAbfBjk5bwr_cNsJL1tWAtSC0RX1oUYF6fHT7k4dSnt5hhCcLbpNoufiXA1CzZIxveh1iG5WnsDCLeAB8JKIQMWzhmuujUgzHPD4ofttwIxTbdlKgcrtw2xwjUAT0fFjvc2WGHgKK8a3AR3OYOY3s/s16000/Ecoregion_NT0402.png" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Floresta Subpolar de Magalhães</span></b></td></tr></tbody></table></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><br /></b></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_YBawnnWiIXjUf77l_LYo5NgHc0zatfy-P5t1X6Kz9pCf7t9oB4LKKRKAhtgokSgpj0JxCATfYrRUmxa1FxzkjZrU9IsQ_2Kbeo2cKuC2MTNIfnGI11dE2A5SF-9fVesZ092IZ7Vbj7sQb2R-9PxQYQXDri-_I7OtxT6sa9RxYwRyhQ-TXwC-6k5_B1U/s1024/Valle_del_Frances.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="681" data-original-width="1024" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_YBawnnWiIXjUf77l_LYo5NgHc0zatfy-P5t1X6Kz9pCf7t9oB4LKKRKAhtgokSgpj0JxCATfYrRUmxa1FxzkjZrU9IsQ_2Kbeo2cKuC2MTNIfnGI11dE2A5SF-9fVesZ092IZ7Vbj7sQb2R-9PxQYQXDri-_I7OtxT6sa9RxYwRyhQ-TXwC-6k5_B1U/w640-h426/Valle_del_Frances.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Parque Nacional Torres del Paine (Chile).<br /><br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #bf9000;"><b></b></span></div><b><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh00b0VkqazGsb5Zuj3sfbXlGkFWwQw8kSfJrVm5NKj9H23_GHsgFL5PeWJouQ9gtGRkdCZkYl2Zr5I4-luIdzCdKz-4YUUVE8A7qkHCnt3LNJKh3UCmc2nVkYhnuRQZ_E7Yq6B--fFuGpJxwcpzKZZHlizTzInwb2lWB5qINFGZf4iYhk7I3oyijcEEMM/s1201/Windswept_tree_TdP.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1201" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh00b0VkqazGsb5Zuj3sfbXlGkFWwQw8kSfJrVm5NKj9H23_GHsgFL5PeWJouQ9gtGRkdCZkYl2Zr5I4-luIdzCdKz-4YUUVE8A7qkHCnt3LNJKh3UCmc2nVkYhnuRQZ_E7Yq6B--fFuGpJxwcpzKZZHlizTzInwb2lWB5qINFGZf4iYhk7I3oyijcEEMM/w426-h640/Windswept_tree_TdP.jpg" width="426" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div></b><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-38115446395260287052023-09-12T04:11:00.000-07:002023-09-12T04:11:18.203-07:00Guerra Junqueiro<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Álvaro Ribeiro</span></b></p><p><br /></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLv7fSh6ZZNpH00c6b3FRVyI9HpLVOx3EelmB1Y-Z0K7QalFbW3OrxjZss_8cyYa7JWU2bUeI2sAtvfmYq50gKiAUywiNLW3RFunKT16-1i1EWdfDxZPzcyGBTW-2cYWfNmzwEhFNWXghA5pj3DuA80mr8HkRLKuWSMKvMxWsZPi00LSTgDbSHnkqJXBw/s2691/20230905170133_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2691" data-original-width="1808" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLv7fSh6ZZNpH00c6b3FRVyI9HpLVOx3EelmB1Y-Z0K7QalFbW3OrxjZss_8cyYa7JWU2bUeI2sAtvfmYq50gKiAUywiNLW3RFunKT16-1i1EWdfDxZPzcyGBTW-2cYWfNmzwEhFNWXghA5pj3DuA80mr8HkRLKuWSMKvMxWsZPi00LSTgDbSHnkqJXBw/w430-h640/20230905170133_00001.jpg" width="430" /></a></div><p><span style="color: #990000;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">«Regra de
ouro da ‘Filosofia Portuguesa’ é a de não haver Filosofia sem Teologia, nem
Filosofia substante sem Teologia que a justifique. E a Teologia fundada em Filosofia
transpira para além do <i>sermo</i> teológico;
pode exprimir-se melhor na poesia. De onde a verificação de que a Teologia
portuguesa atinge maior índice de encanto nos místicos e nos poetas do que nos
teólogos propriamente ditos. O simbolismo especial da Teologia apela à mais
alta relação do saber divino, mediante o saber poético.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">Do ponto de
vista da herança cultural, a "Filosofia Portuguesa" admite a presença
interactiva de uma ordem trilógica, toda ela de oriente monoteísta e de
formulação escolástica: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Do ponto de
vista institucional o movimento requer um afastamento equidistante do
positivismo agnóstico, do catolicismo ortodoxo e do ensino das instituições
públicas, não obrigando a que a pessoa em que o filósofo reside faça profissão
de inconfessionalidade, mas o movimento apresenta analogia das suas
nomenclaturas com as nomenclaturas da herança católica. O silente meditativo
que é <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/01/duas-formas-caracteristicas-e-distintas.html">Álvaro Ribeiro</a> advertiu-nos do segredo. Ele está plenamente convencido da
compatibilidade entre "Filosofia Portuguesa" e "Filosofia
Católica", e demonstrou-nos a continuidade de uma escola de apologia desde
Pedro Hispano a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/02/leonardo-coimbra-na-terra-mais.html">Leonardo Coimbra</a>. Por fim, garantiu que, apesar de tudo, o
catolicismo de Guerra Junqueiro, de Sampaio Bruno e de Leonardo Coimbra, não
oferece dúvidas, nem mesmo naqueles escritos que a disciplina eclesiástica
considera negativos, heterodoxos, mesmo heréticos.»</span><o:p></o:p></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/10/a-obra-monumental-de-pinharanda-gomes.html">Pinharanda Gomes</a> («A Cidade Nova»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">«Sem
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/camoes-e-fisionomia-da-patria.html">Camões</a>, as forças vivas da Pátria portuguesa não teriam lugar espiritual e
terreno onde vivessem a nosso lado, insinuando-se no presente, sempre a demandar
e a criar um novo e glorioso futuro.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">Sem
Junqueiro não teríamos lavada a face do agravo do <i><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/09/o-ultimato-ingles-1890.html">Ultimatum</a></i>; não teríamos todos os “simples” de Portugal dando
generosamente a opulência da sua riqueza espiritual à fome das nossas almas,
não teríamos o esforço da ascensão a falar-nos na linguagem da luz o seu caminho
para o Sol.»<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">
</span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/01/apologia-de-leonardo-coimbra.html">Leonardo Coimbra</a> («Guerra Junqueiro», in «DISPERSOS, I – POESIA PORTUGUESA»).</b><o:p></o:p></span></p><p><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">«Resumindo:
desastres, misérias, vergonhas, infortúnios, calamidades, subjugadas com
energia e padecidas com nobreza, enseivariam de novo alento o coração exânime da pátria. O raio lascou a árvore? Brotaria, amputada, com maior violência. A
alma habita na raiz.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">Mas seria
possível conjurar quatro milhões de interesses, quatro milhões de egoísmos, num
ímpeto de fé heróica e de renúncia. Era. Digo-o sem hesitar. O sibarita que
ria, o cevado que ronque. Era! O espírito, como o fogo, consome traves, calcina
pedras, derrete metais. O facho duma alma pode incendiar uma Babilónia. Um
iluminado pode abrasar um império. Tem-se visto. O cofre-forte é de ferro, a libra
é de oiro, o egoísmo é de bronze, mas a electricidade impalpável, invisível,
imponderável, volatiliza tudo num momento. Ora o espírito é a electricidade de
Deus. Nada lhe resiste. Devora séculos, evapora mundos. Jesus e Buda, – um crucificado,
o outro mendigo, – refazem o globo, põem nova máscara à criação. Joana d’Arc e
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/05/nunalvares-pereira_09.html">Nun'Álvares</a>, irmãos gémeos, redimem duas pátrias. Focos ambulantes de espírito
divino, arrastam e vencem, – magnetizando. O céu é contagioso como a lepra.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">Claro que o
milagre exige a fé. Nem todos os sábios juntos escreveriam os Evangelhos. A
língua do homem, sem a língua de fogo, não apostoliza, discursa. Um Doutor não
é um Messias.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">A
metempsicose, em moderno, do grande <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/01/palavras-do-condestavel-i.html">Condestável</a>, eis o meu sonho. Um <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/01/palavras-do-condestavel-ii.html">justiceiro e um crente</a>. Braço para matar, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/12/carmelita.html">boca para rezar</a>. Pelejas como as de Valverde só
se ganham assim: ajoelhando primeiro. O <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/01/palavras-do-condestavel-iii.html">Nun'Álvares</a> de hoje não usaria cota,
nem escudo, mas, ao cabo, seria idêntico. A mesma chama noutro invólucro. Não
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/07/portugal-teve-de-resistir-castela-para_30.html">combateria castelhanos</a>, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/02/tambem-dos-portugueses-alguns-traidores.html">combateria portugueses</a>. O <a href="http://filosofiaportuguesa.blogspot.com/">inimigo</a> mora-nos <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/12/perigos-de-dentro.html">em casa</a>.
Aljubarrota no Terreiro do Paço e os Atoleiros... nos mil atoleiros de infâmias
que enodoam as ruas, e obstruem o trânsito. Queríamos um justo inexorável,
um santo heróico, com a verdade nos
lábios e uma <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/02/d-afonso-henriques.html">espada </a>na mão.»<o:p></o:p></span></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Guerra
Junqueiro (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/09/patria.html">«Pátria»</a>).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrta3tCnsRgzhur1c9hSS0ZkraHVpduyVLyWekNK50gM2q_mrvhoe25M1vRVkDOYruWo7-6bqCOQoTjJ2CfLqngtrEBwDT6FXRdM94LVQUNn8YlGkkdV5nDhEEZhcLcjTFa9FESWfD9TQ9OTqziXNoi9OrF-LoG2hk2yFqbN25MbVjil_iv5i_DhXDLio/s560/junqueiro_4.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="560" data-original-width="410" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrta3tCnsRgzhur1c9hSS0ZkraHVpduyVLyWekNK50gM2q_mrvhoe25M1vRVkDOYruWo7-6bqCOQoTjJ2CfLqngtrEBwDT6FXRdM94LVQUNn8YlGkkdV5nDhEEZhcLcjTFa9FESWfD9TQ9OTqziXNoi9OrF-LoG2hk2yFqbN25MbVjil_iv5i_DhXDLio/s16000/junqueiro_4.jpg" /></a></div><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXNezjXsAHOlqIZS_93dFRDhfn7BsrNfq3_m0hw8rQqSz36ZwLB-q6C9NHMM6c9wIQGfA0Eo7UD55foaAT38kgEXM_KXg_mC0JSShMlcgRlUzUhN47mKM-towbAumckNghAfZjrl3Jdgmeu03SQsVWspMzUOMiY27gr_ac7wbeDyqpCjL4CuSuMwaQkxQ/s1920/Guerra_Junqueiro_signature.svg%20(1).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="708" data-original-width="1920" height="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXNezjXsAHOlqIZS_93dFRDhfn7BsrNfq3_m0hw8rQqSz36ZwLB-q6C9NHMM6c9wIQGfA0Eo7UD55foaAT38kgEXM_KXg_mC0JSShMlcgRlUzUhN47mKM-towbAumckNghAfZjrl3Jdgmeu03SQsVWspMzUOMiY27gr_ac7wbeDyqpCjL4CuSuMwaQkxQ/w640-h236/Guerra_Junqueiro_signature.svg%20(1).png" width="640" /></a></div><p><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">GUERRA JUNQUEIRO
não é entre nós considerado um filósofo, apenas porque não escreveu livros de
filosofia. Tão mesquinho critério bibliográfico, vigente em meios
universitários, leva pelo contrário a considerar filósofos alguns professores
que nunca manifestaram autonomia, profundidade, ou originalidade de pensamento.
No entanto, ninguém que conheça medianamente as obras de Guerra Junqueiro
poderá negar que o poeta sempre se interessou com ansiedade, se não com
angústia, pelos problemas humanos, pelos segredos naturais e pelos mistérios
divinos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não foi Guerra Junqueiro o cantor que apenas renova a expressão poética de uma ortodoxia ou de uma heterodoxia; não escreveu escolástica poética, se assim é lícito dizer. O seu pensamento de interrogação, indagação e inquietação, em vez de se deter em teses dogmáticas ou em conceitos fixos, caminhou sempre para mais além. É fácil apontar erros a quem se desencaminha, mas é difícil traçar a topografia da aventura espiritual.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Contemporâneo
da luta entre o positivismo e o catolicismo, ou, paralelamente, entre mecanismo
e finalismo, Guerra Junqueiro situou-se no lado da fidelidade às tradições
portuguesas. Só assim é lícito interpretar hoje a sua obra satírica e polémica.
No entanto historiadores há que, na impossibilidade de apreciarem uma obra de
génio, não distinguem as intenções superficiais das intenções profundas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sabemos,
por exemplo, que em obra de título irreverente, Guerra Junqueiro polemizou
contra certo ensino catequístico segundo o qual Deus <i>criou</i> o mundo em seis dias. O poeta não pode considerar ortodoxa a
criação como acto único no passado, porque tal doutrina dificilmente se
compatibiliza com a criação da alma humana a cada momento do tempo e com o
conceito de providência. Imaginar a criação à maneira de um acontecimento que
ocorreu em longínquo ponto do espaço e em remoto momento do tempo, imaginá-la
em termos de perfeição e não em termos de actualidade, equivale a fazer passar
a religião à história.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Descrever a
criação do mundo como facto histórico, com os verbos no indicativo e no
pretérito, parece-nos inadequada expressão de um mistério, porque a história só
começa na inveja, na queda, no pecado original. Também nos parece errónea a
confusão entre <i>analogia</i> e <i>catalogia</i>, entre o análogo e o catálogo,
o imaginar o homem criado segundo o tratado de anatomia do ilustre Testut.
Projectar a figura do homem histórico sobre a forma do homem pré-histórico
significa desconhecer a verdade católica de que Deus formou o homem à sua
imagem e semelhança, ou desconhecer as consequências teológicas dessa verdade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
acontecimento <i>histórico</i> a considerar
no centro da teologia católica é a encarnação de Cristo. Antes e depois de
Cristo não há limites de cronologia de que possamos falar com certeza
suficiente, e muito menos poderemos descrever em linguagem positivista o que
aconteceu e acontecerá nos conjecturados extremos. Aplicar os esquemas de
quantidade, espaço e tempo à ordem dos mistérios divinos será sempre
contraproducente em apologética.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoEoNtdfJmDe13jUsmszW-e2Q1q8TBtdkC94ftGavd5R3LNx68kXAdYqD_lCM9fZI9q936loFcNbvvPIZqX4SZWLBmyv5B3Oa-8xg6WAw1bbX3Ey3LRMisZvUSmZJf-oWnYJzEfUj3z56IFKngy_F2g5dekvKqATif_tXaxtq6zQyiTqkmiNaLj33YJfA/s600/a_d_sertillanges_nao_sejam_desertores_de_si_mesmos_l83oj6v.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="315" data-original-width="600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoEoNtdfJmDe13jUsmszW-e2Q1q8TBtdkC94ftGavd5R3LNx68kXAdYqD_lCM9fZI9q936loFcNbvvPIZqX4SZWLBmyv5B3Oa-8xg6WAw1bbX3Ey3LRMisZvUSmZJf-oWnYJzEfUj3z56IFKngy_F2g5dekvKqATif_tXaxtq6zQyiTqkmiNaLj33YJfA/s16000/a_d_sertillanges_nao_sejam_desertores_de_si_mesmos_l83oj6v.webp" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Segundo a
interpretação tomista do Padre Sertillanges, a criação significa apenas o
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/o-misterio-e-feminino-tratai-o-como.html">mistério</a> da dependência em que o mundo se encontra em relação com Deus <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>. O
cristão crê em Deus criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, mas para
transformar a crença em ciência socorre-se da filosofia aristotélica. Sem a
noção de actualidade, superior às dimensões do tempo, afigura-se-nos erróneo
pensar o criacionismo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O mistério
da encarnação relaciona-se, aliás, com o mistério da maternidade. Guerra
Junqueiro, de harmonia com a tradição portuguesa, considerava a maternidade
superior à virgindade e, portanto, o casamento superior ao celibato. A moral
convencional, contradizendo a sublimação dos instintos naturais em virtudes
éticas, aparece subtilmente personificada nas sátiras de Guerra Junqueiro.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Se
pudêssemos dizer que a maternidade é material e que a paternidade é espiritual,
compreenderíamos o lugar que a <i>Pátria</i>
ocupa na obra de Guerra Junqueiro. Entre a matéria e o espírito existe, porém,
a mediação do verbo, porque só a palavra significante, ascendente e
descendente, pode evitar que a dialéctica anule a religiosidade dos seres. A
obra de Guerra Junqueiro, exaltando a maternidade, a heroicidade e a santidade,
representa para todos nós um dos mais belos casos de inspiração epopeica.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ninguém
nega que Guerra Junqueiro tivesse sido dotado de imensa opulência verbal,
conseguindo com suas palavras, imagens e rimas escrever alguns poemas que
encantam quem os ouve ou lê, poemas que nunca mais esquecem, poemas que por
isso podem ser considerados imortais. Do que muitos duvidam, porém, é de que o
verso bem acentuado e bem metrificado possa acelerar a inteligência na
indagação da verdade. Contra a dúvida, nenhum exemplo mais alto existe na
língua portuguesa de que a arte de poetar é também a arte de filosofar.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Toda a obra
do poeta, apesar das irregularidades e vicissitudes, se escala na difícil
gradação que vai dos problemas humanos aos segredos naturais, e dos segredos naturais
aos mistérios divinos. Sociólogo a princípio da sua carreira, muito preocupado com as instituições, as doutrinas e os
homens, quando chegou à maturidade reconheceu que lhe cumpria procurar a
verdade num plano superior ao da vida social, e aproximou-se do estudo da
Natureza. Em breve verificou, porém, que as ciências positivistas nos dão
apenas uma fenomenologia superficial, ou artificial, sem acesso ao íntimo da
realidade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Diremos
que, para o poeta, a Natureza deixa de ser estudada em termos biológicos,
próximos de mais das metáforas literárias, para ser estudado em termos
materiais; sim, para o nosso poeta, o principal problema está em explicar a
matéria à luz de Deus. A matéria, que observamos no estado sólido, líquido e
gasoso, nos limites teóricos da doutrina clássica, pressupõe o elemento ígneo
ou etéreo, sempre considerado pelos discípulos de Aristóteles. Assim, ao estudo
do magnetismo, da electricidade e da luz, estudo que se desenvolve
paralelamente com o pensamento romântico, sucedia o estudo da radioactividade a
que Guerra Junqueiro prestou muito especial atenção.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Novas
hipóteses científicas permitiam, no fim do século XIX, renovar a doutrina da
unidade da matéria, a qual, destituída das formas substanciais que caracterizam
e distinguem os átomos, logo se dissolvia como acontece ao conceito
impredicável. Outras hipóteses, mais audaciosas, previam o desaparecimento e até inexistência da matéria, ao
fim de biliões de séculos de evolução, e o energetismo parecia sistematização
suficiente para intelecção dos fenómenos físicos. Nesta dissolução de todas as
forças que as ciências a seu modo hierarquizam, a imaginação e a inteligência
de Guerra Junqueiro admitiam a permanência de uma substância infinita, a
presença de Deus.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6mwA24yuanl32ZWlRzdwmOHc9nZEda_-lESXOdsXekuX-dKNnNr761-6VNAOl-FJrpfVvU57Avq46XoocZ3EOHiXvC8WOeJQ89Faj81u4fIH6cztMuhkKFkmS4I2FcGnJy27GLrzW-ugiSyHU_k_kD1VtV5m93pOQ2ROYilXcy9AZE7cto3cWUQWfO9g/s1020/26297127_9783868203387_xl.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1020" data-original-width="643" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6mwA24yuanl32ZWlRzdwmOHc9nZEda_-lESXOdsXekuX-dKNnNr761-6VNAOl-FJrpfVvU57Avq46XoocZ3EOHiXvC8WOeJQ89Faj81u4fIH6cztMuhkKFkmS4I2FcGnJy27GLrzW-ugiSyHU_k_kD1VtV5m93pOQ2ROYilXcy9AZE7cto3cWUQWfO9g/w403-h640/26297127_9783868203387_xl.jpg" width="403" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Imediatamente
ocorre à lembrança a doutrina de Espinosa e a consequente acusação de acosmismo
e de panteísmo. Esta observação erudita não colhe, porém, porque o pensamento
de Guerra Junqueiro, longe de ser uma doutrina metafísica com indiferença pela
acção e pela paixão, é uma doutrina religiosa. A doutrina a lembrar seria a de
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/11/prefacio-1-edicao-de-principios-da_20.html">Hegel</a>, para quem Deus não era substância, mas consciência ou pessoa. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tão alto
pensamento, para o qual Deus é amor, vontade e inteligência, não pode ser
considerado panteísmo. É claro que tais atributos divinos asseguram a
possibilidade de conceber Deus como criador e a sua relação analógica com a
criatura. Mas convém também lembrar que o infinito é uma linguagem para dizer
que tais predicados são transcendentais.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Parece-nos
injusto considerar <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/12/prefacio-2-edicao-de-principios-da_40.html">Hegel</a> um panteísta. O significado da lógica de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/12/prefacio-3-edicao-dos-principios-da.html">Hegel</a>, opondo
a noção do infinito à dialéctica, equivale a estabelecer a transcendência que
Kant havia negado na <i>Crítica da Razão
Pura</i>. Tornando possível a transcendência, deixam os supremos valores de ser
considerados subjectivamente, nos limites em que Kant circunscrevia a
sensitividade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Todos os
sentidos que são dados à nossa percepção, tenham duração instantânea ou duração
permanente para que os julguemos corpos, são entes limitados e finitos. A
majoração ou a minoração das imagens, segundo o princípio de continuidade, não
as torna infinitas. Não há verdadeiro infinito do tempo e do espaço, mas apenas
infinito intelectual para compreensão das séries numeráveis.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O corpo
humano é uma imagem que aparece e desaparece entre as outras imagens que
constituem o mundo. A dissolução de um corpo menor em um corpo maior não pode
servir de símile para comparar a relação da consciência humana com a
consciência divina. A religiosidade tem de ser imaginada e inteligida fora das
condições do tempo e do espaço.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O infinito de Hegel não é um infinito de número mas um infinito de palavra. É a relação do
verbo com a oração. Também para Guerra Junqueiro o infinito se exprime muito
mais por actividade do que por quantidade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A relação
aristotélica entre o acto puro e a pura potência é renovada por Guerra
Junqueiro em termos de luz e matéria. As formas, as figuras e as imagens são
entes intermediários numa escala que desce até à negridão do sólido, neste teatro
de dor, de sofrimento e de morte que é a terra. Mas a consciência humana,
iluminada pelo verbo, pode estar relacionada com a luz perpétua.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/05/oracao.html">oração</a> é
acto genesíaco de que surgem os poemas e os filosofemas. A arte de orar
antecede a arte de poetar. Os poemas, perdendo em ritmo o que ganham em nitidez
intelectiva, traduzem-se em filosofemas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCIjTEbY3NumBQDfmOUhiwAf3D1W0XTR9svloL4pBH5ACdRqCDV1lWE4O8h4dyHR5Ef1JhWwbdCuG8GeKaqfB1JWFimdzYZ8Vw_rjHzX7Exgx941BUOnVu3YF9bAG17g3KOMsjiJ3j2ioQdLH7gjhCcOFt5dN9-Hkj8PeKggA1Mg__H9xfWtM3O5WjpkU/s800/20161109180936_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="505" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCIjTEbY3NumBQDfmOUhiwAf3D1W0XTR9svloL4pBH5ACdRqCDV1lWE4O8h4dyHR5Ef1JhWwbdCuG8GeKaqfB1JWFimdzYZ8Vw_rjHzX7Exgx941BUOnVu3YF9bAG17g3KOMsjiJ3j2ioQdLH7gjhCcOFt5dN9-Hkj8PeKggA1Mg__H9xfWtM3O5WjpkU/s16000/20161109180936_00001.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Entre
Sampaio Bruno e Guerra Junqueiro a semelhança de pensamento filosófico não está
oculta, nem é renegada, pela diferença das expressões literárias. Ambos, pensadores
evolucionistas, dividem o drama cósmico em três actos: no primeiro o mistério
insondável, de que as teogonias oferecem o exemplo passado; no segundo, de que
a humanidade está sendo espectadora e actora, cruza-se a dor com o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/o-amor-e-uma-realidade-imaginaria-e-por.html">amor</a>, vão
diminuindo o erro e o mal; no terceiro, com o esperado advento da figura
messiânica, dár-se-á o regresso ao homogéneo absoluto ou à unidade do ser. Mas
enquanto Guerra Junqueiro, firmado na crença que lhe restava da fé que perdera,
ia imaginando o poema do regresso de Jesus à terra, Sampaio Bruno, criando até à
intuição do avatar, profetiza a vinda de um novo Cristo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sampaio
Bruno reconheceu o valor da obra filosófica de Guerra Junqueiro, e declarou-o
num juízo admirável pela exactidão predicativa: <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">«O nosso
grande poeta Guerra Junqueiro, atingindo a maturidade de razão adulta,
revelou-se uma mui rara intuição filosófica, tornando incisivo o pensamento
metafísico, que nele é sempre profundo, mercê nítida flagrância de uma
imaginação igualmente opulenta na concepção e na expressão.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">«Conexo com
a interpretação do pecado original... de Deus, com a definição imprevista do
Demónio, Guerra Junqueiro ascendeu a culminâncias transcendentes em sua doutrina
da moral cósmica. Assim é legítima a ansiedade que se consagre ao aparecimento do
volume em que vem arquivando as suas longas meditações»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O livro,
que deveria ficar intitulado <i>A Unidade do
Ser</i>, continuou inédito. Guerra Junqueiro não influiu teoreticamente sobre
os seus contemporâneos. Não influiu como filósofo, mas apenas como prosador.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Cônscio de possuir, aliadas, a inteligência aquilina e a força leonina, o poeta proclama
em voz suasiva, encantadora, imperiosa, o verbo revolucionário, enquanto
Sampaio Bruno timidamente murmura numa conversa a meia voz, em frases ora
sincopadas, ora sinuosas, a doutrina excelsa que explica a história pela
tradição. Guerra Junqueiro promove, impulsiona, acelera a obra filosofal,
mediante a introdução na prosa portuguesa dos ritmos apropriados ao movimento
sintético, e corta assim muitas dificuldades estilísticas que obstam ao
pensamento o voo especulativo. Gratos ficaram a Guerra Junqueiro os escritores
seus discípulos, que assim se viram adestrados a constituir um estilo ágil,
capaz de perseguição aérea às intuições mais fugidias, e de alcançar na penumbra
as noções subtis que não podem ser dadas à luz diurna.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O léxico de
Guerra Junqueiro, dos mais opulentos que se encontram em poetas portugueses,
delicia os leitores que amam a beleza, a variedade e a força do nosso idioma,
que não as queiram deixar desfalecer na hora cinzenta do linguajar plebeu. Mas
se é um vocabulário rico de termos utilizáveis pelas obras literárias, não é
muito variado em termos de filosofia. Foi, todavia, no capítulo do léxico que o
excelso prosador veio a dar lição aos escritores especulativos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O estilo
filosófico de Guerra Junqueiro é escasso de neologismos, mas abundante de
locuções raras, porque o poeta, no ímpeto para teorizar tudo quanto descrevia
ou narrava, consegue dar aos escolhidos vocábulos a velocidade superior do pensamento.
A sua adjectivação procede no sentido contrário ao da escola realista: em vez
de acumular epítetos delicados, irónicos e misantrópicos, vai articulando numa
gradação ascensional as qualidades dos seres que sofrem mas que se redimem pelo
amor. Guerra Junqueiro, fiel à mensagem romântica, procurou exprimi-la numa
linguagem científica e filosófica, no tempo em que os literatos escreviam
realismo e positivismo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqAcbdqKj9tCYsDmSNu5Mjn-TiNTyxMKclEvVeMsNiZVaVx-PEtErRwWaiIxlTpBbkXsbe0U0sqGEVZsgJbrZ1NFu_0m_IwjxfzPJT2ImODEt9XL7UjY8CFMMSqF7qOw4Gzu5tji7xupgwXCVoCxjkIc0wNqlHO41p9urq2dK54b46NwZE5xWtuI8w70Y/s640/20180410154341_00001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="412" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqAcbdqKj9tCYsDmSNu5Mjn-TiNTyxMKclEvVeMsNiZVaVx-PEtErRwWaiIxlTpBbkXsbe0U0sqGEVZsgJbrZ1NFu_0m_IwjxfzPJT2ImODEt9XL7UjY8CFMMSqF7qOw4Gzu5tji7xupgwXCVoCxjkIc0wNqlHO41p9urq2dK54b46NwZE5xWtuI8w70Y/s16000/20180410154341_00001%20(1).jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Guerra
Junqueiro, se adjectivasse apenas por exigência de prosódia, para encantar o
leitor e assim lhe infundir em sonho as noções que a consciência crítica e
vigilante se recusa a contemplar, mereceria por isso a admiração que é devida
aos grandes artistas. Mas o pensador sabia que o adjectivo é uma palavra
medianeira que vale pela alusão a um saber que o substantivo condensa e o verbo dissolve. Por isso na prosa de Guerra Junqueiro o que menos se encontra é a proposição clássica, na qual o substantivo fica como que para
sempre sujeito a um só adjectivo qualificativo, como um mundo crucificado onde
já não tivesse lugar a liberdade pessoal.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Em Guerra
Junqueiro impressiona-nos a mestria na colocação das preposições, processo
sintáctico em que raros escritores chegam a ser bons aprendizes, e admiramos a
feliz assimilação dos adjectivos aos particípios verbais, e, por consequência,
a acção pela qual efectua a solicitação ao pensamento – solicitação
irresistível </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px;">–</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> dos substantivos complementares. O evolucionismo de Guerra
Junqueiro, longe de ser nebuloso ou dissolvente, tende sempre para a estrutura
das formas paradigmáticas. Exemplificaremos apenas com este período admirável:
«A vida vertiginosa, tumultuosa, entrelaçada, contínua, patética,
infinitiforme, a vida latejante de seiva, incubada de sonho, fulva de luz, cega
de espantos, ébria de beijos, trémula de morte e grávida de amor, a vida
eterna, divina e formidável, que nasce da vontade e da emoção, aparece na obra
do filósofo descrita por cálculos, ordenada por argumentos e por ideias» </span><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Vejamos
agora se Guerra Junqueiro, ao construir a oração, a proposição, o período, pelo
ritmo frásico, nos dá alguma lição válida para o estilo especulativo. Com
efeito, vemos que a oração mais simples é constituída pela ligação de dois
infinitos verbais, na qual o prosador, usando a parataxe, literariamente nos
sugere a mobilidade eurítmica mas serena: «Viver é conviver. Viver é amar.» A
seguir, para evitar a repetição que, tornando monótono o ritmo, decairia no
compasso que adormece o pensamento, vai variando o discurso com frases mais
complexas. O verbo ainda predomina, mas a frase prolonga-se, densifica-se, como
nos exemplos seguintes: «Sentir é compreender com todo o corpo», «Cantar é
divinizar o som».<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O infinito
verbal é substituído depois por um substantivo abstracto que, no mais fundo dos
seus significados, nos lembra a acção ou a paixão. A frase, para subir a segundo
estádio do pensamento, adquire maior energia: «A dor é escada de fogo que nos conduz
à vida eterna.» «A arte é o culto mágico de Deus.» «A revelação é Poesia, a
teologia é Estética.»<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
substantivo concreto passa a significar o agente ou o paciente, personificando
as ideias que figuram os verbos de harmonia cósmica. Junqueiro escreve agora
frases deste tipo: «A raiz chupa ao lodo a flor que nasce da vergôntea»; «Um ai
de mendigo pode valer todas as sinfonias de Beethoven»; «O artista, criando
beleza, cria amor, porque a beleza é expressão rítmica do Bem, é o amor a
cantar na forma e no som, no verbo e na luz».<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Outro
aspecto do ritmo de Guerra Junqueiro é o encurtamento das frases pela
incidência sucessiva de pontos finais, e, assim, as palavras que coordenam e
subordinam as frases umas às outras são eliminadas, omitidas ou substituídas
por sinais gráficos. As articulações metálicas que escruturavam as vestes dos
tropos – os advérbios, as preposições e as conjunções – são frequentemente
eliminadas; a pontuação é, consequentemente, simplificada, deixando aparecer
hiatos na continuidade melódica das metáforas, e mostrando as palavras isoladas
na beleza da nudez intelectual. O discurso torna-se mais rápido, as frases mais curtas vão a compasso da respiração
ofegante, o pensamento adquire a cadência de um rítmico adejar pela fluidez dos
elementos, desprendendo-se da terra com desdém pelo seu habitante meditabundo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Deste
estilo, que a breves traços pretendemos esquematizar, foi contestada a
legitimidade, a utilidade e o valor da sua aplicação à filosofia. A crítica
condenou a prosódia que denominou «sonoridade oca», e se, por vezes, admitiu a
metrificação harmoniosa no labor poético, julgou os efeitos de som perniciosos
para o alinhamento das ideias claras, precisas e distintas. A mobilidade da
sintaxe, e, consequentemente, os tropos que permitem ao pensamento o progresso,
a elevação e a transcendência, foram considerados como meros efeitos de
retórica pelos quais as palavras sem brilho real esconderiam o mais vazio
pensamento.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGU_p6XCTwdKSwfM8tT3h78DL1h0aVD8_Q_1nku0pYUJ5M2xpvgDzZxFya7axugUQm3xxA3opBYnXDBeRwdsTc6YtSt8GNvkiFodAF2K9jGJNyDKeZyK8B9vB02XOZgf4eQHy5r-nQil4ZEjVXdLAUVuIs5hITwx7xaBH0E6yB0Jak99Un-xF0W7uIIaM/s640/20161219165726_00001-001%20(1)%20(2).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="436" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGU_p6XCTwdKSwfM8tT3h78DL1h0aVD8_Q_1nku0pYUJ5M2xpvgDzZxFya7axugUQm3xxA3opBYnXDBeRwdsTc6YtSt8GNvkiFodAF2K9jGJNyDKeZyK8B9vB02XOZgf4eQHy5r-nQil4ZEjVXdLAUVuIs5hITwx7xaBH0E6yB0Jak99Un-xF0W7uIIaM/s16000/20161219165726_00001-001%20(1)%20(2).jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tal não
acontecia, porém, nas liberdades poéticas de Guerra Junqueiro, que conseguiu
manter a sua inspiração num alto nível de pensamento, tal não aconteceria
também com a prosa filosofal <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[4]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Os críticos mostraram apenas não gostar da reforma estilística do grande poeta,
ou pretenderam vedar caminhos novos à filosofia portuguesa. Veremos, porém, que
se da obra do poeta de <i>Os Simples</i>
resultou uma renovação da poesia, como disse Raul Proença <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[5]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>, também
da sua obra em prosa resultaria um inegável impulso para o pensamento
português.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Guerra
Junqueiro abriu caminho a um estilo profético mais poderoso do que o dos
simbolistas, estilo em que a adjectivação surpreende quando aparentemente
errónea, absurda, incompreensível, mas que, na sequência do discurso, ganha e
adquire significação altamente inteligível para, com ela, iluminar o período
inteiro. O leitor, dócil a essa retrospecção cognitiva, verá compensada assim
pela inteligência a sua pitagórica virtude de credulidade silente, e
exercita-se, pouco a pouco, a suprir mediante interpretação própria todos os
hiatos expressivos com valor estético de função excitante e artística. As
palavras que deveriam estar num texto explicativo, mas que desapareceram por
quebra de ritmo ou por artifício de estilo, não fazem falta a quem sabe ler
para entender, e nesse entender familiarizar-se com novos raciocínios.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A prosa
rítmica – métrica ou simétrica – pode impedir que o leitor analise detidamente
o assunto, e até retirar às palavras usuais a sua significação didáctica. A
incompatibilidade com o esquema clássico, – sujeito, cópula, predicado –
representativos da ortodoxia e do passado, pode até ser garantia de libertação
do pensamento especulativo. Mal vai a quem julgar superior aquele estilo sóbrio
em que as frases não dizem <i>nem mais, nem
menos</i> do que o escritor pretendia transcrever de um pensamento anteriormente
determinado.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ser
inteligente não é compreender o que num texto se encontra muito bem explicado, nem ainda o que se encontra
deficientemente explicado, nem ainda o que seria de difícil explicação. Ser
inteligente é acertar na escolha do que ninguém escolhe, é ler o que ninguém se
preocupa de soletrar, é ver no aspecto nocturno das coisas a sua nova dimensão
auroral. A prova de inteligência nunca poderá ser dada na discussão presente,
mas apenas no êxito futuro; por isso a inteligência, que é acima de tudo
prognose e profecia, não se confunde baixamente com o cálculo utilitário.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O poeta
escreve numa vivência subconsciente que resulta da inspiração, e, quando retoca
de artifício o verso formulado, reconhece ter recebido de graça o pensamento que exprimiu. O escritor vulgar transcreve
na sua prosa o pensamento que previamente adquiriu por adaptação ao ambiente
social ou por penoso trabalho de cultura superior. O prosador autêntico
reconhece que escrever consiste em submeter as palavras a experiências
estilísticas, na confiança, na esperança, na certeza de que invocará os
segredos propulsores da vida mental.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Destarte
Guerra Junqueiro nos ensina como da filologia se transita para a filosofia. A sua
revolução estilística iria facilitar revolução gnósica. Libertando as palavras,
libertava também os conceitos, para que o pensamento filosófico, em vez de
contemplar uma galeria clássica de estátuas frias, atendesse à musicalidade
reveladora do significado, da vida e do destino das imagens.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Assim, ao
proceder por uma seriação de epítetos o filósofo não oferece o estendal de uma
poderosa luxúria de poder melódico; profundo conhecedor da língua portuguesa,
não efectua uma aglomeração casual de epítetos; mas procede a intensificação
gradativa, enumeração de séries já conhecidas, e ascende a subtil
fluidificação. Decerto, nessa sublimação vocabular, o pensamento eleva-se até
se perder em termos que descousificam, indefinem, idealizam todas as formas e
todas as forças, sacrificando até a significação verbal do sólido na inefável
misticidade. Mas ao estudioso do estilo logo se afiguram as frases do ritmo
junqueirista como ampliantes séries atributivas que dependem de uma oração
principal, e esta, em cada caso, parte sempre de um substantivo ou de um verbo
substantivado, para que da intuição original decorram torrencialmente os
predicados definidores e concretizantes. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidgzPyxTFABUURQGViD_eo-SfJojde_JqaNR2Bg97SvdBRfx3OPM_XVnhYUTyeIPzVmPAa6QbhBoybOXRFmvhE-FsAwP2PbloS2zugazVM-QKzRHoqaZTGG8spal8LwgHIgTc55aMbdWYY6T9X4IJ-clh3cIPQHxCmr6lQK_tTi1VXXHdV4MS20hqnNqg/s500/raul_brandao30.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="490" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidgzPyxTFABUURQGViD_eo-SfJojde_JqaNR2Bg97SvdBRfx3OPM_XVnhYUTyeIPzVmPAa6QbhBoybOXRFmvhE-FsAwP2PbloS2zugazVM-QKzRHoqaZTGG8spal8LwgHIgTc55aMbdWYY6T9X4IJ-clh3cIPQHxCmr6lQK_tTi1VXXHdV4MS20hqnNqg/w392-h400/raul_brandao30.jpg" width="392" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Raul Brandão</span></b></td></tr></tbody></table><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sirva de
exemplo o admirável prefácio que o autor de <i>Os
Simples</i> antepôs a <i>Os Pobres</i> de
Raul Brandão, texto a todos os títulos digno de figurar numa antologia da
filosofia portuguesa <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[6]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Nesse escrito, o uso magistral das palavras com prefixo <i>in</i> (<i>impalpável</i>, <i>incerto</i>, <i>ilusório</i>, <i>ilimitado</i>,
etc., mas, e principalmente, <i>infinito</i>),
longe de preencher as lacunas do pensamento com sonoridades vocálicas, tem por
fim exprimir pela negatividade a dissolução que incessantemente facilita a
realização cósmica e que permite, ao homem interventor, inserir no mundo dúctil
o calor da sua espiritualidade. Há, decerto, nesta visão evanescente uma
unilateralidade que ao filósofo competirá corrigir, mas não se pode, por isso,
negar ao pensamento junqueirista o mérito de ter expresso uma face da verdade,
em termos apropriados, correctos, inteligíveis, e, além disso, agraciados de
notável beleza. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Daremos
como exemplo característico de Junqueiro aquela frase que, parecendo mais
insignificante, tenha merecido a atenção dos críticos: «Deus é, pois, o amor
infinito, vencendo infinitamente a infinita dor.» De encadeamento de frases
curtas, como resultado de sucessivas apreensões de atributos do mesmo conceito,
apresentaremos este modelo admirável: «Rezar o universo é polarizá-lo no
infinito amor. Cantar não basta, rezar é mais. Rezar é o superlativo divino de
cantar. A <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/05/oracao.html">oração</a> é a canção angelizada, a canção chorada de mãos postas.» Etc.
Finalmente, esta sucessão de aspecto revelador e admirável: «Rezar é chorar, mas
heroicamente, na acção e na luta, no mundo e para o mundo. Rezar como <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/o-galaaz-portugues.html">Nuno Álvares</a>, entre o fogo ardente da batalha. Enganam-se os que vão para Deus,
voltando as costas à Natureza. Quem se quiser salvar, há-de salvar os outros.
Quem renegar a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/04/aforismos-ii_03.html">Natureza</a> renega a Deus. A ascese é egoísta e anticristã. O
quietismo beato, apagando o universo, apaga a Deus. Quietismo e niilismo, –
dois zeros, dois sinónimos. O frade tenebroso, na concha da mão exangue e
paralítica, sustenta uma caveira. É o nada olhando o não-ser. O monge radiante
(S. Francisco) na dextra poderosa, em vez da caveira, tem um globo de oiro
constelado, onde se ergue uma cruz. Tem o universo e Deus»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[7]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">É
impossível deixar de admirar, neste trecho sóbrio, o entrelaçado de filosofemas
austeros numa linguagem correcta, excelsa e sublimante. Este estilo não deixaria
de influir nos escritores das gerações mais novas, e reaparece com muitos dos
seus característicos no <i>Verbo Escuro</i>
(1914) de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/a-matematica-e-o-esqueleto-da-poesia.html">Teixeira de Pascoaes</a> e em <i><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/10/a-alegria-dor-e-graca-i.html">A Alegria, a Dor e a Graça</a></i> (1915) de Leonardo Coimbra. Em séries de
inferências que se graduam da Terra ao Céu, do Visível ao Invisível, da
Natureza à Graça, exprimem os nossos artistas um panteísmo transcendente.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">As <i>Orações</i> de Guerra Junqueiro exerceram
tão grande influência que deram origem ao movimento cultural que da cidade do
Porto irradiou para todo o país com a denominação de «Renascença Portuguesa». A
mensagem poética de Guerra Junqueiro foi ouvida e interpretada por <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/10/fernando-pessoa-apreciado-por-teixeira_12.html">Teixeira de Pascoaes</a> e Fernando Pessoa em dois sentidos diferentes. Teixeira de Pascoes é
um naturalista voltado para o passado, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/02/do-lugar-inlocalizavel-do-eu_20.html">Fernando Pessoa</a> é um futurista interessado
pelo artifício, pelo que se distinguem de outros poetas que colaboraram em <i>A Águia</i>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Conveniente
é notar que, sofrendo a influência do <i>Mercure
de France</i>, aqueles poetas portugueses preferiram ao simbolismo hermético o
simbolismo cristão. A tradição evangélica deu-lhes o emblema que serviria de
título à nova revista. Queriam, com isso, significar uma religiosidade que
excede as praxes limitadas a um ponto da Terra.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tal como <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/01/dois-humanismos-duas-liberdades.html">Leonardo Coimbra</a> nos advertiu em
escrito apropriado, convém comparar <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/05/arte-de-ser-portugues-i.html">Teixeira de Pascoaes</a> com <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/02/frederico-nietzsche.html">Frederico Nietzsche</a>. A antropologia do autor de <i>Also
Sprach Zaratustra</i>, fantasiando a evolução animal do gnomo ao gigante,
segundo arquétipos telúricos da mitologia germânica, levou ao cúmulo as objecções
terríveis que se podem apresentar ao humanismo cristão. <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/05/arte-de-ser-portugues-ii.html">Teixeira de Pascoaes</a>,
pelo contrário, concebeu a evolução humana fora do plano da zoologia, segundo
uma orientação espiritualista, e interpretou a morte iniciaticamente como
condição indispensável para uma renascença ou ressurreição. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjClf7ftu5gG14t8fGWHw_XBPEqVykZ0OCSUEHv8IwKyzZYqFu4N_0SfcmBEZHDdZWcKTbKHaeEY78J3UGwZa3uaubXssx9ZI5lXXDbjnMl98MlSy9wmfkhrWNKQhBnTAp62YFBos4H8QCfeWdHsTIqCPv_i7Qu6z--KanZOwf7wqta57LCrzFBxx2T4v0/s640/thumbnail_20211025172350_00001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="420" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjClf7ftu5gG14t8fGWHw_XBPEqVykZ0OCSUEHv8IwKyzZYqFu4N_0SfcmBEZHDdZWcKTbKHaeEY78J3UGwZa3uaubXssx9ZI5lXXDbjnMl98MlSy9wmfkhrWNKQhBnTAp62YFBos4H8QCfeWdHsTIqCPv_i7Qu6z--KanZOwf7wqta57LCrzFBxx2T4v0/s16000/thumbnail_20211025172350_00001%20(1).jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Dando a
réplica do espírito dantesco ao espírito fáustico, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/06/arte-de-ser-portugues-iii.html">Teixeira de Pascoaes</a>
reconheceu na vida da nacionalidade portuguesa a assistência perene de uma
verdade a que deu o nome de <i>génio</i>.
Outros escritores inspirados, igualmente conhecedores das leis divinas,
atribuíram a essa verdade diversas denominações, mais compatíveis com a cultura
contemporânea. Estudar a expressão poética, filosófica e religiosa do <i>Génio Português</i> – tal era, para Teixeira
de Pascoaes, a missão mais nobre que poderia ser confiada às novas gerações de
artistas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O génio é
aquele ente subtil que assiste ao homem superior. Porque temos um génio somos
um povo, porque temos um génio esperamos cumprir no mundo um destino espiritual
que mal se desenha entre névoas e sombras. A profecia ainda não se cumpriu,
aguarda o advento de uma época propícia, mas a cada geração se repete e se actualiza
num verso de um poeta ou numa frase de um prosador.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não se
cumpriu ainda a profecia porque o povo não tem sido para ela educado. Os <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/12/a-escola-fixista.html">sistemas, métodos e processos de educação, importados ou imitados de modelos estrangeiros</a>, apenas nos asseguram um lugar condigno no concerto das nações
civilizadas. Quando, porém, desde o ensino primário ao <a href="http://filosofiaportuguesa.blogspot.com/">universitário</a>, tudo estiver
organizado segundo o plano da filosofia lusíada ou atlântica, o povo português
poderá afirmar a sua superioridade espiritual, realizando no mesmo acto a sua
missão de qualidade divina.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">É difícil
marcar termo à escala de valores poéticos e encontrar ponto em relação ao qual
se possa medir o progresso. No entanto é licito dizer que os movimentos
poéticos que surgiram depois da «Renascença Portuguesa», se renovaram o lirismo
e se deram ao drama acuidade maior, não excederam a épica religiosidade de
Guerra Junqueiro, Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa. A expressão poética
de subjectividade humana enriqueceu-se com elementos recebidos de escolas estrangeiras e procurou seu complemento
objectivo nas ortodoxias políticas ou religiosas, pelo que se situou em plano
inferior ao «transcendentalismo panteísta», considerado por <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2014/02/fernando-pessoa-poeta-e-filosofo.html">Fernando Pessoa</a> o
grau de apogeu da poesia portuguesa.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tem-se dito
e escrito que o movimento de <i>A Águia</i>
foi continuado pelo grupo da <i>Seara Nova</i>.
Subscreverá tal afirmação apenas quem verificar que os fundadores do
quinzenário lisbonense haviam sido colaboradores do mensário portuense; mas
quem proceder à comparação das doutrinas defendidas em uma e outra revista corrigirá
facilmente o apressado juízo dos críticos literários. Nem em literatura, nem em
política a revista <i>Seara Nova</i> aceitou
a inspiração patriótica de Guerra Junqueiro, Teixeira de Pascoaes e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/d-sebastiao-rei-de-portugal.html">Fernando Pessoa</a>, porque preferiu interessar-se pelos problemas pedagógicos, técnicos e
económicos que deveriam ser resolvidos à luz da sociologia internacional.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
«Renascença Portuguesa» foi, sem dúvida, o movimento cultural mais profundo,
sincero e original da primeira metade do século XX. Embora não lograsse êxito
no ensino público e, portanto, não beneficiasse daquela continuidade
indispensável à função educativa, representou incontestavelmente um grau de
espiritualidade superior ao do movimento das <i>Conferências do Casino</i>. Tanto em poesia como em filosofia, a obra
alegórica de Antero de Quental, que alguns críticos comparam à de Camões,
representa um estádio ultrapassado pela obra simbólica de Guerra Junqueiro.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2021/10/os-escritores-falam-do-que-escrevem.html">Álvaro Ribeiro</a>, <i>A Arte
de Filosofar</i>, Lisboa, Portugália, 1955, pp. 173-192).</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoLMmN0q1dKYcPdcTmZ7K5WSNpLyRcrN1iRMzuAXGmxmmBKXkkD2nxausdIgPRHLgmHxi2ngEZYSqSTXCQN8F9bN2sgiKaJaiTUkj-HDoj5jpycU44pHAgrRsxv50fbPkz78nWrI-KUV2r4bQ-hCqftqHn4mW2T2m9mxV5ldce7Ic_Au5VZI77z0i3L50/s800/20161124161226_00001%20(2).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="531" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoLMmN0q1dKYcPdcTmZ7K5WSNpLyRcrN1iRMzuAXGmxmmBKXkkD2nxausdIgPRHLgmHxi2ngEZYSqSTXCQN8F9bN2sgiKaJaiTUkj-HDoj5jpycU44pHAgrRsxv50fbPkz78nWrI-KUV2r4bQ-hCqftqHn4mW2T2m9mxV5ldce7Ic_Au5VZI77z0i3L50/s16000/20161124161226_00001%20(2).jpg" /></a></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><br /></b></div><p></p><p></p><div>
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;">
A. D. Sertillanges, O. P. – <i>L’Idée de
Création et ses retentissements en philosophie</i> – Paris, 1945. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Este livro bem merecia ser
divulgado por tradução em Portugal. Quem o ler desprender-se-á necessariamente
de muitos absurdos que ainda vigoram na nossa apologia ou apologética
religiosa.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Sampaio Bruno – <i>A Ideia de Deus</i>, Porto, 1902. Pág. 470.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn3">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Todas as frases entre aspas
foram transcritas das <i>Prosas Dispersas</i>
de Guerra Junqueiro.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn4">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> A defesa dos valores retóricos e
estilísticos do extraordinário Poeta, contra as críticas superficiais,
tendenciosas e sectárias dos detractores da eloquência, encontra-se magistral e
definitivamente realizada no livro de Amorim de Carvalho, <i>Guerra Junqueiro e a Sua Obra Poética</i> – Porto, 1945.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn5">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Raul Proença – <i>Páginas de Política</i>, 2.ª série. Lisboa,
1939, pp. 300-1.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn6">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Guerra Junqueiro – <i>Prosas Dispersas</i> – Porto, 1921, pp.
35-65. A opinião de Leonardo Coimbra sobre este prefácio ficou exarada no seu
livro sobre <i>Guerra Junqueiro</i> – Porto,
1923, p. 133 e seguintes.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn7">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Guerra Junqueiro – <i>Prosas Dispersas</i> – Porto, 1921, pp.
63-64.</span></p></div></div>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-45971603564916659712023-09-09T04:29:00.001-07:002023-09-09T08:55:24.649-07:00Pátria<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Guerra Junqueiro</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5g9OUDgFpUvExGLiVyvZZ2Z_5tF_Y-xNP36_ELZrGjKcYoRTJy-TlkB237kZY3Ve4MkZoJxCIMeiWjRIcbzy8a2z-b4X03BPkaehVwru1T6Xdub41h48uZFBxKpjebWWbU_Sq_8fDXJJr9Qm5h7vlFkW10uXE9_dAwu46Vjwh93H4OIhnCZX4iMuXDKg/s700/700x700bb.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="454" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5g9OUDgFpUvExGLiVyvZZ2Z_5tF_Y-xNP36_ELZrGjKcYoRTJy-TlkB237kZY3Ve4MkZoJxCIMeiWjRIcbzy8a2z-b4X03BPkaehVwru1T6Xdub41h48uZFBxKpjebWWbU_Sq_8fDXJJr9Qm5h7vlFkW10uXE9_dAwu46Vjwh93H4OIhnCZX4iMuXDKg/s16000/700x700bb.jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">«A “Renascença
Portuguesa” invocava, como seus patronos, os nomes de Teófilo Braga, Guerra Junqueiro
e Sampaio Bruno, escritores que haviam preconizado a renúncia à nacionalidade
ou profetizado a infusão da Pátria no aglomerado da Europa, em vindouro
internacionalismo ou universalismo. Depois da crise intelectual e moral de 1870
a 1891, a propagação das doutrinas republicanas e a esperança de imitar a Suíça
e a França, facultaram ao povo fórmulas políticas de um ideal a que só a
filosofia poderá dar inteligente expressão. Em vez do <i>Fim da Pátria</i>, alarmado por Guerra Junqueiro, haveria que proclamar
os fins da Pátria, esquecidos ou omitidos na lei fundamental da República.»<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/11/pela-republica-contra-o-socialismo.html">Álvaro Ribeiro</a> («Memórias de Um Letrado, I»).<span style="color: #134f5c;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;"> </span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">«Nem toda a
profecia é de júbilo, nem todo o profeta geme, nem toda a admonição chora.
Alguma contesta e protesta. Como Leonardo tão bem inteligiu, e como está
ostensivo em toda a obra do poeta, Junqueiro é uma alma tão religiosa que pode
pecar por excesso. Um excesso que transborda uma congestão de negatividade: o
mal é tão presente, o mundo é tão amoral, que a responsabilidade é trespassada
dos imperfeitos cristãos para o próprio Cristo.»<o:p></o:p></span></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/01/franco-nogueira-e-literatura-portuguesa.html">Pinharanda Gomes</a> («A Cidade Nova»). </b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">«Nem Deus,
nem dignidade, nem remorsos.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">A sua mão,
onde quer que pousava, punha nódoas de sangue. A Companhia dos Vinhos foi
inaugurada no Porto com uma fileira de forcas que trabalharam seis horas, e por
um crebo ulular de gemidos de uns açoitados que se tinham amotinado em seguida
à bebedeira de terça-feira de Entrudo.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Eu não me persuado
que tivessem uma prelucidação das futuras malfeitorias da Companhia os
arruaceiros condenados. Sim: não me atrevo a considerar mártires da ciência
económico-agrícola o soldado António de
Sousa, de alcunha o <i>Negro</i>, e mais o
Manuel Francisco, de alcunha o <i>Cosido</i>,
e o Tativitate, e o Cheta, e mais as senhoras Custódia Maria, de alcunha a <i>Estrelada</i>, cúmplice enforcada da Páscoa
Angélica, meretriz professa. Nem eles nem elas se devem considerar bodes e
cabras expiatórias da ideia moderna contra os monopólios e pela liberdade das
indústrias. A celebrar assim a memória destes padecentes, não se explica a
incongruência dos democratas avançados que, um destes dias, fizeram a apoteose do
déspota que mandou enforcar aquela gentalha esfrangalhada e piranga, como réus
de crime de <i>alta traição e de
lesa-majestade da primeira cabeça</i>. Não se renega assim o ideal avoengo.»</span><o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/06/o-conde-de-cagliostro-i.html">Camilo Castelo Branco</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/04/o-marques-de-pombal-e-o-terramoto.html">«Perfil do Marquês de Pombal»</a>).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMpmlogNfgSxTVWFBitf2_e7bPBjRdY3aBTjcguLY70N9XtHNsbyMlynUHTPmtAoLmS1kRggZqje1R5eul_CLi_DeIsTyBMBRSFFn14LqKYlXVyMrX8M806HfLAU2NP93TMpil0FihlxrFWlAfyIn1cKCAMm-yu5Q6G-XdwpuDuVnOHKkJReUPQezA3Vw/s640/20180410154341_00001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="412" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMpmlogNfgSxTVWFBitf2_e7bPBjRdY3aBTjcguLY70N9XtHNsbyMlynUHTPmtAoLmS1kRggZqje1R5eul_CLi_DeIsTyBMBRSFFn14LqKYlXVyMrX8M806HfLAU2NP93TMpil0FihlxrFWlAfyIn1cKCAMm-yu5Q6G-XdwpuDuVnOHKkJReUPQezA3Vw/s16000/20180410154341_00001%20(1).jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000; font-size: large;">Balanço
patriótico:</span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Um povo
imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de
carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de
misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia de um coice, pois
que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia
ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um
povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua
inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, – reflexo de astro
em silêncio escuro de lagoa morta;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Um clero <i style="color: black;">português</i>, desmoralizado e materialista,
liberal e ateu, cujo Vaticano é o ministério do reino, e cujos bispos e abades
não são mais que a tradução em eclesiástico do fura-vidas que governa o
distrito ou do fura-urnas que administra o concelho <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>; e
ao pé deste clero indígena, um clero jesuítico, estrangeiro ou estrangeirado,
exército de sombras, minando, enredando, absorvendo, pelo púlpito, pela escola,
pela oficina, pelo asilo, pelo convento e pelo confessionário, – força
superior, cosmopolita, invencível, adaptando-se com elasticidade inteligente a
todos os meios e condições, desde a aldeola ínfima, onde berra pela boca
epiléptica do fradalhão milagreiro, até à rica sociedade elegante da capital,
onde o jesuitismo é um dandismo de sacristia, um beatério <i style="color: black;">chic</i>, Virgem do tom, Jesus de <i style="color: black;">high-life</i>,
prédicas untuosas (monólogos ao divino por Coquelins de fralda) e em certos
dias, na igreja da moda, a bonita missa encantadora – luz discreta, flores de
luxo, paramentos raros, cadeiras cómodas, latim primoroso, e hóstia <i style="color: black;">glacée</i>, com pistache, da melhor
confeitaria de Paris; <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Uma
burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o
bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que,
honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e
sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à
falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa
sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente
inverosímeis no Limoeiro<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Um exército
que importa em 6 000 contos, não valendo 60 réis, como elemento de defesa
e garantia autonómica;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Um poder
legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do
moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país,
e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, – como da
roda duma lotaria;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A Justiça
ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara a ponto de fazer dela um
saca-rolhas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Dois
partidos monárquicos, sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, na
hora do desastre, de sacrificar à monarquia ou meia libra ou uma gota de
sangue, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas
palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo
zero, e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu
no parlamento, – de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxFVh8fa6FIZKxiKby0HEm-4qzAIBEjNTvCPftprqqvKXMIJ3T7EJdFBgXrDfIk635D7OkojhHlvUTmw9ijTuq02hPaaZ8Gf-C1jd-vxHwuT17E_1AlbgY0ypmyXENISKBBn-NQUnIfQhIl3ffDE2De2VCDZWlpy3B5bmdI1qEJ4-TIe2yrRsXN52VZWM/s1280/maxresdefault%20(5).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxFVh8fa6FIZKxiKby0HEm-4qzAIBEjNTvCPftprqqvKXMIJ3T7EJdFBgXrDfIk635D7OkojhHlvUTmw9ijTuq02hPaaZ8Gf-C1jd-vxHwuT17E_1AlbgY0ypmyXENISKBBn-NQUnIfQhIl3ffDE2De2VCDZWlpy3B5bmdI1qEJ4-TIe2yrRsXN52VZWM/w640-h360/maxresdefault%20(5).jpg" width="640" /></a></div><p></p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Um partido
republicano, quase circunscrito a Lisboa, avolumando ou diminuindo segundo os
erros da monarquia, hoje aparentemente forte e numeroso, amanhã exaurido e
letárgico – água de poça inerte, transbordando se há chuva, tumultuando se há
vento, furiosa um instante, imóvel em seguida, e evaporada logo, em lhe batendo
dois dias a fio o sol ardente; um partido composto sobretudo de pequenos
burgueses da capital, adstritos ao sedentarismo crónico do metro e da balança,
gente de balcão, não de barricada, com um estado-maior pacífico e desconexo de
velhos doutrinários, moços positivistas, românticos, jacobinos e declamadores,
homens de boa-fé, alguns de valia mas nenhum <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a valer</i>; um partido, enfim, de índole estreita, acanhadamente político-eleitoral,
mais negativo que afirmativo, mais de demolição que de reconstrução,
faltando-lhe um chefe e autoridade abrupta, uma dessas cabeças firmes e
superiores, olhos para alumiar e boca para mandar, – um desses homens
predestinados, que são em crises históricas o ponto de intercepção de milhões
de almas e vontades, acumuladores eléctricos da vitalidade duma raça, cérebros
omnímodos, compreendendo tudo, adivinhando tudo, – livro de cifras, livro de
arte, livro de história, simultaneamente humanos e patriotas, do globo e da
rua, do tempo e do minuto, forças supremas, forças invencíveis, que levam um
povo de abalada, como quem leva ao colo uma criança.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Instrução
miserável, marinha mercante nula, indústria infantil, agricultura rudimentar;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Um regime
económico baseado na inscrição e no Brasil, perda de gente e perda de capital,
autofagia colectiva, organismo vivendo e morrendo do parasitismo de si próprio;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Liberdade
absoluta, neutralizada por uma desigualdade revoltante, – o direito garantido
virtualmente na lei, posto, de facto, à mercê dum compadrio de batoteiros,
sendo vedado, ainda aos mais orgulhosos e mais fortes, abrir caminho nesta
porcaria, sem recorrer à influência tirânica e degradante de qualquer dos bandos
partidários.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Uma
literatura iconoclasta, – meia dúzia de homens que, no verso e no romance, no
panfleto e na história, haviam desmoronado a cambaleante cenografia azul e
branca da burguesia de 52, opondo uma arte de sarcasmo, viril e humana, à
fraudulagem pelintra da literatura oficial, carimbada para a imortalidade do
esquecimento com a cruz indelével da ordem mendicante de S. Tiago.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Uma geração
nova das escolas, entusiasta, irreverente, revolucionária, destinada, porém,
como as anteriores, viva maré dum instante, a refluir anódina e apática ao
charco das conveniências e dos interesses, dela restando apenas, isolados, meia
dúzia de homens inflexos e direitos, indemnes à podridão contagiosa pela vacina
orgânica dum carácter moral excepcionalíssimo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">E se a isto
juntarmos um pessimismo canceroso e corrosivo, minando as almas, cristalizado
já em fórmulas banais e populares, – <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tão bons
são uns como os outros, corja de pantomineiros, cambada de ladrões, tudo uma
choldra, etc., etc.,</i> – teremos em sintético esboço a fisionomia da nacionalidade
portuguesa no tempo da morte de D. Luís, cujo reinado de paz podre vem dia a
dia supurando em gangrenamentos terciários.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhr8VCsFvCVLOF4w5q1s4bmWI7ClF3bbZa8lQZfEfhiMhR8XfmM5WVVP0xJjBeSTZKB5-aOJMnibNqU0viZqjFcJbsGKP6WSx9LNvs3XM1Q53uGULn6QpyBnlHiG3WLzZ30cCIGGdZLLmpj0MMJJqY0Q2Ri_giX9S66WFwhraximAz1yPcAFJjR3sWsRg/s1920/Guerra_Junqueiro_signature.svg%20(1).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="708" data-original-width="1920" height="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhr8VCsFvCVLOF4w5q1s4bmWI7ClF3bbZa8lQZfEfhiMhR8XfmM5WVVP0xJjBeSTZKB5-aOJMnibNqU0viZqjFcJbsGKP6WSx9LNvs3XM1Q53uGULn6QpyBnlHiG3WLzZ30cCIGGdZLLmpj0MMJJqY0Q2Ri_giX9S66WFwhraximAz1yPcAFJjR3sWsRg/w640-h236/Guerra_Junqueiro_signature.svg%20(1).png" width="640" /></a></div><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O advento
do materialismo burguês, inaugurado pela ironia céptica do Rodrigo, acabava
pela galhofa cínica do Mariano. O riso de sibarita amargo, desfechava no riso
canalha, de garotão de aljube. O patusco terminava em malandro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A burguesia
liberal, merceeiros-viscondes, parasitagem burocrática, bacharelice ao piano,
advogalhada de S. Bento, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">morgadinhas</i>,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">judias</i>, sinos, estradas, escariolas,
estações, inaugurações, locomotivas (religião do Progresso, como eles diziam),
todo esse mundo de vista baixa, moralmente ordinário e intelectualmente reles,
ia agora liquidar numa infecta <i style="mso-bidi-font-style: normal;">débâcle</i>
de casa de penhores, numa Alcácer Quibir esfarrapado, de feira da ladra.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A nação,
como o rei, ia cair de pobre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O conflito
inglês e a revolução brasileira, dois cáusticos, puseram a nu, de improviso,
toda a nossa debilidade orgânica, – <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>miséria de corpo e miséria de alma.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Falecimento
e falência. Ruínas. Montões de vergonhas, trapos de leis, cisco de gente, lama de
impudor, carraças de bancos, famintos emigrando, porcos digerindo, ladroagem,
latrinagem, um salve-se quem puder de egoísmos e de barrigas, derrocada dum povo
numa estrumeira de inscrições, – 700 mil contos de calote público, a bela
colheita do torrão português, regado a oiro, a libras, desde 52 até 90. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A crise não
era simplesmente económica, política ou financeira. Muito mais: nacional. Não
havia apenas em jogo o trono do rei ou a fortuna da nação. Perigava a
existência, a autonomia da pátria. Hora grande, momento único. A revolução
impunha-se Republicana? Conforme. Se o monarca nos saísse um alto e nobre
carácter, um grande espírito, juvenil e viva encarnação de ideal heróico, tanto
melhor. A revolução estava feita. Imprimia-se, dum dia ao outro, no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Diário do Governo</i>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mas feita
com quem, perguntarão, se tudo era lodo? Feita com o elemento moço do exército
e da marinha, com quase todo o partido republicano <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
com individualidades íntegras e notáveis dos partidos monárquicos, com a
juventude das escolas, com um sem-número de indiferentes por nojo e por
limpeza, com os duzentos homens de sério valor intelectual dispersos nas letras,
nas ciências, no comércio e na indústria, e com o povo, o povo inteiro, que
acordaria, Lázaro estremunhado, da sua campa de três séculos, à voz dum
vidente, ao grito dum Nun’Álvares.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
português, apático e fatalista, ajusta-se pela maleabilidade da indolência a
qualquer estado ou condição. Capaz de heroísmo, capaz de cobardia, toiro ou
burro, leão ou porco, segundo o governante. Ruge com Passos Manuel, grunhe com
D. João VI. É de raça, é de natureza. Foi sempre o mesmo. A história pátria
resume-se quase numa série de biografias, num desfilar de personalidades,
dominando épocas. Sobretudo depois de Alcácer. Povo messiânico, mas que não
gera o Messias. Não pariu ainda. Em vez de traduzir o ideal em carne, vai-o
dissolvendo em lágrimas. Sonha a quimera, não a realiza.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI6wjoC78tnfn51fl3CsTv8_ev1DQt_rllK2CuJBd-pzOe4PE6NuTgFoDbRJIyyveyaA_3QERXqqoZ_Ps6t9TRDf0FUM3iU8gXJje2IYzN2kSAMkj25ObB0ImGOrRLB-JVIhetMbMsZtzR_gM9HYXuJBRVIAH5BhKPfvAdYAPSdhu9EtkKN2osO-RXpI8/s794/20160423163307_00003.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="794" data-original-width="540" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI6wjoC78tnfn51fl3CsTv8_ev1DQt_rllK2CuJBd-pzOe4PE6NuTgFoDbRJIyyveyaA_3QERXqqoZ_Ps6t9TRDf0FUM3iU8gXJje2IYzN2kSAMkj25ObB0ImGOrRLB-JVIhetMbMsZtzR_gM9HYXuJBRVIAH5BhKPfvAdYAPSdhu9EtkKN2osO-RXpI8/s16000/20160423163307_00003.jpg" /></a></div><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O próprio
Pombal é o <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/10/o-desejado_29.html">Desejado</a></i>? Não. Fez-se
temer, não se fez amar. Cabeça de bronze, coração de pedra. Moralmente,
ignóbil. Rancoroso, ferino, alheio à graça, indiferente à dor. Inteligência
vigorosa, material e mecânica, sem voo e sem asas. Um brutamontes raciocinando
claro. Falta-lhe o génio, o dom de sentir, nobreza heróica, vida profunda, –
humanidade, em suma. Máquina apenas. Não criou, produziu. A criação vem do
amor, a génese é divina. Criar é amar. Por isso a obra lhe foi a terra.
Pulverizou-se. Só dura o que vive. Uma raiz esteia mais que um alicerce. Pombal
em três dias, num deserto, quis formar um bosque. Como? Plantando traves.
Adubou-as com mortos e regou-as a sangue. Apodreceram melhor.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sei muito
bem que o estadista não é o santo, que o grande político não é o mártir, mas
sei também que toda a obra governativa, que não for uma obra de filosofia
humana, resultará em geringonça anedótica, manequim inerte, sem olhar e sem
fala.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
ductilidade, quase amorfa, do carácter português, se torna duvidosas as
energias colectivas, os espontâneos movimentos nacionais, facilita, no entanto,
de maneira única, a acção de quem rege e quem governa. Cera branda, os dedos
modelam-na à vontade. Um grande escultor, eis o que precisamos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Há, além disso,
bem no fundo deste povo um pecúlio enorme de inteligência e de resistência, de
sobriedade e de bondade, tesoiro precioso, oculto há séculos em mina entulhada.
É ainda a sombra daquele povo que ergueu os Jerónimos, que escreveu os
Lusíadas. Desenterremo-la, exumemo-la. Quem sabe, talvez revivesse!...<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR_pqMoyx3OJ5rxaH0JaYIgdY1c6GWTtytReAtBnHz-NTLJgdbyg93b1YlJrAbfMCIEbPbEwDIvEaFJLZLWXZyhO173yz0g36kxI_kSsZNRTBmQv0ZfVvK6JS4EcnnYCK334msdAkA2syNtnds2JY7R7UmU1OvrrHBhimTr5JlbcUGRX8j3YuWwFNxCH0/s800/m.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR_pqMoyx3OJ5rxaH0JaYIgdY1c6GWTtytReAtBnHz-NTLJgdbyg93b1YlJrAbfMCIEbPbEwDIvEaFJLZLWXZyhO173yz0g36kxI_kSsZNRTBmQv0ZfVvK6JS4EcnnYCK334msdAkA2syNtnds2JY7R7UmU1OvrrHBhimTr5JlbcUGRX8j3YuWwFNxCH0/w640-h480/m.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Ver<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/11/o-socialismo-montou-cerco-portugal.html"> aqui</a></span></b></td></tr></tbody></table><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7lnkNeeSt67l_EQS-DS86LUk7J_-AJtJjp0NW7qxHR2X4DatOhuQXp_MwIZyl13MtXjBQRBqJLSLfZmTbCGura2AAlWMnJ9Q7UvLp_wSQm1Dysq8Y5bsWAJw9_4iSb8ovdpRH2Mn7AihEhiSAP8BkbZ8MDe1jKEVN8gGDOexTTN-MuahIZwNAVIacHx0/s1280/R%20(29).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="1280" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7lnkNeeSt67l_EQS-DS86LUk7J_-AJtJjp0NW7qxHR2X4DatOhuQXp_MwIZyl13MtXjBQRBqJLSLfZmTbCGura2AAlWMnJ9Q7UvLp_wSQm1Dysq8Y5bsWAJw9_4iSb8ovdpRH2Mn7AihEhiSAP8BkbZ8MDe1jKEVN8gGDOexTTN-MuahIZwNAVIacHx0/w640-h320/R%20(29).jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Ver <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/01/portugal-e-o-globalismo.html">aqui</a>, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/05/o-euro-mundialismo-i_15.html">aqui</a>, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/05/o-euro-mundialismo-ii_19.html">aqui </a>e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/05/o-euro-mundialismo-iii_23.html">aqui</a></span></b></td></tr></tbody></table><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In Guerra Junqueiro, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pátria</i>,
Lello & Irmãos, Porto, pp. 185-192).<o:p></o:p></span></b></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Há excepções individuais,
claramente. A fisionomia geral, no entanto, é aquela.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Se o Nazareno, entre ladrões,
fosse hoje crucificado em Portugal, ao terceiro dia, em vez do Justo,
ressuscitariam os bandidos. Ao terceiro dia? que digo eu! Em 24 horas andavam
na rua, sãos como peros, de farda agaloada e grã-cruz de Cristo.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Continuaria a haver algumas
dúzias de republicanos, por coerência, brio pessoal ou teima doutrinária. O
espírito republicano que alastrou no país, esse extinguia-se, ou antes não se
tinha gerado.</span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSeUrr09d55WLzSS_NtMyg-7dflsGYINk2--IXonI1oqEYhOgKFY0CPR9DylFwnP7BDXeUtg_ZAQbAAurZZzdudSRKLipYt16lZkKwTpzrCkRp1EMjjJClCQ1pp6ikkBWIs57cIv4BRgPJsXtsMhrdeemD2i-x2ZurmHLDqxuOcPsx4Crp35rYhPQAKac/s600/guerra_junqueiro_mas_dantes_ia_as_cegas_e_tacteando_e_a_lmv817y.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="315" data-original-width="600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSeUrr09d55WLzSS_NtMyg-7dflsGYINk2--IXonI1oqEYhOgKFY0CPR9DylFwnP7BDXeUtg_ZAQbAAurZZzdudSRKLipYt16lZkKwTpzrCkRp1EMjjJClCQ1pp6ikkBWIs57cIv4BRgPJsXtsMhrdeemD2i-x2ZurmHLDqxuOcPsx4Crp35rYhPQAKac/s16000/guerra_junqueiro_mas_dantes_ia_as_cegas_e_tacteando_e_a_lmv817y.webp" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p></div></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-3881481308150061292023-09-05T07:29:00.001-07:002023-09-05T07:31:54.614-07:00O ultimato inglês (1890)<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Franco Nogueira</span></b></p><p><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQxFpahH9sXpklWWKfd5Wn0gH1wnlevawS2UQv9vC7Bwic0U-jCZm2s3pA4pyxuKzFsvW3qIhwWqLiEuFTrwbBObeg7YeoHwt5nGN6b-Mvscl3nL1CDd6uYIUr1wdQ2e7MHTiC15Q2rbqGqQzkBZdGGJz8YZdLIIkU9PEyPhsjbHzk2tbmvUd9hMporZM/s640/mm.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQxFpahH9sXpklWWKfd5Wn0gH1wnlevawS2UQv9vC7Bwic0U-jCZm2s3pA4pyxuKzFsvW3qIhwWqLiEuFTrwbBObeg7YeoHwt5nGN6b-Mvscl3nL1CDd6uYIUr1wdQ2e7MHTiC15Q2rbqGqQzkBZdGGJz8YZdLIIkU9PEyPhsjbHzk2tbmvUd9hMporZM/s16000/mm.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Alexandre de Serpa Pinto<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«No início
da década de 1880, [Portugal e a Inglaterra] andaram entretidos com uma disputa
sobre o direito de ocupação dos territórios a norte do Ambriz, em Angola. Em causa
estava o domínio sobre o Baixo Congo – ou Zaire –, uma das importantes vias de penetração
no interior da África Ocidental. Portugal evocava os direitos históricos de
descoberta e conquista sobre a região, embora estivesse longe de poder
assegurar qualquer tipo de ocupação efectiva sobre a zona.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Os
antagonismos com a Grã-Bretanha iriam atingir níveis elevados. Durante a
Primavera de 1883, no parlamento de Londres, um deputado por Manchester, Jacob
Bright, proferiu, alegadamente, algumas declarações menos abonatórias em
relação a Portugal, acusando as elites políticas lusitanas de pertencerem e
dirigirem uma nação de negreiros corruptos. A somar a estas polémicas
afirmações, o parlamentar teria ainda afirmado que Portugal ocupava ilegalmente
uma das margens do rio Zaire, comparando os nossos hábitos políticos aos da Turquia,
tida então como o país mais atrasado da Europa. Quando se soube da denúncia em
Lisboa, a oposição afecta ao Partido Progressista instou o Governo do Partido Regenerador
a reagir diplomática e militarmente à ofensa, mas António de Serpa Pimentel, o
ministro dos Negócios Estrangeiros da época, recusou-se a satisfazer os pedidos
mais exaltados, que reclamavam o envio de um navio de guerra para a zona.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">A região
tinha despertado o interesse da comunidade internacional depois das expedições
realizadas por Henry Stanley, ao serviço de Leopoldo II e da Associação
Internacional Africana (1876), mas também por parte de Savorgnan Brazza. Este
último, em 1880, conseguiu mesmo assinar um tratado com um rei local no Congo,
facto que avivou a atenção do Governo de Londres, preocupado com o crescimento
da influência francesa na região. Como vacina contra essa ascendência, os
britânicos dispuseram-se a reconhecer a soberania lusitana sobre o Baixo Congo.
Enquanto o Governo de Londres permitia a concessão em troca de vantagens comerciais
em Angola e Moçambique, as autoridades portuguesas achavam que os seus
oponentes mais não faziam do que reconhecer os evocados direitos históricos.
Depois de negociações que duraram praticamente dois anos, a 26 de Fevereiro de 1884
ambos os países assinaram o chamado Tratado do Zaire.</span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVVMyk2g6znJOnT-toC3H4eGBHoNfeV3h4xYzMPzCu9Ti6RsRK_CBtjNIF7P9_jMD9MZB0X-ggJtSQm1l8cxU7bIg8EUrXsS_sdOeA5z7qlMmA9Zh0BIjSDKKm7Kkc3NyQM3d377wH09_LcioDDKU_6uQli1sir3D1W9gXr8_q9Inf2a_pDAoZWCqgSuc/s1000/BR-PRTISH-1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="600" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVVMyk2g6znJOnT-toC3H4eGBHoNfeV3h4xYzMPzCu9Ti6RsRK_CBtjNIF7P9_jMD9MZB0X-ggJtSQm1l8cxU7bIg8EUrXsS_sdOeA5z7qlMmA9Zh0BIjSDKKm7Kkc3NyQM3d377wH09_LcioDDKU_6uQli1sir3D1W9gXr8_q9Inf2a_pDAoZWCqgSuc/w384-h640/BR-PRTISH-1.jpg" width="384" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQQbL1D3mJsU5dKiWjyfd-S5NOBvZy1cPNTRA3D2-7bXXTutOYsuOWD3RiFPfafYR-M5DV97vVLIZ2kRvq94NFhu5H_xa2qpDceB3iFz9G657l2AkJAsxCOQ-GnB20mWWoptKMk-s5fudwUwm0vZtWsvUbBuaZURji2aPUNYoZIfhFdKBIKeUrJ3Ut_9c/s495/Appletons'_Stanley_Henry_Morton_signature.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="96" data-original-width="495" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQQbL1D3mJsU5dKiWjyfd-S5NOBvZy1cPNTRA3D2-7bXXTutOYsuOWD3RiFPfafYR-M5DV97vVLIZ2kRvq94NFhu5H_xa2qpDceB3iFz9G657l2AkJAsxCOQ-GnB20mWWoptKMk-s5fudwUwm0vZtWsvUbBuaZURji2aPUNYoZIfhFdKBIKeUrJ3Ut_9c/s16000/Appletons'_Stanley_Henry_Morton_signature.png" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Pelo
acordo, os ingleses reconheciam a soberania portuguesa nos territórios das duas
margens do rio Zaire até às fronteiras do emergente Estado do Congo, em troca
de facilidades no comércio e navegação. Portugal, por este arranjo, alienava
direitos de soberania no Norte da Zambézia, em Moçambique, sob o pretexto de
dar combate ao tráfico de escravos com maior eficácia, problema que se irá manter
quando, poucos anos mais tarde, Mouzinho de Albuquerque tentar dominar a
região. Alegadamente, o Tratado do Zaire seria mais prejudicial para os
interesses nacionais do que o anterior Tratado de Lourenço Marques porque
concedia incomparáveis vantagens mercantis à Bélgica, à Inglaterra e à França,
enquanto a soberania do nosso país na região era reduzida a uma expressão pouco
mais do que nominal. Um jornal francês escreveu mesmo que algumas cláusulas do
tratado foram submetidas à apreciação do rei dos belgas, Leopoldo II.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A 3 e a 13
de Março, o acordo seria apresentado nos parlamentos de Londres e Lisboa,
respectivamente. Por momentos, a indignação nacional subiu de tom. Foram mais
as vozes a contestar esta combinação do que aquelas que a aprovaram. Para além da
discordância dos governos de França e Alemanha e de Leopoldo II, excluídos do
negócio, na Grã-Bretanha, as associações comerciais e antiesclavagistas
opuseram-se ao eventual estabelecimento de Portugal na região da foz do Zaire.
Em termos domésticos, a oposição progressista ao Governo regenerador, que foi
responsável pelo ajuste, veio para os jornais protestar com o argumento de que,
afinal, os direitos históricos do país não tinham sido respeitados na íntegra.
Neste contexto de falta de aprovação, o Executivo de Londres não chegou a
submeter o tratado a ratificação parlamentar e o mesmo seria abandonado. A
questão do Congo ficava por resolver.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">Simultaneamente,
como vimos, um novo actor emergia na cena internacional, chegando a vez da
Alemanha recentemente unificada, nação tão admirada por Mouzinho de
Albuquerque, entrar na disputa colonial. A ideia original partira do ministro
português da Marinha e do Ultramar, Barbosa do Bocage, mas foi por sugestão do
chanceler Otto von Bismarck que, em Outubro de 1884, o Governo alemão tomou a
iniciativa de convocar uma grande reunião internacional, em que estivessem
presentes representantes dos principais países, para regular as formas do
comércio, sobretudo nas grandes vias de acesso ao interior do continente como
eram os rios Níger e Congo e definir os princípios que iriam disciplinar as
novas ocupações territoriais. A Conferência de Berlim teve início a 15 de
Novembro de 1884 com os plenipotenciários de 14 países, entre os quais Portugal,
representado por António de Serpa Pimentel (ministro dos Negócios Estrangeiros), por Luciano Cordeiro (em representação da Sociedade de Geografia)
e pelo conde de Penafiel (embaixador em Berlim).</span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyCEe8xwqCzRm__tlzERbxo57TOyGSiOEMQJ6YX4CwNq6rEDc2DJNcwSPw9qlA4opF2qRotKWkuiRCwJtX4_ef63CZuC_1QEURlmjcxyL_CziveNdR9ra-CNsukR49QV8Kz3sy3NRfLdJ8GC8oep3ai7VYZIOerHRikI-OrpwpxqbThxa0LfsWNxDg1yw/s400/Chaimite.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyCEe8xwqCzRm__tlzERbxo57TOyGSiOEMQJ6YX4CwNq6rEDc2DJNcwSPw9qlA4opF2qRotKWkuiRCwJtX4_ef63CZuC_1QEURlmjcxyL_CziveNdR9ra-CNsukR49QV8Kz3sy3NRfLdJ8GC8oep3ai7VYZIOerHRikI-OrpwpxqbThxa0LfsWNxDg1yw/s16000/Chaimite.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Captura de Gungunhana</span></b></td></tr></tbody></table><br /><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijwot4ZcjS7KmkOnqFRwDFt9_8u1gyYYIDAL4AdTKDPQeI8_aZYPiFmI3Iy2U8knp6CUPAQo-_lRC-IP7nQW-9Nm3yaslgHXEE0dNLKfMwXlpLhfxougPiLn_Jap1YG9tuYfE1FxhK4mvMnSVFGLU53eQVguYhDS5Bhf1HB-9X5ktYyxXw-owyVngDRuU/s1920/Assinatura_Mouzinho_de_Albuquerque.svg%20(1).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="323" data-original-width="1920" height="108" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijwot4ZcjS7KmkOnqFRwDFt9_8u1gyYYIDAL4AdTKDPQeI8_aZYPiFmI3Iy2U8knp6CUPAQo-_lRC-IP7nQW-9Nm3yaslgHXEE0dNLKfMwXlpLhfxougPiLn_Jap1YG9tuYfE1FxhK4mvMnSVFGLU53eQVguYhDS5Bhf1HB-9X5ktYyxXw-owyVngDRuU/w640-h108/Assinatura_Mouzinho_de_Albuquerque.svg%20(1).png" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Rapidamente
chegaram notícias a Lisboa de que na capital germânica se estavam a dar passos
no sentido de construir um <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-novos-imperios-e-os-direitos-de.html">novo direito internacional</a> sobre a partilha de
África. As nações mais fortes não se dispunham a aceitar os princípios
vigentes, impondo-se aos países mais pequenos como Portugal, que apesar de
evocarem os direitos históricos à ocupação de territórios, na prática, não se
conseguiam afirmar através da cobrança de impostos ou da presença militar.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A acta
final da [Conferência de Berlim] foi assinada a 26 de Fevereiro de 1885. Nela
ficava definido o princípio da livre navegação e comércio nas bacias do rio
Níger e Congo, passando-se, simultaneamente, a exigir a posse efectiva dos
territórios e já não apenas a evocação vaga de um direito de precedência, como
forma de prover à ocupação territorial apenas no litoral, mas não no interior,
como raramente é referido. A Conferência de Berlim não procedeu à partilha do
continente, como também é corrente afirmar-se, mas à margem dos encontros
oficiais teve lugar uma intensa actividade diplomática que conduziu ao
reconhecimento internacional do Estado Livre do Congo, entregue à tutela do rei
dos belgas, Leopoldo II. Portugal ficou com a posse da margem esquerda do rio
Zaire, assim como com os territórios de Cabinda e Molembo no Norte de Angola.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Em
Portugal, estes resultados foram recebidos com natural desencanto, mas tiveram
o condão de reavivar a atenção das elites dos governantes e da opinião pública
para o estado de abandono a que estavam votadas as colónias. No quadro da
corrida à posse efectiva dos territórios e já conhecedores do interesse
manifestado pelas potências, tornava-se urgente para os líderes políticos
portugueses proceder à ocupação dos vastos espaços situados no interior de
Angola e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/05/mocambique.html">Moçambique</a>. Para além disso, tomava-se consciência de que tinha
terminado de vez a era da hegemonia singular no campo colonial, até então
assegurada pela Grã-Bretanha, passando-se para um mundo multipolar com a entrada
em palco de novas potências ultramarinas como a Alemanha. Esta inversão da cena
internacional iria obrigar Portugal a redesenhar os seus acordos diplomáticos
com outros países cortando a tradicional dependência exclusiva em relação a
Londres, que, aliás, tinha abandonado a representação lusitana à sua sorte durante
a Conferência de Berlim.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">A
redefinição da política externa tendo em vista as disputas que se adivinhavam
no campo colonial não comportava neste momento nenhum teor anti-britânico. O
objectivo do Ministério português era procurar uma posição de força em futuras
negociações com Londres. A subida ao poder, em Fevereiro de 1886, de um novo
Governo, em Lisboa, entregue novamente ao Partido Progressista viria a tornar
mais clara esta reorientação diplomática.</span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo3J6ExNHntF9uq67uqxg6mEiYftGc4Enm-cAlypU_mK8CoZn9__0APIjcXHkYzB2GNIKGuLitczSylc-RKtISsaA7cd_-SYlnoG-ZPwYrinxWPQoJO3FaP-wBa46DkiHbM_27hV5xsV2ESgVE0mHMcSsuScj6Uap3ocf5txKbm6HVBt7m3WztfeHbi5g/s1280/1280px-Mapa_Cor-de-Rosa.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="1280" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo3J6ExNHntF9uq67uqxg6mEiYftGc4Enm-cAlypU_mK8CoZn9__0APIjcXHkYzB2GNIKGuLitczSylc-RKtISsaA7cd_-SYlnoG-ZPwYrinxWPQoJO3FaP-wBa46DkiHbM_27hV5xsV2ESgVE0mHMcSsuScj6Uap3ocf5txKbm6HVBt7m3WztfeHbi5g/w640-h320/1280px-Mapa_Cor-de-Rosa.svg.png" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O novo
ministro dos Negócios Estrangeiros era um antigo membro do Partido Reformista,
uma força liberal radical cujo carácter nacionalista tinha ficado bem patente
durante a crise ibérica de 1870. Henrique Barros Gomes, cujas simpatias
germanófilas não eram segredo para ninguém, tentou introduzir um novo ponto de
equilíbrio mais favorável às pretensões nacionais no contexto da aliança
luso-britânica. O ministro não defendia o simples rompimento de aproximação
histórica entre os dois países, mas achava que Portugal deveria apresentar as
suas posições com mais firmeza, não afastando a hipótese de estabelecer acordos
com a França ou até com a Alemanha, grandes rivais dos britânicos. Esta
política predispunha-se a cumprir um duplo objectivo. Procurava-se garantir o
apoio de Berlim para o projecto da construção de um Império na África Central,
de Angola a Moçambique, concorrente dos interesses britânicos, representado
pelo chamado "Mapa Cor-de-Rosa". Esta reprodução cartográfica tinha
sido, refira-se, originalmente mandada realizar, em 1885, pelo ministro da
Marinha e do Ultramar de então, Barbosa do Bocage, na sequência dos ajustes
empreendidos pelo Governo regenerador com a França para a delimitação das
possessões portuguesas e francesas na África Ocidental. Para além disso,
pretendia-se lançar um conjunto de expedições militares e científicas no
terreno, para negociar com a Inglaterra de acordo com os princípios da nova
ordem colonial estabelecidos na Conferência de Berlim.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Assim, Barros
Gomes, a partir de Fevereiro de 1886, “imaginou que os destinos da África
haviam passado para as mãos do ex-chanceler do império [Bismarck]. E
imediatamente se inaugurou essa política colonial que tinha por fim aliar
Portugal à Alemanha, para assim haver um contrapeso à influência inglesa na
África”. A opção viria a revelar-se desastrosa, uma vez que o Governo alemão
apenas se serviu de Portugal “para obter vantagens coloniais da Inglaterra”,
nunca manifestando a mínima intenção de arriscar um conflito com este país por
causa do nosso. O ministro português limitou-se a ganhar a irritação de lorde
Salisbury, o primeiro-ministro britânico, tido como irascível, sem proveito algum
para o país.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Todavia, seria na costa atlântica que Portugal
começava por perder terreno. Sumiu-se parte da soberania que se reclamava no
Norte de Angola, em resultado das conclusões da Conferência de Berlim, para o
chamado Estado Independente do Congo. Pretendia Leopoldo II que Luanda se constituísse
como o 12.º distrito daquele Estado, com o nome de Cuango Oriental. Henrique
Augusto Dias de Carvalho, um major de Artilharia, que entre 1884 e 1887
comandou uma expedição pelas terras de Luanda, como referimos, editou então um
opúsculo, de onde resultou um apelo patriótico à imprensa portuguesa para que
esta concentrasse argumentos na defesa dos <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/05/cultura-ocidental-e-africa-tribal.html">direitos históricos dos portugueses em África</a>. Mais tarde, o mesmo autor publicou um outro livro, onde reuniu um
conjunto vasto de documentos que, supostamente, deveriam esclarecer a posse da
Lunda em favor da soberania portuguesa, ao mesmo tempo que combateu e refutou
as pretensões do rei dos belgas em constituir um Estado livre na região. De
referir que, por decreto de 13 de Julho de 1895, o Governo português criou
mesmo o distrito da Lunda, sendo Henrique Dias de Carvalho o seu primeiro
governador.»<o:p></o:p></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Paulo Jorge
Fernandes («MOUZINHO DE ALBUQUERQUE. Um soldado ao serviço do Império»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX2TrjaHuzliUxUoQomRyg0zWvn3F1Xs8cRVvN2cHAOpneN19WEONwQD__TaZlhPr5s7oQfTx3sW7hqWYmgp0_mXbPkwBj-wjVllCRcDrLs4-YCRWzHqY1ShPPo79-769un8TbU2IRQCk5FNprYmtcCeubETwSlI_2zOLTbx8E0ksewwD9-LjhakdHnb0/s640/lm-mon-a-mouzinho%20(1).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="393" data-original-width="640" height="394" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX2TrjaHuzliUxUoQomRyg0zWvn3F1Xs8cRVvN2cHAOpneN19WEONwQD__TaZlhPr5s7oQfTx3sW7hqWYmgp0_mXbPkwBj-wjVllCRcDrLs4-YCRWzHqY1ShPPo79-769un8TbU2IRQCk5FNprYmtcCeubETwSlI_2zOLTbx8E0ksewwD9-LjhakdHnb0/w640-h394/lm-mon-a-mouzinho%20(1).jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Monumento a Mouzinho de Albuquerque, na praça com o mesmo nome, em Lourenço Marques (anos 1940).<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihKAyUGF2702YjpLhl93W_JoW6uMQXzVVaey_wSkSqrTtOQdcGUGUaX5N3bBtdk11gyIjEy4jM2ebhi-Vw5Wr9sxjaAeWDGPkMTy6T5jHukWKUAfTwwhHaoZQhoYQDh8fkcY0nwKjVMxTtbzDL_FcMwb1xAfG_7nrxSzjxDw8UsCp6jJ7HfSrN5qWz2Xk/s800/20ch51940anverso.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="429" data-original-width="800" height="344" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihKAyUGF2702YjpLhl93W_JoW6uMQXzVVaey_wSkSqrTtOQdcGUGUaX5N3bBtdk11gyIjEy4jM2ebhi-Vw5Wr9sxjaAeWDGPkMTy6T5jHukWKUAfTwwhHaoZQhoYQDh8fkcY0nwKjVMxTtbzDL_FcMwb1xAfG_7nrxSzjxDw8UsCp6jJ7HfSrN5qWz2Xk/w640-h344/20ch51940anverso.jpg" width="640" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«No quadro
do <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/a-ideia-do-iberismo-entre-politicos-e.html">iberismo português</a>, todavia, que sentimentos foram na altura expressos entre
os intelectuais, os homens da cultura e da inteligência, o escol mental da
Nação, em suma? Que atitudes assumiram perante o <i>ultimatum</i>? Como é que, em face deste, e tendo abandonado e até
repudiado o iberismo, inverteram a sua marcha e se sentiram tentados a regressar
ao ponto de partida?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">Se se
ergueu contra as violências do poder, António Enes nem por isso acolheu o
iberismo, a que aliás jamais havia aderido. Mas que escreveu aquele homem, em
substância, no momento rude do gesto britânico? Sentiu naturalmente a
consciência nacional humilhada, e insurgiu-se. Numa longa série de artigos,
Enes acompanhara o processo das conversações entre Londres e Lisboa; e apoiando
os argumentos portugueses, não se eximia a dirigir as suas setas ao modo por
que da parte de Lisboa era conduzido o assunto. Perante o <i>ultimatum</i>, escreveu no dia seguinte: a Inglaterra tornou-se <i>“absolutamente impositiva”</i> e <i>“pôs-nos o revólver aos peitos, contando os minutos”</i>.
Defronta com energia Barros Gomes. Mas Enes coloca-se acima dos partidos e para
além das paixões: é uma atitude nacional, e só nacional, e de homem de Estado.
E é de salientar este exemplo de António Enes por haver sido único. Porque em
verdade são inteiramente emotivas as reacções de quase todos os demais. Pela intensidade,
sobressai a de Fialho de Almeida. Requinta no <i>ultimatum</i> o seu velho iberismo. Sarcástico, céptico, ressentido,
afogado em complexos de inferioridade, o autor de <i>Os Gatos </i>vergasta agora a Grã-Bretanha: defende os direitos de
Portugal; exalta o Ultramar português, as suas glórias, o seu carácter
sacrossanto para a Nação; e qualifica os Ingleses de <i>“carrascos do Tamisa”</i>. E volta-se com fervor para o republicanismo.
Escreve: <i>“antes do</i> ultimatum <i>inglês e da revolução do Brasil, raros de
nós poderiam fazer sondagens certas na profundeza e na eficácia da cruzada
republicana que pregávamos: e maldispostos contra a Espanha, menos ainda nos
sentíamos dispostos a enfunar o estandarte da ideia, com correntes de opinião
sopradas do outro lado da fronteira”</i>; mas <i>“agora mudou tudo”</i>; <i>“os
verdadeiros inimigos de Portugal desmascaram-se”</i>; e <i>“a linha que nos separa de Espanha é apenas uma ilusão óptica de
políticos, filha de um erro histórico de sete séculos, que desviou a Península
da sua missão de grande potência, e tem defraudado a família latina duma força
que, virilizando-se, poderia ter disputado, quem sabe? a hegemonia do mundo às
raças loiras”</i>. Assim Fialho, em pleno desvairo, retoma e repete com arreganho
um iberismo que havia abandonado, e é de novo imperial; mas mais tarde, na sua inconstância
e versatilidade permanente, haveria de regressar ao patriotismo, quase à
monarquia, quase ao repúdio do republicanismo jacobino que por um tempo fora o
seu. Mas na vivacidade do seu sentimento, neste particular, não está Fialho
isolado. Acompanha-o Guerra Junqueiro, “grande poeta do ódio e da dissolução
nacional” (Fid. de Fig., <i>Pref. Cit.,</i> p. 10). Este compõe o poema <i>O Caçador Simão</i> e dedica-o justamente a
Fialho de Almeida [Como se sabe, Simão era um dos muitos nomes de baptismo do
Rei D. Carlos]. Junqueiro procura pôr a ridículo a figura do monarca. Mas
depois é a Inglaterra que o autor de <i>A Morte
de D. João</i> fustiga numa linguagem desapiedada. Recordem-se estas linhas (a
que não é lícito chamar versos e muito menos poesia) e que foram depois
incluídas no <i>Finis Patriae</i>: <i>“Ó Cínica Inglaterra, ó bêbada impudente /
Que tens levado, tu, ao negro e à escravidão? / Chitas e hipocrisia,
evangelho e aguardente, / Repartindo por todo o escuro continente / A mortalha
de Cristo em tangas de algodão”</i>. Como em todo o poema, não estamos
evidentemente perante <i>arte </i>mas em
face de um <i>panfleto</i>; e este desce à
bitola do torpe, de uma emoção primária, que tem por raízes a exaltação
partidária e a raiva à Grã-Bretanha. E também a peça-poema <i>Pátria</i> constitui um grito de cólera, de ataque, de desvairo.
Elogia-se Fialho, elogiam-se <i>Os Gatos</i>,
onde perpassam, diz Junqueiro, rugidos de tigre; proclama-se o republicanismo,
e afirma-se que republicano e patriota são palavras sinónimas; à monarquia nada
se poupa; e o Rei, porque aceitara o tratado de 20 de agosto de 1890 (entretanto
negociado entre Londres e Lisboa), é qualificado por Junqueiro de miserável ou
irresponsável. Estes e outros textos, de teor por igual edificante, são
coligidos por Junqueiro em <i>Horas de Luta</i>.
Mas aqui deparam-se-nos páginas que impõem destaque; de súbito, projecta-se um
outro Junqueiro. Republicano? Decerto. Antibritânico? Sem dúvida. Iconoclasta
de forma geral? Também. Demolidor do que é convencional? Igualmente. Mas naquelas
páginas ressurge o Junqueiro patriota, nacionalista, medularmente português.
Republicanos e iberistas, ainda por impulso da memória do <i>ultimatum</i>,
organizaram em Badajoz, em 1892, um banquete de confraternização iberista com
espanhóis, ou de confraternidade peninsular, como preferiu Teófilo Braga. A
participar é convidado o autor de <i>A
Velhice do Padre Eterno</i>; mas este alega falta de saúde, não assiste; e
envia a sua mensagem. Recorde-se desta o essencial. Sim: há uma alma ibérica:
mas tem duas metades: e vive cada uma em <i>“corpos
separados”</i>, em <i>“organismos distintos
que a natureza irremediavelmente diferenciou, e que é necessário deixar em
absoluta e livre independência, pois só assim cumprirão com harmonia e nobreza
o seu papel e o seu destino”</i>. E Junqueiro conclui: <i>“E este sentimento português, de soberania e irredutível autonomia, sem
restrições e sem equívocos, é em mim de tal maneira intransigente e natural,
que eu sacrificaria, sendo necessário e podendo, os destinos completos da minha
raça à completa independência do meu país. Unifiquemo-nos em espírito, mas
conservemos as fronteiras, tal como estão no nosso território. Só da dualidade
sem obstáculos pode nascer a confiança sem limites. Somos irmãos, mas não
cabemos juntos na mesma casa”</i>. E terá esta sido a posição definitiva de Guerra Junqueiro. E assim Fialho e Junqueiro são dois exemplos frisantes de uma espécie de iberismo português. Daquele que se entretece de emoção perante
uma crise ou episódio hostil; que ignora as forças reais em presença e as
realidades permanentes; que esquece a linha histórica constante; e que se deixa
persuadir da boa-fé espanhola e que depois, quase de repente, é iluminado pelos
propósitos reais de além-fronteiras; e que muitas vezes se julga em vésperas de
um amplo mundo idílico e fraterno para logo a seguir mergulhar na desilusão
acabrunhante. Mas em outros vultos grados do alto escol português também o <i>ultimatum</i> exerceu influência: diferente,
contudo, da que sofreram os autores de <i>O
País das Uvas</i> e de <i>Os Simples</i>.</span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2pAyQa2VwRSnabXUtjuxc4EV5Jvfef5ObBzWnpyQvAKbgnIQGzATzfJpynJZwPoPqGLZ9g5_avtztCNfX1iQF38rr_tL-eorPvWQf_laeUHVd6iAA7w4UiXHAZl4tqQpkabL0__Mqp7GqdUpRiaxQkqzmbRVBIiWC2Xs5NAFmHv7sG-QwP7-ZbNX5UyM/s320/a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2pAyQa2VwRSnabXUtjuxc4EV5Jvfef5ObBzWnpyQvAKbgnIQGzATzfJpynJZwPoPqGLZ9g5_avtztCNfX1iQF38rr_tL-eorPvWQf_laeUHVd6iAA7w4UiXHAZl4tqQpkabL0__Mqp7GqdUpRiaxQkqzmbRVBIiWC2Xs5NAFmHv7sG-QwP7-ZbNX5UyM/s16000/a.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6Y1PtwtX9UTSVlo2qpWgX9J0Ozx04s9JzONHscQsHBl1-wBQt60QPJPDuSW-KU3od2A9VujsHGcQspxQjbsAQ91IccfYt5R_M6J_sdZdggGLRH0EzDsnv-veqmcVDur69g3tTaU0NCE79Ud74pxItwYzuMG6ZjQfgzuI2Vd-WRefjFzs0r6VC7N9e8xE/s1920/Assinatura_Antero_de_Quental.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="1920" height="100" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6Y1PtwtX9UTSVlo2qpWgX9J0Ozx04s9JzONHscQsHBl1-wBQt60QPJPDuSW-KU3od2A9VujsHGcQspxQjbsAQ91IccfYt5R_M6J_sdZdggGLRH0EzDsnv-veqmcVDur69g3tTaU0NCE79Ud74pxItwYzuMG6ZjQfgzuI2Vd-WRefjFzs0r6VC7N9e8xE/w640-h100/Assinatura_Antero_de_Quental.svg.png" width="640" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Antero de
Quental é um primeiro nome. Que texto enviou para a <i>Anátema</i>? Considera o
presidente da <i>Liga Patriótica do Norte</i> que é positiva a intensa paixão nacional
do povo português, desencadeada pelo <i>ultimatum</i>;
mas tem por elementos negativos o descrédito das instituições, as práticas de
governo, os actos dos responsáveis políticos. Para Antero, aquela paixão traduz
inequívoca vitalidade nacional; tudo o mais é resultado da morbidez do organismo
social português. Perante o choque brutal do <i>ultimatum</i>, Antero volve-se agora
em firme anti-iberista, em nacionalista, em patriota tradicional. <i>“Moralizar e nacionalizar o Estado, tal deve
ser depois de passado o primeiro ímpeto de paixão, o fim consciente do
movimento popular iniciado em 11 de Janeiro”</i> (<i>Prosas</i>, III, 163). E isto porque <i>“não é pelo desespero e abdicação que nos salvaremos”</i>; <i>“não é assim que quem está prostrado se levanta”</i>;
<i>“sejamos nós mesmos”</i>; <i>“tenhamos esse valor, e tudo se tornará
possível”</i>; <i>“antes de tudo, convém
crermos em nós mesmos, no passado como no presente”</i> (<i>Prosas</i>, II, 238-239). Teria o <i>ultimatum</i>
constituído uma <i>“expiação”</i> dos vícios
e erros nacionais (<i>Prosas</i>, III,
144-146). Há assim, para o autor dos <i>Sonetos</i>,
um deplorável divórcio entre o sentimento nacional e o Estado, uma falta de acordo
íntimo entre governo e governados. Como remediar este <i>“funesto divórcio”</i> produto que é de trinta anos de materialismo político?
Pela revolução? Seria essa a maior das calamidades. Como, então? Pela
constituição de <i>“orgãos genuínos,
semelhantes à Liga Patriótica do Norte”</i>. Na presidência desta, Antero
sente-se investido de uma missão que o transcende. Ao assumir funções, pronuncia
um discurso de nota. É a <i>Liga</i> uma
primeira pedra para o edifício da restauração das forças nacionais, e isso não
deverá ser obra de entusiasmo momentâneo mas de paciência aturada; o protesto
contra o insulto e a vilania da Inglaterra implica um esforço viril e
persistente; e a subscrição nacional que foi aberta, momento de paixão
nobilíssima, é apenas o início da obra da ressurreição do brio e das forças do povo
português. Há que emendar erros, e que restabelecer uma natural harmonia entre
o pensamento nacional e o seu orgão, que é o Estado. Estará a <i>Liga</i> acima dos partidos, praticando a
verdadeira política, que é a <i>“dos grandes
interesses nacionais”</i>, e fará assim ouvir aos poderes públicos a voz da
Nação. Serão escutados todos os alvitres, e destes há-de emergir um plano de
independência económica, de restruturação das forças produtoras, de
levantamento do nível intelectual, de defesa da integridade nacional. Um plano,
em suma, de ordem, justiça, moralidade. E o poeta resume: <i>“a atitude que convém não é a do protesto violento e estéril: é a da
concentração da vontade, aplicando-se indefesa até conseguir, pela força e independência
reconquistadas, a desafronta, o sossego, e a dignidade”.</i> Em síntese: <i>“Coragem, paciência, e esforço: tal deve ser
doravante a nossa divisa”</i>. Antero pede ainda a retirada do cônsul britânico no Porto, acusado de haver ofendido
a juventude portuguesa. Nessa atitude é acompanhado por homens de primeira
água: Rodrigues de Freitas, Vieira de Castro, Basílio Teles, Bento Carqueja,
Luís de Magalhães, Conde de Resende, Ricardo Jorge, outros ainda. E em carta a Jaime de Magalhães Lima escrevia Antero: <i>“Faça
cada um o seu sacrifício no altar da pátria. Eu sacrifico a minha saúde, que
naufragará de todo no meio disto, e muito provavelmente o meu nome, que antes
de seis meses estará manchado. Não importa. Quero sacrificar a vida e morrerei
contente se tiver vivido seis meses ao menos da verdadeira vida que é a da
acção por uma grande causa”</i>. E deste modo Antero não propõe, para superar a
crise, o recurso ao iberismo quimérico ou político, nem a mitos ou milagres.
Afirma que a solução assenta no retorno às <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/a-memoria-das-raizes.html">genuínas raízes nacionais</a>, ao
patriotismo, à independência. E apela para a coragem, o esforço, o sacrifício
dos Portugueses. Neste particular, sobressaem a boa-fé, a candura, a ilusão do
poeta.</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihDtvjuaY8ZzDtcq5DzO5JK7i2lMlsilHs74rk6S4YaJNCY_IR-RMQdY_nUajFVo8d0beABPCcAWa0RIherhqDw6WQOYZC8Uz9664JPoQN1TCKwcjOKgiEoF-y7k3Cni8F8tXVrUQAJw5rQx-RZ9JkX-o41Ykn3lVmf4uVjLVlvwZokjqczxdiUX5jv5o/s572/Ramalho_Ortig%C3%A3o,_postal.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="572" data-original-width="497" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihDtvjuaY8ZzDtcq5DzO5JK7i2lMlsilHs74rk6S4YaJNCY_IR-RMQdY_nUajFVo8d0beABPCcAWa0RIherhqDw6WQOYZC8Uz9664JPoQN1TCKwcjOKgiEoF-y7k3Cni8F8tXVrUQAJw5rQx-RZ9JkX-o41Ykn3lVmf4uVjLVlvwZokjqczxdiUX5jv5o/s16000/Ramalho_Ortig%C3%A3o,_postal.png" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisFL1nRcNxYTo3xI_H4Ss7V3wD0zOD2ZFTM_Eqr47IAt7SlSmT5Z3n1kV4fhRUmWgjT3cfk9xhZqujzXqZUCrhIgOWwvJiY4iLRRTh-taVssp1bFVHkIGs95huSvzugST-goY3T1n4bLdVchVNyYqM79paSZfg95Mg7TByCqsN5MAH5eeuLre2FHtmfDs/s1920/AssinaturaRamalhoOrtig%C3%A3o.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="740" data-original-width="1920" height="247" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisFL1nRcNxYTo3xI_H4Ss7V3wD0zOD2ZFTM_Eqr47IAt7SlSmT5Z3n1kV4fhRUmWgjT3cfk9xhZqujzXqZUCrhIgOWwvJiY4iLRRTh-taVssp1bFVHkIGs95huSvzugST-goY3T1n4bLdVchVNyYqM79paSZfg95Mg7TByCqsN5MAH5eeuLre2FHtmfDs/w640-h247/AssinaturaRamalhoOrtig%C3%A3o.svg.png" width="640" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">De um matiz
aproximado é a atitude de Ramalho Ortigão. Como vê este <i>vencido da vida</i> a crise nacional? Diz nas <i>Farpas</i> a <i>ramalhal figura</i>:
<i>“Uma potência estrangeira, assinalada
pelos instintos de mercantilismo e de rapacidade que caracterizam a sua missão
histórica, disputa-nos palmo a palmo e dia a dia a posse do nosso domínio
colonial”</i>. Para Ramalho,<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/as-nacoes-maritimas-aprenderam-na.html"> Portugal é nação marítima e gloriosa</a>; o império é <i>“brasão da nossa raça”</i>. Foi o <i>ultimatum</i> uma declaração de guerra; e de
tudo tem culpa a sociedade portuguesa e seus vícios. Quais? Esclarece Ramalho:
a parlamentarice dos últimos vinte anos, a baixa educação nacional, a
desmoralização dos costumes políticos. E por outro lado os Portugueses haviam
perdido o amor do trabalho, o espírito de aplicação e zelo, o empenho
profissional, a paciência, a perseverança, a lenta economia. Por isso, afirma
Ramalho, <i>“isto não pode continuar assim”</i>.
E se o recente conflito africano, conclui o autor de <i>A Holanda</i>, puder ocasionar um movimento reformador de Portugal,
então haveria que agradecer à Inglaterra, sem embargo de este país andar pelo
mundo desonrando triunfantemente a Civilização e esbofeteando a Providência.
Como Antero, o autor das <i>Farpas</i>
encara a solução da crise nacional, não no iberismo ou outro mito (ainda que na
obra de Ramalho perpassa de quando em quando um traço equívoco), mas na
revitalização do espírito, da consciência, das virtudes portuguesas de antanho. Mas de Ramalho Ortigão podemos caminhar para outro <i>vencido da vida</i>, e amigo predilecto daquele: Eça de Queirós. Em
toda a sua obra surgem alusões esporádicas a formas de iberismo; mas já vimos
como tudo era parte de irreverência literária. Perante a crise nacional, sem
personagens de ficção e de maneira responsável, Eça compõe um estudo: o <i>Ultimatum</i>. Tem a crise como a mais
severa, acaso a mais decisiva da sua geração. Exprime o seu respeito, mesmo a
sua compreensão pelos objectivos imperiais da Grã-Bretanha (onde Eça viveu
longos anos), e pela tenacidade com que esta os conduz. Ora Portugal constituía
para a Inglaterra um obstáculo: a posse de certos territórios junto ao Zambeze,
ao Chire, ao Niassa, <i>“excitava
furiosamente a cobiça”</i> dos Britânicos. E o autor de <i>Os Maias</i> observa: <i>“Se nós
fôssemos fortes, ou se ainda reinasse o direito internacional, este impedimento
(para o caminho imperial inglês do Cairo ao Cabo) seria como montanha que se
não transpõe”</i>. Para Eça, portanto, o direito, a história, a razão pertenciam
a Portugal. Mas nas conversações com Londres nem sempre haviam sido felizes os
Portugueses, e o ministro inglês em Lisboa, escreve o autor de <i>O Primo Basílio, “apresentou ao sr. Barros
Gomes um </i>ultimatum<i> com aquela brutal
surpresa com que outrora José do Telhado, ou outros dos nossos salteadores
lendários, apontava, num pinheiral, o bacamarte ao peito de um marchante em
jornada”</i>. Enfim, foi a crise, é a crise – e agora que fazer? Injuriar a
Inglaterra? De que serve? – pergunta Eça. Odiar a Inglaterra? Decerto é
sentimento bem legítimo: mas o ódio é um <i>“sentimento
negativo que nada cria e tudo esteriliza”</i>. Então, boicotar a Inglaterra?
Será perfeito; mas ineficaz. Em completa isenção de espírito, e de olhos postos
na nação portuguesa, Eça afirma que àquele movimento nacional de desagravo,
nascido da alma da nação para proveito da nação, <i>“nunca lhe cumpriria tomar por fim único o fazer mal à Inglaterra, mas
antes de tudo, e sobretudo, fazer bem a Portugal”</i>. Recomenda em suma Eça de
Queirós: <i>“Não se trata infelizmente de
destruir a Inglaterra – mas de conservar Portugal”</i>. E por isso o grito não
deve ser: <i>“Delenda Britania”</i>. O
grande grito a gritar, para Eça é: <i>“Servanda
Lusitania”</i>. E por este modo Eça junta-se a Ramalho e a Antero no quadro da
crise: os interesses portugueses têm de ser defendidos pelos portugueses: e não
podem ser entregues a mitos, ou a mãos alheias.</span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpG5t13WWT3K4FtDygwK4xg_lyZ17X6B8qJGvlok5ObGoGKLRFxDEKvtvz8JeslYzclEPEsi6EVofwSfdgdGWPvYDkqQLV7uYWHuBQBtcmkbfpJhjHrlBMFnNaHbviiyVkVzCuOEG8jnMUE90SeqJlx1oI5PYYN-vxrzPD352xuFkOzRI0eLnA2h71txg/s640/bsac007.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="580" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpG5t13WWT3K4FtDygwK4xg_lyZ17X6B8qJGvlok5ObGoGKLRFxDEKvtvz8JeslYzclEPEsi6EVofwSfdgdGWPvYDkqQLV7uYWHuBQBtcmkbfpJhjHrlBMFnNaHbviiyVkVzCuOEG8jnMUE90SeqJlx1oI5PYYN-vxrzPD352xuFkOzRI0eLnA2h71txg/s16000/bsac007.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Um outro
grande <i>vencido da vida</i> impõe de novo
destaque especial: Oliveira Martins. Já se percorreram os passos maiores do
seu iberismo: era mitigado, inocente, de boa-fé; melhor compreensão das
realidades e lúcida percepção dos objectivos espanhóis suscitaram sérias
dúvidas ulteriores; e estas levaram ao repúdio final. E agora, perante a crise:
foi modificada pelo <i>ultimatum</i> a
atitude de Martins? Prostrado pela emoção, poucos dias após o gesto inglês, em
artigo no <i>Tempo</i>, vai ao extremo de defender a aliança das duas monarquias
peninsulares. E por muitos volumes e artigos seus podemos encontrar referências
ao episódio dramático. Asserenado um tanto o seu ânimo, será talvez no <i>Portugal em África</i> que melhor se
concentra e exprime o pensamento deste <i>vencido
da vida</i> quanto ao <i>ultimatum</i>. Para
Martins, mais do que as consequências imediatas da crise, importa analisar o
futuro; e em qualquer caso, pela sua seriedade, a crise obriga a meditar.
Talvez mais grave, e de emoção anda mais funda, foi a separação do Brasil, <i>“um momento de desespero muito mais cruel do
que pode vir a tornar-se a situação agora”</i>. Mas a grandeza do perigo
exaltou a energia nacional. Há que compreender a agitação popular; mas já se
entende menos o seu aproveitamento para <i>“interesses
facciosos”</i>; e isso porque, nos momentos solenes pelo risco, é <i>“o patriotismo e não o partidarismo que deve
falar”</i>. Na circunstância, para Oliveira Martins, o Conselho de Estado e o
Governo não podiam fazer senão o que fizeram, sob pena de, por retaliação inglesa,
se perder uma parte importantíssima do Ultramar; e a manifestação feita contra
Barros Gomes foi suma injustiça – para o ministro e para o Governo. Decerto: o <i>ultimatum</i> de 11 de Janeiro foi, escreve
Oliveira Martins, <i>“um destes actos
odiosamente brutais que nem são das temeridades, nem dos arrojos, tantas vezes
expiatórios de violência”</i>; e impôs <i>“a
lei da força a quem só podia invocar o direito”</i>; e a Inglaterra usou de <i>“uma astúcia felina”</i>, iludindo os
Portugueses enquanto se mobilizavam meios navais para eventual assalto a
posições portuguesas. E agora – o desagravo. Que desagravo? Há que fortalecer o
Exército, e a Marinha; mas a <i>“força que
principalmente há-de sair da comoção nacional é a força filha do civismo e do
juízo”</i>. Cortar passo a passo os vínculos com os Ingleses, nada mais
racional, sensato e patriótico; mas <i>“isso
não é o desagravo pleno e satisfatório”</i>. Liquide-se o litígio com a
Inglaterra pela melhor forma possível; e depois há que pôr a casa em ordem; e
emancipar Portugal; e recuperar para os Portugueses o comércio; e extirpar em
suma o <i>“nosso desleixo e a nossa inércia”</i>.
E como remata Martins a sua visão da crise e do futuro? Recomenda o rearmamento
de Portugal – e acaso a substituição, como propôs no <i>Tempo</i> sob o espinho do
desespero, da aliança luso-britânica por uma aliança luso-espanhola. Neste último
ponto, há assim um retorno de Martins a uma posição mental e psicológica anterior;
e sucumbiu por instantes ao mesmo sentimento que a crise desencadeou em alguns
espíritos mais frouxos, ou impressionáveis, ou precipitados. Cedo se refez Oliveira
Martins, contudo, e se desencantou. Bem antes da sua morte prematura, espírito lúcido e patriótico que era, soube bem perscrutar as realidades. E manteve-se, ao fim
e ao cabo, fiel à sua síntese: <i>“amizade
espanhola primeiro; pressão depois; violência final”</i>. E em qualquer caso,
como remédio para os males nacionais, este <i>vencido
da vida</i> via apenas o civismo, o juízo, a reforma dos hábitos de desleixo e
inércia, o patriotismo. Mas entre os nossos homens de génio do século XIX um
nome está ainda omitido. Não foi um <i>vencido
da vida</i>, no sentido de pertencer ao seu grémio. Mas acaso se poderá
considerar o maior dos vencidos, e decerto o foi pelo drama e pela tragédia.
Refiro-me naturalmente a Camilo Castelo Branco. Este homem, de tanto
génio como infortúnio, está torturado pela ameaça de cegueira em fins de 1889,
princípios de 1890. Nos começos de 90, justamente, escreve ao seu grande amigo
Tomás Ribeiro: <i>“Ainda não ceguei de todo;
mas estou perdido, se não me acodes”</i>. Pouco depois, nova carta: <i>“Estou a cegar. Perdido! Vou fugir daqui
para não me matar debaixo dos teus olhos e do teu amor”</i>. Mas quando em 11
de Janeiro Portugal é agredido pelo <i>ultimatum</i>,
aquele homem, que escrevia <i>“estar sem
olhos, sem pernas, sem cérebro”</i>, reage, e lança-se num poema que intitula
<i>Extermínio da Inglaterra</i>. E foi essa a contribuição camiliana para a <i>Anátema</i>, publicada em Coimbra. Uma outra
parte dessa composição foi mais tarde inserida, por Abril de 90, no jornal <i>República</i>, do Porto. Camilo classifica o
poema, de seiscentos e cinquenta versos, repetidos em quadras, como de <i>trovas alegres</i>. Mas não parece, ainda
que haja sido sumária a minha investigação, que o contributo de Camilo para o
protesto contra a Grã-Bretanha tenha ultrapassado aquele poema. E depois, em
Maio de 90, de novo é o autor do <i>Amor de
Perdição</i> solicitado para colaborar na imprensa antibritânica. Enfermo,
martirizado pela cegueira, o desesperado de S. Miguel de Seide recusa-se. E
escreve a Tomás Ribeiro uma carta de angústia: <i>“Eu estou na cama em trevas cerradas e cortado de dores. Se houvesse
Deus, eu já devia ter morrido pelo muito que lhe peço a morte. Não contribuo
para o jornal contra a Inglaterra porque não sou inimigo dos Ingleses.
Encontro-os com os primeiros Afonsos a conquistar o Sul de Portugal; achei-os
em Aljubarrota defendendo os falsos direitos do Mestre de Avis contra D. João
de Castela; encontrei-os em frente de Lisboa defendendo os direitos do rei
português D. António contra Filipe II. No terramoto de 1755, a Inglaterra remeteu
à desolada Lisboa uma frota com donativos superiores a quinhentos mil cruzados.
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/guerra-peninsular.html">Acho os Ingleses ligados a Portugal contra Napoleão e empenhados em restituírem D. João VI ao trono</a>. Encontro ainda, no nossos dias, os Ingleses por mar e por
terra batendo as forças do usurpador D. Miguel. Estes factos não me irritam
patrioticamente contra a Inglaterra. Quanto aos macololos, sabes de mais que no
fim do reinado de D. João III eram já perdidas as linhas hidrográficas de África.
Depois de Alcácer Quibir, nem portugueses nem espanhóis pensaram mais nos cafres.
Depois de 1640, nunca lá se mandaram missionários, nem protecção, nem educação.
Tudo aquilo prescreveu como se a vaga de dois séculos lambesse os areais onde
foram escritos os direitos de Portugal”</i>. Não importa averiguar do rigor
histórico de alguns pormenores desta carta. Convém reter esta conclusão,
todavia: para o autor de <i>Onde está a
felicidade?</i>, em momentos cruciais, fora com a Inglaterra, e não com
potência continental europeia, que Portugal se deparara; e esta era a
explicação da aliança luso-britânica. Porque os interesses permanentes de Portugal
estavam mais próximos dos interesses permanentes daquele país do que de outro
qualquer. E isso tinha um preço político, alto sem dúvida, mas inferior ao que
resultaria da diluição na Península. Mas porque se torna pungente esta carta?
Pelo estado de espírito em que foi escrita: cerca de quinze dias depois de a
remeter a Tomás Ribeiro, a 1 de Junho de 1890, Camilo suicida-se em S. Miguel
de Seide com um tiro de revólver.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>No quadro
do <i>ultimatum </i>inglês, ligado ao surto
de iberismo, cumpriria referir o estudo de Moniz Barreto intitulado <i>A Situação geral da Europa e a política
exterior de Portugal</i>, publicado algum tempo depois na <i>Revista de Portugal</i>. Moniz Barreto foi espírito tão gentil e lúcido
como idealista; e no terreno político deixou-se envolver e arrebatar pela emoção,
pelo ódio à Inglaterra; e como retaliação contra esta advogou uma conduta
externa que inelutavelmente entregava, como dádiva, Portugal à Espanha. Este
texto de Moniz Barreto teve as suas repercussões, e vastas. E estas haviam de
repor todo o problema – na sua constante pendular.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/do-berco-construcao-da-nacionalidade.html">Franco Nogueira</a>
(<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/02/juizo-final-i.html">«Juízo Final»</a>).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOPdHM0lPVAP-dVc8ZB8pWpTRwrhvfZreXftgXI-67ZbEkBj9SMq9u8V5-0P8_aRs2d2in_yW1_g8_sxzF2kc7ScDiuU0IULY1weyZAY_JP7Yqo0tEgITqvqSqgw4NyOcGCuiLH5RaP60ecFVoKmat9ScbB_-pi7DJCCGkCQnugrT2YcgRr8PbFZ8KUWE/s640/20151202165339_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="462" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOPdHM0lPVAP-dVc8ZB8pWpTRwrhvfZreXftgXI-67ZbEkBj9SMq9u8V5-0P8_aRs2d2in_yW1_g8_sxzF2kc7ScDiuU0IULY1weyZAY_JP7Yqo0tEgITqvqSqgw4NyOcGCuiLH5RaP60ecFVoKmat9ScbB_-pi7DJCCGkCQnugrT2YcgRr8PbFZ8KUWE/s16000/20151202165339_00001.jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b><span style="color: #990000; font-family: times; font-size: x-large;">O ultimato inglês (1890)</span></b></p><p style="text-align: center;"><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não
cessavam na Europa as lutas pela hegemonia: simplesmente, a partir de meados do
século XIX, aquelas lutas foram transferidas para outros continentes. Entre
1853-1856 realizava David Livingstone a sua viagem através da África
Meridional. Foi-lhe atribuído um carácter missionário e cultural, e de
exploração científica e geográfica. Contudo, Livingstone revelou principalmente
que atravessava uma África <i style="color: black;">«cruzada por
largos rios, com grandes lagos, e um solo fértil que produzia excelente
algodão, açúcar e outros produtos tropicais»</i>. <i style="color: black;">«Os comerciantes ingleses ficaram encantados com tais possibilidades»</i>;
na <i>City</i> de Londres, ao vitoriar o explorador, declarava-se que as descobertas
de Livingstone constituíam <i style="color: black;">«largas
aberturas para o comércio»</i>; e que, se fosse enviado um navio a subir o
Zambeze, decerto seria viável <i style="color: black;">«carregá-lo
com materiais valiosos para os industriais metropolitanos» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Ficou a Europa, deste modo, em presença de uma realidade que a fascinou, e que
desencadeou toda uma política europeia: foi a nova <i style="color: black;">partilha de África</i>. Fundamentalmente, três imperialismos europeus
se encontraram envolvidos: França, Inglaterra, Alemanha. Não deixaram a Itália
e a Bélgica de participar também. Eram económicos, militares, estratégicos os
objectivos prosseguidos; subsidiariamente invocava-se a necessidade de
disseminar a civilização, como pesada responsabilidade moral que cumpria aos
europeus; e estava criada a doutrina do <i style="color: black;">fardo
do homem branco</i>. Cada potência arrogava-se o direito e obrigação de assumir
essas responsabilidades com a maior latitude. <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-novos-imperios-e-os-direitos-de.html">Do <i style="color: black;">Mare Liberum</i> de Grócio, que era o império em base jurídica e
filosófica, apoiado pela força naval, caminha-se para o <i style="color: black;">anti-esclavagismo</i> que era o império em base económica e moral,
apoiado na força política e militar</a>; e deste evoluíra-se para a <i style="color: black;">missão civilizadora</i>, que era o império
em busca de matérias-primas e de mercados, além de posições estratégicas, e
sempre apoiado na força. E agora, na segunda metade do século XIX,
começar-se-ia pelo Norte de África. A penetração económica e financeira foi a
arma usada para obter o domínio político. Aberto o Canal de Suez, tornou-se
vital o controle do Egipto; a Tunísia, para se desenvolver, deixou-se tentar
pelos capitais estrangeiros; e o Kediva do Cairo e o Bey de Tunes, <i>«inconscientes do perigo que implicava o
recurso à finança europeia»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b></i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
sucumbiriam à situação a que foram arrastados. O Egipto pagava as dívidas à
França com dinheiro da Inglaterra; esta cobrava-se transformando aquele em
colónia; e a França, com o assentimento da Grã-Bretanha e da Alemanha,
transforma a Tunísia num protectorado que completava o domínio já exercido
sobre a Argélia e que se ampliaria até Marrocos. Por seu lado, a Itália
penetrava na Tripolitânia e iniciava a sua influência junto ao Mar Vermelho.
Era uma alteração profunda na política do Mediterrâneo, com implicações
militares; e era, além disso, uma barragem à expansão russa naquele mar e uma
forma de vigiar e influir no futuro da Sublime Porta, então o <i style="color: black;">doente da Europa</i>. Mas a expansão
ultramarina da França, da Inglaterra, da Bélgica e da Itália não deixou de
despertar ideias semelhantes na Alemanha. Durante os longos anos de Bismarck,
não acalentou este ambição quanto à África. O chanceler de Ferro concebia para
o seu país um papel essencialmente continental; e a sua política externa era
baseada na força e sobretudo numa <i style="color: black;">«vontade
de poder»</i> nacional; e com excepção do mar, a Alemanha era superior em todos
os domínios, desde a indústria e a economia até ao potencial militar terrestre.
Para Bismarck constituíam objectivos fundamentais manter o enfraquecimento da
França na Europa, evitar entendimentos desta com a Rússia, proporcionar motivos
de atritos entre aquela e a Itália, e apaziguar a Áustria-Hungria. Mas sob
pressão dos industriais e dos comerciantes o chanceler deu o seu acordo a que a
Alemanha participasse da aventura africana: surgiu assim a colonização
germânica na África Oriental (Tanganica), Austral (Sudoeste) e Tropical
(Camarões, Togo). No entanto, só depois da demissão de Bismarck, com Guilherme II,
iniciou a Alemanha uma política de expansionismo em escala mundial. E foi o
problema da África Austral e da África Central que levantou atritos entre as
potências. Lançaram-se estas na corrida às explorações, ocupações e
delimitações. Fundaram-se <i style="color: black;">Companhias</i>,
organizaram-se <i style="color: black;">Sociedades</i> científicas
e culturais, enviaram-se para o interior expedições de militares, de sábios, de
missionários, de comerciantes, de aventureiros. Como pano de fundo a toda esta
actividade, estavam os interesses políticos, económicos, estratégicos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM1Xze8-QM2bnCnRYuJY2Gq0VEFG9ifMr9W3iJ2b5XxGFOhVAivA66741xenZyfNZ0X835SkD6E1_6RmBZFf-dulnjWp9_e_x5n-AAk1IEPdkg8lPLwsKAdWiOxJdtRJKOFc4MY8k1bVnw4yK_ONQPvNNbmprUx3pNo95UfnjR8pR0sDUM-PcmvGJWnNE/s978/David_Livingstone_by_Thomas_Annan.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM1Xze8-QM2bnCnRYuJY2Gq0VEFG9ifMr9W3iJ2b5XxGFOhVAivA66741xenZyfNZ0X835SkD6E1_6RmBZFf-dulnjWp9_e_x5n-AAk1IEPdkg8lPLwsKAdWiOxJdtRJKOFc4MY8k1bVnw4yK_ONQPvNNbmprUx3pNo95UfnjR8pR0sDUM-PcmvGJWnNE/w524-h640/David_Livingstone_by_Thomas_Annan.jpg" width="524" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">David Livingstone<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7VRFJTi5K8IZ17E_rKDR8D2v1lHgjP3wFs_oOoZl7N5asR3D45w1Au1wpLRIsjOeOojij40Sthv4i93r_A3g1zOyoMFgHkXatoHF6fsNpzyjN5fXWTUrC1BnlaNknZDmMuCvciDG67_ifnsayPFI-mWgFVpy6EUSqTHUiMsiKQ8b7zjCUFQRgMasU9JU/s721/Silva_Porto_and_Livingstone.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="721" data-original-width="494" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7VRFJTi5K8IZ17E_rKDR8D2v1lHgjP3wFs_oOoZl7N5asR3D45w1Au1wpLRIsjOeOojij40Sthv4i93r_A3g1zOyoMFgHkXatoHF6fsNpzyjN5fXWTUrC1BnlaNknZDmMuCvciDG67_ifnsayPFI-mWgFVpy6EUSqTHUiMsiKQ8b7zjCUFQRgMasU9JU/s16000/Silva_Porto_and_Livingstone.jpg" /></a></div><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCTGeZByqu1cbTwlC-dJgj0SRw9dDac70cET7Rx8q3QkJuRGMKPuS6DdB2c_zck-MquYzG8tubU9Q19VSRX_R8LaGnIVaO_g5oowEe0l3A_-TyBmcv5UTlceYKJF5AOxgdsQ9I2WzX_XSt-uTif4XbBMUxeJcRhCJ_KypU2dq2OhAQZQAt3TyMoHjmImA/s1063/Silva_Porto.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1063" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCTGeZByqu1cbTwlC-dJgj0SRw9dDac70cET7Rx8q3QkJuRGMKPuS6DdB2c_zck-MquYzG8tubU9Q19VSRX_R8LaGnIVaO_g5oowEe0l3A_-TyBmcv5UTlceYKJF5AOxgdsQ9I2WzX_XSt-uTif4XbBMUxeJcRhCJ_KypU2dq2OhAQZQAt3TyMoHjmImA/w482-h640/Silva_Porto.jpg" width="482" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Estátua de António Francisco da Silva Porto.</span></b></td></tr></tbody></table><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /><br /></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTwwbaAODQ9VZBgeV_fFRg0plmqit2E2kIOeK4VaJcuwXa6ihtT30Yu5pAxjXAGE1a-uaFLyYcD1NTYwJ7m86kP-WvdTqRRT6azizPQmffzm6B7CddKALO8MlPMX3ELZgbMmGQ6zBwbm59WlHTyI6IT3th0wKRViHTMlG4jH3PSWGxVQHEn5B_pgLe2RA/s752/800px-Journeys_of_Silva_Porto_-_map%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="552" data-original-width="752" height="470" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTwwbaAODQ9VZBgeV_fFRg0plmqit2E2kIOeK4VaJcuwXa6ihtT30Yu5pAxjXAGE1a-uaFLyYcD1NTYwJ7m86kP-WvdTqRRT6azizPQmffzm6B7CddKALO8MlPMX3ELZgbMmGQ6zBwbm59WlHTyI6IT3th0wKRViHTMlG4jH3PSWGxVQHEn5B_pgLe2RA/w640-h470/800px-Journeys_of_Silva_Porto_-_map%20(1).jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Portugal
suscitava, com os seus territórios, ambições desregradas. Estava enfraquecido
pelas querelas internas; depauperado nos seus recursos; destituído de forças
militares significativas; e os dirigentes, mais do que aos interesses nacionais,
atendiam às lutas partidárias e às ideias alheias. Desde as invasões francesas
que, por incúria ou incapacidade nossa, muitas posições nos haviam sido
tomadas. E a partir de meados do século XIX éramos ameaçados por toda a parte.
Não cessavam contra Portugal as acusações: desde as de trabalho forçado até às
de intolerância religiosa. Salvo erros ou abusos isolados,</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
não tinham fundamento. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«As missões
protestantes actuaram, neste período do descobrimento e da partilha de África,
sempre ao serviço de interesses opostos aos interesses portugueses, e foram
admiráveis instrumentos do imperialismo inglês» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></span></a>. Viagens e explorações portuguesas eram ignoradas. Foram
aclamados os feitos de Livingstone como se fossem os primeiros, e os maiores. E
no entanto muito antes daquele haviam portugueses cruzado a África. Já ao
findar do século XVIII Lacerda e Almeida subira até Cazembe. E agora, antes de
David Livingstone, Correia Monteiro e Pedroso Gamito haviam repetido a mesma
jornada, entre 1831 e 1832; e Rodrigues Graça penetrara em Katanga, entre 1846
e 1847; e por 1852 e 1853 já Silva Porto se encontrava no Bié e depois no alto
Zambeze, onde acolhe Livingstone e o trata hospitaleiramente <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[4]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Silva Porto foi nesta época, sem dúvida, o maior sertanejo português: a sua pouca cultura era compensada por viva inteligência: e à falta de recursos materiais
sobrepunha capacidade de improvisação e energia sem paralelo. Percorreu os
sertões; em Cabinda cruzou-se com o americano Henry Stanley <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[5]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>; e
internou-se até ao Reino de Barotze <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[6]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>. A
estes, outros intrépidos viajantes portugueses se sucederam: é todo um grupo de
exploradores, cientistas, militares, investigadores de que foi timbre o
patriotismo, a bravura, o espírito de sacrifício, e o sentido nacional. Serpa
Pinto, Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens organizaram expedições entre a
costa e a contra-costa e estudam as ligações entre o Zambeze e o Zaire.
Alexandrino da Cunha e Bernardino Brochado atravessam vastas áreas; Paiva de
Andrade e Vítor Cordon percorrem a África Central a partir de Moçambique; Augusto Cardoso e António Maria Cardoso reconhecem o Niassa; e Henrique de
Carvalho explora a Lunda. Notícia destas viagens causava no reino funda emoção,
e despertava interesse pelo ultramar e consciência da sua importância. Surge a <i style="color: black;">Sociedade de Geografia</i>. E um punhado de
homens de governo, desinteressados da política partidária, devota a sua energia à defesa de Portugal em África: Sá da Bandeira foi vigoroso paladino dessa
causa: e no seu rastro destacaram-se Mendes Leal, Latino Coelho, Luciano
Cordeiro, Rebelo da Silva, Andrade Corvo, Pinheiro Chagas, Paiva Manso, outros
ainda. Todos os empreendimentos possuíam um objectivo: assegurar a prioridade
da presença portuguesa, garantir a ocupação efectiva. A instalação dos ingleses
na África do Sul, em torno do Cabo, levara-os a ameaçar Moçambique, e a
contestar os nossos direitos quanto a muitas áreas; Cecil Rhodes lançava a
famosa ideia da ligação <i>«do Cairo ao Cabo»</i>; franceses e belgas impugnavam o
nosso domínio no Zaire e em toda a bacia convencional do Congo; e a
Grã-Bretanha reivindicava posições portuguesas na costa ocidental. Surgiram
então duas crises graves. Em 1870, o Governo de Londres alegava direitos à ilha
de Bolama. Ceder seria entregar a Guiné, e esta era vital para a liberdade das
comunicações norte-sul. Com extremos de tacto e destreza, sugerimos a
arbitragem internacional; correctamente, a Inglaterra aceitou-a; e o presidente
dos Estados Unidos decidiu o pleito em nosso favor. Em 1875, nova disputa
quanto à baía e porto de Lourenço Marques, e também com a Inglaterra. Foi
adoptado idêntico procedimento; submeteu-se a divergência ao presidente francês
Mac Mahon; e este confirmou o fundamento dos direitos portugueses <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[7]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Em boa verdade, todavia, e mais do que ao respeito internacional pela lei,
ficámos devendo as nossas posições aos reforços militares, que então enviámos,
e a uma administração mais cuidada. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSw3pamHdC96g_XDQ-kwO393dmI4-uADgeLr3gtVuqt6o8OT3RktuUrzFk6nwidxDHXTWCa4BpHTZ3cMVB0mUXfHJntkbd_P_SgYPlGHqyUwglwQakrfBJVB6ZGPBR5LFL87Keaaq9VW43GyebypJdUJgER_YUCdNOyFWdEYhHWrDX4mMO7FGI0tWaFmQ/s716/Benjamin_Disraeli_by_Cornelius_Jabez_Hughes,_1878.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="716" data-original-width="512" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSw3pamHdC96g_XDQ-kwO393dmI4-uADgeLr3gtVuqt6o8OT3RktuUrzFk6nwidxDHXTWCa4BpHTZ3cMVB0mUXfHJntkbd_P_SgYPlGHqyUwglwQakrfBJVB6ZGPBR5LFL87Keaaq9VW43GyebypJdUJgER_YUCdNOyFWdEYhHWrDX4mMO7FGI0tWaFmQ/s16000/Benjamin_Disraeli_by_Cornelius_Jabez_Hughes,_1878.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Benjamim Disraeli, Conde de Beaconsfield.<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi21Gf-oe3DfTwWUBEDxQ1DdGcYFhhOAjaFP9sz05tJZHM6Y6EqPufrt2RM1vJzbFXoGZp_u4vc6zzd0tipeLc5DftIlGdqLsDNpsBUuNWF6Tyyjm4zpWfvDg_BESVhbtGiE4tXY1wHjm8VUCgGg_-4vcCRbFT0DOeE2rdW59X0g6mTMgnzAs6Is3eHNm0/s1920/Benjamin_Disraeli_Signature_2.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="597" data-original-width="1920" height="199" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi21Gf-oe3DfTwWUBEDxQ1DdGcYFhhOAjaFP9sz05tJZHM6Y6EqPufrt2RM1vJzbFXoGZp_u4vc6zzd0tipeLc5DftIlGdqLsDNpsBUuNWF6Tyyjm4zpWfvDg_BESVhbtGiE4tXY1wHjm8VUCgGg_-4vcCRbFT0DOeE2rdW59X0g6mTMgnzAs6Is3eHNm0/w640-h199/Benjamin_Disraeli_Signature_2.svg.png" width="640" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Teve o
Governo português lúcido entendimento da conjuntura. Produzia-se em África o
embate dos grandes impérios da época. Era a Inglaterra de Disraeli,
imperialista confesso, e de Gladstone, imperialista convertido, e de que Granville
e Salisbury eram os<span style="color: black;"> </span>representantes
convictos no plano internacional. Era a França de Freycinet e de Jules Ferry,
que procurava fora da Europa a compensação para o desaire de 1870. Era a
Alemanha de Bismarck, que sempre preconizara uma política apenas continental e
em direcção a leste, mas que nos últimos tempos do seu consulado se persuadira
do interesse germânico em África <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[8]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Era a Bélgica de Leopoldo II, que a título pessoal desejava talhar-se no
coração do continente um vasto império. Resolvidos a não lutarem na Europa,
queriam também em África alargar os seus domínios: para o efeito, porém, era
mais conveniente utilizar as áreas de um país enfraquecido como Portugal do
que, sob pena de conflito, procurar arrancar aos fortes o que estes já
possuíssem. Barbosa du Bocage era então ministro dos estrangeiros e pareceu-lhe
que na <i style="color: black;">confrontação dos grandes
interesses</i> poderia residir a salvação do ultramar. Era a ideia de uma larga
reunião internacional. Todas as viagens e explorações, que havíamos empreendido
ou estávamos realizando, tinham por objectivo criar-nos uma situação jurídica e
de facto que nos permitisse mais eficaz defesa. Discutíamos com a Inglaterra a
delimitação de fronteiras em numerosas áreas; a França e a Alemanha seguiam com
atenção o desenrolar das conversações: e suscitaram objecções a entendimentos
que julgavam ser-lhes prejudiciais. Em Outubro de 1884, o representante alemão
em Lisboa convidava o governo a participar numa reunião internacional em que se
debatessem os problemas da África negra: era a Conferência de Berlim. Aceitámos
o convite: e confiámos a nossa representação a António de Serpa Pimentel,
Luciano Cordeiro e marquês de Penafiel. Três pontos fundamentais constituíam a
agenda proposta: a liberdade de comércio em toda a bacia do Congo e na sua foz;
aplicação dos princípios do Congresso de Viena quanto a navegação livre nos
rios internacionais; e definição de critérios para que se pudesse considerar
válida a ocupação de quaisquer áreas no continente africano. Fomos a Berlim: e <i style="color: black;">«fomos sós, e sós nos achámos lá» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[9]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Defendemos tenazmente os nossos direitos; e procurámos jogar na rivalidade dos
imperialismos. Em Fevereiro de 1885, era elaborado o <i style="color: black;">acto geral</i> de Berlim. Na essência, o documento estabeleceu:
reconhecimento do Estado independente do Congo, cujo soberano era o rei dos belgas,
a título pessoal; liberdade de comércio no perímetro designado por <i style="color: black;">bacia convencional do Congo</i>, muito mais
extensa do que a bacia geográfica, pois se alongava dos litorais atlântico e
índico até às fronteiras meridionais da Etiópia; necessidade de notificação às
potências da ocupação prévia e efectiva antes de ser proclamada a anexação de
um território. Dois pontos cruciais emergem do <i style="color: black;">acto geral</i> de Berlim: a consagração do princípio da <i style="color: black;">internacionalização dos problemas africanos </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[10]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>;
a proclamação de uma política de <i>porta aberta </i>quanto ao comércio e
aproveitamento da mais rica zona de África e em que as potências europeias
poderiam participar em igualdade jurídica. E um outro princípio foi adiantado,
ainda de forma incipiente: no fim da conferência, o representante
norte-americano entregou uns comentários em que se defendia o <i style="color: black;">«direito das raças indígenas a disporem de
si próprias e do seu solo hereditário»</i> e a necessidade de obter o <i style="color: black;">«consentimento voluntário dos habitantes»</i>
para ser internacionalmente relevante a ocupação de territórios, ainda que
efectiva. Via ao longe o delegado americano: os Estados Unidos abriam-se,
naquele ano de 1885, o caminho doutrinal da sua futura intervenção no
continente africano. E uma última consequência derivou do <i>acto de Berlim</i>: a
teoria das <i style="color: black;">esferas de influência</i>:
completava a da <i style="color: black;">missão civilizadora</i> e
a do <i style="color: black;">fardo do homem branco</i>: e
assegurava, de forma tácita, a exclusividade dos impérios nas zonas em que<span style="color: black;"> </span>pela força houvessem podido implantar-se
antes de outros.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1XEr5HjEVYb0rXRedbPHGhCs3WeeZ2USv0iFJ273F0pbExTXKmFakjxqtHfOWAY4yULNZLHYbxuhLuxG6S0W94FxVXrzKtO4alV5i2MByuCP-JO0kqCAozaFjWkAFrPg3GCb8H_zJda6LhYwvMK5Rn6kt4Kc7-eCSa25T2_uN7YnIhJ6H8TFAknJkxGQ/s640/Confer%C3%AAncia-de-Berlim%20(1).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="324" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1XEr5HjEVYb0rXRedbPHGhCs3WeeZ2USv0iFJ273F0pbExTXKmFakjxqtHfOWAY4yULNZLHYbxuhLuxG6S0W94FxVXrzKtO4alV5i2MByuCP-JO0kqCAozaFjWkAFrPg3GCb8H_zJda6LhYwvMK5Rn6kt4Kc7-eCSa25T2_uN7YnIhJ6H8TFAknJkxGQ/s16000/Confer%C3%AAncia-de-Berlim%20(1).jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Conferência de Berlim (15 de Novembro de 1884 a 26 de Fevereiro de 1885).<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sofreu Portugal com a reunião de Berlim. Maior
vítima poderíamos ter sido, no entanto, sem a previsão e o arrojo de cortarmos
a África negra em todos os sentidos, com viajantes e exploradores. Continuámos
essa política, e ainda com mais ousadia, após Berlim. E antes de tudo retomámos
com vigor o sonho, que mergulhava no século XVIII, de ligar por terra Angola e
Moçambique. Seria o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mapa cor-de-rosa</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">No discurso
corajoso de 11 de Junho de 1885, Luciano Cordeiro, que tinha estado em Berlim,
inquiria: <i style="color: black;">«É tempo de perguntarmos o que
sucedia em Portugal, durante esta sucessão rápida, impetuosa, de tantos factos,
que de tão perto e fatalmente se relacionavam com os nossos interesses, com os
nossos direitos, com as nossas tradições coloniais. Que fazíamos nós? Creio que
fazíamos política, esta política que nos consome o tempo e as forças»</i>.
Havia um sentimento de desagregação: entrava em crise o <i style="color: black;">rotativismo</i>: fragmentam-se os partidos: os dirigentes monárquicos,
sem embargo de nobres intenções, pareciam destituídos de fé e coragem; viviam
enredados nas pequenas questões e embevecidos pelo que se passava nos países
mais adiantados em matéria de instituições políticas: e os homens que cuidavam
do ultramar formavam um grupo à parte, inspirado nas tradições e firmado no
apoio do rei e no sentir do povo, mas segregado da máquina política e
administrativa. Depois de Berlim, e para salvaguardar o possível, iniciaram
todas as medidas que pudessem, de harmonia com o acto geral, consolidar as
posições e os direitos de Portugal. Barbosa du Bocage, já em Maio de 1885,
escrevia a Pinheiro Chagas, ministro do Ultramar: <i style="color: black;">«Unir Angola a Moçambique, cortar de um lado a outro o continente
africano, foi o sonho dos nossos maiores, nobre aspiração a que algumas
portentosas viagens deram alimento, e bem cabida era esta ambição num povo que
abrira ao mundo o caminho de África, da Índia e do Brasil e que possuía, de um
lado as embocaduras do Zaire, do Cuanza e do Cunene, do outro a foz do Limpopo,
o delta do Zambeze e o curso do Rovuma. Quem melhor do que nós poderia realizar
tão grandiosa obra? Parece azado o momento para empreender a realização da
sonhada obra e propício o ensejo para chamar a colaborar connosco os capitais
estrangeiros» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[11]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Ao mesmo tempo, generalizávamos a negociação; ampliávamo-la a todos os países
que tivessem pendências connosco em África; e era preciso, como notava Barbosa
du Bocage, caminhar depressa para não darmos tempo a que outros se adiantassem
e tornassem irrealizável a nossa obra. Pinheiro Chagas respondeu: estava <i style="color: black;">«em perfeita conformidade de aspirações no
tocante aos nossos domínios ultramarinos»</i>. No país considerou-se que se
tratava de uma <i style="color: black;">política nacional</i>, e
não partidária. Andrade Corvo começou a negociar em Paris. Surgiram
dificuldades perante as pretensões francesas: mas cedemos em Casamansa contra o
reconhecimento, por Paris, dos nossos direitos ao sul, em particular <i style="color: black;">nos territórios que separam Angola e
Moçambique</i>. Foi o tratado luso-francês de Maio de 1886. Mas caiu o governo
regenerador: formou-se uma administração progressista: e Bocage foi substituído
por Barros Gomes. Concluiu a negociação com a Alemanha: com esta, estavam
pendentes os limites de Angola pelo sul. Aceitámos o Cunene como fronteira meridional,
e assim alguma coisa abandonávamos; mas Berlim reconhecia como <i style="color: black;">esfera de influência</i> portuguesa as
demais áreas a que nos julgávamos com direito, <i style="color: black;">incluindo o território entre Angola e Moçambique</i>. Em Dezembro de
1886 era assinada a convenção luso-alemã. França e Alemanha procuravam estorvar
a Inglaterra. E havia agora que negociar com esta última.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSVGE1LpRVrzqqlB4h037TINSp6arTnLMJi4jG7k-aCfdBlP5SEnj9HCcIL1eWuqDv-2IKRCe2Va8hMAd2DGsycEVPR1s-F--lX3WGw0KnnPhWhn3FrqXTYrj4cbg5NGuzPDlgBzb_JswojQTWA22ABDhz9bfddyzZbegdOil3xN-Ua7I1EiyKvmXfXeU/s640/20180521183255_000012.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="381" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSVGE1LpRVrzqqlB4h037TINSp6arTnLMJi4jG7k-aCfdBlP5SEnj9HCcIL1eWuqDv-2IKRCe2Va8hMAd2DGsycEVPR1s-F--lX3WGw0KnnPhWhn3FrqXTYrj4cbg5NGuzPDlgBzb_JswojQTWA22ABDhz9bfddyzZbegdOil3xN-Ua7I1EiyKvmXfXeU/s16000/20180521183255_000012.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #bf9000;">Vista de Lourenço Marques em 1895. Nesta data o mais importante aglomerado do Sul de Moçambique, elevado a cidade em 1887, contava apenas cerca de 3000 habitantes, dos quais aproximadamente 2000 seriam portugueses da Metrópole e da Índia.</span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Perante o
mapa anexo aos acordos entre Portugal e a França e a Alemanha, protestou a
Grã-Bretanha: e alegava que o documento incluía áreas sem vestígios de ocupação
portuguesa, outras onde existiam estabelecimentos ingleses, outras ainda
suscitavam a Londres um interesse muito particular. Considerava aquela carta,
por isso, contrária à conferência de Berlim; porque esta apenas admitira
poderes soberanos como resultado de ocupação efectiva: e esse não era o caso
dos territórios abrangidos no mapa. Foi fácil a resposta de Barros Gomes: a
carta indicava apenas as áreas sobre que a França e a Alemanha não tinham
reivindicações; estavam ressalvados os direitos de terceiros; e a ocupação
efectiva, tal como assente em Berlim, respeitava somente ao litoral e não ao
interior. Por outro lado, não era exacto afirmar que na zona em causa não
houvesse vestígios de ocupação portuguesa: desde o século XV, e seguramente desde
o século XVII, que a vastíssima região fora sulcada por viagens de portugueses:
e não era decerto mais efectiva do que a portuguesa a ocupação britânica. Tudo
isto seria matéria de negociação entre os dois governos. Barros Gomes colocava
o problema no terreno da história, do direito e da moral; mas Londres agia
noutro plano. Eram os minérios – o cobre, o ouro, os diamantes – que estavam em
causa; o comércio e as indústrias britânicas faziam pressão sobre o governo; e
Cecil Rhodes prosseguia o projecto de ligar o Cairo ao Cabo<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[12]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Não se dispunha a Inglaterra, portanto, a desistir do seu intento.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk60NyHFjcOpB67IWUTN2TpN0MLS9zG7ybldAkeA37Hm85Zz68KcCKFFaqs5310WN58yI04UvBXkBMpcYo-106UpVjIHoYlp0ABRirXxQHNQiXOMlW_u6l4Jtfu62ytupHZE-iAHWirc2zwVHRSULzF5jSl4yvlcVZdniRTgQ2RdDqyJXGO0ChvDIgxuM/s641/_82038597_colonial.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="641" data-original-width="624" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk60NyHFjcOpB67IWUTN2TpN0MLS9zG7ybldAkeA37Hm85Zz68KcCKFFaqs5310WN58yI04UvBXkBMpcYo-106UpVjIHoYlp0ABRirXxQHNQiXOMlW_u6l4Jtfu62ytupHZE-iAHWirc2zwVHRSULzF5jSl4yvlcVZdniRTgQ2RdDqyJXGO0ChvDIgxuM/s16000/_82038597_colonial.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Cecil Rhodes. </span></b><b><span style="color: #bf9000;">Ver <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/03/as-ingerencias-do-clube-bilderberg-em.html">aqui</a>, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/01/reviewing-rhodes-legacy.html">aqui</a> e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/02/target-world-government_12.html">aqui</a></span></b></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio85P48pVcvz9fks5jc6iE_tI6PF6ZBCw3zE1ndi18FjgH0ORcT-S7lKijFtkDteL1hAtW9HiMWgfVxlE9XidDUtpqx_8_PluCB918OVf4IwNpBY1K3RK1q9sz3ropvwWanoqOEqqMSFnXCbGrnaBKHdqV7pQBEskbkqVQk-EmIa5viieu0j_SrRcOhtg/s960/Coat_of_Arms_of_Cecil_Rhodes.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio85P48pVcvz9fks5jc6iE_tI6PF6ZBCw3zE1ndi18FjgH0ORcT-S7lKijFtkDteL1hAtW9HiMWgfVxlE9XidDUtpqx_8_PluCB918OVf4IwNpBY1K3RK1q9sz3ropvwWanoqOEqqMSFnXCbGrnaBKHdqV7pQBEskbkqVQk-EmIa5viieu0j_SrRcOhtg/w533-h640/Coat_of_Arms_of_Cecil_Rhodes.svg.png" width="533" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Aos
argumentos históricos e de facto, coligidos por Barros Gomes e apresentados no
<i>Foreign Office</i>, replicou Lord Salisbury que, se a conferência de Berlim relacionara
a efectividade da ocupação apenas com o litoral, nada impedia que o princípio
constituísse base de direito internacional geral e se aplicasse portanto ao
interior. E o subsecretário Fergusson declarou, em público, que o seu governo
apenas reconheceria a nossa soberania onde existissem estabelecimentos
portugueses e Portugal mantivesse jurisdição e ordem. Barros Gomes deu todas as
garantias de protecção de súbditos, interesses e comércio britânicos na área
que reivindicávamos. Transpirou a divergência, entretanto, para a opinião
pública: há interpelações ao governo no Parlamento, a imprensa ocupa-se do assunto
com emotividade. Do seu lado, Salisbury rejeita a documentação histórica:
sarcasticamente, chama-lhe <i style="color: black;">argumento
arqueológico</i>: e considera tudo irrelevante perante as ulteriores viagens de
Livingstone, a actividade dos missionários ingleses na área, e sobretudo em
face da situação política do momento. Surge assim claramente a indicação de que
a disputa era só política: estavam em causa os interesses britânicos. E do lado
português principiaram as alusões às <i style="color: black;">alianças
continentais europeias</i>, que nos protegeriam dos pretensos amigos;
propõe-se que intervenham na questão <i style="color: black;">outras
potências interessadas</i>; e estabelece-se a prova pública da influência efectiva
das autoridades portuguesas na zona e da absoluta prioridade na descoberta e exploração.
Em fins de 1888, Barros Gomes e Sir George Petre, embaixador inglês, discutem o
problema a fundo: repetem-se os argumentos: e à invocação do apoio germânico às
pretensões portuguesas, o enviado britânico responde que o seu país considerava
a Alemanha alheia ao caso. Continuavam em África as expedições portuguesas de
Cardoso e Paiva de Andrade. E as estas foi adicionar-se a grande expedição do
major Serpa Pinto, que havia vinte anos cruzava a África em mil sentidos. Endurece
a atitude de Londres, e Salisbury afirma: <i style="color: black;">«as
boas relações entre os dois países não poderiam resistir por muito mais tempo à
tensão a que estavam submetidas» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><b><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: #bf9000;">[13]</span></span></span></b><!--[endif]--></span></a>.
Portugal repete, com velada ameaça, as alusões à eventual intervenção de
terceiros, e alvitra que se proceda a delimitações sucessivas em várias
fronteiras (regiões dos Machonos, dos Matabeles, dos Macololos) a fim de se
resolver por fases a disputa; e mais uma vez, e agora por escrito, propõe um <i style="color: black;">«acordo internacional entre todos os
governos interessados» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[14]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Salisbury rejeita. Serpa Pinto chega ao Lago Niassa; técnicos portugueses estão
no Shire para estudar a construção de uma via férrea; e o cônsul britânico em
Moçambique procura o oficial português e, afirmando-lhe o protectorado do seu
país sobre os Macololos, intima-o a não avançar mais. Serpa Pinto, isolado, com
recursos escassos, não se atemorizou: atravessou o Ruo, socorreu os técnicos
portugueses atacados, ocupou o Shire, nomeou Azevedo Coutinho governador
militar. Petre protesta em Lisboa; e a imprensa desencadeia uma campanha
anti-britânica. Barros Gomes procura a conciliação: entrega uma nota em que se reiteram as garantias à protecção dos interesses legítimos da Inglaterra e se
reafirma o sentimento de cordialidade que une os dois países. Em Lisboa a
imprensa escrevia: <i style="color: black;">«os direitos e a honra
de Portugal foram mantidos contra a cobiçosa e absorvente política da sua
aliada» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[15]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Em fins de 1889, Sir George Petre dizia a Barros Gomes que a situação era
grave: e isso porque Serpa Pinto continuava a avançar <i style="color: black;">à frente de um exército</i>, dominava os Macololos, não respeitava os
estabelecimentos ingleses, ignorava o protectorado britânico. E concluía: a
Inglaterra não podia ficar de <i style="color: black;">braços
cruzados</i> perante o que entendia ser ofensa à sua honra e aos seus direitos:
e era preferível que Portugal cedesse voluntariamente do que por outra
maneira. Barros Gomes respondeu em forma <i style="color: black;">«conciliadora
e cortês sem contudo ceder a sua posição» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[16]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
e demonstrou o exagero das alegações britânicas: no Shire havia paz e nenhum
interesse directo inglês fora lesado. Entra-se em 1890. No dia 2 de Janeiro, Petre
entrega nova nota: o Governo de Londres não reconhece os direitos portugueses,
exige uma declaração imediata de que não serão solucionadas pela força as
pendências territoriais, ameaça com o recurso a outras medidas se não fosse obtida
satisfação, e fixa o dia 8 para uma resposta. Barros Gomes lamenta a marcação de
um prazo, garante que não serão atacados estabelecimentos ingleses sob condição
de reciprocidade de parte britânica e propõe a reunião de uma conferência dos
signatários do <i style="color: black;">acto de Berlim</i>. E concluía:
<i style="color: black;">«se a Inglaterra tivesse reconhecido o
direito histórico, constantemente invocado por Portugal, ao território do Chire
e Niassa, nenhuma questão teria surgido»</i>. E no mesmo tempo em que assim respondia
a Petre, Barros Gomes informava da situação todos os agentes diplomáticos
portugueses no estrangeiro; encarregava estes de perguntar aos governos locais
até que ponto, isolada ou colectivamente, estavam dispostos a empregar em favor
de Portugal os seus bons ofícios. Com a resposta no dia 8, no entanto, não se
deu por satisfeita a Inglaterra; e Salisbury, em linguagem já sem peias, exigiu
a retirada da expedição Serpa Pinto e envio imediato de instruções de Lisboa
nesse sentido. Depois de uma pressão feita no dia 10, em 11 de Janeiro de 1890
Petre entregava a Barros Gomes um novo memorial: <i style="color: black;">«O governo de Sua Majestade não pode considerar satisfatórias ou
suficientes, tal como as interpreta, as garantias prestadas pelo governo
português. O cônsul interino de Sua Majestade em Moçambique, firmado em
declaração do próprio Major Serpa Pinto, telegrafou que a expedição continuava
a ocupar o Shire; e que Katunga e outros locais no território dos Macololos iam
ser fortificados e guarnecidos. Aquilo que o governo de sua Majestade pretende,
e em que tem de insistir, é o seguinte: que se enviem instruções telegráficas
imediatas ao Governador de Moçambique no sentido de que sejam retiradas todas e
quaisquer forças militares portuguesas que neste momento se encontrem no Shire,
ou no território dos Macololos, ou no território dos Machonas. O governo
entende que, sem isso, as garantias prestadas pelo governo Português são
completamente ilusórias. O Sr. Petre, em face das suas instruções, está
obrigado a sair imediatamente de Lisboa, com os membros da sua Legação, a menos
que uma resposta satisfatória à precedente instância seja por si recebida
durante a tarde; e o navio de Sua Majestade</i> «Enchantress» <i style="color: black;">encontra-se em Vigo esperando as suas
ordens» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[17]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Era um ultimato.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8duoO9AYtgLL63mvncylgC3Ca4zlhlz6m5ViukDI9L_umrX8DACdkPK-G1QNUTJj14ef_jqHWemss1Rlu1DfrbYTze2M-LHTazwVFBN8MjU1r3qx53fHuqPSa1ANfZeRv1h5blY9emPVlyNHYuowNSCXbwd-iRRqpXoGIVYOFAL7pSOER0pZKezTMQls/s640/20180521183255_000014.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="559" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8duoO9AYtgLL63mvncylgC3Ca4zlhlz6m5ViukDI9L_umrX8DACdkPK-G1QNUTJj14ef_jqHWemss1Rlu1DfrbYTze2M-LHTazwVFBN8MjU1r3qx53fHuqPSa1ANfZeRv1h5blY9emPVlyNHYuowNSCXbwd-iRRqpXoGIVYOFAL7pSOER0pZKezTMQls/s16000/20180521183255_000014.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">António Enes</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnPxdUVOV1RoOAbZUNNokHAO0CElL4OMBYgi_U3A_2ezcBgGtF4JNs9Q4x2nL3c8-ILzm_4tVvgHeCqgyc2o54w3Rl-MtY2D4ZNcjtCtYE4P8io6cK0xdEtnB4IXy80ko4wudu5SrXLyc7iUDgYH365oYmz3yXgE6BTdzUgQ2Pzi-4Fbpv3RvtJ4dyExE/s640/antonio%20enes.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="482" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnPxdUVOV1RoOAbZUNNokHAO0CElL4OMBYgi_U3A_2ezcBgGtF4JNs9Q4x2nL3c8-ILzm_4tVvgHeCqgyc2o54w3Rl-MtY2D4ZNcjtCtYE4P8io6cK0xdEtnB4IXy80ko4wudu5SrXLyc7iUDgYH365oYmz3yXgE6BTdzUgQ2Pzi-4Fbpv3RvtJ4dyExE/s16000/antonio%20enes.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Estátua a António Enes na Baixa de Lourenço Marques (cerca de 1929).<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Perante a
situação dramática, exalta-se e emociona-se a opinião pública. Reúne-se de
emergência o Conselho de Estado. Barros Gomes é partidário da resistência;
Barjona de Freitas recomenda a retirada de Serpa Pinto; e Serpa Pimentel defende
a cedência sob condição da Inglaterra aceitar arbitragem ou conferência
internacional. José Luciano, o conde de S. Januário, João Crisóstomo,
inclinavam-se para a rendição. Depois de debate, e ainda no prazo solicitado
por Petre, o Conselho decide cumprir o ultimato, embora quanto aos direitos de
Portugal fizesse reserva académica. Demite-se o governo progressista, que não
partilhava do parecer do Conselho de Estado; e toma o poder António de Serpa.
Este envia a Londres Barjona de Freitas: tenta-se recompor os destroços.
Iniciam-se conversações que levam em Agosto de 1890 a um projecto de tratado.
Mas este por sua vez é atacado com violência, e de novo cai o governo; João
Crisóstomo assume a presidência. Barbosa du Bocage retorna aos Estrangeiros.
Não é ratificado aquele projecto; e continuam as negociações. No reino, não
pode ser mais profunda a mágoa, nem mais acerba a indignação. Antero de
Quental, o iberista que descria do seu país, invoca a <i style="color: black;">«intensa paixão patriótica do povo português»</i> que considera <i style="color: black;">«inequívoca manifestação da vitalidade
nacional»</i>; julga o momento de <i style="color: black;">«humilhação
e de ansiedade»</i>; e preside à <i style="color: black;">Liga
Patriótica do Norte</i>. Fulmina então o <i style="color: black;">«insulto
e a vilania»</i> da Inglaterra; pede um <i style="color: black;">«esforço
viril e persistente para sermos de facto independentes»</i>; e recomenda que no
<i style="color: black;">«altar da pátria»</i> todos os
particularismos e ressentimentos sejam sacrificados. Rodrigues de Freitas,
António Vieira de Castro, Bento Carqueja, Basílio Teles, Luís de Magalhães,
Ricardo Jorge, conde de Resende, Joaquim de Vasconcelos, Ezequiel Vieira de
Castro, José de Sampaio, outros ainda, e Antero de Quental, dirigem ao
presidente do Conselho, Serpa Pimentel, uma representação de protesto e de
orgulho, e em que solicitam a retirada do cônsul inglês no Porto, Oswald
Crawfur<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[18]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
António Enes, no <i>Dia</i>, acumulava argumentos em defesa dos direitos e dos
interesses de Portugal, e pretendia que se seguisse serenamente o nosso
caminho, <i>«suceda o que suceder»</i>. Oliveira Martins aconselha o governo a não
recuar, e a repudiar semelhante conselho, se alguém lho desse; e entende que a
questão do ultramar é vital para o país, e não pode ser descurada nem um
momento, em nome destes ou daqueles interesses, destas ou daquelas
conveniências de ocasião <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn19" name="_ftnref19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[19]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Fialho de Almeida, o céptico, o sarcástico, o ressentido, o iberista saudoso,
fustiga em <i>Os Gatos</i> a atitude britânica; e defende vigorosamente os direitos de
Portugal em África, qualifica os ingleses de <i style="color: black;">«carrascos ruivos do Tamisa»</i>, e exalta o ultramar português, as
suas glórias e o seu carácter sagrado para a Nação <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn20" name="_ftnref20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[20]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>. Alfredo
Keil compõe um novo hino patriótico; e Guerra Junqueiro, em verso e em prosa,
publica violentas apóstrofes contra a Inglaterra. Basílio Teles reage com
veemência. E traça o quadro desse dia: <i>«O
efeito foi prodigioso. Num relance, magotes movediços e frementes manchavam o
pavimento das ruas e das praças; os cafés da baixa, repletos, estavam em
ardente ebulição; as vociferações, os protestos, as injúrias, as propostas mais
radicais e extravagantes entraram a cair, como granizo, comunicando e agravando
a efervescência. O rei e os “cobardes” que tinham subscrito as exigências do
gabinete de Inglaterra eram, literalmente, esfarrapados nestes primeiros golpes
de língua»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b></i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn21" name="_ftnref21" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[21]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Assaltava-se a redacção das <i style="color: black;">Novidades</i>,
consideradas jornal progressista; e a <i style="color: black;">Gazeta
de Portugal</i>, havida como orgão regenerador, era aclamada. Nas salas do <i style="color: black;">Tempo</i>, Oliveira Martins exprimia a sua
cólera; e Emídio Navarro bradava a sua raiva, cravando murros nas mesas.
Lançava-se uma subscrição pública para a compra de armas; e Eduardo de Abreu
cobre de crepes negros a estátua de Camões. No <i>Café Martinho</i>, João Chagas e Magalhães Lima gritavam <i style="color: black;">vivas à república</i>, e à
frente de grossa multidão, que como no tempo de Fernão Vasques e Álvaro Pais
vinha do largo de S. Domingos e do Rossio, dirigiam-se ao <i style="color: black;">Século</i>, cujo republicanismo era conhecido. Perante todo este
estremecimento do país, e rejeitado o acordo de 1890, continuam as conversações
com Londres. Em 11 de Junho de 1891, era assinado e ratificado o Tratado
definitivo. Sir George Petre não ocultava o seu júbilo; e Cecil Rhodes, que
também se havia oposto ao acordo de 1890, exultava agora com o documento de
1891. Hintze Ribeiro, nas câmaras, salientava que este era menos favorável que
o de Agosto de 90, e perguntava: <i style="color: black;">«valeria
a pena, enfim, ter abandonado o tratado de 20 de Agosto para, depois de tantos
revezes e de tão fundas provações, chegarmos à conclusão de ter de aceitar este
tratado?»</i> Barros Gomes defendia-se: <i style="color: black;">«Eu
não fui o autor do mapa cor-de-rosa»</i>. Declinava a responsabilidade da
crise; mas associava-se à política iniciada por Barbosa du Bocage. E exclamava:
<i style="color: black;">«Presto homenagem aos intuitos
patrióticos que o animaram e que eram justificáveis na época em que o mapa
referido foi condenado»</i>. E fazia depois uma justificação rigorosa da sua
atitude: não deixava dúvida na câmara sobre o seu bom fundamento. Mas a
realidade poderosa impunha-se: o sonho da ligação por terra entre Angola e
Moçambique, firmado em direitos que vinham do século XVII, estava em escombros;
e a Grã-Bretanha abria caminho do Cairo ao Cabo e recolhia no seu império toda
a África Central e Austral.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVlRQGm7ASU0pBlwIKfzuxSyJ817fiAs4wRcmr6bmVHWhBvbivX4Gtk3EcTCCArUo1SS1EMJQP_XpIscRiUS69HIKrueuM3-v2xS1JkZEYhLcHoaD_35SQi3UGjeRH8JaXzXHJ2mdt53Q_NrjAdWgbXZHh7DbW-ezO7Zo4Sp8hQSfOg7ltXm8ipdH9_4Y/s400/Ernesto_Hintze_Ribeiro_-_presidente_del_Consejo_de_Ministros_en_Portugal_(Vidal_&_Fonseca,_Lisboa,_1903_).png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="327" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVlRQGm7ASU0pBlwIKfzuxSyJ817fiAs4wRcmr6bmVHWhBvbivX4Gtk3EcTCCArUo1SS1EMJQP_XpIscRiUS69HIKrueuM3-v2xS1JkZEYhLcHoaD_35SQi3UGjeRH8JaXzXHJ2mdt53Q_NrjAdWgbXZHh7DbW-ezO7Zo4Sp8hQSfOg7ltXm8ipdH9_4Y/s16000/Ernesto_Hintze_Ribeiro_-_presidente_del_Consejo_de_Ministros_en_Portugal_(Vidal_&_Fonseca,_Lisboa,_1903_).png" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Ernesto Hintze Ribeiro<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><br /><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgITBXHIn31N36uQja32n8fUO37K-PSBVF5yPfUcy3wxHW22IhEOg6sAXl_y-SERHPtvG8JX7SRBd_1ZL6NHgilgK03Bc7pGKPdNt1aOlCowl__gn5plhUzacYL_MFbHPkq_YXmAK_yqt3ilv0QoEaLu77ue2mQ0iwFBHLyYJ52r-zKYdW00POqlcKljbQ/s1920/1920px-Assinatura_Hintze_Ribeiro.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="233" data-original-width="1920" height="78" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgITBXHIn31N36uQja32n8fUO37K-PSBVF5yPfUcy3wxHW22IhEOg6sAXl_y-SERHPtvG8JX7SRBd_1ZL6NHgilgK03Bc7pGKPdNt1aOlCowl__gn5plhUzacYL_MFbHPkq_YXmAK_yqt3ilv0QoEaLu77ue2mQ0iwFBHLyYJ52r-zKYdW00POqlcKljbQ/w640-h78/1920px-Assinatura_Hintze_Ribeiro.svg.png" width="640" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Se se
quiser analisar a crise de 1890, facilmente se deduz que os direitos
portugueses eram incontestáveis, e foram comprovados. Mas cometemos três erros
capitais. Negociámos em separado com a França e a Alemanha: deveríamos tê-lo
feito simultaneamente com a Inglaterra. Depois, não mostrámos, no plano
interno, possuir força militar e económica, nem uma unidade de opinião: Londres
compreendeu que podia aproveitar divisões intestinas <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn22" name="_ftnref22" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[22]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Por fim, e com ingenuidade, persuadimo-nos de que a França e a Alemanha nos
apoiariam contra a Inglaterra, e que a Europa viria em nosso socorro defender
os nossos interesses: mas perante o ultimato britânico o continente europeu
cerrou os olhos muito cerrados <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn23" name="_ftnref23" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[23]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
E Oliveira Martins já antes chegara a essa conclusão: <i style="color: black;">«é para nós positivo que nenhuma das potências europeias dispararia um
tiro em nossa defesa» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn24" name="_ftnref24" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: #bf9000;"><b>[24]</b></span></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Na raiz de tudo, a nossa fragilidade económica, militar e política.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/prevencao-sobre-o-n-u.html">Franco Nogueira</a>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As
Crises e os Homens</i>, Livraria Civilização Editora, 2.ª edição, 2000, pp.
211-223). </span><span style="color: #bf9000; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ver <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/04/defesa-do-ultramar-no-conselho-de.html">aqui</a> e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/04/defesa-do-ultramar-no-conselho-de_17.html">aqui</a><o:p></o:p></span></b></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Livingstone, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">African Journal (1853-1856)</i>, introdução,
pp. 12 e 13.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Pierre Renouvin, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Histoire des Relations Internationales</i>,
VI, 80.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Professor Doutor Marcello
Caetano, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Portugal e a Internacionalização
dos Problemas Africanos</i>, p. 107, 4.ª ed., 1971.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Deve registar-se por ser
verdade, que mais tarde os historiógrafos ingleses reconheceram a prioridade
dos exploradores portugueses, embora continuassem a atribuir maior valor
documental aos relatos de Livingstone.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;">
Henry Stanley deixou relatos minuciosos: <i>H</i><i style="mso-bidi-font-style: normal;">ow
I found Livingstone, Through the Dark continent</i>; e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">In Darkest Africa</i>, 2 vols. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">É
patente a pouca simpatia que lhe merecem os portugueses.<o:p></o:p></span></p><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvZdEEsc_YOkuz9v9lY057d9nBLg9Cfdk1hHTkXKLxNd1R6wFStFF4smaylfiEBPc-0_7wYZ6Iw93ydbrw1Jlg3V9Vo2MZoMvfNs7szStE364_OpiH_5IQvJBrAHrx9cerZan2N149dnnhfSE5n_VrFt8ZqXjPfUCNu87-sATr2jhvVX0JOdbSo_rg58U/s1024/Rencontre_de_Livingstone_-_How_I_found_Livingstone_(fr).png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="636" data-original-width="1024" height="398" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvZdEEsc_YOkuz9v9lY057d9nBLg9Cfdk1hHTkXKLxNd1R6wFStFF4smaylfiEBPc-0_7wYZ6Iw93ydbrw1Jlg3V9Vo2MZoMvfNs7szStE364_OpiH_5IQvJBrAHrx9cerZan2N149dnnhfSE5n_VrFt8ZqXjPfUCNu87-sATr2jhvVX0JOdbSo_rg58U/w640-h398/Rencontre_de_Livingstone_-_How_I_found_Livingstone_(fr).png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Ilustração do encontro entre Henry Morton Stanley (esq.) e David Livingstone (dir.) ocorrido na localidade de Ujiji (Tanzânia), em 1871.<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span face="sans-serif" style="background-color: white; color: #202122; font-size: 16px; text-align: start;"><br /></span></span><p></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span face="sans-serif" style="background-color: white; color: #202122; font-size: 16px; text-align: start;"></span></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSTtlUSTN4xSZNnMK1ArvKdIzSiIAgqvbvo92GqqRGj0bLbmq8OXbR2fcdsMAE41MGksX6QeTMry8VJGOXxhb7-42KPshGPqwho7clV-8c4hRqzLWH8Vo9SUa4E2xdMaOCv8wANX-6cF_N5RNvXDIxgoLXUsTxSew-WXeGNxb_SagkjlY0kaX16wd2oIc/s1024/Livingstone_Memorial,_Tanzania.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="681" data-original-width="1024" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSTtlUSTN4xSZNnMK1ArvKdIzSiIAgqvbvo92GqqRGj0bLbmq8OXbR2fcdsMAE41MGksX6QeTMry8VJGOXxhb7-42KPshGPqwho7clV-8c4hRqzLWH8Vo9SUa4E2xdMaOCv8wANX-6cF_N5RNvXDIxgoLXUsTxSew-WXeGNxb_SagkjlY0kaX16wd2oIc/w640-h426/Livingstone_Memorial,_Tanzania.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Livingstone Memorial</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span face="sans-serif" style="background-color: white; color: #202122; font-size: 16px; text-align: start;"><br /></span></span><p></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Hoje parte da República da
Zâmbia.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Ver José de Almada, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tratado de 1891</i>, p. 81.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Sobre a oscilação do povo
germânico entre uma política continental e uma política mundial, há um ensaio
excelente e profundo de A. J. P. Taylor, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">The course of German history</i>, Londres, 1945.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Luciano Cordeiro, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Discurso</i>, de 16 de Junho de 1885.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Sobre este problema é
fundamental o volume do Professor Marcello Caetano, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Portugal e a Internacionalização dos Problemas Africanos</i>, em que se
analisam os factores internacionais à luz dos interesses portugueses, Lisboa,
4.ª ed., 1971.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Texto em Professor Doutor
Marcello Caetano, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> p. 121.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Sobre este período das relações
luso-britânicas na África Austral existe numerosa bibliografia inglesa. Um dos
melhores e mais bem documentados volumes é o de Philip R. Warhurst, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Anglo-Portuguese Relations in South-Central
África</i>, 1890-1900, Londres, 1962.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> José de Almada, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tratado de 1891</i>, p. 278.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Nota de 20 de Fevereiro de 1889.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> José de Almada, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit., </i>295.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> José de Almada, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit., </i>297.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span></p><p class="MsoFootnoteText"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaG2ZZmNb7xxSrsGpzx6RfcDRTcVml--UayEdr6YclRGueeRGIXNxDR4FLyrjqJaaTZO0ZiS4N0eJGoiKLu4xFj88c-IuEiaUcByw69BWuxioYW1BxmZ9b6ZnayYH7SI6ZKDqOqr3-EgnzYvt6X6tghpwgmdoboAfDMrfbQJIqCrDIJ7wgmeNxc-t2edA/s3971/20230114183513_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3971" data-original-width="2777" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaG2ZZmNb7xxSrsGpzx6RfcDRTcVml--UayEdr6YclRGueeRGIXNxDR4FLyrjqJaaTZO0ZiS4N0eJGoiKLu4xFj88c-IuEiaUcByw69BWuxioYW1BxmZ9b6ZnayYH7SI6ZKDqOqr3-EgnzYvt6X6tghpwgmdoboAfDMrfbQJIqCrDIJ7wgmeNxc-t2edA/w448-h640/20230114183513_00001.jpg" width="448" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Desde 1890, tem-se utilizado em
Portugal sempre a mesma tradução do inglês do ultimato; e isso tanto em
publicações oficiais como particulares; e essa tradução é indubitavelmente
incorrecta. A tradução que acima se apresenta é nova, e penso que a versão sobre
que até agora os historiadores têm trabalhado constitui um simples <i style="mso-bidi-font-style: normal;">aportuguesamento </i>das palavras inglesas,
sem ter em conta o seu espírito e o seu sentido profundo, e sem que se tivesse
procurado encontrar as palavras portuguesas correspondentes a esse espírito e a
esse sentido. Toda a nota inglesa tem sido mal traduzida. O ponto mais
importante, porém, respeita ao uso da palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intimation</i> no texto inglês. Tem sido traduzida sempre por <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intimação</i>. O governo português da época,
Basílio Teles, Marques Guedes, Alfredo Pimenta, historiadores e escritores
portugueses, todos, que eu saiba, têm aceite uma tal tradução. Dão-lhe e
tem-lhe sido dado o mesmo conteúdo e alcance que tem na língua portuguesa, para
significar uma ordem emanada de uma autoridade soberana, e por isso não é
passível de discussão ou resistência: é assim que falamos de uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intimação judicial </i>ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intimação policial</i>, a que qualquer de
nós tem de obedecer, pois que, se o não fizer, será <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fisicamente</i> constrangido ao cumprimento de tal intimação. Ora a
palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intimation</i> não corresponde a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intimação</i>. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Intimation</i>, do verbo <i>to intimate</i>, quer dizer <i style="mso-bidi-font-style: normal;">informar, anunciar, dar a entender indirectamente, fazer pressão no
sentido de, dar a perceber, instar, revelar por forma não explícita a intenção
real</i>, etc. Desde que, todavia, se traduziu na altura <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intimation</i> por <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intimação</i>,
criou-se um infundado sentimento público de ofensa e humilhação, considerámos
que Londres se nos dirigia como se fôssemos seus súbditos. Verdadeiramente, a
nota inglesa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">urge</i> o Governo Português
a actuar de uma certa forma; <i style="mso-bidi-font-style: normal;">insta</i>
para que o faça; e dá a perceber, de forma indirecta e clara, que seriam
gravíssimas as consequências se o não fizesse. Mas não intima. Por isso julgo
que no caso a tradução correcta de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intimation</i>
é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">instância</i>. Nada disto, porém, retira
à nota britânica o carácter de ultimato. José de Almada, apesar de acolher a
versão de intimação, parece duvidar de que assim seja, pois fala no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«chamado ultimatum»</i> (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.</i> 308). Mas trata-se
efectivamente, como muito bem salienta o Professor Doutor Marcello Caetano (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.</i> 129), de um ultimato. O
Professor Doutor Marcello Caetano também acolhe a versão clássica e até agora
corrente; mas não é nesse aspecto que funda o seu parecer. O que caracteriza um
ultimato é a apresentação de uma exigência para cuja satisfação se marca um
prazo-limite sob pena de sanções; e isso contém a nota de Petre. Para se ser
justo, portanto, haverá que dizer que recebemos um ultimato inglês, duro e firme,
sem que no entanto a Inglaterra tivesse ao mesmo tempo procurado ofender e
humilhar Portugal. Note-se que na própria resposta de Barros Gomes a Petre também
se aceita a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intimação</i>: fala-se na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">intimação que me dirigia</i>. Aliás, a
resposta portuguesa, do ponto de vista político, não podia ser mais desastrosa
e inábil. Na desorientação do momento, não foi aprofundado o sentido e o
significado real das palavras da nota inglesa; e durante oitenta anos nenhuma
revisão foi feita de um processo cujo estudo está ainda imperfeito. Acentue-se
por último que o Conselho de Estado, ao debater o assunto, tratou o documento
de Petre como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">memorandum</i> e não como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ultimatum</i>. Pelas razões acima, não há
dúvida, no entanto, de que continha um ultimato o documento de 11 de Janeiro
de 1890.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Citações de Quental extraídas de
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Prosas</i>, II e III.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn19" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref19" name="_ftn19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Oliveira Martins, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Política e História</i>, II, 214-215.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn20" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref20" name="_ftn20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Fialho de Almeida, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os Gatos</i>, III, 35-45.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn21" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref21" name="_ftn21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Basílio Teles, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Do ultimatum ao 31 de Janeiro</i>, 96.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn22" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref22" name="_ftn22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Das calamidades da nação todos
os estrangeiros se apercebiam. Escreve um autor inglês com justiça: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«Corrupção, política frouxa, falta de espírito
público carcomiam os fundamentos do Estado»</i>. Warhust, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.</i> 152.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn23" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref23" name="_ftn23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Desde que não se soube evitar o
ultimato, não se afigura possível que fosse outra a decisão do Conselho de
Estado. Decerto a Inglaterra atacaria posições portuguesas – Cabo Verde, por
exemplo – e o que perdesse não seria mais recuperado.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn24" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref24" name="_ftn24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Oliveira Martins, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Jornal</i>, 228, ed. de 1960.</span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI9eI35FJ9zEsEiV-_B-hIa5WTl_LKJEP7x3MqAuN2qoEAj35IN_bt6BKKXPnAjm-h9VnUmiMoFvqw4GP3fqHdyHqusv6GwRt7sID0ZRzRXKZ_sh59MdNLKmOw9GbM7ThcKSNLoKhFF8W8x2vElT9ePeqF8HuJRKMzMUDv7ZKto-1CnlZFHaYzDQ3unr8/s337/Colonial_Africa_1914_map.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="337" data-original-width="288" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI9eI35FJ9zEsEiV-_B-hIa5WTl_LKJEP7x3MqAuN2qoEAj35IN_bt6BKKXPnAjm-h9VnUmiMoFvqw4GP3fqHdyHqusv6GwRt7sID0ZRzRXKZ_sh59MdNLKmOw9GbM7ThcKSNLoKhFF8W8x2vElT9ePeqF8HuJRKMzMUDv7ZKto-1CnlZFHaYzDQ3unr8/s16000/Colonial_Africa_1914_map.png" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZuhKp0fT7WngAc6UhIZoK90kCeFAmfcF_azJvI3Vm9nQzKIu2ojz9vVmebpR66mbWaAZH170mn5Je9pWqeA3SdTvhPJbS9oF8R2-dvnYqwkybqRt9z5L3yd40WSM2NIXTDnNWuQnYSKhDx4Nu9QGeQC8Exnj_UGjtNjhJTKINl9w3KFg28flUCFS0M14/s639/ultimatum-John-Bull.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="420" data-original-width="639" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZuhKp0fT7WngAc6UhIZoK90kCeFAmfcF_azJvI3Vm9nQzKIu2ojz9vVmebpR66mbWaAZH170mn5Je9pWqeA3SdTvhPJbS9oF8R2-dvnYqwkybqRt9z5L3yd40WSM2NIXTDnNWuQnYSKhDx4Nu9QGeQC8Exnj_UGjtNjhJTKINl9w3KFg28flUCFS0M14/s16000/ultimatum-John-Bull.JPG" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></div></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-27640529570773744062023-09-01T04:19:00.002-07:002023-09-22T05:11:29.602-07:00A cegueira do filósofo<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Frederico Hayek</span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0Z2Wc9ElFPKS7VD5Q-oEAeaU-yRX3YND2DXnym9t6cLiSolXg5Oot48Fq0hIsfUU_X4vfuAAwlRgoZuBYaHkqUN_NE9MXL4bQTp1eTaBUbI56vGXai6hp-0OeWdNlMc_7VVgfVpcjZGdFS5pTFG0nmmaxQJtFo_uZRhL_LKu4FTsZ24ECvy3baRiT-40/s1280/thumbnail_20200722182455_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="1220" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0Z2Wc9ElFPKS7VD5Q-oEAeaU-yRX3YND2DXnym9t6cLiSolXg5Oot48Fq0hIsfUU_X4vfuAAwlRgoZuBYaHkqUN_NE9MXL4bQTp1eTaBUbI56vGXai6hp-0OeWdNlMc_7VVgfVpcjZGdFS5pTFG0nmmaxQJtFo_uZRhL_LKu4FTsZ24ECvy3baRiT-40/w610-h640/thumbnail_20200722182455_00001.jpg" width="610" /></a></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Deve-se a
Aristóteles a elaboração conceptual e sistemática das categorias económicas. De
acordo com os étimos da palavra – “governo da casa” –, a economia é um “saber
doméstico” pois na “casa” se satisfazem as carências elementares dos homens: morar,
vestir e comer. Foi esse o saber que Aristóteles compendiou nos breves <i>Livros Económicos</i> e que, nas <i>Éticas</i> e na <i>Política</i>, ampliou à discussão do regime dos bens, à justificação da
propriedade e à definição das categorias do mercado e do dinheiro, das leis da
oferta e da procura e da distinção entre valor de uso e valor de troca. A
Aristóteles, mais ou menos declaradamente, é levado a recorrer todo o saber
economista sempre que tem de reflectir sobre as suas noções fundamentais, seja
ao transmiti-las em termos escolares ou pragmáticos, seja ao sujeitá-las à
discussão a que o obrigam as circunstâncias históricas, culturais ou
religiosas. [“Mais ou menos declaradamente”, dizemos no texto: Um exemplo: é
logo no 1.º capítulo da sua <i>Riqueza das
Nações</i> que A. Smith estabelece a distinção entre valor de uso e valor de
troca, aliás na sequência de todo o saber tradicional, mas sem aludir à origem
aristotélica da distinção. É com a mesma distinção que K. Marx abre a sua “crítica
da economia política”, mas tendo o cuidado de anotar que ela se deve a
Aristóteles. Vivia-se, então, uma época em que, nos meios mais cultos, a referência
a Aristóteles era o que havia de mais suspeito. Em vida de A. Smith, o Marquês
de Pombal decretava, entre nós, que a filosofia de Aristóteles era "abominável". Compreende-se, portanto, a prudência de A. Smith e compreende-se
também que K. Marx, apostado em repudiar a “economia política”, não tenha
deixado de lembrar a origem de uma distinção que constitui o seu ponto de
partida]».<o:p></o:p></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/08/teoria-do-dinheiro-i.html">Orlando Vitorino</a>
(«Refutação da Filosofia Triunfante»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Parece
também terem sido os gregos, e especialmente os filósofos estóicos com as suas
concepções cosmopolitas, os primeiros a formular a tradição moral que os
romanos propagariam mais tarde no seu Império. Esta tradição gerou forte
resistência, como já sabemos e voltaremos a ver repetidamente. Na Grécia foram,
com certeza, sobretudo os espartanos quem ofereceu maior resistência à
revolução comercial, recusando a propriedade individual, mas permitindo e até
encorajando o roubo. Chegaram até nós como o protótipo de selvagens que
rejeitaram a civilização (para apreciações representativas do século XVIII
acerca deles, ver o Dr. Samuel Johnson na obra de Boswell <i>The Life of Samuel Johnson </i>ou o ensaio de Friedrich Schiller <i>Über die Gesetzgebung des Lykurgos und Solon</i>.
Já em <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/09/platao-i.html">Platão</a> e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/12/a-vida-de-aristoteles-segundo-diogenes.html">Aristóteles</a>, deparamos, no entanto, com um anseio nostálgico de
retorno à prática espartana e esse anseio persiste até hoje. É um anelo para
uma microordem regulada pela visão panorâmica de uma autoridade omnisciente.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>É verdade
que, durante algum tempo, as grandes comunidades mercantis que tinham crescido
no Mediterrâneo foram protegidas, de modo esporádico, de saqueadores pelos
romanos de índole ainda mais marcial que, como Cícero nos conta, conseguiram
dominar a região submetendo os centros comerciais mais avançados de Corinto e
Cartago que tinham sacrificado a perícia militar à "<i>mercandi et navigandi cupiditas"</i> ("à cupidez de mercadores e navegadores")
(<i>De re publica</i>, 2, 7-10). Mas,
durante os últimos anos da República e os primeiros séculos do Império,
governada por um Senado cujos membros tinham grandes interesses comerciais,
Roma deu ao mundo o protótipo do direito privado assente na concepção mais
absoluta de propriedade exclusiva. O declínio e colapso final desta primeira
ordem alargada deu-se depois de a administração central em Roma se sobrepor ao
empreendimento livre. Esta sequência repetiu-se uma e outra vez: a civilização
pode alastrar-se, mas não avançará muito mais sob um governo que assume a
direcção dos assuntos correntes dos seus cidadãos. Dir-se-ia que nenhuma
civilização avançada se desenvolveu até agora na ausência de um governo que
assuma como seu propósito essencial a protecção da propriedade privada e que a ulterior
evolução e crescimento a que deu origem foi, repetidamente, bloqueada por um
governo “forte”. Governos suficientemente fortes para proteger os indivíduos
contra a violência dos seus semelhantes tornam possível a evolução de uma ordem
crescentemente complexa de cooperação espontânea e voluntária. Cedo ou tarde,
todavia, acabam por abusar desse poder e suprimir a liberdade que anteriormente
garantiram para impor a sua presumida superior sabedoria e não permitir que as "instituições sociais se desenvolvam de modo casual", para adoptar uma
expressão característica que se encontra no verbete “engenharia social” do <i>Fontana/Harper Dictionary of Modern Thought</i>
(1977).<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Se o
declínio romano não pôs termo aos processos de evolução na Europa, começos
similares na Ásia (e posteriormente de forma independente na Mesoamérica) foram
travados por governos poderosos (similares, mas excedendo o poder dos sistemas
feudais na Europa) que de forma também eficaz suprimiram a iniciativa privada.
No mais notável desses sistemas, a China imperial, grandes avanços civilizacionais
e de tecnologia industrial sofisticada ocorreram durante sucessivas “épocas de
desordem” quando o controlo governamental enfraquecia temporariamente. Mas essas
rebeliões ou desvios eram regularmente suprimidos pelo poder de um estado
empenhado na preservação literal da ordem tradicional (J. Needham, 1954).<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O mesmo é
bem exemplificado pelo Egipto, onde dispomos de muito boa informação acerca do
papel desempenhado pela propriedade privada no crescimento inicial desta grande
civilização. No seu estudo das instituições e do direito privado egípcios,
Jacques Pirenne descreve o carácter essencialmente individualista da lei da Terceira Dinastia quando a
propriedade era “individual e inviolável, na posse total do proprietário”
(Pirenne, 1934: II, 338-339), mas assinala o início da sua decadência logo na
Quinta Dinastia. Isto conduziu ao socialismo de estado da Décima Oitava
Dinastia, descrito noutro trabalho francês publicado no mesmo ano (Dairaines,
1934), que prevaleceu nos dois mil anos seguintes, explicando em boa parte a
estagnação da civilização egípcia durante esse período.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Quanto ao renascimento
da civilização europeia no final da Idade Média pode dizer-se, de igual modo,
que a expansão do capitalismo e da civilização europeia têm na anarquia
política as suas origens e <i>raison d’être</i>.
(Baechler, 1975: 77). Não foi sob a alçada de governos mais poderosos, mas nas
cidades da Itália do Renascimento, do Sul da Alemanha e dos Países Baixos e, por
fim, na Inglaterra sem uma máquina governativa pesada, isto é, sob o domínio da
burguesia em vez de guerreiros, que cresceu a moderna industrialização. A
protecção da propriedade exclusiva, não a determinação do seu uso pelo governo,
lançou as bases para o crescimento de uma densa rede de troca de serviços que
deu forma à ordem alargada.</span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl31-dB_6YUqXBYrp-w-RnDTRq_Gk-oheEKDR9dxkVl3jYipteOFZEkuqqZLcJ1iN2GDD28jkXOv0oK1lgscc5qiZoN6euEHw_29CIAjlcxDQnqH0MwLuOcy4N57THxwUL7tNKY9s7mZw6oBG6hTg6p5e0Nwnuxcei_ZyTZ-dEKetTaPcGNwiXNza2Z3U/s2704/20221223191336_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2704" data-original-width="1785" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl31-dB_6YUqXBYrp-w-RnDTRq_Gk-oheEKDR9dxkVl3jYipteOFZEkuqqZLcJ1iN2GDD28jkXOv0oK1lgscc5qiZoN6euEHw_29CIAjlcxDQnqH0MwLuOcy4N57THxwUL7tNKY9s7mZw6oBG6hTg6p5e0Nwnuxcei_ZyTZ-dEKetTaPcGNwiXNza2Z3U/w422-h640/20221223191336_00001.jpg" width="422" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Nada é mais
enganador, portanto, do que as fórmulas convencionais de historiadores que
apresentam o estabelecimento de um estado poderoso como o culminar da evolução
cultural quando, frequentemente, marcou o seu fim. Neste particular, os estudiosos
das épocas históricas mais antigas deixaram-se impressionar em demasia e foram
largamente induzidos em erro por monumentos e documentos deixados pelos
detentores do poder político, enquanto os verdadeiros construtores da ordem
alargada, que por via de regra criaram a riqueza que tornou possíveis os
monumentos, deixaram testemunhos menos tangíveis e ostentatórios das suas
realizações.»</span><o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-caminho-para-servidao-i_08.html">Friedrich A. Hayek</a> («Arrogância Fatal: Os Erros do Socialismo»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A cidade é
uma criação da natureza.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Aristóteles
(«Política»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Na
história primitiva da Grécia encontramos, de qualquer modo, a importante
instituição do <i>xenos</i>, o
amigo-convidado, que garante a entrada individual e protecção em território
estrangeiro. O comércio deve ter-se, de facto, desenvolvido com base em relações
marcadamente pessoais, mesmo que a aristocracia guerreira o tenha disfarçado
como mera troca mútua de presentes. Não apenas os ricos tinham capacidade para
acolher os membros de certas famílias noutras regiões: tais relações também
podiam enriquecer quem proporcionasse canais para satisfação de necessidades
importantes das suas comunidades. O <i>xenos</i>
em Pilos e Esparta a quem se dirige Telémaco para se informar do regresso do “seu
bem viajado pai Odisseu” (I, 93/94) era provavelmente um parceiro comercial que se tornara
rei graças à sua riqueza.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Essas
oportunidades acrescidas para trato vantajoso com forasteiros contribuíram certamente para acentuar o afastamento para com a solidariedade, propósitos
comuns e colectivismo dos pequenos grupos originais. Seja como for, alguns
indivíduos romperam com – ou foram libertos – a tutela e obrigações da pequena
comunidade, e começaram não somente a fundar novas comunidades como, ainda, a
lançar os fundamentos para uma rede de ligações com membros de outras
comunidades, que, por fim, através de infinitos desdobramentos e ramificações,
cobriu todo o globo. Esses indivíduos contribuíram, ainda que de forma inconsciente e não intencional, para a construção de uma ordem mais
complexa e alargada – uma ordem muito para além do seu próprio alcance e dos
seus contemporâneos.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Para criar
essa ordem, tais indivíduos tinham de ser capazes de usar informação para
propósitos que apenas eles conheciam. Não o poderiam ter feito sem aproveitar
certos costumes, como o do <i>xenos</i>, partilhado com grupos distantes. Esses costumes
teriam de ser partilhados, mas o conhecimento específico e propósitos dos
diversos indivíduos podiam variar e assentar em informação privilegiada. Isso,
por sua vez, teria estimulado a iniciativa individual.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Só um
indivíduo, e não o seu grupo, podia obter a entrada pacífica em território
estrangeiro e, consequentemente, adquirir conhecimento não acessível aos seus
conterrâneos. O comércio não podia assentar num conhecimento colectivo; apenas
num conhecimento próprio individual.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Apenas o reconhecimento crescente da propriedade exclusiva poderia ter possibilitado tal
uso da iniciativa individual. Os navegantes e outros comerciantes eram
motivados pelo ganho pessoal, mas, em breve, a riqueza e o modo de vida da população em crescimento das suas cidades natais, resultante da busca do ganho comercial
e não da produção, só seria sustentável graças à sua persistência na descoberta
de novas oportunidades.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Para que o
que acabámos de escrever não seja mal interpretado, cumpre lembrar que a <i>razão</i>
pela qual os homens adoptam determinado novo costume ou inovação é de importância secundária. O mais importante é que para um costume ser preservado
se exigem dois pré-requisitos distintos. Primeiro, devem ter existido certas condições
que tornaram possível a preservação ao longo das gerações de determinados
costumes cujos benefícios não foram necessariamente compreendidos ou apreciados.
Em segundo lugar, para manter tais costumes devem ter sido adquiridas vantagens
particulares por esses grupos, permitindo, por isso, a sua expansão mais rápida
em relação a outros e, por fim, a superação ou absorção de quem não possuísse
costumes similares.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/frederico-hayek-em-lisboa-i_22.html">Friedrich A. Hayek</a> («Arrogância Fatal: Os Erros do Socialismo»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJ0bo1CbZ8QVeF2yHwk3dwH_kWOVUl-k3uQNic3oVmLhHjQNFq1fNLr6x0etgFP4JAUlgjLkkFofbPYD5ZwPJdoai_TEWI9SFnvlOjEN5ZIi9Q4AIXC-McQfvMdOO0IS8PSd0ECVGvMDZYmPq6eFYqaEetxdj-sGswYTvmg22S1O1JihnakkuRlEusG44/s640/Refuta%C3%A7%C3%A3o...-001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="403" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJ0bo1CbZ8QVeF2yHwk3dwH_kWOVUl-k3uQNic3oVmLhHjQNFq1fNLr6x0etgFP4JAUlgjLkkFofbPYD5ZwPJdoai_TEWI9SFnvlOjEN5ZIi9Q4AIXC-McQfvMdOO0IS8PSd0ECVGvMDZYmPq6eFYqaEetxdj-sGswYTvmg22S1O1JihnakkuRlEusG44/s16000/Refuta%C3%A7%C3%A3o...-001%20(1).jpg" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«As “rebeliões
dos pobres” são um fenómeno cíclico na história e ressurgem sempre que uma
revivescência, como a que o industrialismo trouxe, das imagens míticas da idade
de ouro, do paraíso terrestre ou das núpcias do céu e da terra, coincide com uma
situação de miséria mais patente e de agregação das populações como a que o
industrialismo também suscitou. Sempre
fazem elas emergir a desesperada convicção de que a existência de ricos constitui
o único obstáculo à abundância para todos e sempre acompanhadas do propósito de
abolir a propriedade – propósito que já Aristóteles diz suscitar grandes
entusiasmos – e da elaboração de leis e reformas agrárias como as do espartano
Licurgo e dos romanos Gracos.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O estado de
pobreza, como o de riqueza, são estados particulares e concretos dos quais a
experiência, ou “o saber só de experiência feito”, é o positivo mas unilateral
saber que possuem aqueles que, como a generalidade dos pobres e dos ricos, não
exercem o pensamento que, para lá da experiência, ascende a um saber global.
Limitadas à experiência, a pobreza e a riqueza são imagens que oscilam entre a
caridade da sacristia paroquial e a filantropia da retórica revolucionária, imagens que inibem os homens de associar, por exemplo, a riqueza à fortuna, que
é composta de dons, e a pobreza à sensação de uma carência que é também uma
dádiva, como quando se fala dos “pobres de espírito” que são, não os
carecentes, mas os insaciáveis de espírito. <o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Em termos
mais comuns, mais do domínio da vulgar sociologia, lembraremos como até o
campeão materialista do industrialismo, o próprio Marx, observava que “as
classes não se demarcam pelo tamanho do porta-moedas” ou como é impossível
assinalar os limites onde a pobreza acaba e começa a riqueza. Ver-se-á mais
adiante como os gregos, ao falarem de fortuna em vez de riqueza, nela abrangiam
numerosas virtudes e dons que nada têm a ver com o “porta-moedas”: a fortaleza,
a generosidade, o sentido da convivência, a dedicação à comunidade, etc. Por
sua vez, a pobreza, na projecção social do que se implica em “pobreza de
espírito”, não é tanto um estado de carência sem meios de a satisfazer como um
estado de apetência que se pode viver de muitos modos. A distinção entre pobres
e ricos cobre, portanto, uma distinção mais radical e profunda, e a sua limitação
à penúria e à abundância de bens tem, entre outras consequências, a de impedir
a realização da justiça.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Até nos
mais vulgares cálculos económicos é evidente que o valor da produção da grande
maioria dos homens está longe de equivaler aos benefícios – meios de subsistência,
meios de ociosidade, meios de civilização – que recebem em troca do que
produzem, o que tão verdadeiro é para o que recebe pouco como para o que recebe
muito. Mais significativa do que a diferença entre receber muito e receber
pouco, é a distância entre o valor do que se recebe e o valor do que se produz.
E uma vez que o primeiro é, em geral, superior ao segundo, tem de se concluir
que os homens dependem, nisso que recebem, de algum outro ou de alguma coisa,
não de si próprios; tem de se concluir que a maioria dos homens se encontra num
estado de inevitável e invencível dependência. Diremos que aquilo de que os
homens dependem é, em primeiro lugar, a fecundidade da natureza, em segundo
lugar, o conjunto dos meios de civilização e cultura que se acumularam ao longo
das gerações, e, finalmente, aquela minoria de homens que se dedicam a
actualizar e prolongar a cultura e a civilização, delas adquirem o saber e a
arte e nelas fazem participar activamente aqueles muitos que delas têm a
compreensão, embora não o saber, e também, esses passivamente, aqueles muitos mais
que, encerrados no humanismo estreito que as aglomerações urbanas favorecem,
vivem sem o sentido sequer da fecundidade da natureza, do valor da civilização
e cultura, da importância do saber e da arte. São estes os que engrossam as
multidões sempre irremediavelmente insatisfeitas, os que, por ignorarem aquilo
de que dependem nem disso terem o sentido, figuram o seu estado de dependência
como um estado de pobreza e isso de que dependem como a posse de bens. A sua
rebelião pode então apresentar-se como uma “rebelião dos pobres” e tomar por
fim destruir ou abolir a posse dos bens. O que, todavia, efectivamente visam é
a destruição da natureza e da cultura, e isso explica que nenhuma “rebelião dos
pobres” tenha sido levada até ao fim pois o seu fim seria, pelo menos, a
destruição da civilização à qual os “pobres” iniludivelmente pertencem, e dela
vivem. Ao aproximarem-se do triunfo, apercebem-se de como o seu triunfo é a sua
perdição e, sobre os inúmeros sofrimentos que causaram e padeceram, suspendem e
cessam a rebelião. Os únicos benefícios que de tantos males se poderão colher
são o instante de consciência ou de saber, que nos insatisfeitos aflorou, de
como a dependência faz parte da sua condição humana, o reconhecimento, que em
breve se abandonará, de como em ambas as hostes do conflito igualmente se juntaram
pobres e ricos, contraprova de que não é a pobreza e a riqueza de bens o que
está em jogo, e a consequente observação de como são ineficazes e inúteis as
ingénuas precauções políticas destinadas a evitar a rebelião sempre latente
por meio do enriquecimento dos pobres. [Admirável ficção poética das condições
propiciatórias das “rebeliões dos pobres”, é o episódio do “Velho do Restelo”
do Canto V de <i>Os Lusíadas</i>. Quando as
naus de Vasco de Gama abrem as velas para uma das mais fecundas “descobertas”
de que toda a humanidade beneficiou, um Velho ergue a sua voz dentre as “massas”
que se aglomeram em terra e, falando “com um saber só de experiência feito”,
insurge-se contra quem “tanto privou” da “idade de ouro” os homens, invectiva
tudo o que seja “glória” e “fama”, “nomes com que o povo néscio se engana”,
condena toda a acção que é guiada pela “honra”, que afronta “os perigos e as
mortes” e que “consome as fazendas”]».<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/08/teoria-do-dinheiro-ii.html">Orlando Vitorino</a> («Refutação da
Filosofia Triunfante»).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBZTffbzL4_oXXvnQxvFFqE7Wg7di0B3x5sAveavfjVV7bymhVIeDevlCwNXZz5yVIgZ9d3fh7VS-x4d2UGvhJWyWNpWH8HlNGJlXjw7wv2Lhqh4vXAZ9ebfBhP3p1tMBVAEhwL0DlrwaQV9OqV3WEwp-BXKvifTR3eGCS6DqRhDqGXgu6SF1-hA89L38/s480/Orlando%20Vitorino%20(2).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="316" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBZTffbzL4_oXXvnQxvFFqE7Wg7di0B3x5sAveavfjVV7bymhVIeDevlCwNXZz5yVIgZ9d3fh7VS-x4d2UGvhJWyWNpWH8HlNGJlXjw7wv2Lhqh4vXAZ9ebfBhP3p1tMBVAEhwL0DlrwaQV9OqV3WEwp-BXKvifTR3eGCS6DqRhDqGXgu6SF1-hA89L38/s16000/Orlando%20Vitorino%20(2).jpg" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A despeito
da cegueira de Aristóteles quanto à importância do comércio e de carecer de
qualquer compreensão da evolução, o seu pensamento, a partir do momento em que
foi incorporado no sistema de Tomás de Aquino, fundamentou a orientação
anticomercial da Igreja medieval e do início da era moderna e só bastante mais
tarde, sobretudo entre os pensadores franceses dos séculos XVII e XVIII,
tiveram lugar diversos desenvolvimentos importantes que, em conjunto, começaram
a desafiar efectivamente os valores fulcrais e as instituições da ordem
alargada.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O primeiro
desses desenvolvimentos foi a importância crescente, associada ao progresso da
ciência moderna, de uma forma particular de racionalismo a que chamo “construtivismo”
ou “cientismo” (a partir do francês), destinada nos séculos seguintes a
prevalecer de modo absoluto em todas as análises sérias acerca da razão e do
seu papel nos assuntos humanos. Esta forma específica de racionalismo foi o
ponto de partida das investigações que levei a cabo nos últimos 60 anos,
visando demonstrar que é sumamente falaciosa ao sustentar uma teoria falsa da
ciência e da racionalidade, <i>abusiva</i>
da razão, e, mais importante ainda, conduzindo invariavelmente a uma interpretação
errónea da natureza e da aparição das instituições humanas. Essa interpretação
acaba por levar os moralistas, <i>em nome da
razão</i> e dos mais altos valores de civilização, a bajular os que foram relativamente
malsucedidos e a incitar as gentes a satisfazerem os seus desejos primitivos.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Herdeira no
período de René Descartes, esta forma de racionalismo não só descarta a
tradição como alega, ademais, que a razão pura pode, por si só, satisfazer os
nossos desejos sem qualquer intermediação, sendo capaz de construir um mundo
novo, uma nova moral, um direito novo e, inclusivamente, uma nova e mais pura
língua. A teoria é redondamente falsa (ver também Popper, 1934/1959, e
1945/66), mas ainda domina o pensamento de muitos cientistas e, também, de grande
número de literatos, artistas e intelectuais.»</span><span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/frederico-hayek-em-lisboa-ii_23.html">Friedrich A. Hayek</a> («Arrogância Fatal: Os Erros do Socialismo»).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Infelizmente,
não há fome de saber como há fome de alimentos, e ao contrário do esfomeado que
até ao último alento ainda procura a nutrição, o ignorante contenta-se a si
mesmo com a sua ignorância, revê-se nela, ostenta-a vazio e orgulhoso e
impõe-na a todo o mundo. Transitando imediatamente do estado natural em que
nasce para o estado teocrático em que vive, o homem está já arriscado, se não já
condenado, a não mais encontrar motivo para abandonar a ignorância.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Com o repúdio
do saber, repudia-se a verdade, pois o saber é sempre saber a verdade. E
perdida a relação com a verdade, perde-se a relação com todos os princípios.
Impedido do exercício da liberdade e do reconhecimento da justiça, o homem
ainda pode manter-se incólume na individuação que directamente radica no absoluto.
Mas perdida a verdade, nada se mantém: nem “as mais elevadas e nobres
propriedades do homem”, nem as virtudes éticas, nem a capacidade de pensar.
Como na desolação de um campo que as fúrias saturninas devastaram, tudo são
vias abertas aos “vícios do homem”, de que fala Malthus, à “sedição e ao crime”,
de que fala Aristóteles, à “tirania dos homens demasiado envilecidos”, que é a teocracia
sem Deus. E os vestígios que ainda restam do direito, apenas estarão sendo,
agora, os contentores da catástrofe final.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Assim
atingirá o homem o abismo até onde o levaram uma certa concepção da vontade,
que negou o primado do pensamento, uma certa concepção da matéria, que repudiou
a transcendência, e uma certa concepção da verdade, que negou a realidade do
espírito.»</span><span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/07/suaves-cavaleiros.html">Orlando Vitorino</a> («Refutação da Filosofia Triunfante»).</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_bPr88i9FYbnsyadJacksBolSnIf1yXtIgXPsSo6ExYv7XuM-NcXiSYRN83st1fVQshS1vjmNUrUmWjAM2Aj6KEWBXg4bF1kJB-svOcDVCHfbcI7B09VceR_x_EvzGz7lDooHHZtDUW7eH9XU5rWSmn1bpzHepVtwSwkQiCEB0fGZJKN7JqyT6X8PGC0/s622/20151107172124_00002.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="622" data-original-width="449" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_bPr88i9FYbnsyadJacksBolSnIf1yXtIgXPsSo6ExYv7XuM-NcXiSYRN83st1fVQshS1vjmNUrUmWjAM2Aj6KEWBXg4bF1kJB-svOcDVCHfbcI7B09VceR_x_EvzGz7lDooHHZtDUW7eH9XU5rWSmn1bpzHepVtwSwkQiCEB0fGZJKN7JqyT6X8PGC0/s16000/20151107172124_00002.jpg" /></a></div><div><br /></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">«A
representação não é, para os aristotélicos, apenas modificação dos estados de
consciência. O ideísmo, o subjectivismo e o individualismo dos pensadores “modernos”,
de Descartes a Kant, são nítidas tentativas de oposição àquela solidariedade
biológica e cosmológica, digamos assim, que dá significação à palavra <i>Universo</i>. As categorias de Aristóteles
relacionam a psicologia com a cosmologia. A alma interior é a <i>forma</i> do corpo exterior. O que
observamos nos outros viventes, observamo-lo também nos homens. O pensamento
aristotélico está muito longe de uma antropologia que, como a platónica, tende
a admitir a alma sem corpo, a completa desencarnação. O pensamento aristotélico
está muito perto do que mais tarde se chamou <i>evolucionismo</i>, doutrina que se supõe demonstrar com argumentos das
ciências de observação uma tese implícita nas superiores tradições religiosas.
A ascensão do homem pela escala zoológica, se for provada por argumentos
paleológicos, comprovará o cativeiro e a remissão, a queda resultante do pecado
original – o que é muito diferente daquele evolucionismo que outrora foi
divulgado para negar o criacionismo do <i>Génesis</i>.<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">O
evolucionismo é uma doutrina mediadora que deixa insolutos os problemas do
princípio e do fim. Vale, porém, pelo estímulo teleológico, pelo ímpeto que
explica o movimento. Se o intelecto humano, no dizer do autor da <i>Psicologia</i>, é activo e passivo, e se
consequentemente não pode pensar sem representação, nada obsta a que,
transformando em imaginação a fantasia, a existência actual se transforme em
essência possível. Todo o psicodinamismo tem de ser revisto depois de apuradas
as noções de <i>acto</i> e <i>potência</i>, já que neste esquema os
intérpretes procederam a uma confusão análoga à de <i>forma</i> com <i>figura</i>,
esquecendo que a matéria corresponde ao feito, ao perfeito, à perfeição.<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Não nos é
lícito interpretar o aristotelismo em termos de mecanismo, porque contra tal
interpretação conspiram a letra e o espírito das obras de Aristóteles. Vemos,
aliás, que na <i>Física</i> de Aristóteles
se passa da dinâmica para a cinemática, e da cinemática para a estática, em
gradação ascendente da Terra para o Céu, ao contrário da mecânica ensinada nos
tempos modernos. O ideal “moderno” da física parece ter sido contrariado pela
classificação dos movimentos, das forças e das energias que figura na obra
aristotélica; mas no nosso tempo, em que os fenómenos magnéticos, eléctricos e
luminosos por sua vez contrariam o determinismo mecanista e materialista, já os
esquemas aristotélicos ressurgem para cingirem, melhor do que os outros, a
onda, a emissão e a explosão que configuram os principais fenómenos físicos. Se
o fenómeno nos é descrito por uma série de fases, entre a aparição e a
aparência se restabelece um nexo lógico que permite a inteligibilidade do
universo. Não houve revolução a Aristóteles, no decurso dos séculos XIX e XX,
porque <i>revolução</i> significa
revolvimento, retorno, regresso. Houve, sim, o reconhecimento de um modo perene
de filosofar, e portanto a possibilidade de ver na mesma enciclopédia o
progresso das ciências filosóficas.»<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/09/aristoteles-e-tradicao-portuguesa-i.html">Álvaro Ribeiro</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/09/aristoteles-e-tradicao-portuguesa-ii.html">«Aristóteles e a Tradição Portuguesa»</a>).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">«Para o
desenvolvimento espiritual do homem qual será a prioridade mais importante?
Será a da natureza, berço da forma humana e de toda a sensibilidade que por
destino de génese lhe é inerente, ou será a da lógica matemática que abstrai da
natureza simplificando as coisas em ideias gerais, e que nos faz nessa
simplificação, acreditar que penetramos nas substâncias de que essas coisas são
feitas? Quanto mais gerais são as ideias mais abstracto e vazio é o grau da sua
realização mental, mais rarefeita a sustentação da nossa dialéctica. As ideias
gerais são o conceber, e só existem enquanto conceitos, na medida rítmica do
nosso pessoal entendimento. Não existem em profundidade para a abstracção pura,
mas apenas nesta podem ser teorizadas, como virtualidade subjectiva. A
intervenção matemática interfere artificialmente com a génese natural das
coisas físicas, porque o seu momento lógico de aplicação não será o do tempo,
como instante ôntico do movimento, mas o da ocasião útil entendível, dentro da
ordem externa da sucessividade. Assim conclui sabiamente o Estagirita que “as
coisas matemáticas que não estão separadas, pensamo-las no entanto em separado
quando as temos em mente”. Há sempre pois um não esclarecido ponto cego de
esvaziamento ontológico, que só a lógica natural pode evitar, porque sustenta a
transmissão permanente desse vínculo em que o ser diz e se predica, superando
as distorções extensivas do pensamento matemático.»<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">
</span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Luís
Furtado (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/02/do-conceber-para-o-lugar-do-conceber.html">«Do Conceber para o Lugar do Conceber. Ensaio de Hipotipose»</a>).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">«A atenção
à multiplicidade exige por método lógico a indução. A metodologia científica de
Aristóteles é fundamentalmente indutivista. Posto que a indução perfeita só
seria possível depois da colecção perfeita, enuncia-se o problema lógico não já
com palavras da experiência mas com palavras de razão. O processo indutivo
parece não legitimar a certeza e a verdade, pelo que terá apenas valor
provisório enquanto um processo superior não o converter por necessidade. Nesta
crítica, muitas vezes feita, ao raciocínio indutivo se abre atalho para
contradizer o pensamento de Aristóteles.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">A indução
tem por fim o conceito. Induzir para conceber. Considerados no <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/o-intelecto-e-inteleccao.html">intelecto</a> humano
os aspectos passivo e activo, nada nos custa a entender a fecunda passividade
do intelecto perante o que é móvel, múltiplo, contingente. De repetirmos a
mesma operação intelectual, tantas vezes quantas as requeridas, nos surge
gratuitamente o conceito que merecíamos em prémio da nossa fadiga.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Se, pelo
contrário, julgarmos que a indução tem por fim o juízo, a relação ou lei,
desvirtuaremos o significado da palavra inferência, cairemos fora da lógica
aristotélica. A lógica do conceito é uma lógica realista. Os nominalistas e os
terministas, imitando a abstracção matemática, deram ao problema dos universais
uma solução que prepara a falácia do idealismo, e serviram assim o engenho de
análise mortífera e de uniformidade industrial que lacera, em vez de redimir, a
Natureza.»<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">
</span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2021/10/os-escritores-falam-do-que-escrevem.html">Álvaro Ribeiro</a> («Aristóteles e a Tradição Portuguesa»).</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxmFRuZBZIpRDXtbA6rzQheaz7BoSu456bXyhFOpQ8P_JRi13ogRF2xdzGTmM9OGqdL5meh-UwtIaCC2KAT9q-_ZDqwEKJ4nGKLX01fyeR29K71dh7pEldUmPWzRLidZ0WA003ATbygYNmrg3JZLApY0caL8M-QiAocCJDCrI6h5csxKOm6oKVgKtXMaI/s273/aristoteles%20(1).gif" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="84" data-original-width="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxmFRuZBZIpRDXtbA6rzQheaz7BoSu456bXyhFOpQ8P_JRi13ogRF2xdzGTmM9OGqdL5meh-UwtIaCC2KAT9q-_ZDqwEKJ4nGKLX01fyeR29K71dh7pEldUmPWzRLidZ0WA003ATbygYNmrg3JZLApY0caL8M-QiAocCJDCrI6h5csxKOm6oKVgKtXMaI/s16000/aristoteles%20(1).gif" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRvC0JWxwzIQ9Z1CPpQ_VzU5JFR1X5CA_Q5zqqHOxskk1OfOg0ExY35FB1lbAk96K5euu9i4MU1Q_Jqcf7qD7VLE8hLlg90vkMLezQbersNAsm9X-tvJDjLJ5eO1zbBQLhSjdkFl3hr6vk4xNaabmglcYESjOdAvX-AULluNu5b8vwkOJxIjGpEi635Kk/s500/Aristotle.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="334" data-original-width="500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRvC0JWxwzIQ9Z1CPpQ_VzU5JFR1X5CA_Q5zqqHOxskk1OfOg0ExY35FB1lbAk96K5euu9i4MU1Q_Jqcf7qD7VLE8hLlg90vkMLezQbersNAsm9X-tvJDjLJ5eO1zbBQLhSjdkFl3hr6vk4xNaabmglcYESjOdAvX-AULluNu5b8vwkOJxIjGpEi635Kk/s16000/Aristotle.jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p></p><p style="text-align: center;"><b><span style="color: #351c75; font-family: times; font-size: x-large;">A cegueira do filósofo</span></b></p><p style="text-align: center;"><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quão pouco
a riqueza dos principais centros de comércio gregos, especialmente de Atenas e
mais tarde de Corinto, foi o resultado de uma política governamental
deliberada, e quão pouco a verdadeira fonte dessa prosperidade foi
compreendida, talvez seja melhor ilustrado pela total incompreensão de
Aristóteles da ordem de mercado avançada em que viveu. Ainda que, por vezes,
ele seja citado como o primeiro economista, limitou-se a abordar como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">oikonomia</i> a gestão de uma casa ou, no
máximo, de uma empresa familiar como uma quinta. Em relação às iniciativas
aquisitivas do mercado, cujo estudo denominou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">chrematistika</i>, manifestava apenas desprezo. Embora a vida dos
atenienses seus contemporâneos dependesse do comércio cerealífero com países
distantes, a sua ordem ideal era ainda a auto-suficiência, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">autarkos</i>. Celebrado como biólogo, Aristóteles não tinha qualquer
percepção de dois aspectos cruciais da formação de qualquer estrutura complexa,
nomeadamente, a evolução e a autoformação da ordem. Como Ernst Mayr (1982: 306)
indica: «A ideia de que o universo pudesse desenvolver-se a partir de um caos
original ou de que fosse possível organismos superiores evoluírem a partir de
inferiores, era em absoluto alheia ao pensamento de Aristóteles. Reiterando,
Aristóteles opunha-se a qualquer tipo de evolução.» Ele parece não se ter
apercebido do sentido de «natureza» (ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">physis</i>)
ao descrever o processo de crescimento (...) e parece também desconhecer
diversas distinções entre ordens autogeradas familiares aos filósofos
pré-socráticos, como a diferença entre um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">kosmos</i>
de crescimento espontâneo e uma ordem deliberadamente organizada, como um
exército, que pensadores anteriores denominavam <i style="mso-bidi-font-style: normal;">taxis </i>(Hayek, 1973: 37). Para Aristóteles, toda a ordem das
actividades humanas era <i style="mso-bidi-font-style: normal;">taxis</i>,
resultando da organização propositada<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>por uma mente sistematizadora da acção individual. Como vimos
anteriormente (capítulo I), afirmou de forma expressa que a ordem só poderia
ser atingida num espaço suficientemente pequeno para se ouvir o pregão do
arauto, um local facilmente esquadrinhável (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">eusynoptos</i>,
<i>Politeia</i>: 1326b e 1327a). «Um número excessivamente elevado», escreveu (1326a),
«não pode participar na ordem».<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Para
Aristóteles, somente as necessidades reconhecidas de uma população existente
ofereciam justificação natural ou legítima para o esforço económico. Considerava
a Humanidade e até a natureza como se sempre tivessem existido na forma actual.
Esta visão estática excluía uma concepção de evolução e impedia-o de
interrogar-se sequer acerca do aparecimento das instituições existentes. Nunca
lhe ocorreu que a maioria das comunidades existentes e certamente a maior parte
dos atenienses seus contemporâneos nunca teriam visto a luz do dia se os seus
antepassados se tivessem contentado com a mera satisfação de necessidades
imediatas. O processo experimental da adaptação a mudanças inesperadas
obedecendo a regras abstractas que, quando bem-sucedido, resulta num aumento
numérico e na formação de padrões regulares, era-lhe, igualmente, alheio.
Aristóteles estabeleceu também o padrão para uma visão da teoria ética que
ignora as pistas disponibilizadas pela história acerca da utilidade das normas
e em que está totalmente ausente a análise da utilidade económica – dado que o
teorizador ignora os problemas cujas soluções podem encontrar-se nessas normas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-tcx6rCbhDNJOPIAepfK3gymQ7wcYSI2uDWObdDmlK0044oHMPcCIuuziYWkiDgAwEKt3DjqbdWfBXbRsAFAjhVVUqBltc2GUyNoxMBJ7BT336A7GsGLyEh6t-cq58tm5S8xY1X09ibDtzg9o5qcIm9og5NoqwfAwfqtHyKMjbut9Zv8M6P6kOo0C0eA/s800/2741005-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-Our-moral-traditions-developed.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="800" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-tcx6rCbhDNJOPIAepfK3gymQ7wcYSI2uDWObdDmlK0044oHMPcCIuuziYWkiDgAwEKt3DjqbdWfBXbRsAFAjhVVUqBltc2GUyNoxMBJ7BT336A7GsGLyEh6t-cq58tm5S8xY1X09ibDtzg9o5qcIm9og5NoqwfAwfqtHyKMjbut9Zv8M6P6kOo0C0eA/w640-h360/2741005-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-Our-moral-traditions-developed.jpg" width="640" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Na medida
em que apenas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">actos em benefício de
outrem</i> eram, no entender de Aristóteles, moralmente aceitáveis, actos
exclusivamente em proveito próprio eram considerados maus. O facto de
considerações de índole comercial poderem não afectar o quotidiano de muitas
pessoas não significa, no entanto, que, considerando períodos mais latos, as
suas vidas excluam a dependência do comércio para satisfazer a compra de bens
essenciais. A produção visando um ganho, que Aristóteles denunciou como
antinatural, tinha-se tornado – muito antes do seu tempo – no fundamento de uma
ordem alargada, transcendendo em muito as necessidades conhecidas de outras
pessoas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Como sabemos
hoje em dia, o lucro funciona, na evolução da estrutura das actividades
humanas, como um sinal orientador no sentido da selecção do que seja mais proveitoso
para o homem; somente o que se revele mais lucrativo permitirá, em regra, alimentar
maior número de pessoas, dado que sacrifica menos do que aquilo que aporta. Isto
pelo menos, foi intuído por alguns gregos antes de Aristóteles. De facto, no
século V, portanto antes de Aristóteles, o primeiro historiador verdadeiramente
grande iniciou a sua <i style="mso-bidi-font-style: normal;">História da Guerra
do Peloponeso</i> com uma reflexão sobre os povos dos «tempos antigos», quando
«não havia qualquer troca comercial nem se misturavam sem medo essas gentes
entre si, nem por terra nem por mar, limitando-se cada um a cultivar, no terreno
onde estava, o bastante para viver, sem que obtivessem acumulação de riqueza
por não plantarem as terras com culturas permanentes», o que os levava a mudar
«de lugares e, por isso, não eram fortes nem na dimensão das cidades, nem em
quaisquer outros recursos» (Tucídides, Livro I, 1, 2). Aristóteles ignorou, não
obstante, esta visão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tivessem os
atenienses seguido o alvitre de Aristóteles – cego quer à economia, quer à
evolução –, a sua cidade rapidamente teria acabado reduzida a uma aldeia, pois a
visão da ordem humana partilhada pelo Estagirita levou-o a formular uma ética
apropriada apenas, e se tanto, a um estado estacionário. As suas doutrinas, no
entanto, viriam a dominar o pensamento filosófico e religioso nos dois milénios
subsequentes, apesar do facto de a maior parte dessas reflexões se ter
desenrolado numa ordem altamente dinâmica e em rápida expansão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">As repercussões
da sistematização por Aristóteles da moral da microordem foram ampliadas pela
adopção do pensamento aristotélico no século XIII por Tomás de Aquino, o que
resultou, posteriormente, na proclamação da ética aristotélica como a doutrina
praticamente oficial da Igreja Católica Romana. A atitude anticomercial da Igreja
medieval e moderna, condenando o lucro como usura, a sua doutrina do justo
preço e a atitude desdenhosa para com o ganho, é aristotélica de uma ponta à
outra.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOZARag6MtZ-7fMEVtRzu66d8DUt9u2Z441BuhOTnZnh0jAmhE23VmZh5v-7N03vUI5D6Tx_SJtkiJtT5iUli7V05E11gQhFxKaJVP_xB-orXY5i0pJ3QGqUFbhXVLPwTUoNsbgCRgasf8X6ujjuJ2GVOuwD3WcKqU0UkNfKaUVDqpSQEe6OB5QEvYgJk/s3840/2266394-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-Any-man-who-is-only-an-economist.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOZARag6MtZ-7fMEVtRzu66d8DUt9u2Z441BuhOTnZnh0jAmhE23VmZh5v-7N03vUI5D6Tx_SJtkiJtT5iUli7V05E11gQhFxKaJVP_xB-orXY5i0pJ3QGqUFbhXVLPwTUoNsbgCRgasf8X6ujjuJ2GVOuwD3WcKqU0UkNfKaUVDqpSQEe6OB5QEvYgJk/w640-h360/2266394-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-Any-man-who-is-only-an-economist.jpg" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">No século
XVIII, obviamente, a influência de Aristóteles nessas matérias, bem como
noutras, estava em declínio. David Hume observou que o mercado torna possível
«prestar um serviço a outrem sem comportar efectivamente uma gentileza para com
essa pessoa» (1739/1886: II, 296), desconhecendo inclusivamente a sua
identidade, ou mesmo agir «em vantagem pública ainda que tal não fosse o
propósito» (1739/1886: II, 296), numa ordem em que era do «interesse, até mesmo
de homem vis, agir para o bem público». Estas perspectivas levaram ao reconhecimento
do conceito de estrutura auto-organizada que se tornou desde então a base da
nossa compreensão de todas as ordens complexas que até aí surgiam como
milagres, obra exclusiva de certas versões super-humanas da nossa mente. Então,
começou a ser gradualmente compreendido como o mercado possibilita que cada
qual, no âmbito de determinados limites, faça uso do seu conhecimento pessoal para
propósitos particulares, ainda que ignorando a maior parte da ordem a que tem
de adequar os seus actos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A despeito
disso e ignorando em absoluto este imenso avanço, uma visão ainda marcada pelo
pensamento aristotélico, uma visão do mundo ingénua e infantilmente animista
(Piaget, 1929: 359), acabou por dominar a teoria social, sendo o fundamento do
pensamento socialista.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In Friedrich A. Hayek, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Arrogância
Fatal: Os Erros do Socialismo</i>, Guerra e Paz, 1.ª Edição, Novembro de 2022,
pp. 69-72).</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwbW3rhNpdPPLrc1GAiUnEPlQNHqTkqtgXpSSKOD9qZzni9qT6odeASLdecgHMr0UOC3usIaMCDNQpJVW7n-BcmtkgclcTNyuo0XSRYSUB1zO37bOsmWxDx2u-aGj1MGQL50NhtzUnx5pB9KOaVVNKC0IyXF-xcaOSyUW3UczF7XBaArKCoK3cJ00o6d8/s3840/2741013-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-There-is-in-a-competitive-society.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwbW3rhNpdPPLrc1GAiUnEPlQNHqTkqtgXpSSKOD9qZzni9qT6odeASLdecgHMr0UOC3usIaMCDNQpJVW7n-BcmtkgclcTNyuo0XSRYSUB1zO37bOsmWxDx2u-aGj1MGQL50NhtzUnx5pB9KOaVVNKC0IyXF-xcaOSyUW3UczF7XBaArKCoK3cJ00o6d8/w640-h360/2741013-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-There-is-in-a-competitive-society.jpg" width="640" /></a></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUo_o3in1EI2l7zf80xJf8ZyomhdNd_8S5l3IlI0JmBBKRFbrgZExtItK76Z9daLYXLqBHcEahLkRAblqcMZvM6nIt3snD3ZMtT5WVBQtovZJ8J03LW0X4mgtcsXnpBP80ZCrc2MEU1XoI39ozjF-GqmTwTXw73ltieQRt_Nt4bxlngIGeg2YEW4nwMU8/s486/6a00d8341bfb1653ef017ee8553eba970d-320wi.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="486" data-original-width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUo_o3in1EI2l7zf80xJf8ZyomhdNd_8S5l3IlI0JmBBKRFbrgZExtItK76Z9daLYXLqBHcEahLkRAblqcMZvM6nIt3snD3ZMtT5WVBQtovZJ8J03LW0X4mgtcsXnpBP80ZCrc2MEU1XoI39ozjF-GqmTwTXw73ltieQRt_Nt4bxlngIGeg2YEW4nwMU8/s16000/6a00d8341bfb1653ef017ee8553eba970d-320wi.png" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Ver <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-conflito-na-economia-contemporanea-i_26.html">aqui</a>, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-conflito-na-economia-contemporanea-ii_27.html">aqui</a>, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-conflito-na-economia-contemporanea_28.html">aqui</a> e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-conflito-na-economia-contemporanea-iv.html">aqui</a></span></b></td></tr></tbody></table><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo5TIamO_eHQTsJ9m_CwHUKS3NAFR3OnPFS_x4igIM1MylJ_q4ZkDqL3CEKk38JooVzW4Mjh_6Sb2SiTUjmqB44NbmUgsSOOE8Z7qLZXaRhednJfehUnKdqZ3zCZmVyRtDe6jLN70cxsvWW8OOYpVYyAMqhogR-pJUHSC4mBAfq8nfOi1rjGlCc1cN-8g/s3840/1906508-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-The-idea-of-social-justice-is.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2160" data-original-width="3840" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo5TIamO_eHQTsJ9m_CwHUKS3NAFR3OnPFS_x4igIM1MylJ_q4ZkDqL3CEKk38JooVzW4Mjh_6Sb2SiTUjmqB44NbmUgsSOOE8Z7qLZXaRhednJfehUnKdqZ3zCZmVyRtDe6jLN70cxsvWW8OOYpVYyAMqhogR-pJUHSC4mBAfq8nfOi1rjGlCc1cN-8g/w640-h360/1906508-Friedrich-August-von-Hayek-Quote-The-idea-of-social-justice-is.jpg" width="640" /></a></b></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b><p></p><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-37020982139240634842023-08-28T04:10:00.002-07:002023-08-28T04:13:40.034-07:00"O amor é uma realidade imaginária, e por isso mesmo dificilmente inteligível"<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Álvaro Ribeiro</span></b></p><p><br /></p><p><br /></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEHtkWkTrax4YteICIrnDX_1vXcSSpajQ086gVnKcBpvdsjTdH5pk1h97rX_yx7GDwSgNTNdVKi3XZ_UyziGehTsNneEuXB2JdHAHabmyIysG_Djmfa3958F4quPyBrwRpXJmxWLIaWro1mppua8SheEtO5vnhkVYXF58yNZ3NYlpteHOU12jiF_9gwD4/s1000/Expulsion_of_Adam_and_Eve_(Alexandre_Cabanel).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="758" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEHtkWkTrax4YteICIrnDX_1vXcSSpajQ086gVnKcBpvdsjTdH5pk1h97rX_yx7GDwSgNTNdVKi3XZ_UyziGehTsNneEuXB2JdHAHabmyIysG_Djmfa3958F4quPyBrwRpXJmxWLIaWro1mppua8SheEtO5vnhkVYXF58yNZ3NYlpteHOU12jiF_9gwD4/w485-h640/Expulsion_of_Adam_and_Eve_(Alexandre_Cabanel).jpg" width="485" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;"><i>Expulsão de Adão e Eva</i>, por Alexandre Cabanel.</span></b></td></tr></tbody></table><p><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/10/a-obra-monumental-de-pinharanda-gomes.html">Pinharanda Gomes</a> classifica-o entre os "gnósticos" no seu <i>Dicionário de Filosofia Portuguesa</i>. Há, com efeito, em Álvaro
Ribeiro o desgosto do mundo humano e a ideia de que a salvação vem pelo
conhecimento. Como, porém, o conhecimento é interpretado em analogia com “O
Homem <i>conheceu</i> a Mulher” do <i>Génesis</i>, o seu pensamento opõe-se a
todas as correntes gnósticas que põem como condição do aperfeiçoamento humano a
abstenção de relações sexuais ou a tolerância delas como um mal necessário,
segundo o ensino de São Paulo. Deste ponto de vista, Álvaro Ribeiro não é um “gnóstico”,
é um adversário da Gnose.</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Aquilo a
que podemos chamar a <i>baixa gnose</i> e
que perpetua degeneradamente o ensino de São Paulo, na impossibilidade de
reprimir o puro, natural, santo impulso do amor entre o homem e a mulher,
procedeu à sua conspurcação pelo cinema, pela imprensa, pela rádio, pela
televisão, pela pornografia, fingindo defendê-lo ao tornar patente e público o
que só é verdadeiramente pelo segredo e pela relação individual. A colectivização
do acto sexual constitui a última e aparentemente decisiva, julgam eles,
consagração da magia negra pelo <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/11/pela-republica-contra-o-socialismo.html">socialismo</a>. Compreende-se assim que o nome de
Álvaro Ribeiro seja silenciado e odiado à esquerda e à direita.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O amor
entre o homem e a mulher é, em primeiro plano, uma relação sem mácula de duas
naturezas. Pela palavra, a relação natural torna-se transparente do
sobrenatural. A sua socialização movimenta as palavras e as imagens obscenas
que atraem o que no sobrenatural constitui o mais baixo e reles demonismo. A
palavra é pelo pensamento como o acto é pela palavra. Só o pensamento, criando
as palavras da imaginação amorosa faz nascer o acto que eleva e redime. O
pensamento é, porém, como o filósofo diz, uma actividade invisível do espírito
cujo meio próprio é o segredo e o mistério.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Assim se
evidencia a íntima relação da filosofia com o amor. Pelo pensamento poderemos
viver o mistério que é o universo, o imenso universo de que o amor entre o
homem e a mulher assistido por Deus é a renovação miniaturial, mas infinita. O
perfeito amor é o que corresponde a uma perfeita filosofia e essa é a de Deus
que devemos procurar imitar.»<o:p></o:p></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/12/oaristica.html">António Telmo</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2014/03/a-ilha-do-amor-no-pensamento-de-alvaro.html">«A Ilha do Amor no Pensamento de Álvaro Ribeiro»</a>).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«As teses
da biografia íntima do pensador sublinham as posições da sua biografia
exterior. Se conseguirmos estabelecer esta relação sublimante, conseguiremos
apreciar a verdade concreta, a firmeza real das teses e do <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/05/ensaio-sobre-o-que-e-o-pensamento.html">pensamento</a>. Um
exemplo: Álvaro Ribeiro teve uma infância difícil que lhe tornou tormentosa a
transição à fala e para sempre lhe perturbou as capacidades de expressão oral.
Todavia, enunciou a tese oposta a esta posição e empenhou-se permanentemente em
afirmar e demonstrar que a fala é o mais elevado valor da natureza humana e a
expressão a garantia da realidade, ou da verdade, do pensamento. Escreve, sobre
esta tese, as melhores páginas que jamais se escreveram sobre a caracterização
da língua portuguesa, da língua francesa e da língua alemã, como línguas da
filosofia e, identificando a tradição com a pátria, enunciou a tese de que “a
tradição é a língua”, isto é, de que na língua se guardam os significados, os
conceitos e as ideias que, em suas sucessivas e múltiplas variantes, constituem
a riqueza de pensamento de um povo, constituem a própria pátria, porque <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/02/o-genio-nacional-filosofia-portuguesa-e_15.html">a pátria é uma entidade espiritual</a>.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Outra
posição de<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/03/um-filosofo-singular-alvaro-ribeiro.html"> Álvaro Ribeiro</a> foi a ausência de família, posição infeliz ou
negativa em que o pensador firmou a tese contrária: a de que na família reside
o elemento mais firme e fecundo da educação, não podendo nós esquecer que esta
tese, de âmbito à primeira vista limitado, se amplia na tese inspirada na ética
aristotélica, de que toda a filosofia é uma doutrina da educação ou uma teoria
do ensino.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Ainda outra
posição na biografia exterior de Álvaro Ribeiro, foi a da constante pobreza em
que toda a vida viveu e, por vezes, muito sofreu. Todavia, o pensador, em vez
de cair em qualquer <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/04/sistema-vigente-e-uma-oligarquia.html">vulgar preconização socialista da igual distribuição da riqueza</a>, antes afirmou a sua concordância com as teses do liberalismo chegando
até a enaltecer o positivismo – que doutrinariamente refutou – de Teófilo Braga
por haver contrariado, com êxito, o republicanismo sindicalista de figuras da
1.ª República que lhe estariam mais próximas – dele, Álvaro Ribeiro – como o
portuense Basílio Teles.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/04/o-que-convem-saber-hoje_3.html">Orlando Vitorino</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/02/as-teses-da-filosofia-de-alvaro-ribeiro.html">«As Teses da Filosofia de Álvaro Ribeiro»</a>).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlDWKOcwbPpOfPEf9_kO0-Ea0eoyk6-XVSjCBZVYQiSNJ4sYtydTODMVD5JBtctFOflxULbl9PQ2sUgLuMdgQgerqV6WDoQA3_dv7EcHQFaBdmAaFEBlJyFCPCzJP-G6ENrrDabnwJu9OTFG6PJwIYmjdksSni6BS6qiA_QdrID3FgHvMG6ZKfWlKSSjA/s480/Orlando%20Vitorino%20(2).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="316" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlDWKOcwbPpOfPEf9_kO0-Ea0eoyk6-XVSjCBZVYQiSNJ4sYtydTODMVD5JBtctFOflxULbl9PQ2sUgLuMdgQgerqV6WDoQA3_dv7EcHQFaBdmAaFEBlJyFCPCzJP-G6ENrrDabnwJu9OTFG6PJwIYmjdksSni6BS6qiA_QdrID3FgHvMG6ZKfWlKSSjA/s16000/Orlando%20Vitorino%20(2).jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Orlando Vitorino</span></b><br /><br /></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«O
liberalismo da razão pura, ou o liberalismo puro, nunca poderia ser operante na
vida social. Ele tem sido, porém, apresentado pelos doutrinários na expressão
radical da liberdade indefinida ou infinita, na confiança plena dada à
iniciativa particular, e na admissão providencialista do jogo das leis naturais.
É evidente que tal liberdade concedida à motivação egoísta das actividades
humanas tende a criar o estado de guerra, ou o seu análogo, na vida social,
visto que as leis naturais são contingentes e estão maculadas pelo mal. Ao
egoísmo dos homens sucede o egoísmo das instituições, e o próprio princípio
associativo, ao intitular-se de socorro-mútuo, nessa designação exclui aqueles
que, sofrendo de facto, não beneficiam de auxílio por não estarem em situação
legal. O princípio regulamentar de só conceder benefícios aos sócios é a
perfeita negação da caridade. A instituição egoísta fortalece o princípio da
tirania, acabando por negar e contradizer a liberdade indefinida e infinita.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Não há,
porém, puro liberalismo, nem liberalismo de razão pura, como não há puro
naturalismo que se regule por leis físicas. A liberdade está condicionada pelo
processo educativo, pela possibilidade de aperfeiçoar cada homem actualmente
existente, e, mais ainda, pela possibilidade de transformar o género humano
durante o processo infinito de redenção. A natureza, dizem os teólogos, tem de
ser completada pela graça, e sem a graça não é possível a glória. A acção
educativa é, portanto, uma acção de auxílio, e não uma intervenção de
constrangimento. É de advertir que ao falarmos do processo educativo não nos
referimos apenas à escolaridade. <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/12/a-escola-fixista.html">A escola moderna tende a desinteressar-se mais do composto humano para se subordinar aos interesses mais imediatos, mais urgentes e mais prementes da sociedade</a>.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Explicado
assim que a liberdade depende da <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/08/a-teoria-da-verdade-i.html">verdade</a>, e não da vontade mais ou menos
opiniosa, resta resolver o problema de saber quem é livre. É este, aliás, o
problema equivalente ao de saber quem é <i>sui
juris</i>. O doente, o degenerado e o anormal, seres nos quais a vontade não é
livre, não podem exercer os direitos de concessão universal; nesse caso estão
as crianças, quer dizer, os seres humanos em fase biológica de crescimento;
outrora foram também considerados menores as mulheres e os escravos. Entre as
pessoas legalmente consideradas livres, nem todas podem exercer os seus
direitos, porque estes vão sendo cada vez mais condicionados por certas provas
de ciência ou de liberdade. A burocracia faminta de papéis exige certidões,
certificados e atestados que o cidadão obtém à custa de muitas humilhações
perante os seus semelhantes, ou até perante os seus inferiores. A sociedade
duvida cada vez mais de que os seus membros amem a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/09/a-teoria-da-verdade-ii.html">verdade</a>, tenham palavra de
honra, sejam livres. Estas exigências burocráticas que tendem a aumentar com o
rodar dos tempos, demonstram bem a distância que existe entre a vontade animal
e a liberdade humana.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/02/leonardo-coimbra-na-terra-mais.html">Álvaro Ribeiro</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/06/homens-e-mulheres-i.html">«Escola Formal»</a>).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A liberdade
exige que o indivíduo possa prosseguir os <i>seus
propósitos</i>; quem é livre em tempo de paz não está cativo dos desígnios concretos
da sua comunidade. Essa liberdade de decisão individual deve-se à definição de
distintos direitos individuais – os direitos de propriedade, por exemplo – e de
áreas em que cada um pode usar para os seus próprios fins os meios com que
conta ao seu dispor. Isto é, uma clara área de liberdade é definida para cada
um. Tal é de capital importância. Ter algo de seu, mesmo que pouco, é
igualmente o fundamento para formar uma personalidade própria e criar um
ambiente distintivo em que cada pessoa prossiga os seus desideratos
individuais.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A confusão
nasce do pressuposto vulgar de que é possível ter esse tipo de liberdade sem
restrições. Este pressuposto surge no <i>aperçu</i> atribuído a Voltaire de que “quand
je peux faire ce que je veux, voilá la liberté” (“a liberdade é fazer o que bem
entendo”), na afirmação de Bentham de que “toda a lei é um mal porque toda a
lei é uma infracção à liberdade” (1789/1887: 48), na definição de Bertrand
Russell de liberdade como “ausência de obstáculos à concretização dos nossos
desejos” (1940: 251), e em inúmeras outras fontes. A liberdade universal é, não
obstante, impossível neste sentido porque a liberdade de cada um claudicaria
ante a liberdade ilimitada, isto é, na ausência de restrições, de todos os
demais.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A questão é,
portanto, como alcançar a maior liberdade possível para todos. Isso pode ser
alcançado mediante a restrição da liberdade de todos por via de regras
abstractas que impedem a coerção arbitrária ou discriminatória por ou de outras
pessoas, evitando qualquer invasão da livre esfera individual de cada um (ver
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-caminho-para-servidao-i.html">Hayek</a> 1960 e 1973...). Em resumo, objectivos concretos comuns são substituídos
por regras abstractas comuns. O governo é somente necessário para impor essas
regras abstractas e, assim, proteger o indivíduo contra a coerção ou invasão da
sua livre esfera pessoal por outrem. A obediência forçada a propósitos comuns
concretos é equivalente a escravidão ao passo que a obediência a regras
abstractas comuns – por mais pesadas que possam ainda fazer-se sentir – abre campo
à mais extraordinária liberdade e diversidade. Por vezes, supõe-se que essa
diversidade possa, contudo, redundar em caos ameaçando a ordem relativa que
associamos à civilização, mas maior diversidade gera mais ordem. Daí que o tipo
de liberdade possível graças à adesão a regras abstractas, em oposição à
liberdade de restrições, seja, como Proudhon observou certa vez, “a mãe e não a
filha da ordem!”».<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/03/o-caminho-para-servidao-i_08.html">Friedrich A. Hayek</a> («Arrogância Fatal: Os Erros do Socialismo»).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM7l2yWWOMkzFQ4RNv0Dp0at93AiX4BwMhyOE3IqChxsb3XYnq80kWstCQIWYmyRvbOz_dEkfycIsPQl8Itcio5Gmzp7TQ_-qrINXmQXD5vzKF59fdRmS3CDtQhX0g0BuUffz7xAIyjZkxgYIMpND0ysb78528N8p-3n1FwYkJcMsSXaMELD3a2Atc8uM/s2704/20221223191336_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2704" data-original-width="1785" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM7l2yWWOMkzFQ4RNv0Dp0at93AiX4BwMhyOE3IqChxsb3XYnq80kWstCQIWYmyRvbOz_dEkfycIsPQl8Itcio5Gmzp7TQ_-qrINXmQXD5vzKF59fdRmS3CDtQhX0g0BuUffz7xAIyjZkxgYIMpND0ysb78528N8p-3n1FwYkJcMsSXaMELD3a2Atc8uM/w422-h640/20221223191336_00001.jpg" width="422" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/04/liberdade_28.html">Liberdade</a>
não é, ao contrário do que a etimologia da palavra possa sugerir, uma
derrogação de todos os constrangimentos, mas sim a aplicação da mais efectiva
observância de cada um dos justos constrangimentos a todos os membros de uma
sociedade livre, sejam eles magistrados ou súbditos.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Adam
Ferguson<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/amor-e-fogo-que-arde-sem-se-ver.html">Amor</a> não quer cordeiros nem bezerros.»</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Luís de Camões</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQMTVwbzzwqXSaBL77kc2JrIbL93_SDEPWDgEeH3tKHZ28DP1cKCEMEgHDi5dFZqSWanqcoiQb-MVnxFxvxxgsrh4CdD1JH2Gi6aEByq1MVMlIQ459XyZyqgvRsMSOb4fM41vGM_F_5NduNTd-tJnMLXm2BESULnzFAQwjxriE01vsmn-x499DypbcjZo/s621/camoes2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="621" data-original-width="461" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQMTVwbzzwqXSaBL77kc2JrIbL93_SDEPWDgEeH3tKHZ28DP1cKCEMEgHDi5dFZqSWanqcoiQb-MVnxFxvxxgsrh4CdD1JH2Gi6aEByq1MVMlIQ459XyZyqgvRsMSOb4fM41vGM_F_5NduNTd-tJnMLXm2BESULnzFAQwjxriE01vsmn-x499DypbcjZo/s16000/camoes2.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #660000; font-size: x-large;">O Amor</span></b></span></p><p><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O amor é
uma realidade imaginária, e por isso mesmo dificilmente inteligível. Quem
estiver livre de confundir a imaginação com a representação mental e com a
percepção, quem souber que a imaginação é criadora, saberá também que o <i>amor</i> se
distingue do<i> eros</i> por um carácter sobrenatural. A atracção dos sexos, cuja
fenomenologia naturalista se apresenta à consciência humana em imagens
perturbantes, significa apenas uma relação a compor na correlação própria da
analogia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A linha de
demarcação entre o natural e o sobrenatural não será a mesma para um critério
histórico e para um critério metafísico, mas seja qual for o critério adoptado,
sempre a distinção há-de contribuir para a inteligência da condição sexual da
humanidade <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Os fins superiores da vida humana realizam-se por mediação do amor, graças à
imaginação que os amantes intercalam no que naturalmente é comparável ao
procedimento das espécies zoológicas. A decadência da arte explica a redução da
vida amorosa à vida erótica quando a humanidade sofre o cansaço de imaginar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O estudo do
amor conduz necessariamente ao estudo dos mitos, e a presença da mitologia é
critério bastante para separar a poesia lírica da poesia de amor. Está no <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/10/diotima-de-mantineia-i.html">Simpósio</a></i> de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/11/diotima-de-mantineia-ii.html">Platão</a> a prova filosófica de
que o conceito de Eros não é suficiente para explicar a ideia de Amor. Admitido
que o amor propõe à consciência um problema humano, um segredo natural e um
mistério divino, convém reconhecer que na adunação está efectivamente a
religião.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Alguns
compêndios de psicologia inserem, no capítulo dedicado à vida afectiva, breves
referências ao amor, mas tudo confundem com o tratamento esquemático das
emoções, dos sentimentos e das paixões. É, todavia, evidente que o amor não
pode ser classificado entre os fenómenos afectivos. O amor é uma realidade
transhumana e transcendente, de que podemos ou não ter consciência, embora seja
certo que esta realidade revela a sua verdade mediante emoções, sentimentos e
paixões.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Incluir o
estudo do amor nos livros de psicologia equivale a reconhecer que só pela palavra,
pelo modo por que a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">psique</i> formula o seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">logos</i>, sabemos que o amor é algo
desconhecido pelos animais. A arte da palavra é efectivamente o que humaniza e
imanentiza essa realidade transcendente a que damos o nome de amor. Neste
aspecto se vê quanto a psicologia se relaciona com a literatura.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNoXjYh8FrHeS5D0VRfPNIIqKxis6PDVqoevCnDYZR_WoWfZlNVhEx_yT2ultlB3T_Db_ekiYMqf21UJNttS1_fSJHTq2SrSsYmTjaLyWqvAK2my--sCpRKmhNA9h7R2wdmfOFT1thfu4SwIUXoHycJ89oSAkEPJ4Qtwrt5STLGEIfBBhDOHnl9UNHnDc/s4952/20221122181931_00001.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="4952" data-original-width="3155" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNoXjYh8FrHeS5D0VRfPNIIqKxis6PDVqoevCnDYZR_WoWfZlNVhEx_yT2ultlB3T_Db_ekiYMqf21UJNttS1_fSJHTq2SrSsYmTjaLyWqvAK2my--sCpRKmhNA9h7R2wdmfOFT1thfu4SwIUXoHycJ89oSAkEPJ4Qtwrt5STLGEIfBBhDOHnl9UNHnDc/w408-h640/20221122181931_00001.jpg" width="408" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Ver <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/o-intelecto-e-inteleccao.html">aqui</a></span></b></td></tr></tbody></table><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O vero
atractivo da obra literária está na promessa de descrever, e de narrar, como é
que as personagens tomam consciência do amor, não só para o exprimir mas também
para o explicar. Muitas vezes tal consciência não se dá perfeitamente, e então
é o escritor quem excita o leitor a assumir consciência da inconsciência das
personagens, acrescentando com a ironia reflexiva um motivo de maior interesse
na feitura do romance. Vendo que as personagens vivem emoções, sentimentos e
paixões que, por motivos vários, não se referem directamente ao ser amado, o
leitor observa uma inconsciência que há-de ter efeitos dolorosos, traumáticos,
alarmantes, até ao momento trágico em que as personagens se desenganam e se
defrontam com a vontade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O carácter
involuntário e inexplicável do amor é que permite confundi-lo com a paixão, e
neste engano diz o vulgo que determinado homem está apaixonado. O homem que ama
sabe que é livre, mas a sua libertação passa do sofrimento para o sentimento, e
do sentimento para a imaginação, segundo um ritual de expressão e de
comunicação a que a mulher, já prevenida e preparada, naturalmente se conforma.
Errada é, pois, a nomenclatura da sedução, da conquista e da posse, porque,
oriunda dos domínios da vontade e da violência, não pode adequadamente cingir
os aspectos evasivos do amor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O amor
humano abrange as ordens corporal, anímica e espiritual. Nisso se distingue,
sem comparação degradante, com o instinto de reprodução dos animais. A ética do
amor seria mera convenção moral, sempre discutível, se a perfeita união da
mulher com o homem não tivesse repercussões virtuosas ou pecaminosas na ordem
do Espírito. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A união
amorosa realiza-se em três planos que poderíamos dizer da vida afectiva, da
vida imaginativa e da vida racional, escala cuja ascensão e descensão abre
sempre novos horizontes aos amantes. A imaginação é, efectivamente, o poder
mais alto que ao ser humano foi dado para atenuar a dor, se não para atingir o
prazer. Quando a razão expulsa a imaginação, quando o ser amante julga o ser
amado, a conclusão chama-se divórcio, separação de dois egoísmos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Confundir a
vida instintiva, a que o sedutor se cinge, com a vida emocional, apenas porque
uma e outra se denunciam pelo comportamento fisiológico, equivale a confundir
imanência com transcendência. A palavra intervém sempre para humanizar a vida,
e é pela magia das palavras, ou pela poesia, que o homem e a mulher se podem
assegurar de estarem ou não perante o amor. Sem eloquência não há vida amorosa,
e a prova é que para simular o amor em actos de sedução é indispensável
recorrer a palavras falsas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Toda a
nossa atenção incide sobre os verbos que exprimem a consciência do estado
amativo, e sobre eles é possível fazer um admirável estudo de psicologia e de
filologia. A consciência exprime-se por locuções em que entram os verbos
auxiliares, seguidos de nome predicativo do sujeito, quando por egoísmo a
pessoa não excedeu o grau de liricidade. Uma vez reconhecida a pessoa amada,
uma vez imaginada a superioridade da pessoa amada, já o amor se exprime por
verbos activos e transitivos, verbos que pedem complemento directo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
declaração de amor utiliza verbos como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">desejar</i>,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">querer</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">gostar</i>, etc., mas também usa substantivos verbais, quer dizer, os
substantivos que designam acções e paixões, embora não seja esta a definição
corrente na nomenclatura gramatical. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Afeição</i>,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">admiração</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">adoração</i> substantivam mas exprimem actividades da alma amante, a
que responde a alma amada com a passividade de termos tais como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">compaixão</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">simpatia</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ternura</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">querença</i>. A imaginação, exprimindo
hipérboles, compõe os dizeres amorosos com as promessas de eternidade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjusR0axuJRs-r9pdTb25Osd5iN8gNW5y1pAkxtbKmfsxClYOcYv2D2rwx5LVn1KusD_YCXGbfIjs9LQssb3mSWDW3VyU0oIWxuFFqLPxt5yYtgrlZPo-PZD12ilZHYb3-px8Jkqw_ld3yQsFhEOkwgw1ygKNr9kbHAMn8KbqpWq8RmlsV9p-GFlCRIwO4/s800/9a1afccc6b.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="558" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjusR0axuJRs-r9pdTb25Osd5iN8gNW5y1pAkxtbKmfsxClYOcYv2D2rwx5LVn1KusD_YCXGbfIjs9LQssb3mSWDW3VyU0oIWxuFFqLPxt5yYtgrlZPo-PZD12ilZHYb3-px8Jkqw_ld3yQsFhEOkwgw1ygKNr9kbHAMn8KbqpWq8RmlsV9p-GFlCRIwO4/s16000/9a1afccc6b.webp" /></a></div><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ao estudo
da linguagem do amor pertence também o estudo dos termos de comparação de que o
amante se utiliza quando pretende louvar a pessoa amada. Lembremo-nos do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cântico dos Cânticos</i>, e por esse exemplo
nos guiemos para observar a relatividade das circunstâncias e das oportunidades
que sugerem as metáforas da poesia de amor. O estudo estilístico terá de ser
acompanhado pelos estudos foclórico e etnográfico, sabido que a poesia
primitiva, ou popular, é a matriz das mais altas obras da literatura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">É
indispensável, como vemos, um certo domínio da linguagem para atingir alta
consciência do amor. A infância, isto é, a idade em que a criança não fala, ou
ainda não fala correctamente, não pode ser idade de amor. A precocidade da
mulher em relação ao homem, no desembaraço da fala, na escolha ou invenção de
expressões melodiosas, na espontânea aptidão para cantar, são indícios de que
para o sexo feminino o amor contém maior importância do que lhe atribui o sexo
masculino.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Há muitos
escritores que, cientes da verdade de que logo ao nascer pertencemos a um dos
sexos, afirmam que a consciência do amor possa surgir antes da puberdade, e
confirmam a sua tese mediante a descrição fenomenológica de emoções,
sentimentos e paixões que se revelam na puerícia, idade que se conta dos sete
aos catorze anos. Estes amores, falsamente chamados infantis, porque quem ainda
não fala ainda não sabe amar, têm até sido poeticamente descritos em diários,
memórias e obras literárias. Tais documentos humanos de imperfeita consciência
do amor revelam uma expressão que ainda não é comunicação, ou comunicativa,
provam que é indispensável o tempo próprio para que se verifique o trânsito da
potência ao acto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Durante a
puerícia é mais natural a indiferença ou o desinteresse de um sexo pelo outro
do que a curiosidade tendenciosa para as relações sexuais, embora a imitação
das atitudes e dos procedimentos dos adultos possa surgir de exemplos dados no
ambiente social. Muitos incitamentos exteriores apressam a curiosidade pela
temática amorosa, e muitos exemplos incitam a puerícia a um desequilíbrio moral
pela precocidade erótica. Será difícil preservar o pudor natural das crianças
num ambiente em que os chamados meios de difusão da cultura estão, e não podem
deixar de estar, impregnados de problemática afrodisíaca <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Incitar os
adolescentes a que procurem pessoas que <i style="color: black;">não
respeitam</i>, <i style="color: black;">não estimam</i>, <i style="color: black;">não amam</i>, para com elas praticarem a
simulação do amor, num contrato miserável e por vários aspectos comparável ao
homicídio, é um crime, porque transforma os vivos em mortos. Esta negação do
amor, professada por aqueles que chamam ao casamento um contrato, segundo uma
definição já condenada na <i>Filosofia do Direito</i> de Hegel, contradiz a teologia
do matrimónio e, com ela, o significado espiritual da vida humana <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Tal simulação chega a ser tolerada por pessoas que se jactam de bom
comportamento moral. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpuhXyoXU-SYzW_m6waay2EO5hiYmMnmh7LGRkvdBI8wf2HgwL-9eVpVACGqpHnyldUDbrah641vxksvQw_h_YrM2f6m9nQfDO3639KRT1d-5cvlYH2JYn59oz3RhCz3M0OO_qrgJAk0nRid7xW6UjX-_NpnkuBe9612fnOPqmV5Y-puLIghd1skVxHqw/s640/1920px-Hegel_Unterschrift.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="196" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpuhXyoXU-SYzW_m6waay2EO5hiYmMnmh7LGRkvdBI8wf2HgwL-9eVpVACGqpHnyldUDbrah641vxksvQw_h_YrM2f6m9nQfDO3639KRT1d-5cvlYH2JYn59oz3RhCz3M0OO_qrgJAk0nRid7xW6UjX-_NpnkuBe9612fnOPqmV5Y-puLIghd1skVxHqw/s16000/1920px-Hegel_Unterschrift.svg.png" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCVtvNiEnz5i8yUHajYHvp1M20YyhR5V3K3OOsXuHFtyQchKDPfu-zlN592i9-v4jTgGB-wdx7phg0yU26A0pVGhc8sx8Tt1t3tCJgFhfMTBjsvr-YZWFAZ2L-PSppCWEaNA0lBK3mVb1hwGTatXybhCaou1YPPa8SxB9KGxIxZDTXrcJdRWNBCAjNBlg/s800/Sample_12.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="524" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCVtvNiEnz5i8yUHajYHvp1M20YyhR5V3K3OOsXuHFtyQchKDPfu-zlN592i9-v4jTgGB-wdx7phg0yU26A0pVGhc8sx8Tt1t3tCJgFhfMTBjsvr-YZWFAZ2L-PSppCWEaNA0lBK3mVb1hwGTatXybhCaou1YPPa8SxB9KGxIxZDTXrcJdRWNBCAjNBlg/s16000/Sample_12.jpg" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
preconceito egoísta denuncia-se, porém, na unilateralidade das expressões
vigentes. Cada pessoa pretende resolver apenas o seu próprio <i style="mso-bidi-font-style: normal;">problema sexual</i>, indiferente a quaisquer
razões de amor. Assim, em consequência desta atitude solipsista, os verbos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">casar</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">separar</i> e <i>divorciar</i> são usados na conjugação reflexa, o que é linguisticamente bem significativo do carácter individualista dos nossos
costumes e da nossa legislação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Além destes
aspectos, que alarmam o moralista, convém prestar atenção a que se acentua cada
vez mais a tendência para a masculinização da cultura durante a idade escolar.
Quanto mais vencer a tese da igualdade dos sexos perante o padrão masculino,
quanto mais a mulher se desvestir dos atributos de feminilidade, por influência
da escola, tanto mais a vida amorosa tenderá a descer à preocupação elementar
da satisfação dos instintos. A mulher crê na superioridade da cultura
masculina, pretende absorvê-la e assimilá-la, mas na medida em que imita o
homem vai considerando ridículos e desprezíveis os atributos que
outrora eram tidos por característicos da feminilidade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">As doutrinas religiosas explicam a relação da mulher com o homem pelo simbolismo da relação da carne com o espírito. O matrimónio solidário dos mistérios da encarnação, da redenção e da ressurreição, sacramentando confere as graças especiais dos casados e dignifica a geração humana. Infelizmente, porém, as doutrinas religiosas vão-se adulterando em doutrinas sociológicas, e já os moralistas se contentam apenas com sobrepor ao facto natural o direito social.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A moral
condena, pelo ridículo, o homem que de qualquer modo se afemina, e a lei
intimida-o até com violentas sanções; mas a sociedade tolera que a mulher a
pouco e pouco adquira atitudes e hábitos masculinos, desde o corte do cabelo
até ao vestuário de uniforme. A transfiguração da mulher, nos limites
consentidos pela Natureza e tolerados pela Sociedade, não pode deixar de
adulterar a significação do amor, da maternidade e da família. O homem há-de
sentir-se humilhado quando reconhecer que a mulher, em vez de manifestar a
superioridade que é própria do seu sexo, perverte a imaginação em inteligência,
para dominar nos campos abertos ao instinto combativo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ninguém
observa com atenção suficiente que é injusto obrigar a rapariga a receber o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mesmo </i>ensino escolar que foi destinado
para o rapaz, e que tal injustiça é clamante no período dos sete aos catorze
anos. É de alarmar a ignorância de que a mesma idade cronológica não
corresponde nos dois sexos a iguais idades biológicas e psicológicas, pelo que
não pode haver ensino simultâneo dos mesmos programas escolares. A rapariga
cumpre mais aceleradamente o ciclo da evolução, que pode dar-se por definido na
puberdade, pela consciência da finalidade maternal, que a torna verdadeiramente
mulher, enquanto o rapaz só nesta idade desperta para a seriedade da vida à
chamada da vocação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Diz-se que
as raparigas são mais precoces do que os rapazes, mas convém explicar esta
noção de precocidade pelos seus motivos biológicos e psicológicos. Fácil é
verificar quanto as raparigas são sensíveis ao ridículo, dotadas de aptidão
para as expressões cómicas, que transmitem umas às outras com risinhos em voz
baixa; fácil é verificar que os rapazes se dedicam à exteriorizar a vontade,
falando alto e gritando, satisfazendo por processos violentos a sua profunda
tendência expansionista. As raparigas cedo se dedicam ao estudo das pessoas,
dos caracteres e dos temperamentos, ganhando assim superioridade sobre os
rapazes que, mais reflexivos, e intimidados, só depois da adolescência hão-de
entender a diferente psicologia de cada sexo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A tendência
para o individual, o pessoal e o concreto é mais nítida na rapariga, que tem
melhor memória para o jogo lúdico das palavras, enquanto que o rapaz, para dar
à vontade a justificação racional, tende para o juízo reflexivo e para a
abstracção. Não há, para a dialéctica, metodologia mais útil do que seguir as
fases do jogo, da arte e do trabalho nas várias idades, para ver como elas naturalmente
se diferenciam conforme os sexos. A rapariga tende espontaneamente a brincar
com a boneca, a exercitar a sua habilidade manual nos trabalhos relacionados
com a alimentação, o vestuário, o mobiliário e a habitação, a distinguir-se no
que se convencionou chamar «artes decorativas»; enquanto o rapaz se concentra
com os brinquedos mecânicos, em busca de uma física que ninguém o auxilia a
descobrir, ou a arquitectar edifícios que se transformem em fábricas por
virtude da engenharia, ou a procurar mundo onde possa dar expansão às suas
tendências combativas, aventureiras e nómadas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUFdLpyE8RKmDMkSqi8QSK2BkpRgxt3Pjgl1SpLYvtFLWjk2ignXypxjrZuBotkTdjOTqOZiwURBsan66_sHXW_K0zRQAdJ-aLXYv2ImtwkeSF0-ZCXlcgMSGW-c7B56CRyTih0MTtWlq_-jchg5UHZaTk39TIpCicRfzKoaWiNTkraPhKYTYsZWp-M2M/s800/20161105183138_00003%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="590" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUFdLpyE8RKmDMkSqi8QSK2BkpRgxt3Pjgl1SpLYvtFLWjk2ignXypxjrZuBotkTdjOTqOZiwURBsan66_sHXW_K0zRQAdJ-aLXYv2ImtwkeSF0-ZCXlcgMSGW-c7B56CRyTih0MTtWlq_-jchg5UHZaTk39TIpCicRfzKoaWiNTkraPhKYTYsZWp-M2M/s16000/20161105183138_00003%20(1).jpg" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Vemos assim
que o programa de ensino deve ter por lema transitar do concreto para o
abstracto, considerando primeiro a antropologia com a biografia e a história,
seguidamente as ciências biológicas e a geografia, depois a física e as
técnicas industriais, e por fim a matemática. Claro está que a ordenação
minuciosa das matérias destas disciplinas não pode ser a mesma para raparigas e
para rapazes, se atendermos a que a evolução biológica e psicológica de ambos
os sexos não é simultânea, e que portanto não podem ser simultâneos os mesmos centros de interesse. Raparigas e rapazes não podem aprender ao mesmo tempo as
mesmas disciplinas ou, com maior exactidão, exercitar os processos mentais que
tais disciplinas exigem, mas é nesta desarticulação das ciências e das artes
para fins didácticos que falham muitos redactores de testes, de pontos para
exame e de livros escolares.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Só depois
da puberdade, fixada e definida a alma, é que começa a deixar de ser perigosa
para ambos os sexos a uniformidade didáctica e a ser conveniente o ensino
comum. O ingresso nas escolas de habilitação profissional, tanto das profissões
inferiores como das profissões superiores, poderá ser condicionado por um exame
de aptidão, mas nunca por um exame à soma de conhecimentos que pode e deve ser
diferente, que pode e deve ser desigual, nos estudantes dos dois sexos. A
complementaridade de pontos de vista, masculinos e femininos, perante a mesma
técnica, a mesma ciência ou a mesma metafísica, será um benefício social.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Muito
grandes são os estragos que na alma feminina exerce o ensino público, sempre
que pela masculinização tende para a uniformização que nunca chega a ser
espiritual. Nem todas as mulheres se defendem daquela linguagem impessoal, ou
abstracta, que estrutura as técnicas, as ciências e as metafísicas; nem todas
as mulheres se libertam daqueles modos de raciocinar ou de pensar, que
docilmente assimilaram enquanto estiveram na escola. Felizmente, porém, maior é
o número daquelas que se desprendem de pesos mortos, que lhe dificultam a vida,
para regressarem ao que efectivamente é a sua vocação natural e sobrenatural.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mulher
consciente sabe que o seu primeiro dever é ser bela, que deve cultivar e
aperfeiçoar o seu tipo de beleza, visto que de um modo geral se pode dizer que
não há mulheres feias. A fealdade só é ostensiva na mulher que não cuida do seu
corpo, do seu vestuário, da sua habitação. A mulher dotada de imaginação saberá
sempre valorizar a parcela de beleza com que foi brindada por Deus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mulher comunica-nos
a sensação de beleza quando tem consciência do valor do seu corpo. Quando a
mulher se compenetra de que o seu corpo deve ser belo como um templo, também o
resguarda dos olhares profanos como quem reserva um tesouro. A simetria, a
estabilidade e a altura da mulher dão à sua figura algo de hierático e
arquitectónico, inspirando os pintores a representarem a beleza invisível em
retratos que hão-de ser sempre admiráveis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A pintura
esforça-se por fixar todas as gradações do pudor feminino, porque a arte é a
representação sensível do insensível, que se aperfeiçoa ascendendo do problema
para o segredo, e do segredo para o mistério. O pudor feminino é graça que
todos os homens respeitam, quando a reconhecem autêntica e sincera. Tal
respeito perdura até nos tempos em que a dança, os desportos e a ginástica
parecem aconselhar à mulher a completa desnudação, antecedente de uma dádiva<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>total, sem reserva nem escolha.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mulher é
atraente, mas para atrair acentua a sua beleza com ornatos de joalharia. A
mulher sabe sempre que o homem tantas vezes ignora quando interpreta o
simbolismo das jóias. Assim realça a fronte com o diadema, as orelhas com os
brincos, o colo com os colares, os braços com as pulseiras, os dedos com os
anéis, para que a fragilidade da carne aumente de beleza no contraste com a
preciosidade dos metais.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVvCVlm5TSRk58eE8a6IvoZbv_pnTXoErgBdnGUzQB_pCOMaKNjRQOaHg35ByZG537_AI2ArcjcylBA-6t8TsqcbJijfGBfjNFRQfk6aG4ZEipoTljCMlnJnfa_yIc4USPv34b00vretUX3UbtDC8JqLC2Mz6agFw-TRLMlMIB5qPt8NmSZxHDmPLrxJw/s600/R%20(28).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="290" data-original-width="600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVvCVlm5TSRk58eE8a6IvoZbv_pnTXoErgBdnGUzQB_pCOMaKNjRQOaHg35ByZG537_AI2ArcjcylBA-6t8TsqcbJijfGBfjNFRQfk6aG4ZEipoTljCMlnJnfa_yIc4USPv34b00vretUX3UbtDC8JqLC2Mz6agFw-TRLMlMIB5qPt8NmSZxHDmPLrxJw/s16000/R%20(28).jpg" /></a></div><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mulher é
atraente na medida em que a beleza, valor estético, significa atracção. Bem
sabemos que a beleza feminina é efémera, móvel e simbólica, mas há mulheres que
a podem conservar por graça que dura a vida inteira. Na sua mobilidade, a
mulher pretende impressionar um só tipo de homem, ou um só homem, aquele que já
elegeu ou que há-de ser eleito, porque é feminino viver no signo da monogamia,
exclusiva e total.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Erram
quantos julgam ser a mulher naturalmente vaidosa. A vaidade é ávida de aplausos
e louvores, e vaidosos são os homens que exultam com as condecorações no peito
e com as coroas na cabeça – sejam coroas de metais, de louros ou de espinhos –,
contanto que assim ostentem o sinal de estarem dependentes da opinião dos seus
semelhantes. A mulher procede muito mais por opinião própria, com a
perseverança de quem persegue um destino, resignada e paciente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Acumulando
motivos de distinção entre as outras mulheres, e de brilho que impressione os
olhos dos homens, cada qual pretende exteriorizar simbolicamente o que a
sociedade lhe impede de exprimir directamente pelas emoções. A moda, ou mudança
de vestuário, vale de discurso alegórico pelo qual a mulher, quando sabe
perfeitamente o simbolismo das cores e das formas, torna a sua alma inteligível
a quem for capaz de a entender. Nada contraria tanto a feminilidade como a
renúncia à liberdade de expressão simbólica, nada lhe repugna tanto como a
obrigação de vestir um uniforme.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ninguém
ignora o simbolismo do preto e do branco no vestuário, ninguém ignora o
significado do luto e da candura, da viuvez e da virgindade. Todas as cores são
dotadas de significação notável, todas as figuras que contornam as cores
representam realidades inteligíveis, e não há mulher que desdenhe a graça de
rever no espelho os fantasiosos enfeites da sua arte admirável. Adivinhar o que
o símbolo diz quando falta a palavra, eis o que só é dado aos homens que
estudam fora dos livros a estética, porque a estética, ciência dos símbolos ou
simbologia, tem por efeito exercitar a alma na intuição precisa dos segredos
naturais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A sociedade
não consente que a mulher exprima tumultuariamente as suas emoções, nega-lhe o
direito de manifestar o natural anseio de obter a companhia do varão, obriga-a
retrair-se numa atitude expectante, e assim é o sexo feminino impelido a usar a
linguagem indirecta dos símbolos, espera ser desejado enquanto não lhe for
lícito desejar. Decerto que o desejo não é ainda amor, decerto que o desejo é
obscura consciência do instinto que quer ser dado à luz gloriosa da sensação,
mas consciência dolorosa e sofredora. A equivalência entre desejo e sofrimento,
em que por leviandade de alma poucos reparam, torna-se evidente a quem passou
sede ou fome, conforme aliás se diz em comparações usuais da linguagem erótica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mulher
tem por mister esforçar-se por ser admirada, desejada e amada, para que entre
os sucessivos pretendentes vá eliminando os que menos lhe agradam até à hora
decisiva da escolha. As palavras compaixão, condolência e concordância, que
podem valer de sinónimos para simpatia, denotam bem que o amor se revela pela
simultaneidade de dois sofrimentos, pela esperança comum de sublimar a dor pelo
prazer. Toda a arte de amar gira em torno da compaixão, conforme demonstrou
Miguel de Unamuno no livro intitulado <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Del
Sentimiento Trágico de la Vida</i>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEnsD-bmLeFPZZbOnxQKBF-ehwRAKQYf9XtZpuNETok70KsP9msnQO3_90_znJdn5xfBnXZq8PrbXSavyRkB4nn5jnfKczXqKcy4Tea7NKba2_iJfeDvX0e7Dci11N5eIjReMtkUzhf4va5NtiDZXlE8dC0AjjUVWj7IGFtTOC5yVkIitvF16rpHYbg40/s500/41WntHIMunL.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="333" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEnsD-bmLeFPZZbOnxQKBF-ehwRAKQYf9XtZpuNETok70KsP9msnQO3_90_znJdn5xfBnXZq8PrbXSavyRkB4nn5jnfKczXqKcy4Tea7NKba2_iJfeDvX0e7Dci11N5eIjReMtkUzhf4va5NtiDZXlE8dC0AjjUVWj7IGFtTOC5yVkIitvF16rpHYbg40/s16000/41WntHIMunL.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mulher
declara a compaixão pelo homem de quem admira a superioridade, qualquer que
seja o tipo social da superioridade. Enquanto umas mulheres julgam, porém, essa
superioridade desejável só para seu benefício, antegozando graças a obter
mediante o casamento, tão estáveis quanto garantidas pela legislação civil,
outras não ignoram que a superioridade masculina aparece desarmada neste mundo,
e que a sociedade não reconhece à primeira vista os santos, os heróis e os
génios. A mulher amante dispõe-se a subordinar a sua vida à vida do seu amado,
e, nesta subordinação tão voluntária como consciente, gratifica o homem com a
possibilidade de seguir a sua carreira, de vencer e de triunfar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Condenáveis e lamentáveis nos parecem todas as
mulheres que, dando ouvidos a terceiras pessoas, impediram os seus maridos de
realizarem as obras a que deveriam ter-se dedicado por vocação. Grande é o
número de artistas, escritores e pensadores que, contrariados pelo egoísmo
pessoal, familiar ou mundano de suas mulheres, desistiram para sempre de
cumprir a missão superior. Todos nós conhecemos vários exemplos na sociedade
contemporânea, e se bem que a decência impeça de os apresentar a execração
pública, nada evita que sejam por vezes relembrados em conversas particulares
ou confidenciais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O mérito,
para não dizermos o dever, da mulher casada está em adaptar-se às condições
sociais do marido, e não na perfídia que contraria a vocação masculina,
alegando exigências de economia familiar. Todos os homens concordam com igual doutrina
quando, enternecidos pelo amor ou até pela amizade, afirmam que não desejariam
que as suas mulheres trabalhassem fora do lar, e quando, em consequência dessa
doutrina, procuram acesso a profissões mais remuneradas, para acertarem enfim a
economia doméstica. O egoísmo masculino renega, porém, aquela doutrina, quando
admite que as mulheres <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dos outros</i>
percam a beleza, a saúde e até a honra no exercício das mais duras profissões
do comércio, da indústria e da agricultura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mulher
faz a graça ou a desgraça do homem, porque lhe propõe as ideias, emoções e
figuras que estimulam ou atenuam a sua actividade. Da qualidade destas figuras,
emoções, ideias, que pairam na atmosfera de sonho, de poesia ou de realidade,
depende a possibilidade de o homem ser herói, artista ou santo. Na mulher que
escolheu, e que escolheu porque a considerou bondosa, bela ou inteligente, o
homem, senhor da sua liberdade, hipotecou perigosamente o seu destino <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[4]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mulher
bem avisada deve estar preparada para reconhecer quão fraco é na vida íntima do
lar o homem que parece forte na via pública, conhecer os desânimos, as desistências,
as covardias do sexo masculino nas horas de perturbação, e reanimar o amado
para nova luta contra falsos amigos e verdadeiros inimigos <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[5]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>. É
por isso que a mulher casada, pela sua dedicação a um só homem, realiza um
sacrifício incomparavelmente mais valioso do que as mulheres que, repartindo o
seu zelo pelos serviços de instituições, tais como as puericultoras, as
enfermeiras e as espias, não sabem o que é dádiva total de pessoa a pessoa. A
mulher casada pode ser obrigada a suportar integralmente o peso da infelicidade
que recai sobre o seu marido, quando outras circunstâncias dramáticas não
afectam a vida conjugal, o que não acontece às mulheres solteiras que, embora
lutando com as asperezas e as dificuldades do exercício de uma profissão, gozam
de um prestígio cada vez mais garantido pelos costumes, pelos regulamentos e
pelas leis.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKuiLgYxTW0DVYUYQsconTg-6TWdMMp22BygoU9iOXtu2eVFFxrmUaF4CsbVTKvj58120INc7yl48v_ZJ1X176WbvSux6_mWB2HDuxyg6x9bQRSOoz8JJXHJKLjzyviZnsFQ9nCy1SN4sW7ssVYBQ37SmsnQx8CkTjjuHwsg4YNhs4o-Upk2r9WUGgU6Q/s535/eros_e_psyche2.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="398" data-original-width="535" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKuiLgYxTW0DVYUYQsconTg-6TWdMMp22BygoU9iOXtu2eVFFxrmUaF4CsbVTKvj58120INc7yl48v_ZJ1X176WbvSux6_mWB2HDuxyg6x9bQRSOoz8JJXHJKLjzyviZnsFQ9nCy1SN4sW7ssVYBQ37SmsnQx8CkTjjuHwsg4YNhs4o-Upk2r9WUGgU6Q/s16000/eros_e_psyche2.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Eros e Psique</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A monogamia,
que as instituições defendem a favor da mulher, depende em grande parte da
conservação do sigilo conjugal. Estranho é que na lei não esteja prescrito este
dever de ambos os cônjuges, porque sem a conservação do sigilo conjugal não
pode haver fidelidade amorosa, nem pode o casamento realizar plenamente os fins
da família. Ao tornar público o que é privado, ao relatar em conversas fúteis e
inúteis todas as experiências dolorosas, desde as doenças do corpo, alma e
espírito, até aos desastres nos ócios e nos negócios, o cônjuge inconfidente
devassa a intimidade do lar, abre a porta à devassidão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Verdade é
que a moral não faz pressão para que o sigilo conjugal seja de lei. A moral
representa os sentimentos da mediocridade e da mediania em transigência mais ou
menos elástica com os supremos valores. Ora todos observamos que os homens,
logo na adolescência, são instigados a confessar as aventuras eróticas de que
foram protagonistas, e assim, para satisfazerem a vaidade própria do sexo
masculino, pecam contra a gratidão devida ao sexo feminino.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O mancebo
que narra um encontro erótico, seja em conversa alegre ou em poema lírico, e
que não guarda total segredo sobre a identidade da mulher, está a aviltar-se,
sem que disso tenha consciência, perante os que escutam, ou os que o lêem, com
sorriso acolhedor, irónico e condenatório. Não observa que a si mesmo confere um
atestado de delator o homem incapaz de defender pelo segredo a honra da mulher.
Na ausência será escarnecido pelos companheiros, esse homem que sobrepõe o amor-próprio
ao amor alheio, esse homem que não merece ter amigos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A condição
do amor é uma vida secreta, que só pode exprimir-se por alegorias. Toda a
literatura, exactamente porque usa de liberdades poéticas, confirma a verdade
transmitida por velhas tradições. Mal vai aos homens e aos povos que, por esquecimento
da sabedoria tradicional, já não entendem os motivos profundos desta condição.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O amor tem de
ser secreto porque contra ele luta a entidade mais poderosamente inimiga da vida,
que é a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">inveja</i>. Até as inocentes
crianças, maculadas pelo pecado original de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">não
poderem ver</i> o amor, riem maliciosamente dos namorados e dos amantes, quando
não os perseguem e perturbam até lhes frustrarem as condições de felicidade. É
dos adultos, porém, que surgem os processos auxiliares da inveja, dirigidos
para combater eficazmente o amor, para reprimir a exteriorização das emoções,
dos sentimentos e das paixões, para enfraquecer no condicionamento sociológico
as energias criadoras da vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A maledicência,
que é um dos processos mais vulgares no combate da inveja contra o amor, a
maledicência, que tem por fim a desonra do homem ou da mulher, é significativa
de falta de imaginação. A maledicência é, por isso, um sinal de decadência.
Quem diz o mal torna-se a pouco e pouco incapaz de ouvir o bem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In Álvaro Ribeiro, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Razão
Animada</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sumário de antropologia</i>,
Livraria Bertrand, 1957, pp. 249-263).</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuZIKaC4JHfZaSwg1jkgEocUd_crQDVi1WeIGztIVZaBZb3JPiKhmKVs8lz0kEvPP1TcXuKMeD8Xxl7AvbkETkZ08ln6UrvY6VqdUsl6C7BJKnW2aWgkXEz1WKQChpi2o9EN9PjpCIC5ODfDlxxVo19YMwBeDY4s9rpaXney0cPucC0y0G3fZLE4I7WSg/s501/assinatura%20%C3%81lvaro%20Ribeiro%20(2)%20(1).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="99" data-original-width="501" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuZIKaC4JHfZaSwg1jkgEocUd_crQDVi1WeIGztIVZaBZb3JPiKhmKVs8lz0kEvPP1TcXuKMeD8Xxl7AvbkETkZ08ln6UrvY6VqdUsl6C7BJKnW2aWgkXEz1WKQChpi2o9EN9PjpCIC5ODfDlxxVo19YMwBeDY4s9rpaXney0cPucC0y0G3fZLE4I7WSg/s16000/assinatura%20%C3%81lvaro%20Ribeiro%20(2)%20(1).png" /></a></b></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b><p></p><div style="mso-element: footnote-list;">
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;">
Edith Stein, Frauenbildung und Frauenberufe, Munchen, 1949. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Tradução francesa de Marie-Laure
Rouveyre, com o título <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La Femme et sa
Destinée</i>, Paris, 1956.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Henri Bergson, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Les Deux Sources de la Morale et de la
Religion</i>, Paris, 1932, p. 326.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;">
G. W. P. Hegel, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Grundlinien der
Philosophie des Rechts</i>, Berlin, 1833, §§ 75 e 163.</span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri","sans-serif"" style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="mso-ansi-language: EN-US;"> </span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;">John Stuart Mill, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Autobiography</i>, London, 1873. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Tradução portuguesa de Flausino
Torres, com o título <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Memórias</i>,
Lisboa, s. d.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">Ashley Montagu, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">The Natural
Superiority of Women</i>, London, 1954.</span></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"><span lang="EN-US"><br /></span></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjdgAuci_dr5V1gSfOvoGU8w11yI_xsSOhOmwwVdqlX1emvUDqjQYQ5f56u2V76EZ_JFSv8-Kz71CT5JFEh3S4lHKwNdQHLHv-7d49DTQ20bJuX3XmWFHlWXFCFVeFiq9udQe1ceLf_HLJTTCKh20GJjUnii9RBxlyWWLJ1VDj4Ishia8guWsD8vtoFfs/s640/thumbnail_20191214173122_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="402" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjdgAuci_dr5V1gSfOvoGU8w11yI_xsSOhOmwwVdqlX1emvUDqjQYQ5f56u2V76EZ_JFSv8-Kz71CT5JFEh3S4lHKwNdQHLHv-7d49DTQ20bJuX3XmWFHlWXFCFVeFiq9udQe1ceLf_HLJTTCKh20GJjUnii9RBxlyWWLJ1VDj4Ishia8guWsD8vtoFfs/s16000/thumbnail_20191214173122_00001.jpg" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"><br /></span></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7rWcWqj39OWe7qzwlSUv4qvOmK0jpIALYmr1mGAdleD5sp2mHVJU9MpoYvcedKz2eT6Ev06l7uUa82PaOasLpkzTCx8XKZptM3LjvOTe7dviVJ6-dHYqixhB4GyCJOQa_jqOi4zFpeKkwBZlr1i9QwApVUzCTwfqSdBm9NHgequWZ8q9o1qQCp9g_5k4/s400/20161102184649_00002.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="224" data-original-width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7rWcWqj39OWe7qzwlSUv4qvOmK0jpIALYmr1mGAdleD5sp2mHVJU9MpoYvcedKz2eT6Ev06l7uUa82PaOasLpkzTCx8XKZptM3LjvOTe7dviVJ6-dHYqixhB4GyCJOQa_jqOi4zFpeKkwBZlr1i9QwApVUzCTwfqSdBm9NHgequWZ8q9o1qQCp9g_5k4/s16000/20161102184649_00002.jpg" /></a></div><span lang="EN-US"><br /></span></span><p></p></div></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-22446049516681814612023-08-26T08:18:00.001-07:002023-08-26T08:19:14.830-07:00"Amor é fogo que arde sem se ver..."<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Luís de Camões</span></b></p><p style="text-align: center;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh15RzmSyN4ONkkXach11E9AqIe77e_t6WVJIEPm0118eYltd-4RcybPx48gd3Xfb2P0lNS1Q0jQCE8k15EOCI2e-N2ZuanUkwov9VQ64lp_nNBmO_XS-T12B0jDlnMdgbOCvz46h9gMKyzYH2Xml-u2N9Q8dTjnUfXNpuXQG6BRQvEuzmfQlOiMyLBP_c/s1600/DSCN6236.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh15RzmSyN4ONkkXach11E9AqIe77e_t6WVJIEPm0118eYltd-4RcybPx48gd3Xfb2P0lNS1Q0jQCE8k15EOCI2e-N2ZuanUkwov9VQ64lp_nNBmO_XS-T12B0jDlnMdgbOCvz46h9gMKyzYH2Xml-u2N9Q8dTjnUfXNpuXQG6BRQvEuzmfQlOiMyLBP_c/w640-h480/DSCN6236.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: center;"><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">Amor é fogo
que arde sem se ver;<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">É ferida
que dói e não se sente;<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">É um
contentamento descontente<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">É dor que
desatina sem doer;<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><o:p><b><span style="color: #783f04; font-size: large;"> </span></b></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">É um não
querer mais que bem querer;<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">É solitário
andar por entre a gente;<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">É nunca
contentar-se de contente;<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">É cuidar
que se ganha em se perder;<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><o:p><b><span style="color: #783f04; font-size: large;"> </span></b></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">É querer
estar preso por vontade;<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">É servir a
quem vence, o vencedor;<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">É ter com
quem nos mata lealdade.<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><o:p><b><span style="color: #783f04; font-size: large;"> </span></b></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">Mas como
causar pode seu favor<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">Nos
corações humanos amizade,<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="font-size: large;"><span style="color: #783f04;">Se tão
contrário a si é o mesmo amor?</span><o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><o:p><b><span style="font-size: large;"> </span></b></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="font-size: large;">Luís de
Camões (<i>Rimas</i>).</span></b><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></p><br /><p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF3HRilnX-6W82Fge3c3j6ySgFwZHSFLEKw74rT-HNLzXQiOO0ZjcRZfBDopW5FcmFDDy3nvX3z7hVHVsQeFHnpFW3P17X6AzczqLlHach130sUbuA2sIstlf2rzrmyT-b_H5RGKxLMahPk4Acdy4FvjJLGH4OEAMF2JPjmF5XiNaG71ORM-i2BUM6F-U/s800/R%20(29).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="554" data-original-width="800" height="443" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF3HRilnX-6W82Fge3c3j6ySgFwZHSFLEKw74rT-HNLzXQiOO0ZjcRZfBDopW5FcmFDDy3nvX3z7hVHVsQeFHnpFW3P17X6AzczqLlHach130sUbuA2sIstlf2rzrmyT-b_H5RGKxLMahPk4Acdy4FvjJLGH4OEAMF2JPjmF5XiNaG71ORM-i2BUM6F-U/w640-h443/R%20(29).jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Gruta de Camões em Macau.</span></b></td></tr></tbody></table><br />Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-7740520198039687942023-08-23T04:13:00.001-07:002023-08-23T06:22:19.423-07:00Da índole amorosa do português<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Francisco da Cunha Leão</span></b></p><p><br /></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1IMZob7lRuGjEO-ONTCzxwoS2sxC3ONUTO3dhZw_t7wcBnBOUuNEEcw8kRBAzHl3O4EKORDbI22fTdnqCk2MPzINy2CTCKJKJohrtH3QAIzCsEHyTtYEDGcq4SxhbiYZMPhBNozij2EbnSAjZm-fL6klB3b8dWUQwyeUFRHzA82pSj8lwqhTMIJfR42g/s640/5Ks3OEm.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="426" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1IMZob7lRuGjEO-ONTCzxwoS2sxC3ONUTO3dhZw_t7wcBnBOUuNEEcw8kRBAzHl3O4EKORDbI22fTdnqCk2MPzINy2CTCKJKJohrtH3QAIzCsEHyTtYEDGcq4SxhbiYZMPhBNozij2EbnSAjZm-fL6klB3b8dWUQwyeUFRHzA82pSj8lwqhTMIJfR42g/s16000/5Ks3OEm.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Serra do Marão<br /></span></b><br /></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«(...) À voz do
sangue responde a voz da terra; e este diálogo misterioso mostra os caracteres
da nossa íntima fisionomia portuguesa.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A Ibéria
foi primitivamente povoada por diversos Povos de que descendem os actuais
castelhanos, vascos, andaluzes, galegos, catalães, portugueses, etc.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Aqueles
Povos pertenciam a dois ramos étnicos distintos, diferenciados por estigmas de
natureza física e moral.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Um dos
ramos é o <i>ariano</i> (gregos, romanos,
godos, celtas, etc.); e o outro, é o <i>semita</i>
(fenícios, judeus e árabes).<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O <i>Ária</i> criou a civilização greco-romana, o
culto plástico da Forma, a beleza concebida dentro da Realidade próxima e
tangível, o Paganismo; o <i>Semita </i>criou
a civilização judaica, a Bíblia, o culto do Espírito, a unidade divina, a
beleza concebida para além da Matéria.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O <i>Ária</i> cantou, nos cumes do Parnaso, a
verde alegria terrestre, a infância, a superfície angélica da Vida; o <i>Semita </i>glorificou, nos cerros do
Calvário, a dor salvadora que nos eleva para o céu, o céu da Redenção, pelo
sacrifício do individual ao espiritual.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #741b47;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">Vénus</span></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"> é a suprema flor do
Naturalismo grego; a <i>Virgem Dolorosa</i>,
a suprema flor do Espiritualismo judaico. A primeira simboliza o amor carnal
que continua a vida, esta, o amor ideal que a purifica e diviniza.<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O <i>Ária</i> (celtas, gregos e romanos) trouxe,
portanto, à Ibéria o Naturalismo, e o <i>Semita</i>,
(árabes e judeus) o Espiritualismo.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Povos
destes dois ramos étnicos tão diferentes, misturam-se na Península, originando
as antigas Nacionalidades que Castela submeteu à sua hegemonia, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/dois-caracteres-da-geografia-portuguesa.html">com excepção de Portugal</a>. Todavia, conservam uma certa independência moral revelada pelos
idiomas ainda hoje falados na Espanha.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/07/portugal-teve-de-resistir-castela-para_30.html">Portugal resiste, há oito séculos, ao poder absorvente de Castela</a>. Demonstra este facto
que, de todas as velhas Nacionalidades peninsulares, foi Portugal a dotada com
mais força de carácter ou de raça.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/a-matematica-e-o-esqueleto-da-poesia.html">Teixeira de Pascoaes</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/05/arte-de-ser-portugues-i.html">«Arte de Ser Português»</a>).<span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Se o corpo
de Vénus é feito de espuma do mar, a Virgem Maria é a mais alta e translúcida
espuma da Alma.»<o:p></o:p></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/o-misterio-e-feminino-tratai-o-como.html">Leonardo Coimbra</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/camoes-e-fisionomia-da-patria.html">«Camões e a Fisionomia da Pátria»</a>).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEha7BsjvnK4_aM7mlrC_5-ycyrFGJzXMFge3kzRAu_mckVTUMmkNCgGI90C4-dHRYZQuM0hFvayGQADhaGuiOhqRrWOgJTBRuiA6hv7GAcFLZ9EUEPrSTQVDe0rzn-NW5r2x4uyzv9ZAinQfGBOctax1zNuAiUMzJQcMpalq2FDCuZS7LxkQj9bCnnqjUU/s1130/William-Adolphe_Bouguereau_(1825-1905)_-_The_Birth_of_Venus_(1879).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1130" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEha7BsjvnK4_aM7mlrC_5-ycyrFGJzXMFge3kzRAu_mckVTUMmkNCgGI90C4-dHRYZQuM0hFvayGQADhaGuiOhqRrWOgJTBRuiA6hv7GAcFLZ9EUEPrSTQVDe0rzn-NW5r2x4uyzv9ZAinQfGBOctax1zNuAiUMzJQcMpalq2FDCuZS7LxkQj9bCnnqjUU/w453-h640/William-Adolphe_Bouguereau_(1825-1905)_-_The_Birth_of_Venus_(1879).jpg" width="453" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #bf9000;"><b><i>O Nascimento de Vénus</i>, do pintor William-Adolphe Bouquereau.<br /></b></span></td></tr></tbody></table><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">«A arte de
amar, ensinada por vários tratadistas que se limitam a explicar o que é
explicável, não preceitua mais do que exercício incessante da imaginação. Quem
pela primeira vez declara o amor, por palavras bem ou mal inspiradas, assume o
compromisso de repetir diariamente essa declaração, mas obriga-se também a
inventar processos sempre diferentes de manifestar a fidelidade e a lealdade ao
ente amado. Fazer voto de amor, por qualquer fórmula de juramento, é devoção
que logo se transforma em obrigação.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Toda a arte
do homem amante está em fazer louvar a mulher amada, em evitar a repetição que
mecaniza, banaliza e adormece a vida sentimental, em reconhecer a gradação
subtil dos diferentes vínculos de amor. A graciosidade da linguagem do
adolescente que perpassa na dialéctica dos amantes, o ideal de fidelidade
electiva que enobrece e sublima os mútuos juramentos, o encanto sentimental que
se corporiza no apogeu da volúpia, constituem graus
de uma fenomenalidade que só o escritor de génio pode exprimir sem banalidade,
estultícia ou profanação. Torna-se patente a inépcia do romancista que se
demora no descritivo e no narrativo, por preconceitos naturalistas ou
realistas, quando seria o momento literário de vencer o empirismo pelo
raciocínio e o realismo pela imaginação.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Na penumbra
propícia a um ritual sagrado existem segredos naturais que o literato vulgar
não sabe descrever. Quem não os respeita, reverencia e venera, quem sobre eles
se propõe projectar a cruenta luz meridiana, confessa por isso não compreender
a analogia profunda da morte com o amor, patenteia ignorar a significação da
palavra <i>metamorfose</i>. Confessa assim,
e também, que ainda não soube atribuir significado religioso aos actos
habituais da vida quotidiana.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Conhece talvez
o literato a antiquíssima comparação do sono com a morte, mas não aproveita,
antes despreza, essa comparação que a literatura tornou banal. Nunca meditou,
porém, na analogia do cerrar dos olhos com a cerração da noite, do leito com o
túmulo, dos brancos lençóis com os alvos mármores. Ao despir-se, ao deitar-se,
o homem desenvolve-se das roupas que o aquecem, protegem ou mascaram; goza um prazer
que não é mais do que alívio do sofrimento inconsciente que lhe deu a canseira
do trabalho quotidiano; não repara, porém, que no acto prefigura o despir das
faculdades vigilantes que a alma há-de perder para atingir a nudez esotérica.<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">O artista
que não respeita o ritual da desnudação, é artista que não compreende o
nascimento, o amor e a morte; não sabe distinguir a verdade nua da verdade
revelada; tenderá sempre a descrever o encontro dos amantes em termos de
pornografia ou, seja, de profanação. Não compreenderá a beleza secreta da
palavra <i>sacrifício</i>, nem, portanto, o
encanto eloquente da renascença ou, que o mesmo é dizer, da ressurreição.»<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2014/03/a-ilha-do-amor-no-pensamento-de-alvaro.html">Álvaro Ribeiro</a> («A Razão Animada»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_U63fGedrogKOq04HHYtCXryA2UxY6pwNSI5yA4e8Gg4GJfPh7hD4NthOsCTwe4N5_2CV4OhzKiNO9kg03SFDg1HwYWw1-kUlJmtTmjkf-VGJ9LypTvo5AQTULHnpeQs_aH2BEXPR7v6d6CBE5O9UcP4yv9ji0Roln7pMHEqSHRNlwiS70gEUkpOVc5k/s950/800px-Jacques-Louis_David_-_Mars_desarme_par_Venus.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="950" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_U63fGedrogKOq04HHYtCXryA2UxY6pwNSI5yA4e8Gg4GJfPh7hD4NthOsCTwe4N5_2CV4OhzKiNO9kg03SFDg1HwYWw1-kUlJmtTmjkf-VGJ9LypTvo5AQTULHnpeQs_aH2BEXPR7v6d6CBE5O9UcP4yv9ji0Roln7pMHEqSHRNlwiS70gEUkpOVc5k/w539-h640/800px-Jacques-Louis_David_-_Mars_desarme_par_Venus.jpg" width="539" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;"><i>Marte sendo desarmado por Vénus</i>, por Jacques-Louis David.</span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="color: #990000; font-family: times; font-size: x-large;"><b>Da índole amorosa do português</b></span></p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><span style="color: #741b47;"><b>«De amor escrevo, de amor trato e vivo.»</b></span></p><p style="text-align: center;"><b>Luís de Camões</b></p><p style="text-align: center;"><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O carácter do amor foi por nós observado, a traços largos, numa
rubrica de «O Enigma Português, onde vincámos neste aspecto e sobre o fundo
comum peninsular, a diferença entre portugueses e castelhanos, tão denunciada
na literatura e na história.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Aliás esse carácter é dos mais versados pelos estudiosos das
nossas letras. Na definição das linhas míticas em que se dispuseram
determinadas tendências nacionais fixámos uma que respeita à sublimação da
mulher e outra à <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/a-supervivencia-do-amor-portugues.html">supervivência do amor</a><b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Interessa-nos agora focar as contradições estranhas que a
sensibilidade e o comportamento dos portugueses neste capítulo retratam.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Embora menos estremados que nos castelhanos o amor e a
sexualidade, esta distorsão não deixa de nos aparecer, às vezes, em termos
chocantes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Logo na poesia trovadoresca se bifurcam duas linhas com atitudes
diametralmente opostas em relação à mulher – o que foi observado por numerosos
críticos. Uma de idealidade, em que a mulher querida é como que entronizada,
posta em adoração, e objecto de culto cujo teor se apresenta devotado e casto;
boa parte dessas cantigas – as «de amigo» – coloca o troveiro na boca da
namorada, protagonista de um sentimento que então já se revela inquieto,
magoado – o amor saudoso. «Quem tem amores não dorme» viria a traduzir a
sabedoria do povo, num conceito que os poetas esgotadamente glosariam – eles e
os novelistas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O gosto de sofrer aliado ao gosto de amar em termos de «amar é
sofrer» vem salientado por <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/04/cantico-negro.html">José Régio</a> e Alberto de Serpa na antologia que
organizaram da nossa poesia de amor <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Nas palavras introdutórias a esse trabalho, também se fala do «dom de
sublimação do instinto primário», da «transfiguração do desejo em admiração e
saudade» como traços característicos. <i style="color: black;">«Min
tormenta»</i>, lá diz João Lobeira nos lais de Leonoreta. <i style="color: black;">«Morte, morte de amor melhor que a vida!»</i> (Bocage) exprime o pathos
erótico de um povo a que não falta certo masoquismo e saboreada renúncia <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>. O
«morrer de amor» é uma das características da literatura portuguesa, segundo
Carolina Michaëlis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A extrema vivência amorosa ressalta da «pequena história» às vezes
decisiva, tornada grande, ilustra a poesia e a novelística, dos Cancioneiros e
do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Amadis</i>, à lírica de Camões, às
églogas, a Gonzaga e Bocage, às <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cartas</i>
de Soror Mariana, às novelas de Camilo, a João de Deus, Nobre, Florbela, etc...<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9sZtSEjdo8ZGL4qaYnAIOm-MFNf5d0U3e2dVqwD3MtxLMgRq9fgukOeFD0y4gFVNimKsxoLWo0ur8Dy2X5wW1C07ZLZOa_-eVFDp9Q9uLsYPRPrQ675J1gTWc0To_glvuLqAwRjWl18DyXmFsyeTUxHUqL1V5MPf1T9cbY0aJ8jTEgZ61n0qcdK8q9GU/s471/image-001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="471" data-original-width="292" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9sZtSEjdo8ZGL4qaYnAIOm-MFNf5d0U3e2dVqwD3MtxLMgRq9fgukOeFD0y4gFVNimKsxoLWo0ur8Dy2X5wW1C07ZLZOa_-eVFDp9Q9uLsYPRPrQ675J1gTWc0To_glvuLqAwRjWl18DyXmFsyeTUxHUqL1V5MPf1T9cbY0aJ8jTEgZ61n0qcdK8q9GU/s16000/image-001.jpg" /></a></div><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não minguam testemunhos de vária procedência acerca disso, a
começar pelos Espanhóis, que personalizavam a obsessão amorosa, galanteadora, a
um tempo intrépida e torturada, em portugueses. Esse renome passou os Pirenéus
e a Mancha para exprimir um determinado tipo de amor «à portuguesa».<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Anote-se a primazia, mesmo a realeza do amor na temática do género
literário que mais nos distingue. Sem aquela especial compleição amorosa
teríamos sido tão grandes em Poesia? Decerto que não, pois se eliminarmos do
nosso florilégio a lírica de amor ele fica extraordinariamente empobrecido<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[4]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O facto de na contemporaneidade alguns dos melhores poetas terem
fugido ao tema, ou iludido o tema, por influxo de moda universal, não invalida
a afirmação. É avultada a legião dos que graças ao amor entram a versejar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Muitos dos principais poetas continuaram a sacrificar-lhe poemas
dos melhores como Teixeira de Pascoais (leia-se a genial «Elegia do Amor»),
Afonso Duarte, José Régio, o próprio Torga, cuja «Ode a Vénus» é uma das mais
belas sublimações do «génio da espécie»; e o tema subsiste de primeira plana
com aspectos novos também, no sentido de evitar a monotonia que afectara a
lírica amorosa, em David Mourão-Ferreira e Tereza Horta, por exemplo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Apesar do grande esforço de renovação desta poesia, menos
estremada do sexo, mais intelectualizada ou ironizada, o velho fundo absorvente
e idealista mantém-se. Na sua própria degradação, o fado reflete-o, nostálgico
de pureza.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A outra corrente, da sátira também de amor, tende ao obsceno, é
com frequência grosseira e pornográfica. A mulher que não corresponde àquela
idealidade, ou a trai, aparece desrespeitada em termos boçais e bem assim o
marido enganado ou condescendente. Aí o trato é assoalhado ao vivo e com a mais
desbocada linguagem. Os cancioneiros medievais e a obra de Bocage são exemplos
flagrantes desta extremação<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[5]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>
que tantas vezes co-habita em paredes meias.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Dificilmente se encontram<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a
picante malícia, os subtis mal-entendidos das letras francesas. Dos satiristas
do amor e da mulher, bem poucos, além de Augusto Gil, e nem sempre, conseguem
aproximar-se desse espírito. O cosmopolita Feijó não deixa de ter a mão pesada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não que a sensualidade abandone a poesia sublimadora do amor. Ela
entrelaça-se num tipo de lirismo de teor dominantemente casto, e a partir dos
mesmos trovadores. Na sua forma espiritualista é o que o ensaísta galego Daniel
Cortezón chama <i style="color: black;">«amor-saudade»</i>, tem
carácter avitalista, em contraposição ao amor biológico, subordinado ao «génio
da espécie» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[6]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Exemplifica o primeiro caso Macias, o Namorado, famoso poeta. No segundo,
podemos incluir o mitológico D. João Tenório, em que a sexualidade totalmente
se extrema, tomando ganas de força devastadora e subversiva das barreiras
ético-sociais.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKpip_QiL4eYkquiMkOYfD2GB43Oo6LaaV_Q23soAk9QKz6usvvCXS6Uxq1iyGZAmM-E5bYKcmoTw79qLrG0qor2nOIEbvjvtOKcCfLRdOdYoVTkNyrkstfdzvQ6vZ_H626oIcmqjdr6gvIKqN7_pAG95l9QCdQk3husJfHMHIgMZaza56pzIlQCrnTnE/s800/20151118174810_00001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="501" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKpip_QiL4eYkquiMkOYfD2GB43Oo6LaaV_Q23soAk9QKz6usvvCXS6Uxq1iyGZAmM-E5bYKcmoTw79qLrG0qor2nOIEbvjvtOKcCfLRdOdYoVTkNyrkstfdzvQ6vZ_H626oIcmqjdr6gvIKqN7_pAG95l9QCdQk3husJfHMHIgMZaza56pzIlQCrnTnE/s16000/20151118174810_00001%20(1).jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quando estranha ao factor sentimental, a sensualidade dos
portugueses mostra-se pouco selectiva, indiscriminada, o que os favoreceu no
entendimento com os povos de cor e esteve na base da extensa mestiçagem<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que prestes franjou, consolidando-a, a
fixação lusíada nos trópicos, onde surgiram numerosos grupos étnicos, de
ligação com as sociedades aborígenas da Ásia, África e América, nas quais o
elemento europeu comum garante um mínimo de unidade inter-continental com fulcro
metropolitano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não são propriamente as ligações ilícitas que o escandalizam, e
muitas foram admitidas sem chalaça. Não respeita, porém, a poliandria, nem
mesmo casamentos, além do segundo.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Implacável na exigência do amor, desde que o reconheça vê nele um
sinal de predestinação, admite-o como coisa séria, tocada de transcendência,
que invalida os juízos dos mortais. Foi o caso dos amores de Dom Pedro e Dona
Inez, feitos florir pelo tempo fora, em sequência condigna do louco enlevo e
fidelidade cega desses amantes, cuja trágica desgraça respeitou e redimiu,
transmudando-a em mito de amor eterno.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Neste país onde uma adoração amorosa abundante e obsessiva marcou
a expressão literária, é de estranhar o prosaísmo, a reserva mental, o tom
sardónico do seu adagiário a propósito da mulher. São de velha data usuais
anexins como estes: «A mulher e o pedrado quer-se pisado», «Ainda não é
nascida, já espirra», «O homem na praça, a mulher em casa», «Mula que faz him e
mulher que fala latim, raramente tem bom fim», «A mulher e a galinha, com o sol
recolhida», «A mulher e a cachorra, a que mais cala é a mais boa», «De má
mulher te guarda e de boa não fies nada», etc...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ditos deste jaez, classificáveis em marialvismo e <i>machismo</i>, se
adoptássemos a acepção de Cardoso Pires<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[7]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>
dariam longo rol. Machismo, sem dúvida, e estremado, que é de homem suspeitoso,
ciente dos seus costumes abusadores e do semelhante, este que reduz a fêmea,
cativa ou a trabalhar para ele, que lhe desdenha a ilustração e se teme da sua
tagarelice <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[8]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os hábitos já evoluíram mas sem alteração substancial da
mentalidade, porquanto no sub-consciente de muitos portugueses, até dos que se
ufanam de liberais e progressistas, chibantemente engravatados, em maior ou
menor grau ainda perdura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Em que medida os costumes sarracenos teriam influído nesse
espírito restrito da liberdade feminina? É possível que no rastro de uma
dominação mourisca demorada nos ficasse tal herança, a par das «mouras
encantadas».<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVElP-Bj5gx1-6ddaxh1bCVx08siMEfXQBEsCXUfJXelDlKM1W9rWAiPpubROW0TUQ-C_Xzlbpjz7ZknneUMICtFJkOct9lGbgHX-byWwpzqLPsmHKraz2v-KLpIVdB9klkVdSB9yOSW8cvybZVBg0G95L_HUhNUuxPxBGSS0yGdGlLhn0FXnqbhLbKvs/s399/almond+tree.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="399" data-original-width="397" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVElP-Bj5gx1-6ddaxh1bCVx08siMEfXQBEsCXUfJXelDlKM1W9rWAiPpubROW0TUQ-C_Xzlbpjz7ZknneUMICtFJkOct9lGbgHX-byWwpzqLPsmHKraz2v-KLpIVdB9klkVdSB9yOSW8cvybZVBg0G95L_HUhNUuxPxBGSS0yGdGlLhn0FXnqbhLbKvs/s16000/almond+tree.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Ver <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/11/lendas-de-silves.html">aqui</a></span></b></td></tr></tbody></table><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não obstante do Noroeste, e desde épocas imemoriais, veio-nos uma
tradição de matriarcado, atestada por arqueólogos como Caro Baroja, e
confirmada pela história. A preponderância das mulheres foi grande no
priscialinismo e nunca deixou de exercer-se na faixa ocidental, especialmente
na Galiza. A poesia dos Cancioneiros documenta-a, como vimos. Até o
extraordinário culto de Nossa Senhora denuncia uma étnica tendência para a
sublimação da mulher.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A nossa história, com mais ou menos fantasia, floresce de
heroínas. Não lhe falta um longo friso de mulheres ilustres, do povo às mais
altas estirpes. Nomeá-las seria fastidioso, mas o seu renome vai dos feitos da
defensão militar e ultramarina, às práticas virtuosas, à iniciativa de obras
sociais, às letras, às artes, aos actos de governo. Mostraram heroísmo tanto na
guerra e no amor, quanto em santidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O maior poeta da Galiza foi mulher – Rosalia –, igualmente o maior
romancista: Emilia Pardo Bazán, Entre as combatentes, Maria Pita, defensora da
Corunha contra os ingleses. <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2014/02/pequenas-e-grandes-cidades.html">Unamuno</a>, verificando essa importância da mulher,
entende ser característica de raça velha, cansaço de civilização.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/02/os-descobrimentos-henriquinos.html">Oliveira Martins</a> também chamou a atenção para a importância da
mulher do Minho, a propósito de «Maria da Fonte», a Joana d’Arc do
Setembrismo», no que foi chasqueado por <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/04/o-marques-de-pombal-e-o-terramoto.html">Camilo</a>, chamando à mulher do Minho
«besta de carga» e à lendária cabecilha do movimento patuleia nada menos que
«beberrona e malandra»<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[9]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
D. António da Costa chega a dizer: «Nesta província... a mulher é que toma
verdadeiramente o lugar do homem, e o homem não passa de acessório» <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[10]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Deste novelo de factos e comportamentos antagónicos, bastante
poderá inferir-se numa tentativa de interpretação. O português é de índole
amorosa, vive com intensidade os seus afectos, insofrido, sôfrego, absorvente na
fase da efervescência do amor, cujo objecto poeticamente exalta, mesmo nos
desvairos sensuais. Mas se a dona o desilude, facilmente descamba para a
recriminação satírica, tanto mais que não admite no sexo feminino a
volubilidade carnal que ao macho reserva, e de que tem mais ou menos consciência.
Há nesta atitude, em transposição colectiva, o que os psico-analistas chamam
processo de «projecção», de que atribui a outrem intenções que se nega a
reconhecer em si mesmo, ou defeitos que pressente possuir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O temperamento apaixonado, exclusivista dos portugueses faz deles
grandes amorosos e porventura, na continuidade, incómodos amantes. De um ponto
de vista libertino, do erotismo intelectual puramente hedonista, do prazer pelo prazer, são maus amantes, porque emotivos em demasia. Amor que «não sossega a
coisa amada» servindo-nos de uma expressão de Vinícius de Morais.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg20cOJgoMoy79FGDyB9LcRyd9-Wt32q_XcEETcIss0kUci0e0bzjvz34SQd22E7aGk-O57o0xSFCYNft5Wb1Q-ywVNyVCiMGBMov91caqaHQd6MwD7Bkxm6MmQkKnFF2iCpBlyyVroJ0Ax6JisuNjCSEEFFEWBOGZcGDw6LHrxMgJ4usV-rni0OYRyC3U/s978/800px-Max_Slevogt_Francisco_d'Andrade_as_Don_Giovanni.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg20cOJgoMoy79FGDyB9LcRyd9-Wt32q_XcEETcIss0kUci0e0bzjvz34SQd22E7aGk-O57o0xSFCYNft5Wb1Q-ywVNyVCiMGBMov91caqaHQd6MwD7Bkxm6MmQkKnFF2iCpBlyyVroJ0Ax6JisuNjCSEEFFEWBOGZcGDw6LHrxMgJ4usV-rni0OYRyC3U/w524-h640/800px-Max_Slevogt_Francisco_d'Andrade_as_Don_Giovanni.jpg" width="524" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">D. Juan, no momento da luta.</span></b></td></tr></tbody></table><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Haverá no entanto amor digno desse nome, verdadeiro amor, sem
busca desesperada e ardente do absoluto? Não estará nisso a mais bela
transcensão do homem, o aniquilamento na realização plena? Tal procura, não tem
entre nós o cunho elementar só de extremismo físico, a sanha de fornicação do
galaroz D. Juan Tenório. A compleição afectiva interfere no sentido de uma
posse mais total, em humana plenitude, cópula de corpos e almas; subtiliza, comove
a crueza do sexo. Bem viu um actual ficcionista português no incontestável
donjuanismo autóctone, feição de compromisso, com amolecimentos sentimentais e
sociais, que lhe minoram a «crueldade testicular» e o apartam do genuíno
donjuanismo, repelido e satirizado cá <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[11]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Porventura a aceitação, o êxito amoroso do português (o «portuguesismo
valente») provenha de ser um sedutor incorrigível, atrevido, mas facilmente enamorável; de constituir uma presa possível como afinal o rei D. Fernando tão
amador de mulheres e «achegador a elas», mas sua vítima, ainda que formoso e
inconstante.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">No amor consolidado pelo casamento ou ligação estável, acentua-se
o preconceito do prestígio masculino que o meio aliás impõe ao homem, pelo que
este se encosta aos ditames de uma sabedoria vulgar assente na autoridade do
pater e na suspicácia dos defeitos da mulher («As verdades são dos homens, as
mentiras das mulheres»).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tal reserva em parte demonstra, pelo carácter de defesa, certo
reconhecimento implícito do valor do outro sexo, cujo vantagem chega a ser
temida, em alguns aspectos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A despeito da fraseologia sentenciosa e mordaz, fruto de um
realismo rural cônscio da sujeição biológica da fêmea e da sua fraqueza
provocante em relação ao ímpeto e à mobilidade natural do macho, e apesar do
brio varonil muito agudo em povo criado no prez das coisas másculas e pronto a
captar o ridículo, aquela sisudez também se filia no ideal do lar com fulcro na
virtude da mulher, cuja inspiração cristã é evidente. Vê na esposa, ou nela
exige ver, depositária das virtudes tradicionais da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">gens </i>– a mãe que prolonga outra mãe cujo exemplo é exalçado – e que
mantém na ara doméstica um fogo paralelo ao dos altares.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">As famílias assim robustas aglutinam-se como corais e proliferam.
Nelas estão os viveiros do génio terrantês e os abrigos seguros dos filhos ainda
que pródigos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Houve quem denunciasse na mulher portuguesa um ressaibo oriental;
a meiguice dos olhos, uma doçura de ser, a um tempo grave e submissa que é de
quem nasceu para ser amada («para la caricia y el rendimiento», observou
Unamuno).<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpcKDYXkmRY0cItbQO8y2Ars-_Vwd7g4_4bEedq6awX7U9Vs9tMRo-756pTqUBPrplCc6xkmCL9pmDDUcMOpjtY39LLDQ9bnbhaNraV103GPkAcMsczxvY-PNI8-ws0Rv31bs2zdxqqiFBDXNkHmcxffZFGAO3hLqngWnagyOGQYM6uchG-nej6AfQ19M/s980/1525711624_377047_1525711819_noticia_normal.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="580" data-original-width="980" height="379" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpcKDYXkmRY0cItbQO8y2Ars-_Vwd7g4_4bEedq6awX7U9Vs9tMRo-756pTqUBPrplCc6xkmCL9pmDDUcMOpjtY39LLDQ9bnbhaNraV103GPkAcMsczxvY-PNI8-ws0Rv31bs2zdxqqiFBDXNkHmcxffZFGAO3hLqngWnagyOGQYM6uchG-nej6AfQ19M/w640-h379/1525711624_377047_1525711819_noticia_normal.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Ao centro: Miguel de Unamuno.<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Dos olhos vem por transparência muito da vida interior. Não é o
brilho intenso e dominador das espanholas que «barren la calle com sus miradas»,
nem o picante frívolo e inteligente das francesas, nem aquele olhar que nas
britânicas tem «um arcanjo e um demónio a iluminá-lo» misto de angélico
devaneio e frieza, ou a bruma indecifrável das nórdicas e seus relâmpagos de
iniciativa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Abandono sonhador e uma ajuizada ternura denunciam a mulher
portuguesa. Em novas são <i style="color: black;">garotas</i>, <i style="color: black;">meninas</i> ou <i style="color: black;">raparigas</i>, termos que impressionam Valéry-Larbaud <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[12]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Capaz de heróica devoção, resistente, sofrida, revela-se realista no casal e
defende, pela pressão dos sentimentos, o seu domínio. Este aspecto <i style="color: black;">celoso</i> foi notado há muito pelos nossos
vizinhos <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[13]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Em que medida tais caracteres determinam o comportamento do homem
e as contradições discernidas? O citado grande pensador espanhol inclina-se a
explicar pelo nosso tipo feminino o tom erótico-patético do lirismo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Reflectindo um pouco, vê-se que o amoroso que exalta a namorada e
a conduz à igreja para uma união definitiva, não tarda em apossar-se do
comando, em reaver, cauteloso, uma situação de que só transitoriamente
abdicara.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O prosaísmo suspeitoso que ressuma do adagiário e o comportamento
vulgar do marido traiem assim, como observámos, intenção defensiva perante o
ascendente inicial da donzela-dona. Este é susceptível de reforço para o que indirectamente
concorrem a volubilidade do homem e um espírito de aventura que em vários
aspectos, até no económico, o afecta enquanto viril.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Uma filosofia prudente, apoiada no consenso moral, ajuda-o a restringir
o poder feminino além do círculo estreito do lar. Não falta quem pendure, logo
à entrada da porta, um azulejo de mau gosto onde se lê: «Cá em casa manda ela,
mas nela mando eu». Jactância, ao fim e ao cabo subvertida pela emoliente
erosão das mulheres, mais persistentes no seu fito, mais concretas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O homem vai «em contrapartida procurar no café ou em reuniões de
homens a expressão da sua personalidade viril» diz um autor contemporâneo <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[14]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
no que afinal confirma a estranheza de muitos estrangeiros pela superabundância
de homens nos lugares públicos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Paul Descamps, em livro de 1935, apontou entre nós a radicação de
costumes que insere em matriarcais, tais como o papel primacial da mulher na
educação dos filhos e a frequente designação destes pelos nomes das mães (e até
dos maridos pelos nomes das mulheres), muito usada nalgumas províncias. Não
somos apesar de tudo, o país da Lei Sálica e do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">monsieur-dame</i>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi26SvNa64LYcdy86Ffmct2i8bImYljWgxPtrpaVH5yvSWEW6iwxnBlzuweS3XPpu_2Liz1FQm0ebLG6YvJHj-1Iq-lh_dRHrVZcZvkifrXZdN9KHBj1Xec2NyP1ycoPl_0OA4sppfluHxiRVO4IUmp-McoshdUq6B9MObdSBLGLrXQiA55vNv-Hp9qP3k/s979/002%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="979" data-original-width="734" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi26SvNa64LYcdy86Ffmct2i8bImYljWgxPtrpaVH5yvSWEW6iwxnBlzuweS3XPpu_2Liz1FQm0ebLG6YvJHj-1Iq-lh_dRHrVZcZvkifrXZdN9KHBj1Xec2NyP1ycoPl_0OA4sppfluHxiRVO4IUmp-McoshdUq6B9MObdSBLGLrXQiA55vNv-Hp9qP3k/w300-h400/002%20(1).jpg" width="300" /></a></div><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mulher espera, sabe esperar, eminentemente conservadora da
etnia nacional, e a verdade é que pela confiança, nem sempre só com os anos <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[15]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>
ou a viuvez, consegue uma situação de chefia, apoiada na maternidade, cujo
prestígio é enorme em povo comovediço, radicalmente cristão. Ela prolonga a
família, elemento estável que em regra sobrevive ao consorte, e refaz os
patrimónios tantas vezes comprometidos pelo marido estroina.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/02/o-caso-da-finisterra-do-noroeste.html">Francisco da Cunha Leão</a>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/11/da-psicologia-portuguesa_24.html">Ensaio de Psicologia Portuguesa</a></i>,
Guimarães Editores, Lisboa, 1971, pp. 105-117).<o:p></o:p></span></b></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a> <span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Ver «Linhas míticas da História
nacional», no volume «O que é o Ideal Português» – Edições Tempo, 1961.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> «Alma minha gentil...» –
Portugália Editora.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Alguns psicanalistas (Freud,
Helene Deutsch) estabeleceram conexão entre masoquismo e feminilidade, o que
foi confirmado em motivações mais culturais que sexuais por Karen Horney,
revisionista da Psicanálise (Ver: «El nuevo Psicanálisis», da autoria de Karen
Horney, tradução do inglês – Fondo de Cultura Economica – México – Buenos
Aires). Tem sido observado no temperamento português algo de feminino, o que
pode estar em secreta relação com o amor torturado que tanto o caracteriza.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/03/amor-e-guerra.html">Denis de Rougement</a> no livro
«<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/10/o-amor-cortes.html">L’amour et l’Occident</a> (Livraria Plon – Paris) observa: «Ce qui exalte le
lyrisme occidental ce n’est pas le plaisir des sens, ni la paix féconde du
couple. </span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;">C’est moins l’amour comblé que la <i style="mso-bidi-font-style: normal;">passion</i> d’amour. Et passion signifie souffrance».<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Isto é dito a propósito da sua profunda análise do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mito de Tristão</i>, em que há o acordo do
Amor e da Morte. No entanto se é característica ocidental ela deve singular vivência
entre nós, onde o velho mito céltico se repetiu com nova formosura na história
de Dom Pedro e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/a-linda-ines.html">Dona Inez</a>. Ressonância étnica profunda?</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Ver a notável edição crítica das
«Cantigas de escárneo e mal dizer» de Rodrigues Lapa.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> «De la Saudade y sus formas».</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> «Cartilha do Marialva».<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Francisco Xavier de Oliveira,
apesar de homem do Século das Luzes, tem opiniões como esta: «Verdadeiramente a
mulher é ligeyríssima por natureza, e emprega-se gostosamente nas cousas de
pouca importância pela debilidade do seu juíso». «Cartas familiares, históricas
e críticas».</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> «Maria da Fonte» – Lello &
Irmão – Porto.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> «No Minho».</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Urbano Tavares Rodrigues, «O
mito de D. João e o donjuanismo em Portugal» – Livraria Ática.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> «Divertissement philologique».<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Ver «Portugal e os portugueses
em Tirso de Molina» por Manuel de Sousa Pinto – 1914.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Ruben A, «Autobiografia», vol.
I, p. 34.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Liberdade e iniciativa que
«apenas ganham quando caducas», segundo o mesmo escritor, acima citado.</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUjpN84DToz-pV6XaLmHhHm6ecAHk97OoyEPGEkT7XiN9IO8wnV3HXmpWmVbm1mUCPs0v0IQ3T3LjoZU0EnxmvZmXt5opnDkp9YMPzKEXcpXT0YD7HhYQc4nO8_dYYi7eg9jywlo6FgcLYCv4vok5JiaivJKKbT0XM8OpJbHtow1Q2QEuaFx758eaYSy0/s640/20230524170959_00001%20(1)%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="446" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUjpN84DToz-pV6XaLmHhHm6ecAHk97OoyEPGEkT7XiN9IO8wnV3HXmpWmVbm1mUCPs0v0IQ3T3LjoZU0EnxmvZmXt5opnDkp9YMPzKEXcpXT0YD7HhYQc4nO8_dYYi7eg9jywlo6FgcLYCv4vok5JiaivJKKbT0XM8OpJbHtow1Q2QEuaFx758eaYSy0/s16000/20230524170959_00001%20(1)%20(1).jpg" /></a></div></div><div id="ftn15" style="mso-element: footnote;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span></div></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-30374386049956219182023-08-20T04:07:00.000-07:002023-08-20T04:07:37.581-07:00A ideia do iberismo entre políticos e intelectuais portugueses<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Franco Nogueira </span></b></p><p><br /></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi16ycDjpLaTYF2EXA99Ux7aJfG6IAogPMCQ0DzsmnGfhht4giZGv2OozDXeQ3MvqZL8mXJAhhPnURp5hs62JAJq0gg2xhqyk_PLVPH9ir-etqMqVCVwxUghPA4CNQSBVzgDCGiiy27KrxkJtEzzxUKsZqUzmqnuc9K5doo85eriPpmeWNrbiEGV6kJQfU/s1024/Dominios_de_Felipe_II-pt.svg.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="633" data-original-width="1024" height="396" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi16ycDjpLaTYF2EXA99Ux7aJfG6IAogPMCQ0DzsmnGfhht4giZGv2OozDXeQ3MvqZL8mXJAhhPnURp5hs62JAJq0gg2xhqyk_PLVPH9ir-etqMqVCVwxUghPA4CNQSBVzgDCGiiy27KrxkJtEzzxUKsZqUzmqnuc9K5doo85eriPpmeWNrbiEGV6kJQfU/w640-h396/Dominios_de_Felipe_II-pt.svg.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Os domínios de Filipe II na Europa em 1581.</span></b><br /><br /></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«O ideal dominante de D. João II era achar terras e,
designadamente, a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-fumos-da-india.html">Índia</a>, com objectivos económicos e de proselitismo religioso,
sem cupidez ou fúria, segundo mostrou em Marrocos, na Mina e no Congo, como se a
curiosidade geográfica sublimasse a uma esfera superior de especulação as
violências do restaurador da autoridade e a intolerância necessária da
catequese.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Em Filipe II, pouco lembrado do império que uma plêiade de heróis
e aventureiros brindara aos seus antecessores, o ideal dominante era a defesa e
guarda da fé católica, na sua forma de reacção batalhadora, principalmente
depois do concílio de Trento e da Liga Santa do Mediterrâneo, que teve sua hora
triunfal em Lepanto – 1571, a véspera dos <i>Lusíadas</i>!<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>(...) Mas quando Filipe II perseguia tudo que podia quebrantar a
majestade do catolicismo e a majestade do seu poder, que fazia senão continuar
lógica e consequentemente a política do seu pai, Carlos I, perseguidor de turcos,
mouros e “comuneros”, como Carlos I continuava já uma obra dos avós, os Reis
Católicos, introdutores da <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/04/inquisicao-e-cristaos-novos-i.html">Inquisição</a> e perseguidores dos judeus, que haviam
desempenhado o último acto da cruzada peninsular com a conquista do derradeiro
reino mouro, o de Granada, e encenado o primeiro acto da cruzada americana,
atravessando-se com a aventura de Colombo nos meditados planos de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/d-joao-o-segundo.html">D. João II</a>? E
os Reis Católicos que faziam senão coroar toda a longa obra de opor uma
barreira aos progressos da invasão muçulmana, de reconquistar a terra ibérica
aos mouros e de incorporar os estados que iam brotando desse lento e
tergiversante processo histórico? E todas essas monarquias cristãs, que desde
Covadonga se foram formando, fundindo e pulverizando de novo, ao acaso de
alianças matrimoniais, testamentos e batalhas, eram apenas cristalizações
episódicas dessa cruzada e herdeiras do espírito político-religioso do império
visigótico.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Foi sob a teocracia dos visigodos que se definiram as
características políticas e sociais da vida medieva peninsular. A unidade
política consegue-a Leovegildo em 585, incorporando os suevos; o cristianismo é
adoptado como religião do Estado após a conversão de Recáredo, em 589; e o
império visigótico tomba num choque de credos religiosos em 711. A doutrina da
monarquia vitalícia e hereditária, de unção divina, orientada pelos concílios
eclesiásticos e adornada de impressionantes pompas externas, veio-se formando
lentamente durante a ocupação visigótica, desde o patronato militar e através
da monarquia electiva até à sua sistematização teórica e prática na Renascença.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Portanto, de longe vinham as dominantes características da filipização
de Espanha: unidade política e unidade religiosa, em mútua influência
reforçadora. Somente, coexistindo o seu reinado com a maior crise do catolicismo
e sendo o império da Casa de Áustria o maior do tempo, Filipe II, mais fiel aos
compromissos do passado que sensível à novidade dos horizontes que a América e
a Reforma lhe abriam, quis e pode constituir-se em ardoroso paladino do
catolicismo. E os seus terços aguerridos cruzaram e talaram a Europa. E teve ainda veleidades sobre a Inglaterra, uma vez
pacificamente pelo seu casamento com Maria Tudor, outra com o formidável esforço
da armada de 1588, tão prontamente desbaratada. Napoleão, cujos exércitos
também assolaram a Europa, disfarçando a sua orgia militar com a difusão do
evangelho revolucionário, diz, no <i>Memorial
de Santa Helena</i>, que serão precisos milhares de anos para que se repita um
conjunto de circunstâncias como o que tornou possível o seu triunfo. Sem génio
e sem o magnetismo prestigioso do corso, Filipe II é também produto da
convergência rara de circunstâncias e não careceu, por igual, de nimbo lendário
e deformador.»<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Fidelino de Figueiredo («As Duas Espanhas»).<span style="color: #783f04;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Na realidade, do iberismo como teoria, como doutrina, ou do
anti-iberismo como posição política ou como sentimento popular, encontramos mil
expressões durante toda a segunda metade do século XIX. São quadros sucessivos
que se sobrepõem, ou continuam os quadros que ficaram resumidos. Persiste na
sua actividade a <i>Liga-Hispano-Lusitana</i>:
afirma-se uma associação para disseminar o pensamento da união ibérica: e
sugere que se comece, entre outros domínios, pela união postal, telegráfica,
pedagógica, construção de estradas, e pelo estabelecimento de propriedade
literária e artística em comum. Surge o <i>Porvir
Hispano-Lusitano</i>, publicado em Vigo, que advoga o estreitamento de relações
entre os dois países (iniciativa análoga foi agora tomada (1992) pelo <i>Faro de
Vigo</i> e secundada do lado português, para publicação de um jornal <i>Sem Fronteiras</i>); e é <i>O Iberismo ou a Fusão das nacionalidades</i>,
editado em Madrid por Nuñez Amor. Também em Portugal: é a <i>Confederação ibérica – bases para um tratado de aliança ofensiva e
defensiva, e liberdade de comércio entre Portugal e a Hespanha</i>; é a <i>União Ibérica</i>, ou reflexões sobre a
união dos dois povos da Península, de Joaquim Ribeiro; é a colectânea de
artigos do <i>Arquivo Nacional</i> sobre a
União Ibérica, precedida de <i>“considerações”</i> feitas pelo <i>“Ex.mo Sr. Conselheiro Latino Coelho, actual ministro da Marinha de
Portugal”</i>, publicado no Rio de Janeiro. Muitas outras manifestações se poderiam
citar. Tudo suscita em Portugal uma reacção vigorosa, e hostil. Destaquem-se os
<i>Ecos de Aljubarrota</i>, de Guilherme
Braga; o <i>Opúsculo Anti-ibérico</i>, de
Luciano Cordeiro; a <i>Pátria contra a
Ibéria</i>, de Eugénio de Castilho; a <i>Lyra
Civica</i>, de Alberto Pimentel, que se apresenta como poesia anti-ibérica; o <i>Brado contra a Ibéria</i>, poesia de Batista
Machado, declamada no Variedades pelo actor Abel; e a esmo pululam os <i>protestos</i>, as <i>refutações</i>, as <i>respostas</i>,
em defesa da independência nacional. Muito se poderia citar. No seu <i>Dicionário</i>, tomo X, Inocêncio menciona
cerca de cento e cinquenta títulos, entre livros, manifestos, separatas, folhetos,
mil outras publicações similares.»<o:p></o:p></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/guerra-peninsular.html">Franco Nogueira</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/02/juizo-final-i.html">«Juízo Final»</a>).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdyDrGSSInnv1pJgYtPU-y96r4wm2NtrLY55Qi8QeHqe-aoNHYgiSYA3613uN4YyrV6j88T48BWPrkGdDNyULhUQMXenEKR2rHm47vd7lrvggS8fzU8RAj0n-52hLLc85PqYKyw_gaF2O7PtU6oqayoGElqQ85jU9fEW_ThFA5r8mNGQN_xPEqN_FawQs/s640/20151202165339_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="462" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdyDrGSSInnv1pJgYtPU-y96r4wm2NtrLY55Qi8QeHqe-aoNHYgiSYA3613uN4YyrV6j88T48BWPrkGdDNyULhUQMXenEKR2rHm47vd7lrvggS8fzU8RAj0n-52hLLc85PqYKyw_gaF2O7PtU6oqayoGElqQ85jU9fEW_ThFA5r8mNGQN_xPEqN_FawQs/s16000/20151202165339_00001.jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«(...) <i>a</i> História da
Civilização Ibérica <i>não historia a
civilização ibérica. Também na</i> História de Portugal <i>se não conta a história da <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/do-berco-construcao-da-nacionalidade.html">nacionalidade portuguesa</a>. Ambas as obras
são, a despeito dos seus títulos e mais ainda a primeira que a segunda, simples
ensaios interpretativos de dois longos dramas históricos ou, melhor, de um
drama histórico e de uma pormenorização lateral, desse vasto conjunto. Quem
não conhecer a civilização ibérica, pouco ou nada aprenderá nessa obra, cujo
escopo principal foi apresentar a visão de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/02/os-descobrimentos-henriquinos.html">Oliveira Martins</a>, que é também uma
demonstração, a primeira que se produziu, de uma unidade típica e circunscrita à península hispânica, na qual se fundem as várias evoluções nacionais, contidas
nesse quadro geográfico. E não se estranhe que só na segunda metade do século
XIX surgisse tal demonstração. O sentimento geográfico da unidade peninsular
tardou séculos a formular-se e vitalizar-se em força política, mesmo em
determinante de coalescência interna. Pois o sentimento histórico dessa unidade
em quanto ao drama encenado no quadro geográfico foi ainda mais demorado em se
fazer sentir. E nunca chegou ao pleno reconhecimento. As guerras civis do
século XIX e do XX, e a legislação das duas repúblicas, a de 1873 e a de 1931,
claro mostram que as recordações das velhas nacionalidades eram ainda muito
vivas e estavam prontas a irromper e volver-se em reivindicações
particularistas.<o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b><span style="color: #783f04;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">Em 1873, quando
apareceu a</span></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"> História da Civilização Ibérica, <i>estava muito presente no espírito de todos a
agitação do cantonismo espanhol que matara a primeira república. E em Portugal
ainda não acalmara de todo a tempestade de protestos suscitados pelas
veleidades unitárias dos homens da república e pela possível candidatura do rei
D. Fernando Coburgo ao trono espanhol. Basta consultar o </i>Dicionário
Bibliográfico<i>,</i> <i>de Inocêncio, para ajuizar da abundância verbal dessa discussão
exaltada. No campo literário havia algumas vozes de independência e ponderação,
tais como Antero de Quental e Latino Coelho, mas não chegavam para constituir
corrente avultada de opinião crítica. Por isso a publicação desse ensaio de
filosofia da história dos povos peninsulares, considerados no seu paralelismo e
na sua travação dinâmica, foi um acto de coragem mental – embora muito menor do
que se afigure a um leitor moderno, que não conheça a amplitude da liberdade
intelectual do século XIX.<o:p></o:p></i></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b><span style="color: #783f04;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">O êxito da obra foi
pleno. Os portugueses encontravam nela uma larga síntese ao gosto do tempo,
síntese muito simplista e mnemónica, e corrigida quanto a excessos de abstracção
por largas pinceladas de flagrante caracterização colorista. Era
verdadeiramente cómoda aquela simbolização da história paralela dos dois povos
irmãos nalguns sucessos e nalgumas figuras. Tinha a aparência de demonstração
de coisa quase evidente, a que só faltasse a relevância sedutora, que lhe dava
a magia da pena do escritor. Apesar de todos se encontrarem nessa quase evidência,
a obra tinha muito carácter pessoal, era coisa bem ensaística, não na extensão,
mas nesse cunho das ideias próprias, do prejuízo pessimista e da preocupação
prática de reforma política imediata. E era pedra de um grande edifício. Em
vinte anos, este homem que não chegou a atingir a cinquentena, ergueu uma das
mais imponentes construções de pensamento de toda a nossa história
intelectual. Assimilando num prodigioso esforço de estudo, com que exemplificou
nele mesmo o poder da vontade, a que levantou calorosas apologias no decurso da
sua obra, assimilando as ciências novas do seu tempo, que ministravam uma outra
compreensão do homem, a antropologia, a arqueologia pré-histórica, e etnologia,
a etnografia, a sociologia comparada, a hierologia, a economia, dominando toda
a evolução histórica da humanidade nas suas relações com a geografia e na sua
obediência aos imperativos económicos, tomou para aplicação das suas ideias
três tipos de evolução política e social: o helénico e o romano, de que todos
na Europa descendemos, e o ibérico ou o do seu sangue, cujos problemas
candentes se erguiam à vista dos seus olhos. Essa a origem ou o lugar da </span></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">História da Civilização Ibérica<i>
na sua grande arquitectura historiográfica. Depois veio a pormenorização
concreta da fisionomia portuguesa dessa civilização servida por dois verbos
principais, até chegar aos planos de acção que o levaram à política, ao
ministério e à desilusão.<o:p></o:p></i></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b><span style="color: #783f04;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">Para os espanhóis a
obra era uma espécie mais a acrescentar à literatura da decadência da pátria,
um tema obsessionador desde os últimos soberanos da Casa de Áustria. Nos
séculos XVII e XVIII essa literatura concentrara-se na terapêutica política ou
nos expedientes governativos que haviam de restituir a Espanha ao antigo
esplendor do tempo de Filipe II – compreendendo-se nesse regresso ao velho esplendor
a recuperação de Portugal, já se deixa ver... É aquela grossa linhagem dos
chamados “iberistas”, cujas ideias correm uma larga escala, desde os razoáveis
planos de governo, em que se pressupõe que os decretos dos reis são tudo na
vida dos povos, até às invencionices mais absurdas. No século XIX o arbitrismo
cede o lugar à crítica da história; faz-se diagnóstico, mas também se faz
etiologia da doença e propõe-se alguma solução terapêutica, já dominada por
sentido da realidade. Há uma evolução sequente nas ideias sobre a decadência
espanhola. E aparecem os cronistas dessa evolução. E quando o desastre nacional
de 1898-1900 dá acuidade emotiva à discussão desse vital problema, surge uma
geração de ensaístas, que partindo de Ganivet e Unamuno, da sua polémica sobre “el
porvenir de España”, do </span></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">Idearium Español<i>, de </i>En torno<i> </i>al casticismo<i>, e do
apostolado de Joaquín Costa, há-de renovar a vida mental de Espanha e erguê-la
a grande nível. A sua influência estender-se-á até à morte da segunda
república.»<o:p></o:p></i></span></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Fidelino de Figueiredo (in Prefácio a Oliveira Martins, «História
da Civilização Ibérica»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMZBYQwEdgxmwQ0rupWdaS-74aKgfsa6Zz2ed98t0Kbfim9hsiMfH1AfT0cTw5K5LTGKuIFnjJArQ0LkTmftT7zNgHBv323yhlYK4ifPsvbJ1dgUjwtR2pA5M-zT8_OL42IEvYNabG1a3DMl7fLdRy4CT6rDqzDTJrhHVvKffWX6PoJ1rJkWOPzReFk_E/s800/20160411142209_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="539" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMZBYQwEdgxmwQ0rupWdaS-74aKgfsa6Zz2ed98t0Kbfim9hsiMfH1AfT0cTw5K5LTGKuIFnjJArQ0LkTmftT7zNgHBv323yhlYK4ifPsvbJ1dgUjwtR2pA5M-zT8_OL42IEvYNabG1a3DMl7fLdRy4CT6rDqzDTJrhHVvKffWX6PoJ1rJkWOPzReFk_E/s16000/20160411142209_00001.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span style="color: #741b47;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #741b47; font-family: times; font-size: x-large;"><b>A ideia do iberismo entre políticos e intelectuais portugueses</b></span></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;"><br /></p><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não era somente nos recantos dos altos enredos internacionais e em
Espanha, todavia, que mergulhava as suas raízes o iberismo. Entre políticos e
intelectuais portugueses, como em 1380, ou 1580, ou outros períodos menos
agudos, fazia alguma carreira a ideia. Saldanha, acaso sem absoluta consciência
das forças históricas, foi um dos seus paladinos. Mas do iberismo, nesta fase
da vida nacional, é talvez Oliveira Martins o seu mais sistemático expositor.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Poeta eloquente da história, Oliveira Martins considerava que
Portugal findara como nação independente em 1580; admirava as conquistas e
navegações, mas o império do Oriente fora uma <i style="color: black;">«montanha de ignomínias»</i>; e depois o reino vivera, titubeante e
exausto, segundo os caprichos do concerto europeu. Escreve a <i style="color: black;">História da Civilização Ibérica</i>: não
escreve a <i style="color: black;">História da Civilização
Peninsular</i>: e o pormenor tem significado. Nessa obra, confundem-se
expressamente os dois países da Península; Albuquerque e Cortez, João de Castro
e Pizarro são produto do mesmo génio peninsular; e os <i style="color: black;">Lusíadas</i> são o <i>testamento da Espanha</i>. Em Espanha, Oliveira Martins
é acolhido de braços abertos: sócio da Academia Real de História, membro do
Ateneu de Madrid, grã-cruz de uma ordem espanhola: e surge o plano da <i style="color: black;">«Liga Ibérica»</i>. E então teoriza o seu
iberismo no <i style="color: black;">Portugal Contemporâneo</i>: e
apresenta os dilemas que entrevê. Para Martins, <i style="color: black;">«mais ou menos, um ou outro dia, todas as nações pequenas tiveram a
recear a perda da independência»</i>; e quanto a Portugal <i style="color: black;">«sucede que, no decurso de uma história de já quase oitocentos anos, é
constante o sentimento, ou de medo, ou de esperança em uma fusão no corpo da
nação vizinha»</i>. Esta a tese: e para a justificar põe as dúvidas e as
contradições. <i style="color: black;">«Estamos à mercê do
concerto europeu, que pode decretar o nosso desaparecimento e encarregar a
Espanha de cumprir o decreto»</i>; é exacto também, todavia, <i style="color: black;">«que a sentença apenas se executaria por
vontade nossa»</i>. Por outro lado, <i style="color: black;">«o
português emigra, desnacionaliza-se; mas remete para o reino muito dinheiro.
Defende-nos a protecção da Inglaterra; mas também nos defendem sete séculos de
história, e uma língua diferenciada, e um Camões. Para nos fundirmos com a
Espanha, somos demasiados; e para um dualismo em pé de igualdade, somos poucos.
Lisboa é pedra fundamental neste quadro: o porto, o estuário, a situação
geográfica, a alma da cidade, justificam e impõem uma nação em seu derredor: e
Cádiz e Vigo não tolerariam que ali se estabelecesse a capital peninsular»</i>.
Entretanto, <i style="color: black;">«vamos indo, vamos vivendo»</i>.
Mas o tempo corre: Oliveira Martins estuda, esclarece-se: é homem íntegro,
sincero, de boa-fé: e começa a ver as realidades a outra luz. Num volume de
<i>Dispersos</i>, escreve: <i style="color: black;">«A união ibérica não
é hoje o programa de nenhum dos partidos espanhóis, mas é o instinto de todos»</i>;
e a <i style="color: black;">«ambição inconsciente de hoje é o
plano de amanhã, para ser o propósito do dia seguinte»</i>; e <i style="color: black;">«à medida que a ideia se define, acentua-se
a energia da acção: amizade primeiro, pressão depois, violência final»</i>. E
protesta: <i style="color: black;">«Se, bem governados, tivéssemos
alguma centelha de patriotismo sério e firme, e algum vislumbre de discrição
suficiente, não havia talvez que temer para breve. Mas se, pelo contrário,
somos nós próprios, os nossos capitais e as nossas companhias, que fazemos o
jogo de Espanha!» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Com a sabedoria e a serenidade dos anos, Oliveira Martins resumiria mais tarde
um outro pensamento, e noutro volume dos <i style="color: black;">Dispersos</i>
escreveu: <i style="color: black;">«Importa pouco ou nada à Europa
que a Espanha tenha dois reinos ou um só. É para nós positivo que nenhuma das
potências europeias dispararia um tiro em nossa defesa: é óbvio, pois, que o
interesse recíproco da Espanha e de Portugal está em que nenhum de nós pense,
nem de longe, em aventuras perigosas para o futuro de ambos. União de
pensamentos e de acção, independência de governo: eis, a nosso ver, a fórmula
actual, sensata e prática do iberismo»</i>. Oliveira Martins atenta no Ultramar
português, nos seus problemas, na sua valorização: e temos <i style="color: black;">Portugal nos Mares</i>, <i style="color: black;">Portugal
em África</i>, <i style="color: black;">o Brasil e as Colónias
portuguesas</i>. É um nacionalista que encara as dificuldades à luz pura do
interesse nacional. Mas sobrevém o ultimato inglês de 1890; é geral a
indignação perante a injustiça; e Oliveira Martins imprime novo desvio ao seu
iberismo. Defende a aliança com a Espanha, por ser a única <i style="color: black;">«fecunda, natural e duradoura»</i>; repudia a aliança inglesa, que foi <i style="color: black;">«sempre para nós um protectorado mais ou menos disfarçado»</i>; mas não aceita tão-pouco o seu federalismo inicial pois a
aliança espanhola deve ser baseada na força e na vontade portuguesa. E então,
já na última quadra da existência, Oliveira Martins muda de novo e apenas
encontra refúgio final e sacia o espírito nos grandes temas do patriotismo
português: dá-nos uma <i style="color: black;">Vida de Nun’Álvares</i>,
uns <i style="color: black;">Filhos de D. João I</i>, um <i style="color: black;">Príncipe Perfeito</i>, um <i style="color: black;">Camões</i>, mesmo um <i style="color: black;">Febo Moniz</i>: era a galeria dos grandes portugueses. Tomara
consciência das realidades, certificara-se dos interesses, adquiria uma visão
histórica: tornara-se um patriota tradicional. E quando escreve as suas <i style="color: black;">Cartas Peninsulares</i>, com amizade e
ternura pela Espanha, não as designa todavia por <i style="color: black;">Cartas Ibéricas</i>. De Espanha passou a receber críticas acerbas, e os
seus amigos de ontem compraziam-se em apontar os seus erros históricos.<span style="color: black;"> </span></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><br /></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgzojf7OZLbQc9fyBc5zNvDUWRgAGcz_bAn-GrT4NBRqqfRP8Dy0lLFM9mHfYuSuCtjdYVBD75rzr4ucA06-7S2SfgdC5rp_uR0vQISFT3rs2bbGbr-UkHfu01S2HPp39gTd-ef3d5OeptYSM-ZGC0UcSc-fVKb-Q_lhiQ8bltnnLUlcfu7QOJB-dcebs/s500/A%20Lily.%20%20Photograph%20courtesy%20of%20Dakiny.%2014696675220_05f5894831.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="333" data-original-width="500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgzojf7OZLbQc9fyBc5zNvDUWRgAGcz_bAn-GrT4NBRqqfRP8Dy0lLFM9mHfYuSuCtjdYVBD75rzr4ucA06-7S2SfgdC5rp_uR0vQISFT3rs2bbGbr-UkHfu01S2HPp39gTd-ef3d5OeptYSM-ZGC0UcSc-fVKb-Q_lhiQ8bltnnLUlcfu7QOJB-dcebs/s16000/A%20Lily.%20%20Photograph%20courtesy%20of%20Dakiny.%2014696675220_05f5894831.jpg" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfpYmSxEdhHlggluBivVZeOyh_Uk4g5VbvSF8hXWB-2u9mYz_Yf3WKiP7dhjzbfPp06OSkNCMQL1YkmAUc6ByJ7D0Uq9wbR532xxRxRk0zQ7qdkfevUSuZAyXN3Q0Ss5lwr1gYGvs5lJudUBesjtCUibNZOnHnkQxaam4YMajLdxHtotHmCLLDIE_oGVE/s800/20161223165519-001%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="553" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfpYmSxEdhHlggluBivVZeOyh_Uk4g5VbvSF8hXWB-2u9mYz_Yf3WKiP7dhjzbfPp06OSkNCMQL1YkmAUc6ByJ7D0Uq9wbR532xxRxRk0zQ7qdkfevUSuZAyXN3Q0Ss5lwr1gYGvs5lJudUBesjtCUibNZOnHnkQxaam4YMajLdxHtotHmCLLDIE_oGVE/s16000/20161223165519-001%20(1).jpg" /></a></div>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Se do plano da política e da historiografia passarmos ao estudo da
literatura, também encontramos manifestações iberistas. Latino Coelho, na sua
juventude e antes de ser ministro da Marinha, foi um dos seus arautos. Ao
estudar no <i style="color: black;">Vasco da Gama</i> e no <i style="color: black;">Fernão de Magalhães</i> as navegações e
conquistas, mostra-se deslumbrado com os feitos dos homens e as glórias de um
povo; em algumas das suas <i style="color: black;">Páginas
Escolhidas</i> considera, no entanto, que esse povo entrara no ocaso; e no seu
<i>Cervantes</i> inclui explicitamente Portugal na Espanha. Também Teófilo Braga
considerava ser a divisão da raça latina a causa do seu enfraquecimento: e via
a salvação num federalismo amplo, e ibérico antes de mais. Para Antero de
Quental, eram três os motivos da decadência: catolicismo, absolutismo,
conquistas e navegações. Para o autor dos <i style="color: black;">Sonetos</i>,
a <i style="color: black;">«nossa fatalidade era a nossa história»</i>;
havia que repudiar o <i style="color: black;">«espírito moral do
passado»</i>; estava-se agora perante a <i style="color: black;">«transição
para o novo mundo industrial»</i>, a que <i style="color: black;">«pertencia
o futuro»</i>; éramos uma <i>«raça decaída por termos rejeitado o espírito moderno»</i>,
e estava-se à beira de <i style="color: black;">«uma sociedade
nova»</i>, de <i style="color: black;">«um mundo novo»</i>, que
substituiriam quanto era velho. E como os factores de decadência eram comuns a
Portugal e Espanha, num federalismo ibérico reconstituído via Antero de Quental
a ressurreição da Península. Eça de Queirós, ao verberar a degradação portuguesa,
não deixou de exprimir através de alguns personagens uma nota de iberismo,
emocional, literário e irreverente; mas na serenidade da sua última fase
reencontrou o Portugal tradicionalista, no que este possuía de heróico,
empreendedor e tenaz. Também foi iberista Fialho de Almeida: mas o seu iberismo
era abstractamente saudosista: tinha pena do que poderia ter sido e não foi.
Separar Portugal da Espanha fora <i style="color: black;">«um erro
deplorável»</i>. Porque os <i>«dois países reunidos ficariam na carta com uma
massa de território maior que a França e as suas colónias somadas dariam um
domínio colonial superior ao da Inglaterra»</i> <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Da Espanha, separava-nos apenas <i style="color: black;">«uma
ilusão de óptica de políticos»</i>; juntos, seria a <i style="color: black;">«pujança de uma espécie de Rússia do ocidente»</i> composta de <i style="color: black;">«pequenas repúblicas solidárias e autónomas»</i>;
e se tudo se ligasse à França seria um <i style="color: black;">«colosso
novo»</i>, <i style="color: black;">«regulador dos destinos do
mundo»</i>, <i style="color: black;">«com esquadras temerosas»</i>,
<i style="color: black;">«pitorescas cidades»</i>, todas<span style="color: black;"> </span><i style="color: black;">«as
riquezas da indústria e da arte»</i> e rejuvenescido <i style="color: black;">«pelas águas lustrais da democracia pura» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Deste modo visionário, o iberismo de Fialho era um complexo de republicanismo, de literatura, de gosto em ofender as classes dirigentes e burguesas, de
ressentimento, e de perfeita inconsciência da história e suas realidades. Mas
assume outro teor o iberismo de Moniz Barreto. Olhando a história, conclui que aos
reinados de D. João II a D. Sebastião e de Fernando e Isabel a Filipe II corresponde
o período de <i style="color: black;">«maior prosperidade e grandeza
dos povos peninsulares»</i>, em que <i style="color: black;">«a
consciência da força própria suprime desconfianças e temores»</i>, e a <i style="color: black;">«identidade de aspirações e sentimentos
cimenta as bases de uma aliança em que compartilhamos com a Espanha a hegemonia
no Mediterrâneo ocidental e nos dois oceanos»</i>. Em conflitos entre potências
<i style="color: black;">«a neutralidade é uma ilusão quando não é
garantida ou pelo isolamento geográfico ou pelo desenvolvimento de forças
imponentes»</i>. Contra os perigos, não nos protege a aliança inglesa, porque a
Inglaterra pretende <i style="color: black;">«absorver os nossos
domínios da África Oriental e se for possível os da África Ocidental»</i>.
Contra esta <i style="color: black;">«eventualidade a aliança
espanhola é o único expediente exequível e é uma garantia suficiente» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[4]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Este iberismo de Moniz Barreto provinha de duas fontes: o ressentimento pela
atitude da França no caso de <i style="color: black;">«Charles et
George»</i>; e a indignação pelo ultimato dos ingleses que classificava de <i style="color: black;">«filibusteiros da África Austral»</i>. Mas Moniz
Barreto, na sua sinceridade, tropeça com dois obstáculos: a <i style="color: black;">«desproporção entre os interesses»</i> dos
dois países; e <i style="color: black;">«desastrosa administração
de Filipe IV que provocou a separação dos dois povos peninsulares»</i>. Quanto
ao primeiro, é irremovível porque imutável, dado o condicionalismo geográfico;
e quanto ao segundo não encontra Moniz Barreto forma de garantir que se não
repetissem um Filipe IV e o seu conde-duque de Olivares.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDTS9i5Wc6D6PdNUrtg2nT7VDn9d9d0pLywTrrYeJ_wrLqd1NGmBbpv_9CD_20tNbt_OJ7kliqbgwWGVqKmHD3-uHM13YvLURSpElDpROEyHSMkXHATTlWR7X4hiFfrBbHnnj3eqNSHRjF_hVr26fc672Qeh0ko1H0aC8T_OwAXLdtqx77dUvsRxudYgQ/s641/King_PhilipII_of_Spain.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="641" data-original-width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDTS9i5Wc6D6PdNUrtg2nT7VDn9d9d0pLywTrrYeJ_wrLqd1NGmBbpv_9CD_20tNbt_OJ7kliqbgwWGVqKmHD3-uHM13YvLURSpElDpROEyHSMkXHATTlWR7X4hiFfrBbHnnj3eqNSHRjF_hVr26fc672Qeh0ko1H0aC8T_OwAXLdtqx77dUvsRxudYgQ/s16000/King_PhilipII_of_Spain.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Filipe II de Espanha, por António Mouro.</span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCxTpjRCwwXAA5LVkKN3U0DncnotKBbP6elRoOgBZ9npIr-vUpLR15QYHW8bq7pDwhdmudRmOLEhKtQAztsUxXEDeK82j_QRnMt9dH4mseqeh6Yk_cGyPkavUq2wwJCWicZWHCLHwVd5OVID9ikJSAOKG6rNrNStBvODb-tAs2BhTyY4cNeOhfdcxBsC0/s1200/Koning_Spanje_Filips_II_1-5_Philipsdaalder_1566.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCxTpjRCwwXAA5LVkKN3U0DncnotKBbP6elRoOgBZ9npIr-vUpLR15QYHW8bq7pDwhdmudRmOLEhKtQAztsUxXEDeK82j_QRnMt9dH4mseqeh6Yk_cGyPkavUq2wwJCWicZWHCLHwVd5OVID9ikJSAOKG6rNrNStBvODb-tAs2BhTyY4cNeOhfdcxBsC0/w640-h320/Koning_Spanje_Filips_II_1-5_Philipsdaalder_1566.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Retrato de Filipe II numa moeda emitida em 1566 (Guelders, Países Baixos).</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Com o findar do século XIX expandia-se a propaganda republicana,
e entre os republicanos muitos partilhavam do iberismo. Decerto estavam de
boa-fé, e iludidos, e no desconhecimento das realidades fundamentais e
permanentes: mas no interesse partidário desejam entender-se por cima das
fronteiras, com os republicanos espanhóis. No Verão de 1893 promoveram estes um
comício em Badajoz, e para a manifestação convidaram portugueses seus
companheiros de ideal. Muitos aceitaram: em Badajoz compareceram Eduardo de
Abreu, Jacinto Nunes, Cunha e Costa, Magalhães Lima, Alves Correia, Teixeira
Bastos, outros mais: e republicanos de Lisboa, Braga, Porto, Leiria, enviaram
mensagens de adesão. Teófilo Braga publicou um manifesto. Guerra Junqueiro,
convidado a participar, não o fez por doença. Mas remeteu o texto do seu
discurso. Afirmava os seus sentimentos de liberdade, de republicanismo; e celebrava
as glórias dos dois países. Mas findava com estes períodos: <i style="color: black;">«E este sentimento português de soberana e
irredutível autonomia, sem restrições e sem equívocos, é em mim de tal maneira
intransigente e natural, que eu sacrificaria, sendo necessário e podendo, os
destinos completos da minha raça à completa independência do meu país.
Unifiquemo-nos em espírito, mas conservemos as fronteiras, tal como estão no
nosso território. Só da dualidade sem obstáculos pode nascer a confiança sem
limites. Somos irmãos, mas não cabemos na mesma casa» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[5]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Era outro iberismo. Em Oliveira Martins, acabara por ser esclarecido,
raciocinado, consciente, informado pela história e pela observação dos factos.
Em Antero de Quental, era ingénuo, poético, produto de um espírito impressionável
e confiante, e que da história possuía uma visão rudimentar. Em Fialho era
todo literatura, ressentimento, ódio aos poderes. Em Junqueiro, era emocional,
vibrante, arrebatado. Nos restantes, era oportunismo político, ou deslumbramento
provinciano, ou embevecimento primário, ou simpleza de espírito, e mais nada.
Não deixou, sem embargo, de desempenhar uma acção nefasta nos últimos anos da
monarquia e primeiros tempos da República.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-novos-imperios-e-os-direitos-de.html">Franco Nogueira</a>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Crises e os Homens</i>, Livraria
Civilização Editora, 2.ª edição, 2000, pp. 193-197). <o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBf9qlQ6Zcx4KeHmO6YHhaKlm0L8Cop0uAQexzBABaJcyzIIaQRCLKfXUQzKJyCtniN410_F8HYIlVGoV8kVIp97KC9tc0o2hKX6BhdDfPuqMAXAmbdyFV78-ZQg6TsvaiD0EQORVkuO_GkDKOBZ7GLv5Ewelx_fQVUUShIsmvoXZNlgoQuZ5pKqVXd-M/s3971/20230114183513_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3971" data-original-width="2777" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBf9qlQ6Zcx4KeHmO6YHhaKlm0L8Cop0uAQexzBABaJcyzIIaQRCLKfXUQzKJyCtniN410_F8HYIlVGoV8kVIp97KC9tc0o2hKX6BhdDfPuqMAXAmbdyFV78-ZQg6TsvaiD0EQORVkuO_GkDKOBZ7GLv5Ewelx_fQVUUShIsmvoXZNlgoQuZ5pKqVXd-M/w448-h640/20230114183513_00001.jpg" width="448" /></a></b></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b><p></p><div style="mso-element: footnote-list;">
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Oliveira Martins referia-se ao
financiamento que tínhamos feito do caminho de ferro de Salamanca, na ilusão de
que traria benefícios ao Porto, o que não se verificou.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Fialho de Almeida, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ave Migradora</i>, 213.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Fialho de Almeida, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os Gatos</i>, I, 249-250.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Moniz Barreto, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Estudos Dispersos</i>, 190-192. Defende a
sua tese no artigo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A situação geral da
Europa e a política exterior de Portugal</i>. Este artigo foi o inspirador de
António Sardinha que mais tarde quase se limitará a decalcar as ideias, e a
ampliar argumentos, sem verdadeiramente acrescentar qualquer coisa de novo ou
substancial.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Guerra Junqueiro, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Horas de Luta</i>, 104.</span></p><p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span></p><p class="MsoFootnoteText"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhi_wy72jp7hlpkoJjHgSbZmFngPi8l61A1PzR1zjG_jP2_gxWASDx0W4l018dcJZ_BZCoAvx_fLv8CW-S98Nx85-ytzS96e5pdQPtYKNd5NWLx1geRcSVZutltZTgs5Rn52M1v--mfxJO_b6r25hwVB2554Brgu0kaclQoeDC1c6ofdGV8vTvuM_d00p4/s800/Coat_of_Arms_of_the_Kingdom_of_Portugal_1640-1910_(3).svg.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="644" data-original-width="800" height="515" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhi_wy72jp7hlpkoJjHgSbZmFngPi8l61A1PzR1zjG_jP2_gxWASDx0W4l018dcJZ_BZCoAvx_fLv8CW-S98Nx85-ytzS96e5pdQPtYKNd5NWLx1geRcSVZutltZTgs5Rn52M1v--mfxJO_b6r25hwVB2554Brgu0kaclQoeDC1c6ofdGV8vTvuM_d00p4/w640-h515/Coat_of_Arms_of_the_Kingdom_of_Portugal_1640-1910_(3).svg.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /><b><span style="color: #bf9000;">Brasão de D. João IV, <i>O Restaurador</i>.</span></b></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p><p class="MsoFootnoteText"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK5tBrX-iMaFO9tEukzmJg5n-d4QjjoocG-V5JHYV1nTD4AQST8u1wLUvsjaeRKQezJaylNJPss2H-hmT3Fg4mI5D_gAOksolD1Mav2-dHcdYuLMAPzTZzmhNgLXgHngwmMzyC6fEavksto2NZrtiUq0F9igxGNhHqyWUFlUU6Q_zTl-9RsRKWEevkZO4/s800/Assinatura_D._Jo%C3%A3o_IV.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="752" data-original-width="800" height="602" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK5tBrX-iMaFO9tEukzmJg5n-d4QjjoocG-V5JHYV1nTD4AQST8u1wLUvsjaeRKQezJaylNJPss2H-hmT3Fg4mI5D_gAOksolD1Mav2-dHcdYuLMAPzTZzmhNgLXgHngwmMzyC6fEavksto2NZrtiUq0F9igxGNhHqyWUFlUU6Q_zTl-9RsRKWEevkZO4/w640-h602/Assinatura_D._Jo%C3%A3o_IV.svg.png" width="640" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p></div></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-12900898156706569502023-08-18T13:31:00.000-07:002023-08-18T13:31:38.945-07:00D. Sebastião: Rei de Portugal<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Fernando Pessoa</span></b></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhABlvKdz-hgF-I8vqWh3sF10fmhy_B-uf00Lcye_La9c7YzpDMJTJgl3P4n39yFa2e3jH4xVRps8jpfMvMtXsS4r6qBWKc5LlAyuIMJ7kyjqMp4m0bdGv34ynQnPCwFSAepLYMvDFlkJbIB-7KTkv2AI1TOw-FLznKKldW2OPAEBHz65JDKdSxaUYEWKU/s1200/z%20alc%C3%A1cer%20quibir%20b.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="980" data-original-width="1200" height="523" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhABlvKdz-hgF-I8vqWh3sF10fmhy_B-uf00Lcye_La9c7YzpDMJTJgl3P4n39yFa2e3jH4xVRps8jpfMvMtXsS4r6qBWKc5LlAyuIMJ7kyjqMp4m0bdGv34ynQnPCwFSAepLYMvDFlkJbIB-7KTkv2AI1TOw-FLznKKldW2OPAEBHz65JDKdSxaUYEWKU/w640-h523/z%20alc%C3%A1cer%20quibir%20b.jpg" width="640" /></a></div><p><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="font-size: large;"><span style="color: #990000;">AS QUINAS</span></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="font-size: large;"><span style="color: #990000;">QUINTA</span><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">Louco, sim, louco, porque quis grandeza<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">Qual a Sorte a não dá.<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">Não coube em mim minha certeza;<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">Por isso onde o areal está<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">Ficou meu ser que houve, não o que há.<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><o:p><b><span style="color: #783f04; font-size: large;"> </span></b></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">Minha loucura, outros que me a tomem<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">Com o que nela ia.<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">Sem a loucura que é o homem<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">Mais que a besta sadia,<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04; font-size: large;">Cadáver adiado que procria?</span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="font-size: large;">Mensagem</span></b><span style="font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2kmljsfFn2W9yPWilR1QMbWqXU825B5EUnjW51CAq5gek8lJegEDVVPUiio84-l8XFrK5jLpiNGdRISYSzeXdijhKtQIz2uTzQObdJeFkjXMrdmzrkHQF0q6geQfpkvMIxYmy3FDK8bOG-zRYqTZ12mp_VeXLg5rZYwO0p26oYsThIGtrYFVU1A15zIo/s400/DOM_SE-1%20(1).JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2kmljsfFn2W9yPWilR1QMbWqXU825B5EUnjW51CAq5gek8lJegEDVVPUiio84-l8XFrK5jLpiNGdRISYSzeXdijhKtQIz2uTzQObdJeFkjXMrdmzrkHQF0q6geQfpkvMIxYmy3FDK8bOG-zRYqTZ12mp_VeXLg5rZYwO0p26oYsThIGtrYFVU1A15zIo/s16000/DOM_SE-1%20(1).JPG" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-24577903296158102492023-08-15T03:37:00.001-07:002023-08-15T03:48:42.675-07:00O Templo e o Graal<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por António Quadros</span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwTtdIY6fev_YAEPgDoBQ_uvR7SbeymQEqfyMHHYiQ_D1eXuDtli-i13hkwMXDgYJK0huTBBX-gpb6jVeIqtXt2O4R_vcAy349JfjEYhnLoOle3OhcRx_cqgh-5ffKbRmqgkN8o-p-AktB5pYj1e-Ob4z1QdmYaDbpLz_lT9FLaKn8FLceF6BNCAEOlys/s800/800px-Cross-Pattee-red.svg%20(1).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwTtdIY6fev_YAEPgDoBQ_uvR7SbeymQEqfyMHHYiQ_D1eXuDtli-i13hkwMXDgYJK0huTBBX-gpb6jVeIqtXt2O4R_vcAy349JfjEYhnLoOle3OhcRx_cqgh-5ffKbRmqgkN8o-p-AktB5pYj1e-Ob4z1QdmYaDbpLz_lT9FLaKn8FLceF6BNCAEOlys/w640-h640/800px-Cross-Pattee-red.svg%20(1).png" width="640" /></a></div><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">«(...) não foi sem razão que Dante tomou como guia, para o fim da
sua viagem celeste, a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/sao-bernardo-guia-espiritual.html">São Bernardo</a>, que estabeleceu a regra da Ordem do Templo;
e parece ter querido indicar, assim, que era apenas por meio deste que era
tornado possível, nas condições próprias da sua época, o acesso ao supremo grau
de hierarquia espiritual.»</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/03/sao-bernardo-de-claraval.html">René Guénon</a> («O Esoterismo de Dante»).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;"> </span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">«Nos quadros do Catolicismo ortodoxo, havia, de facto, lugar para
uma realização de tipo contemplativo, mais ou menos platónico, e muitos dogmas e
símbolos da tradição católica eram susceptíveis de ser vivificados com base
nela. Aliás, há várias razões para pensar que os Fiéis d’Amor não teriam
pretendido nada de inconciliável – em princípio – com um Catolicismo purificado
e dignificado, e que a pedra de Dante não teria nada a ver com o Graal, mas
seria simplesmente a Igreja Católica, de que Pedro é a pedra angular; e o dizer-se
que essa pedra, outrora branca, se tornara negra, “a sua cor totalmente
alterada”, aludiria somente à corrupção, por causa da qual a Igreja se teria
tornado uma espécie de túmulo da doutrina viva de Cristo, de que deveria, pela
contrário, ter sido a pura guardiã. Os Fiéis d’Amor não teriam, portanto,
hostilizado a Igreja na qualidade de expoentes duma tradição essencialmente
diversa, mas porque, para eles, a Igreja já não estava à altura da pura
doutrina cristã. Se isto é verdade, Dante e os Fiéis d’Amor não poderiam ser
postos na mesma linha que os cavaleiros do Graal. A “Viúva”, de que eles falam,
não teria sido a tradição solar do Império, mas uma tradição já alterada e
enfraquecida, “lunar”, e, portanto, não completamente inconciliável com as
premissas de um Catolicismo purificado.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Uma prova disto é a concepção dantesca das relações entre a Igreja
e Império. Como já referimos ela baseia-se numa dualismo limitativo, numa
alternância entre vida contemplativa e vida activa. Ora se, partindo desse
dualismo, Dante se lança violentamente contra a Igreja, por ela não se
restringir à vida contemplativa e, pelo contrário, se tornar ávida de bens e
poderes temporais, desconhecendo o supremo direito do Império no domínio da
vida activa e tentando usurpar-lhe as prerrogativas – logicamente, com base nas
mesmas premissas, Dante deveria ter alimentado uma igual aversão pela tendência
oposta, ou seja, por toda a tentativa do Império no sentido de afirmar
integralmente a sua dignidade no campo sobrenatural, onde a Igreja afirmava o
seu exclusivo direito: direito esse, que <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/06/bem-aventuranca.html">Dante </a>lhe reconhece. Na mesma medida
em que combatia o guelfismo, Dante deveria ter atacado o gibelinismo integral,
contrário à concepção transcendente do <i>Imperium</i>: isto, segundo uma teoria
inicial, com caracteres “heterodoxos” em relação bastante menos a um Catolicismo
purificado, do que à Tradição primordial “real”. Por isso, contra a tendência
de alguns para sobrevalorizar o “esoterismo” de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/06/do-aquinense_19.html">Dante</a>, e apesar da presença
efectiva deste esoterismo em muitas das suas concepções, no plano que tratamos
aqui ele aparece muito mais como um poeta e um combatente, do que como defensor
duma doutrina sem compromissos. Ele mostra demasiada paixão e espírito partidário,
enquanto militante, ao passo que é demasiado cristão e contemplativo, quando
passa ao domínio espiritual. Daí, várias confusões e oscilações, por exemplo,
Frederico II confinado aos Infernos e, ao mesmo tempo, uma defesa dos <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/03/o-ouro-dos-templarios-i.html">Templários</a>
contra Filipe, o Belo. Em geral, tudo parece indicar-nos que, apesar de tudo, o
ponto de partida de Dante foi a tradição católica, que ele se esforçou por
elevar a um plano relativamente iniciático (suprarreligioso), em vez de estar
directamente ligado aos representantes de tradições superiores e anteriores ao
Cristianismo e ao Catolicismo, como é o caso, na nossa opinião, das principais
fontes de inspiração do ciclo do Graal e também, como veremos, da literatura
hermética.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Considerada no seu conjunto, a corrente dos Fiéis d’Amor aparece
como um grupo gibelino de carácter iniciático, possuindo, assim, um saber mais
elevado do que a doutrina ortodoxa da Igreja, mas com uma concepção da ideia
imperial já despojada e fruto de um compromisso. O aspecto mais positivo desta
corrente é aquele em que a Corte de Amor assume as características de um reino,
ou feudo imaterial sendo os “Fiéis” simples personalidades que se entregam a
uma realização supra-racional extática, constituindo uma cadeia colocada
essencialmente sob o signo dessa realização. Dum certo ponto de vista, isto
corresponde, de forma ideal, à conclusão pessimista da saga do Graal que se
torna de novo invisível, a Parsifal que, de rei, se faz asceta. É sobretudo sob
essa forma que se conservará a tradição no período seguinte, abandonando cada
vez mais o aspecto militante, mas fazendo, de qualquer modo, revivescer filões
mais profundos e originais.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmDMUDbAMpgPwOJG2eC48gX7Hm0eJ7prURUjnYrRQqrFMPzy9lGgRrv-zy3YhCbZpp_3woU41rAdLpc47J7vlPyr49ThPhPCtcbvpJ9aLQ-LcKqrcLNy0vSPG8Ua5aNMhR8cmrLPD_SDyiPZvyJgd2qsIWXh2Yly_iq8ipdnslH-y5vbEup_XXbwQ00xI/s800/20161012171925_00002.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="554" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmDMUDbAMpgPwOJG2eC48gX7Hm0eJ7prURUjnYrRQqrFMPzy9lGgRrv-zy3YhCbZpp_3woU41rAdLpc47J7vlPyr49ThPhPCtcbvpJ9aLQ-LcKqrcLNy0vSPG8Ua5aNMhR8cmrLPD_SDyiPZvyJgd2qsIWXh2Yly_iq8ipdnslH-y5vbEup_XXbwQ00xI/s16000/20161012171925_00002.jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Quanto à corrente dos Fiéis d’Amor, ela parece ter sido continuada
em Itália até Boccacio e Petrarca, assumindo, porém, características sempre
mais humanísticas, até que o aspecto “arte” prevaleceu decididamente sobre o
aspecto esotérico. Os símbolos transformaram-se então em meras alegorias, o seu
significado deixou de ser compreendido até por aqueles que continuaram a
usá-los na sua poesia. No começo do séc. XVII, o princípio vital da tradição
parece ter-se esgotado completamente, não só no conjunto, mas também em cada
autor individual.»</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/10/o-ciclo-encerra-se.html">Julius Evola</a> («O Mistério do Graal»).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;"> </span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #741b47;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; text-align: left;">«Vejamos
(...) o que diz [Éliphas Lévi] na sua “Histoire de la Magie”: “Multiplicaram-se
os comentários e os estudos sobre a obra de Dante e ninguém, que nós saibamos,
assinalou o seu verdadeiro carácter. </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt;">A obra do grande gibelino é uma declaração de guerra ao Papado
pela revelação ousada dos mistérios. A epopeia de Dante é joanita e gnóstica; é
uma aplicação ousada das figuras e dos números da Kabbala aos dogmas cristãos e
uma negação secreta de tudo o que há de absoluto nestes dogmas. A sua viagem
através dos mundos sobrenaturais efectua-se como a iniciação nos mistérios de
Elêusis e de Tebas. É Virgílio quem o conduz e o protege nos círculos do novo
Tártaro, como se Virgílio, o terno e melancólico profeta dos destinos do filho
de Polion, fosse aos olhos do poeta florentino o pai ilegítimo </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt;">mas verdadeiro, da epopeia cristã. Graças ao
génio de Virgílio, Dante escapa a este abismo, na porta do qual tinha lido uma
sentença de desespero; escapa-lhe </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt;">pondo a
cabeça no lugar dos pés e os pés no lugar da cabeça</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt;">, ou seja tomando o contrário
do dogma, e então volta à luz servindo-se do próprio demónio como de uma
monstruosa escada; escapa ao terror à custa do terror, ao horrível à custa do
horror. O Inferno, parece, só é um impasse para aqueles que não sabem voltar
para trás; ele toma o diabo a contraponto, se me é permitido utilizar aqui esta
expressão familiar, e emancipa-se pela sua audácia. É já o protestantismo
ultrapassado, e o poeta dos inimigos de Roma adivinhou já Fausto subindo ao Céu
sobre a cabeça de Mefistófeles vencido”.</span></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Na realidade, a vontade de "revelar os mistérios", supondo que
isso seja possível (e não o é, porque não existe verdadeiro mistério senão o
inexprimível) e o preconceito de "tomar o contrário do dogma", ou de inverter
conscientemente o sentido e o valor dos símbolos, não seriam as marcas de uma
muito alta iniciação. Felizmente, nós não vemos, pela nossa parte, nada disso
em Dante, cujo esoterismo se envolve, pelo contrário, num véu dificilmente
penetrável, ao mesmo tempo que se apoia em bases estritamente tradicionais;
fazer dele um precursor do protestantismo, e talvez também da Revolução, simplesmente
porque ele foi um adversário do Papado no campo <i>político</i>, é desconhecer inteiramente o seu pensamento e nada
compreender do espírito da sua época.»</span></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/11/infini-et-continu.html">René Guénon</a> («O Esoterismo de Dante»). <span style="color: #741b47;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p><b><span style="color: #741b47;"><br /></span></b></p><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Julgo que a razão deriva do elemento aquático e paulino que há em
mim (embora me sinta muito mais vinculado a João do que a Paulo e, claro, a Pedro),
a necessidade de estar sempre em campanha, em luta, em navegação, talvez em
conquista, numa <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/12/o-ideal-da-cavalaria.html">cavalaria</a> em que o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/10/o-desejado_29.html">Graal</a> é a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/11/a-filosofia-portuguesa-em-foco.html">filosofia portuguesa</a>, a filosofia
de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/camoes-e-fisionomia-da-patria.html">Leonardo</a> ou de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/02/leonardo-coimbra-na-terra-mais.html">Álvaro</a>, a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/12/no-altar-da-patria.html">pátria</a>, a tradição, as raízes, um futuro à altura
destas, a demanda do Espírito de Verdade, etc..</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0IU7S8d4ZTH1-wmO3dJoVtYjU0plWBI2NNWgIub_mNhoUH5NAk-7qnUmAjiQnxWi8JZ6TgKd64kHArVHtYXM4eSUHkHEZ_VAf4cotqPRwdyDprfODrllmcKGvAmX_5jvWlwlAEi4VZ8OMT1z0DH2KayFEkYYNlwb6YD33JbI66C6XayGFR7gGDZy8kGs/s459/FP_funchal.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="459" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0IU7S8d4ZTH1-wmO3dJoVtYjU0plWBI2NNWgIub_mNhoUH5NAk-7qnUmAjiQnxWi8JZ6TgKd64kHArVHtYXM4eSUHkHEZ_VAf4cotqPRwdyDprfODrllmcKGvAmX_5jvWlwlAEi4VZ8OMT1z0DH2KayFEkYYNlwb6YD33JbI66C6XayGFR7gGDZy8kGs/s16000/FP_funchal.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Orlando Vitorino e António Quadros</span></b></td></tr></tbody></table><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Também muito só (estamos sós, os discípulos dos nossos mestres, em
Estremoz ou em Lisboa, porque vimos uns infiéis, outros desistentes, outros
frágeis, outros vencidos, outros trânsfugas para o inimigo), não sei onde vou
buscar energia para trabalhar tanto. Só peço a Deus que me dê tempo, força e
cabeça para concluir as obras que tenho projectadas: o 3.º e o 4.º volumes de “Portugal,
Razão e Mistério”; um livro sobre a filosofia portuguesa, de Bruno ao <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/04/depois-da-proclamacao-constitucional-do.html">Orlando</a>
(quase concluído, devido à preparação que tive de fazer para o seminário do Rio
de Janeiro), um outro livro também quase feito sobre “O Primeiro Modernismo
Português – Da Vanguarda à Tradição”, e ainda outros que já tenho na cabeça.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A vida que podemos viver não dá tempo. Ou somos nós que não o
merecemos: o tempo...</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Também lhe queria dizer duas palavras sobre o problema catolicismo
– ocultismo (...). A verdade é que não vejo contradição entre os dois termos:
catolicismo e ocultismo. É claro que as heterodoxias marcam grandes
divergências em relação às ortodoxias. Mas estas também não são estáveis, têm
um percurso sinuoso. Além de tudo o mais, se eu leio os ocultistas, não
significa que vá concordar com tudo. Mas... a verdade é que há muito a
aprender.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Sou, digamo-lo, um católico liberal. Não me sinto no mínimo
inibido, em minha liberdade espiritual. Nem clericalista nem anti-clericalista.
Faço hoje uma vida de sacramentos, embora o meu espírito flutue muito e se
dirija para paragens aventurosas, faço-o fundamentalmente porque os sinto como
constituindo laços vivos, concretos, tradicionais com o sagrado, com Deus,
exigindo da nossa parte reverência e humildade, uma aproximação do povo, dos
simples que só por aí acedem a uma vida de espírito superior à dos interesses
quotidianos. Como o pão que Cristo partilhou com os apóstolos e sinto-me
sentado à sua mesa. Ajuda-me a vencer o egocentrismo e a sujeição aos
interesses próprios. E isto é difícil: é custoso renunciar assim a assuntos
como mulheres ou tendências da imaginação, subjectiva ou outra. Isto não quer
dizer que em minha vida tenha sido sempre fiel a tais disposições: pelo
contrário. É uma luta em que se ganha e se perde. Mas travo-a sem dramatismo. O
que importa quanto a mim é uma linha geral para o alto, não importando muito os
acidentes de percurso. Concebo um Deus-Espírito, muito superior às nossas
pequenas contabilidades e prejuízos terrestres. Muito superior às nossas
estreitas ortodoxias, que aliás já foram heterodoxias para outros, ou são-no.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A Sua <u>revelação</u> está nos profetas, nos evangelistas, nos
místicos, na Igreja, e está também na filosofia, e no esoterismo dos que
quiseram ou querem ir mais longe do que o quadro mental oferecido
eclesiasticamente e escolasticamente. A Sua revelação está também na linguagem,
na ciência, na natureza, dentro de cada um de nós.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieOBC97ThacT6S0tX4Hf-6eQnRLUWhwCTACQHG_Gui22ABPadfgdgeSd_fopQMFRBR3-EPjQYIFUF65jSO58ybxeCVhzJP2_RgYhwKF1xCLREecdFdSbKqmtTZYqCVUytE1F6m3u9Qwka0NN2GxggvehxxH8a7piTuo4LaYXs-uBzUAtUTCr-jK8itEV8/s784/05_27_2-001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="784" data-original-width="516" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieOBC97ThacT6S0tX4Hf-6eQnRLUWhwCTACQHG_Gui22ABPadfgdgeSd_fopQMFRBR3-EPjQYIFUF65jSO58ybxeCVhzJP2_RgYhwKF1xCLREecdFdSbKqmtTZYqCVUytE1F6m3u9Qwka0NN2GxggvehxxH8a7piTuo4LaYXs-uBzUAtUTCr-jK8itEV8/s16000/05_27_2-001.jpg" /></a></div><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Você verá talvez melhor a minha posição no <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/06/portugal-razao-e-misterio-i.html">vol. II de “Portugal...”</a>,
onde defendo um trinitarismo de predominância paraclética, mas... sem heresia,
como penso que foi o de Dinis e Isabel, dos franciscanos espirituais e da
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/o-pais-templario.html">Ordem de Cristo</a>. Coincidindo pois com o que você diz sobre os templários e sobre
a aproximação do catolicismo e do ocultismo – pelo menos do ocultismo de sinal
cristão, isto é, não-oriental, embora eu penda pessoalmente mais para um
criacionismo cristão-liberal.»</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/templarismo-e-joanismo.html">António Quadros</a> para <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/03/mito-e-simbolo-em-antonio-quadros.html">António Telmo</a> (Carta XV, Cascais, 29.1.87, in<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> António Quadros e António Telmo:
Epistolário e Estudos complementares</i>).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A propósito fiquei contentíssimo ao ler na sua carta o que já
julgara saber, isto é, o seu repúdio do ocultismo oriental e a sua ligação com
o ocultismo de sinal cristão. De resto, tudo quanto me diz sobre a sua posição
religiosa que admite a evolução dos dogmas pela sua concepção de Deus como puro
Espírito está, julgo eu, na linha exacta da Tradição portuguesa. “Para mim,
Deus é o Espírito Santo”, costumava dizer o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2021/10/os-escritores-falam-do-que-escrevem.html">Álvaro Ribeiro</a> nos últimos dias. A
sua perspectiva da Trindade Cristã é a d’“Arte de Filosofar”. A cristianização
do “orientalismo” é tratada, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/01/duas-formas-caracteristicas-e-distintas.html">contra a filosofia alemã</a>, no prefácio a um livro
de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/a-obra-de-nietzsche-radicada-em-alguma.html">Nietzsche</a> e integrada na significação dos <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/o-humanismo-cientifico-portugues-da.html">Descobrimentos</a>».</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>António Telmo para António Quadros (Carta XVI, de 2 de Fevereiro
de 1987, in <i style="mso-bidi-font-style: normal;">António Quadros e António
Telmo: Epistolário e Estudos complementares</i>).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A tese de Nietzsche sobre <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
Origem da Tragédia</i> é muito mais um estudo sobre a decadência de um género
teatral do que propriamente uma investigação histórica ou uma incursão mítica
na esfera da vida sobrenatural. O interesse da tese está no desenvolvimento do
paradoxo: pessimismo é a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/07/fedon-ou-da-imortalidade-da-alma-i.html">cultura socrática</a>, optimismo era a tragédia grega.
Afastado, como todos os cientistas do seu tempo, da filosofia de Aristóteles,
pensa Nietzsche que quanto mais se afirma o princípio de individuação e, com
ele, a liberdade, tanto mais o homem cultiva a sua angústia e o seu desespero.
Coerentemente, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/por-que-sou-uma-fatalidade.html">Nietzsche</a>, pensador mediterrâneo, se condena <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/08/fedon-ou-da-imortalidade-da-alma-ii.html">Sócrates</a> também
condena Cristo, mas parece desconhecer as verdades que pertenciam já ao ciclo
da <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-portugueses-nos-mares-do-oriente.html">filosofia atlântica, da filosofia dos europeus que por via marítima chegaram ao Oriente</a>.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/01/centro-de-estudos-europeus-retrocesso.html">superioridade da filosofia portuguesa sobre a cultura da Europa Central</a> mais uma vez se afirma ao interpretar o Cristianismo e ao situar o
mistério da Encarnação no quadro mais adequado à especulação teológica,
evitando assim dificuldades como as que necessariamente irritavam o pensamento
crítico de Frederico Nietzsche. Teólogos e apologetas que se preocupam demais
com os problemas da Reforma e da Contra-Reforma não prestam a devida atenção ao
significado evangélico e universal dos Descobrimentos, porque do meridiano de
Roma não é fácil ver a superioridade do simbolismo do barco sobre o simbolismo
do túmulo. A tais defensores da ortodoxia parecerá talvez que o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Anti-Cristo </i>de Nietzsche seja um livro
sacrílego, execrável e merecedor de fogueira, mas para os cristãos que
actualizam a fé, a esperança e a caridade não há escritos profanos que
perturbem ou alterem a verdade garantida pelo Espírito Santo. O cristão não
estranha que até entre os cristãos haja quem ofenda a Cristo, e bem sabe que
não há livro tão mau que contenha mais blasfémias do que as que foram ouvidas
por Jesus. O desespero de Nietzsche tem outro significado que foi já
surpreendido por alguns teólogos da Alemanha, entre os quais é lícito mencionar
Carlos Barth e Alberto Schweitzer. Para os pensadores de tradição portuguesa,
este aspecto da obra de Nietzsche representa um momento já ultrapassado pela
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2021/11/o-problema-do-milagre.html">consciência religiosa</a> que ascendendo evolui para Deus. Não sem razão foi dito
que no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">S. Paulo</i> de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/a-matematica-e-o-esqueleto-da-poesia.html">Teixeira de Pascoaes </a>se encontra a melhor refutação do anti-cristianismo de Nietzsche. Para
bem compreender a profunda religiosidade portuguesa é indispensável a demorada
leitura de todos os livros do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Novo
Testamento</i>, e não só dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Evangelhos</i>.</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Meditando nas doutrinas dos apóstolos, e, consequentemente, nas
dos missionários, não estranharemos que a filosofia portuguesa seja mais
especulativa do que teorética, menos contemplativa do que actuante. Erros de
disciplina no ensino dos seminários impediram que não chegasse ainda à fase de
evidência <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/06/o-ideal-civilizador-dos-portugueses-e.html">a tese da superioridade da filosofia portuguesa</a> como instrumento de
interpretação da teologia católica; seria, aliás, estultícia desejar que tão
nobre verdade estivesse ao alcance daqueles que só acreditam em cartilhas
estrangeiras.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZaAqH81fXMTBltV9eaccJskerZmijF0npClLruMijrbByi8w04B2L9r4vpXxH5Oduz_VbqQnJKA79mGHwb7BnDPCoq5Ubx1gbpNKOQjmtSXJHt3KDif7J4yLh457IU9IwOvCor5XEqkH13wQt_64-DIDVzMg1FKUpgJaxIFK_V-qPhPn8NrA9WNg3wxA/s800/R%20(22).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="532" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZaAqH81fXMTBltV9eaccJskerZmijF0npClLruMijrbByi8w04B2L9r4vpXxH5Oduz_VbqQnJKA79mGHwb7BnDPCoq5Ubx1gbpNKOQjmtSXJHt3KDif7J4yLh457IU9IwOvCor5XEqkH13wQt_64-DIDVzMg1FKUpgJaxIFK_V-qPhPn8NrA9WNg3wxA/s16000/R%20(22).jpg" /></a></div><br /> </div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Se a filosofia portuguesa, mais por suas verdades cifradas do que
pelos seus livros publicados, é superior à filosofia alemã, como explicaremos a
inegável predilecção dos católicos portugueses pelas obras de Frederico
Nietzsche? Cremos que tal interesse significa a natural reacção contra o
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/12/a-historia-da-filosofia-e-o-ensino.html">racionalismo crítico e utópico</a> que a cultura francesa propagou em certos meios
eclesiásticos, e corresponde ao desejo de procurar, para além dos paradoxos
germânicos, as verdades que não puderam ser bem formuladas nos sistemas clássicos
da mentalidade moderna. Efectivamente, quem estudar a antropologia de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/frederico-nietzsche-marcha-progressiva.html">Nietzsche</a> ver-se-á liberto de todos os preconceitos daquela “psicologia” geral e
experimental que infelizmente ainda é de ensino público, e poderá enunciar os
problemas humanos nos termos tão sinceros como verdadeiros de mais alta
escatologia. Não os resolverá, porém, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/os-filodoxos-perante-historia.html">no quadro da filosofia alemã</a> nem do de
qualquer outra filosofia da Europa Central. A leitura de Nietzsche é uma prova
e uma provação. <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/03/civilizacao-ocidental-e-cultura.html">Reagindo, como representante de uma tradição superior, o pensador português vai a pouco e pouco desprendendo-se de preconceitos continentais, para ir reconhecendo que o seu horizonte cultural está no Ocidente, no Além-Mar</a>. Que o simbolismo do barco, ou da arca, tem ainda de ser
superado por outro mais apocalíptico, quer dizer, mais revelador, integrando
toda a fenomenologia numa ontologia do inefável, eis o que, depois de haverem
lido a obra de Nietzsche, sabem todos quantos levantam a âncora da filosofia
portuguesa.»</b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/12/o-testemunho-de-alvaro-ribeiro.html">Álvaro Ribeiro</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/02/frederico-nietzsche.html">«Frederico Nietzsche»</a>).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Também tive alguns convites interessantes, mas não sei se dá para
tudo: uma semana na Madeira para dar um pequeno curso de filosofia portuguesa,
organizado pela Universidade Popular da Madeira... mas em Dezembro; pedi para
mudarem a data e alargarem o tema; dois colóquios sobre Antero de Quental: em
Setembro no Recife, e em Outubro na Universidade dos Açores. Se eu tivesse
tempo para estudar devidamente Antero, o que nunca fiz a sério, seria até uma
oportunidade, com vista ao livro <u>A Filosofia Portuguesa do Século XX</u>,
que planeio para 1992 – se Deus me der vida e saúde, como bem diz o povo.
Enfim, em Julho, em Cerisy, um colóquio sobre a obra de Gilbert Durand, que ele
próprio me mandou, <u>Traditions et Post-Modernisme</u>, só que neste caso é “pagantibus”
da minha parte e não é para eu falar; o português que fala é o Lima de Freitas.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Tudo isto é muito interessante mas o que me importa de momento é o
III vol. d<u>e Portugal, Razão e Mistério</u>, em que tenho trabalhado
afincadamente, mas que... avança a passo de boi. Parece que há um bloqueio, um
obstáculo que não consigo ultrapassar! Escrevo e volto a escrever, rasgo, volto
atrás, não há meio: se calhar o tema supera-me! O título que tinha era <u>A
Esmeralda da Última Tarde</u>, mas como me pareceu que ficava muito Spielberg,
passei-o para <u>O Cálice da Última Tarde</u>, baseando-me em epígrafes de
Duarte Pacheco Pereira sobre D. Manuel, do Goethe e de uma das versões da
Demanda do Graal. Este último título é um pouco mais fraco esteticamente falando,
mas dá talvez melhor o vaso do Graal, o vaso filosófico da alquimia, o
athanor, etc., embora a taça do Graal numa das versões fosse de esmeralda, o
que justificava o primeiro título, talvez mais belo.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Calcule que, ao retomar este livro, saiu-me, positivamente saiu-me um longo prólogo autobiográfico, evocando <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/10/problematica-concreta-da-cultura_23.html">o meu itinerário</a>, a
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2014/03/antonio-quadros-e-universidade.html">faculdade</a>, o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/01/o-que-e-o-ideal-portugues.html">“ideal português”</a>, o “57”, os nossos mestres, os meus encontros
com Eliade na juventude, a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/12/questao-das-filosofias-nacionais.html">filosofia portuguesa</a>, como lá cheguei, as minhas
fases literata e existencialista, etc., etc.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt;"><b>Seria despropositado? Julgo apesar de tudo que o vou incluir.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/camonologia.html">António Quadros</a> para <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/07/mombaca-terra-do-mal.html">António Telmo</a> (Carta XXXII, 19.2.91, in <i>António Quadros e António Telmo: Epistolário
e Estudos complementares</i>). Ver <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/04/a-angustia-do-nosso-tempo-e-crise-da.html">aqui</a> e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/05/a-angustia-do-nosso-tempo-e-crise-da.html">aqui</a></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeXmxuhM__olfg5ffnuuDreRznh8JutuTa6mBhNgSh_3ZDi3m5Dv7hCasrAfxHWGaJ15GxGz7ROSr5gQhzpjNRaD7pJLnyBKwoc1HQJkQZeeccIcDl6FV8ho7EwGqp_LBGJyAuR_4m_YJb0-uQPjQ65Aj4O-ghcYaHZLtK1fA7_yRTpjPul7gsyI8Eatg/s567/55A.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="567" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeXmxuhM__olfg5ffnuuDreRznh8JutuTa6mBhNgSh_3ZDi3m5Dv7hCasrAfxHWGaJ15GxGz7ROSr5gQhzpjNRaD7pJLnyBKwoc1HQJkQZeeccIcDl6FV8ho7EwGqp_LBGJyAuR_4m_YJb0-uQPjQ65Aj4O-ghcYaHZLtK1fA7_yRTpjPul7gsyI8Eatg/s16000/55A.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Estátua de Gualdim Pais e a torre da Igreja de S. João Baptista. Ver <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/11/o-templo-portugues-um-caso-atipico-e.html">aqui</a><br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1UHTh_PzeR6QgyF7PUrTVGiqC6IxE8JnItKZum_2rrOzdYqUUInKbG5jCjJxHvhonnWGvmJkKqg0RAtQSAqHXZypgt2L_CCuJ4B2dz-lbsrNTkQZVNKT9zVsN6TofuF0qIgtbiI0UfZnnDjwq824Mf1xpnBE5fuK8lrmEJWsuXuIwdPaB6y0DeS447ec/s1080/tumblr_pj4anqR8Lm1xdhn9go2_1280.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="535" data-original-width="1080" height="317" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1UHTh_PzeR6QgyF7PUrTVGiqC6IxE8JnItKZum_2rrOzdYqUUInKbG5jCjJxHvhonnWGvmJkKqg0RAtQSAqHXZypgt2L_CCuJ4B2dz-lbsrNTkQZVNKT9zVsN6TofuF0qIgtbiI0UfZnnDjwq824Mf1xpnBE5fuK8lrmEJWsuXuIwdPaB6y0DeS447ec/w640-h317/tumblr_pj4anqR8Lm1xdhn9go2_1280.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Castelo de Tomar<br /></span></b><br /></td></tr></tbody></table><br /><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><span style="line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000; font-family: times; font-size: x-large;">O Templo e o Graal</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><span style="line-height: 115%;"><b><span style="font-family: times; font-size: x-large;"><br /></span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Se na sua primeira fase a acção templária em Portugal foi
principalmente de combate, no apoio a D. Afonso Henriques e na luta contra os
mouros, terá sido quanto a nós a partir de 1160, com a construção do Castelo e
da Igreja de Tomar, que iniciou a sua fase por assim dizer espiritual.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Gualdim Pais era um velho companheiro de D. Afonso Henriques, que
aos 21 anos tomara parte na batalha de Ourique, onde fora armado cavaleiro.
Pouco depois, partira como cruzado para a Palestina, aqui permanecendo cinco
anos e aqui se distinguindo na famosa batalha de Ascalona e na conquista de
Sidon. Foi na Palestina que ingressou na Ordem do Templo, sendo de crer que os
seus feitos e a sua forte personalidade o tenham elevado até junto da mais alta
hierarquia templária. Aí foi certamente iniciado na doutrina joanina da Ordem,
aí compreendeu que a acção da cavalaria de Deus visava muito mais do que a
defesa física dos lugares santos.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ao regressar a Portugal, está compenetrado da missão que lhe cabe,
se é que dela não foi conscientemente incumbido. Primeiro Comendador em Braga e
depois em Sintra, sob o mestrado de D. Pedro Arnaldo, quando este renuncia em
1157, é ele que será investido no cargo. É o 6.º Mestre da Ordem Templária
portuguesa.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Pouco depois, a 1 de Março de 1160, D. Gualdim Pais lança os
fundamentos do Castelo de Tomar, que será a Sede dos Templários. O templo que imediatamente constrói não tem, na sua forma, tradição conhecida entre nós. É
um templo octogonal, tendo no interior uma capela igualmente octogonal, quase
circular pela disposição dos pilares, no centro da qual está o altar. Havia
primitivamente uma única porta, que dava directamente para o Convento, sendo <i>a única serventia dos cavaleiros </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Tal como outras igrejas templárias, teve por modelo a igreja do Santo Sepulcro
de Jerusalém mas, em relação às restantes, requintou no paradigma siríaco e
bizantino, até nos arcos da abóbada. As colunas que sustentam a cobertura,
marcando o espaço da capela interior são encimados por capitéis de inspiração
orientalista ou fitomórfica, tendo um deles, hoje voltado para a nave aberta
por D. Manuel I, a cruz templária, gravada e realçada a vermelho.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Nas cerimónias litúrgicas ou quando em oração, os templários
dispunham-se pois em círculo, segundo o arquétipo <i>dos cavaleiros da távola redonda</i>, buscadores do Graal.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A charola de Tomar forma como que um círculo, sendo o central o do
altar, da mesa ou da távola, em redor do qual se alinhavam os cavaleiros; <i>é uma távola redonda</i>. E tão poderosa é
esta tradição entre nós que dois séculos mais tarde Fernão Lopes compara D.
João I ao Rei Artur e diz ter sido <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/o-galaaz-portugues.html">Galaaz o modelo de Nun’Álvares</a><b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0yheSeBs2lpcoQbbErf4bvYdN_FmBsGOlBA2MkhA7wIm7opdw3k_LbbmpOOS1Up_5yneAWfwYy2CrBHFOR6gs1gpjhT-hJVcPQ0a4Bgxcoy4WJ6g-J2-bGMfLAirM1kYAbt8E8D0u94XNQnJ6lZxx31K3SIGf_xWKN-rsmtVE-pUu5R5YB9ETOKe1g28/s336/tumblr_nxk8ytD8Oo1u7gt7ro1_400.gif" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="189" data-original-width="336" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0yheSeBs2lpcoQbbErf4bvYdN_FmBsGOlBA2MkhA7wIm7opdw3k_LbbmpOOS1Up_5yneAWfwYy2CrBHFOR6gs1gpjhT-hJVcPQ0a4Bgxcoy4WJ6g-J2-bGMfLAirM1kYAbt8E8D0u94XNQnJ6lZxx31K3SIGf_xWKN-rsmtVE-pUu5R5YB9ETOKe1g28/s16000/tumblr_nxk8ytD8Oo1u7gt7ro1_400.gif" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoWJYuHswFN_dB5dLLaqmuY04qJEldqyw50JSD2r1Kj2pkhjlEtzHW31Qv3EWrRfk4utMaKUqMcAi1dkg5ZvjEUEbgHeNloImYJ1PeiHerNvmmN_WowxFyhLbADeIhHgrP6TVC3ekFzz1RE01Ajo_zWhmfdV-bPxmVgZBIK-RKgNCH9kH4vagL5BvjAVo/s640/cav_5578369b7db1b%20(1)%20(1).JPG" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoWJYuHswFN_dB5dLLaqmuY04qJEldqyw50JSD2r1Kj2pkhjlEtzHW31Qv3EWrRfk4utMaKUqMcAi1dkg5ZvjEUEbgHeNloImYJ1PeiHerNvmmN_WowxFyhLbADeIhHgrP6TVC3ekFzz1RE01Ajo_zWhmfdV-bPxmVgZBIK-RKgNCH9kH4vagL5BvjAVo/s16000/cav_5578369b7db1b%20(1)%20(1).JPG" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Ver <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/o-galaaz-portugues.html">aqui</a><br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Como se sabe, nos romances da <i>Demanda
do Santo Graal, os templários são os guardiões do Graal, ou indirectamente
aludidos, como no Perlevaux do ciclo de Robert de Boron (pois usavam a cruz
vermelha sobre uma túnica branca), ou directamente nomeados na sua veste branca
com a cruz vermelha ao peito, como no</i> Persifal, de Wolfram von Eschenbach,
onde se narram as aventuras deste cavaleiro que no final da novela parte para o
domicílio desconhecido do Santo Graal <i>num
barco em cuja vela branca se vê uma cruz vermelha </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
prenunciando as futuras caravelas portuguesas com a Cruz de Cristo.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Salta à vista a relação das igrejas templárias octogonais de plano
central com os templos megalíticos solares; Stonehenge figura aliás numa das
novelas principais do ciclo de Robert de Boron, quando o mago Merlin desafia os
cavaleiros do rei Artur a levantarem os megalitos do templo <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[4]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mas a igreja templária não foi concebida propriamente a partir de
um modelo arquitectónico histórico, porque depende principalmente de um cânone
simbólico. Como se sabe, o plano ideal canónico de qualquer igreja cristã é o
círculo, representação da <i>unidade
ilimitada de Deus, da Sua Infinitude da Sua Perfeição </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[5]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Tradicionalmente, o processo de fundação de uma igreja era, depois da
determinação do ponto ideal, o traçado de um círculo a partir de um mastro
central. Dava-se depois, a <i>quadratura do
círculo</i>, no quadrado resultante se inserindo uma cruz grega, de quatro
lados iguais. O quadrado é a representação da <i>Imutabilidade</i> ou da <i>Eternidade
</i>divina. Quanto a Jean Hani, o facto de a maioria das igrejas cristãs,
sobretudo no Ocidente, serem em cruz latina, isto é, em forma de rectângulo
atravessado por outro rectângulo, o transepto, ou ladeado por dois quadrados, <i>em nada altera a significação profunda do
rito da fundação, porque o rectângulo, em geometria, não passa de uma
variedade do quadrado, e inscreve-se quase sempre num círculo director </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[6]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Na realidade não haverá nesta evolução um certo plano inclinado do símbolo?</span></p><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC5CGipRll8oNwIIABaU5GO0Rev6rIkmvHn9RJYKMPfJzVoja50nrH8fgsberfUYgK_20ij4TtlpysR8AE8jJhc4IpVr0o5UnM15OANIqOAuwvK3CBZpYmXPyVBd4YZ6pbsTmZSqD58yae1GmwN_1OYgOMo0oOQ6FGfiOZ7va5IlTMGxl2Uow38-mUmzU/s650/Igreja_do_Convento_de_Cristo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="650" data-original-width="550" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC5CGipRll8oNwIIABaU5GO0Rev6rIkmvHn9RJYKMPfJzVoja50nrH8fgsberfUYgK_20ij4TtlpysR8AE8jJhc4IpVr0o5UnM15OANIqOAuwvK3CBZpYmXPyVBd4YZ6pbsTmZSqD58yae1GmwN_1OYgOMo0oOQ6FGfiOZ7va5IlTMGxl2Uow38-mUmzU/s16000/Igreja_do_Convento_de_Cristo.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">A Charola do Convento de Christo.</span></b></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZKzDb-P5vWVeIC6TzisTpuVm_hqbbvF691YUlGtvTKEgyLOfHM26YFWQdZcShXxCtUz-L-JaZmhmKMcuIImWaEgmzkIGxxdV-BshUZ7oGRaoIyQeonVVmOP-ojYuZ0msY8u_WUS0iJwGGGB-W2wSNV5C6zX0RLRb_xKsUBiqcpn9bKXoWn4_biNF-4CY/s520/Planta_do_interior_da_Charola_do_Convento_de_Cristo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="520" data-original-width="520" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZKzDb-P5vWVeIC6TzisTpuVm_hqbbvF691YUlGtvTKEgyLOfHM26YFWQdZcShXxCtUz-L-JaZmhmKMcuIImWaEgmzkIGxxdV-BshUZ7oGRaoIyQeonVVmOP-ojYuZ0msY8u_WUS0iJwGGGB-W2wSNV5C6zX0RLRb_xKsUBiqcpn9bKXoWn4_biNF-4CY/s16000/Planta_do_interior_da_Charola_do_Convento_de_Cristo.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Planta (Interior da Charola).</span></b></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQjWKt0vW4X1v4lr30SUhsbuOzVesB9jQ_kSmKtFQMPXiQD1QG--8oY4HzjgUjwVDS7hTvwZwxf-6Ec-3QtZf-FOHkqkY1SATlXujnNbIH4w1YN9bsFG_234-iR3vBIWJEO1zuEncRrWODD7DClQnsvqcitxRf5pw_JB9MFeROsUsecaC5CCAf4dX_zmI/s1066/1_Arco_entre_nave_e_charola_Convento_de_Cristo_IMG_9441.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1066" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQjWKt0vW4X1v4lr30SUhsbuOzVesB9jQ_kSmKtFQMPXiQD1QG--8oY4HzjgUjwVDS7hTvwZwxf-6Ec-3QtZf-FOHkqkY1SATlXujnNbIH4w1YN9bsFG_234-iR3vBIWJEO1zuEncRrWODD7DClQnsvqcitxRf5pw_JB9MFeROsUsecaC5CCAf4dX_zmI/w480-h640/1_Arco_entre_nave_e_charola_Convento_de_Cristo_IMG_9441.jpg" width="480" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Arco entre a nave (igreja/coro) e a charola.</span></b></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEdggMTO407gBDcxT-xjntV6czKrh8P9q1EXoDWCnkD8RoJlV5y3mldzXi3Ie5FbUdYOP1jbmAETClTUnHX9czFQItY8bfaBy5sC6CKKeGajNtms89eXy4xAHvjls-dPES7snjFSFLkpYPvhuWl5_BX8zFFAAqLZ4QF8QVYuY4KBeQDnU7oV17MNjxSqo/s1067/Charola_3.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEdggMTO407gBDcxT-xjntV6czKrh8P9q1EXoDWCnkD8RoJlV5y3mldzXi3Ie5FbUdYOP1jbmAETClTUnHX9czFQItY8bfaBy5sC6CKKeGajNtms89eXy4xAHvjls-dPES7snjFSFLkpYPvhuWl5_BX8zFFAAqLZ4QF8QVYuY4KBeQDnU7oV17MNjxSqo/w480-h640/Charola_3.jpg" width="480" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGgEuLEclFdLETQdOIS6i4JeNYHWDAeWxdYqXb7SweWf5EeLxRnqqnEcKKEh_qopzMe9bMIlHdA_fDKJmWJp1w6Cei2ol29mvsA8VlKEyBYTQb9PbebBLzyZEP8wlwipAqyuskMzTOlIgsdfFJZoC5XT_v3ZXnqEnl9L0ZDxS0ttTtHaWx398mrKTecBM/s1067/Charola_6.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGgEuLEclFdLETQdOIS6i4JeNYHWDAeWxdYqXb7SweWf5EeLxRnqqnEcKKEh_qopzMe9bMIlHdA_fDKJmWJp1w6Cei2ol29mvsA8VlKEyBYTQb9PbebBLzyZEP8wlwipAqyuskMzTOlIgsdfFJZoC5XT_v3ZXnqEnl9L0ZDxS0ttTtHaWx398mrKTecBM/w480-h640/Charola_6.jpg" width="480" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /><br /></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgipZ4FOjtcXncFf2WDhR58tbLXIOtIowiTIlEx4krqkPkldR-Qt1sLih63kE8oL24VDR_D9zt-sbqoE-51PbMMEACHHX1jtrqsFqWRLknJrK1BOKoqYUSoH86ol6vU-KvWkF9XwlR_NgtVQDzBXxZMIiH_WOFJ5eKrWGV90Dz0qE4LtJn9fWaVoGQvd_4/s800/Charola_16.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgipZ4FOjtcXncFf2WDhR58tbLXIOtIowiTIlEx4krqkPkldR-Qt1sLih63kE8oL24VDR_D9zt-sbqoE-51PbMMEACHHX1jtrqsFqWRLknJrK1BOKoqYUSoH86ol6vU-KvWkF9XwlR_NgtVQDzBXxZMIiH_WOFJ5eKrWGV90Dz0qE4LtJn9fWaVoGQvd_4/w640-h480/Charola_16.jpg" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O certo é que a cruz templária, também de quatro braços iguais,
mas indicando pela sua forma peculiar <i>a
disposição das forças numa circunferência </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[7]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a> a
partir de um ponto central, tendo estas forças representação esquemática
triangular, aproxima-se muito do cânone original, estando na origem e
constituindo o plano da charola templária de Tomar e em geral das igrejas
templárias deste tipo. O octógono é, na realidade uma figura geométrica mais
próxima do círculo do que o quadrado e o rectângulo.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Se nos lembrarmos da relativa exiguidade desta igreja, constituída
por dois octógonos concêntricos, tendendo à circulatura, facilmente
reconheceremos estar em presença de um templo que não foi concebido para as
multidões, mas para um pequeno número de cavaleiros-monges admitidos na Ordem,
ou seja, um templo iniciático. Esta disposição reforçava as ideias de eleição,
de escolha e de missão essenciais à vivência destes cavaleiros que, tal como os
do rei Artur (citando a novela <i>Morte
Darthur</i>, de Malory), se sentiam <i>mais
benditos e dignos de veneração, do que se houvessem obtido metade do Mundo. E
deixam os seus pais, os seus parentes, as suas esposas e os seus filhos para
seguir a Ordem </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[8]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjit8UL97dAjZ1a8xfbYzXR9vtfknTkDy0HSQLboLFRpl3Hn-T_UqUnEWMUnB3WGZiX_EKt0uvHgL56OHqiQKfj2DX3mTGQJ3YmrSvKqTzsQuVJJoAs0aVU_Cu_UgVIDTdzAgbwIF1oM0Nns3HU67IJp0zG7Ig8I0Xn_xZtqNKLk9UnSwfgiV9fJOpprpg/s2419/20230811180826_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2419" data-original-width="1546" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjit8UL97dAjZ1a8xfbYzXR9vtfknTkDy0HSQLboLFRpl3Hn-T_UqUnEWMUnB3WGZiX_EKt0uvHgL56OHqiQKfj2DX3mTGQJ3YmrSvKqTzsQuVJJoAs0aVU_Cu_UgVIDTdzAgbwIF1oM0Nns3HU67IJp0zG7Ig8I0Xn_xZtqNKLk9UnSwfgiV9fJOpprpg/w410-h640/20230811180826_00001.jpg" width="410" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A cruz templária, formada por quatro triângulos rectângulos
arredondados é na verdade uma cruz de oito pontas. Prolongando-se os dois
lados, forma-se o polígono exterior, enquanto a cruz propriamente dita forma o
polígono-circular central.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Esta cruz também chamada <i>cruz
das oito beatitudes</i>, supondo alguns que constituía a grelha criptográfica
de um alfabeto em código usado pelos templários nas suas transacções
financeiras ou nas mensagens secretas <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[9]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
exprimia pois, para além de toda a carga
simbólica da cruz cristã, também o número <i>quatro</i>
(quatro triângulos), que é número cósmico, significando os quatro pontos
cardeais e os quatro elementos; o número <i>três</i>
número divino (cada braço da cruz é um triângulo), significando a trindade
suprema, Pai, Filho e Espírito Santo; e enfim o número <i>oito (os octógonos), o número da Harmonia, da Renovação e da
Regeneração</i>, constituindo uma espécie de apelo simbólico e silencioso para a
Regeneração da Humanidade, para o seu restabelecimento no estado anterior ao
Pecado, para a Cristificação pelo Amor <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[10]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Esta interpretação da simbólica da charola templária condiz
exactamente aliás, com as palavras de S. Bernardo sobre os Templários no texto
doutrinário de base da Ordem, o <i>De laude
novae militiae</i>, onde se pode ler efectivamente que<i> uma nova cavalaria apareceu na Terra da Incarnação. É nova, direi, e
ainda não experimentada no mundo, onde faz um duplo combate, ora contra os
adversários da carne e do sangue, ora contra o espírito do mal nos céus. E que
os seus cavaleiros resistam pela força dos seus corpos contra inimigos
corporais, não o creio maravilhoso porque não o julgo raro. Mas que façam a
guerra pelas forças do espírito contra os vícios e os demónios, acho-o não
apenas maravilhoso, mas digno de todos os elogios ao religioso... É
verdadeiramente sem medo e sem mácula o cavaleiro que protege a sua alma pela
armadura da Fé, tal como cobre o seu corpo com uma cota de malha. Seguramente
aquele que deseja morrer não teme a morte. E como temeria morrer ou viver, esse
para quem a vida é o Cristo, e a morte a recompensa<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b></i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[11]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>?</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Decerto que há uma relação a estabelecer entre o templarismo e a <i>Demanda do Graal</i>, o principal ciclo
literário da Idade Média, fornecendo padrões e modelos ideais à sociedade do
tempo. Assinala Julius Evola que todos os textos do ciclo surgem entre o último
quartel do século XII e o primeiro do século XIII, correspondendo este período <i>ao apogeu da tradição medieval, ao período
de ouro do gibelismo, à alta cavalaria, às Cruzadas e aos Templários</i>...
Logo a seguir, aduz, extingue-se ou atenua-se a criação romanesca e
cavalheiresca relacionada com o Graal, <i>o</i>
<i>que faz pensar numa corrente subterrânea
que aflora num momento dado mas que em seguida se retira, tornando-se de novo invisível, como se deparasse com um obstáculo ou um perigo preciso </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><b><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: #bf9000;">[12]</span></span></span></b><!--[endif]--></span></a>.
Por outras palavras, o poder crescente da Igreja teria feito refluir a
emergência do que Evola e os esoteristas chamam a <i>tradição primordial</i>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Já vimos que os guardiões do Graal, nalguns dos ciclos romanescos,
são identificados com os templários. Mas o mais surpreendente é a analogia do
perfil psicológico e espiritual dos cavaleiros da demanda com o perfil dos
templários, se nos lembrarmos do retrato ideal que destes últimos fez S.
Bernardo, conforme o passo atrás descrito.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Na sua essência, escreve Almir de Campos Brunetti no seu excelente
livro<i> A Lenda do Graal no contexto
heterodoxo do pensamento português</i>, o Graal representa <i>a possibilidade de realização daquilo que o homem tem de melhor na sua
natureza e que o leva aos planos espirituais de união mística com a Divindade.
É uma visão de alguma coisa que está colocada além de, por detrás e dentro do
fluxo das coisas imediatas; é algo de real e ao mesmo tempo representa uma
possibilidade remota de realização; é algo que empresta significado a tudo o
que passa e não obstante furta-se a uma apreensão; é algo cuja posse representa
o bem último, mas que, ao mesmo tempo, se conserva fora do nosso alcance; é
aquilo que cristaliza o mais perfeito ideal que o homem persegue numa busca sem
fim </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[13]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsQYKMCCvkkfBbkat7KX0QZ3tFZa7wfePLykMauN13h-AQAligr0I1AR271_3vNRULy3rrUXMayRaQUZwUT6_5iyyyaiNroCBajm-kwUVldU3XcD8HrxQZjsX5LZaTNYicvB-rJT9IwxaPfsSsa63NxXGVHU1sISA8FV0SXnU__KZ0kDzkgYVNFuBJSFU/s640/06_13_0%20(1).JPEG" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsQYKMCCvkkfBbkat7KX0QZ3tFZa7wfePLykMauN13h-AQAligr0I1AR271_3vNRULy3rrUXMayRaQUZwUT6_5iyyyaiNroCBajm-kwUVldU3XcD8HrxQZjsX5LZaTNYicvB-rJT9IwxaPfsSsa63NxXGVHU1sISA8FV0SXnU__KZ0kDzkgYVNFuBJSFU/s16000/06_13_0%20(1).JPEG" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Abade de Claraval<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><b><span style="color: #bf9000;"><br /></span></b><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKrAk7PeWc3CyN85nrXEjGO54qb3z4Vo8rSreR23X_RlO5Ve9Acltc5RvCXBGqlAqeDR6R311uf6hUNxogP7KHK08covPQQWJlas5_JIt1SHsMQbwaNmhDdWRcEIJgPwyEDBwc_os_es-Ti7_PsnptGM7WygpXnUA28ezDzddGwtYOUDDlHJ8BQI4a1E8/s640/10.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="426" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKrAk7PeWc3CyN85nrXEjGO54qb3z4Vo8rSreR23X_RlO5Ve9Acltc5RvCXBGqlAqeDR6R311uf6hUNxogP7KHK08covPQQWJlas5_JIt1SHsMQbwaNmhDdWRcEIJgPwyEDBwc_os_es-Ti7_PsnptGM7WygpXnUA28ezDzddGwtYOUDDlHJ8BQI4a1E8/s16000/10.jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Da pureza, do despojamento, do idealismo templário falou
eloquentemente o Abade de Claraval quando, noutro trecho, disse, ainda: <i>vão e vêm a um sinal do seu comandante;
usam os trajes que lhes dão, não procurando nem outros trajes nem alimentação.
Desconfiam de todo o excesso, desejando apenas o necessário. Vivem todos
juntos, sem mulheres ou crianças... Na sua companhia não se encontram
preguiçosos ou inúteis: quando não estão de serviço (o que só acontece
raramente) ou quando não comem o seu pão dando graças a Deus, ocupam-se a
remendar os seus trajes e os seus arreios rasgados ou despedaçados<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b></i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[14]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A sua vida quotidiana era ascética e dura: vinte e seis orações às
matinas, duas horas antes da aurora; missa todos os dias pela madrugada e ainda
pelo menos catorze orações de manhã; à tarde as vésperas e ainda dezoito
orações; o jantar era acompanhado de catorze orações, após as quais se impunha
a regra do silêncio até final. Numerosos jejuns, proibição de carne três vezes
por semana, etc. – tudo isto temperava o espírito do templário numa escola de
elevação espiritual, segundo a regra bernardina.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O Graal, o <i>Sangreal</i> (<i>Santo Graal ou Sangue Real</i>), <i>que ora é o cálice com o sangue de Cristo</i>,
trazido para a Europa por José de Arimateia, como nos romances de Robert de Boron
e de Chrétien de Troyes, ora é uma <i>pedra
luminosa</i> como nos de Wolfram von Eschenbach, ora é por vezes um <i>objecto imaterial</i>, é defendido pelos
cavaleiros e, quando é perdido, é procurado incessantemente, sendo exigida a
absoluta pureza interior dos heróis da demanda ou da questa, o que parece só
ter acontecido com Galaaz que, já o vimos, René Guénon diz ser um herói
concebido à imagem do próprio S. Bernardo.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tem virtudes excepcionais: <i>é
luminoso e ilumina</i>, relacionando-se em Robert de Boron com o Espírito Santo;
na <i>Morte Darthur</i>, a manifestação do
Graal é acompanhada <i>de um raio solar sete
vezes mais deslumbrante do que a luz do dia </i>e nesse momento <i>todos foram iluminados pela graça do
Espírito Santo </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[15]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Por outro lado, <i>alimenta, dá a vida</i>,
chegando, como Jesus, a <i>multiplicar os
pães (Grand St. Graal); cura as feridas mortais e prolonga sobrenaturalmente a
vida; confere força</i> e dá a vitória nas batalhas; é capaz de <i>fulminar</i> os impuros.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Para Evola, a questa está ligada basicamente <i>à procura de um poder primordial </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[16]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>, o
que a seu ver está ligado a um <i>«mysterium
tremendum que pouco tem a ver com o “pathos” cristão» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[17]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sem embargo, é difícil desligá-lo da vivência cristã e cruzada da
época, muito embora saibamos que há uma vida dos arquétipos e dos mitos, que não
é propriamente anterior, porque <i>transcende</i> as próprias religiões reveladas.
Podemos dizer, sim, que <i>promana da mesma
fonte</i>, que é o Espírito, no seu mistério.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Digamos que defender a Palestina, lutar pela verdade e pela
justiça de Deus, contra as forças do mal, é uma <i>acção terrena</i> que tem de nascer
de uma purificação interior, de uma ascese, que não é só uma luta, porque é
uma demanda. O Graal, o vaso ou a pedra de Cristo, é o objecto da procura e a
sua deambulação labiríntica pelo mundo é o sinal de que todo o mundo é a <i>Terra Santa</i>, muito embora sem a sua
presença vivificadora seja a <i>terre gaste</i>,
onde estiola a <i>árvore seca</i>, que só
florescerá quando o <i>Rei do Graal, Rei do
Mundo</i>, tiver recuperado a sua majestade e o seu poder pela posse do
talismã maravilhoso.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI4kAIFRoQFu5GktKJVBsOIWaKsayvFpTEXDpXmmVzlkAH3LJckY0sSpyUtmltRWHEeeOM9LmncMx3eNB1U3f6B1mjRh8G0Wwln4IZiRjz8JH9-vgrBnfn_doeYIh7BF-dC4x3Fq8Oi2VzBc14T3bHSll4CejCm0jRdybL7efhHSeCXhpFaJqUODqqD6U/s962/Holygrail%20(1).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="962" data-original-width="600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI4kAIFRoQFu5GktKJVBsOIWaKsayvFpTEXDpXmmVzlkAH3LJckY0sSpyUtmltRWHEeeOM9LmncMx3eNB1U3f6B1mjRh8G0Wwln4IZiRjz8JH9-vgrBnfn_doeYIh7BF-dC4x3Fq8Oi2VzBc14T3bHSll4CejCm0jRdybL7efhHSeCXhpFaJqUODqqD6U/s16000/Holygrail%20(1).jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;"><i>The Damsel of the Sanct Grael</i>, por Dante Gabriel Rossetti (1828-1882).</span></b></td></tr></tbody></table><br /><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Evola acentua muito o gibelismo essencial da <i>Demanda</i>, remetendo para a tradição antiquíssima do <i>Imperador-Pontífice desaparecido ou do Dux,
mensageiro de Deus, que um dia reconstruirá o Império estilhaçado e em ruínas,
do que são símbolos a árvore e a Águia</i> de Dante. Neste sentido, a Demanda seria
anti-Papa ou anti-Roma, relacionando-se com os Fiéis do Amor, tal como os
Templários teriam uma iniciação secreta e esotérica, o que aliás constituía uma
das acusações de Filipe o Belo e (embora relutantemente) do Papa Clemente V,
sediado em Avignon e de algum modo na dependência do ambicioso rei francês, no
processo que levou à extinção da Ordem em 1314. Abundando neste sentido diz
Sampaio Bruno num dos seus ensaios –, incluído no livro póstumo e incompleto
intitulado <i>Os Cavaleiros do Amor</i> –, <i>Amor</i> seria a antítese de <i>Roma</i>, duas palavras que têm em português
as mesmas letras, mas significativamente se podem escrever ao contrário,
originando conceitos segundo o autor antagónicos. Os <i>Fiéis do Amor, os Cavaleiros do Amor</i>, seriam os trovadores que
cifravam o seu anti-romanismo quando pareciam falar do amor cortês <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[18]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Julius Evola recorda a tradição dinamarquesa do <i>Ciclo de</i> <i>Orgier</i>. Este, diz, <i>é um
fac-símile do imperador gibelino jamais morto: é um herói nacional sequestrado
no mais profundo de um monte ou na parte subterrânea do castelo de Kronberg,
mas que reaparecerá quando a sua terra necessite de um salvador<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b></i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn19" name="_ftnref19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[19]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Orgier, <i>paladino de Carlos
Magno, salvador da cristandade e conquistador universal</i>, consegue chegar ao
reino do <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/02/o-enigma-do-preste-joao_1.html">Preste João</a>, identificado como a ilha arturiana de Avalon. No
Parsifal, de Wolfram von Eschenbach, o <i>Preste
João é conceptuado como um descendente da dinastia do Graal </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn20" name="_ftnref20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[20]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Ele, soberano misterioso do enigmático Oriente, é o rei dos reis, designando-se
pelo seu nome, não uma pessoa, mas uma função.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">É fora de dúvida que,
se entre as várias Ordens de cavalaria, a dos Templários</span></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, escreve Julius Evola, <i>foi
a que mais ultrapassou a dupla limitação constituída, por um lado, pelo simples
ideal guerreiro da cavalaria laica, e por outro lado, pelo ideal simplesmente
ascético do cristianismo e das suas ordens monásticas: aproximando-se assim
sensivelmente do tipo da «cavalaria espiritual do Graal». Além disso a sua doutrina
interna tinha um carácter iniciático </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn21" name="_ftnref21" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[21]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a> <i>(...) Pois bem, a cavalaria templária foi
tipicamente uma Ordem na qual o combate e, sobretudo, a «guerra santa» equivaliam
a uma via de ascese e de libertação. Assumia exteriormente o cristianismo, mas
no seu mais alto mistério, embora reservado, como é verosímil, a um círculo
interno, superava-o, rejeitando a cristolatria e as principais devoções de ordem
devocional; tendendo pouco a pouco a ligar os princípios da suprema autoridade
espiritual a um centro diferente de Roma, centro a que convinha a designação,
menos de Igreja do que de Templo, mais augusta e mais universal </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn22" name="_ftnref22" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[22]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Algumas interpretações do livro de Evola parecem-nos excessivas,
como a do anti-romanismo da tradição templária secreta, que pessoalmente antes
ligaríamos com a ideia de uma Igreja mais depurada e mística, interior à Igreja
visível, mas complementar. Seria como já vimos a Igreja de João, a Igreja do
Espírito Santo, a <i>Igreja do Preste João</i>,
que os Portugueses procuraram incansavelmente na sua demanda marítima, já que
o próprio nome do misterioso Preste ou Presbítero João, Imperador-Pontífice,
parece remeter-nos directamente para a herança espiritual de S. João, o autor
do Evangelho do Espírito Santo e do Apocalipse.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKCtLU184ZGJmbHbiF4gvX3WfhOwzu_IArGIZm_wCyv3IIf2AobDpftF2dlD7mmaBwYqyf32AkRThoqCR6-iKhpPccWZ0Pzv8wAvFWnYen9jOzCiqyFDXS9wfPkih_c8zsswbcm9zplGjwDMhIeFVWYBBO6CtF0XSwG0z55BHwqkR7xR2GatcZb23DukY/s800/20160130171259_00002.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="519" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKCtLU184ZGJmbHbiF4gvX3WfhOwzu_IArGIZm_wCyv3IIf2AobDpftF2dlD7mmaBwYqyf32AkRThoqCR6-iKhpPccWZ0Pzv8wAvFWnYen9jOzCiqyFDXS9wfPkih_c8zsswbcm9zplGjwDMhIeFVWYBBO6CtF0XSwG0z55BHwqkR7xR2GatcZb23DukY/s16000/20160130171259_00002.jpg" /></a></div><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOEzYVU3cRu8YWeTeXQ6sMUvv0oFB196xiJBx-ye1saO12aA6ebWbLHTZoWnvcoquf-Hmehpu4GmSzt9kYu0nBm4uuSXchLeNGoeBMHvZ6hRE8FCYD4DHNTC6bnO-CdEwL3H5gzz0PpH90xQUqZywtGJ8WeaGvyJ1k32W6Niff9erX9vIOm1MYbk81W90/s1470/20230614154254_00002.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1261" data-original-width="1470" height="549" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOEzYVU3cRu8YWeTeXQ6sMUvv0oFB196xiJBx-ye1saO12aA6ebWbLHTZoWnvcoquf-Hmehpu4GmSzt9kYu0nBm4uuSXchLeNGoeBMHvZ6hRE8FCYD4DHNTC6bnO-CdEwL3H5gzz0PpH90xQUqZywtGJ8WeaGvyJ1k32W6Niff9erX9vIOm1MYbk81W90/w640-h549/20230614154254_00002.jpg" width="640" /></a></div><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Observemos como toda esta gama de conotações está presente no próprio
tecido cultural português, influindo nos seus valores éticos e heróicos, na orientação
da sua vida, na própria filosofia política da nação. Se, como diz Evola, os
textos principais do ciclo da <i>Demanda do
Graal</i>, surgem entre o último quartel do século XII e o primeiro do século
XIII, o certo é que as suas versões peninsulares (tendo Rodrigues Lapa
determinado a prioridade do texto português), são de meados deste último século <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn23" name="_ftnref23" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[23]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Para o graalista Bohigas y Balaguer, o conhecimento do Graal só
teria entrado na Península nos princípios do século XIV, <i>pois as duas citações precisas de textos do Graal, que presumem
conhecimento directo do romance, são de dois trovadores da corte de D. Dinis,
Estevam de Guarda e Fernand’Esguio<span style="color: #bf9000;"> </span></i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn24" name="_ftnref24" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: #bf9000;"><b>[24]</b></span></span></span><!--[endif]--></span></a>,
mas o nosso filólogo demonstrou brilhantemente no seu trabalho, apoiando-se em
dados linguísticos exaustivamente analisados, que o texto português prioritário
<i>é de meados ou do 3.º quartel do século
XIII </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn25" name="_ftnref25" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[25]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
o que aliás não contraria a validade da tese dionisíaca, pois o reinado do
Lavrador iniciou-se em 1278.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A partir daqui, a simbólica do Graal torna-se determinante em
Portugal, não só indo ao encontro naturalmente do nosso templarismo joanino,
mas atingindo esferas mais amplas, como, já o vimos, a corte de D. Dinis e mais
tarde o círculo de D. João I, com Fernão Lopes e os príncipes de Avis.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não será preciso elaborar muito para referir o papel que a demanda
do Preste João (relacionada com a do Graal) tem na gesta portuguesa dos <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/o-humanismo-cientifico-portugues-da.html">Descobrimentos</a>.
O desiderato de encontrar o reino do Preste percorre toda a nossa epopeia
marítima, desde o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/01/o-infante-d-henrique.html">Infante</a> até <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/d-joao-o-segundo.html">D. João II</a> e D. Manuel I, sendo problema
controverso o saber se se procurava a aliança com um Imperador poderoso, oriental ou africano ou o contacto com um Imperador-Pontífice,
soberano, no temporal e no espiritual, de um almejado Reino de Graal ou do
Espírito Santo, onde houvesse sido privilegiada a herança paraclética de João.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Enfim, note-se que ideia do <i>Dux</i>,
do <i>Rei </i>ou do <i>Imperador</i> encoberto é um arquétipo do que será muito mais tarde o
Sebastianismo português, mito que não apenas se refere, como o julgou a
interpretação mais artificial, ao sonho do regresso do D. Sebastião histórico, em si próprio ou como em avatar, num sentido nacionalista de restauração da
pátria ocupada e diminuída, mas também à regeneração de um ideal de Monarquia
ou de Império, qual o teorizado por Dante, iniciado por D. Dinis, construído
pedra a pedra pela casa de Avis, desde D. João I e os seus sucessores até D.
Manuel, ideal que o Desejado estaria vocacionado para fazer ressurgir, depois
do interregno renascentista, jesuítico, clerical, inquisitorial, castelhanista
de D. João III e da regente D. Catarina de Áustria, antes da maioridade do
príncipe.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Outros laços invisíveis a olho nu, mas perfeitamente detectáveis,
unem Templarismo, Joanismo e Graalismo. Almir Brunetti recorda que o castelo do
Graal, <i>ora é baseado no Templo de Salomão
</i>por influência dos Templários (na tese de Urban T. Holmes e de Sister M.
Amélia Klenke), ora é identificado com o mosteiro de Claraval, <i>o que não é de estranhar</i>, aduz, <i>depois de todos os estudos que ligam o Graal
ao pensamento místico de S. Bernardo<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b></i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn26" name="_ftnref26" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[26]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
o autor da regra templária.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaVrbl2HpSs5MFpGX-PH1XPEmDIczaXgIA1ja9Kp5iiUEF6clU7ZXrYhpDB8EEyJ3GzEgMPkNSODVfkzqFUXxUWMq1vuHczFy_cSTAf3BVIRy5l-lf5Eq0lF926NHfC9k3kgGkTRD6WNt1r-LgzaZUp-hRL1SkAJmZn66JcMwl1EvV580OhPMjDfgroqM/s1015/800px-Boys_King_Arthur_-_N._C._Wyeth_-_p214.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1015" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaVrbl2HpSs5MFpGX-PH1XPEmDIczaXgIA1ja9Kp5iiUEF6clU7ZXrYhpDB8EEyJ3GzEgMPkNSODVfkzqFUXxUWMq1vuHczFy_cSTAf3BVIRy5l-lf5Eq0lF926NHfC9k3kgGkTRD6WNt1r-LgzaZUp-hRL1SkAJmZn66JcMwl1EvV580OhPMjDfgroqM/w504-h640/800px-Boys_King_Arthur_-_N._C._Wyeth_-_p214.jpg" width="504" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Perceval</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Neste ponto será interessante observar a teia de conotações de que
parece ter sido centro a cidade de Troyes. Foi sob o impulso e a égide do Conde de Troyes, que se fundou o Mosteiro de Claraval.
Foi no Concílio de Troyes, em 1128, que a Ordem dos Templários foi
definitivamente aprovada, sendo aí oficializada a sua regra, escrita por S.
Bernardo, de que demos já alguns excertos.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Foi em Troyes que Chrétien de Troyes (o Cristão de Troyes, o
Cristão do Três ou da Trindade), escreveu entre 1150 e 1190, o <i>Perceval ou Conte del Graal</i>, o primeiro dos romances do ciclo, <i>que contam as
aventuras dos cavaleiros do rei Artur que chegam ao Castelo do Graal por acaso
ou depois de intensa procura </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn27" name="_ftnref27" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[27]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">E é em Troyes que se encontra a Catedral por excelência
canonicamente joanina. O <i>Livro joanino</i>,
escreve efectivamente Jean Hani, <i>parece
dominar a inspiração deste edifício, porque outras colunas, à excepção das do
coro, têm 6 pés e 6 polegadas e a igreja possuía 66 colunas para sustentar
abóbadas. Isto entra em relação com outro número do Apocalipse: 666, que é o da
Fera (Apoc. 13, 11 e 18) que as colunas (simbolizando os Apóstolos) devem
esmagar. Depara-se-nos um terceiro número joanino: 144 000, o número dos
eleitos. Há, com efeito, no Trifório, 144 janelas, de onde irradiam, da parte
circundante à rosácea ocidental, todos os que ostentam o selo do Cordeiro </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn28" name="_ftnref28" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[28]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Além do número 666, o outro número que estrutura a simbólica da
Catedral de Troyes, é o 888, número de Cristo segundo a <i>gematria </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn29" name="_ftnref29" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[29]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Efectivamente, <i>o Cordeiro degolado e o
Cristo triunfante estão figurados nos fechos da abóbada do coro a essa altura
de 88,8 e a algumas toesas do vitral em que São João escreveu a sua profecia. O
número de 888 encontra-se igualmente em volta do altar (símbolo de Jesus): o
santuário está rodeado por 8 colunas e as suas aberturas dão para 7 absides
pentagonais que representam a irradiação das 7 igrejas do Apocalipse</i>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Em suma, o conceito joanino, ou melhor, a expressão joanina da
profecia de Jesus Cristo que fundamentou a teologia do Deus trinitarista e que
anunciou a vinda do Espírito Santo ou do Divino Paráclito é por assim dizer consubstancial
ao ideário profundo da Ordem do Templo, ao ciclo literário da Demanda do Graal
e à arquitectura sagrada de Tomar e de Troyes, centros espirituais onde se
cruzam Claraval, o Templarismo e a Demanda.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/o-pais-templario.html">Portugal templário</a> é pois um <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/templarismo-e-joanismo.html">Portugal cavaleiresco, joanino</a>,
trinitarista e graalista onde, por intermédio dos cavaleiros do Templo, dos
cistercienses e dos franciscanos, facilmente se vai implantar a teoria das três
Idades, de Joaquim de Flora, veiculada pelo Culto e pelas festas do Espírito
Santo, fundadas pelos reis D. Dinis e Santa Isabel de Aragão.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEji3Zp6eZox-k0FbG6aDhgKq140asOCYYj8NYs9SAVjux_xilUh4GBrwzdDqYqRzlcHIbGj1UrycpUmgDSKheSbFrhg32RLRoSzXVeXj2X2XkXQ0W-CYHHSTaC2fDn-Tdw1B0AaaPOeRFPvwM6khYiQqK8K-ipGAEKTQksOVvekrmt4kj4qi--JJQemqZA/s1418/800px-Escudo_de_Galicia_2.svg.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1418" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEji3Zp6eZox-k0FbG6aDhgKq140asOCYYj8NYs9SAVjux_xilUh4GBrwzdDqYqRzlcHIbGj1UrycpUmgDSKheSbFrhg32RLRoSzXVeXj2X2XkXQ0W-CYHHSTaC2fDn-Tdw1B0AaaPOeRFPvwM6khYiQqK8K-ipGAEKTQksOVvekrmt4kj4qi--JJQemqZA/w361-h640/800px-Escudo_de_Galicia_2.svg.png" width="361" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /><b><span style="color: #bf9000;">Brasão de Armas da Galiza</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMrsayZf32C96tbf855t44_JMiLIcAD6BM4Bi0jY8aP8bZho6Jzv4gb7z1i1Jwg0I8jbcFU-rR5T_WqIHELpKStmZbhHG62yGLHRxlTELPuf6G_bvh_rinv3DyQH7I-NSxbM8c9cd2-mgtfV_0J0pZ923_vGHq2TxaJ7M5VG9n9-3L9xbpHDAQbmGEskw/s640/Europe-south-west-kingdoms12th.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="501" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMrsayZf32C96tbf855t44_JMiLIcAD6BM4Bi0jY8aP8bZho6Jzv4gb7z1i1Jwg0I8jbcFU-rR5T_WqIHELpKStmZbhHG62yGLHRxlTELPuf6G_bvh_rinv3DyQH7I-NSxbM8c9cd2-mgtfV_0J0pZ923_vGHq2TxaJ7M5VG9n9-3L9xbpHDAQbmGEskw/s16000/Europe-south-west-kingdoms12th.png" /></a></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Com o <i>rei que fez tudo
quanto quis</i>, todos os ingredientes dessa nobilíssima herança templária,
revificados pela influência joanina e pelas doutrinas complementares de Arnaldo
de Vilanova e de Raimundo Lúlio, atingem o ponto de sublimação que será o
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/02/o-imperio-do-espirito-santo-e-os.html">projecto áureo do Império do Espírito Santo</a>. Portugal reassumirá a partir de
então (se nos lembrarmos do seu primeiro ciclo, o ciclo atlante), a direcção de
um movimento universal de fundo para a efectivação da profecia antiga do
Apocalipse de S. João: a vinda da nova Jerusalém, da Cidade Santa onde já não
haverá templo algum, porque Deus Todo-Poderoso é o seu templo...</span></p><p class="MsoNormal"><b><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/02/o-imperio-do-espirito-santo-e-os_18.html">António Quadros</a>, <i>Portugal,
Razão e Mistério</i>, I, Guimarães Editores, 1988, pp. 186-196).<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">
</span></p><div><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> José António dos Santos, <i>Monumento das Ordens Militares do Templo e
de Christo em Tomar</i>, Lisboa, 1982.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i>Crónica de D. João I</i>, II Parte, Cap, 76; <i>Crónica do Condestabre</i>, IV.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Julius Evola, <i>El Mistério del Graal</i>, trad. Espanhola,
Ed. Plaza e Janes, S. A., Barcelona, 1975, p. 183.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn4">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i>Ibid.,</i> p. 53.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn5">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Jean Hani, <i>O Simbolismo do Templo Cristão</i>, trad. portuguesa, Edições 70,
Lisboa, 1981, p. 33.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn6">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i>Ibid.,</i> p. 32.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn7">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Juan Eduardo Cirlot, <i>Dicionário de Símbolos</i>, Ed. Labor. S.
A., Barcelona, 1969, p. 161.</span></p>
</div>
<div id="ftn8">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;">
Julius Evola, <i>Ibid.,</i> p. 52.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn9">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref9" name="_ftn9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">J. H. Probst-Biraben, <i>Les
Mystères des Templiers</i>, obr. cit., Cap. <i>Cryptographie
et Croix des Huit Beatitudes</i>, pp. 69 a 80.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn10">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref10" name="_ftn10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i><span lang="EN-US">Ibid.,</span></i><span lang="EN-US"> p. 78.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn11">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref11" name="_ftn11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">Cit, in <i>Les Templiers</i>, de
Albert Olivier, Ed. d</span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">e
Seuil, Paris, 1958, pp. 16 a 18.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn12">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref12" name="_ftn12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Julius Evola, obr. cit., p. 85.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn13">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref13" name="_ftn13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Almir de Campos Brunetti, <i>A Lenda do Graal no contexto heterodoxo do
pensamento português</i>, Ed. Soc. Expansão Cultural, Lisboa, 1974. p. 23.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJR5dVm_av72IU0q6l7NGXJNQHUYcBIKZavaJpdZ1wam0ZseNGHzrDmfXF1SQfnIhpQXts6sNozWMUsVX9iWqa-ijjqTZs3PgMDVH2BWc0J5FQ83SsS43kYinKk68giDbxltjATLm17p1j51Gq8J2phehFHwmbS3fPCBsLcAkigm1lXLn6kzD90Hi97KI/s800/20160326163255_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="555" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJR5dVm_av72IU0q6l7NGXJNQHUYcBIKZavaJpdZ1wam0ZseNGHzrDmfXF1SQfnIhpQXts6sNozWMUsVX9iWqa-ijjqTZs3PgMDVH2BWc0J5FQ83SsS43kYinKk68giDbxltjATLm17p1j51Gq8J2phehFHwmbS3fPCBsLcAkigm1lXLn6kzD90Hi97KI/s16000/20160326163255_00001.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p>
</div>
<div id="ftn14">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref14" name="_ftn14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i>Les Templiers</i>, obr. cit., p. 21.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn15">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref15" name="_ftn15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Cit. por Evola, obr. cit., p.
96.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn16">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref16" name="_ftn16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i><span lang="EN-US">Ibid.,</span></i><span lang="EN-US"> p. 103.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn17">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref17" name="_ftn17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i><span lang="EN-US">Ibid.,</span></i><span lang="EN-US"> p. 94.</span></span><span lang="EN-US"><o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn18">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref18" name="_ftn18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i>Os Cavaleiros do Amor</i>, Guimarães Ed., Lisboa.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn19">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref19" name="_ftn19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Julius Evola, obr. cit., p. 73.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn20">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref20" name="_ftn20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i><span lang="EN-US">Ibid.,</span></i><span lang="EN-US"> p. 75.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn21">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref21" name="_ftn21" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i><span lang="EN-US">Ibid.,</span></i><span lang="EN-US"> p. 182.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn22">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref22" name="_ftn22" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i>Ibid.,</i> p. 184.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn23">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref23" name="_ftn23" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Rodrigues Lapa, <i>«A Demanda do Santo Graal» – a Prioridade do
Texto Português</i>, Lisboa, 1930, pp. 15 e 16.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn24">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref24" name="_ftn24" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US"><i>Ibid.,</i> p. 15.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn25">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref25" name="_ftn25" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US"><i>Ibid.,</i> p. 16.</span></span><span lang="EN-US"><o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn26">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref26" name="_ftn26" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Almir de Campos Brunetti, obr.
cit., p. 68.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn27">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref27" name="_ftn27" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[27]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">Almir Brunetti, <i>ibid.,</i> p. 27.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn28">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref28" name="_ftn28" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[28]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Jean Hani, <i>O Simbolismo do Templo Cristão</i>, obr. cit., p. 43.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn29">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref29" name="_ftn29" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[29]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i>«A gematria é a ciência tradicional que se propõe interpretar
simbolicamente as palavras pelo valor numérico correspondente ao das suas
letras»</i>, ibid., 42 e 43. O número 666, por ex., o da Besta, corresponde ao
nome de César Néron.</span><o:p></o:p></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMFqFkGryVqLHgd7FZMVDvlfL3Tb9GUGo8qClHZ793onU1OeRWDKEd0JQjRyt935eQoAUtbR2YTW-mzu8Ag7raNVelDN67ALchVA9_2qUFs7eeEVkKysHcnHnxbcvVNwLIr2T1tAZLBbM2uApfpTqtD99zwzoLMwV5MkRDq25VM091cM9rJpnANEq-lUQ/s608/Tree_of_life_bahir_Hebrew.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="608" data-original-width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMFqFkGryVqLHgd7FZMVDvlfL3Tb9GUGo8qClHZ793onU1OeRWDKEd0JQjRyt935eQoAUtbR2YTW-mzu8Ag7raNVelDN67ALchVA9_2qUFs7eeEVkKysHcnHnxbcvVNwLIr2T1tAZLBbM2uApfpTqtD99zwzoLMwV5MkRDq25VM091cM9rJpnANEq-lUQ/s16000/Tree_of_life_bahir_Hebrew.svg.png" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p>
</div>
</div><p></p><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-67307589659570409142023-08-11T04:26:00.000-07:002023-08-11T04:26:45.419-07:00O humanismo científico português da época dos Descobrimentos<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por António Sérgio</span></b></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPLalE885WJIGefRlvIbZL7WIhQ-gyjOFMuRpCmyHwLUKlG0wWEPYpMzTxw0v9EHB2pwz7Lypuj7e_8CJZX7O0RM6wKeULNuNSyYNNDkZXiDxcLXHIDq31zx8W_F-62cfqXWwPBPLLhC42m4qfG6RU0ga3VRUdz09huUpcSg90sBlqsqbHSVYo1nKg2cY/s620/phpThumb.jpe" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="339" data-original-width="620" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPLalE885WJIGefRlvIbZL7WIhQ-gyjOFMuRpCmyHwLUKlG0wWEPYpMzTxw0v9EHB2pwz7Lypuj7e_8CJZX7O0RM6wKeULNuNSyYNNDkZXiDxcLXHIDq31zx8W_F-62cfqXWwPBPLLhC42m4qfG6RU0ga3VRUdz09huUpcSg90sBlqsqbHSVYo1nKg2cY/s16000/phpThumb.jpe" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A.S. – (...) O que é que acontece no Mundo – e isto é a nossa
experiência de todos os dias... – para que a maior parte das pessoas não chegue
a desabrochar na vida? São plantas que não se cumprem a si próprias e quando
uma planta não se cumpre a si própria é porque foi mal plantada, ou o terreno é
ingrato, ou não levou adubo suficiente, ou não caiu chuva bastante.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Temos de nos voltar, imediatamente,
para as condições físicas que não permitem que a flor desabroche. Ora nós
sabemos, perfeitamente, que na vida – e tem sido uma luta quotidiana do Homem
para ver se vence isso – as condições materiais em que na maior parte das vezes
temos vivido, as condições educacionais, as condições sociais, políticas,
filosóficas, têm impedido uma porção de gente de desabrochar. Têm sido
obrigados a ser aquilo que, num determinado momento, podiam ser e vamos ter de
considerar quase como heróis aqueles que, para se cumprirem, arriscaram a vida
e a morte tiveram.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Um deles é o próprio <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/camonologia.html">Camões</a>.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Todas as aventuras que
viveu, todo aquele longo <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/a-supervivencia-do-amor-portugues.html">Amor</a> para o qual ele achava a vida curta se fez à
custa dele próprio. Andou de aventura em aventura, sempre pobre, sem um Norte fixo
na vida, sem a possibilidade, pelo menos, de uma reforma e Diogo de Couto teve
de lhe pagar a passagem da Ilha de Moçambique de onde o “desgraçado” não
sairia, pois nem dinheiro tinha para comer.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Victor Mendanha («<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/vida-conversavel.html">Conversas</a> com <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/12/a-universidade-nova-idade-e-o-futuro.html">Agostinho da Silva</a>»).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Solidário com os problemas nacionais, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-fumos-da-india.html">Sérgio</a> tornara-se um
solitário. Teve consciência da solitude, quando escreveu, acerca da sua
intervenção pública: “Em certa altura da campanha a que me arrojei em Portugal –
em livros, em artigos, em conferências, na <i>Pela
Grei</i> – caí na tristeza insuperável de ver a impossibilidade de entender-me
com a grande maioria dos meus patrícios”. Ele considerava a endémica situação
do país: um povo mal governado e mal tratado, oprimido por uma carapaça de
políticos, cujo perfil era por demais o de <i>comedores</i>,
e por de menos o de <i>servidores</i> do
povo, ou, como descreveu João Perestrelo, um povo vivendo na “escravização
geral do país, como feudo político, do poder central”. Este perfil de submissão
babilónica veio ainda expresso nas palavras sangrantes de uma personalidade
moral: “O lavrador é o País, o Estado o seu Senhor e cobrador da renda”.
Glosando a visão de Sampaio (Bruno) era a consciência de que Portugal sempre
fora um povo infeliz, dominado, na expectativa do <i>Príncipe Perfeito</i> que o libertasse e redimisse. Para Bruno, esse
Príncipe teria de ser o Povo, e o mesmo se dirá do pensamento de Sérgio, que
via todas as tentativas de salvação nacional afundadas no pego da negligência e
da traição. Inspirado no livro de Lysis, <i>L’Erreur
Français</i>, escreveria sobre a impossibilidade democrática quando os regimes
assentam no “vício da centralização”, que, bem vistos os fenómenos, foi opção
ditatorial da Revolução Francesa, que proibiu os nacionalismos locais,
perseguiu as próprias línguas regionais e, antes da trilogia <i>Liberté</i>, <i>Egalité</i>,
<i>Fraternité</i>, houve o cuidado de antepor o lema <i>Unité de L’État.</i></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Olhando a condição portuguesa, e sem queda num juízo irremediável,
há lugar para admitir que o melhor das ideologias se corrompeu. A generosidade
teórica do <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/11/o-socialismo-montou-cerco-portugal.html">Socialismo</a> deu, em Portugal, um fruto: o egoísmo, de tal modo que
muitos colhem a ideia de que em Portugal só é socialista quem invejar os bens
do outro, ou quem se puser numa situação ostensiva de receber. Quem não inveje
e esteja em posição de dar, não carece de ser socialista.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/10/a-obra-monumental-de-pinharanda-gomes.html">Pinharanda Gomes</a> («A “Escola Portuense”»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGHLr2xyceEs4hngnxDUokfqJkjZ2oThIxFnqaqmHWra4KBsSiBrRFrVFqTYdINUWEnY_fOk1xmmsH6CpvgBKLGDfD0I7Y6k3oepXBABjF4qrUtnxqW47Uy65XxY9xLberI5ztQjUFGqnvOx7Y1GFKs37x3oW8l6Ix_XTeR9MibSHhyqq4NW8OrgdSHoA/s640/20130508155151_00001%20(1)%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGHLr2xyceEs4hngnxDUokfqJkjZ2oThIxFnqaqmHWra4KBsSiBrRFrVFqTYdINUWEnY_fOk1xmmsH6CpvgBKLGDfD0I7Y6k3oepXBABjF4qrUtnxqW47Uy65XxY9xLberI5ztQjUFGqnvOx7Y1GFKs37x3oW8l6Ix_XTeR9MibSHhyqq4NW8OrgdSHoA/s16000/20130508155151_00001%20(1)%20(1).jpg" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«(...) <i>V.M. – Eu próprio
sinto-me um prisioneiro no meu país.</i></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A.S. – Parece ser esse o pensamento de Manuel Bandeira e, se o
português tem de ir para o Brasil para ser um português à solta, é porque há
reformas necessárias e urgentes a fazer, para <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/02/o-portugal-de-agostinho-da-silva.html">Portugal</a> deixar de ser uma
cadeia.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Portugal tem, todo ele e em todas as partes do Mundo, de rumar
para uma <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/04/liberdade_28.html">liberdade</a> em que o Homem se possa interessar pelo aspecto dos fenómenos
para si mais atraentes, seja da Física, seja da Pintura ou da Mística,
sentindo-se atraído, simultaneamente, para o intemporal e para o não-espacial.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Por isso me parece serem <i><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/02/tambem-dos-portugueses-alguns-traidores.html">Os Lusíadas</a></i>, para além de um poema narrativo, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/06/assim-fomos-abrindo-aqueles-mares-que_24.html">histórico e épico</a> – por relatar
acções heróicas – também um poema profético, tendo <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/camoes-e-fisionomia-da-patria.html">Camões</a> uma ideia do heróico
muito curiosa.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Por exemplo, é heróico <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/milagre-de-ourique.html">Afonso Henriques</a> quando diz a Deus “que
estais vós a animar-me a mim? Ide pregar aos infiéis”; ou a pobre <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/a-linda-ines.html">Inês de Castro</a>, abatida pela razão de Estado quando, para ela, o que imperava era o
afecto e lá aguenta aquela morte como pode.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/12/a-vos-o-geracao-de-luso-digo_22.html">Camões</a> mostra esse Povo heróico na Terra e heróico <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/05/nao-vimos-mais-enfim-que-mar-e-ceu.html">no Mar, capaz de heroísmo no Céu</a>.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Nesta situação, costumo lembrar-me do monumento aos Descobrimentos
que está virado para o Tejo, junto ao Mosteiro dos Jerónimos, no qual podemos
ver aquela gente a elevar-se da Terra como se elevou Portugal. Eles vêm do solo, vão subindo por aquelas duas rampas, vão a
caminho já do Mar e, subitamente, param.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Não há mais nada porque falta construir o resto da rampa.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Falta continuar o resto dessa rampa que iria chegar, espero que vá
chegar, ao que nós chamamos Céu e que seria o verdadeiro destino de Portugal.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Mas chegar ao Céu não é ir, como os americanos e os russos,
instalar fábricas no espaço.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><i><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>V.M. – Haverá possibilidade
de continuar a rampa?</b></span></i></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A.S. – Espero que sim, pois fizemos coisas mais difíceis do que
Ser. O que existe de mais fácil à pessoa é Ser, só que o terrível são as
circunstâncias que, à volta dela, a impedem de Ser.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><i><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>V.M. – Essas circunstâncias
poderão ser afastadas?</b></span></i></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A.S. – Havia uma tribo no Amazonas que gostava das crianças com a
cabeça cúbica e, quando elas eram pequenas, punham-lhes umas talas na cabeça
para obrigá-las a crescerem cúbicas.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Afinal de contas, é o que sucede a todos nós, pois no fundo, a
nossa cabeça é cúbica visto as circunstâncias externas obrigarem a isso. Mas quando
a Sociedade não nos colocar as suas talas, para nos impedir o crescimento
normal, será possível que cheguemos ao mais pleno de nós próprios.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Então aí, como cada homem nasce diferente mesmo em cinco biliões
de homens, teremos possivelmente uma pluralidade extraordinária no Mundo e
faremos algo quase impossível de fazer hoje, que é <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/11/amar-o-imprevisivel.html">amarmos a diferença</a>.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Ainda gostamos muito de amar as semelhanças, damo-nos muito bem
com aqueles que se parecem connosco, quando o nosso gosto também devia ser por
aquilo que é diferente.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Quando se diz ter sido <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/11/do-aristotelismo-camoniano.html">Camões</a> um platónico, e isso mostra-se bem
quando ele afirma atingir-se a beleza geral através da particular beleza, digo
sempre existir aí um defeito por ele não nos referir o que acontecia à fealdade
particular a conduzir-nos, tanta vez, à fealdade geral.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>É necessário, igualmente, pôr esse ponto: ver no diferente o que
existe de fundamental e dirigirmo-nos a esse fundamental.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Só quando o homem se dirigir ao seu fundamental é que se cumpre.» </b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt;"><b>Victor Mendanha («Conversas com <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/02/da-cultura-peninsular.html">Agostinho da Silva</a>»).</b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikJ_Mm8pF11fiMgPlog5ZhVAGE7OkKYod2bEPkkZSlSXHyeUy0MA_gTZ04csQSJV40KXIdXnUoeh2Ia7EhpL_mfyiQvC490D_Wv1hC3KgD0MQDh3WgAgBrxTrjH38cQb3kp8SGCMjuohLk9WioMQIW_IhOqs6tJm6Kpof-c7ECz14OVMDvgXTX8ihRZl0/s640/Project1%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="401" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikJ_Mm8pF11fiMgPlog5ZhVAGE7OkKYod2bEPkkZSlSXHyeUy0MA_gTZ04csQSJV40KXIdXnUoeh2Ia7EhpL_mfyiQvC490D_Wv1hC3KgD0MQDh3WgAgBrxTrjH38cQb3kp8SGCMjuohLk9WioMQIW_IhOqs6tJm6Kpof-c7ECz14OVMDvgXTX8ihRZl0/s16000/Project1%20(1).jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«A <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/11/pela-republica-contra-o-socialismo.html">República</a> teve o condão de mover o Povo contra o Povo, é imoral
negar este facto. Havia um regime, mas, na ideia de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-portugueses-nos-mares-do-oriente.html">Sérgio</a>, o problema do
Regime era no fundo o problema do bem e do mal da comunidade portuguesa, sendo
necessário actuar a nível suprapartidário, em liberdade, na pesquisa de novos
caminhos, com recusa das forças políticas históricas, com ordem e trabalho. A
Guerra e a Pneumónica contribuíram para a geral degradação do tecido social e
das fracas economias de um povo já de si pobre, explorado por gente de baixo
coturno, elevada a donatária do Reino. Muitos segmentos sociais procuravam
caminhos: católicos, monárquicos, republicanos sérios, independentes e
necessitados. Até se colhia a percepção de que na verdade se procurava a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/a-nacao-por-leis-divinas.html">mãe</a>, a
Mátria, como se infere dos títulos de algumas publicações que, diferentes nos
modos, eram convergentes na causa final: <i>Alma
Portuguesa</i> (1913), <i>Nação Portuguesa</i>
(1914), <i>Pela Grei</i> (1918), <i>Seara Nova</i> (1921). <i>Pela Ley e Pola Grey</i>, lema do Príncipe Perfeito, não era o lema do
Integralismo Lusitano? A própria beatificação de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/12/carmelita.html">Fr. Nuno de Santa Maria (Beato Nuno)</a> em 1918, não foi um modo de animar o povo, cujos segmentos mais populares
se moviam desde 1917 em busca das <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/10/as-aparicoes-de-fatima-e-filosofia_23.html">maravilhas de Fátima</a>? O mesmo primeiro
Modernismo, o de <i>Orpheu</i>, não consegue
ocultar uma forte apetência nacional-messiânica, conforme escritos de Augusto Ferreira
Gomes, Raul Leal e, sem dúvida, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/08/ocidente.html">Fernando Pessoa</a>. A <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/05/a-perda-do-ultramar-portugues-e-os.html">perda do Ultramar</a> não se
consentia...».</b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/o-aristotelismo-conimbricense.html">Pinharanda Gomes</a> («A “Escola Portuense”»).<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«(...) os portugueses conservadores no século XVIII são aqueles
que receberam todo o país modificado pelas ideias europeias, mas as dos séculos
XV ou XVI. Simplesmente, no resto da Europa essas ideias tinham proliferado, tinham avançado, tinham conseguido adiantar-se até,
curiosamente, servindo-se do que fora trazido pelos portugueses e pelos
espanhóis. A Europa adianta-se exactamente com os Descobrimentos. Eles haviam
parado em Aristóteles e estavam bem contentes com isso. Simplesmente, o nosso
amigo Aristóteles tem pelo menos duas coisas na sua filosofia: a metafísica e a física. A metafísica poder-se-ia discutir sempre e as <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/a-modernidade-antecipada-pelo.html">grandes discussões nas universidades</a>
eram sempre à volta dela. Mas a física é de difícil discussão, porque há a
experiência, o visível, o observável e ele está certo ou não, ou está de acordo
ou não com o que diz <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/a-revolucao-aristotelica.html">Aristóteles</a>. E o que aconteceu com os Descobrimentos é que
o mais analfabeto, o mais inculto dos marinheiros portugueses era capaz de
encontrar nas viagens, testemunhos, factos reais que liquidavam completamente o
que Aristóteles havia afirmado. Porque ele raríssimas vezes havia feito uma
experiência pessoal. É muito frequente encontrar na obra de Aristóteles uma
expressão que de uma forma ou de outra quer dizer que alguém viu mas não ele, “dizem”,
“sabe-se”, etc. Não “eu vi”, “eu afirmei”. E coisa curiosa, quando lemos, por
exemplo, Camões, os seus marinheiros dizem “eu vi”, “vi claramente visto!”, diz
um deles. E o que é que eles viram claramente visto? Uma porção de coisas que
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/o-intelecto-e-inteleccao.html">Aristóteles</a> declarava que não existiam. Assim, o que primeiro se desmanchou foi
a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/12/acerca-do-movimento-e-do-primeiro-motor.html">física de Aristóteles</a>. E se há uma <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/12/uma-ontologia-ou-metafisica-do-sensivel.html">metafísica que se baseia numa física</a>, o
que acontece é que a metafísica começa a ser abalada.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/08/para-alvaro-ribeiro-sete-notas-dez-anos_3172.html">Agostinho da Silva</a> («Vida Conversável»).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Aristóteles foi, também, durante séculos, a primeira autoridade
em física. Os livros aristotélicos não são, porém, livros de mera exposição e
demonstração de doutrinas, mas, pelo contrário, exemplos e exercícios do orgão
lógico para a indagação da verdade. Do uso que durante a Idade Média foi feito
dos livros aristotélicos, muitas vezes discutidos sem prévio recurso à
observação e à experimentação, não há que inculpar o pensamento de
Aristóteles.»</b></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/09/aristoteles-e-tradicao-portuguesa-i.html">Álvaro Ribeiro</a> («Apologia e Filosofia»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxdQITbTzg88f2C5tRDUIGAVNNH6d-KbpmblvTHuY_R-pHnklabyWYgfzMCkhrp76Ewt_P_DO4mNqbuIiQw2Wu_hqtVVnTEjgMkeZ3q7pdr2hVii2Mmt8CKrb9VuWer212vQFgWAOlUPBj-H3m6ZW4rMxwGa2HN1jDuY8J_8fTyunzbFDDi-IBADYSKRU/s2000/11052020_100741_AC_grande-3200x1680-c.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1250" data-original-width="2000" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxdQITbTzg88f2C5tRDUIGAVNNH6d-KbpmblvTHuY_R-pHnklabyWYgfzMCkhrp76Ewt_P_DO4mNqbuIiQw2Wu_hqtVVnTEjgMkeZ3q7pdr2hVii2Mmt8CKrb9VuWer212vQFgWAOlUPBj-H3m6ZW4rMxwGa2HN1jDuY8J_8fTyunzbFDDi-IBADYSKRU/w640-h400/11052020_100741_AC_grande-3200x1680-c.jpg" width="640" /></a></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«(...) assim como o ser humano nasce para o espírito, também as
sensações, por génese natural podem não ter sido em nós predestinadas ao
conhecimento da matéria, pois nunca nos disseram se a matéria é “isto ou
aquilo”. O que nos falam e dizem, isso sim, e desde logo radicalmente, é sobre
as substâncias com as suas qualidades e atributos, pelas quais a matéria se
torna por elas cognoscível. Esta noção é fundamental, porque aponta para a
revisão da dogmática do “a priori” e insinua a confiança na conscientização
gradual das nossas potencialidades empíricas. As sensações não são pois de
genitura feitas para a matéria, cujo sentido desde os Gregos, vem a sofrer
muitos ajustamentos de conveniência apenas científica, mas sim para a ordem das
substâncias, em inerência às qualidades dos movimentos e atributos naturais.
Mesmo numa abstracção pura, o empirismo deveria enfim revelar-se para a
metafísica, como uma verdadeira teologia da experiência.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>
</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/02/do-conceber-para-o-lugar-do-conceber.html">Luís Furtado</a> («Do Conceber para o Lugar do Conceber. Ensaio de
Hipotipose»).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b><span style="color: #990000;"><br /></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Graças a um homem superior, que não tinha os olhos voltados para
a Europa Central, os Portugueses distinguiram-se na aventura do descobrimento,
na arte de tornar visível o ainda não visto mas previsível, o Novo Mundo.
Contrariando a lei dos três estados, o saber dos Portugueses era menos positivo
do que metafísico, e menos metafísico do que teológico, porque foi
principalmente haurido na tradição representada pela cruz da Ordem de Cristo.
Cruz que, pelo simbolismo da cor e da forma, representa na vela, e na caravela,
um problema humano, um segredo natural e um mistério divino.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;">
</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/01/centro-de-estudos-europeus-retrocesso.html">Álvaro Ribeiro</a> («Apologia e Filosofia»).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">«(...) coisa curiosa, se eu falo n’<i>Os Lusíadas</i>, é exactadamente como parece: que Camões achou que a
construção de Portugal, e depois a navegação, até se chegar a Oriente, até esse
primeiro ponto do Oriente que foi <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/calecut.html">Calecute</a>, que não se poderia ter feito nada
disso sem o culto da virtude. Quase se diria o seguinte: <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/04/e-se-mais-mundo-houvera-la-chegara.html">Camões</a> seria
confucionista, se eu aceitasse que era por causa da sua estada para os lados do
Oriente que ele tinha conhecimento da doutrina e tinha dito, ele próprio, coisa
curiosa, como os portugueses do lado de lá, sentiam a mesma coisa que sentiu
Confúcio do lado de cá, que não se pode atingir o empreendimento que se tem em
vista senão pelo culto da virtude em todos os seus aspectos: pela lealdade ao
compromisso, pela obediência a quem manda, etc. Mas logo que essa empresa está
concluída, logo que os marinheiros voltam com a consciência de que fizeram tudo
o que havia a fazer pelo tal culto da virtude para se poder alcançar a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/do-valor-indomito-dos-portugueses-na.html">Índia</a>,
Camões os põe numa outra colectividade, em que eles não têm que ser mais nada
senão o que são, e que n’<i>Os Lusíadas </i>aparece
com a designação dada pelos seus leitores de “A Ilha dos Amores”. Ali, os
marinheiros que desembarcam deixam de ser marinheiros, são apenas as pessoas
que nasceram com toda a sua plenitude humana, e se revelam apaixonados por tudo
o que é fenómeno. Mas, curiosamente, Camões avança com alguma coisa que os
gregos não descobriram: os gregos sentiram também, que eles pelo amor que
tinham à vida eram gente presa do fenómeno. Mas <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/02/esfera.html">Camões</a> disse sem o dizer, os gregos
não descobriram como é que isso pode ser ultrapassado, e na Ilha dos Amores os
portugueses ultrapassam, livram-se dessa prisão, sabemos todos muito bem que os
portugueses aprendem na Ilha dos Amores que podem saber o futuro e que podem
estar também livres do espaço. Podem saber o futuro quando uma deusa lhes vem dizer
como vai ser Portugal, sentem-se livres do espaço quando a mesma deusa lhes
mostra ao longe toda a máquina do mundo fora da qual não existe nenhuma espécie
de espaço. Então, o que é que ele diz como remédio aos gregos? Diz o seguinte:
os gregos pensaram, parece, que todas as ideias que têm são fabricadas pela
própria cabeça, nunca lhes surgiu a ideia, talvez, de que as ideias talvez
pairem no mundo e entram na cabeça das pessoas quando elas deixam de ter tanta
credibilidade em si próprias, quando elas põem em dúvida que seus cérebros sejam
tão poderosos que podem fabricar essas ideias, e aceita que elas pairam, e,
como às vezes eu digo, até cheguem à ideia de que é bom não pensar muito pela
própria cabeça, estar disponível para que entrem nelas as ideias que andam à
volta, que podem ser muito mais interessantes, muito mais plenas, muito mais
amplas, do que aquelas que podemos fabricar com o nosso próprio conteúdo dos
crânios.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggciYeZ3TeGN6t749ScjD2n5VoAsjGHoeLS9Mq1s4K_00tfXD93sJF5zoVm8rg9pRvvFnuyRM455FCcsse9_CupthxJfLVI8zJA9NmiFs9K1sEqhv_VCED0kwfJM2IklHTS2V4R9WLAGIqHbc7EiEft7-uemC_FU74Jpa8rvehRt-sHo9zsafaa16ofu0/s370/Lus%C3%ADadasVascodaGamaeTetismachina.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="314" data-original-width="370" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggciYeZ3TeGN6t749ScjD2n5VoAsjGHoeLS9Mq1s4K_00tfXD93sJF5zoVm8rg9pRvvFnuyRM455FCcsse9_CupthxJfLVI8zJA9NmiFs9K1sEqhv_VCED0kwfJM2IklHTS2V4R9WLAGIqHbc7EiEft7-uemC_FU74Jpa8rvehRt-sHo9zsafaa16ofu0/s16000/Lus%C3%ADadasVascodaGamaeTetismachina.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Tétis mostra a Vasco da Gama a Máquina do Mundo.</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">Então, talvez pudéssemos ter a ideia de que nesta gente portuguesa
existam as duas maneiras de ser nítidas, disciplina absoluta, obediências
completas, culto total da virtude, enquanto se tem que atingir um determinado
fim de empresa que, no nosso tempo, é fazermos que o capitalismo em que vivemos
de tal maneira se desenvolva que nos dê a possibilidade de depois descobrirmos
esse Calecute novo, de ser a vida gratuita, como pensaram os portugueses e
acreditaram os portugueses no século XIII, para que nós possamos abandonar-nos
à ideia de ser nosso único dever, sermos na vida aquilo que realmente somos
quando nascemos. Por outro lado, é extremamente interessante, quanto ao presente,
vermos se estamos mais perto ou não desse ideal dos homens do século XIII, se
os 600 anos que nos separam deles já nos dão garantias, que com uma
multiplicação maior ou menor desses 600 anos para diante de nós, possamos
atingir aquele fim que eles tiveram como ideal. Que nos libertemos da ideia de
que o divino é para mandar em nós, é para nos limitar, e tem que ser assim,
enquanto estamos na guerra, e exactamente como o oficial comandante tem de
limitar com a disciplina aquilo que os soldados normalmente faziam e fariam se
ele os deixasse em plena vontade própria.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">Por outro lado, é importante que se tenha também a ideia de que o
ideal não é ficar continuamente nisso. Não é ir para diante no mesmo tipo de
economia, mas que o ideal de todo o homem economista verdadeiramente de dentro
deve ser o de que essa economia acabe por desaparecer do mundo.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000;">Então, o que me parece interessante fazer é pegar em cada um dos
actos da festa e examinar se nesse sector estamos mais adiantados que os homens
do século XIII ou não, e se estamos, portanto, com possibilidade de ter maior
animação para que cheguemos no futuro, senão na totalidade, pelo menos muito
perto daquilo que foi o ideal deles.»</span></b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>António Escudeiro (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/02/agostinho-da-silva-ele-proprio.html">«Agostinho da Silva – Ele Próprio»</a>).<span style="color: #990000;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcCHnc0fV_NKN-ujpkVEmaya_S2LR37ySlT3KYovCmS_kiwVkIQMx2I5wZbJ58WXTnZBKE53E-2zio8u5LX7arWPAVQPc-amRZaESv1M-1x2LIFKOf0ruQkLoslCfsa7pWaxdouR_IViBLPocGlegndan17q-w4PjwZUW2UbbZ0d3PB67T1vJILQ-0S1k/s400/R%20(25)%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcCHnc0fV_NKN-ujpkVEmaya_S2LR37ySlT3KYovCmS_kiwVkIQMx2I5wZbJ58WXTnZBKE53E-2zio8u5LX7arWPAVQPc-amRZaESv1M-1x2LIFKOf0ruQkLoslCfsa7pWaxdouR_IViBLPocGlegndan17q-w4PjwZUW2UbbZ0d3PB67T1vJILQ-0S1k/s16000/R%20(25)%20(1).jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><span style="color: #741b47;"><br /></span></span><p></p><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><span style="line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47; font-family: times; font-size: x-large;">O humanismo científico português da época dos Descobrimentos</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Enorme, incalculável, foi o concurso dos Descobrimentos para o
surto do espírito europeu moderno, para o desenvolvimento do humanismo, para a
criação do senso crítico, para a queda do princípio da autoridade na ciência e
na filosofia, para os lentos progressos do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Homo
sapiens</i> em frente da tirania do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Homo
credulus</i>. Levar-nos-ia muito longe o apresentar o problema no aspecto
europeu: limitemo-nos a Portugal. Os descobridores recorriam constantemente,
nos seus trabalhos, aos cosmógrafos e naturalistas da Antiguidade, que eles
conheciam minuciosamente; ora, a visão assídua dos espectáculos novos, da
realidade exótica, mostrava-lhes a cada instante os erros enormes desses
autores, a cujas afirmações se prestara fé como a revelações do próprio Deus. Ao
tratar-se de coisas dos nossos climas (coisas familiares, por isso, ao espírito
dos seus autores) eram os textos da Antiguidade suficientemente verdadeiros; ao
descreverem, porém, os produtos ultramarinos, os erros dos textos
acumulavam-se, imediatamente verificáveis para quem pudesse conhecer as coisas
por sua directa observação. Essa visão da realidade exótica tinham-na os
Portugueses nas navegações: notaram os enganos das autoridades, e perderam
portanto perante os textos a atitude da superstição. Discutindo ideias dos
autores antigos que a experiência da navegação mostrava falsas, diz Duarte
Pacheco no seu <i>Esmeraldo</i>: «a experiência é madre das coisas, e por ela soubemos
radicalmente a verdade». «A experiência nos tem ensinado» (acrescenta ele); «a
experiência nos faz viver sem engano das alusões e fábulas que alguns dos
antigos cosmógrafos escreveram acerca da descrição da terra e do mar; ... que a
maior parte do saber de tantas regiões e províncias ficou para nós, e nós lhe
levámos a virgindade... e nestas coisas a nossa nação dos Portugueses
precedeu<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>todos os antigos e modernos em
tanta quantidade, que sem repreensão podemos dizer que eles, em nosso respeito,
não souberam nada.» A verdade, para a elite Portuguesa daquela época, já se não
busca radicalmente pelo estudo e comentário dos autores antigos: vai
procurar-se na indagação do real. Garcia da Orta, o naturalista, foi ao
Oriente, e pôde comparar as drogas indianas, que seus olhos viram, com as
descrições das autoridades; e então a experiência, «madre das cousas», mostra-lhe
que os textos também erravam: e cai o critério da Autoridade, base incontestada
da sabedoria medieval. As principais personagens dos seus <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Colóquios </i>são o doutor Ruano e o doutor Orta. O doutor Ruano é o
homem dos textos, medieval e comentarista, que sabe de cor as autoridades: o
seu Dioscórides, o seu Plínio; o doutor Orta, por outro lado, é o navegante e
quinhentista, que opõe às autoridades um simples <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vi</i>: «vi, claramente visto;», como diz Camões. [passou da autoridade
para a visão clara o critério do verdadeiro.]</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">No «Colóquio do benjoim», por exemplo, Ruano opõe uma objecção,
derivada das autoridades; e Orta responde: «Não me ponhais medo com Dioscórides
nem Galeno: porque não hei-de dizer senão a verdade, e o que sei.» No «Colóquio
da pimenta» o doutor Ruano, assustado, pretende salvar a intangibilidade dos
textos, observando: «Parece-me que destruís todos os escritores, antigos e
modernos!», – e passa a comentar os dizeres de Plínio, de Dioscórides, e de
muitos mais. O doutor Orta, obtido esse efeito, não diz que sim, nem diz que
não: limita-se a seguir como se nada fosse, e a contar o que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">viu </i>no Malabar – coisa que divergindo do
texto das Autoridades, ele sabia (palavras suas) «muito bem sabidas, como
testemunha de vista». Repetindo, sem o saber, Duarte Pacheco, a certa altura
exclama ele: «sabe-se mais em um dia agora pelos Portugueses do que se sabia em
cem anos pelos Romanos,» – quer dizer: mais em um dia de observação directa que em
cem anos de leitura e comentários das autoridades; e quando Ruano, no «Colóquio
da maçã», adverte que Serápio citava os Gregos a propósito de noz-moscada, vemos o doutor Orta responder-lhe: «Fez isso porque havia medo de dizer cousa contra os Gregos; e não vos maravilheis disto:
porque eu, estando em Espanha, não ousaria de dizer, cousa alguma contra Galeno
e contra os Gregos.» [Havia, como se vê, nesses homens, a consciência da
revolução que operaram neles as navegações: «que eu, estando em Espanha, não
ousaria dizer coisa alguma contra Galeno e contra os Gregos.»] Garcia da Orta,
se não tem saído do ambiente europeu (ele o confessa) não teria ousado
desenvencilhar-se da superstição das autoridades, e passar da atitude do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Homo credulus</i> para a atitude do espírito
crítico. Os seus <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Colóquios</i> são o
índice, portanto, de uma nova orientação [do génio europeu]; são um livro de
«inquiridor de verdades» segundo a frase do mesmo Orta; um livro feito (empregando
ainda palavras dele) «para desencovar a verdade não sabida de todos». A
revelação do mesmo espírito se encontra nos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lusíadas
</i>de Camões. Se não interviesse depois a Contra-Reforma; se este germe
fecundo de humanismo [científico] se tivesse podido desenvolver, sem
compressões teocrático-políticas, – a meta natural do pensar português seria o
experimentalismo que caracterizou os Ingleses, pelo que toca propriamente ao
método; e, na metafísica, alguma coisa semelhante ao espiritualismo científico
de Spinoza.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFOBBf47UzWt1QzMrqur7RNpLkjcoP4OQV53WqFOv_jhBoJ6DuELjO-5yjLX5xWkO2CeK086sWxtFLpcC8ub2hKJzGvipR-C8DDn3Icy-o43UND0py3Gfj0sI0E_tm-QFxai3p0rNqOwS0Y4mbXaJbqIpmr07NInAA-n0HnXnHhtnoM7GJ0KiKrluOvhA/s750/ingressos-mosteiro-dos-jeronimos-tumulo-camoes.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="750" height="384" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFOBBf47UzWt1QzMrqur7RNpLkjcoP4OQV53WqFOv_jhBoJ6DuELjO-5yjLX5xWkO2CeK086sWxtFLpcC8ub2hKJzGvipR-C8DDn3Icy-o43UND0py3Gfj0sI0E_tm-QFxai3p0rNqOwS0Y4mbXaJbqIpmr07NInAA-n0HnXnHhtnoM7GJ0KiKrluOvhA/w640-h384/ingressos-mosteiro-dos-jeronimos-tumulo-camoes.webp" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Comprimido pela Contra-Reforma, porém, o pensar crítico morreu
sufocado, em Portugal, para só ressuscitar com Luís Verney.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O humanismo moral português culmina no discurso do «Velho do
Restelo» (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lusíadas</i>). Camões, quando
descreve a partida de Vasco da Gama, faz condenar pela boca de um velho (a quem
confere a máxima venerabilidade, pelo carácter, pela ancianidade e pela
experiência) a própria façanha que se propôs celebrar. É que, para o poeta, há
dois planos no mundo moral: o moral ou ordem das capacidades humanas de
energia, de valor, de saber, de faculdades de realização, que permitem acometer
as grandes empresas, como o descobrimento da Terra pelos Portugueses; e, acima
desse plano, o dos mais altos fins da consciência (paz interior, bondade, [liberdade],
fraternidade perfeita), bens a cujo atingimento, sob um ponto de vista
absoluto, aquelas mesmas capacidades se deveriam aplicar.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Um dos fenómenos mais característicos da revolução intelectual
determinada pelas Navegações é o sentimento de que a Natureza entranha um poder
divino, sentimento que Duarte Pacheco manifesta com insistência nas suas
reiteradas frases sobre «a majestade da grande Natureza», a qual (acrescenta
ele) «usa de grande variedade em sua ordem e no criar e gerar as coisas». Tal
ideia não é ainda no espírito dos homens das Navegações, aquilo que virá a
ser para os racionalistas posteriores; mas a maneira como falam dela um Duarte
Pacheco e um Camões manifesta a tendência a ver na Natureza uma «Majestade»
imanente e autónoma, que irá suceder à Providência e ao transcendente na função
de «criar» e «ordenar» as coisas. A nova concepção desponta e robustece-se ao lado da concepção teológica cristã sem ainda a empanar: essa justaposição
pacífica das duas ideias caracteriza aquela época.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">À luz destas considerações se deve ver, em nosso juízo, um
problema muito debatido pelos críticos literários: o da coexistência do
maravilhoso pagão e do maravilhoso cristão nos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lusíadas</i> de Camões. A questão é mais funda que um mero problema de
retórica. O sentimento da «majestade da grande Natureza», do seu poder
autónomo, obriga o poeta a tratar a Natureza como reino independente,
circunstância que se traduz, no campo artístico, pela adopção dos deuses pagãos,
os quais vêm a ser, ao cabo de contas, essa mesma Natureza personificada[; isto
porém, sem prejuízo da teologia cristã]. O puro naturalismo e o puro
cristianismo, considerados separadamente, representariam [pois] com falsidade a
[complexa] atitude mental produzida nos Portugueses pelas empresas de
Navegação. Estes, sem deixarem de acatar ainda os «sábios da Escritura»,
antepõem-lhes os problemas novos:<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p><b> </b></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>«Digam agora os sábios da Escritura<o:p></o:p></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">Que segredos são estes da Natura...»</span></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">[Porém, se o sentimento do valor da experiência levava os homens
como Garcia da Orta, como Duarte Pacheco, ou como Camões, a uma certa atitude
de empirismo, não devemos esquecer que o trabalho das navegações lhes revelava
do mesmo passo – pelo êxito prático da navegação astronómica – o da
interpretação matemática das aparências. Pensa Camões que o recurso à
experiência é necessário: mas faz-nos notar, ao mesmo tempo, que a simples
comprovação das aparências, sem as construções inteligíveis do «puro engenho»,
só nos dá fantasmas «mal entendidos»:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Os casos vi que os rudos marinheiros,<o:p></o:p></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>que têm por mestra a longa experiência,<o:p></o:p></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>contam por certos sempre e verdadeiros,<o:p></o:p></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>julgando as
cousas só pela aparência:<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>e que os que têm juízos mais inteiros,<o:p></o:p></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>que só por puro engenho e por ciência<o:p></o:p></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>vêem do mundo os segredos escondidos,<o:p></o:p></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>julgam por falsos, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ou mal
entendidos</i>.<o:p></o:p></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p><b> </b></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>(<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lusíadas</i>, V, 17.)]</b></span></p><p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvMIJGeMEsys1lwI3z4QLdeZP3e3iuDm-Qh7hguWhzC2PIEjQL0O8L95hpP4ZiJx9jeOJjysYhMky5ckLI1JM8kbpzIOzrperUjs6pRZZr4r9QBLnMdbHlrViNsqjzE7KMIko0VM9jROrD06D0WoFWWV6RPRD5jWhZFr8aF4Hjp2h6zFYwSmMnMhALgVE/s580/antonio-carneiro-05-16.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="419" data-original-width="580" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvMIJGeMEsys1lwI3z4QLdeZP3e3iuDm-Qh7hguWhzC2PIEjQL0O8L95hpP4ZiJx9jeOJjysYhMky5ckLI1JM8kbpzIOzrperUjs6pRZZr4r9QBLnMdbHlrViNsqjzE7KMIko0VM9jROrD06D0WoFWWV6RPRD5jWhZFr8aF4Hjp2h6zFYwSmMnMhALgVE/s16000/antonio-carneiro-05-16.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Camões lendo <i>Os Lusíadas</i> aos Frades de São Domingos, por António Carneiro.</span></b></td></tr></tbody></table><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">São as navegações, outrossim, que conferem às letras nacionais o
que têm de característico e de maior sabor. Já aludimos à grande epopeia, os
<i>Lusíadas</i>, que tem por herói um ser colectivo: a própria nação que descobriu o
mundo, ou, antes, a Ideia dessa Nação, tal como Camões a concebeu. Os efeitos
sociais dos Descobrimentos inspiraram as páginas mais interessantes do poeta Sá
de Miranda (1495-1558) que introduziu no País a escola clássica. Ele, Camões,
António Ferreira (1528-1569), autor da tragédia <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Castro</i> e dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Poemas Lusitanos</i>,
são exemplares dessa corrente de poesia, como o historiador [clássico] dos
Descobrimentos, João de Barros (1496-1570) o é da prosa; o comediógrafo Gil
Vicente (m. 1540) prende-se ainda à tradição medieval pelo que respeita à forma
da sua arte. Entre os escritores de viagens, cumpre salientar <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/02/fernao-mendes-pinto-no-japao.html">Fernão Mendes Pinto</a>, o da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Peregrinação</i>, de quem já
falámos; na história, além de Barros, Frei Luís de Sousa (1555-1632), e, já
menor que esses como estilista, Damião de Góis (1502-1574); os restantes
historiógrafos têm menos mérito literário, e bem que valham mais, por vezes,
como fonte de informação (Azurara, Pina, Resende, Castanheda, Couto, Gaspar
Correia, [António Galvão,] etc.). Dos moralistas, todos místicos, mencionaremos
Amador Arrais (1530-1600), Tomé de Jesus (1529-1582), [Heitor Pinto (?-1584),] Paiva de Andrada (1528-1575). Entre os poetas cumpre citar,
além dos referidos, Bernardim Ribeiro (1500?-?), Cristovão Falcão (c. 1495- ?),
Diogo Bernardes.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Na literatura popular, a obra-prima portuguesa é também criação
dos Descobrimentos: a série de narrativas de naufrágios, que foram reunidas
mais tarde com este título que as caracteriza: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">História Trágico-Marítima</i>. A alma da Nação também naufragou, e
andou separada desde então do seu ambiente natural, que é aquele espírito
humanista – espírito revolucionário, de livre investigação e de livre crítica,
– a que levavam as Navegações.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A ciência matemática [portuguesa], criada e desenvolvida pelas
navegações, chegou ao seu zénite com Pedro Nunes (1492?-1577?), de quem foi
discípulo D. João de Castro. <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/as-nacoes-maritimas-aprenderam-na.html">A ciência característica dos Portugueses é a cosmografia, suscitada pelas Navegações</a>. Há pouco, escreveu o francês L.
Gallois, a propósito da obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">l’Astronomie
nautique au Portugal à l’époque des grandes découvertes</i>, do português
Joaquim Bensaúde: <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/as-nacoes-maritimas-aprenderam-na_28.html">«Revela-se-nos com evidência que foi em Portugal que se praticaram pela primeira vez no Ocidente os processos de navegação pela observação dos astros, sem os quais teriam sido impossíveis tão aventuradas expedições.»</a></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/01/o-infante-d-henrique.html">infante D. Henrique</a>, que se consagrava aos estudos
cosmográficos, criou uma cátedra desta ciência na Universidade de Lisboa em
1431[, e fez estudar pelos seus navegantes os ventos e correntes do oceano
Atlântico (1425).] Deve-se a um deles a primeira determinação de latitude de
que há notícia certa: a de Diogo Gomes, o qual, na sua viagem à Guiné em 1462,
tomou, com o quadrante, a altura da Estrela Polar (a altura do pólo, como se
sabe, é igual à latitude). À medida que se avançava para o equador, abaixava-se
aquela estrela para o horizonte, amarando totalmente ao sul da linha, quando se
entrava no hemisfério austral. De aí a necessidade de recorrer a outro
processo: o da altura meridiana do Sol, a qual, conhecida a declinação do
astro, permite achar a latitude. Tornou-se pois necessário construir tábuas de
declinação do Sol. Isso se fez em Portugal; não, porém, com auxílio da ciência
alemã de Regiomontanus, como por tanto tempo se afirmou, e sim por um judeu
peninsular, chamado Abraão Zacuto. <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/08/d-joao-o-segundo.html">D. João II</a> fez compor o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Regimento do Astrolábio</i>, manual de astronomia náutica para uso dos
pilotos, o qual contém: instruções minuciosas para determinar a latitude pela
altura meridiana, com 17 exemplos, correspondentes a diversos casos; um
almanaque com as declinações do Sol durante o ano; um «regimento da Estrela
Polar», com instruções para achar a latitude pela altura desta estrela; e um
«regimento» para marcar na carta o caminho percorrido.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO7MJpL5XFvhjLUCjGMNtpkU8VMIrR1PB5txeIM9qXciyUHij2-sp6ACD_bOh-Jwm6RdC3GGBsrq_jWgpJ2KvedXdTbeilEHfM8oI6c430_w5_p9DJFizsouH8lB1Yev96L5JhjQaGm6W_lZ_FFDIgwlAF2c3xitkhYRHkk836ZKmrM9QwWVpEEPY0ZVc/s604/Sagres_1%20(2).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="448" data-original-width="604" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO7MJpL5XFvhjLUCjGMNtpkU8VMIrR1PB5txeIM9qXciyUHij2-sp6ACD_bOh-Jwm6RdC3GGBsrq_jWgpJ2KvedXdTbeilEHfM8oI6c430_w5_p9DJFizsouH8lB1Yev96L5JhjQaGm6W_lZ_FFDIgwlAF2c3xitkhYRHkk836ZKmrM9QwWVpEEPY0ZVc/s16000/Sagres_1%20(2).jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Promontório de Sagres. Ver <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/01/d-henrique-o-navegador-i.html">aqui</a> e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/01/d-henrique-o-navegador-ii.html">aqui</a></span></b></td></tr></tbody></table><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7TN6qIV-VpjUYFxaeihDGti-YHJsaoWD8BXn4GKxXuP_dn1t5PtHKzts0VMi7Y0TZZnCqXa9QJQx7nAUqsPu14jSvKwWDcwZq00KEJVXnhmW8mXxepR9Jc_yJbpxpGznqUxbO8i4wARnxp276jCwISxfyqfEmtkdCfIj805nMoyw9ggPn3lW6ykI6__o/s640/descobrimentos1_by_grafik-d5qn6bl.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="301" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7TN6qIV-VpjUYFxaeihDGti-YHJsaoWD8BXn4GKxXuP_dn1t5PtHKzts0VMi7Y0TZZnCqXa9QJQx7nAUqsPu14jSvKwWDcwZq00KEJVXnhmW8mXxepR9Jc_yJbpxpGznqUxbO8i4wARnxp276jCwISxfyqfEmtkdCfIj805nMoyw9ggPn3lW6ykI6__o/s16000/descobrimentos1_by_grafik-d5qn6bl.jpg" /></a></div><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoqbb8p1QCH8otz23gBSIF42mluClDiBoNJHsSEi7vu1Blc-JRWe_QleUIsOFqR9znnhP7fdfWtJwzI9eIqAX-1kYesNl64y1hOIOy8MPTbqr-5BCFd4jSo9D_7tYNcSURlBLO-NL225uqEzSo58z-GSlGl56E6hKK5qHFb-nfJhKNAP8phzbz0Z4Q030/s800/20161231162547_00004-001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="496" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoqbb8p1QCH8otz23gBSIF42mluClDiBoNJHsSEi7vu1Blc-JRWe_QleUIsOFqR9znnhP7fdfWtJwzI9eIqAX-1kYesNl64y1hOIOy8MPTbqr-5BCFd4jSo9D_7tYNcSURlBLO-NL225uqEzSo58z-GSlGl56E6hKK5qHFb-nfJhKNAP8phzbz0Z4Q030/s16000/20161231162547_00004-001.jpg" /></a></div><br /><p></p><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O achado, feito
recentemente em Munique, de um exemplar desta obra, revolucionou as ideias
existentes sobre as origens da ciência náutica.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Por este livro estudaram, directa ou indirectamente, todos os
navegantes daquela época. O já citado Gallois conclui por estas palavras o
trabalho a que nos referimos: «De Portugal passaram a Espanha» (os métodos de
navegação astronómica). «Na sua <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Suma de
Geografia</i> (1519), Fernández de Enciso copia trechos inteiros do Regimento
de Munique. Um piloto português, Francisco Faleiro, escreveu para uso dos
Espanhóis a mais importante obra de navegação que até então aparecera, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tratado de la esfera y del arte de marear</i>
(1535). Ambos os livros contêm, como é natural, tábuas de declinação do Sol.
Podemos acrescentar que os métodos portugueses haviam passado também a França,
já que a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cosmografia</i> de Alphonse de
Saintonge (1544), pura e simples adaptação da obra de Enciso, reproduz as
tábuas, calculadas para o ciclo de quatro anos, do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Regimento de Évora</i>» (outra edição do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Regimento</i> português).</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">[<span style="mso-bidi-font-style: normal;">A </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Arte de Navegar</i> de
Medina (1545), tirada principalmente da obra de Faleiro, foi um dos livros
pelos quais a ciência náutica portuguesa se difundiu na Europa. As investigações
de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/06/causas-da-independencia-de-portugal-e.html">Jaime Cortesão</a> permitiram-lhe afirmar que o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">manuscrito</i> chamado de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rouen</i>
(1545-1548), contém a maioria dos regimentos portugueses, literalmente
traduzidos. Em Inglaterra, a difusão da ciência náutica portuguesa realizou-se
por intermédio do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Breve compendio da
Sphera y de la arte de navegar</i>, do espanhol Martin Cortes (1551), que
copiou também os nossos regimentos. Traduzido em 1561 por Ricardo Eden, este
compêndio teve em Inglaterra, segundo aquele historiador constatou, dez edições
até 1609. O livro de Bourne, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A regiment
for the sea</i>, reproduz largamente, por intermédio do de Cortes, a ciência
dos pilotos de Portugal. O veículo mais importante da difusão dos conhecimentos
contidos nos nossos roteiros foi o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Grand
Routier de la mer</i>, de Jan Huygen van Linschoten (1596), o qual reproduz não
menos de doze roteiros e descrições de viagens portuguesas entre a China e o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/02/nippon-koku_4.html">Japão</a>,
segundo <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/dois-caracteres-da-geografia-portuguesa.html">Jaime Cortesão</a> verificou. A obra de Linschoten só apareceu publicada em
1595-1596, mas foi utilizada em manuscrito pela Companhia Van Verre para a
instrução dos pilotos da primeira expedição holandesa até à Índia (1595).</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Durante um século, o livro de Linschoten, compilação de roteiros
portugueses, foi a única obra que guiou os navegantes nos mares do Oriente.]</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtTYhXEkvz3mw2zK9iCrf19KA2w5oucfD-iJvC0dY--hZQ9CdRLLy0ZdOgqJ09ll8VUe6vI0TOXAw8RriFkZIiffmvV8idbb1vPbQ3zd2OHThLNaLO_x9Gg2F6OUriSoQiWVl5FMd-WmrJFLR0DPVX893oN91ZxbPi7Vb0Arp__tO6OM-Zhn8bvyRWLaQ/s500/349003890_ec85053aa0.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="397" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtTYhXEkvz3mw2zK9iCrf19KA2w5oucfD-iJvC0dY--hZQ9CdRLLy0ZdOgqJ09ll8VUe6vI0TOXAw8RriFkZIiffmvV8idbb1vPbQ3zd2OHThLNaLO_x9Gg2F6OUriSoQiWVl5FMd-WmrJFLR0DPVX893oN91ZxbPi7Vb0Arp__tO6OM-Zhn8bvyRWLaQ/s16000/349003890_ec85053aa0.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Janela do Capítulo no Convento de Cristo em Tomar.</span></b></td></tr></tbody></table><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Nas artes plásticas, nota-se sobretudo a influência das Navegações
nos motivos decorativos da arte <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«manuelina»</i>,
manifestando-se particularmente na obra de João de Castilho, arquitecto do
tempo de D. João III, e autor dos mais típicos exemplares da mesma influência.
No Convento de Cristo em Tomar (diz um crítico dos nossos dias, o Snr. Reinaldo
dos Santos), João de Castilho «exaltou a obsessão portuguesa do mar com um
simbolismo exuberante». Cumpre sobretudo considerar, sob esse especial ponto de
vista, a famosa janela daquele Convento. Dela disse o crítico francês Bertaux
que, «semelhante às construções madrepóricas, dá a impressão de decorar um
palácio submarino»; e Ramalho Ortigão: «As colunas da janela da sala do capítulo
são pólipos de cristal, dos mais profundos recifes oceânicos... Os outros elementos
decorativos são as ondas do mar, tal como se representam na heráldica...
Sólidas cadeias e potentes cabos, donde pendem as bóias de cortiça, enlaçam a
decoração, amarrando-a vigorosamente à parede por fortes argolas, como se amarra
um navio ao cais de um porto.»</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">As cordagens, as algas, a esfera armilar, a cruz de Cristo que
levaram as naus em suas velas, são motivos constantes da decoração manuelina,
que recordam as Navegações.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsBc3v--LdKTNzeXZ-UMk9jIcZDvvbu2Wr2anLUXoZaY6ZRLjsZ0rqkCvmqQNZERBjU-sxcNWcJLtIb64IcmtLWiKqIPUhHiFNv3OW1hAH8MWCb4D94pbKHTvc42OZmkO67blm-ILKqcNbPhnk92PCAwW-LjJYwNWj6M5jHyGB9jWI8yM5BePn-X7n4F0/s499/41589338894_a7f47ebb5a.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="333" data-original-width="499" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsBc3v--LdKTNzeXZ-UMk9jIcZDvvbu2Wr2anLUXoZaY6ZRLjsZ0rqkCvmqQNZERBjU-sxcNWcJLtIb64IcmtLWiKqIPUhHiFNv3OW1hAH8MWCb4D94pbKHTvc42OZmkO67blm-ILKqcNbPhnk92PCAwW-LjJYwNWj6M5jHyGB9jWI8yM5BePn-X7n4F0/s16000/41589338894_a7f47ebb5a.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Mosteiro de Santa Maria de Belém.<br /><br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A influência dos Portugueses no Oriente foi dilatada e duradoura. Heyligers,
na sua obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Traces du Portugais dans les
principales langues des Indes Orientales Neerlandaises</i>, diz que «poucas
nações se podem gloriar do seu passado como Portugal... O influxo do elemento
português no arquipélago malaio foi de excepcional poderio, como o demonstra o
facto de ainda hoje se encontrarem os seus vestígios na população indígena de
ilhas que pertencem de há muito aos Holandeses». O português foi a «língua
franca» do Oriente, e falava-se na Índia, na Malásia, no Pegu, em Bramá, em Sião,
no Tonquim, na Cochinchina, na China, em Cormoram da Pérsia, em Meca da Arábia,
em Bassorá da Turquia. Utilizavam-no os hindus e maometanos, judeus e malaios,
e até os próprios europeus não portugueses para as relações entre si e com os
indígenas. Serviam-se dele os missionários holandeses nos seus domínios e ainda
hoje o empregam em Ceilão os pastores protestantes ingleses. «A história dos
Descobrimentos e das conquistas portuguesas», escreve o doutor Schuchardt, «é
também em geral a história da propagação da língua portuguesa». Esta fraccionou-se
depois em numerosos «crioulos», que se perpetuaram até hoje fora dos domínios
portugueses, facto que se não deu, pelo menos na mesma amplitude, com nenhum
dos idiomas dos povos que dominaram mais tarde nas regiões orientais.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A flora oriental estudou-a, como dissemos, Garcia da Orta[, e os
animais e plantas mais interessantes da África e da América foram descritos por
cronistas, viajantes e missionários. Assim, por exemplo, Azurara descreveu o
embondeiro em 1448, isto é, mais de trezentos anos antes de Adanson, de quem
tirou a árvore o nome científico; frei João dos Santos, o autor da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Etiópia Oriental</i> (1609), dá descrições
minuciosas do desdentado africano <i style="mso-bidi-font-style: normal;">orycteropus</i>
(que Buffon, já no século XVIII, considerava ainda como animal fabuloso), do
peixe eléctrico tremedor, do hipopótamo, etc. A flora e a fauna brasileiras
foram especialmente tratadas pelo Padre Anchieta, por Pêro de Magalhães
Gandavo, por Fernão Cardim, por Gabriel Soares de Sousa e pelo Padre Gaspar
Afonso. Os Portugueses levaram o milho da América para a África, onde se
adaptou de tal maneira que em fins do século XVI se dava ao milho americano o
nome de «milho da Guiné». A laranjeira-doce (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Citrus
aurantium</i>, L.) foi trazida para o País depois da viagem de Vasco da Gama, e
no século XVI generalizou-se a sua cultura na metrópole e nas colónias. A
laranja-da-china (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Citrus aurantium sinensis</i>, Gall) entrou em Portugal em 1635, e foi de aí difundida pelo Velho
e Novo Mundo. Os Portugueses encontraram o tabaco na América, e espalharam-no
pela África e pela Ásia no final do século XVI ou nos princípios do seguinte.
Os exemplares desta planta que Nicot introduziu na sua pátria (França)
descendiam dos do jardim do rei português. Do Brasil levaram os Portugueses a batata-doce para a África, e o ananás para a África e para a Ásia;
para a América levaram da África a bananeira. A flora asiática, e, em particular,
a indiana, deve aos Portugueses a introdução de muitas plantas, que hoje
crescem espontaneamente, cobrindo vastas áreas. Há quem afirme, por outro lado,
que deles tomaram os Japoneses o conhecimento da planta do chá].</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sir Richard Burton, nos seus comentários aos <i>Lusíadas</i>, reconhece a
exactidão com que fala Camões nas coisas orientais, inclusas as matérias de religião.
Dos sistemas religiosos da Índia disserta Diogo de Couto na quinta das suas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Décadas da Ásia</i>, com minúcia e precisão.
Yule reconhece que foi Couto o primeiro que identificou a lenda cristã de
Barlaam e Josaphat com a de Buda, identificação cuja prioridade atribui Müller
a Laboulaye; e Robert Caldwell confirma o que diz o historiador português sobre
os 1330 aforismos político-religiosos que compôs o «venerável» Valumar, e sobre
os assuntos que neles tratou.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A literatura portuguesa de viagens e explorações é muito rica, e
subministra uma massa valiosíssima de informações. Como escritor, Mendes Pinto
é o maior dos autores portugueses de livros de viagens; mas outros há de grande
mérito literário: assim, por exemplo, o Padre Manuel Godinho, a quem os
críticos até hoje não prestaram a atenção que merece pelos seus dons de
estilista.</span><b><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></b></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; tab-stops: 45.75pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-portugueses-nos-mares-do-oriente.html">António Sérgio</a>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Breve
Interpretação da História de Portugal</i>, Livraria Sá da Costa, Lisboa, 14.ª
Edição, 1998, pp. 84-93).</span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; tab-stops: 45.75pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg16-OZs9OJQi5JTnFcZ8ArM1Nl5b1zQd16HDhhcDGYs7VikEoIdL-thu4GFjkcM_5u9G1UwZtL7AA91koyyC-zrB77CRFXk7ULk-zWo7bRTGWwII07ot_lwpJo8amGK8jwVa9ZKXNH3ocLcWL7rLX38oNvVniVNr1p3Du0Z0jJlepDsZ4feNkF9PrLJ78/s1600/b66ecd99b32a7cbd8192fbca576e8550.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg16-OZs9OJQi5JTnFcZ8ArM1Nl5b1zQd16HDhhcDGYs7VikEoIdL-thu4GFjkcM_5u9G1UwZtL7AA91koyyC-zrB77CRFXk7ULk-zWo7bRTGWwII07ot_lwpJo8amGK8jwVa9ZKXNH3ocLcWL7rLX38oNvVniVNr1p3Du0Z0jJlepDsZ4feNkF9PrLJ78/w640-h480/b66ecd99b32a7cbd8192fbca576e8550.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #bf9000;"><span style="font-weight: bold;">Navio-Escola Sagres<br /><br /></span><br /><br /><br /><div style="text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRxs3345mzql2LQ37T6fjA_TED2D9_A5bSCNVo9XzpaRraeUNeE6jwiWAxwQV2Op-0dFgbzDnhSxgqEukORL9OCkfquns1NZKxcp4s9GrF8e6-ierg969_TZeZEmanThxbs7-BqaNVJJvXSHXeM1y51gq1pYeYhjvoSSs-5uqS8A4xOJNhjVuPuBoqbJ4/s640/21-07-2006%20254.1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRxs3345mzql2LQ37T6fjA_TED2D9_A5bSCNVo9XzpaRraeUNeE6jwiWAxwQV2Op-0dFgbzDnhSxgqEukORL9OCkfquns1NZKxcp4s9GrF8e6-ierg969_TZeZEmanThxbs7-BqaNVJJvXSHXeM1y51gq1pYeYhjvoSSs-5uqS8A4xOJNhjVuPuBoqbJ4/s16000/21-07-2006%20254.1.jpg" /></a></div></div></span></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; tab-stops: 45.75pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnRERt57kP3nYJ2xJ4YPfoAAiRTzrRUr4e_rZF-4RPkACsMkxGtusTzwvUVu0JWYDnqDCp9Bbxl5NLPR7Lh6IcNzUx5LZR0KqgUGBP8YpU5KtDoIbqZxb-7XOy1MXrmqWEXlTrzrqi3ZBeSRESHPYwxko4Y62mYwNZvp4jlK51ziy9QkEshledIq7krUQ/s400/Bandeira_da_Ordem_de_Cristo_(quadrada)%20(1).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnRERt57kP3nYJ2xJ4YPfoAAiRTzrRUr4e_rZF-4RPkACsMkxGtusTzwvUVu0JWYDnqDCp9Bbxl5NLPR7Lh6IcNzUx5LZR0KqgUGBP8YpU5KtDoIbqZxb-7XOy1MXrmqWEXlTrzrqi3ZBeSRESHPYwxko4Y62mYwNZvp4jlK51ziy9QkEshledIq7krUQ/s16000/Bandeira_da_Ordem_de_Cristo_(quadrada)%20(1).png" /></a></b></div><p></p><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-61392198607367574452023-08-07T03:38:00.002-07:002023-08-07T03:38:51.007-07:00Guerra Peninsular<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Franco Nogueira</span></b></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixJ1p6qtyKe6i32q4hBjIsFsnjyoMM5nMNzKT37VPJsG38E1W9jfZkI8F0jetBLz1s_v9u59Uwkh0WALJpTZUhb_i59nXQ1WH4-YFz8Hl92rqSPLyjJ-Am-yac4K9BQNdkgs0Fh5K_L-YymsOXLBZP6nCO_fgsBRqjidG4L-D_u2tv9QdUzjSNvnumzHA/s640/Sample_3.JPEG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="446" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixJ1p6qtyKe6i32q4hBjIsFsnjyoMM5nMNzKT37VPJsG38E1W9jfZkI8F0jetBLz1s_v9u59Uwkh0WALJpTZUhb_i59nXQ1WH4-YFz8Hl92rqSPLyjJ-Am-yac4K9BQNdkgs0Fh5K_L-YymsOXLBZP6nCO_fgsBRqjidG4L-D_u2tv9QdUzjSNvnumzHA/s16000/Sample_3.JPEG" /></a></div><p><br /></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">«Silva Dias, em <i>Os primórdios da Maçonaria em Portugal</i>, diz-nos
que a fronteira que separa “inglesados” de “afrancesados” não se resume a uma
diferenciação ideológica e muito menos a uma qualquer classificação simplista
de absolutismo versus liberalismo, mas que reflecte acima de tudo interesses
económicos e principalmente posturas diferentes em matéria de política externa
portuguesa. Neste campo, um grupo significativo e abrangente em termos sociais,
defendia a neutralidade portuguesa, o que era contestado por outra
significativa facção que considerava tal opção uma forma de encobrir o
predomínio inglês. Entendia este segundo grupo, que a paz com a França seria a
única hipótese politicamente viável para o país. Defendiam esta posição António
de Araújo e, entre os mais radicais, o Marquês de Alorna, que argumentava com a
situação de desequilíbrio nas trocas comerciais com a Inglaterra. Quanto a
António de Araújo, embora detentor de um espírito despido de traços religiosos,
estava longe de pensar a substituição das estruturas absolutistas por
estruturas de cariz liberal, ainda que Voltaire, Rousseau ou Diderot estivessem
entre os seus teorizadores políticos mais apreciados.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">(...) não podemos hoje considerar estas posições como reflexo de
qualquer influência maçónica, porque entre os afrancesados havia quem
defendesse o poder absoluto do príncipe e havia também quem se mostrasse
solidário com as novas doutrinas que haviam estado na génese da Revolução
Francesa. Do mesmo modo, entre o partido inglês podemos encontrar uma amálgama
de anseios reformistas com teses conservadoras. Assistimos também do mesmo lado
da barricada a um confronto entre regalistas e anti-regalistas, destacando-se
nestes o padre José Morato, sendo a razão do conflito a de determinar de quem
dependia a autoridade eclesiástica do reino, se do rei se do papa. Não podemos
também desprezar o papel da Espanha, ora potenciadora de ideias liberalizantes,
ora suporte dos conservadorismos, ora ainda manobrando na sombra segundo os
seus interesses. É neste contexto político que a Maçonaria surge associada aos
motins de 1803, ocorridos em Campo de Ourique em Lisboa. Neles foram
intervenientes Gomes Freire de Andrade, o Conde de Novion, José Máximo Pinto Rangel,
o Marquês de Alorna e D. João de Almeida de Melo e Castro. Gomes Freire de
Andrade, que era comandante do Regimento de Infantaria 4 prendeu, no Passeio
Público e durante as festividades do Corpo de Deus, o ajudante Grosson, conselheiro
do Conde de Novion, então Comandante da <i>Guarda
Real da Polícia</i> de Lisboa. Quando um mês depois, em 24 e 25 de Julho, o
regimento de Gomes Freire, sediado em Campo de Ourique, celebrou as festas da
Senhora da Piedade começaram a concentrar-se no local diversos mercadores que
ali ergueram as suas tendas. Então o Comando Geral da Polícia destacou para ali
patrulhas sob o comando do próprio Grosson, o que exasperou os soldados de
Gomes Freire, tendo o povo tomado partido pelos militares e contra a polícia.
As tensões vividas evoluíram para um confronto aberto com tiroteios, facadas e
pedradas de parte a parte. Grosson e Gomes Freire de Andrade comparecem no
local ao terceiro dia dos confrontos. Durante os acontecimentos a Legião de
Alorna solidariza-se com o Regimento de Infantaria 4, entrando em conflito com
as forças da polícia. O auge dos confrontos ocorre com a prisão do Conde de
Novion por Gomes Freire, efectuada em nome do príncipe regente. Este era no
entanto um conflito já antigo e decorria de questões relacionadas com
privilégios de vencimento que a <i>Guarda
Real de Polícia</i> obtivera, para além da predominância desta em termos de
manutenção da ordem. Reflectia ainda as paixões dos comandantes em presença,
sendo de referir que os conflitos entre estas duas forças ganham destaque no
período 1804 a 1806, cujos resquícios ainda se reflectem na morte de Gomes
Freire em 1817.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Mais do que simples confrontos, Luz Soriano considera-os a
primeira tentativa pública com o objectivo de conferir ao regime uma orientação
mais liberal, tese que no entanto Pinheiro Chagas refuta. Estes confrontos
conjugam-se com a vinda para a rua de muitos populares e fidalgos contrários
aos planos reformadores de D. Rodrigo de Sousa Coutinho. Note-se ainda que à
frente da polícia se encontravam portugueses e franceses defensores da
monarquia tradicionalista, manobrados pelo embaixador francês em Lisboa general
Lannes, também maçon. Este grupo confrontava-se com uma elite do exército
defensora de uma ordem liberal, formada em grande parte por oficiais que tinham
estado com Gomes Freire nas campanhas do Roussilhão e tendo como principais apoiantes o Duque de
Sussex e o embaixador inglês em Lisboa. Refira-se a propósito o incidente de Lannes
e Pina Manique, onde este argumentava que o embaixador importava livros
proibidos, efectuava reuniões maçónicas na sua residência e promovia as ideias
dos pedreiros-livres, o que motivou uma nota do embaixador ao governo português.
Eis pois a amálgama de ideário político existente nestes dois grupos, alinhadas
mais em função da política externa portuguesa e mesmo assim com algumas
incoerências, do que por razões meramente ideológicas.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNgEhQGhtjxPwRCw6B_OCWm05tZS-djoCnCDcHm2nHWK1huo03ToIPNVxoqPQGsRLl_NnV6sFHHPGxtcN6JjqBbJz8Ex5qDnsSHaufobrvKEJgWY7F6waTb147gaLmz3COVUUnQa7x8CzrwsPl7BIG4JjHZCXfEtulhvCwWyII0PVCwr9qFWe4DSYB46c/s900/99526380c4ea2542c060955386ed4c21.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="778" data-original-width="900" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNgEhQGhtjxPwRCw6B_OCWm05tZS-djoCnCDcHm2nHWK1huo03ToIPNVxoqPQGsRLl_NnV6sFHHPGxtcN6JjqBbJz8Ex5qDnsSHaufobrvKEJgWY7F6waTb147gaLmz3COVUUnQa7x8CzrwsPl7BIG4JjHZCXfEtulhvCwWyII0PVCwr9qFWe4DSYB46c/s16000/99526380c4ea2542c060955386ed4c21.jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Na sequência destas desordens procederam-se a averiguações,
concluindo o governo que fora Gomes Freire quem se excedera. Gomes Freire de
Andrade viria a ser preso na Torre de Belém a 27 de Julho, sendo a 28 o seu
regimento transferido para Cascais por ordem do príncipe regente. Nesta situação,
o Duque de Sussex constitui-se como um apoiante incondicional de Gomes Freire
junto da corte. O Duque, filho do rei Jorge III de Inglaterra e então a residir
em Portugal, era também membro da maçonaria vindo, em 1813, a ser eleito Grão-Mestre
da <i>Grande Loja Unida de Londres</i>. Não se confirma a existência de uma Loja no
regimento de Gomes Freire, no entanto revelam-se significativas as solidariedades
do Duque de Sussex e do Marquês de Alorna, D. Pedro de Almeida Portugal.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Entretanto, D. Rodrigo de Sousa Coutinho, assumidamente hostil à França
e pró-inglês, defensor de uma política moderada de reformas em matéria fiscal e
económica, leva a efeito uma política externa que vai desembocar na ida da
família real para o Brasil. Partidário de Montesquieu e de Adam Smith, D.
Rodrigo de Sousa Coutinho assumia a sua formação na escola pombalina,
solidificada pela carreira diplomática, advogando reformas dentro da monarquia
e rejeitando ao mesmo tempo as mutações políticas violentas. Mais ainda, possui
uma noção de império onde o Brasil não era considerado como uma província, mas
uma parcela tão importante quanto o território de Portugal. Em seu entender a
casa de Bragança reinava por igual em todo o espaço imperial, sendo o país
visto como um todo geopolítico onde Portugal constituía apenas uma província,
não a cabeça política e administrativa do todo. Partidário de um alinhamento
com a Inglaterra, pensa que a hostilidade à França será a médio prazo benéfica
a Portugal, ainda que considerasse a neutralidade como a alternativa mais
vantajosa para o país. É dentro desta lógica que em 18 de Agosto de 1807
pronuncia um discurso no Conselho de Estado em favor da declaração de guerra à
Espanha e à França. Por outro lado, o reformismo de Sousa Coutinho terminava na
modernização do aparelho político administrativo, enquanto que Gomes Freire e o
Marquês de Alorna sublinhavam antes a liberdade ideológica e política, assim
como a evolução cultural, como factores estruturantes da sociedade, deles
dependendo por sua vez a modernização administrativa do Estado.»</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>António Lopes («Gomes Freire de Andrade – um retrato do homem e da
sua época»). <span style="color: #134f5c;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;"> </span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">«Napoleão I, senhor de quase toda a Europa, sentia inveja da
preponderância da Inglaterra nos mares, e pretendeu fechar-lhe todos os portos
da Europa a fim de a combater, ou melhor, de a aniquilar. Portugal, em virtude
da sua condição de velho aliado da Grã-Bretanha, recusou imediatamente
submeter-se aos desejos de Bonaparte mas, forçado a entrar na via das
negociações europeias que seria longo descrever aqui, Napoleão fez marchar
sobre Portugal uma parte do exército francês comandada pelo general Junot, que
fez a sua entrada em Lisboa a 30 de Novembro de 1807. Na véspera, assim que se
soube da aproximação dos franceses, a rainha D. Maria I, o regente, seu filho,
e toda a corte portuguesa embarcaram para o Rio de Janeiro, deixando um comité,
composto de sete membros, encarregado da regência de Portugal: o marquês de
Abrantes, Francisco da Cunha Meneses, o Principal Castro, Pedro de Mello
Breyner, D. Francisco de Noronha, o conde de Sampaio e João Salter de Mendonça.
Mais tarde, alguns destes membros da regência foram substituídos.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Junot era maçon, assim como Napoleão I e a maior parte dos
oficiais do exército francês.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRxiFwyNExj5t0bzJsx-bPdDzMclLX-R6t4-0GXRI9JN7H0cSC6Hb3JJi5edejFYMwFs6YhjO_d7J5kI91ss08N5bEBWKA8rov0m87MUmW72HiPIJaCzyqw_1a9DhPoLdZKP7tv592vFRsPEoFMfkTyLgfOT8743NL7v-LygNNUsNJ25MEM1aWdA1tinE/s1024/1024px-Bonaparte_ante_la_Esfinge,_por_Jean-L%C3%A9on_G%C3%A9r%C3%B4me.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="613" data-original-width="1024" height="383" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRxiFwyNExj5t0bzJsx-bPdDzMclLX-R6t4-0GXRI9JN7H0cSC6Hb3JJi5edejFYMwFs6YhjO_d7J5kI91ss08N5bEBWKA8rov0m87MUmW72HiPIJaCzyqw_1a9DhPoLdZKP7tv592vFRsPEoFMfkTyLgfOT8743NL7v-LygNNUsNJ25MEM1aWdA1tinE/w640-h383/1024px-Bonaparte_ante_la_Esfinge,_por_Jean-L%C3%A9on_G%C3%A9r%C3%B4me.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;"><i>Napoleão Antes da Esfinge</i> (c. 1886), por Jean-Léon Gérôme, Hearst Castle.<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Apenas chegado a Sacavém, Junot foi recebido e saudado com a maior
deferência por todos. O próprio regente o tinha ordenado antes de partir. A Regência, a Câmara de Lisboa, o Patriarca, o clero, a nobreza, renderam-lhe as suas homenagens. Uma deputação maçónica, composta pelos
velhos maçons Luís de Sampaio Mello e Castro, irmão do Grão-Mestre, Tiago José
Victor d’Abreu, colector de impostos em Azambuja, José Joaquim de Sampaio Mello
e Castro e F. Veloso, consultor na corte, apresentou-lhe as suas saudações no
Quartel Mestre General e pediu-lhe que protegesse a Maçonaria. O general
recebeu-os de braços abertos e, pelo facto do valor que a Maçonaria já então
possuía, tomou a decisão de se servir dela para a sua política de absorção.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Conseguiu que o irmão A. Seabra e Silva ousasse propor numa Loja
(habitualmente todas as Lojas possuíam um retrato do soberano reinante) a
substituição do retrato do príncipe regente pelo de Napoleão. Vários irmãos
mostraram a sua indignação contra esta proposta, que fracassou. Junot procurou
insinuar no Grande Oriente Lusitano que a nomeação como Grão-Mestre lhe era
devida em virtude do seu alto cargo; mas o Grande Oriente, por unanimidade de
votos, recusou, fazendo valer os motivos da sua recusa: “1) Existia um
Grão-Mestre, pelo que o lugar não estava vago; 2) Este lugar pertencia de
direito a um português; 3) Não era época de eleições; 4) Junot não possuía as
eminentes qualidades e as sublimes virtudes indispensáveis ao personagem que
ocupa tão alto cargo”. [<i>Memórias</i>, de
José Liberato; “Causa dos Frades e dos Pedreiros-Livres no Tribunal da
Prudência»].</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">O entusiasmo patriótico contra os invasores começou a atravessar
algumas Lojas onde se faziam brindes ao príncipe regente e ao Exército
português do Norte e do Sul.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Tudo isto desagradou a
Junot, que ordenou insistentemente ao Intendente de Polícia a perseguição dos
maçons.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">O duque de Sussex, que Jorge III, seu pai, tinha enviado a
Portugal em 1802 e que era maçon, e conhecido como tal nas Lojas portuguesas,
contribuiu poderosamente para encorajar os portugueses.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Junot foi empurrado até à fronteira pelo Exército anglo-português.
Mas em 1809 as tropas francesas voltaram, comandadas pelo general Soult. Nesse
mesmo ano, alguns membros da Maçonaria sofreram grande incómodo em virtude de
um facto curioso de que vou fazer o relato. Alguns maçons do Exército inglês,
um grupo numeroso, tiveram a ideia de fazer uma procissão maçónica através das
ruas de Lisboa; o ponto de partida era o castelo de S. Jorge e, até à Rua do
Alecrim, esta procissão, precedida pelo estandarte da Ordem, atravessou a
multidão. As sentinelas militares que se encontravam no percurso faziam a
saudação militar, não sabendo do que se tratava. O clero, indignado, sabendo do
facto, empregou todos os esforços para excitar o povo e fê-lo tão bem que a Regência ordenou a prisão dos maçons
portugueses de maior nomeada que na Quinta-Feira Santa, 30 de Março, foram
entregues à Inquisição. O subintendente-geral de polícia, conselheiro
Jerónimo Francisco Lobo, teve oportunidade de apreender os arquivos da Grande
Loja de Inglaterra, que continham o registo, as pranchas, as actas, os
diplomas, a Constituição e várias outras peças.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Todas as memórias da época estão de acordo neste ponto: sustentam
todas que os arquivos maçónicos foram entregues à Polícia por um maçon,
Maurício José Nogueira, natural do Algarve e empregado do comércio na loja de
um inglês. Neste mesmo ano, o irmão Fernando Romão d’Ataíde Freire, filho do
governador das Armas da Província do Alentejo, sucedeu como Grão-Mestre a
Sebastião José de Sampaio Mello e Castro.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #134f5c;">Foi então que os reaccionários começaram as suas publicações
contra a Maçonaria, mas as primeiras eram apenas traduções. Possuo duas. A
primeira, com o título <i>Os Franco-Maçons
ou os Iluminados, que se deveriam chamar os Tenebrosos, cujas seitas forneceram
membros à pestilencial confraria que se chama Jacobinismo</i>. Este exemplar é
uma reedição correcta e aumentada de outra escrita no Rio de Janeiro em 1804 e
da qual não se conhece o nome do autor nem o do tradutor. A segunda é devida a
José Agostinho de Macedo, baseada na obra de Barruel, com o título: <i>Revelação do segredo ou manifestação do
sistema dos Franco-Maçons ou Iluminados e sua influência sobre a fatal
Revolução Francesa. Obra extraída das Memórias para a História do Jacobinismo
do abade Barruel e publicada em português para a confusão dos ímpios e
precaução dos verdadeiros amigos da Pátria</i>, por José Agostinho de Macedo,
padre secular – Lisboa, Imprensa Real, ano de 1809.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhATZOQnmF1Ifvf1KiQrF1lCXugNfxL1oSwDQz9IhniLvKiFmty-zI90ep2TeBccqqWWy-FzdaGb3fU7jTxqAHrxmj_u7ijUSa3k_3sjeeFxZsSkZnTRZD2Z1RB2qffKJxIUfQkPvtxhTb_lrTor87Y7pt0H_2EhVG1fWjnLsZBIxQ-w0X-XjgQ8LhFfNQ/s800/Sample_4.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="504" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhATZOQnmF1Ifvf1KiQrF1lCXugNfxL1oSwDQz9IhniLvKiFmty-zI90ep2TeBccqqWWy-FzdaGb3fU7jTxqAHrxmj_u7ijUSa3k_3sjeeFxZsSkZnTRZD2Z1RB2qffKJxIUfQkPvtxhTb_lrTor87Y7pt0H_2EhVG1fWjnLsZBIxQ-w0X-XjgQ8LhFfNQ/s16000/Sample_4.jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><span style="color: #134f5c;"><b>A Maçonaria portuguesa guardou uma funesta recordação do ano de
1810. A 10 de Setembro, os regentes do reino fizeram deter trinta maçons dos
mais importantes da capital. Primeiramente encerraram-nos na Torre de Belém e,
mais tarde, expulsaram-nos do continente e, sem julgamento nem processo,
transportaram-nos para as ilhas dos Açores. Os regentes pretenderam fazer crer
que esta perseguição contra os franco-maçons era devida à sua ligação com as
ideias francesas desde a entrada do exército de Massena em Portugal, o que era
uma abominável calúnia visto que estamos ao corrente das manifestações
patrióticas dos maçons contra as pretensões de Junot.</b></span></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><span style="color: #134f5c;"><b>Publicava-se então em Londres o jornal português <i>O Correio Brasileiro</i>, redigido pelo célebre
Irmão Hipólito, (...) e neste jornal, assim como noutros jornais de Londres, o
procedimento dos regentes foi severamente criticado; e lorde Greenville, na
Câmara Alta, criticou o despotismo do Governo português.</b></span></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><span style="color: #134f5c;"><b>O duque de Sussex empregou todos os seus esforços para proteger
ainda os seus Irmãos e, com ajuda da Grande Loja de Inglaterra, conseguiu obter
a libertação de vários maçons portugueses. Esta “Setembrada”, assim chamada nas
memórias maçónicas da época, conteve durante algum tempo a Maçonaria, mas em
breve os associados tomaram coragem com a iniciação de numerosos oficiais do
Exército português e de outros personagens de elevado ramo. Pode-se concluir
desta exposição que os maçons portugueses, durante os três anos das invasões
francesas, de 1807 a 1810, tiveram muito que sofrer. O seu patriotismo enérgico
e apurado foi posto à prova, embora os comandantes do exército francês e seu
chefe supremo, Napoleão Bonaparte, fossem eles próprios maçons.»</b></span></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Manuel Borges Grainha («História da Franco-Maçonaria em Portugal
(1733-1912)»).<span style="color: #134f5c;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><span style="color: #134f5c;"><b> </b></span></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><span style="color: #134f5c;"><b>«Crê-se que Gomes Freire de Andrade tenha sido iniciado na
Maçonaria antes de 1785, na <i>Loja
Esperança Coroada </i>em Viena, onde atingiu o grau de Mestre Maçon e onde se
encontra registado no seu quadro pelo menos até 1790. Já em Portugal,
encontramos o seu nome referido em 1801, ano em que recebe em sua casa uma
assembleia que se revelou de particular importância para a Maçonaria
portuguesa. Em 1802, é eleito dignatário do recém formado <i>Grande Oriente Lusitano</i>. Entre 1801 e 1807, a sua actividade
político-militar é significativa, sendo referido como mentor de episódios de
agitação política.</b></span></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><span style="color: #134f5c;"><b>(...) Gomes Freire de Andrade, de nome simbólico Porset, foi eleito
Grão-Mestre do <i>Grande Oriente Lusitano </i>em
1816, dirigindo-o até 1817, ano da sua morte. Durante este período é notória a
expansão da Maçonaria em Portugal, pesem embora as perseguições da Regência
através da Intendência da Polícia. Este é um período de acentuada politização
da maçonaria, a qual ganhou consciência de que não mais poderia aguardar
passivamente o desenrolar da cena política internacional. Por outro lado,
haviam perdido todo o sentido os partidos pró-inglês e pró-Francês que existiam
antes das invasões francesas, abrindo-se assim um espaço político vazio de
intervenientes, ainda que as simpatias dos membros da Regência se inclinassem
para o lado inglês, sendo classificado de “jacobino” tudo o que fosse
relativamente próximo das ideias francesas.»</b></span></span></p><p>
</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>António Lopes («Gomes Freire de Andrade – um retrato do homem e da
sua época»).</b><o:p></o:p></span></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0c5ao1UNWFXbxoUuIocrvDxkJqKAE_rPAxHTnzd-2bJ_ji4VMncTWd_GVvW8FnC8Moj6HcUmVIBqatWY8gEg3jT0xFZ7f7ehXTkXhEvTlLMTxAFmLZDy1t37rLFd5B7qGqAQkLskh1v3ikEneJNyCueLvZbCsJzJ-aGKt7h0F9rHiFKKBYPL1dYpGWeM/s3971/20230114183513_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3971" data-original-width="2777" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0c5ao1UNWFXbxoUuIocrvDxkJqKAE_rPAxHTnzd-2bJ_ji4VMncTWd_GVvW8FnC8Moj6HcUmVIBqatWY8gEg3jT0xFZ7f7ehXTkXhEvTlLMTxAFmLZDy1t37rLFd5B7qGqAQkLskh1v3ikEneJNyCueLvZbCsJzJ-aGKt7h0F9rHiFKKBYPL1dYpGWeM/w448-h640/20230114183513_00001.jpg" width="448" /></a></div><p><br /></p><p style="text-align: center;"><b><span style="color: #990000; font-family: times; font-size: x-large;">Guerra Peninsular</span></b></p><p style="text-align: center;"><br /></p><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Do esforço tenaz de Pombal, firmado numa vontade sem limites e
numa fria razão de Estado, pouco restava ao país. D. Maria I era tímida,
melancólica, hesitante, com a obsessão de ser piedosa: e durante um espectáculo
no Paço de Salvaterra enlouqueceu de forma incurável. Assume o governo o
príncipe D. João: enfermiço, triste, quase abúlico, só mais tarde revelaria uma
inteligência política e uma percepção das forças em jogo que, no entanto, não
seriam servidas por firmeza e energia. Repetindo o erro tantas vezes praticado
no decurso de séculos, a corte de Lisboa reincidira antes na política de
consórcios peninsulares e ajustara o casamento de D. João com D. Carlota
Joaquina, uma Bourbon, e filha mais velha do príncipe das Astúrias. Era
princesa de <i style="color: black;">«feições perfeitas», </i>e <i style="color: black;">«muito viva, muito atinada, e tinha havido
grande cuidado na sua educação» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a><i style="color: black;">. </i>Mas o casamento, no espírito do Rei
Católico, era acima de tudo, e como sempre, um acto político. E declarava ao
embaixador de Portugal: <i style="color: black;">«Estas alianças
serão as mais estimáveis porque convinham reciprocamente a ambas as monarquias,
e desejava, como sempre tinha desejado, esta tão necessária união»</i>; e que a
corte de Lisboa podia olhar para os estados espanhóis <i style="color: black;">«como para os seus porque também nesta parte desejava reciprocidade» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>. E
mais tarde voltava a sublinhar ao embaixador o <i style="color: black;">«desejo que tinha de procurar todos os meios de conservar uma paz
perpétua com Portugal, e o muito que estimava esta aliança» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Uma atmosfera estrangeira ia assim invadir a corte portuguesa: entrava-se de
novo na fase da política mole: e não se via que qualquer acordo com a Espanha,
numa base formal de <i style="color: black;">reciprocidade</i>,
joga sempre em desfavor de Portugal dada a desproporção dos dois países.
Entretanto a sociedade declinava: liam-se os enciclopedistas, os filósofos
revolucionários, os panfletários reivindicativos: e a vigilância de Pina Manique
não conseguia suster a onda invasora. Não estava mal, todavia, no contacto com
ideias novas e uma cultura mais complexa e em expansão: a tragédia residia no facto de aquelas serem aceites cegamente, sem integração nos quadros nacionais
e sem serem postas ao serviço da comunidade portuguesa. Por isso as classes
dirigentes de novo se aburguesavam e se dissolviam em abstracções
intelectualizadas, em teorias políticas e sociais desgarradas da terra
portuguesa, em cosmopolitismo de finas maneiras e de bom tom. Havia a convicção
ilusória de que uma <i style="color: black;">era nova</i> <i style="color: black;">e definitiva</i> ia descer sobre a
humanidade. José Agostinho de Macedo seria o grande apóstolo do antifrancesismo.
Nenhuma preparação tinham, por outro lado, as forças armadas, e haviam-se
perdido as virtudes militares. Encontrava-se exaurido o tesouro. Estavam <i style="color: black;">«paralíticos todos os habitantes do país»,</i>
e a nação <i style="color: black;">«coberta de fome, e pobreza»</i>;
o <i style="color: black;">«descontentamento nacional era
público»; </i>e os <i style="color: black;">«espíritos frouxos
tinham posto o reino em confusão» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[4]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Grandes da nobreza estavam corrompidos: o marquês de Abrantes embolsava
trezentos mil cruzados, o marquês de Niza obtinha um empréstimo para viver no
luxo, um terceiro conseguia cento e cinquenta cruzados. Alguns mais lúcidos,
contudo, apercebiam-se de que a paz de Basileia, de 1795, não era o termo das
dificuldades do reino. O duque de Lafões solicitava do príncipe que se
preocupasse com a reorganização do Exército. O marquês de Ponte de Lima
advertia D. João dos perigos internacionais, e em face da situação na França
formulava sugestões: <i style="color: black;">«devemos sem perder
um momento procurar uma resposta decisiva do gabinete de Londres sobre a nossa
situação»</i> porque é de presumir que os franceses <i style="color: black;">«obriguem a Espanha a inquietar-nos, e por isso é absolutamente
necessário saber positivamente o que podemos esperar da Inglaterra»</i><span style="color: black;">; não via
inconveniente em que se invocasse o</span><i style="color: black;"> «divino auxílio e a protecção da nossa
Padroeira»</i>; mas acrescentava que <i style="color: black;">«depois
dos socorros divinos devemos tratar dos meios humanos, que consistem em
negociar com muita prudência mas sem mostrar o mínimo de susto, e em cuidar já
qual há-de ser o estado do nosso exército no caso de ser indispensável
combater» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[5]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Segundo D. José Vasques da Cunha, plenipotenciário na Haia, <i style="color: black;">«perante o grande mundo nós fazemos agora
uma miserável e triste figura»</i>. E a guarnição de Elvas, num manifesto de
Maio de 1801, receava que <i style="color: black;">«em pompa
fúnebre se fizessem exéquias à glória portuguesa»</i>; insurgia-se contra a
Espanha, <i style="color: black;">«nação sobejamente ingrata» </i>que
<i style="color: black;">«à sombra das nossas esquadras salvou
grande parte dos seus interesses»;</i> e lançava um apelo aos portugueses por
ter chegado o <i style="color: black;">«momento de se renovar a
cena dos Sertórios e dos Viriatos» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[6]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Para além dos cuidados que suscitava o sobressalto no continente europeu,
sentiam alguns, na crise que se avizinhava, profundas preocupações com o
destino do ultramar português. Como Zurara no século XV, como durante o domínio
filipino, como nos da restauração, também agora havia o pavor do que
aconteceria além-mar, e depois na metrópole. E o morgado de Mateus, que ocupava
posição eminente, escrevia que Portugal <i style="color: black;">«cessaria
de o ser</i> (no caso de perder a guerra que se aproximava) <i style="color: black;">pois que as suas vastas e dispersas colónias
as perderia para sempre, e assim sem comércio e sem forças seria um escravo de
Espanha»</i>; e <i style="color: black;">«que as nossas colónias,
abandonadas a si, ficariam à disposição da Inglaterra»</i>; e que, <i style="color: black;">«se as não conquistassem, bastaria que
fizessem directamente o comércio delas, e abertos os seus portos uma vez as
perderíamos para sempre» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[7]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Este era o quadro trágico: e Portugal, como no passado remoto e como havia uma
escassa década, ia de novo ser vítima das querelas europeias e <i style="color: black;">«girar no turbilhão das potências
beligerantes»</i>, como resumia na altura o secretário de Estado Luís do Sousa
Coutinho.</span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIhhdAY8xN2vr7ObUM5cg4oUsK_976BeB9gA89mXvz-iQ6abV0ubMS8ZgIRl5Gv8l3ekHsKDwBWu6ypYRvo8542H6Me-YHgFZbrmT3xDBhjkwb6hGbi2wOqL0dvCijNziEVqPEEYSOE6JCFbDwxCdr6pktnQseTfjvLeLJC1agHNWAyLJQahkcuoq98Hk/s1916/180523.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1916" data-original-width="1354" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIhhdAY8xN2vr7ObUM5cg4oUsK_976BeB9gA89mXvz-iQ6abV0ubMS8ZgIRl5Gv8l3ekHsKDwBWu6ypYRvo8542H6Me-YHgFZbrmT3xDBhjkwb6hGbi2wOqL0dvCijNziEVqPEEYSOE6JCFbDwxCdr6pktnQseTfjvLeLJC1agHNWAyLJQahkcuoq98Hk/w452-h640/180523.jpg" width="452" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Desde a paz de Basileia que continuava precário o equilíbrio
europeu. Persistia a animosidade entre a Inglaterra e a França, e esta envidava
todos os esforços para separar Portugal daquela. Exerciam os franceses uma
guerra de corso sobre os navios portugueses; os ingleses aplicavam um bloqueio
a muitos portos espanhóis; e Godoy, o Príncipe da Paz, conduzia um jogo duplo
entre a Espanha e a França, por um lado, e a Espanha e Portugal, por outro. As
cortes de Madrid e Paris, pelo Tratado de Santo Ildefonso (1796), concluíam-se
contra a Grã-Bretanha; e esta, para evitar o restabelecimento da paz entre
Portugal e a França, converte Lisboa num foco de agitação política e
revolucionária. António de Araújo, hábil negociador, percorre a Europa: compra,
intriga, promete, ameaça: e chega a aliciar a amizade de Talleyrand. Mas os
interesses em causa são superiores às forças de qualquer enviado. Por 1799,
inicia-se o poder de Napoleão Bonaparte, e principia a agressividade da
política francesa. Paris deseja que a Espanha ataque Portugal, e declara-se
pronta a prestar auxílio: mas Madrid, concordando em invadir-nos, encara com
aversão a possibilidade de tropas francesas atravessarem território espanhol <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[8]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Sem embargo da amizade afirmada ao marquês do Louriçal, por ocasião do
casamento de D. Carlota Joaquina com D. João, o Rei Católico tem agora um
desabafo diferente: <i style="color: black;">«venderia a minha
coroa e a própria camisa que visto»</i> para realizar aquele sonho <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[9]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Preparando-se para o pior, buscava a diplomacia portuguesa apoio pelo
continente europeu: e naquele mesmo ano de 1799 celebrava a Rússia um tratado de amizade. Reage a França: envia Berthier<span style="color: black;"> </span>a Madrid: e este anuncia que <i style="color: black;">«chegou a hora de Portugal»</i>. Bonaparte
insiste ser indispensável que a Espanha anexe Portugal: Godoy, temporariamente
substituído por Urquijo, volta de novo ao favor do Rei Católico: realiza
negociações com Luciano Bonaparte: e decidem confrontar Portugal com um
ultimato, a expirar em 15 dias. Este exige: rompimento da aliança com a
Inglaterra; ocupação de uma parte de Portugal por tropas espanholas; <i style="color: black;">compensações no ultramar português, para
ulteriormente as oferecer à Inglaterra em troca de apaziguamento na Europa</i>.
Talleyrand levantava objecções: a anexação de Portugal fortaleceria por demais
a Espanha; a Inglatera procuraria ocupar o Brasil para atacar a américa
espanhola; e o facto acabaria por provocar ressentimento em Madrid. Aterra-se a
corte de Lisboa, perplexa e frouxa: e formam-se os habituais dois partidos
estrangeiros, agora o <i style="color: black;">francês </i>e o <i style="color: black;">inglês</i>, como em 1380 e em 1580 houvera o
partido <i style="color: black;">espanhol</i>. Não havia um <i style="color: black;">querer nacional</i> nem um <i style="color: black;">objectivo político</i> firme: desejávamos um
acordo com a Espanha e a França: não pretendíamos quebrar a aliança inglesa: e
verdadeiramente não havia um partido <i style="color: black;">português</i>.
Na realidade, não tínhamos no momento uma visão histórica do equilíbrio europeu
nem dos permanentes fluxos e refluxos deste, nem tão-pouco força militar para
prosseguir e defender interesses puramente portugueses. Neste estado de
confusão e moleza, recebemos novo ultimato: o duque de Frias, embaixador de
Espanha, impõe-nos uma decisão clara a favor do seu país sob pena de guerra. E
esta é efectivamente declarada: é a campanha de 1801, que recebeu o nome
pitoresco de <i style="color: black;">guerra das laranjas </i></span><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[10]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">. Rendem-se com ignomínia algumas praças fronteiriças <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[11]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>:
forças portuguesas, com Gomes Freire de Andrade, invadem a Galiza: e os dois
exércitos lutam sem ânimo. Na consciência de que eram simples peões no jogo das
grandes potências, o duque de Lafões e o general espanhol Francisco Solano interrogam-se:
<i style="color: black;">«Para que nos havemos de bater? A
Inglaterra nos excita a nós, e a França vos aguilhoa a vós» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[12]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Em Junho de 1801 são oferecidas condições de paz à corte de Lisboa:
encerramento de portos à Inglaterra; alargamento das fronteiras francesas na Guiana;
cedência à Espanha de territórios até ao Guadiana; indemnizações em dinheiro.
Mas em Setembro, pelo tratado de Madrid, e em Outubro pelo tratado de Londres,
negoceiam-se outros acordos: consignam a integridade dos territórios
portugueses, sem prejuízo de indemnização a pagar por nós. Todavia, com
conhecimento inglês, insere-se uma cláusula secreta: e esta sanciona a extorsão
que se infligia a Portugal. Mais tarde, em 1802, novo instrumento reitera
aquela cláusula: foi o resultado das negociações de Amiens. E através destes
anos dolorosos a Inglaterra, para evitar que caiam em mãos alheias, ocupa Damão,
Dio e Goa, e a ilha da Madeira: são necessários vivos protestos para que ponha
termo a esse acto. <i style="color: black;">Nos dez anos que
medeiam entre 1792 e 1802, Portugal espiou assim uma série de agressões não
provocadas, de que não obteve compensação mínima</i>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_AokA2SwENSf_80b9eUu5bwj_f1Na4aqIPvUFD53Ksx9pUfwm4ghk5EsDzZEgcaIqesnxQv0jwnbU3WpulXu9FaoFvCiHnWLJgE_FNe07H4rs9pdlD7-vnJrzz2MPZd30_LKbn0I1YKg85ZJmBrnn_BOfMnVL_8LPhqYM2WvrDsCTlQokAO-VLT_m76c/s861/Goa_in_India_(disputed_hatched).svg.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="861" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_AokA2SwENSf_80b9eUu5bwj_f1Na4aqIPvUFD53Ksx9pUfwm4ghk5EsDzZEgcaIqesnxQv0jwnbU3WpulXu9FaoFvCiHnWLJgE_FNe07H4rs9pdlD7-vnJrzz2MPZd30_LKbn0I1YKg85ZJmBrnn_BOfMnVL_8LPhqYM2WvrDsCTlQokAO-VLT_m76c/w595-h640/Goa_in_India_(disputed_hatched).svg.png" width="595" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Localização de Goa<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tudo não era mais do que um armistício. Napoleão Bonaparte entrava
no caminho do império: o equilíbrio europeu ia ser resolvido; a hegemonia seria
francesa; e o sonho consistia em construir em torno daquela um continente
unido. <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/05/franco-atirador-i.html">Abater todas as barreiras</a>, de bom ou mau grado, e congregar os estados
numa Europa integrada: eram os <i style="color: black;">ventos da
história </i>da época. De triunfo em triunfo, pareciam invencíveis as armas
francesas: e com o apocalipse que subvertia o continente vacilaram no reino de
Portugal os ânimos mais impressionáveis. Na perplexidade do momento, o Príncipe
Regente pediu aviso aos seus conselheiros. Deram-lho vários; mas destaca-se o
de D. Rodrigo de Sousa Coutinho. <i style="color: black;">Este
sustentava uma posição de neutralidade, e insistia em que, para a defender,
havia que possuir alguma força militar</i>. No plano externo, recomendava:
solicitar socorro ao imperador da Rússia, nos termos do tratado de amizade
entre os dois países; diligências enérgicas em Espanha e preparar com esta um
golpe contra a França, se esta atacasse; comunicar <i style="color: black;">«sem reserva alguma à corte de Londres»</i> e pedir<i style="color: black;"> «alguma cavalaria, alguma infantaria, um general, alguns oficiais de
artilharia, algum subsídio» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[13]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
E dois meses mais tarde, a 16 de Agosto de 1803, D. Rodrigo de Sousa traça o
quadro da situação política da Europa e envia-o ao príncipe D. João: o tratado
de Amiens deixara <i style="color: black;">«um livre e vasto campo
à indefinida ambição»</i> de Bonaparte; tudo vai ser abalado, desde a Rússia ao
Império Otomano; a Inglaterra procurará organizar uma coligação contra aquele <i style="color: black;">«disforme e monstruoso colosso»</i>; e os <i style="color: black;">«domínios vastos de Portugal separados nas
diversas partes do mundo vão achar-se em circunstâncias críticas»</i>. Nestes
termos D. Rodrigo de Sousa recomenda <i style="color: black;">«bem
conduzidas negociações e uma grande firmeza para resistir à preponderância do
governo francês»</i>. E ajunta: <i style="color: black;">«Uma
enérgica, forte e inesperada defesa é o único meio que ainda resta de assegurar
a independência da coroa»</i>; se esta falhar, poderia permitir <i style="color: black;">«em qualquer caso criar no Brasil um grande
império e segurar para o futuro a reintegração completa da monarquia lusitana»</i>;
e se assim não for, e os franceses entrarem no reino, seguir-se-á <i style="color: black;">«uma opressão fatal»</i> e a perda dos <i style="color: black;">«vastos domínios nas ilhas contíguas à
Europa, na América, n’África, e na Ásia, procurada pelos ingleses para se
indemnizarem da falta de comércio com Portugal e para se apropriarem das
produções de tão interessantes domínios ultramarinos </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[14]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a><i style="color: black;">»</i>. No mesmo sentido se pronunciava o
marquês de Alorna <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[15]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>;
mas este, num plano emocional, tendia a culpar a Inglaterra; e condenava a
aliança luso-inglesa <i style="color: black;">«pois é sociedade
leonina a que existe entre Portugal e a Grã-Bretanha» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[16]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Todos estes e demais pareceres ponderava D. João; mas não lhe ocorriam, nem ao
seu governo, medidas enérgicas; e tendo apego à neutralidade nenhuma
providência era tomada para a garantir. </span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">De harmonia com uma tradição de infortúnio, empenhavam-se em
Lisboa, numa luta sem quartel, as influências francesa e inglesa. O enviado de
Paris, Lannes, mobilizara alguns notáveis: e impôs ao príncipe a demissão de D.
Rodrigo de Sousa Coutinho (ministro da Marinha) e D. João de Almeida (ministro
dos Estrangeiros), um e outro defensores da neutralidade portuguesa. Foram
substituídos por partidários dos franceses: estes passaram a dominar a corte de
Portugal. Mas o representante britânico, Robert Fitz-Gerald, não estava
inactivo; e como resultado da sua intervenção produziram-se no Verão de 1803
tumultos que quase degeneraram em golpe de Estado. Deu-se uma oscilação na
corte: e desta foram afastados alguns francófilos como Alorna, Fronteira,
Sabugal. Verdadeiramente, o príncipe regente não se determinava com liberdade.
Resolve então despachar a Paris o morgado de Mateus, D. José Maria de Sousa.
Avista-se com Bonaparte: mas é recebido friamente: e o imperador apenas lhe
formula queixas de mau augúrio. Regressou o morgado de Mateus a Lisboa: a
falência da sua missão aumentava a incerteza da corte. António de Araújo Azevedo,
cuja habilidade lhe permitiu atravessar todo este período numa posição ou
noutra, embora acalentasse simpatias pela França compreendia que apenas uma
atitude neutral servia os interesses nacionais: e via que a hostilidade da
Inglaterra, inevitável se aquela fosse quebrada, seria a perda do Ultramar.
Decide enviar a Paris D. Lourenço de Lima, havido como entusiasta do <i>partido
francês</i>. Para aplacar Bonaparte, António de Araújo instruiu D. Lourenço de Lima
para informar aquele de que o <i style="color: black;">«príncipe
Regente Nosso Senhor, em consequência da resolução que tomou de aderir à causa
do Continente, deu ordens para se guarnecer os pontos mais expostos das Costas
e o Porto de Lisboa com tropas e artilharia» </i>e que <i style="color: black;">«está firme na resolução de declarar guerra aos ingleses» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[17]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Neste momento, porém, interpõe-se uma intriga espanhola: Manuel Godoy, o velho
Príncipe da Paz, dissemina junto de Bonaparte o rumor de que os ingleses se
propunham desembarcar militarmente em Portugal <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[18]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Para o recado, serve Junot de intermediário; e o imperador, perturbado de
cólera, envia a Lisboa o seu marechal. Este chega em Abril de 1808, e exige uma
declaração de guerra à Grã-Bretanha. D. João tenta então recuar, e apela para
Bonaparte, e escreve-lhe: <i style="color: black;">«Vossa
Majestade sabe que a monarquia portuguesa se compõe de estados espalhados nas
quatro partes do globo, que ficariam inteiramente expostos no caso de uma
guerra com a Grã-Bretanha».</i> Procurava o príncipe acentuar o carácter
unitário mas disperso da nação, e portanto a sua vulnerabilidade: implicitamente
vincava os perigos dos ataques de um poder naval a que uma potência continental
não tinha meios de se opor: <i style="color: black;">e reclamava
deste modo o direito de ser neutral</i>. Através de tudo, no entanto, Godoy
conduzia as suas intrigas; a Inglaterra tornava-se mais audaciosa; e navios
ingleses reabastecem-se no Algarve ou refugiam-se em Lisboa. António de Araújo
protesta, procurando salvar a neutralidade, e consegue que partam. E então
precipitam-se os acontecimentos: no Verão de 1807, Bonaparte determina a Talleyrand
que convide Portugal a fechar os seus portos à Inglaterra; o ministro quis ainda
contemporizar; é substituído por Champigny; e António de Araújo lamenta-se de
que Talleyrand <i style="color: black;">«lhe faz muita falta»</i>.
O Príncipe Regente tenta um arranjo político com a Espanha <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn19" name="_ftnref19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[19]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
e ingenuamente propõe uma aliança ofensiva e defensiva; informados, os ingleses
bloqueiam Lisboa; e em Agosto daquele ano, e depois de haver humilhado
publicamente D. Lourenço de Lima, Napoleão Bonaparte envia um ultimato a
Portugal. António de Araújo apela para a Inglaterra; mas recebe na altura
resposta evasiva. Sem interesse na luta entre as potências, sem ter cometido
falta ou delito – <i style="color: black;">salvo o de haver
tratado com descaso a defesa da sua neutralidade</i> – Portugal ia ser
violentamente invadido.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghoHBxR0NXchbFAPPi2WnaIEC5btQrc9X6s_L5qGmBt-LQaz6UN0evI_SY6fZ1BXVshcSYAdOw0Aojp7QOHc4nJMDwvL_Ax_EEfUURABYVrVzIjrvmLIgIOjmPdGbF88_L5EJB6RW4jS-tOcjqK0bcm6-8k4WlfnYEYbwLsVMRmtVfSr7Xhza0uExUg6M/s1024/Jacques-Louis_David_-_The_Coronation_of_Napoleon_(1805-1807).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="644" data-original-width="1024" height="402" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghoHBxR0NXchbFAPPi2WnaIEC5btQrc9X6s_L5qGmBt-LQaz6UN0evI_SY6fZ1BXVshcSYAdOw0Aojp7QOHc4nJMDwvL_Ax_EEfUURABYVrVzIjrvmLIgIOjmPdGbF88_L5EJB6RW4jS-tOcjqK0bcm6-8k4WlfnYEYbwLsVMRmtVfSr7Xhza0uExUg6M/w640-h402/Jacques-Louis_David_-_The_Coronation_of_Napoleon_(1805-1807).jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;"><i>A Coroação de Napoleão</i>, por Jacques-Louis David (1804).</span></b></td></tr></tbody></table><p></p><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfsDV9rMkGPViySkorL9FDh7fDFc7n5hlHqxl41V_0y-gWYgWNWR_5qykvCwmquW1sVBHlCPpGKkqz8pAE3Pqm0cHAe_mg16RIOQy2ncUgOL3tAo4M5ksTpYR38T7LftAPZYtTL4T57dGw7rUZLiIDmQnWfmtjggHtMQzEPDJ6ZFjza4t1r9MR0qAnHxY/s1280/1280px-Napoleon_signature.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="581" data-original-width="1280" height="291" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfsDV9rMkGPViySkorL9FDh7fDFc7n5hlHqxl41V_0y-gWYgWNWR_5qykvCwmquW1sVBHlCPpGKkqz8pAE3Pqm0cHAe_mg16RIOQy2ncUgOL3tAo4M5ksTpYR38T7LftAPZYtTL4T57dGw7rUZLiIDmQnWfmtjggHtMQzEPDJ6ZFjza4t1r9MR0qAnHxY/w640-h291/1280px-Napoleon_signature.svg.png" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">D. João interpretara de início a política napoleónica como sendo a <i style="color: black;">«causa do continente»</i> europeu, e aderira
ao que parecia ser força irreversível, julgando assim salvar o reino e o
ultramar. Mas não era esse o fulcro do pleito: o problema consistia em saber se
uma nação conseguiria impor a sua hegemonia à Europa e uni-la sob o seu
poderio: e ainda em saber se o potencial marítimo britânico não se oporia a esse
objectivo. E afinal verificava-se que a Europa se <i style="color: black;">recusava</i> a ser integrada; e que a Inglaterra, se queria sobreviver,
não podia aceitar aquela integração, sob a égide francesa, como não o
consentiria sob hegemonia espanhola, nem o iria permitir sob hegemonia alemã.
Destas realidades se deu conta por fim o Príncipe Regente; e o manifesto que
dirigiu ao reino antes de partir e a ordem que enviou aos governadores,
chegado que foi ao Rio de Janeiro, são neste particular documento de
importância histórica e significado político. Diz o príncipe ter sido seu
desejo conservar a neutralidade e seu <i style="color: black;">«principal
cuidado procurar por todos os modos possíveis segurar a independência dos meus
domínios e libertá-los completamente do cruel inimigo»</i>; para o efeito <i style="color: black;">«é indispensável conservar com o meu antigo
e fiel aliado Sua Majestade Britânica não só a melhor inteligência, mas ainda
mostrar-lhe do modo mais evidente que as minhas vistas não são diferentes das
que o animou a favor da causa comum»</i>; é preciso, por outro lado, que <i style="color: black;">«Sua Majestade Britânica continue com a
mesma eficácia a socorrer Portugal, e toda a Península»</i>; e só deste modo se
poderia <i style="color: black;">«destruir radicalmente o vício
das coligações, que é o crime entre as Potências que fazem causa comum, e conseguir o fim desejado de obter uma paz segura </i><b><span style="color: #bf9000;">[</span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn20" name="_ftnref20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">20]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a><i style="color: black;">»</i>. Deste documento deduz-se que para o
governo do Príncipe Regente: <i style="color: black;">a)</i> a
aliança inglesa, não obstante o seu preço político, era fundamental à defesa do
reino; <i style="color: black;">b)</i> para que Portugal fosse
independente era indispensável que o resto da Península – o documento nunca
refere a Espanha – também não estivesse enfeudado a coligações ou integrações
europeias; <i style="color: black;">c)</i> apenas a aliança com um
poder marítimo poderia ajudar a salvaguardar os domínios; <i style="color: black;">d)</i> só com força militar poderia Portugal aspirar ao respeito da
neutralidade; <i style="color: black;">e)</i> finalmente, a paz da
Europa nunca poderia ser garantida por coligações, e portanto por integrações
ou hegemonias, mas por um equilíbrio europeu que as não consentisse. Somente
uma visão histórica e um conhecimento das realidades permanentes permitiriam
aos seus autores redigir aquele documento <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn21" name="_ftnref21" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[21]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
e descobrir quanto teria de ser efémera, embora na altura parecesse definitiva,
a tempestade napoleónica que fazia estremecer o continente.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não foi esmagado o exército da primeira invasão. Junot terá
chegado a Lisboa com pouco mais de 10 000 homens; outros tantos teriam
ficado dispersos pelo caminho, famintos, doentes, perdidos. Se Portugal houvesse
feito algum esforço militar não teria sido inviável bater os franceses:
verdadeiramente, rendemo-nos sem luta. Depois entraram também tropas espanholas,
e guarneceram algumas cidades e vilas. Mas o objectivo francês era o Porto de
Lisboa: este importava a Napoleão acima de tudo. E tinha motivos. Constituía
grande porto de tráfego interoceânico: e conduzia com a Inglaterra um vultoso
comércio de matérias-primas ultramarinas e mesmo metropolitanas. Destas, e do
comércio marítimo, dependia já nessa altura cerca de quarenta e cinco por cento
da população britânica: e os navios ingleses reabasteciam-se em Lisboa e
noutros portos portugueses. E a situação de Portugal em nada se alterara: pois <i style="color: black;">«era do Atlântico que recebia a
prosperidade, a riqueza e a segurança, expressas no amplo comércio colonial que
se movimentava nos seus portos; por aí tinha a garantia permanente de poder
alcançar auxílio militar com que pudesse fazer face aos perigos da fronteira
terrestre» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn22" name="_ftnref22" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[22]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>:
e desta, e só desta, vinham as preocupações. E a visão de Junot, embora
partindo de outro ângulo, era precisamente idêntica. Por isso, na proclamação
aos portugueses, dirige os seus ataques à Inglaterra, de que nos vinha
libertar, e à Espanha, que acusa de nos querer invadir e de fazer de Portugal
uma das suas províncias. Não era portanto puramente estratégica e política a
obsessão de Junot com Lisboa: era económica também. No entanto, se era vultoso
o nosso comércio com a Inglaterra, também o era com a França: através de Lisboa
esta recebia de além-mar muitas mercadorias para as suas manufacturas: e assim
o encerramento do porto causou dano de consequência às indústrias francesas. Aliás,
pelo que respeita à Inglaterra, nunca o bloqueio continental foi absolutamente
eficaz: dispunha em terra, entre mercadores portugueses, de um vasto aparelho
comercial estabelecido de longa data: e navios norte-americanos, que começavam
a surgir no tráfego mundial, substituíram-se em muitos casos aos britânicos. De
resto, e sob outro aspecto, Junot deslumbrara-se com Lisboa: não tinha visto
cidade mais rica e os portugueses eram bons auxiliares. Napoleão, com
sagacidade genial, de longe o avisava: <i style="color: black;">«todo
o povo que está na vossa frente é vosso inimigo»</i>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2cMafWAR-D1isgrqpyIhJEMellgcGOQO3yGLXK0m8wZlLpRpMTRdlWlCcwbraU8mQZkrRPU39i4Fc60fFYnoXz8dyhjrWIOk5NnMaOHJyV720PVs50YRMtmvqCbOhro7p_HEirK-ZSOPM-aDp1YogAznYOXoiiLnr_KrHjpmENujSvr8OQwDHT9jBcWQ/s1069/800px-Monumento_aos_Her%C3%B3is_da_guerra_Peninsular_(Lisboa)1883.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1069" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2cMafWAR-D1isgrqpyIhJEMellgcGOQO3yGLXK0m8wZlLpRpMTRdlWlCcwbraU8mQZkrRPU39i4Fc60fFYnoXz8dyhjrWIOk5NnMaOHJyV720PVs50YRMtmvqCbOhro7p_HEirK-ZSOPM-aDp1YogAznYOXoiiLnr_KrHjpmENujSvr8OQwDHT9jBcWQ/w479-h640/800px-Monumento_aos_Her%C3%B3is_da_guerra_Peninsular_(Lisboa)1883.jpg" width="479" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular, na Praça de Entrecampos em Lisboa, Portugal.</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Organizou Junot a ocupação: nomeou um Conselho de Governo; e
substituiu pela francesa a bandeira portuguesa. Entretanto, e conforme ao
Tratado de Fontainebleau, ia cuidando de dividir Portugal em três estados: o
de Entre Douro e Minho, designado por Lusitânia Setentrional, seria atribuído à
rainha da Etrúria; o do sul do Tejo, a que se daria o nome de Principado do
Algarve, ficaria para Godoy, como paga a serventuário tão útil; e a Beira,
Estremadura e Trás-os-Montes ficariam em mão do Imperador, que poderia acaso
entregá-lo no futuro à Casa de Bragança. Tudo ia sendo conhecido do povo português;
e à passividade inicial sucedia uma revolta colectiva surda. Em 1808 surge uma
primeira insurreição popular. Mas as altas classes não pareciam participar desses
sentimentos. O marquês de Alorna, figura grada da nobreza, aceita comandar a
Legião Portuguesa ao serviço do Imperador, e bate-se na Rússia. Outros grandes
vultos dobram-se ao pedido de Junot para irem a Baiona, em comissão, prestar
vassalagem a Bonaparte: são bispos de Coimbra e do Algarve; são os marqueses de
Marialva, de Valença, de Penalva, de Abrantes; são o conde de Sabugal, o visconde
de Barbacena. Bonaparte recebe-os: depois manda-os internar: e em França
ficaram até ao fim do Império. E em Lisboa, na recepção do Conselho do Governo,
compareciam o alto clero, os representantes da nobreza, o alto funcionalismo.
Destas manifestações, e das grandes paradas militares nas ruas, estava ausente
o povo da capital.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Foi por fim de revolta aberta o estado de espírito colectivo.
Iniciou-se no Norte: Manuel de Sepúlveda, com outros, foi alma da insurreição <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn23" name="_ftnref23" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[23]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Espraia-se por outras cidades: e em Coimbra os estudantes organizam um corpo
militar que prestou relevantes serviços. Em 1808 efectiva-se o auxílio inglês:
Wellesley chega à Corunha; passa depois ao Porto, onde entra em contacto com o
general Bernardim Freire; e desce por mar à Figueira da Foz. Conferencia com o
almirante Cotton, que se mantinha em águas portuguesas. De Londres, Castlereagh
aconselha prudência: as forças francesas eram ainda poderosas. Mas Wellesley
resolve fazer a guerra: dirige-se às suas tropas para sublinhar que estão em
país amigo; e ao povo anuncia haver chegado o momento de o libertar e de
restaurar no governo o príncipe português legítimo. Iam começar as campanhas
peninsulares.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Depois de aceitar a Convenção de Sintra, Junot abandonara
Portugal. Em Espanha deflagra também a revolta: não fora frutuosa a entrevista
do novo Rei Católico, Fernando VII, com Bonaparte <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn24" name="_ftnref24" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[24]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Mas este, sem embargo da má fortuna que começava a cercar as suas armas,
mantém-se disposto a submeter a Península: compreendia que sem o domínio desta não
era possível destruir a Inglaterra. Trafalgar não poderia ser apagada de outra forma;
nem de outra maneira manter em Espanha a sua dinastia imperial. E assim repete
as invasões de Portugal: Soult em 1809, Massena em 1810. Mas eram já vultosas
as forças aliadas: e as tropas portuguesas, agora treinadas e experimentadas,
tornavam-se eficientes. Da campanha, por entre mil vicissitudes, ficaram na
memória dos homens os encontros de Torres e do Buçaco: e em Abril de 1811, junto
a Almeida, os franceses eram por fim batidos e expulsos <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn25" name="_ftnref25" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[25]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
O reino ficava livre de um pesadelo que, no plano político e no plano militar,
se prolongara por uma década. Em homens e em fazenda, foram sem conta os danos:
riqueza, propriedade pública e privada, valores artísticos, foram
irremediavelmente destruídos: e do ponto de vista social e económico foi grave
a convulsão, e profundo o sulco aberto na sociedade portuguesa. De novo
havíamos cometido um erro: não nos apercebemos com um mínimo de preparação militar.
Se fizermos uma crítica das decisões tomadas, conclui-se que era a política de
neutralidade a que mais convinha aos interesses do reino: não tínhamos com
efeito nenhum objectivo vital a defender no centro da Europa. Mas, apesar da
luta do Príncipe Regente nesse sentido, não conseguimos fazer respeitar aquela
neutralidade: não possuíamos sequer um simulacro de força: as classes
dirigentes, divididas em <i style="color: black;">partido francês</i>
e <i style="color: black;">partido inglês</i>, esqueceram-se de
que havia um <i style="color: black;">partido nacional</i>
simplesmente: e que este não poderia enfeudar-se à oscilação pendular dos interesses
das grandes potências, nem tomar como suas ideias alheias, apresentadas como
novas e definitivas mas em si mesmas efémeras, e destinadas a servir desígnios
não portugueses. Para liquidar estes anos turbulentos, estivemos em Viena:
pouco mais fomos do que espectadores: <i style="color: black;">mas
de nada beneficiámos</i>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjS7wN0LH48ysl6apG_vZPFL1ofgXzCQG4IJDvdP9RcK7Ra8PrB097a_-87EyZ7a4CqKy1x2v_CO6oOX_hga6Keshk9bffoo-vWsQdYY2css00sUtHreZnDOzxAG4-h7VIaxOkvPIKzmWqbupVvITEsL2Kp4CeF9bXm54ulxbF7uwDgIDhA2FwmBhqvENc/s814/800px-Europa_1815-pt.svg.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="814" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjS7wN0LH48ysl6apG_vZPFL1ofgXzCQG4IJDvdP9RcK7Ra8PrB097a_-87EyZ7a4CqKy1x2v_CO6oOX_hga6Keshk9bffoo-vWsQdYY2css00sUtHreZnDOzxAG4-h7VIaxOkvPIKzmWqbupVvITEsL2Kp4CeF9bXm54ulxbF7uwDgIDhA2FwmBhqvENc/w629-h640/800px-Europa_1815-pt.svg.png" width="629" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Mapa da Europa após o Congresso de Viena (1815).<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Reuniu-se o Congresso de Viena desde 27 de Setembro de 1814. Todo
o contencioso europeu ia ser debatido: o continente estava exangue: e o
equilíbrio haveria de ser restabelecido por negociação e compromisso. Estava
vencida a França, e contra os coligados na paz, como contra os coligados na
guerra, o velho Talleyrand ia mostrar um último clarão da sua habilidade.
Arvorou-se em paladino do <i style="color: black;">princípio da
legitimidade</i>: a conquista, por si, não era fonte de soberania. Arauto do
direito e da moral, Talleyrand procurou dividir os vencedores: negociava
separadamente com um e outro: e concluiu com a Inglaterra um tratado secreto de
aliança. Estava desfeita a coligação anti-francesa. Tratava-se agora de repetir
Westfalia e Utrecht, jogando no aparecimento de novas forças ou no declínio de
antigas: conseguir, em suma, um compromisso firmado nas realidades do poder.
Desde Pedro, o Grande, que a Rússia acumulava energias: foi uma das triunfadoras
de Viena: e obteve a Finlândia (que tomara aos suecos), a Bessarábia (que
arrebatara aos turcos), e a maior parte do ducado de Varsóvia, sob a forma de
reino polaco vassalo<b><span style="color: #bf9000;"> </span></b><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn26" name="_ftnref26" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[26]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Depois, a Prússia: recebia a Posnânia, anexava a Pomerânia sueca, a Silésia, o
Norte do Saxe, um grupo considerável de territórios no Reno (Westfalia, Grão-Ducado
de Berge), uma parte da margem esquerda daquele rio (a Prússia renana). Por fim,
a Áustria: estendia-se agora do Adriático à Itália, e incorporava as Províncias
Ilírias, o Tirol, o Salzburgo, a Lombardia e a Venécia. Constituía-se o reino
dos Países-Baixos, composto por Bélgica e Holanda; formava-se o Reino da
Sardenha, englobando a Sabóia, Nice, Piemonte e a República de Génova; e na Europa
nórdica a Noruega foi dada à Suécia e separada da Dinamarca que, como
compensação, recebia os ducados de Holstein e Schleswig. Formava a Itália uma
simples expressão geográfica, contendo sete estados distintos; e a Alemanha
erigia-se numa Confederação Germânica, de trinta e nove estados. Mas uma outra
grande beneficiada emergia de Viena: a Inglaterra. Apoderava-se de Malta e das
ilhas Jónias: com Gibraltar, era o domínio do Mediterrâneo. Engrandecia-se com
uma parte da Guiana francesa, Tobago, Trindade e Santa-Lucia. Incorporava
Ceilão e a Colónia do Cabo. Arrancara à França a Bélgica. A Inglaterra afirmava-se
como a maior potência marítima: e regulava sozinha os seus interesses. Era a
abertura do destino imperial britânico.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Portugal esteve em Viena, e representaram-no o conde de Palmela,
D. António Saldanha da Gama e D. Joaquim Lobo da Silveira. Eram limitados mas
mais do que justos os objectivos portugueses: fixação das fronteiras da Guiana,
nos termos que reclamávamos desde 1713; recuperação de Olivença; anulação do
tratado anglo-luso de 1810; indemnização. Conseguimos o reconhecimento dos
nossos direitos ao Norte do Amazonas, mas tivemos de ceder toda a Guiana; quanto
a Olivença era admitido o nosso direito, e comprometiam-se as potências a
empregar os seus <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bons ofícios</i> para
que nos fosse restituída; obtivemos a anulação do tratado anglo-luso de 1810,
que nos tinha forçado a ceder à Grã-Bretanha os territórios de Bissau e Cacheu
por cinquenta anos; e em matéria de indemnização foram-nos atribuídos dois
milhões de francos dos setecentos que a França teve de liquidar. Apenas a
Inglaterra foi impecável: pelos navios portugueses que apresara e pelos danos
causados ao nosso comércio liquidou a soma exacta que os nossos plenipotenciários
reclamavam. Os enviados portugueses houveram-se com extremos de habilidade,
energia e inteligência das forças profundas em presença; mas o equilíbrio
europeu, sanadas as suas querelas, deixa de atribuir a Portugal qualquer
atenção que não seja periférica, salvo se estiverem em causa territórios de
além-mar. Em Viena, fomos <i>sub-aliados</i>, e assim éramos oficialmente designados.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Compareceram no Congresso de Viena todas as grandes figuras da
época. Castlereagh e depois Wellington representavam a Inglaterra. Estava o
Tsar Alexadre em pessoa, acolitado de Nesselrode e Capo d’Istria; e Humboldt e Hardenberg,
pela Prússia. E estava Metternich pela Áustria: palaciano, sumptuário, vaidoso,
contente de si: mas também realista, cínico, já experimentado. Organizavam-se
conselhos restritos: o dos quatro, depois o dos oito. Acabou o Congresso por
ser orientado efectivamente pelo Conselho dos Cinco: eram os membros
permanentes da época </span><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn27" name="_ftnref27" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[27]</span></b></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">.
E lançavam-se as cerimónias e as festas galantes e preciosas: o mundanismo e a intelectualidade
da Europa colaboravam nos luxuosos palácios de Viena: e Schöenbrun era o
limite do esplendor. Conversava-se; fazia-se espírito; discutia-se alta
política; intrigava-se; reconciliavam-se os adversários; e Beethoven dirigia
pessoalmente a execução da </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Sétima
Sinfonia</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">. Mas o Congresso marcou uma época: reestruturou o continente em
bases realistas e de bom senso; soube estabelecer o equilíbrio entre as forças
em choque; Castlereagh esperava que aquele durasse pelo menos sete anos; mas,
não obstante alguns sobressaltos, o que foi concertado em Viena iria subsistir
por um século. Era o ano de 1815.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-novos-imperios-e-os-direitos-de.html">Franco Nogueira</a>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Crises e os Homens</i>, Livraria
Civilização Editora, 2.ª edição, 2000, pp. 145-157).<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjstDRnGkZURtm_rKla-0taeOSzwcf1lRb3LeQp2UMxH_wsSsHvVYbDLkAR5QQaGFgEEKnkDlt8tuP-n1P2Owc7suX1lFqvtgxObKqU-vWH-NRWBE0cIgo_bKabMkyh8L5B3Hho_tvRiM3wH2brYaNU41WghPENkSjDaHCKYU-R7pXMkNoU3a7nXUVry-s/s1024/Ferdinand_Schimon_-_Portrait_of_the_German_composer_Ludwig_van_Beethoven_(1770-1827)_at_the_age_of_4_-_(MeisterDrucke-1403061).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="807" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjstDRnGkZURtm_rKla-0taeOSzwcf1lRb3LeQp2UMxH_wsSsHvVYbDLkAR5QQaGFgEEKnkDlt8tuP-n1P2Owc7suX1lFqvtgxObKqU-vWH-NRWBE0cIgo_bKabMkyh8L5B3Hho_tvRiM3wH2brYaNU41WghPENkSjDaHCKYU-R7pXMkNoU3a7nXUVry-s/w315-h400/Ferdinand_Schimon_-_Portrait_of_the_German_composer_Ludwig_van_Beethoven_(1770-1827)_at_the_age_of_4_-_(MeisterDrucke-1403061).jpg" width="315" /></a></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCGF6R5bsAJCZPaO0f2y5sMCSwQZIteWWgC611YSZvWv17kUNS2nbmSefIoHd3kMH4O0gw9a25_7BFdF6fWxK2jOpMYM4LF7yKB5dP3aKcjyHBs4RkLjf6oCXALc7pVi94h1nioIF7tzNEXZRdjcHZxos4sckoBZT2lgDknKAoUDsght5KQfXRrreFw6g/s1920/Beethoven_Signature.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="304" data-original-width="1920" height="101" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCGF6R5bsAJCZPaO0f2y5sMCSwQZIteWWgC611YSZvWv17kUNS2nbmSefIoHd3kMH4O0gw9a25_7BFdF6fWxK2jOpMYM4LF7yKB5dP3aKcjyHBs4RkLjf6oCXALc7pVi94h1nioIF7tzNEXZRdjcHZxos4sckoBZT2lgDknKAoUDsght5KQfXRrreFw6g/w640-h101/Beethoven_Signature.svg.png" width="640" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div style="mso-element: footnote-list;">
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta</i> do marquês de Louriçal para o reino.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Texto completo em Ângelo
Pereira, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">D. João VI, Príncipe e Rei</i>,
I, 32.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Texto completo em Ângelo
Pereira, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> I, 37.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta</i> de A. J. Pegado a D. João de Mello e Castro, Setembro de
1800.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carta</i> do marquês de Ponte de Lima para o príncipe regente.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Texto em Ângelo Pereira, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> 81.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Texto completo em Ângelo
Pereira, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.,</i> I, 85.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Foi esta mesma Versão, entre
outras razões, que levou em 1939-1945 o general Franco a manter a neutralidade
espanhola, para evitar que tropas alemãs atravessassem a Espanha.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">História de Portugal</i>, Barcelos, VI, 277.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Porque Godoy mandou colher em
Elvas uns ramos de laranjeiras que enviou à rainha de Espanha.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Entre outras, Olivença.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">História de Portugal</i>, Barcelos, VI, 286.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«Humilde parecer de D. Rodrigo de Sousa sobre comprar a neutralidade à
França».</i><o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Parecer de D. Rodrigo de Sousa
Coutinho, 16 de Agosto de 1803.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Este marquês de Alorna era irmão
da célebre D. Leonor de Almeida, marquesa de Alorna (Alcipe), sem dúvida uma
das mulheres notáveis do seu tempo. Como condessa Oeynhausen deixou-nos diários
do maior interesse para conhecimento da política e da sociedade da época. Além,
evidentemente, da sua obra literária.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Carta do marquês de Alorna ao
príncipe, de 19 de Janeiro, 1804.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i>Instruções</i> de 8 de Outubro de
1807.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Foi <i style="mso-bidi-font-style: normal;">exactamente</i> o mesmo rumor que espalharam os espanhóis partidários
da Alemanha, na guerra de 39-45, no intuito de levar Franco a quebrar a
neutralidade e ocupar Portugal para se antecipar aos ingleses.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn19" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref19" name="_ftn19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Na Guerra de 39-45, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/04/nao-e-terra-que-se-explora-e-portugal.html">Oliveira Salazar</a> consegue um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pacto de Não-Agressão
luso-espanhol</i>, que assegurará a neutralidade da Península.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn20" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref20" name="_ftn20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Texto em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«No IV Centenário da Fundação do Rio de Janeiro»</i>, pp. 704 e 705,
publicação da Fundação Calouste Gulbenkian, compilada por Luís de Matos, 1965.
A política externa definida naquele documento foi exactamente a que, século e
meio mais tarde, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/12/a-crise-politica-europeia-e-situacao.html">Oliveira Salazar</a> praticou com êxito na guerra de 1939-1945.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ3VJmAMuizGP7MGyGzgwS-VLQfaJoixEU7VD1tpxZDYvrC5Kw8Mo0a6f29QA6r0GuqVwt7uGkVvxrbWus6LoPekqu2JfeLm_BwQK5mlZ4t2fXn7cNCTKhFH9QLWGaHVYrQfLTVR4tanEWYjGHIG1xm5kdYfhkToFX-driewaW_BZCRJo_5w2z2khoMRQ/s640/thumbnail_20181214175242_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="542" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ3VJmAMuizGP7MGyGzgwS-VLQfaJoixEU7VD1tpxZDYvrC5Kw8Mo0a6f29QA6r0GuqVwt7uGkVvxrbWus6LoPekqu2JfeLm_BwQK5mlZ4t2fXn7cNCTKhFH9QLWGaHVYrQfLTVR4tanEWYjGHIG1xm5kdYfhkToFX-driewaW_BZCRJo_5w2z2khoMRQ/s16000/thumbnail_20181214175242_00001.jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGuOdFLMHl5_g17MSzYNlFoBsC9L1ViQlwlz0bGeFRK4aCrSWIhSN72sr1uZoHMz9IuO9_wB28pfTjCYaOFYpHdHjLjKrGBwwV8kgqmJFFaRjMMXZzGUwgpswkcAC3LsI01jocXLqF0HSwoXIPQCri-O-b3WaI_dytul-0sz92CFy6Af9YWnRhyrphaNk/s400/800px-Firma_de_Ant%C3%B3nio_de_Oliveira_Salazar.svg%20(3).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="337" data-original-width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGuOdFLMHl5_g17MSzYNlFoBsC9L1ViQlwlz0bGeFRK4aCrSWIhSN72sr1uZoHMz9IuO9_wB28pfTjCYaOFYpHdHjLjKrGBwwV8kgqmJFFaRjMMXZzGUwgpswkcAC3LsI01jocXLqF0HSwoXIPQCri-O-b3WaI_dytul-0sz92CFy6Af9YWnRhyrphaNk/s16000/800px-Firma_de_Ant%C3%B3nio_de_Oliveira_Salazar.svg%20(3).png" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p>
</div><div id="ftn20" style="mso-element: footnote;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span></div><div id="ftn20" style="mso-element: footnote;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgM7OwJo8ZFdFTIYWqHS2Y9yu_7nZLcHrGBhKR4V7d-Oujuruwu4zJ1ce1ZYg9xWUM9a5i3JZ6Q6KJ4x7gmlnmHPmj4Yne3ksgQTdW0ngREPhGQWZ5rIVtDhT16kJuM3c5S45SAceyHpCAzUS-1X3nFrZrJAfJPmNoZuG0I3h1nE0nZsnlK3M7ddOPj5Gs/s575/frase-a-gratidao-pertence-a-historia-nao-a-politica-antonio-de-oliveira-salazar-153363%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="182" data-original-width="575" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgM7OwJo8ZFdFTIYWqHS2Y9yu_7nZLcHrGBhKR4V7d-Oujuruwu4zJ1ce1ZYg9xWUM9a5i3JZ6Q6KJ4x7gmlnmHPmj4Yne3ksgQTdW0ngREPhGQWZ5rIVtDhT16kJuM3c5S45SAceyHpCAzUS-1X3nFrZrJAfJPmNoZuG0I3h1nE0nZsnlK3M7ddOPj5Gs/s16000/frase-a-gratidao-pertence-a-historia-nao-a-politica-antonio-de-oliveira-salazar-153363%20(1).jpg" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span></div>
<div id="ftn21" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref21" name="_ftn21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Este documento confirma a mesma
doutrina que já consta da carta régia expedida ao porto de Lisboa em Outubro de
1807, e onde se afirma: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«Houve por bem
aceder à causa do continente, unindo-me a S.M. o Imperador dos Franceses... com
o fim de contribuir para a Paz Marítima».</i> A ideia de que a paz nos oceanos
era vital à manutenção dos domínios, e às ligações e comércio entre estes e o
reino, aparece aqui como essencial. Ver texto em Jorge de Macedo, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Bloqueio Continental, economia e guerra
peninsular</i>, p. 30. Foi rigorosamente aquela a posição do Governo português
na guerra de 39-1945.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn22" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref22" name="_ftn22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Jorge de Macedo, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Bloqueio Continental</i>, Lisboa, 1962, p.
25.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn23" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref23" name="_ftn23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Como é natural, abundam na novelística
portuguesa obras inspiradas nas invasões francesas. Por má fortuna é pouco
conhecido mas é um dos mais belos o romance <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
Paixão de Maria do Céu</i>, de Carlos Malheiro Dias.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn24" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref24" name="_ftn24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Também não foi frutuosa a entrevista
do general Franco com Hitler, em Hendaia, durante a guerra europeia de
1939-1945.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn25" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref25" name="_ftn25" style="mso-footnote-id: ftn25;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Sobre Wellesley, duque de
Wellington, e as campanhas da Península, é do maior interesse a obra de
Elizabeth Longford, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Wellington, the Years
of the Sword</i>, Londres, 1969. Embora apresentando o assunto de um ponto de vista
britânico, e tratando de aspectos subjectivos de Wellesley, é todavia livro
objectivo e bem documentado. Na campanha de 1811, recuperámos Olivença; mas Beresford
entregou a vila aos espanhóis.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn26" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref26" name="_ftn26" style="mso-footnote-id: ftn26;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Compare-se o actual sistema de
satélites na Europa Oriental, obtido por Estaline.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn27" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref27" name="_ftn27" style="mso-footnote-id: ftn27;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[27]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> O Conselho de Segurança da <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/prevencao-sobre-o-n-u.html">O. N. U.</a>
tem cinco membros permanentes.</span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIMYhjiEC7tVph1Vn6IcWLsaZ_9Nmpb9ZvNgb0AhFh-YAsFusvgM7NLC-L0H9gMN-hocqG4Osgo3hUgoguMshx-bqYDqbUYeaRXt3ppp9sc5qmJKS5pdXVK5z9VOW-e91pKxwnIAM5xQmdUw7AVslj68Sbp-7SDBj51TFIzl4Q0m_oAtN2Gx0orIyYGqc/s800/UN-Sicherheitsrat_-_UN_Security_Council_-_New_York_City_-_2014_01_06.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIMYhjiEC7tVph1Vn6IcWLsaZ_9Nmpb9ZvNgb0AhFh-YAsFusvgM7NLC-L0H9gMN-hocqG4Osgo3hUgoguMshx-bqYDqbUYeaRXt3ppp9sc5qmJKS5pdXVK5z9VOW-e91pKxwnIAM5xQmdUw7AVslj68Sbp-7SDBj51TFIzl4Q0m_oAtN2Gx0orIyYGqc/w640-h480/UN-Sicherheitsrat_-_UN_Security_Council_-_New_York_City_-_2014_01_06.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Sala do Conselho de Segurança da ONU, em Nova Iorque.<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCf-WyloU3zhzhFGAXDPmT0rsh6I7uerDu3DAr20DCZCAoJDu0bDew3v41sFrgIygH_pgnNmhW22g3A360GyuXG2pQWjued1hcROHCgGxUNBmBpksR47SeuKqCPrmoxzAkbjBWyFN6QCwQggbBN89S0f6ZgVgKOrM__3i0FcZAdx8zG4vACr1Km_j5qmY/s1024/67%C2%BA_Per%C3%ADodo_de_Sesiones_de_la_Asamblea_General_de_Naciones_Unidas_(8020913157).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="683" data-original-width="1024" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCf-WyloU3zhzhFGAXDPmT0rsh6I7uerDu3DAr20DCZCAoJDu0bDew3v41sFrgIygH_pgnNmhW22g3A360GyuXG2pQWjued1hcROHCgGxUNBmBpksR47SeuKqCPrmoxzAkbjBWyFN6QCwQggbBN89S0f6ZgVgKOrM__3i0FcZAdx8zG4vACr1Km_j5qmY/w640-h426/67%C2%BA_Per%C3%ADodo_de_Sesiones_de_la_Asamblea_General_de_Naciones_Unidas_(8020913157).jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB4GX98_xDeW8DRRRHb9ljmI7PTELv8rQSciO-N1oBVAEC6CSIOj3vlY0yegxjEJyTERaFWk7JGxcOdw0p8eEivfXScXtv4JHkFyfpxlj0PuGPg_a4LaUF9qW9wgiJy6avliMzB7cHD1Fk1tpK-3S9x1EmVgTWj6oGK9ou2EGsBo8ITtvVIPmzTHbBZKI/s1024/Flag_of_the_United_Nations.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="683" data-original-width="1024" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB4GX98_xDeW8DRRRHb9ljmI7PTELv8rQSciO-N1oBVAEC6CSIOj3vlY0yegxjEJyTERaFWk7JGxcOdw0p8eEivfXScXtv4JHkFyfpxlj0PuGPg_a4LaUF9qW9wgiJy6avliMzB7cHD1Fk1tpK-3S9x1EmVgTWj6oGK9ou2EGsBo8ITtvVIPmzTHbBZKI/w640-h426/Flag_of_the_United_Nations.svg.png" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQZg53FHipThIx8Gz0JIqPD_yy1LRETuVQL3N0zWuuYlFcwl7ZHa88kKgfw06n1zcaZC9AI6BX_DJGBriC0_I312WY2RORvlCxl6r8yT-ymBlJ7rxQEnszsX4Uh33TqW1zTmDtStIFOYLGsc_WRnVKns85m5elZWz9-GNcRXZcqvjYjOa3RM3fo1Xpc9Y/s370/370px-UN_member_states_animation.gif" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="212" data-original-width="370" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQZg53FHipThIx8Gz0JIqPD_yy1LRETuVQL3N0zWuuYlFcwl7ZHa88kKgfw06n1zcaZC9AI6BX_DJGBriC0_I312WY2RORvlCxl6r8yT-ymBlJ7rxQEnszsX4Uh33TqW1zTmDtStIFOYLGsc_WRnVKns85m5elZWz9-GNcRXZcqvjYjOa3RM3fo1Xpc9Y/s16000/370px-UN_member_states_animation.gif" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWot70ta9KYE5J2f_DU5dqfn-L1fYBhXuIL7UZQDajVESUmeifBXwva9iU2_sfe8S5MiDzU1nP3B-LTPDs_ajWe3OStHTGKc8F9s351_NBAQCrAS0s7RwQU0lEoDUbQFWLODAS9MgkQgOCIEIdgnv6Qs_IfDVSUDVf6tZ-y9BujY8Wrnre4y1II-kU4F0/s514/quote-the-united-nations-is-useless-and-also-harmful-it-is-a-land-that-flowers-demagoguery-antonio-de-oliveira-salazar-112-5-0557.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="327" data-original-width="514" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWot70ta9KYE5J2f_DU5dqfn-L1fYBhXuIL7UZQDajVESUmeifBXwva9iU2_sfe8S5MiDzU1nP3B-LTPDs_ajWe3OStHTGKc8F9s351_NBAQCrAS0s7RwQU0lEoDUbQFWLODAS9MgkQgOCIEIdgnv6Qs_IfDVSUDVf6tZ-y9BujY8Wrnre4y1II-kU4F0/s16000/quote-the-united-nations-is-useless-and-also-harmful-it-is-a-land-that-flowers-demagoguery-antonio-de-oliveira-salazar-112-5-0557.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Ver <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/01/genocidio-contra-portugal.html">aqui</a>, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/12/onu-o-supergoverno-mundial-i.html">aqui</a>, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/12/onu-o-supergoverno-mundial-ii.html">aqui</a> e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/12/onu-o-supergoverno-mundial-iii.html">aqui</a><br /></span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><br /></span><p></p></div></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-35096882199177000022023-08-05T13:45:00.003-07:002023-08-06T18:29:22.964-07:00D. João o Segundo<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Fernando Pessoa</span></b></p><p><br /></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGeQKFerfL4FJMwlurMTekyfyyk9CimpHjsGRGVJoG-oZs5XFMJwoy71b0p6KeklVYiFMujU8N3cVp69Z_H8o2zE7Wzow202WxH3MT0qZRSv4hIgjA0J17YYb-YBpP4wE6lL4ysoZD2xTsGxu4usFi5h31I8h7liFg3oeW6nBhEjHs3-Klib7CK5k7Srg/s800/Afonso_Africano_armando_cavaleiro_seu_filho_D._Jo%C3%A3o,_na_presen%C3%A7a_do_cad%C3%A1ver_do_Marqu%C3%AAs_de_Marialva_na_mesquita_de_Arzila_depois_da_tomada_desta_cidade_-_Domingos_Sequeira.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="717" data-original-width="800" height="574" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGeQKFerfL4FJMwlurMTekyfyyk9CimpHjsGRGVJoG-oZs5XFMJwoy71b0p6KeklVYiFMujU8N3cVp69Z_H8o2zE7Wzow202WxH3MT0qZRSv4hIgjA0J17YYb-YBpP4wE6lL4ysoZD2xTsGxu4usFi5h31I8h7liFg3oeW6nBhEjHs3-Klib7CK5k7Srg/w640-h574/Afonso_Africano_armando_cavaleiro_seu_filho_D._Jo%C3%A3o,_na_presen%C3%A7a_do_cad%C3%A1ver_do_Marqu%C3%AAs_de_Marialva_na_mesquita_de_Arzila_depois_da_tomada_desta_cidade_-_Domingos_Sequeira.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;"><i>D. Afonso V armando D. João II como cavaleiro</i>, na cidade de Arzila, por Domingos Sequeira.</span></b></td></tr></tbody></table><p><br /></p><p></p><p align="center" class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #cc0000;">UMA ASA DO GRIFO</span></b><o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Braços cruzados, fita além do mar.<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Parece em promontório uma alta serra –<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">O limite da terra a dominar<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">O mar que possa haver além da terra.<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><o:p><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;"> </span></b></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Seu formidável vulto solitário<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Enche de estar presente o mar e o céu.<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">E parece temer o mundo vário<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="color: #0b5394; font-size: large;">Que ele abra os braços e lhe rasgue o véu.</span></b></span></p><p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif";"><b><span style="font-size: large;"> </span></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="font-size: large;"><span>Mensagem</span><o:p></o:p></span></b></span></i></p><p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; line-height: 115%;"><b><span style="font-size: large;"><span style="color: #bf9000;"><br /></span></span></b></span></i></p><p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: medium;"><b><span style="color: #bf9000;">Ver </span><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/01/o-infante-d-henrique.html">aqui</a> <span style="color: #bf9000;">e</span> <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/o-marte-portugues.html">aqui</a></b></span></p><br /><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiV7MrAK5rAk83Yt8vw5ZCozcAqlDo1p-OWhAcIggnwUfFYniI9XoAY4aoDkBMnqp0q0hUf0it0TAuGHpt-l2kxwwS_eAg8FJxpPGLeD6kgqMDBzNud8Qhjh5M-rW0SNOcwmzVCA65_-JxKMhzHe8kPcruBCiPinRaFDWL6z5PPUsWjAoCscqupQGB4qM/s928/Royal_Arms_of_Portugal.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="928" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiV7MrAK5rAk83Yt8vw5ZCozcAqlDo1p-OWhAcIggnwUfFYniI9XoAY4aoDkBMnqp0q0hUf0it0TAuGHpt-l2kxwwS_eAg8FJxpPGLeD6kgqMDBzNud8Qhjh5M-rW0SNOcwmzVCA65_-JxKMhzHe8kPcruBCiPinRaFDWL6z5PPUsWjAoCscqupQGB4qM/w552-h640/Royal_Arms_of_Portugal.svg.png" width="552" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br />Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-32202676816244189882023-08-02T04:40:00.002-07:002023-08-02T04:47:32.815-07:00Templarismo e Joanismo<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por António Quadros</span></b></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirfKDtViF_KtwsJHB4R70cSZI0TmjGH9LTsz2tApNNoc6h65ZCb6KHHv_ca3O-EspyuWyfr3FmxM3sTy3zBdeDH0xFNwoxH8mU4wpepzaZ5sJKQHryWvS7Usq0jY91kO-qy5WJmKS2vwMP-gna4p0Phv5FNqLVDizNKUXELjNIMMq85DdL1KOET-pkfHE/s784/05_27_2-001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="784" data-original-width="516" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirfKDtViF_KtwsJHB4R70cSZI0TmjGH9LTsz2tApNNoc6h65ZCb6KHHv_ca3O-EspyuWyfr3FmxM3sTy3zBdeDH0xFNwoxH8mU4wpepzaZ5sJKQHryWvS7Usq0jY91kO-qy5WJmKS2vwMP-gna4p0Phv5FNqLVDizNKUXELjNIMMq85DdL1KOET-pkfHE/s16000/05_27_2-001.jpg" /></a></div><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: left;"><br /></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #274e13; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«O Álvaro Ribeiro, acompanhando as palavras com aquele inteligente
sorriso, sinceramente bondoso e malicioso, que todos lhe conhecemos, dizia-me
muitas vezes nos últimos tempos: - António Telmo, em Portugal só há a Igreja Católica;
ou somos contra ou somos a favor. Admiro o Papa que, na profecia de S.
Malaquias, recebe a legenda “De Labore Solis”, o papa viajante e vigilante, que
perturba os que estão à esquerda e à direita, porque àqueles diz infalivelmente
“tradição” e a estes infalivelmente diz “revolução”.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/03/mito-e-simbolo-em-antonio-quadros.html">António Telmo</a> para <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/sao-bernardo-guia-espiritual.html">António Quadros</a> (Carta XVIII. Estremoz, 7-4-87,
in <i>António Quadros e António Telmo:
Epistolário e Estudos complementares</i>).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #274e13; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #274e13; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Receei na verdade que você, ou não tivesse recebido o livro, ou
nada me quisesse dizer a seu respeito por o achar demasiado cristão, católico.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #274e13; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Aliás, você foi direito a um dos tópicos mais controversos, uma
pedra de toque, a questão dos Jesuítas. Na realidade, julgo ser um
livre-pensador, só que não quero perder a ligação directa, vivencial, a uma
Igreja <u>pontifícia</u>. A ponte com o sobrenatural pode decerto dispensar a
Igreja, como sucede com os místicos e os gnósticos, mas, não me sentindo ou não
sendo agraciado com tais faculdades, ao menos situo-me na ponte entre o hoje
existencial e o eterno divino, representado na herança de Cristo Jesus a Pedro
e aos Pontífices. Contudo, é ainda mais funda (embora dificilmente expressável)
a minha ligação também pontifícia, à Igreja de João e do Espírito Santo, o que
me defende de cair no clericalismo e no dogmatismo. Há aqui um acto de
humildade, como penso que terá sido o de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/o-misterio-e-feminino-tratai-o-como.html">Leonardo</a>, na sua <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/10/a-conversao-catolica-de-leonardo.html">conversão</a> pública. A
metanóia era muito, muito anterior. Mas, com a sua <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/10/a-conversao-catolica-de-leonardo_14.html">conversão</a> pública, não quis
ele diminuir o <u>ego</u> e juntar-se ao povo que não tem acesso a outras
pontes, senão a ponte por Pedro?</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #274e13; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>No fundo, este meu segundo volume foi (ao menos para mim) um livro
<u>luminoso</u>.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #274e13; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Que vai ser o terceiro (que ainda não comecei a escrever), se é no
terceiro que tenho de defrontar os problemas da Contra-Reforma e depois do
Iluminismo? Julgo que vai ser um livro labiríntico, de luz-sombra ou de
sombra-luz, mas mais sombrio do que aquele.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #274e13; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Pensei muito em si, quando, <u>espectacularmente</u>, marquei as
datas de 1321-1521 para o <u>projecto áureo</u>. Claro, isto foi um pouco de
provocação, pois as vidas não se podem datar com tanta precisão. O fim do ciclo
é a morte de D. Manuel (como eu marquei) ou a época infamante em que D. Manuel,
por ambição, cede aos Reis Católicos, <u>obriga </u>à conversão artificial dos
Judeus, à figura do Cristão Novo, à expulsão dos Judeus Velhos, como no seu
conceito, caro António?</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #274e13; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Pois apesar de tudo forço na figura de D. Manuel, não só porque
acho que ele quis sobretudo enganar os espanhóis, para obter o trono das
Espanhas, mas também porque ele era da Ordem de Cristo e lhe devemos a Arte
Manuelina e Gil Vicente. Mas fi-lo em dúvida íntima!</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #274e13; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Que significa, aqui, passar da <u>Ordem</u> de <u>Cristo </u>à <u>Companhia</u> de <u>Jesus?</u> Eis um tema em que tenho de lutar corpo a corpo. Eu não faço
propriamente uma distinção entre os Jesuítas espanhóis e os portugueses. Os
portugueses da primeira vaga, da geração de Loyola, foram de facto iguais aos
espanhóis.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #274e13; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Põe-se-me no entanto a dúvida quanto aos das vagas seguintes. É
que, com o período <u>filipino</u>, eles descobriram-se <u>portugueses</u> – e daí
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/12/lagrimas-de-heraclito-defendidas-em.html">Vieira</a>, a quem <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/04/antonio-vieira.html">F. Pessoa</a> chamou <u>Mestre da Ordem dos Templários</u>!
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-novos-imperios-e-os-direitos-de.html">Estiveram na luta pela restauração, colaboraram na expansão, lutaram contra holandeses e ingleses</a>, e, na luta contra <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/04/sebastiao-jose-i.html">Pombal</a>, de que lado deveremos estar?
Aí eles defenderam o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/11/o-tomismo-uma-filosofia-do-seculo-xiii.html">tomismo</a> e o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/11/o-aristotelismo-conimbricense.html">aristotelismo</a> contra a filosofia das luzes e a
reforma de Verney.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #274e13; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Como vê, são temas para os quais estou desperto e para os quais
não tenho de momento solução pronta. Vai ser um dos pontos mais difíceis do
vol. III. Uma coisa é certa: serei tão objectivo e livre-pensador quanto possível.
D. João III e a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/04/inquisicao-e-cristaos-novos-i.html">Inquisição</a> são imperdoáveis. Os Jesuítas... a questão é ambígua
e controversa. Preciso de estudar melhor o problema, pelo que a sua ajuda seria
preciosa. Como vê você os problemas que levantei? Mas a minha conclusão final
será sempre <u>criacionista</u>. A regeneração passa, depois da fase dos mitos,
pela fase do criacionismo filosófico, por uma filosofia teleológica, segundo o
magistério dos nossos mestres.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;">
</p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/o-pais-templario.html">António Quadros</a> para <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/07/mombaca-terra-do-mal.html">António Telmo</a>
(Carta XXI, Cascais, 8.7.87, in <i>António
Quadros e António Telmo: Epistolário e Estudos complementares</i>).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeaZJNXnDaikcujTnQvs16tboKrKXu0WX9saaJBio-atqZOb4QdLsBWYCYGlYsws25y65kmtosMbjz9BXOCr2uoQIcFdVETbu0R3HlABmTYOXMYWeTVIApdxotTE_F6wmezWL9yl30NhD5xyMYtjTQhqRPJ43nzf9dyrafKW-T_9kt8y6QTDyNyX91ibA/s800/20160326163255_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="555" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeaZJNXnDaikcujTnQvs16tboKrKXu0WX9saaJBio-atqZOb4QdLsBWYCYGlYsws25y65kmtosMbjz9BXOCr2uoQIcFdVETbu0R3HlABmTYOXMYWeTVIApdxotTE_F6wmezWL9yl30NhD5xyMYtjTQhqRPJ43nzf9dyrafKW-T_9kt8y6QTDyNyX91ibA/w444-h640/20160326163255_00001.jpg" width="444" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #990000;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><span style="line-height: 115%;"><b><span style="color: #990000; font-family: times; font-size: x-large;">Templarismo e Joanismo</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><br /></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Muito embora sujeitos à regra religiosa de Cister e à sua própria,
redigida por <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/03/sao-bernardo-de-claraval.html">S. Bernardo</a>, obedientes pois a Roma no espiritual e cristãos sobre
os quais nunca impendeu ou se provou heresia, pois a Ordem foi dissolvida pelo
Papa Clemente V a instâncias de Filipe o Belo, sem que os seus membros tenham
sido excomungados, os <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/03/o-ouro-dos-templarios-i.html">Templários</a> formaram uma sociedade iniciática.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O mesmo é dizer que tiveram uma espiritualidade própria e procuraram
realizar um projecto, para além do lado exterior e visível da sua acção. Entre
outras formalidades da sua iniciação na Ordem, os Cavaleiros deviam responder <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sim, se Deus quiser</i>, às perguntas
sucessivamente feitas pelo Mestre: se estavam dispostos a todas a tribulações, a
partir a qualquer momento para a Palestina ou para a Síria, sem nunca discutir
as ordens superiores, se acederiam a ser privados de comida, de sono, do luxo
do seu vestuário e das suas armas, do seu tempo e da sua pessoa, se
renunciariam ao pecado para servir a Deus, se fariam profissão de pobreza e
obediência para merecer a salvação. O iniciando deveria ainda, sobre o
Evangelho aberto no cânone da Missa, jurar que não era casado, não esteve
noivo, não tinha dívidas, não pertencia a outra Ordem, gozava de boa saúde, não
era padre, era de boa linhagem e não era excomungado.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Se não houvesse objecções dos irmãos presentes, o suplicante
deveria prometer obediência total ao Mestre e Superiores, pobreza e respeito
estrito pelas regras, fidelidade à religião, ajuda total e leal à conquista da
Terra Santa ou à protecção e defesa das pessoas e bens da cristandade.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Em seguida, depois do Canto do Salmo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ecce quam bonum</i>, era recitada a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Oração
do Espírito Santo</i> e parece que era dado o beijo da paz na boca do novo
irmão, com o sentido de comunicação do sopro divino, do sopro do Divino
Paráclito. Antes de terminar a recepção, era-lhe oferecida uma corda sem nós,
que a partir daí devia trazer sempre em volta da cintura, no duplo sentido de
ligação à Ordem e de isolamento das forças maléficas.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">No final da cerimónia, eram indicados ao neófito as punições que
receberia no caso de transgressão, que podiam ir desde a fustigação até à
expulsão da Ordem </span><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Um das faltas mais graves era a da cobardia perante o inimigo.
Para melhor compreender o espírito templário, vale a pena transcrever esta
página em que Alexandre Herculano, a propósito da batalha em volta de Alcácer
do Sal, no tempo de D. Afonso II, descreve não só a atitude guerreira dos
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/03/o-ouro-dos-templarios-ii.html">Templários</a>, mas ainda os castigos que receberiam se acaso fraquejassem na luta:
<i style="color: black;">Os esquadrões do Templo ao formarem-se
para a batalha guardavam profundo silêncio, que só era cortado pelo ciciar do
balsão bicolor (negro e branco) que os guiava despregado ao vento e dos longos
e alvos mantos dos cavaleiros que se agitavam. À voz do mestre uma trombeta
dava o sinal e os freires, erguendo os olhos ao céu, entoavam o Hymno de David:
Não a nós, Senhor, não a nós! Mas dá glória ao teu nome! – Então,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>abaixando as lanças e esporeando os ginetes,
arrojavam-se ao inimigo, como a tempestade, envoltos em turbilhões de pó.
Primeiros no ferir, eram os últimos a retirar-se quando assim lh’o ordenavam.
Desprezando os combates singulares, preferiam acommeter as colunnas cerradas, e
para elles não havia recuar: ou as dispersavam ou morriam. A morte era, de
feito, mais bella para o templário que vida comprada com a cobardia. Bastava
que não atingisse ao typo de valor humano, como os velhos guerreiros da ordem o
concebiam, para ser punido por fraco. A cruz vermelha, distinctivo da
corporação, sobre o manto branco sobre que estava bordada tiravam-se-lhes
ignominiosamente, e ele ficava separado dos seus irmãos como um empestado.
Obrigavam-no a comer sobre o chão nu: não lhe era lícito o desforço das
injúrias e nem sequer castigar um cão que o maltratasse. Só depois de um anno,
se o capítulo julgava a culpa expiada, o desgraçado cingia de novo o cíngulo
militar para ir, talvez na primeira batalha, afogar no próprio sangue a memória
de um anno de affrontas e de suplício </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAqnZBPygK4bLyjT5WvmolL-8rSD1aMoQhdahrqcFuZ5N1_B3_c9YuUiEAfoss8nbBmhQsn-3iF5REeF7lIKN0BlXHBr-Ziy3VINXdTxRrgNBRQLGhqtjJsaPsIba8xj81uSOdSzDKdLkyJKjCEMp6LxyTAvHxjwJEFPbhgGLm4GbFBF2qtMJV4QDh8Mk/s800/800px-Knights_Templar_Cross.svg%20(1).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAqnZBPygK4bLyjT5WvmolL-8rSD1aMoQhdahrqcFuZ5N1_B3_c9YuUiEAfoss8nbBmhQsn-3iF5REeF7lIKN0BlXHBr-Ziy3VINXdTxRrgNBRQLGhqtjJsaPsIba8xj81uSOdSzDKdLkyJKjCEMp6LxyTAvHxjwJEFPbhgGLm4GbFBF2qtMJV4QDh8Mk/w640-h640/800px-Knights_Templar_Cross.svg%20(1).png" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Devido a este idealismo, a esta convicção, a este rigor e a esta
eficácia, a Ordem dos Templários, tornou-se uma das instituições mais fortes da
Europa, onde chegou a ter cerca de 10 000 comandarias, castelos
fortificados e domicílios. Foram os depositários dos reis e senhores, inventaram
as cartas de crédito e um sistema bancário que enriqueceu a Ordem, muito embora
os seus membros tivessem o dever da pobreza voluntária. Dentro da Ordem, os
Cavaleiros eram uma minoria, pois cerca de nove décimos eram escudeiros,
serventes ou capelães.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Participaram do espírito e do projecto templários D. Afonso
Henriques, Cavaleiro do Templo, bem como os seus sucessores, no reinado dos
quais, até D. Afonso III, se fez a conquista e a consolidação do território,
expulsando os islamitas e defendendo-o das suas investidas, bem como das
ambições territoriais vizinhas, sempre com a ajuda fiel dos <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/03/o-ouro-dos-templarios-iii.html">templários</a>, a quem
foram concedidos constantemente novos privilégios e que a partir de 1288, sob
D. Dinis, com o Mestre D. João Fernandes, se separaram de Leão e de Castela,
passando a ter total autonomia <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[3]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ora tal espírito e projecto não se resumiram, nem só à defesa dos
lugares santos da Palestina, nem apenas, mais tarde, à conquista dos
territórios ibéricos sob domínio muçulmano. A Cavalaria do Templo, mesmo depois
de abandonado aquele e de atingido este objectivo (pelo menos em Portugal),
preserverou num combate que agora já não tinha adversários tão facilmente
visíveis e nomeáveis. Neste combate por assim dizer invisível, travado na
frente de toda a Europa e para além dela, tomou parte, como um dos principais
protagonistas, o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/11/o-templo-portugues-um-caso-atipico-e.html">templarismo português</a>, ou seja, o núcleo cavalheiresco mais
poderoso e idealista que trabalhava no interior da nossa sociedade, junto às
elites e à coroa, em colaboração decerto com a Igreja, mas com uma missão
específica.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O essencial da missão ecuménica templária, transcendendo os
objectivos imediatos e até os interesses nacionalistas das suas sedes nos cristãos,
foi a nosso ver a preparação no temporal para a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Jerusalém Celeste</i>, cuja descida sobre a terra foi profetizada por S. João no <i>Apocalipse</i> e cuja teologia escatológica foi teorizada por
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/03/o-misterio-da-encarnacao.html">Santo Agostinho</a> (inspirador da sua primeira regra, em Jerusalém) na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cidade de Deus</i>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O selo do Grão-Mestre da Ordem do Templo representava o Templo de
Salomão, o que significava muito provavelmente uma alusão ao Templo destruído
pelos romanos, mas antes ao <i style="color: black;">Templo ideal,
o da Luz e o do Espírito, destruído pelos filhos das Trevas e da Matéria </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: #bf9000;"><b>[4]</b></span></span></span><!--[endif]--></span></a>,
que os templários <i style="color: black;">estavam missionados
para reconstruir</i>. Ordem da Cavalaria do Templo de Salomão, também chamada <i style="color: black;">Milícia de Cristo</i>. O Templo de Salomão
reconstruído simbolizava a futura Jerusalém Celeste, cujo advento se tornara
possível depois da Encarnação e da Paixão de Cristo, quando os povos se lhe
convertessem ou, como tudo parece indicar, quando as grandes religiões do mundo,
nomeadamente as monoteístas, a cristã, a judaica e a islâmica, estabelecessem
entre si a <i style="color: black;">Novíssima Aliança</i>, unindo
no futuro escatológico profetizado por S. João, os seus universalismos
separados, as suas teologias, as suas escatologias. Seria o tempo do <i style="color: black;">Espírito Santo</i>, anunciado no <i style="color: black;">Evangelho de S. João</i>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJc-mFnoi0xq1Hg1yjBvOsb6_3VKZdqSk16KEGU1kYunrghrIpUsF7HO7BXqxuoMXym06DQYzpnlx6y8jDYGLa2kfEtDTlyxeYyUsRf-GYmXzOrTPetz79Rf_mSDdMsdUAIVy1aou0cTP1l3ne2v5IJfnknpLoE1JuefAYonRjCa1d2Ty9exFcgs5200E/s1134/Alonso_Cano_001.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1134" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJc-mFnoi0xq1Hg1yjBvOsb6_3VKZdqSk16KEGU1kYunrghrIpUsF7HO7BXqxuoMXym06DQYzpnlx6y8jDYGLa2kfEtDTlyxeYyUsRf-GYmXzOrTPetz79Rf_mSDdMsdUAIVy1aou0cTP1l3ne2v5IJfnknpLoE1JuefAYonRjCa1d2Ty9exFcgs5200E/w451-h640/Alonso_Cano_001.jpg" width="451" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #bf9000;"><b>João de Patmos, por Alonso Cano (1640).</b></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3SZSNNBBoEQPWwkhpwtVk7V7-uNEJdxmMVTnmgZL0dvUhPu7RkXVApCpCICg9AZq4sUzgx8-i_3g6r7L_7w62NnoFQ44PkT_rZ5hfL3-PLbkI7M_fjtjM9K0dzTJUQkbspJDxiu8KUzxovTq-M_KtwaDgSLO3P-ORLQWvf6TX2-TSdCkO03YhCW-KnoQ/s800/Patmos01.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3SZSNNBBoEQPWwkhpwtVk7V7-uNEJdxmMVTnmgZL0dvUhPu7RkXVApCpCICg9AZq4sUzgx8-i_3g6r7L_7w62NnoFQ44PkT_rZ5hfL3-PLbkI7M_fjtjM9K0dzTJUQkbspJDxiu8KUzxovTq-M_KtwaDgSLO3P-ORLQWvf6TX2-TSdCkO03YhCW-KnoQ/w640-h480/Patmos01.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Ilha de Patmos</span></b></td></tr></tbody></table><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdfK5Axdja5e4s_piZYQ93sNErSQQtS1TEDtNQf2Sa8vBr3rQZxvzlNT_YHnCE22jxB3PTUYfFMZQOFKeDt-PcVTyMBpEP6HdIKif6qkckffskNDjl_5O_Pdco7tUl8yjXlZaZoHavxo5dHsP1tHo3L8QT5aNyQaUTWmJZUB45dbuGIMsV4uzYGj1__Io/s626/GR_Patmos.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="536" data-original-width="626" height="548" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdfK5Axdja5e4s_piZYQ93sNErSQQtS1TEDtNQf2Sa8vBr3rQZxvzlNT_YHnCE22jxB3PTUYfFMZQOFKeDt-PcVTyMBpEP6HdIKif6qkckffskNDjl_5O_Pdco7tUl8yjXlZaZoHavxo5dHsP1tHo3L8QT5aNyQaUTWmJZUB45dbuGIMsV4uzYGj1__Io/w640-h548/GR_Patmos.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Localização da ilha de Patmos.</span></b></td></tr></tbody></table><br /><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Já vimos que os Templários, no momento da sua iniciação, rezavam
precisamente a Oração do Espírito Santo. Além disso, era sobre este Evangelho,
aberto sobre a primeira página, onde diz <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ao
princípio era o Verbo e o Verbo era com Deus e o Verbo era Deus</i>, que faziam
os seus juramentos</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: #bf9000;"> </span><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: #bf9000;"><b>[5]</b></span></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Acrescentemos que o bastão de comando do Grão-Mestre tinha na <i style="color: black;">extremidade um globo soprepujado por uma
cruz templária dentro de um círculo </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[6]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
sinal da sua missão ecuménica e mundial. Se o conotarmos com um <i style="color: black;">grafitti </i>do Castelo de Chinon, estudados
por Probst-Biraben, representando um globo terrestre cingido de uma banda e que
devia estar sobrepujado por uma cruz, denotativa do Poder imperial <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[7]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
(que a outro nível o hermeneuta relaciona com o signo oriental <i style="color: black;">Yin-Yang</i>, pela divisão em dois do mundo,
formando um equilíbrio de contrários) <i style="color: black;">não
haverá aqui uma prefiguração da esfera armilar manuelina</i>, ligada à Ordem de
Cristo, sucessora do Templo?</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O outro sinete templário ostenta como se sabe<i style="color: black;"> dois cavaleiros montados num único cavalo</i>. Esta imagem seria para
a maioria dos comentadores uma alegoria à pobreza voluntária desta Ordem de
Cavalaria, o que não condiz muito, no entanto, com a realidade. Os cavaleiros,
todos de origem aristocrática, tinham abandonado os seus bens mas a Ordem foi
sempre protegida pela Igreja, pelos cruzados, pelo poder temporal na Palestina
e pelo poder real, dados os seus inestimáveis serviços. Tinham em geral três
cavalos e um escudeiro ao seu serviço, por vezes mais em casos excepcionais. O
Grão-Mestre tinha quatro cavalos e quando saía ia sempre acompanhado de dois
cavaleiros, um de cada lado, tendo ainda no séquito pessoal um capelão, um
secretário-intérprete (em geral islamita, quando na Palestina), um cozinheiro,
um ferreiro e vários serventes para cuidar dos seus cavalos, das suas
instalações ou da sua pessoa <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[8]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">A significação dos dois cavaleiros deve ser, segundo se nos
afigura o mais plausível de acordo com a linguagem simbólica em uso na época,
referida à dupla fidelidade templária, isto é, à </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Jerusalém Celeste</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">. A primeira é o centro espiritual visível da </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Cidade dos Homens</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">, é o </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">axis mundi</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">, centro também da Igreja
Cristã e Católica, substituindo na idealidade das Cruzadas, a própria Roma,
onde o Sumo Pontífice estava sediado provisoriamente, até que a Terra Santa
fosse conquistada, pacificada, tornada segura. Um dia o Papa tomaria o seu
lugar de direito na Jerusalém palestina, na </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Jerusalém
Terrestre</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">, eixo eclesiástico do mundo. Quanto à segunda, é a </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Cidade de Deus</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">, para a qual está
ordenada a </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Cidade dos Homens</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">, no
pensamento de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/11/genesis_10.html">Santo Agostinho</a>, porque </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">a
vinha de Cristo na sua carne com todas as maravilhas que surgiram na sua pessoa,
ou foram realizadas em seu nome, o arrependimento dos homens e a conversão das
suas vontades a Deus, a remissão dos pecados, a graça que justifica, a fé dos
santos e por toda a terra essa multidão de homens que acreditam na verdadeira
divindade (...) conduzirão ao reino eterno de Deus no gozo imortal da sua
presença visível, conforme foi predito e prometido nos escritos sagrados </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn9" name="_ftnref9" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[9]</span></b></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Estes escritos sagrados, estas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sagradas
Escrituras</i> em que se abona o Bispo de Hipona são o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Evangelho</i> e o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Apocalipse</i>
de S. João.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">No primeiro se pode ler, efectivamente, na página em que Jesus faz
a profecia sobre a vinda do Espírito Santo Paráclito: (...) <i style="color: black;">Convém-vos que eu vá; porque se Eu não for,
o Consolador não virá e se Eu for, enviar-vo-lo-ei. E, quando ele vier,
convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. (...) Quando vier o
Espírito da Verdade, Ele guiar-vos-á para a verdade total, porque não falará de
Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e anunciar-vos-á o que há-de vir </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[10]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Este anúncio é conotável com o recebido pelo próprio S. João,
muito mais tarde, entre 93 e 96 d. C. na ilha de Patmos, em visão que descreve
no <i>Apocalipse</i>: (...) <i style="color: black;">E vi a cidade santa,
a nova Jerusalém que descia do Céu, de junto de Deus, bela como uma esposa que
se ataviou para o seu esposo. E ouvi outra grande voz, que saía do trono e que
dizia: «Eis aqui o tabernáculo de Deus entre os homens! Habitará com eles,
serão o seu povo e o próprio Deus estará com eles. Ele enxugará as lágrimas dos
seus olhos; não haverá mais morte, nem pranto, nem gritos, nem dor» </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[11]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHV_vJlv2OR5bhL_2xmpsc64VSOTNjblV4FlVzJSqZy-qJcpTy1gfjz7ztTGlEH1Z1rvKFIjk-I23oQko-Syr93vBbPaV5EZXL_aKYsWauOv8lUza9Oho1qpOPo9xdUKdz5lQzjt_TsyLmRxvygwkCzdRTC6fETe2TiV4e_nrssVbhMOj0oYjawPJY4lc/s833/800px-Giotto_di_Bondone_088.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="833" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHV_vJlv2OR5bhL_2xmpsc64VSOTNjblV4FlVzJSqZy-qJcpTy1gfjz7ztTGlEH1Z1rvKFIjk-I23oQko-Syr93vBbPaV5EZXL_aKYsWauOv8lUza9Oho1qpOPo9xdUKdz5lQzjt_TsyLmRxvygwkCzdRTC6fETe2TiV4e_nrssVbhMOj0oYjawPJY4lc/w615-h640/800px-Giotto_di_Bondone_088.jpg" width="615" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;"><i>Pentecostes</i>, por Giotto.<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">E ainda: <i style="color: black;">«Então um dos sete
anjos, que tinham as sete taças cheias dos sete flagelos, veio ter comigo e
disse-me: Vem e mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro.» Transportou-me em
espírito ao cimo de uma alta montanha e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém,
que descia do Céu, de junto de Deus, resplandecendo da glória de Deus </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[12]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a> <i style="color: black;">(...).</i></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A concluir o passo, estas palavras justificativas de toda uma
filosofia providencialista da história: <i style="color: black;">Não
vi templo algum na cidade, porque o Senhor, Deus Todo-Poderoso, é o seu Templo,
assim como o Cordeiro. A cidade não necessita de Sol nem de Luz para a
iluminar, porque é iluminada pela glória de Deus e a sua Luz é o Cordeiro. As
nações caminharão à sua luz e os reis da terra virão trazer-lhe os seus
tesouros. As suas portas nunca se fecharão porque não haverá mais noite na cidade </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[13]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>...</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">joanismo</i>, por via
agustiniana e bernardina, parece dominar efectivamente o pensamento templário.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Na última página da <i style="color: black;">Cidade
de Deus</i>, obra que ficou inconclusa e que coube ao bracarense Paulo Orósio
complementar, como vimos, propunha-se <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/06/deuses-demonios-e-homens.html">Santo Agostinho</a> expor o que lhe parecia <i style="color: black;">dever ser dito sobre as duas cidades que se
interpenetram e se inter-influenciam respectivamente no século actual, falar da
sua origem, da sua história e dos fins que a esperam </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[14]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A ideia das duas cidades, a de Caim e a de Abel, a dos Homens e a
de Deus, ambas no entanto se <i style="mso-bidi-font-style: normal;">interpenetrando</i>,
coexistentes como o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">princípio do fim</i>
e o <i>fim do princípio</i> em simultânea vida axiológica e escatológica, justificará
a esotérica posição avançada por alguns comentadores, de que teria havido dois <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pontificados</i>, o descendente de Pedro,
construído sobre a pedra angular do Cristo incarnado, e o ascendente de João,
erguido sobre o Reino novo do Paráclito, do Consolador, do Espírito Santo? Ou
seja, o da Igreja visível de Pedro e dos Papas, e o da Igreja invisível de João e
de um Superior desconhecido que poderia ser o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/02/o-enigma-do-preste-joao_1.html">Preste João</a> ou um
Imperador-Pontífice?</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Julgamo-la excessiva, exorbitante, pois tal implicaria dois
poderes diferentes, uma dupla hierarquia religiosa, levando inevitavelmente ao
conflito e à cisão dentro da Jerusalém Terrestre.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mas já nos parece plausível, sim, atendendo aos próprios textos
joaninos e aos seus comentários por <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/02/podera-alguem-estar-ao-mesmo-tempo-vivo_28.html">Stº Agostinho</a> e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/sao-bernardo-guia-espiritual.html">S. Bernardo</a>, entre outros,
que tenha havido e haja a missão de Pedro e dos Bispos num mundo ainda dominado
pelo erro, pelo pecado e pelo demónio, na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cidade
dos Homens</i> ou dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">filhos de Caim</i>,
com um sentido eclesiástico, cultural, catequístico, disciplinar, hierárquico e
moral, como princípio da construção espiritual da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cidade de Deus</i>, em ordem à escatologia da Salvação; e ao mesmo tempo
a missão subtil de João e dos seus discípulos, preparando as nações <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/12/a-patria.html">para o tempo vindouro do Espírito Santo</a>, quer pelo ascetismo contemplativo e pela
meditação, quer pela luta terrena em prol dos valores cristãos e paracléticos,
o que corresponderia às teleologias convergentes de Cister e do Templo.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ambas as missões, complementarmente, conduziriam os povos para o
período apocalíptico da descida da Jerusalém Celeste, simbolizada pelo Templo
desaparecido de Salomão, mas que já não terá <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Templo algum na cidade</i>, porque se terá dado a divinização do espaço
terrestre.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Pedro e João; a missão da Igreja de Roma (depositária da Igreja de
Jerusalém) e as missões de Cister e do Templo; a Jerusalém terrestre
existencial e a Jerusalém Celeste profetizada pelo Apóstolo S. João, o amigo
dilecto; a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cidade dos Homens</i> e a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cidade de</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Deus</i> interpenetradas; o serviço da Salvação pela Igreja dos Bispos
e o serviço da Ordem de Cristo e do Espírito Santo pela <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/12/o-ideal-da-cavalaria.html">cavalaria de Deus</a>, em relação
estreita entre a Segunda e a Terceira Pessoa, porque, no lugar do Cordeiro
Degolado, sacrificando-se pelos homens, no seu lugar ficou o Paráclito, o Espírito
Santo guiando os homens <i style="mso-bidi-font-style: normal;">para a verdade
total e final</i> – eis as duas faces e as duas missões que subjazem ao
simbolismo do selo templário.</span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijgeOToGJiIQTI826xEm1ENiV1r0yKfBbpsRozaHr9mFuXmiy9JcLv-pc30zrK2q9yksjL3XnmLKBZTD8gVj8nBsmtKj109MRacyPjoNp0XF4lDy-hClS2m9UWfnY3yDG0W9SRYSJyZjOfDp1TVCvokJ3E_2RGt1r0NTdRzWNhu2Y_vb2ie19V4pj3ovk/s1024/The_Church_of_the_Holy_Sepulchre-Jerusalem.JPG" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="680" data-original-width="1024" height="425" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijgeOToGJiIQTI826xEm1ENiV1r0yKfBbpsRozaHr9mFuXmiy9JcLv-pc30zrK2q9yksjL3XnmLKBZTD8gVj8nBsmtKj109MRacyPjoNp0XF4lDy-hClS2m9UWfnY3yDG0W9SRYSJyZjOfDp1TVCvokJ3E_2RGt1r0NTdRzWNhu2Y_vb2ie19V4pj3ovk/w640-h425/The_Church_of_the_Holy_Sepulchre-Jerusalem.JPG" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Igreja do Santo Sepulcro (Cidade Antiga de Jerusalém).<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Como escreve Probst-Biraben, o joanismo templário, caracteriza-se <i style="color: black;">por um certo número de símbolos que se ligam
a S. João e ao seu Evangelho </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[15]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Sem esta chave <i style="color: black;">arriscar-nos-íamos a tomar
à letra as designações de Jerusalém e da Terra Santa, quando significam a
cidade e o país do Senhor, onde está o seu túmulo, centro visível de uma grande
religião, e ao mesmo tempo a Jerusalém Celeste, a terra suprema e o centro espiritual
invisível...</i> Os templários, sendo simultaneamente <i style="color: black;">protectores e servidores do Templo visível e do Santo Sepulcro, bem
como da respectiva região geográfica, e do Templo místico ideal, um dos Centros
do Mundo, são de Roma, pois, em tudo o que diz respeito à disciplina religiosa,
à Fé, à Caridade, à protecção dos cristãos, e são da Jerusalém Celeste em tudo
quanto não é das atribuições dos discípulos de Pedro. Mesmo quando a derrota
dos Cruzados os forçou a deixarem materialmente a Terra Santa da Palestina, continuaram a ser
a Milícia da Jerusalém Celeste, da Terra Santa invisível </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[16]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quando se dá em 1291 a queda de São João de Acre, sendo os
Cristãos expulsos da Palestina, nem por isso cessa o cruzadismo templário, não
só se expandindo em outras frentes, como sobretudo desenvolvendo o seu fundamental
joanismo e paralectismo.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O que se veio a chamar a <i style="color: black;">Sinarquia</i>
templária e sobre que não muito se sabe, parece ter sido <i style="color: black;">um plano de governo mundial, através de uma Federação de Estados
autónomos, sob a direcção de dois chefes supremos, um espiritual, o Papa, o
outro político, o Imperador </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[17]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>.
Tendo ao seu serviço a Milícia do Templo e a extraordinária organização
financeira que tinha criado, esta Sinarquia, <i style="color: black;">plano grandioso de construção da Cidade de Deus sobre a Terra</i>,
far-se-ia sobre a reconciliação definitiva e a cooperação dos três grupos humanos
monoteístas e herdeiros da tradição bíblica: cristãos, muçulmanos e judeus, o
que parece comprovado pelas enigmáticas relações dos templários com os
ismaelitas da Palestina, em especial com a organização mais ou menos secreta
dos <i style="color: black;">Assaci</i> ou <i style="color: black;">Assacine</i> (do termo <i style="color: black;">Assas</i>,
guardião), chefiados pelo Cheikh el Djebel, o <i style="color: black;">Velho da Montanha</i>, sobre o qual a Milícia cristã parece ter sido
moldada na sua hierarquia e composição; ou ainda pela existência de Sinagogas
judaicas em áreas de influência templária, sendo aí o seu culto protegido, até
mesmo em períodos difíceis, como é o caso, entre muitos outros, da Sinagoga de
Tomar, ainda hoje uma das poucas conservadas e intactas no nosso país. Estes
factos constaram das acusações de Filipe o Belo e de Clemente V muito embora o
seu significado houvesse sido na ocasião intencionalmente deturpado.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os templários, compondo um exército internacional, <i style="color: black;">destinado a obrigar os agressores a depor as
armas, a evitar os conflitos, a manter a ordem entre as nações </i><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[18]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
teriam querido suprimir a hereditariedade das monarquias, como que antecipando
as teorias de Dante no <i style="color: black;">De Monarchia</i>.
Formar-se-ia <i style="color: black;">um Império unificador sob um
soberano dos outros monarcas, electivo e não hereditário, escolhido por uma
assembleia de pares, semelhante aos capítulos templários</i>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tal nas suas linhas gerais simplificando muito, o que terá sido a
colaboração templária na preparação para a Jerusalém Celeste. Obreiros do
futuro na fronteira entre a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cidade dos
Homens </i>e a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cidade de Deus</i>, eles
foram o fermento activo, lutando no tempo e com as armas do tempo, mas guiados
por uma finalidade transcendente ao tempo.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A prova mais cabal de que este templarismo joanino e paracletiano
ganhou raízes fundas e ímpeto criacionista em terra lusíada reside porventura,
como veremos no II Vol., nas visões, mitos e concepções filosófico-teológicas
da história que, sobretudo a partir de D. Dinis, foram vividas e assumidas
entre nós com grande força de convicção: o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Culto,
o Império e as festas do Espírito Santo</i>, instituídas por este monarca e
pela Rainha Santa Isabel; <i>o plano e depois o mito do <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/04/antonio-vieira.html">Quinto Império</a></i>, atribuído
a Portugal, porventura também no reinado de D. Dinis; e enfim, a doutrina
defendida por Fernão Lopes de que D. João I, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">monarca não-hereditário</i>, abrira uma nova era universal, em interpretação
ousadíssima da concepção agostiniana, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sétima
idade do mundo</i>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/02/o-imperio-do-espirito-santo-e-os.html">António Quadros</a>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/02/o-imperio-do-espirito-santo-e-os_18.html">Portugal, Razão e Mistério</a></i>, I, Guimarães
Editores, 1988, pp. 177-185).<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9orVDBHVPntTlBo74anHvI8XR4iSZy1EjtyO2y-rgShbah_dPEWyixvg2G3MMMyc7ra0Gqupapjbsi0PiN2uEO3au23b7wTpzdgfnN660kqf4DGlHFGcV90-OZSHhXv6JTVZZS_jIvspHF6j-u5PemMWy-fpd2pBd5fdOSMaMRaV_9Q3kGsjdSIwGZVA/s1244/Goya_y_Lucientes,_Francisco_-_Saint_Isabel_of_Portugal_Healing_the_Wounds_of_a_Sick_Woman_-_Google_Art_Project.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1244" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9orVDBHVPntTlBo74anHvI8XR4iSZy1EjtyO2y-rgShbah_dPEWyixvg2G3MMMyc7ra0Gqupapjbsi0PiN2uEO3au23b7wTpzdgfnN660kqf4DGlHFGcV90-OZSHhXv6JTVZZS_jIvspHF6j-u5PemMWy-fpd2pBd5fdOSMaMRaV_9Q3kGsjdSIwGZVA/w412-h640/Goya_y_Lucientes,_Francisco_-_Saint_Isabel_of_Portugal_Healing_the_Wounds_of_a_Sick_Woman_-_Google_Art_Project.jpg" width="412" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;"><i>Santa Isabel de Portugal Curando as Feridas de uma Enferma</i> (Francisco José de Goya y Lucientes, 1799).</span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></p><div style="mso-element: footnote-list;">
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;">
J. H. Probst-Biraben, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Les Mystères des
Templiers</i>, Ed. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Cahiers
Astrologiques, Nice, 1947, pp. 21 a 24. De todos os numerosos livros que
consultámos sobre o templarismo, a maioria dos quais sem qualidade ou mesmo
seriedade, este é sem dúvida o melhor e o mais fundamentado.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Alexandre Herculano, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">História de Portugal</i>, Tomo IV, Liv.
Bertrand, 9.ª ed., Lisboa, sem data, pp. 87 e 88.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Vieira Guimarães, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Ordem de Christo</i>, obr. cit., p. 50.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;">
J. H. Probst-Biraben, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Les Mystères des
Templiers</i>, obr. cit., p. 17.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">Ibid.,</span></i><span lang="EN-US"> p. 48.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">Ibid.,</span></i><span lang="EN-US"> p. 29.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">Ibid.,</span></i><span lang="EN-US"> p. 145.</span></span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibid.,</i> p. 27.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Santo Agostinho, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La Cité de Dieu</i>, trad. francesa, Libr.
Garnier, Paris, 1946, Tomo II, Livro X, Cap. XXXII, p. 509.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i>João</i>, 16, 7, 8, 13, in <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bíblia Sagrada</i>, Ed. Verbo, Lisboa, 1982,
p. 1226.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i>Apocalipse</i>, 21, 2 a 4, in <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bíblia Sagrada</i>, obr. cit, p. 1416.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibid., </i>21, 9 a 11, p. 1417.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ibid.,</i> 21, 22 a 27.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Santo Agostinho, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La Cité de Dieu</i>, obr. cit., p. 511.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <span lang="EN-US">J. H. Prosbt-Biraben, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Les Mystères
des Templiers</i>, obr. cit., p. 52.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">Ibid.</span></i><span lang="EN-US">, p. 53.</span></span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">Ibid.,</span></i><span lang="EN-US"> p. 107.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">Ibid.,</span></i><span lang="EN-US"> p. 111.</span></span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfeey7vQ_UnQ3xs140RsB66o7d3Uv4HUc0xneuKEjO_svghsZvSg8cbkIvejnTEs2uNrH1ry865Q5b1u3C_4Al5BHz7ZdB8upQVXjNzvHiSSsasaZhYiva8-ZfOpwVS6pWJk9lu3y9Rl2_fwh7W1mwKYJtUs-enu6_rhSFnWomLuzkSpQ4UYdUFhNKLHw/s800/PortugueseFlag1248.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfeey7vQ_UnQ3xs140RsB66o7d3Uv4HUc0xneuKEjO_svghsZvSg8cbkIvejnTEs2uNrH1ry865Q5b1u3C_4Al5BHz7ZdB8upQVXjNzvHiSSsasaZhYiva8-ZfOpwVS6pWJk9lu3y9Rl2_fwh7W1mwKYJtUs-enu6_rhSFnWomLuzkSpQ4UYdUFhNKLHw/w640-h640/PortugueseFlag1248.svg.png" width="640" /></a></span></div><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: EN-US;"><span lang="EN-US"><br /></span></span><p></p>
</div>
</div>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-32003539121529624142023-07-30T04:25:00.000-07:002023-07-30T04:25:36.261-07:00Os Portugueses nos mares do Oriente<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por António Sérgio</span></b></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggDsNLuiFOw1YVYS8zgiV8YyFjqoOEnWZjZnv6ZGo6i9SORS0KOKXjMHJ_Wnvh0tpXf8GhYqETfinKKzf3f-4Xqsz1ojxOMIRaK-14wObw3apLGQGLfiud3yY6sAdn70AL8k4TUe1vDdlozGVhJoWYc70eMPakWPjEV0YLZqhRtTjUvgkQUpoOC7X_36M/s1024/Detail_from_a_map_of_Ortelius_-_Magellan's_ship_Victoria.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="624" data-original-width="1024" height="390" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggDsNLuiFOw1YVYS8zgiV8YyFjqoOEnWZjZnv6ZGo6i9SORS0KOKXjMHJ_Wnvh0tpXf8GhYqETfinKKzf3f-4Xqsz1ojxOMIRaK-14wObw3apLGQGLfiud3yY6sAdn70AL8k4TUe1vDdlozGVhJoWYc70eMPakWPjEV0YLZqhRtTjUvgkQUpoOC7X_36M/w640-h390/Detail_from_a_map_of_Ortelius_-_Magellan's_ship_Victoria.png" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgceaY2PHEaSIhawbbgRuz08eGWWuoTrK2L5MnM90gRpEaHOY_6jB-uheNvgt6x0BHbDGehJEhQbh-LJQnq8-zsVWG-_MwjVVNiAk_wvzq9QGj2_ICQ2M4iLrmyCxRsNIASyTFg-Hl30pTse4G9a9ziSFQ4hHZWvf4s-uB0TmpiJpoiSJF5CkSo3RrttSA/s474/R%20(28)%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="474" data-original-width="325" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgceaY2PHEaSIhawbbgRuz08eGWWuoTrK2L5MnM90gRpEaHOY_6jB-uheNvgt6x0BHbDGehJEhQbh-LJQnq8-zsVWG-_MwjVVNiAk_wvzq9QGj2_ICQ2M4iLrmyCxRsNIASyTFg-Hl30pTse4G9a9ziSFQ4hHZWvf4s-uB0TmpiJpoiSJF5CkSo3RrttSA/s16000/R%20(28)%20(1).jpg" /></a></span></div><p></p><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Naquela noite de sexta-feira, 26 de Abril de 1521, em que
Magalhães embarca com sessenta homens para atravessar o pequeno estreito que
separa as duas ilhas, os nativos afirmam ter visto, poisado sobre a cobertura
de uma cabana, um estranho pássaro preto, desconhecido, semelhante a uma
gralha. E na verdade, de repente, sem ninguém saber porquê, todos os cães
começaram a uivar; assustados, os espanhóis, que não eram menos supersticiosos
do que os nativos, fazem o sinal da cruz. Mas aquele homem, que ousara
aventurar-se na maior viagem marítima do mundo, por que razão havia ele de
recuar agora perante uma escaramuça com um chefe e com a sua desprezível
escumalha, só por um corvo qualquer ter crocitado?</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Por fatalidade, contudo, aquele chefe insignificante encontra um
aliado de peso na estrutura peculiar da costa. Dado que os recifes de coral
avançam pelo mar dentro e os batéis não podem chegar suficientemente perto da
praia, os espanhóis vêem-se, desde logo, impossibilitados de recorrer ao meio
de combate que mais efeito faz: ao mortífero fogo à distância, disparado por
mosquetes e por arcabuzes, e cujo simples ribombar já é, regra geral,
suficiente para pôr os indígenas em debandada. É com despreocupação que os
sessenta homens fortemente armados – os restantes ficam nos batéis – prescindem
desse apoio de retaguarda e saltam para dentro de água, tendo à cabeça
Magalhães que, segundo escreve Pigafetta, “como bom pastor, não queria
abandonar o seu rebanho”. Com a água a dar-lhes pela cintura, passam a vau o
longo percurso até à costa, onde os espera uma enorme horda de indígenas
ululantes, girando e agitando os escudos. O embate entre os dois adversários
não tarda.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>A descrição mais fiável, das várias existentes sobre esta luta,
deve ser a de Pigafetta que, tendo ele próprio sido atingido gravemente por uma
seta, se manteve até ao último momento ao lado do seu amado capitão. “Saltámos
para dentro de água, que nos dava pela cintura, e tivemos de passar a vau uma
distância equivalente a dois bons tiros de besta, pois os nossos batéis não
puderam seguir-nos devido aos recifes. Chegados à margem, encontrámos mil e
quinhentos insulanos divididos em três bandos que arremeteram contra nós em
terrível gritaria. Dois bandos atacaram-nos pelos flancos, o terceiro pela
frente. O nosso capitão dividiu os tripulantes em dois grupos. Os nossos
mosqueteiros e arcabuzeiros abriram fogo durante meia hora a partir dos barcos,
mas nada conseguiram alcançar, porque as suas balas, flechas e lanças não
conseguiam perfurar os escudos de madeira a uma tão grande distância ou, quando
muito, feriam apenas os braços dos inimigos. Por isso, o capitão ordenou em
alta voz que não se disparasse mais (manifestamente para poupar munições para o
combate final), mas não lhe obedeciam. Quando os insulanos viram que os nossos
tiros pouco ou nenhum dano causavam, não voltaram a recuar. Gritando cada vez
mais alto, saltando de um lado para o outro para escapar aos nossos tiros,
foram simultaneamente chegando mais perto, protegidos pelos seus escudos,
arremessando setas, chuços, lanças de madeira endurecidas no fogo, pedras e
também dejectos, de forma que mal conseguíamos defender-nos. Alguns
arremessaram mesmo lanças com pontas de bronze contra o nosso capitão.</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">“Para os assustar, o capitão mandou alguns dos nossos homens
incendiar as casas dos ilhéus, o que ainda os enfureceu mais. Alguns correram
em direcção ao fogo que consumia vinte ou trinta habitações, e ali mataram dois
dos nossos. Os outros atiraram-se a nós ainda com maior sanha. Quando repararam
que os nossos corpos estavam realmente protegidos, mas que as pernas não tinham
cobertura, fizeram delas o seu alvo principal. O pé direito do capitão foi
perfurado por uma seta envenenada, pelo que ele deu ordem de se ir recuando aos
poucos. Mas quase todos os nossos homens começaram a bater em retirada,
precipitadamente, de forma que quase não ficaram mais de seis ou oito com ele
(ele que, há muitos anos era coxo, estava manifestamente a atrasar a retirada).
Então ficámos expostos, de todos os lados, às lanças e às pedras, arremessadas
contra nós pelo inimigo, e já não conseguíamos opor resistência. As bombardas
que tínhamos nos batéis não podiam vir em nosso auxílio, porque a água pouco
funda as mantinha demasiado longe. Assim, esforçámo-nos por nos afastar cada
vez mais da praia, ao mesmo tempo que, combatendo sempre, íamos recuando passo
a passo, e já nos encontrávamos afastados da costa à distância de um tiro de
besta e já tínhamos a água pelos joelhos. Mas as gentes da ilha perseguiam-nos
sem dar tréguas e voltavam a apanhar as setas que anteriormente tinham atirado
contra nós, de forma que podiam disparar cinco ou seis vezes a mesma seta. Ao
reconhecerem o capitão, tomaram-no como alvo principal; duas vezes lhe
derribaram o capacete, mas ele, juntamente com alguns de nós, manteve-se no seu
posto, como indómito cavaleiro, sem tentar recuar mais, e assim combatemos
durante mais de uma hora, até que um dos índios conseguiu lançar um projéctil
por um cano ao rosto do capitão. Na sua ira, o capitão trespassou imediatamente
o peito do agressor com a sua própria lança, mas esta ficou presa no corpo do
morto, e quando o capitão tentou puxar da espada, só conseguiu desembainhá-la
por metade, porque um ferimento causado por um chuço lhe tinha paralisado o
braço. Ao verem isto, todos os inimigos se lançaram contra ele e um deles
causou-lhe tal ferimento na perna esquerda com um golpe de sabre que o capitão
tombou e caiu de borco. De imediato todos os índios se precipitaram sobre ele,
trespassando-o com lanças e com todas as outras armas que possuíam. E assim nos
levaram a vida daquele que era o nosso espelho, a nossa luz, a nossa
consolação, o nosso devotado chefe”.</span></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #783f04; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>[...] Ninguém sabe o que aqueles miseráveis selvagens fizeram com
o corpo de Magalhães, a que elemento devolveram os seus restos mortais, se ao
fogo, à água, à terra ou ao efeito desgastante do ar. Não nos ficou nenhum
testemunho, perdeu-se a sua sepultura; desapareceu misteriosamente no
desconhecido o rasto do homem que arrancou o último segredo ao oceano sem fim
que envolve a nossa Terra».</b></span></p><p>
</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/frederico-nietzsche-marcha-progressiva.html">Stefan Zweig</a> («MAGALHÃES. O
Homem e o seu Feito»).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQh9Y2PLVJwDm6k1mbElBSgjq2nf1isSwxMgVWdekN1dE3pWii3JoAvwkV8j4v7eikQxkKv-jdA9UX_qfchX89Vo1v9zXTyLWpImpHxjHGbQXZ8_Ia5hC8KsPG29nu6WPpTxem3DqJrkBNh-yLa3o7sacdicUaOpDHDhcOq5kiiLqbxH50K2xr0lApouQ/s1040/800px-StraitOfMagellan.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1040" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQh9Y2PLVJwDm6k1mbElBSgjq2nf1isSwxMgVWdekN1dE3pWii3JoAvwkV8j4v7eikQxkKv-jdA9UX_qfchX89Vo1v9zXTyLWpImpHxjHGbQXZ8_Ia5hC8KsPG29nu6WPpTxem3DqJrkBNh-yLa3o7sacdicUaOpDHDhcOq5kiiLqbxH50K2xr0lApouQ/w492-h640/800px-StraitOfMagellan.jpg" width="492" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Estreito de Magalhães (imagem de satélite).</span></b></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj7B9CriIKypy-Bp-jxK9wTah8Yv4DiOhIUxAtF2GpuPYff2gMAlZ39uOY2KUJevrrtWjuYKiK9jH-782vRsFDEjWeDKApc9WxS5mpr_o43LKJZb9fyu6qDYH--3OHV2PcjCiWsEKlYnLfmksy1-SfC_oNCxU8As8NSi_3PcEzw1JWQw3xa_ldkfOju4g/s800/Viagem_de_Fern%C3%A3o_de_Magalh%C3%A3es_-_Museu_Naval.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj7B9CriIKypy-Bp-jxK9wTah8Yv4DiOhIUxAtF2GpuPYff2gMAlZ39uOY2KUJevrrtWjuYKiK9jH-782vRsFDEjWeDKApc9WxS5mpr_o43LKJZb9fyu6qDYH--3OHV2PcjCiWsEKlYnLfmksy1-SfC_oNCxU8As8NSi_3PcEzw1JWQw3xa_ldkfOju4g/w640-h480/Viagem_de_Fern%C3%A3o_de_Magalh%C3%A3es_-_Museu_Naval.jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">«Fechou-se para Portugal, no último quartel do século XX, um ciclo
da sua história. Com a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/04/25-de-abril-de-1974-apostasia-e-traicao.html">revolução de <i>25 de
Abril de 1974</i></a>, praticou-se com o passado um corte cerce. Muitas forças
tentaram conseguir que, além de drástico, fosse absoluto esse corte: <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/05/autos-de-fe-goncalvistas-destruiram.html">uma
ruptura com <i>todo</i> o passado</a>, não
apenas com um <i>certo </i>ou <i>algum</i> passado. Foi posto em causa o facto
nacional, e portanto o homem português na sua dimensão sociológica, cultural,
psicológica, histórica em suma, e como homem diferenciado e com alicerces
autónomos. Das paixões desencadeadas na <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/05/a-cambada.html">ruptura crepuscular</a>, dos <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/05/portugues-sem-portugal-i.html">sofrimentos impostos</a>, das tibiezas e das <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/11/a-vergonha-das-sevicias-militares.html">arbitrariedades</a>, ocupar-se-á o curso do tempo, e a
História fará o seu juízo, acaso com prémio, possivelmente com desfavor para
alguns. Entretanto, o corpo moral da Nação padeceu o seu maior traumatismo de
todos os tempos: e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/05/a-perda-do-ultramar-portugues-e-os.html">esta ficou resumida nos seus limites territoriais e cingida
a uma <i>dimensão</i> política mínima entre
as Nações</a>. Mercê do peso que era o seu, dos recursos de que dispunha, dos
interesses que representava, da força que possuía, a Nação não sucumbiu aos
transes históricos sofridos. Mas não se afigura que o homem português, neste
ciclo de que não tem experiência e sob pena de entrar num ocaso definitivo, se
possa permitir mais desvios: a sua vulnerabilidade é hoje absoluta: e novo
passo em falso poderá ser o último. Decerto: importa não desconhecer que esta
perspectiva deixa frios e indiferentes quantos desejaram a ruptura absoluta, e
julgam que a vida começa com eles. Aliás, o marxismo-leninismo fez já uma
confissão histórica: admitiu a sua falência em criar o homem novo, sem raízes
nem compromissos com o passado. Esses não se sentiam partes de uma herança a
defender e a transmitir, e por ignorância ou atitude negavam ou desprezavam o
passado, sem capacidade para sentir que por este facto ficavam mais pobres.
Esses não se apercebiam das consequências das suas atitudes, das suas palavras,
das suas decisões; também não viam o que estava oculto nos gestos dos outros,
nem pressentiam sequer o seu significado e intenções; e perante tudo eram
cegos, e sobretudo embevecidos e deslumbrados. E assim Portugal caminhou de
crise em crise, como se esperasse e até desejasse o seu fim. E com efeito, e
por doloroso que seja, não é lícito esquecer um facto: perante mutações menos
profundas do que as sofridas por Portugal, desapareceram pátrias; não existe
lei providencial ou positiva que consagre a perenidade de Portugal e do homem
português; e, a existir, nada garante o respeito de terceiros por essa norma, se o não impuserem os Portugueses. Estar a caminho de nove séculos de
história, ter na história uma intervenção que ao menos tornou o mundo diferente
do que teria sido sem ela, haver sempre assumido um destino ou uma missão
específica – são realidades que impõem, ou deveriam ser aceites como impondo
responsabilidades morais, cívicas, e até políticas. Mas não são realidades que,
por si e em si, garantam a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/07/portugal-teve-de-resistir-castela-para_30.html">sobrevivência de Portugal</a>. É de repetir: as pátrias
desaparecem: e na crónica da humanidade grandes pátrias, quando carcomidas no
seu cerne e perdidas na sua alma, foram destruídas, ou esvaíram-se exangues,
ou foram absorvidas e anexadas por outra ou outras, quase sempre as vizinhas
mais fortes. Parece assim haver vantagem em identificar o enquadramento de uma
independência nacional, e inventariar as vulnerabilidades internas, e as
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/prevencao-sobre-o-n-u.html">ameaças externas de Portugal</a>. Pelo menos não se vê que a tentativa possa acusar
mal ou prejuízo a alguém.</span></b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">Sistema de certezas íntimas, agregado de segredos conhecidos
colectivamente, conjunto de emoções vividas em comum, rede de interesses
partilhados por todos: uma pátria. E os cidadãos de uma pátria, se ainda a
sentem, têm de partir do pressuposto da sua viabilidade. Deste modo, e no que respeita
aos Portugueses, há que basear tudo nesta premissa simples: Portugal é uma
nação independente e soberana, tem a viabilidade de continuar a ser
independente e soberana, possui os meios de se fazer respeitar. Parece vedado a
qualquer português deixar-se permear por ideias suicidas em relação a Portugal:
não se afiguram lícitas dúvidas quanto às <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/a-memoria-das-raizes.html">raízes nacionais</a>; e não se julga
curial que qualquer português, que sinta Portugal, possa negar ou não viver a
solidariedade nacional. Além de tudo, aquelas premissas alicerçam-se em factos
irrefutáveis: Portugal possui uma língua, uma cultura, uma religião, e uma
história apenas sua. Está-se perante uma <i>quantidade
política e sociológica</i> que, por isso mesmo, desencadeou os meios de se
afirmar no tempo e no espaço, e de garantir a sua sobrevivência.</span></b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">Portugal tem uma língua própria. Desde o século XIII, certamente
desde o século XIV, a língua portuguesa aparece diferenciada dos demais idiomas
de matriz latina. De há séculos está perfeitamente caracterizada e autónoma. Enquanto a versão latino-galaica ficou estacionária, e sofreu a penetração e o
quase esmagamento por Castela, a versão portuguesa acompanhou o caminho para o
sul e, ao mesmo tempo que se enriquecia com os <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/11/voces-argumentam-muito.html">falares moçárabes</a>, dominou-os; e
de toda essa evolução surgiu um idioma claramente distinto dos outros falares
latinos, e não só da Península como da Europa. Pela <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/01/d-henrique-o-navegador-i.html">expansão ultramarina</a>, foi a
língua portuguesa ainda tornada mais opulenta; e mostrou a sua flexibilidade e
plasticidade com o seu <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/02/vestigios-da-passagem-dos-portugueses.html">afeiçoamento a novas realidades, a novos modos de dizer</a>, e criou novas palavras para referir novos objectos e instrumentos, e que
incorporou na sua raiz vernácula. Pode afirmar-se que a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/05/regras-ignoradas-da-arte-de-bem_31.html">língua portuguesa</a>, com
toda a sua tipicidade e autonomia sem embargo dos modismos locais, é hoje
falada por quase duzentos milhões de pessoas e compreendida por outras tantas.
Na transição do século XX para o século XXI, a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/10/os-portugueses-ja-nao-entendem-lingua_14.html">língua portuguesa</a> é a quarta ou
quinta língua de âmbito mundial, em número dos que a praticam.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXESm3Wn5FliNsuUQheV5ckq0pyx4MIn--0N0Ph02hHpQ7a8MnPp7uXHbSP8c0Gslms9JUl-Edrlwft69hxDaWvL7Bs99IhAz-859AGdbSgS8uo_yEF35xbxoEEOfnkWwkMptO9WAqCD6VzJ9osNlOZ9IxSASs55usUlcARp-Zz0NExk8Nze7TJMN5QqA/s640/20151202165339_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="462" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXESm3Wn5FliNsuUQheV5ckq0pyx4MIn--0N0Ph02hHpQ7a8MnPp7uXHbSP8c0Gslms9JUl-Edrlwft69hxDaWvL7Bs99IhAz-859AGdbSgS8uo_yEF35xbxoEEOfnkWwkMptO9WAqCD6VzJ9osNlOZ9IxSASs55usUlcARp-Zz0NExk8Nze7TJMN5QqA/s16000/20151202165339_00001.jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">Portugal tem uma cultura sua. Da língua e de mil factores partiu
Portugal para uma cultura diferente de outras, e que lhe é inerente. Há uma <i>expressão</i> portuguesa em prosa como a há
em <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/a-matematica-e-o-esqueleto-da-poesia.html">poesia</a>. Não é somente uma expressão em língua própria; é uma expressão em <i>linguagem</i> própria. Decerto: nos seus
primórdios sofreu influências, embates, interpenetrações, como acontece em
todas as formas culturais vivas. Mas desde muito cedo se afirmaram
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/01/duas-formas-caracteristicas-e-distintas.html">características</a> suas apenas. Isto é, há uma <i>maneira
portuguesa</i> de exprimir ideias, comunicar sentimentos, descrever factos,
reconstituir ambientes. Há um matiz ou um estilo português de recriar
realidades. Fernão Lopes já é claramente <i>português</i>
na sua expressão, e não é como <i>outro</i>.
Fixam os grandes cronistas posteriores uma língua e a matriz própria de a
utilizar culturalmente. <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/a-linda-ines.html">Camões</a> assenta firmemente não só a língua como a poética
portuguesas e, muito mais do que isso, talha um <i>modo português</i> de ver, de sentir, de comunicar, de interpretar; e a
tal ponto que, sem embargo de haver absorvido a grande cultura do seu tempo,
ficou medularmente português, e por essa via soube reflectir ressonâncias
universais. Deu à cultura portuguesa uma actualidade permanente e um valor
planetário; e os símbolos camonianos são assim válidos para as literaturas cultas.
E depois é todo um vasto friso de escritores que, reafirmando-a ou renovando-a,
tem assegurado a vivência da cultura portuguesa. Produziu o século XIX um
homem, Eça de Queirós, que é hoje património do mundo culto, e textos seus são
rotina em manuais de literatura ou antologias inglesas, francesas, americanas,
latino-americanas, outras ainda; e o mesmo há que dizer de um homem do século
XX, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/02/do-lugar-inlocalizavel-do-eu_20.html">Fernando Pessoa</a>, havido hoje por poeta da humanidade em mais de uma
literatura. Há assim, para além de qualquer dúvida, uma forma cultural
portuguesa, que apresenta continuidade ainda que intercalada de longos
silêncios.</span></b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">Portugal tem uma religião. Da esmagadora maioria dos Portugueses o
culto é o católico, de obediência à Santa Sé e de fidelidade ao Bispo de Roma. Neste
particular, Portugal segue a linha de muitos outros países católicos. Mas há
também um estilo português de ser cristão, de ser católico, de ser religioso.
Não são os Portugueses religiosos como os Britânicos, ou os Franceses, ou os
Espanhóis, ou ainda outros povos, salvo talvez, por razões óbvias, os
Brasileiros. Não cabe aqui investigar os motivos históricos, culturais e
sociológicos que explicam ou impuseram essa diferença: basta verificar e
sublinhar a realidade. No catolicismo português podem descobrir-se traços
únicos: moderação e tolerância; anticlericalismo cíclico; culto mariano
fervoroso; providencialismo (que no plano sociológico e político acabaria por
se confundir com o <i>sebastianismo</i>);
pompa exterior combinada com o populismo da religiosidade (romarias,
procissões, peregrinações, ornamentação festiva e quase pagã a rodear actos de
culto, etc,); unidade com a Sé Apostólica; crença e confiança no <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2021/11/o-problema-do-milagre.html">milagre</a>; uma
quase confusão entre fé e superstição; esperança permanente num amanhã melhor,
tanto no plano divino como no terreno; sentido missionário; e o serviço de Deus
como um dever nacional. Por fim, catolicismo coincide para os Portugueses com a
afirmação da grei e constitui base de coesão moral.</span></b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">Portugal tem uma história – muito sua e exclusiva. Quero dizer:
não é a história ligada à de alguns ou subordinada à de terceiros, ou conduzida
tendo outros por companhia ou apoio. Não: assenta na iniciativa portuguesa: e é
vincada a autonomia de decisão e independência de execução. Portugal sempre
teve um <i>projecto português</i>, ainda que
obnubilado e em surdina nos períodos de crise mais funda. Desde os primeiros
reis, a evolução portuguesa aparece diferente da de outros e mesmo oposta.
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/do-berco-construcao-da-nacionalidade.html">Afonso Henriques compreendeu que tinha de <i>criar
</i>uma nação: era a forma de corresponder a uma consciência colectiva nacional
que se havia gerado e queria afirmar-se</a>. Nas cortes convocadas pelos
imperadores das Espanhas, jamais o primeiro rei compareceu; sempre ficou
devoluto o lugar reservado a Portugal; e nunca foi sequer hasteado o pendão
português. De Oviedo ou de Leão, das Astúrias ou de Castela, deslocaram-se
sempre os seus monarcas às<i> cortes</i>; e
assim prestavam a sua vassalagem e exprimiam a sua solidariedade com a ideia da
<i>Hespanha</i> ou das <i>Hespanhas</i>. E como <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/02/d-afonso-henriques.html">Afonso Henriques</a> procederam os seus sucessores.
Desde a fundação, há assim uma consciência de autonomia e destino separado.
Desde D. Dinis há a vontade colectiva de executar essa missão e cumprir esse destino. E assumiram deste modo características especiais as navegações, os
descobrimentos, e o apostolado português: além de um conceito geoestratégico
mundial (a visão de D. João II e de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/o-marte-portugues.html">Albuquerque</a>), os objectivos económicos e
militares, presentes sem dúvida, seguiam a par de propósitos morais e espirituais
(recordem-se as<i> bulas </i>pontifícias) e
humanos (lembrem-se a noção de igualdade racial, os casamentos mistos
encorajados pela Coroa, entre outros traços). Foi um acto de audácia a empresa
no seu conjunto; e também revolucionária, no plano político e até no terreno
científico. São muitos os que hoje sustentam, pelo mundo, que o método usado
por russos e americanos para conquista do espaço é o mesmo, exactamente o mesmo
que foi criado e prosseguido pelos Portugueses: sucessivas missões demarcadas com
rigor; executadas somente até ao limite definido; estudo, análise e crítica de
cada missão; consoante as conclusões apuradas, assim se ordenava a missão
ulterior; e deste modo se ia progredindo até ao objectivo último. Segundo os
estudiosos destas matérias, não é ocasional nem resulta de simples coincidências
a analogia do método português e o de americanos e russos: é consequência de
estudo aturado feito por estes. Não se resumiu a esse período, todavia, a
capacidade criadora portuguesa. Toda a obra missionária e apostólica, e toda a
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/05/cultura-ocidental-e-africa-tribal.html">actividade civilizadora</a>, são válidas até aos nossos dias; e ainda nesse
espírito se filiam as campanhas de África dos séculos XIX e XX. Em verdade, pode
afirmar-se que sem a aventura portuguesa teria sido diferente a história do
Mundo; e parece lícito concluir que se Portugal fosse destruído, não seria de
somenos a alteração do rosto da Europa, e até de algumas paragens para além
daquela.</span></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD4AN1WJXaweW3Jy4TJ09HBzY7wWjXh14TmyRPrNEjA0UyRLPsOuSJJoI5gye6PYChL7hK20qRUW0nqgmTQM8H_poWItKsPkcOv8ra1Eoc_V6xaz8n4LzDcSDPLWhh4VQOON-MWfkvR03rGXfix11a0mnNI2CmXUL9r7WxJHL02uANvFuID8kbZUtoFTs/s2762/20180428153204_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2762" data-original-width="1672" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD4AN1WJXaweW3Jy4TJ09HBzY7wWjXh14TmyRPrNEjA0UyRLPsOuSJJoI5gye6PYChL7hK20qRUW0nqgmTQM8H_poWItKsPkcOv8ra1Eoc_V6xaz8n4LzDcSDPLWhh4VQOON-MWfkvR03rGXfix11a0mnNI2CmXUL9r7WxJHL02uANvFuID8kbZUtoFTs/w387-h640/20180428153204_00001.jpg" width="387" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">População e território: se no cômputo anotarmos apenas a gente de
aquém-fronteiras, poderá dizer-se que são pouco mais de dez milhões os
Portugueses. Deste ponto de vista, há base mais do que suficiente para
sustentar uma comunidade à parte. São de população inferior numerosas nações;
algumas não excedem as centenas, mesmo as dezenas de milhar de habitantes; mas
a sociedade internacional reconhece-lhes a soberania, defende-lhes a independência.
Seria grotesco e humilhante que dez milhões de pessoas, unidas pela mesma
língua, cerzidas pela mesma cultura, crentes na mesma religião, forjadas pela
mesma aventura, herdeiras do mesmo passado, detentoras dos mesmos interesses
essenciais, duvidassem de que possuíam a estrutura que basta para constituir
uma comunidade independente e soberana. Nas comunidades portuguesas dispersas
pelo mundo – entre três a quatro milhões – poderá e deverá encontrar e
desenvolver pontos de apoio político e de expansão cultural que não serão
indiferentes. Decerto: Portugal, como os demais Estados, haverá de ter uma
política demográfica; esta jamais deverá procurar reduzir o número de
habitantes; porque importa não só evitar o envelhecimento como estimular uma
sadia percentagem de população nova. É ainda o homem, e acaso será sempre, o
maior bem de um país, a sua maior riqueza, a sua força mais eficaz. E o seu
território? Este confina-se hoje àquele que tem sido o de Portugal quase desde
os primórdios da nacionalidade e dos primeiros passos oceânicos: Continente,
Açores, Madeira. Constitui o conjunto uma expressão territorial mínima: abaixo
desta, à nacionalidade portuguesa seriam retirados os elementos indispensáveis
à soberania independente. E há que insistir num traço já atrás esboçado: o
território geoestratégico é hoje formado pelo vasto triângulo que tem como
vértices o Continente, a Madeira e os Açores. Que quer isto dizer? Dispõem as
Forças Armadas Portuguesas – terrestres, aéreas e navais – de um largo campo de
manobra, para defesa em profundidade, que excede muito o território que se
encontra entre o Caia e Lisboa, porque abrange o espaço dentre o Caia, a ilha
da Madeira e a ilha do Corvo; e as suas estruturas técnico-militares haverão de
se adaptar a esta realidade. Do mesmo passo, a posição internacional
portuguesa, observada a esta luz, ganha relevo novo; e, se suscita ambições de
terceiros, também permite a defesa perante estes e negociar concessões contra
vantagens e garantias. [Estou consciente de que abordei muitos destes problemas
de forma rápida e simplista. Não era meu propósito tentar um ensaio sobre a
língua, a cultura, a história de Portugal, mas somente enunciar os traços
fundamentais como pressupostos de uma nacionalidade; e chamar a atenção para
aspectos que muitos por vezes esquecem]».</span></b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2019/11/toquio_6.html">Franco Nogueira</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/02/juizo-final-i.html">«Juízo Final»</a>).</b></span></p></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4D5qxZy3vjKjEFi065D-hxScALYTZ-C5eSPpvdqXSrVKV_nPUT0yULPuC_lr3wKll4u57VWDBdS_285B82_Sf_pV9c6r87XyclPpvgD-xAdhKO6qYrAViWyjlgMAkRhZtNV9PCqz6zwzkaKUh9dBujUWbxzG_lIdOMMkelqinIskf44-6tFkd5BpQ-Es/s800/Bandeira_da_Ordem_de_Cristo_(quadrada).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4D5qxZy3vjKjEFi065D-hxScALYTZ-C5eSPpvdqXSrVKV_nPUT0yULPuC_lr3wKll4u57VWDBdS_285B82_Sf_pV9c6r87XyclPpvgD-xAdhKO6qYrAViWyjlgMAkRhZtNV9PCqz6zwzkaKUh9dBujUWbxzG_lIdOMMkelqinIskf44-6tFkd5BpQ-Es/w400-h400/Bandeira_da_Ordem_de_Cristo_(quadrada).png" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><span style="line-height: 115%;"><o:p><b><span style="font-family: times; font-size: x-large;"> <span style="color: #134f5c;">Os Portugueses nos mares do Oriente</span></span></b></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;"><br /></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O império, nos últimos dias de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/03/afonso-de-albuquerque-i.html">Albuquerque</a>, conheceu horas
triunfais. De toda parte lhe pediam «cartazes» (passaportes do mar) para navios
que navegavam, comerciando, desde Ormuz até Malaca. Os soberanos orientais
enviavam embaixadores e pagavam páreas. Veio a Goa o do rei da Pérsia; a Lisboa
foram os do soberano de Calicute e da rainha da Etiópia; em Malaca, onde
governava Rui de Brito, apresentaram-se embaixadores do rei de Sião, do de Pão,
do de Andraguiri, do de Menancabo, do de Ciai, do de Campar.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os Portugueses espalharam-se pelo Oriente, – navegando, comerciando, combatendo, – numa vida espantosa de aventureiros, cheia de lances
dos mais romanescos, toda imprevisto e variedade, toda pitoresco e energia
heróica, de que ficou um relato surpreendente no livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Peregrinação </i>de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/02/fernao-mendes-pinto-no-japao.html">Mendes Pinto</a>. Ao mesmo tempo, pelas viagens das
armadas do reino e pelos cruzeiros das de guarda-costa ia-se completando o
conhecimento de todas as regiões orientais.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">D. Lourenço de Almeida, filho de D. Francisco, aportara em 1505 a
Ceilão, e chegara em 1507 às Maldivas; em 1506, Tristão da Cunha descobrira as
ilhas que têm o seu nome; em 1507 percorre <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/03/afonso-de-albuquerque-ii.html">Albuquerque</a>, descobrindo e
avassalando ao mesmo tempo, a costa meridional da Península Arábica, desde o
golfo de Aden até Ormuz; em 1513, Pedro de Mascarenhas descobre as ilhas
Mascarenhas, entre as quais avultam as conhecidas hoje pelos nomes de Maurícia
e Reunião. [Foi nesse mesmo ano de 1513 que Jorge Álvares aportou à China,
levantando um padrão cerca do porto de Ta-mang, a 18 km de Cantão.] Diogo Lopes
de Sequeira chegara a Malaca em 1509, e estivera antes em alguns portos de
Samatra. Conquistada Malaca em 1511, sai de ali uma expedição destinada ao
descobrimento das Molucas, ou «ilhas das especiarias». António de Abreu, que a
comandava, esteve primeiro num porto de Java, depois em Amboína, e visitou em
seguida as ilhas de Banda, donde regressou para Malaca. O seu companheiro
Francisco Serrão foi mandado prosseguir na mesma empresa; naugragou numa das
ilhas do arquipélago de Banda; tendo salvo, porém, as armas, conseguiu
intimidar os naturais, e, fazendo-se à vela numa embarcação indígena, chegou
finalmente a Ternati e a Tidor, das Molucas propriamente ditas, onde pouco
depois os Portugueses se estabeleceram. Desta ocupação, e das viagens contínuas
entre Malaca e as Molucas, resultou o conhecimento de numerosas ilhas, entre as
quais as da especiaria. Foram assim conhecidas Bornéu, Celebes, (Gomes de
Sequeira, 1518), e Papuásia (D. Jorge de Meneses, 1527). Em 1518 mandou o
governador da Índia a D. João da Silveira que visitasse a costa do Coromandel;
seguindo para o norte, chegou às bocas do rio Ganges; de aí desceu pela contracosta, tocando em vários dos seus portos.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Em 1517, Fernão Peres de Andrade partiu de Malaca para uma
expedição às costas da China, indo fundear no porto de Cantão; um dos seus
subordinados visitou as ilhas de Ciu-Quiu, que se estendem para o sul do
arquipélago <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/02/vestigios-da-passagem-dos-portugueses.html">japonês</a>. Com as notícias da expedição, e os navios carregados de
produtos chineses, voltou Andrade até Malaca, e de aí até à Índia, aonde chegou
em 1519, partindo depois para Lisboa, a dar conta ao rei de mais esse avanço.
Ao <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/02/vestigios-da-passagem-dos-portugueses_23.html">Japão</a> chegaram em 1542 António da Mota, Francisco Zeimoto e António Peixoto,
e pouco depois Fernão Mendes Pinto, o autor da <i>Peregrinação</i>. Ali se
desenvolveu o cristianismo, levado pelos missionários, ao passo que os
negociantes portugueses chegaram a ter em Nagasáqui uma feitoria fortificada,
muitíssimo importante.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Já dissemos que os Portugueses procuraram desde princípio chegar à
Índia por ocidente, projecto em que mais tarde insistiu Colombo. A existência
dessas ideias de navegação por oeste é testemunhada [por uma viagem com os
dinamarqueses à Gronelândia, ainda no tempo do infante D. Henrique, e] por uma
carta dirigida pelo astrónomo florentino Toscanelli ao português Fernão
Martins, com data de 25 de Junho de 1474. Diz Toscanelli: «Soube com satisfação
do teu valimento e intimidade junto do vosso generosíssimo e magnificentíssimo
soberano (Afonso V). Falei já contigo sobre um caminho marítimo para o país das
especiarias, mais breve do que o que buscais pela Guiné. Por isso o teu
sereníssimo rei me pede agora explicações suficientemente claras para que até
os de medíocre saber possam compreender a existência de tal caminho» (texto
copiado por Colombo).</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit98_bCr0iXq4j614zCep2NC8SpFipYI34G_TvKMcbKHC3RoTnGljFGxGobuTmkXxXJLQRmDd9JMDS6NSoXGGWuoeuzlm0rjCLd6O-bpMY9Gtv2IxpCNA8QcJ2h7FFlK3upor1HA5b7RiQIGRaMVoWL2SLSmYy7xwg416LWPguWtHbLTy1KcRW8FVqrfY/s768/Greenland_eastcoast.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="432" data-original-width="768" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit98_bCr0iXq4j614zCep2NC8SpFipYI34G_TvKMcbKHC3RoTnGljFGxGobuTmkXxXJLQRmDd9JMDS6NSoXGGWuoeuzlm0rjCLd6O-bpMY9Gtv2IxpCNA8QcJ2h7FFlK3upor1HA5b7RiQIGRaMVoWL2SLSmYy7xwg416LWPguWtHbLTy1KcRW8FVqrfY/w640-h360/Greenland_eastcoast.jpg" width="640" /></a></div><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDOM-M3jTJO0kK_9WjCYjrr8psyxsOo-K3hL8AipdBCbBwxmZHJhvxjClwAo-uJnUOZ34AnFYf5aV8OyYpt4pCaqp00lU-iMdL2ELdoq7lJIaTmyGGNNlV89ZTBBgeczcaJnnq0ykY7JVUFcmmkoUVV6Q2G873udGZX37PLnVXaIZZtPIylyKKAiQySG4/s800/Greenland_(orthographic_projection).svg.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDOM-M3jTJO0kK_9WjCYjrr8psyxsOo-K3hL8AipdBCbBwxmZHJhvxjClwAo-uJnUOZ34AnFYf5aV8OyYpt4pCaqp00lU-iMdL2ELdoq7lJIaTmyGGNNlV89ZTBBgeczcaJnnq0ykY7JVUFcmmkoUVV6Q2G873udGZX37PLnVXaIZZtPIylyKKAiQySG4/w640-h640/Greenland_(orthographic_projection).svg.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /><b><span style="color: #bf9000;">Localização da Gronelândia</span></b></td></tr></tbody></table><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Existe prova, além disso, de que os governantes portugueses
consultavam já Toscanelli em 1459. Já se não pode duvidar hoje de que estas
ideias passaram de projecto, e de que houve quem tratasse de lhes dar
realização. Em 1452, isto é, ainda em vida de D. Henrique, Diogo de Teive, seu
escudeiro, partiu dos Açores em direcção dos quadrantes de oeste, segundo
testemunho do próprio Colombo, e viu terras. Sem insistir nas viagens prováveis
que deram origem a concessões a ocidente a Fernão Teles (1475) e a Fernão
Dulmo (1486), nos casos de Gonçalo Fernandes (1460-1461) e João Vogado (1462),
aquelas viagens de combinação com o soberano da Dinamarca, estudadas por Sofos
Larsen, nem em indicações cartográficas da primeira metade do século XV, podem
considerar-se como certas as expedições de Pedro de Barcelos e de João Fernandes
Labrador (o qual deu o nome à «Terra do Labrador») de 1492 a 1495, viagens
«para a parte do Norte», para as quais zarparam anteriormente a Colombo. Estas
tentativas para oeste (assim como também outros factos e projectos da política
dos Descobrimentos) eram mantidas secretas na medida do possível, a fim de
evitar a competência estrangeira.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Por 1500, Gaspar Corte Real, homem de família nobre e de cerca de
50 anos de idade, cujos irmãos (Miguel e Vasqueanes) desempenhavam cargos
importantes na corte de D. Manuel, solicitou privilégio deste rei para novas
empresas de descobrimentos. Outorgou-lhe o monarca as cartas-patentes
necessárias, com a doação das terras e ilhas que descobrisse (carta de doação
de 11 de Maio de 1500). Aparelhou Gaspar um ou dois navios, com os quais partiu
(de Lisboa? da ilha Terceira?) no Verão de 1500. Regressou no Outono seguinte,
depois de haver visitado ao ocidente uma terra «mui fresca e de grandes
arvoredos», como diz Damião de Góis.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Animados por este êxito, trataram Gaspar e seus irmãos de
preparar nova viagem, com três navios que largaram de Lisboa em Janeiro de
1501, para aportarem às regiões que aquele descobrira pouco antes.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Segundo uma carta do italiano Cantino, domiciliado em Lisboa, ao
duque Hércules de Ferrara, os descobridores navegaram na direcção do norte uns
cinco meses, ao cabo dos quais encontraram grandes massas flutuantes de gelo
que iam impelidas pelas águas. Pouco depois, viram o mar completamente gelado.
Isto os induziu a mudar de rumo para noroeste e para oeste. Ao fim de três
meses de feliz viagem foram dar com uma terra muito extensa, sulcada de grandes
e pitorescos rios, com frutos excelentes e variados, com árvores elevadíssimas.
Os indígenas viviam da caça e da pesca. Apoderaram-se os expedicionários de uns
quarenta, para os levar ao rei. Decidiu Gaspar Corte Real ficar por ali algum
tempo, para explorar as costas com a sua nau, e mandou regressar as outras
duas. Uma delas chegou ao Tejo a 9 de Outubro, e a outra a 10.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
Um mês passou; passaram-se dois, três e quatro meses, e a nau de Gaspar não
apareceu. Miguel, aflito, equipou então três caravelas, e foi-se em busca de
Gaspar. Mas também ele não regressou, nunca mais. Por fim, o mais velho dos
três irmãos, apesar de sexagenário e de pai de família com oito filhos,
resolveu cruzar também os mares, e ir à busca de Miguel e de Gaspar. Porém o
rei não o consentiu, decidindo enviar caravelas às paragens onde haviam
navegado os desaparecidos. Estas regressaram sem notícias deles, nem dos seus companheiros,
nem dos seus navios.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Agora, transcorridos quatro séculos, afirma o professor Edmundo
Delabarre que uma das inscrições gravadas no rochedo da praia de Dighton se
refere a Miguel Corte Real. Essa rocha, que só é inteiramente visível na
baixa-mar, apresenta petróglifos na face que diz para o oceano, petróglifos que
ocasionaram controvérsias entre os cientistas da América do Norte. Segundo
Delabarre, uma parte deles contém, não só o nome de Miguel Corte Real, mas
também a indicação de que este veio a ser ali, chefe de uma tribo indígena.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhba3bRF9HtkH-CU58tXpX5OkM_FTXXHGsnWsCVvKbsgzXyIv4yIorxoVHqTmDG38vdHvV54D9jsm2g3RqrUr_cQs83TJeK5ftuww1zpaAAHBbx3alZLHnBpslSVzJ5O3Vt2IazR3ANRrEVJs0SI2MaoKlwqWPc92G_g8rGxeR_Tu9M2V_4lctElGmnUnU/s501/A_Pedra_de_Dighton_no_Rio_Taunton,_ate_ser_removida_para_o_Museu_en_1963,_pesa_40_toneladas!.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="329" data-original-width="501" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhba3bRF9HtkH-CU58tXpX5OkM_FTXXHGsnWsCVvKbsgzXyIv4yIorxoVHqTmDG38vdHvV54D9jsm2g3RqrUr_cQs83TJeK5ftuww1zpaAAHBbx3alZLHnBpslSVzJ5O3Vt2IazR3ANRrEVJs0SI2MaoKlwqWPc92G_g8rGxeR_Tu9M2V_4lctElGmnUnU/s16000/A_Pedra_de_Dighton_no_Rio_Taunton,_ate_ser_removida_para_o_Museu_en_1963,_pesa_40_toneladas!.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #bf9000;">A Pedra de Dighton no estuário do rio Taunton, em Berkley, Massachusetts, antes de ser removida em 1963 como objecto protegido pelo Estado de Massachusetts.</span></b></td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><br /></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirowTY7S8PKyWvQ-7cWkL8joIJh1Pf_TistxfKbqAQZoSnuvdxXMnUW1hdajuxm-Qe6fnLvYPNZDGdnevWu6ygHy6PvwnD9FS9zjedpnwSBtj3_kHHWbEei86Mtyo42mIic0iPtem6NPXYl64iGdP9I-wGg4DNDFTd42A1o4-tA_1rsCcgTRWhdZUXTtg/s640/pedra_de_dighton%20(Museu%20da%20Marinha,%20Lisboa).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="426" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirowTY7S8PKyWvQ-7cWkL8joIJh1Pf_TistxfKbqAQZoSnuvdxXMnUW1hdajuxm-Qe6fnLvYPNZDGdnevWu6ygHy6PvwnD9FS9zjedpnwSBtj3_kHHWbEei86Mtyo42mIic0iPtem6NPXYl64iGdP9I-wGg4DNDFTd42A1o4-tA_1rsCcgTRWhdZUXTtg/s16000/pedra_de_dighton%20(Museu%20da%20Marinha,%20Lisboa).jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Museu da Marinha (Lisboa).</span></b></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLyerskN3XfIBicQVsDDHqMYtdA8HLOyCPh2Fs8ekAihcCZfzZLUD51hy2v0acRZtGXSlimjGelTgq7adK_8YdaTovg1XSvn5aYmZ6ihwNkgqWTMoTKliaeLoIO4-Xas4_u-Ht3q4vQuh5et-45mWwTyHYH7oRaeOmJ8sqFPkhBIFLmpwSQDwfyg-0568/s640/pedra_de_dighton%20(Museu%20da%20Marinha,%20Lisboa)_2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="426" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLyerskN3XfIBicQVsDDHqMYtdA8HLOyCPh2Fs8ekAihcCZfzZLUD51hy2v0acRZtGXSlimjGelTgq7adK_8YdaTovg1XSvn5aYmZ6ihwNkgqWTMoTKliaeLoIO4-Xas4_u-Ht3q4vQuh5et-45mWwTyHYH7oRaeOmJ8sqFPkhBIFLmpwSQDwfyg-0568/s16000/pedra_de_dighton%20(Museu%20da%20Marinha,%20Lisboa)_2.jpg" /></a></div><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgodE4fYQq7TEph7GkShOzg94IurIulXLjaTJQjrVkeBESjwf3Xb8HMXD1sFAW6NkK8vE7CJsNfo8DJPSdAb3mkBLBx5H54Bw4b5CixAj_Yj20SJFv5N-UCnSf9rvyLI81P36CE-mKZG8oQx2f8hDFDr16c0lFA-6IPqXK06SNo9HxK9bP_KS_EaK1IP_k/s1067/800px-Corte-Real_statue.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgodE4fYQq7TEph7GkShOzg94IurIulXLjaTJQjrVkeBESjwf3Xb8HMXD1sFAW6NkK8vE7CJsNfo8DJPSdAb3mkBLBx5H54Bw4b5CixAj_Yj20SJFv5N-UCnSf9rvyLI81P36CE-mKZG8oQx2f8hDFDr16c0lFA-6IPqXK06SNo9HxK9bP_KS_EaK1IP_k/w480-h640/800px-Corte-Real_statue.jpg" width="480" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Estátua de Gaspar Corte-Real, na cidade de St. John's, Newfoundland.</span></b></td></tr></tbody></table><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ter-se-iam os Corte-Reais traçado por objectivo o caminho da Índia
pelo noroeste? O certo é que os únicos caminhos práticos, pelo menos, foram
descobertos pelos Portugueses: o do sueste, como vimos, por Bartolomeu Dias; o
do sudoeste, por Fernão de Magalhães.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Acentua o erudito Harrisse, em um dos seus trabalhos sobre as navegações,
o facto de que na expedição de Fernão de Magalhães, português ao serviço de
Castela, tomaram parte os pilotos portugueses Carvalho, Estêvão Gomes, Serrão,
Vasco Galego, Álvaro e Martim de Mesquita, Francisco de Asseca, Duarte Barbosa,
António Fernandes, Luís António de Beja, João da Silva. E, comentando este
facto, diz o seguinte: «Assim, este memorável empreendimento, realizado sob a
bandeira espanhola, não contou menos de catorze pilotos portugueses; e se a
esses acrescentarmos o comandante em chefe, os cosmógrafos encarregados da
parte técnica (Rui e Francisco Faleiro), assim como os três cartógrafos que
forneceram os elementos (Pedro Reynel, Jorge Reynel e Francisco Faleiro) todos
nascidos em Portugal, veremos aí um facto, honroso para este país, que não deve
ser esquecido pelos historiadores das navegações».</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A primeira viagem em torno do globo, com efeito, integra-se no
conjunto dos trabalhos dos Portugueses, e tem cabimento, por isso, em uma
história de Portugal.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Magalhães nasceu em 1480, e embarcou em 1505 na armada de D.
Francisco de Almeida, quando este foi para a Índia como seu primeiro vice-rei.
Era então um aventureiro obscuro. Três anos depois estava de volta a Portugal.
Em 1508 alista-se outra vez na frota da Índia, achando-se em 1509 na viagem a
Malaca, sob as ordens de Diogo Lopes de Sequeira. Regressado à metrópole, conquistou
um lugar na corte, «andando no livro dos moradores da casa de El-Rei [D.
Manuel] com bom foro». Em 1513 alistou-se na expedição de D. Jaime de Bragança
a Marrocos. De volta, não conseguiu do rei uma melhoria de situação que
pretendia. Isto levou-o a expatriar-se (1518). Uma vez em Castela, tratou de
pôr em execução o seu projecto do descobrimento das Molucas pela via de oeste,
pois se convencera de que essas ilhas pertenciam, conformemente à partilha de
1494, ao reino de Castela.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Conhece-se essa partilha. Pela sentença do Papa Alexandre VI, o
mundo a descobrir fora dividido entre os reis de Portugal e de Castela, segundo
o meridiano que passa a 370 léguas a oeste [da ilha mais ocidental do
arquipélago] de Cabo Verde. As Molucas, de onde vinham a noz e o cravo,
estariam no hemisfério castelhano? Estariam no português? Pelos cálculos de
Magalhães, ficavam no de Castela. Rui Faleiro, «grande homem na cartografia e
astrologia e outras ciências humanas», que vivia na Covilhã e era talvez mestre
de Magalhães, pensava da mesma forma; Serrão, companheiro do navegador no
Oriente, e que ficara em Ternate, carteava-se com ele e fornecia-lhe elementos
sobre a posição geográfica das Molucas. O continente americano, ao que pensavam,
devia adelgaçar-se para o sul, terminando em cabo, como a África, a Índia e a
Indochina. Cumpria dobrar esse cabo, e de aí passar à Ásia. Reaparecia assim, sob
nova forma, a antiga ideia [portuguesa] de atingir a Índia por ocidente, em que
insistira Cristovão Colombo.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirDuQgxgyL7dBsnWrW6LjfCqemLNFQ0fyBp7oLpp1xhDM07xzdAH1C9SXJHxU-05DWtNkWlst5dqY0WPrYFCHeVR3pF_-Wpf_DmvD34cUGuLdtnPehoR2M4cEpsS8zGLmH8Y6FcXxUNWCU2KRiLgQGFzcqCCcqedC_Uu620gEBYLjoG4zLzCnyEBh56-o/s640/Tidore.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="433" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirDuQgxgyL7dBsnWrW6LjfCqemLNFQ0fyBp7oLpp1xhDM07xzdAH1C9SXJHxU-05DWtNkWlst5dqY0WPrYFCHeVR3pF_-Wpf_DmvD34cUGuLdtnPehoR2M4cEpsS8zGLmH8Y6FcXxUNWCU2KRiLgQGFzcqCCcqedC_Uu620gEBYLjoG4zLzCnyEBh56-o/s16000/Tidore.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Tidore, vista de Ternate (uma ilha vulcânica do arquipélago das Molucas, na Indonésia).</span></b></td></tr></tbody></table><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4h4rtbm72gncjjbv1iTrXzuZuj_Cuyb9wBJyTwKEGZT9iZ3DZzf0IYKjAdDoPHzerGVbOKHC7hcavbffQ4OVbV_AcEqzWQPUFEKxZVfHXUG2o5TZLhzCFYqd1eQxVThMD8_bGR0lJJZMLcj7k6n31cFEX1trrNdhENHQ10MH9mCtVstpKpbVbwZb79Uc/s2210/20230712171610_00002.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2210" data-original-width="1877" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4h4rtbm72gncjjbv1iTrXzuZuj_Cuyb9wBJyTwKEGZT9iZ3DZzf0IYKjAdDoPHzerGVbOKHC7hcavbffQ4OVbV_AcEqzWQPUFEKxZVfHXUG2o5TZLhzCFYqd1eQxVThMD8_bGR0lJJZMLcj7k6n31cFEX1trrNdhENHQ10MH9mCtVstpKpbVbwZb79Uc/w544-h640/20230712171610_00002.jpg" width="544" /></a></div><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Magalhães chegou a Sevilha em Outubro de 1517. Travou relações de
amizade com a família dos Barbosas, também portugueses e homens do mar. O
casamento com a filha de Diogo tornou-o cunhado de Duarte Barbosa, que andara
na Índia (sobre a qual escreveu um livro muito interessante), e que veio a
participar na viagem de circum-navegação.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Em fins de Fevereiro de 1518 achavam-se Magalhães e Faleiro na
corte de Carlos V, protegidos pelo bispo de Burgos e por um burocrata que
haviam comprado, prometendo-lhe a oitava parte dos lucros da sua empresa.
Conseguiram, assim, assinar com a Coroa o ambicioso contrato.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Concedia-lhe<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>esta a vintena de tudo o que descobrissem, e
licença para levarem anualmente para as terras descobertas o valor de mil cruzados
de fazenda, empregando-a na troca do que quisessem, sem pagarem mais do que a
vintena; obrigava-se, outrossim, a armar cinco naus para a viagem,
abastecendo-as e tripulando-as.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Soube-se disto em Portugal, onde se receava que os Castelhanos
chegassem às Molucas, navegando no hemisfério que lhes pertencia. O rei
português tentou convencer Magalhães a desistir de tal propósito, por intermédio
do seu feitor em Sevilha. Magalhães resistiu, trabalhou no apercebimento da sua
armada, e combateu contra as intrigas e embaraços em todo o resto do ano de
1518 e na primeira metade do ano seguinte.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Largara de San Lucar a 20 ou 21 de Setembro [1519]. Os navios eram
cinco: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Trindade</i>, do comando de
Magalhães; <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Santo António</i>, de João de
Cartagena; <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Conceição</i>, de Gaspar
Quesada; <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Vitória</i>, de Luís de
Mendonça, e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Santiago</i>, de João Serrano.
Os Reynéis e Diogo Ribeiro fizeram as cartas, as agulhas, as esferas e os
quadrantes.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A 13 de Dezembro estavam na baía de Guanabara, e a 10 de Janeiro
de 1520 no rio da Prata, donde saíram, depois de visitar as costas, na primera
quinzena de Fevereiro. Entraram a 31 de Março no porto de S. Julião (49º 30’
S.), e, por estar o tempo muito agreste, foi resolvido esperar aí.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Na noite de 1 de Abril os castelhanos descontentes conseguiram
revoltar as naus <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Trindade</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Santo António</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Vitória</i>. Era seu intento regressarem a Castela com o chefe preso,
porque este, ao que alegavam, «os levava todos a perder». O capitão-mor, à
frente dos portugueses, meteu-se num batel e foi-se às naus, onde subjugou os
revoltosos. Então, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Conceição </i>e a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Santo António</i> pretenderam fugir pela
barra fora. Magalhães cruzou-se à entrada do porto com os navios que lhe
obedeciam, abriu fogo sobre aqueles, e tomou-os de abordagem.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Subjugada a revolta, fez-se à vela. Perto do rio de Santa Cruz
(59º S.) naufragou a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Santiago</i>.
Foi-lhes necessário regressar ao porto, porque o tempo continuava áspero; o
frio gelava as mãos. Zarparam a 24 de Agosto. Um temporal, porém, obrigou-os a
meter de capa à sombra da terra de Santa Cruz. Impossível, pois, prosseguir por
enquanto. Nova espera, até 18 de Outubro. Então levantaram ferro. Ao fim de
três dias de navegação, chegavam à boca de um braço de água. Aí, consegue fugir
a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Santo António</i>. Os restantes navios
aproam à entrada, com os batéis à frente para fazer sondagens. Vêem-se
engolfados num estreito lúgubre, de margens alterosas que se erguiam a prumo.
Na bruma álgida, rugindo e negro, o mar reboa com rumor soturno. Avançando, –
rompeu em salvas. No ar, de súbito, estouram os tiros de canhão das naus: voam,
ecoam, reecoam, somem-se, – e perdem-se enfim nas vastidões do ermo,
confundindo-se, – longínquos, – com o sussurrar das ondas... Dia após dia,
gastaram no estreito para cima de um mês. Por fim, uma nau desembocou no oceano
imenso, – um oceano calmo, lânguido, [rejubilante], e de águas pacíficas sob a
luz claríssima, em que se espelhava o Sol. Era a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Vitória</i>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguF496UM_xXBUo7-lD4-JHJ2D-5ZBp5TSvgVV5ZcL_5AeR68se1GxrbO4fvvcB_NZNpoE-IXf22qAlT1bUPGcooeXXwUTEQV7kJ-4qjAdoprCfDwaiDFQaRta4S4D12z1dfPYqf9-l3Bq0EO7Aejq5hwj8a5OLNqrzO-xV_cftg6XtftL4mB1Q-evD2Qs/s800/800px-Strait_of_Magellan's_discovery_1520.svg.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="644" data-original-width="800" height="515" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguF496UM_xXBUo7-lD4-JHJ2D-5ZBp5TSvgVV5ZcL_5AeR68se1GxrbO4fvvcB_NZNpoE-IXf22qAlT1bUPGcooeXXwUTEQV7kJ-4qjAdoprCfDwaiDFQaRta4S4D12z1dfPYqf9-l3Bq0EO7Aejq5hwj8a5OLNqrzO-xV_cftg6XtftL4mB1Q-evD2Qs/w640-h515/800px-Strait_of_Magellan's_discovery_1520.svg.png" width="640" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMK4y-_aJcgQpSR6tA9AIsE9jaf7INDet7Sy1aMg_a9DFk6ygGzR85cAsq71syjs98KqTs9WvmyRfEVWtxDlTC8W1LxXMesdNGg975a9ixdr0j7w88MDMDQpm1E6nTeej30e22aWMqxqekUQHUBGIMvdu7o7zhqUzm5p5maXQSXVmlOtbjhqL4umHS0kA/s800/800px-PHL_orthographic.svg.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMK4y-_aJcgQpSR6tA9AIsE9jaf7INDet7Sy1aMg_a9DFk6ygGzR85cAsq71syjs98KqTs9WvmyRfEVWtxDlTC8W1LxXMesdNGg975a9ixdr0j7w88MDMDQpm1E6nTeej30e22aWMqxqekUQHUBGIMvdu7o7zhqUzm5p5maXQSXVmlOtbjhqL4umHS0kA/w640-h640/800px-PHL_orthographic.svg.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /><b><span style="color: #bf9000;">Localização das Filipinas</span></b></td></tr></tbody></table><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Rumaram ao norte, para o paralelo das Molucas. Os mantimentos
escasseavam; a aguada, agora, estava podre: roíam, por isso, o couro dos
mastros, depois de mergulhados por alguns dias; tragavam serradura para
iludirem a fome. As gengivas inchavam com o escorbuto; e a morte, ceifando
constantemente nessa tripulação de moribundos, semeava de cadáveres as
singraduras das três naus. Com corrente favorável e com vento largo, chegaram a
6 de Março às ilhas Marianas, ou dos Ladrões; aportaram depois a uma Filipina,
e por fim a Mazaguá e a Zebu. Uma desavença com um régulo indígena levou
Magalhães a desembarcar uma manhã em uma praia esparcelada de Mazaguá, onde
teve de combater, mergulhado na água, contra uma multidão de gente selvagem que
caiu sobre ele e o matou[, no parcel da praia], às setadas e às lançadas.
«Assim morreu», diz Pigafeta, «o nosso guia, nosso amparo e nossa luz»...</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Para a História, estava concluída a sua mensagem. Fora-se por
oeste, enfim, às paragens onde já tinham chegado os compatriotas de Magalhães,
navegando no sentido oposto. Em volta do globo, com esteiras de naus,
fechava-se o anel das Navegações, e rematava-se assim um primeiro ciclo da
função histórica dos Portugueses. A estes, resta-lhes abrir uma nova era, em
que logrem transportar para a vida do espírito (para o campo das reformas da
sociedade, para o da ciência e da filosofia) a missão descobridora que lhes
coube em sorte, – para que se possa afirmar em futuros tempos que também nos
domínios da investigação científica, da ética, da pura interioridade, do ideal
humano,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #783f04;">«novos mundos ao mundo irão mostrando»...</span></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-fumos-da-india.html">António Sérgio</a>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/do-valor-indomito-dos-portugueses-na.html">Breve Interpretação da História de Portugal</a></i>,
Livraria Sá da Costa, Lisboa, 14.ª Edição, 1998, pp. 77-84).</span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw6YSbQu0UekCG48Lyzl7HmkKEfHFKoifbZ89shVxNhXRagWrRWJsxJy1cvyWbxo3ohr8dkoGY50AfZQ9XzVnnkqH4Yf2E2SqvnNLrWyghiAdsMO5x1VfEEhWVgsYdyChaQSR0iczOfxlTsndF9C-o15CG7O1CPE_z_HuFeVT1qTponVPhTDRbsI4rSHA/s2100/istock-138177905.webp" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1671" data-original-width="2100" height="510" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw6YSbQu0UekCG48Lyzl7HmkKEfHFKoifbZ89shVxNhXRagWrRWJsxJy1cvyWbxo3ohr8dkoGY50AfZQ9XzVnnkqH4Yf2E2SqvnNLrWyghiAdsMO5x1VfEEhWVgsYdyChaQSR0iczOfxlTsndF9C-o15CG7O1CPE_z_HuFeVT1qTponVPhTDRbsI4rSHA/w640-h510/istock-138177905.webp" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Mosteiro de Santa Maria de Belém</span></b></td></tr></tbody></table><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b><p></p><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7879785084973373112.post-39086254169757429732023-07-26T04:40:00.003-07:002023-07-26T05:10:13.975-07:00A memória das raízes<p><b><span style="color: #274e13; font-size: large;">Escrito por Franco Nogueira</span></b></p><p><br /></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj7BX8CKYp7a9bfS0Cyb5B6GHBMbjW7iky_dWyA81mV98k_bvBPKztb_Nob79YoWiAbVdtF-lwVFcvyNpx94jH5uxKOVLessHEnr5o7kvGDrZbM4WrDW32gDm8oPvsW788qYakVPVAYgmG_xnxBsfTp-mp2cjYTYCGnwxA_txBtBh41u9GsplphGEWge4/s640/Gigante_Adamastor_by_Jorge_Cola%C3%A7o.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="274" data-original-width="640" height="274" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj7BX8CKYp7a9bfS0Cyb5B6GHBMbjW7iky_dWyA81mV98k_bvBPKztb_Nob79YoWiAbVdtF-lwVFcvyNpx94jH5uxKOVLessHEnr5o7kvGDrZbM4WrDW32gDm8oPvsW788qYakVPVAYgmG_xnxBsfTp-mp2cjYTYCGnwxA_txBtBh41u9GsplphGEWge4/w640-h274/Gigante_Adamastor_by_Jorge_Cola%C3%A7o.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">O Gigante Adamastor<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><br /><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlWZQ4bm8rM6g69vgrFU4rYGaq7CaCjA3xZEKDDuWpJKsHK9Fof71FdIL8VGNFibBEVATjuIFU90qXcRX43Xgze2wd27acJ83i4PW-i1iCDgIk58XVFI4RFOigj6IDu5DaMKiIOVApHLnEZqL-DOoe1i0cV6ShNi6XI3yJj0_iO7_o4pUuTky6g1HPIGU/s1865/20230112183334_00005.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1865" data-original-width="1304" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlWZQ4bm8rM6g69vgrFU4rYGaq7CaCjA3xZEKDDuWpJKsHK9Fof71FdIL8VGNFibBEVATjuIFU90qXcRX43Xgze2wd27acJ83i4PW-i1iCDgIk58XVFI4RFOigj6IDu5DaMKiIOVApHLnEZqL-DOoe1i0cV6ShNi6XI3yJj0_iO7_o4pUuTky6g1HPIGU/w448-h640/20230112183334_00005.jpg" width="448" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Alberto Franco Nogueira tripulando o seu veleiro "Corsário", algures junto à costa portuguesa.<br /><br /><br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Da alteração da estrutura do Estado, como pretendem alguns,
passar-se-ia à alteração do que é essencial na ordem económica e social
existente. Não se trataria somente de remediar abusos, sanar injustiças, emendar
erros, acusar incompetências, satisfazer queixas legítimas. Não se trataria
apenas de acelerar o desenvolvimento, aumentar a produtividade nacional,
melhorar a justiça social, repartir mais equitativamente a riqueza, expandir a
educação e a cultura de massas, pôr enfim o progresso ao alcance de quantos
constituem, a igual título, a comunidade nacional. Tudo isto deve ser feito;
mas não é isto que está em causa. É outro o objectivo: dar à sociedade
portuguesa uma configuração socialista, porventura na sua mais extrema
expressão, e modificar em conformidade a estrutura social e económica. Não se
procuraria somente corrigir excessos do capitalismo. Seria o desaparecimento da
sociedade de competição, fundada na iniciativa pessoal e na propriedade
privada, que daria lugar à absorção do indivíduo no Estado. Negar-se-ia a
liberdade de espírito; não haveria margem para a aventura e a fantasia pessoal;
e ignorar-se-ia o estímulo que representa a conquista de um benefício pelo esforço
individual. Seria a abolição de toda a hierarquia impulsionadora; e toda a vida
pública e privada e a própria alma humana seriam tecnicamente enquadradas e
orientadas. Alguns, receosos destes resultados extremos, julgam poder parar em
meio caminho, e sugerem a adopção de alguns ângulos do socialismo, rejeitando
por outro lado alguns dos seus princípios básicos. Mas aqui temos de ver que
se são possíveis as contradições no pensamento, estas não são viáveis quando se
passa à acção. A uma política social tem de corresponder uma política económica,
e com esta tem de alinhar uma política financeira, e todas têm de encontrar o
seu fundamento numa estrutura do Estado, da moral colectiva, e da sociedade.
Acima de tudo, interessa o comportamento do Estado em face do indivíduo, e
neste particular não parecem viáveis quaisquer compromissos. Um povo e uma
Nação não são apenas um conjunto de homens a trabalhar mecanicamente e um
território não é apenas uma oficina: são igualmente uma alma, um espírito, e
acima de tudo um destino que se sente, se pratica e se cumpre em comum. Negar-lhos,
igualá-los a todos os outros, é anulá-los. Sem dúvida: um Estado moderno pode e
deve ser social, no sentido de garantir o bem comum, arbitrar os conflitos de interesses,
assegurar a justiça distributiva, manter a igualdade na aplicação da lei. Mas
há um abismo entre o Estado social, que respeita a pessoa humana, e o Estado
socialista, que a esmaga. Não está no carácter dos portugueses sujeitarem-se a
este último.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/quatro-teses-do-pensamento-geopolitico.html">Franco Nogueira</a> («Fecho de um Debate», texto baseado nas palavras
pronunciadas em Lisboa, no cinema Tivoli, no decurso de uma reunião política,
em 23 de Outubro de 1969, in «Debate Singular»).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b> </b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«Num texto elaborado e recentemente publicado pelo Ministério da
Educação para orientação dos professores do ensino secundário, podemos colher,
entre muitos outros exemplos análogos, este modelo de estultícia pedagógica e
mental: “Dá-se um zero a um aluno que não sabe quem escreveu 'Os
Lusíadas'. Pois que se dê também um zero a um aluno que não sabe como se
faz o queijo”. O Ministério da Educação ignora assim ou procede como se
ignorasse, que saber o que são "Os Lusíadas" constitui um saber de
carácter universal, implica valores universais como são os valores poéticos,
cuja aprendizagem através de "Os Lusíadas" é a via que, por
excelência, os portugueses têm a felicidade, ou a virtude histórica, de
possuir, via que tem na adolescência a idade propícia para ser iniciada, pois é
essa a idade na qual o ser humano pode concentrar todas as suas virtualidades
somáticas, sentimentais e intelectuais na descoberta da poesia, como as pode
concentrar na descoberta do amor. Por outro lado, "fazer o queijo" é coisa que
em qualquer idade, por quem quer que seja e seja qual for o seu grau de
ignorância ou sabedoria, de estupidez ou inteligência, pode ser imediatamente
aprendida. E a terem de saber os alunos “como se faz o queijo”, então teriam de
possuir também, e pelas mesmas razões, o conhecimento de uma infinidade de
outros particulares e equivalentes conhecimentos, o que leva à conclusão de não
haver no mundo homem algum que não fosse “chumbado” caso se aplicasse tal
preceito escolar.»</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/11/o-socialismo-montou-cerco-portugal.html">Orlando Vitorino</a> («Exaltação da Filosofia Derrotada», 1983).</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0Xf7jgVu0zQquVcsewNu4iw6IqQGHLpRAzLjOpzU8wNOHPFusrtzEtVsY25HBK8WhiR2oEY4DYpylqpzTnb8FJfgYEy_Qs7TxBieyEJFg_yR6bnvls87iHF0PXuU1JH9ahfknrZJrFW9dc3Tjy5eGZtyt-XEeXaqnrZA0XDNREdxKLe0uD2oY57INaOM/s622/20151107172124_00002.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="622" data-original-width="449" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0Xf7jgVu0zQquVcsewNu4iw6IqQGHLpRAzLjOpzU8wNOHPFusrtzEtVsY25HBK8WhiR2oEY4DYpylqpzTnb8FJfgYEy_Qs7TxBieyEJFg_yR6bnvls87iHF0PXuU1JH9ahfknrZJrFW9dc3Tjy5eGZtyt-XEeXaqnrZA0XDNREdxKLe0uD2oY57INaOM/s16000/20151107172124_00002.jpg" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«<i> – Na situação de crise em
que Portugal se encontra [estava-se então em 1978], fala-se muito dos riscos de
uma perda da independência nacional. Há, por um lado, a transferência dos
centros de decisão vitais para além-fronteiras, o que em certos casos é já um
facto. Mas, para além desse ponto, crê que pode colocar-se, num prazo mais ou
menos longo, o perigo dum desaparecimento de Portugal?</i></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>– (...) Os perigos, os riscos a que se refere são reais,
dolorosamente reais. Há a ideia, segundo parece, de que <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/10/800-anos-de-independencia-de-portugal.html">Portugal</a>, por ter mais
de oitocentos anos de existência, é automaticamente eterno. Eu não conheço
nenhum decreto que prescreva a eternidade de Portugal; e se o houvesse ainda
era preciso que os demais respeitassem esse decreto; e a História mostra-nos
países que apareceram e desapareceram, e até em épocas bem próximas de nós o
facto se tem dado. Por que seria Portugal uma excepção? E atente nisto:
Portugal é hoje um país empobrecido, muito para além da realidade aparente.
Abandonámos o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/as-forcas-que-romperam-os-lacos-entre.html">Ultramar</a>, simplesmente, sem negociação; e estamos endividados
para gerações: Repito: para gerações. Isto basta para nos aterrar, para nos
alarmar. Mas há muito mais. Estamos a aplicar os empréstimos em salários e bens
de consumo, e muito pouco em equipamentos e investimentos. Perdemos milhares e
milhares de quadros </b></span><b style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 14px;">–</b><b style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt;"> professores, engenheiros, médicos, gestores técnicos,
etc. – que foram expulsos, destruídos: e cumpre não esquecer que um homem,
sobretudo um homem qualificado, é o bem mais precioso e o investimento mais
caro de um país. Depois, por falta de confiança, <i>fugiram</i> de Portugal alguns milhões de contos: não estou a
justificar o facto: estou a apontá-lo. É incalculável o que saiu do país em
obras de arte, jóias, mobílias, pratas: devem estimar-se em vários milhões de
contos também. Embora fossem propriedade privada, pertenciam ao património
cultural e artístico do país, e mais tarde ou mais cedo encontrariam o seu
lugar em museus portugueses. Muito mais seria possível acrescentar. Parecia-me
vantajoso que a massa dos Portugueses tomasse consciência destes aspectos para
se aperceber de quanto o país foi e está sendo depauperado. Não são apenas os
centos de milhões de contos que devemos e que, é bom não esquecer, temos de
pagar. Há que entrar em linha de conta com os prejuízos a que aludi atrás. A
vulnerabilidade de Portugal é portanto imensa. Para além de tudo, todavia, o
facto decisivo é este: a vontade dos Portugueses. Se essa vontade for vigorosa,
e firme, e tenaz, Portugal pode sustentar a sua independência, e retomar a sua autonomia
em relação aos centros de decisão hoje exteriores. Recorda-se de que Herculano
dizia que somos independentes porque o queremos ser? Eu tenho esperança de que
saberemos continuar a querer. Ou seremos então a geração que vai trair todas,
todas as gerações anteriores? Eu vejo que na União Soviética se exaltam e
veneram as grandes figuras da História, desde Ivan o Terrível a Pedro o Grande,
desde Catarina II a Tolstoi. Vejo que os Estados Unidos celebram todos os dias
os seus grandes vultos, os seus grandes valores. Na Inglaterra, os grandes nomes
– Isabel I, Shakespeare, Nelson, Wellington, mil outros – são sagrados, e são
apontados diariamente à veneração pública. E é então num momento em que por
toda a parte se proclama o nacionalismo, a independência dos povos, que nós
vamos abdicar? Temos acaso vergonha de um <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/o-galaaz-portugues.html">Nuno Álvares</a>, de um <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/a-linda-ines.html">Camões</a>, de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/01/o-infante-d-henrique.html">um Infante</a>, um D. João II, um <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2013/03/afonso-de-albuquerque-i.html">Albuquerque</a>? Acho que se impõe um regresso aos
valores autênticos, permanentes, e há que proclamá-los mesmo perante os
sorrisos sardónicos e benevolentes das mentalidades superiores. Das
mentalidades daqueles que têm muitas teses intelectuais mas não sentem nada; e
daqueles que por ignorarem tudo julgam saber tudo; e de quantos pensam ter a
vida começado com eles sem ao mesmo tempo admitirem, para serem lógicos, que a
vida também acabará com eles. Ou estará o dinheiro estrangeiro a influenciar a
inteligência portuguesa. E a juventude portuguesa? Já não estremece e palpita
com Portugal?</b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>(...) <i>– Pensa que é hoje
importante o empreendimento do combate cultural pelos sectores mais jovens?</i></b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>– Sim, sem a menor hesitação. Não acredito que as ideias se
combatam com a força, e que sejam vencidas pela violência e pela repressão. As
ideias combatem-se e destroem-se com outras ideias. Atrever-me-ia a dizer que,
neste ponto, e em certo sentido, muito parece estar simplificado: a falência
cultural da esquerda é patente, e não só em Portugal, aliás. Já reparou que as
ideias, o vocabulário, os conceitos, até os slogans usados pelos nossos
responsáveis de esquerda, são os mesmos, rigorosamente, os mesmos de há trinta,
quarenta, cinquenta anos? Não há uma novidade de consequência, não há um
pensamento que aponte caminhos além dos já experimentados e que comprovadamente
falharam em toda a parte. Sim, o combate cultural é fundamental: nas escolas,
nas universidades, nos meios sindicais, em toda a parte, em suma, há que
denunciar os sofismas, os erros, os falsos princípios. Não com arrogância, nem
como quem quer impor <i>a sua verdade</i>.
Esse totalitarismo é apanágio da esquerda, de uma esquerda imaculada, única
detentora da verdade, da isenção, do desinteresse, da santidade em suma. Apenas
se deve proceder através da análise fria, do exame documentado, das conclusões
objectivas já autorizadas pelos factos e pela história. Não importa, penso eu,
a especulação ideológica, a criação brilhante das <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/01/franco-nogueira-e-literatura-portuguesa.html">grandes abstracções intelectuais</a>; importa mais demonstrar a inoperância, o não fundamento, as
consequências funestas dos ideais de esquerda. O que se disse, o que se
afirmou, o que se acusou, o que se tripudiou em Portugal, o que se defendeu, o
que se atacou!! Recordo-me de que um jornal, cujo nome não cito, publicou em
Maio de 1974 um artigo condenando as touradas, por alienantes, e que terminava
assim: <i>"o primeiro fascista
português foi Afonso Henriques". </i>Recordo-me de uma emissora dizer que
Camões fora um poeta menor ao serviço de imperialistas. Que efeito teria hoje
lembrar e documentar tudo isto?».</b></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/prevencao-sobre-o-n-u.html">Franco Nogueira</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/02/juizo-final-i.html">«Juízo Final»</a>).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6GZFZdV-i8qImQb3QiN5IkDX4JUxkCBy_JsHzgWuHURIaqYe3-xQYK8ZqjzF769dHe5fvxcaiuIe4NPfBbEJuDGIrd2ABk3AA5y8kSvpR1e__lNwKF0wOKWJCt94izdBHX0nkio6ul994iDkUAUOS2nodzLAh16Ao35MWwzPUMZq1VxQQysRyBESNDvY/s640/20151202165339_00001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="462" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6GZFZdV-i8qImQb3QiN5IkDX4JUxkCBy_JsHzgWuHURIaqYe3-xQYK8ZqjzF769dHe5fvxcaiuIe4NPfBbEJuDGIrd2ABk3AA5y8kSvpR1e__lNwKF0wOKWJCt94izdBHX0nkio6ul994iDkUAUOS2nodzLAh16Ao35MWwzPUMZq1VxQQysRyBESNDvY/s16000/20151202165339_00001.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p></p><p>
</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>«</b></span><b><span style="color: #990000;"><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt;">Se, mesmo esquecendo de
momento a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/05/contestando-chamada-descolonizacao.html">catastrófica descolonização</a>, a tentativa neo-totalitária de que o
país foi alvo ou a desorganização da nossa economia e produtividade, é
objectivo afirmar que o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/04/a-revolucao-dos-cravos-manicomio-em.html">25 de Abril</a> representa efectivamente a mudança da
ditadura para a legitimidade democrática, o certo é que, em si e por si <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/02/desagregacao-de-portugal-multirracial-e.html">não é uma data que simbolicamente identifique a pátria portuguesa</a>; é uma <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/10/autopsia-do-25-de-abril_19.html">data de significado conjuntural</a>, mas não de<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-novos-imperios-e-os-direitos-de.html"> significado essencial</a>...</i></span></b></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>“A poesia é mais verdadeira do que a história”, <i>disse certeiramente <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2014/01/poetica-de-aristoteles.html">Aristóteles</a>; realmente a
história, inquérito nunca objectivo sobre o passado (jamais inteiramente
documentável e cientificamente interpretável) é um conto narrado de forma
diferente por cada época, por cada historiador, por cada prisma filosófico ou
ideológico. Daí a fortuna e a desfortuna de sucessivas datas políticas tão
depressa exaltadas como combatidas ou esquecidas...</i></b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><i><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>O certo é que nós
esquecemos todas as datas políticas da agitada história helénica, mas não
esquecemos Homero, Ésquilo, Sófocles, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/09/platao-i.html">Platão</a> ou Fídias. Havia uma sabedoria
nacional em ter-se compreendido que a nação portuguesa era simbolizada com
muito mais verdade por um poeta ou por um poema, do que por uma efeméride
política; sabedoria que parece ter-se perdido neste intuito de algum modo
manipulatório de ritualizar o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/04/a-revolucao-dos-cravos-manicomio-em_30.html">25 de Abril</a>, acontecimento tão enorme, que
mereceria ser sobreposto a todos os outros de que a existência portuguesa foi
fértil.</b></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b><span style="color: #990000;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">Ora, sendo
perfeitamente legítimo que a comemoração do <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/05/a-revolucao-do-cravos-manicomio-em.html">25 de Abril</a> tenha vindo substituir
a do 28 de Maio, já não o parece que a tenham preferido à do 10 de Junho, que
para muitos portugueses, senão para a maioria, continua a ser o verdadeiro</span></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"> Dia de Portugal...</span></span></b></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>(...) “O rito é o mito em acto”, <i>citei, atrás, não por acaso.</i></b></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><i><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Talvez que a intenção
tenha sido afinal a de mitificar o <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/05/25-de-abril-de-1974-uma-pagina.html">25 de Abril</a>, inserindo-o a partir de agora
no ritual da nossa liturgia cívica e esperando-se que a repetição, a
solenidade e o ditirambo acabem por fazer esquecer aos portugueses o reverso da
medalha.</b></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><i><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>E talvez que se
procurasse também (matando dois coelhos com a mesma cajadada), desmistificar o
nosso nefando poeta colonialista, que encheu de quimeras a cabeça tonta dos
portugueses, fazendo-os acreditar que este povo significou alguma coisa na
história universal precisamente com a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/as-nacoes-maritimas-aprenderam-na.html">gesta </a>(para alguns ainda indigesta!) da <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/as-nacoes-maritimas-aprenderam-na_28.html">expansão marítima</a>, que nos teria desviado do nosso destino peninsular e
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/01/centro-de-estudos-europeus-retrocesso.html">europeu</a>.</b></span></i></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><i><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></i></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><i><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"></span></i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq093Ktno0tsWl-DjrKFCYZGhlk9_MDIzoemrLgeaExcbbgUVjwQHCLm0skIuctWg7G2cMdGiefZGEc7STOB6NolwU26nJO9qa7GVfe98aM1VZ-Lmm0CX3I0AsnpV45ss13xEoohwgbN95QoMhmTIZ5K5PkFb4hP75xyjSMzQbuxmgOqqHzPRxn8PC_yw/s640/Fernando_Pessoa_signature.svg%20(2).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="184" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq093Ktno0tsWl-DjrKFCYZGhlk9_MDIzoemrLgeaExcbbgUVjwQHCLm0skIuctWg7G2cMdGiefZGEc7STOB6NolwU26nJO9qa7GVfe98aM1VZ-Lmm0CX3I0AsnpV45ss13xEoohwgbN95QoMhmTIZ5K5PkFb4hP75xyjSMzQbuxmgOqqHzPRxn8PC_yw/s16000/Fernando_Pessoa_signature.svg%20(2).png" /></a></span></i></div><i><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><br /><b><br /></b></span></i><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b><span style="color: #990000;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">Mas ao contrário, é
precisamente na substância mítica, psicológica e filosófico-histórica de uma
epopeia como </span></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/camonologia.html">“Os Lusíadas”</a><i>, actualizada por <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/08/ocidente.html">Fernando Pessoa</a> na </i>“Mensagem”,<i> que é possível discernir o carácter e a
identidade do povo português, ou a sua estrutura cultural sublimada; e isto é
verdadeiro, mesmo a partir da hodierna perspectiva anti-colonialista, tão certo
é que ambos os poemas exprimem a motivação profunda da personalidade e da
independência de Portugal: o não ter sido esta meramente
vegetativa e antes ter sido uma entidade colectiva motriz da evolução humana e
social, uma pátria ecuménica que efectivamente “deu novos mundos ao mundo”.</i></span></span></b></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><i><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>E esta perspectiva sobre
a identidade portuguesa não terminou o seu ciclo; fomos sempre europeus, e é
precisamente como europeus, mas da espécie portuguesa, que estamos ainda, e
estaremos, nos cinco continentes, embora com um outro estatuto político.</b></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b><span style="color: #990000;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">Não há contradição entre
a nossa europeidade e o nosso ecumenismo; </span></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">“essência
da Europa”<i>, de Portugal disse Reinhold
Schneider, já que aqui, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/dois-caracteres-da-geografia-portuguesa.html">na periferia e à beira do Atlântico</a>, se desvendou a
fundamental vocação europeia: descobridora, universalizadora, promotora de uma
nova dinâmica das <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/03/civilizacao-ocidental-e-cultura.html">civilizações</a>.</i></span></span></b></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><i><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Mas esvaziem-nos da
nossa identidade, aniquilem a nossa memória colectiva, destruam o nosso orgulho
de sermos pátria independente, cortem-nos da nossa universalidade, encerrem-nos
num figurino pré-fabricado e obedientemente talhado segundo as ideologias da
hora, e que seremos então?</b></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b><span style="color: #990000;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">Na </span></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">“Análise Espectral da Europa”<i>,
com a sua habitual agudeza, Keyserling apontou o claro-escuro da personalidade
nacional: por um lado a </i><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/do-valor-indomito-dos-portugueses-na.html">“explosividade”</a><i>,
que nos <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/calecut.html">lançou imparavelmente na aventura cósmica</a>; por outro lado a </i>“crispação
com a qual e na qual se desperdiçam, sem finalidade”<i>, as forças dos portugueses.</i></span></span></b></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><i><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>Somos um povo que ora
se supera e transcende, ora se divide e paralisa ao afastar-se da sua
identidade real para se mascarar do que não é. Somos um povo hoje tenso e
crispado, à procura de si próprio e regressado de muitas ilusões.</b></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><i><span style="color: #990000; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b>É por isso que, neste
ano de 1977, se começa mais cedo a comemorar <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/06/camoes-e-fisionomia-da-patria.html">Camões</a>... discutindo uma rejeição,
que subitamente o torna mais vivo do que nunca!».<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;"><b><a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/o-pais-templario.html">António Quadros</a> (<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2010/01/arte-de-continuar-portugues-i.html">«A Arte de Continuar Português»</a>).</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinHg-jvK9JY_uiaxCPutcptHiC0Zw4umn5MTRxLKRsTAE8F7q2i9AzGzHLq-ldlgOLUQ74U9YWTIscYjqg41GlibTS-iwuBYA92wSNfxOANj-UXXXWoKtNISxLxSFIeHiRFmzdbdV5ZHlconrQuJlFUA-25aboanA6yuJekAiiDIlvMs3Vdxu6yrjBrcU/s1080/the-king-is-gone-but-hes-not-forgotten-b76d733d-0dfc-4cbd-ac62-e5536a050b5b.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="720" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinHg-jvK9JY_uiaxCPutcptHiC0Zw4umn5MTRxLKRsTAE8F7q2i9AzGzHLq-ldlgOLUQ74U9YWTIscYjqg41GlibTS-iwuBYA92wSNfxOANj-UXXXWoKtNISxLxSFIeHiRFmzdbdV5ZHlconrQuJlFUA-25aboanA6yuJekAiiDIlvMs3Vdxu6yrjBrcU/w427-h640/the-king-is-gone-but-hes-not-forgotten-b76d733d-0dfc-4cbd-ac62-e5536a050b5b.jpg" width="427" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p></p><p style="text-align: center;"><b><span style="color: #741b47; font-family: times; font-size: x-large;">A memória das raízes</span></b></p><p style="text-align: center;"><br /></p><p></p><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não se apurou ainda – e acaso jamais será possível fazê-lo – se a
história é realmente feita pelos povos, cabendo depois a alguns homens
registá-la e descrevê-la, e à maioria dos homens esquecê-la. Mas a crónica da
realidade humana diz-nos que efectivamente, de tempos a tempos, surgem homens
que apontam caminhos não trilhados, e que os povos seguem. Esses homens
constituem emanação de uma força colectiva: sintetizam os sentimentos da grei,
interpretam e exprimem com lucidez as aspirações por vezes confusas da comunidade, arrastam esta para novos ideais que sabem insuflar-lhe, são capazes
de superar o imediato para antever um futuro largo, conseguem libertar-se do
contingente ou acessório para atingir o que é essencial e é duradouro, ou mesmo
permanente. Esses homens, criando nos demais a convicção de que têm a
consciência superior das coisas, aliciam os espíritos, mobilizam as vontades,
firmam novos padrões de valor; e a estes, nos momentos de crise, de dúvida, de
angústia, outros homens se acolhem e amparam; e aí buscam o conforto das
certezas interiores, tomando como seus os objectivos por que valha a pena
lutar, e morrer. A esses homens chamamos então homens de génio; e a realidade
que deixam atrás de si ao desaparecer, não é igual à que encontraram e fica
enriquecida para gerações, ou pelo menos diferente para largo tempo. Dir-se-ia
que o homem comum é mais pobre do que a realidade encontrada, e é esta que o
afeiçoa e valoriza; o homem de génio é mais rico do que a realidade que se lhe
depara, e imprime nesta o seu cunho. Decerto: todos os homens têm de ser
havidos por iguais perante a lei, e no acesso às oportunidades da vida, e
perante a justiça social. Mas os homens de génio existem, e bem acima dos
demais; e uma igualdade artificial, imposta para além daqueles domínios, se não é
simples demagogia e procura converter-se em direito, estiola o progresso, mata
a liberdade, destrói o poder de criação, aliena os homens. Nesse caso, poderia
estar-se a mascarar a formação de uma classe de privilegiados que não se funda
em trabalho ou mérito mas em poder político, quase sempre conquistado por cima
de ruína, violência, agressão de consciências. Mas voltemos aos factos: no
mundo, no seio de comunidades nacionais, se estas mantêm intactas as suas
forças e se não estão afectadas as suas estruturas morais, têm surgido sempre e
hão-de surgir homens de génio – aqueles que rompem os quadros usuais, traçam as
suas próprias coordenadas, desvendam ou criam realidades insuspeitadas e até aí
inexistentes, e apontam aos outros homens novos caminhos, por vezes bem
ousados, e ásperos de trilhar.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Luís de Camões foi um daqueles homens. Foi um daqueles seis ou
sete portugueses sem cuja obra, exemplo ou acção, Portugal não seria o que tem
sido, e o que ainda é. Podemos e devemos exaltar em Camões o poeta lírico, o
poeta épico, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/05/da-gente-ilustre-portuguesa-e-do-patrio_31.html">guerreiro</a>, o humanista, aquele a quem na vida não faltou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«honesto estudo, com longa experiência
misturado»</i>, como nos diz no final dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lusíadas</i>;
podemos e devemos fazer o historial do homem e a exegese da obra; mas o que
importa é salientar um outro traço da sua personalidade. Além do poeta de génio
e do humanista, há que sublinhar em <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/05/nao-vimos-mais-enfim-que-mar-e-ceu.html">Camões</a> o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">português que teve consciência do que é Portugal</i>. Escreveu Oliveira
Martins que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os Lusíadas </i>andavam
dispersos no pensamento de todos os Portugueses: <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/04/e-se-mais-mundo-houvera-la-chegara.html">Camões</a> foi o verbo nacional
que exprimiu o sentimento colectivo (O. M., <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Camões</i>,
63). <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/03/nunca-louvarei-o-capitao-que-diga-nao_30.html">Camões</a> revela-nos, com efeito, o segredo da <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/do-berco-construcao-da-nacionalidade.html">nacionalidade portuguesa</a> (O.
M., <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ob. cit.</i>). Creio mesmo que esta é
a grande criação de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/12/a-vos-o-geracao-de-luso-digo_22.html">Camões</a> e a sua permanente mensagem: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a consciência de uma <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/a-nacao-por-leis-divinas.html">consciência nacional</a></i>. Sem dúvida: esta já se
havia formado, e imposto em <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/12/carmelita.html">Aljubarrota</a>, e traduzido em cultura, e manifestado
com originalidade e audácia nas <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2020/06/assim-fomos-abrindo-aqueles-mares-que_24.html">descobertas e navegações</a>. Mas é justamente quando
essa consciência entra em declínio que se ergue <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/02/tambem-dos-portugueses-alguns-traidores.html">Camões</a> – para a sublimar, para
a fixar em termos que não poderiam morrer, para a transmitir aos vindouros.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVA3nmUBnoJz8hbP24ZzkPeMWGWvZFrWWLvRi4QNKdrzAODfdhjj8edRPOoUfxcyNtSCiBeVEo5bD5a5ZO-LFEDNEQADA4r3IBchGWkC4-u1m_BiPTvZcdNovpccKEK_dltxtdTYxjB765lUR_-9TNAZ4WDy3LGIyhp004YxFeiMd6EexiJMz8uI9vRD0/s640/quadrados-1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="391" data-original-width="640" height="392" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVA3nmUBnoJz8hbP24ZzkPeMWGWvZFrWWLvRi4QNKdrzAODfdhjj8edRPOoUfxcyNtSCiBeVEo5bD5a5ZO-LFEDNEQADA4r3IBchGWkC4-u1m_BiPTvZcdNovpccKEK_dltxtdTYxjB765lUR_-9TNAZ4WDy3LGIyhp004YxFeiMd6EexiJMz8uI9vRD0/w640-h392/quadrados-1.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Batalha de Aljubarrota</span></b></td></tr></tbody></table><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCIhqoI1JOGvEYr8TNOuzpigmM5Beg-1uxTiWPbjw8ktDZTL6Uc5CCLktFikxbRnCBF99MygW5YqdlYrSwM4p4Umjiwm1pTDyTDHK1ZbWTQl_XFvs8o8cXvyQtLYQcgqFM0qK3Ug4DyZLuljwBYwWSBsFCUpyUzEnLzCiLzT7haAQmy1U9hL95iY2X7Vw/s1024/8011915238_21ec1dafe5_b.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1024" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCIhqoI1JOGvEYr8TNOuzpigmM5Beg-1uxTiWPbjw8ktDZTL6Uc5CCLktFikxbRnCBF99MygW5YqdlYrSwM4p4Umjiwm1pTDyTDHK1ZbWTQl_XFvs8o8cXvyQtLYQcgqFM0qK3Ug4DyZLuljwBYwWSBsFCUpyUzEnLzCiLzT7haAQmy1U9hL95iY2X7Vw/w640-h480/8011915238_21ec1dafe5_b.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Mosteiro de Santa Maria da Batalha<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Nunca se sublinhará em excesso um facto: na segunda metade do
século XVI é a partir da corte, dos dirigentes, dos homens que deveriam ser
responsáveis – que emanam os sinais de desagregação e decadência. O rei
afortunado, D. Manuel, casara três vezes com princesas castelhanas, e estas
arrastam para Portugal um acompanhamento de serventuários e cortesãos, de
músicos, físicos, capelães, letrados, escudeiros, confessores, homens de
palácio, todos forasteiros, e vindos de Castela; para a alta-roda de finas
maneiras exprimir-se em língua alheia, sobretudo em castelhano, e deturpar e
corromper o idioma próprio; prevalecia uma atmosfera de gozo eufórico; e
governantes e seus apaniguados instalavam-se em grande, alimentando um luxo de
minoria. Administração e corte de Lisboa, sem política e sem vontade,
inutilizavam ou desaproveitavam os homens de fé e de isenção. Para lá dos
mares, pela África e pela <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/calecut.html">Índia</a>, ainda <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/do-valor-indomito-dos-portugueses-na.html">se batiam alguns homens de carácter</a>; mas
a empresa das navegações, a manutenção dos domínios, a feitura das naus,
haviam-se transformado em <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-fumos-da-india.html">negócio especulativo e em lucro de comissões aos favoritos e oportunistas</a>; a escolha dos capitães do mar e dos capitães de armas
dependia de nepotismo, de apoio de facções ou grupos da corte, da intriga, e
não de mérito ou experiência. E no reinado seguinte, de D. João III, e sem
embargo das virtudes pessoais do homem, tudo se agravou. Foram subjugados pelo
espírito cosmopolita, inspirados por outros e por interesses de outros, a
corte, o escol, os grandes mercadores, e alhearam-se do cerne vital do país; e
em causa foram postos os valores, os princípios, as bases em que assentava a
própria independência nacional. Catarina de Áustria, a rainha, sempre se
manteve estrangeira, e dominava o rei; e durante a sua regência entregou
claramente Portugal ao poderio estrangeiro. Ficou a nobreza cingida ao papel
de serventuária do Paço; no povo enfraquecera, se não se obliterara, a antiga
e altiva consciência do seu valor colectivo e dos seus interesses permanentes;
mas de algum modo, difuso e nebuloso, pressentia a campanha de
desnacionalização conduzida pelos poderosos em nome de ambições pessoais ou de
grupo, e até de mitos ocasionais. Por isso, alguns homens da arraia anónima,
quando se discutia como educar D. Sebastião, exigiam: que <i style="color: black;">«vista à portuguesa, com o seu camareiro-mor; coma à portuguesa;
cavalgue à portuguesa; fale à portuguesa; todos os seus actos sejam
portugueses; e com isto lhe fareis hábito para que tenha grande amor ao reino e
coisas dele». </i>Mas tudo isto importava aos dirigentes bem pouco. Com os seus
grupos, estavam enfeudados ao estrangeiro, de que recebiam avultados fundos e a
favor de cujos objectivos trabalhavam em Portugal <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[1]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>; e
por isso, e pela sua ignorância ou insensibilidade perante a história, a visão
que possuíam dos interesses nacionais conduzia-os a alinhar pelos interesses
estrangeiros a política portuguesa. No fundo, a sua visão levava-os a julgar,
ou a dizer, que o bem de Portugal consistia apenas em satisfazer o que<i style="color: black;"> outros</i> afirmavam ser o interesse de
Portugal sem se aperceberem de que esses outros estavam a prosseguir objectivos
próprios e não portugueses. Era a obediência a pressões estranhas; era a
prioridade concedida a problemas pessoais ou de grupo ou de classe, sobre
questões nacionais; e era também a subserviência perante as ideias, os mitos,
os objectivos a que os grandes poderes da época, para seu proveito, davam curso
generalizado, pretendendo persuadir os mais fracos de que seria vantagem sua
adoptá-los. Todos sabemos as consequências deste desvario da consciência
nacional, deste ajoelhar perante ideias de fora, desta infiltração de interesses
de terceiros: <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/12/perigos-de-dentro.html">a perda da independência nacional</a>.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz-oZ7cCCY1G48Na9scXeLp-LR0uKvQcSakhtFMkz1paEJ8QmkrfF_tPcXo9osouP6eI2xJJ_2Z9ObFSp3UpQQE8VqPdwH-UzmQF5hOexhvXUNQCB0-k0H-MusVjBLFlnilSYMQrZAsz0XPzujt1etudVm-lAv3ERDWvHWQKjTD7H-tTSizJHGAqcUJwo/s1920/Assinatura_D._Sebasti%C3%A3o.svg%20(1).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="609" data-original-width="1920" height="203" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz-oZ7cCCY1G48Na9scXeLp-LR0uKvQcSakhtFMkz1paEJ8QmkrfF_tPcXo9osouP6eI2xJJ_2Z9ObFSp3UpQQE8VqPdwH-UzmQF5hOexhvXUNQCB0-k0H-MusVjBLFlnilSYMQrZAsz0XPzujt1etudVm-lAv3ERDWvHWQKjTD7H-tTSizJHGAqcUJwo/w640-h203/Assinatura_D._Sebasti%C3%A3o.svg%20(1).png" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNvFuq1AxkOnOJd_WpAm-Ule2NQ210PMXi7o7HghO6p2ymc6wna58sdyysdilcbqImiiB-lShN1ijhjuUvQLcRNiDTthIDqKDVlNyihX8OaLhvf5L4tjllh_F7HJrjmYPy0EPPcXtt_cgSYRaUAkQuIEIxP4FvqEDf3A3m4dlmLgMrjctDJAHbhuTLvE0/s640/Elmo%20de%20D.%20Sebasti%C3%A3o%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="426" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNvFuq1AxkOnOJd_WpAm-Ule2NQ210PMXi7o7HghO6p2ymc6wna58sdyysdilcbqImiiB-lShN1ijhjuUvQLcRNiDTthIDqKDVlNyihX8OaLhvf5L4tjllh_F7HJrjmYPy0EPPcXtt_cgSYRaUAkQuIEIxP4FvqEDf3A3m4dlmLgMrjctDJAHbhuTLvE0/s16000/Elmo%20de%20D.%20Sebasti%C3%A3o%20(1).jpg" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Camões apercebeu-se de tudo isto? <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/02/tambem-dos-portugueses-alguns-traidores.html">Sim</a>: e para o documentar, com o
seu génio e o poder divinatório da arte, legou-nos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os Lusíadas</i>. Em 1568, ainda menino de 14 anos, reinava D.
Sebastião, e Camões passou de Goa a Moçambique por 1569, devendo ter chegado ao
reino por 1570. É ínfima a tença de 15$000 ao ano que lhe concede o rei, e que
lhe é paga irregularmente durante três anos. Por isso se pode dizer que a vida
de Camões no reino frisou pela miséria; e parece fundamentada a frase de Diogo
do Couto, seu amigo, quando escreve: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«e
em Portugal morreu este excelente poeta em pura pobreza».</i> Mas na sua última
década de vida – entre 1570 e 1580 – Camões compreende bem a crise nacional, a
decadência da sociedade portuguesa, e vê quanto estava carcomido o cerne e
apodrecidas algumas traves mestras da nacionalidade. Num passo dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lusíadas</i> exclama:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>O favor com
que mais se acende o engenho<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Não no dá a
pátria, não, que está metida<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>No gosto da
cobiça e na rudeza<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Duma austera,
apagada e vil tristeza.</span></b><o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Justamente, essa vil tristeza provinha do descaso atribuído aos
problemas gerais. Camões era áspero na condenação:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Nem
creiais, Ninfas, não, que fama desse<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>A quem ao
bem comum e do seu rei<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Antepuser
seu próprio interesse.</span></b><o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">E por isso o poeta nos diz que:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Nenhum
ambicioso que quisesse<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Subir a
grandes cargos cantarei<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Só por
poder com torpes exercícios<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Usar mais
largamente de seus próprios vícios.</span></b><o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">E não havia homens que da história de Portugal faziam razoira sem
mercê? Sim: eram aqueles que<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>...se
desviam<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Do lustre e
do valor dos seus passados,<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Em gostos e
vaidades atolados.</span></b><o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Perante a queda, a inversão de valores, o abandono de pontos de
referência só portugueses, Camões pergunta dolorosamente por que força do
destino não tem Portugal<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>...um ledo
orgulho e geral gosto<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Que os
ânimos levante de contínuo<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>A ter para
trabalhar ledo o rosto.<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p><b> </b></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tudo isto se passa porque<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Aqueles que
devem à pobreza<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Amor divino
e ao povo caridade,<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Amam
somente mandos e riqueza,<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #741b47;">Simulando
justiça e integridade.</span></b><o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Para Camões, o uso da força e do poder tem de ser feito em prol do
bem comum; e os que assim não procederem, não vencerão, pois<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>...a
vitória verdadeira<o:p></o:p></b></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #741b47; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>É saber ter
justiça nua e inteira.</b></span></i></p><p align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></i></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quantos frequentam os reais paços, diz o poeta, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«vendem adulação»</i> e possuem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«honras vãs» </i>e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«ouro puro»</i>; mas não dão aos homens verdadeiro valor, e por isso
possuem aqueles bens sem os merecer.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ7IK7LlILV_BdAuOLcSf_Z2YuzcQyC0eIaaT54axkIgCtsIjGP9tuYnja9kTqxqzut0fN8zlFH-OJ1sCKyK-7lDfimaubLY5Mfk7gVfNbTUbA4Kh9JrEvOBLx50s4p6DK2hwgA6Gu3szykA-GANYG-1ZfphemuW7jJaJUTQ8-mbOxSrn9k_TOYBmrsOs/s448/OIP%20(10)%20(1).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="219" data-original-width="448" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ7IK7LlILV_BdAuOLcSf_Z2YuzcQyC0eIaaT54axkIgCtsIjGP9tuYnja9kTqxqzut0fN8zlFH-OJ1sCKyK-7lDfimaubLY5Mfk7gVfNbTUbA4Kh9JrEvOBLx50s4p6DK2hwgA6Gu3szykA-GANYG-1ZfphemuW7jJaJUTQ8-mbOxSrn9k_TOYBmrsOs/s16000/OIP%20(10)%20(1).jpg" /></a></div><br /><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Deste modo, e sem recurso a
exegeses difíceis e eruditas, sabemos que Luís de Camões, regressado de
além-mar, tomou consciência dos males do reino, dos vícios da governação, da
falência dos dirigentes, da desagregação da sociedade, dos <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2018/12/perigos-de-dentro.html">perigos</a> corridos
pela nação. E lançando um olhar a toda a história de <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/03/o-portugal-doce-patria_20.html">Portugal</a>, desce às raízes
mais profundas do povo português, invoca os altos feitos, sublinha as grandes
virtudes, assinala aqueles que por obras valorosas se foram da lei da morte
libertando; mas por detrás de tudo, e como pano de fundo, está o povo, a massa
do povo português. Verdadeiramente, o que o poeta canta é o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«peito ilustre lusitano»</i>; é o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«amor
da Pátria»</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«não movido de prémio vil»</i>,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">«mas alto e quase eterno»</i>; é em suma
toda <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«a gente lusitana»</i>.
Verdadeiramente, o que o poeta reflecte, interpreta e exprime é uma consciência
nacional que fixa numa linguagem nova, que recria em novos símbolos, que vive
em novos heróis, que alicerça em novos valores só portugueses e de virtualidade
permanente. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">«<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/05/milagre-de-ourique.html">Camões</a> e <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/08/el-rey-menino.html">D. Sebastião</a>, os
<a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2017/05/paz-e-guerra.html">Lusitanos</a> e Alcácer-Kibir, eis aí os dois homens e os dois actos que ficaram
para sempre gravados na imaginação colectiva, como uma fé e uma esperança, como
um mandamento e um cativeiro»</i> (Ol. Mart., <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Camões</i>, 123). Já foi dito por alguém com suprema autoridade –
Carolina Michaëlis – que a verdadeira figura dominante de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os Lusíadas</i> é a Pátria Portuguesa como entidade colectiva. Por
isso, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os Lusíadas</i>, afirma-o a mesma
ilustre senhora, são um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">livro nacional</i>.
Deste facto, aliás, se aperceberam os coevos do poeta, e aqueles que lhe sucederam,
até a actualidade. E assim, pelo mundo culto, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2012/02/esfera.html">Camões </a>foi havido como cantor da
civilização ocidental, <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2011/11/do-aristotelismo-camoniano.html">tesouro lusitano</a>, expressão acabada do patriotismo
português, expoente da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">consciência
nacional</i>.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Da <i style="color: black;">consciência nacional</i>.
Este facto é de importância máxima. Explica o papel que há quatro séculos
Camões desempenha na vida moral da <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2022/10/a-nacao-por-leis-divinas.html">nação</a>, o lugar iminente que ocupa no nosso
património cultural e espiritual, e justifica o culto que lhe é tributado em
geração após geração. Explica também o motivo por que alguns entre nós
quiseram, nos últimos quatro ou cinco anos <a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #bf9000;">[2]</span></b></span></span><!--[endif]--></span></a>,
negar Camões e expurgá-lo da vida nacional e fazê-lo esquecer no ânimo do povo:
é que o poeta representa as raízes de uma <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2015/12/a-patria.html">pátria</a>, constitui base de apoio
moral, no presente, alicerce fundamental para o futuro, e diz-nos que somos um
povo que vem dos confins da história e que, se não trair o seu carácter nem
alienar os seus valores, há-de ter um destino a cumprir em autonomia e num devir permanente. Fez esta reflexão o autor de o <i style="color: black;">Portugal Contemporâneo</i>: como Israel nos seus cativeiros sucessivos,
o português, abraçado à sua bíblia e enlevado no sonho messiânico do
sebastianismo, amassado com lágrimas, balbuciará as estrofes de Camões sempre
que vir apontar no céu uma aurora fugaz de renascimento, e sempre que contemple
melancolicamente o crepúsculo saudoso do seu passado perdido (Ol. Martins, <i style="color: black;">Camões</i>, 319). Sim: os que pretenderam
negar Camões sabiam bem que objectivos prosseguiam: provocar uma ruptura de
raiz e absoluta com o passado válido, destruir os caboucos do homem português,
tentar criar um homem novo – sem passado, sem dimensão espiritual, sem travejamento
moral, e por isso pobre e desgarrado, e à mercê de tudo. Em suma: um homem
português que fosse jogo de novos valores políticos e sociais, de uma nova
mística que integraria o povo português no messianismo alheio, em obediência a
uma política e a <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2016/01/portugal-e-o-globalismo.html">centros de decisão exteriores</a>. Era indispensável destruir a consciência
nacional: destruir Camões significava largo passo nesse caminho. Outros, ao que
parece, quiseram apoderar-se de Camões como se este pudesse ser propriedade de
qualquer ideologia, grupo ou partido. Não. Aquele homem de génio, que morreu em
pura pobreza, foi só português, cegamente português, incondicionalmente português.
Afigura-se que está bem assim.</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(In <a href="https://liceu-aristotelico.blogspot.com/2023/07/os-novos-imperios-e-os-direitos-de.html">Franco Nogueira</a>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Juízo Final</i>, Civilização Editora, 7.ª
edição, 2000, pp. 59-65).<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="mso-mirror-indents: yes; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJnHYqWO0tjxmLkk8UdXd16EytvgUHowkHy_jS4__7RU725mP0Ru2azmnF_5ifx9rRQDKB02icfxTfHXuf632IdhWaP_Xbi18rH_eSO-Z9WrH_Iss3X3PxRTgaruj0XkgAcSdeIcve_ONWFau2RB2hJ0YaMAL3WYKHlHdc2WmhG8EtI2j_xUVGeY5bwJk/s480/Ant%C3%B3nio_Carneiro_-_Cam%C3%B5es_lendo_Os_Lus%C3%ADadas.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="355" data-original-width="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJnHYqWO0tjxmLkk8UdXd16EytvgUHowkHy_jS4__7RU725mP0Ru2azmnF_5ifx9rRQDKB02icfxTfHXuf632IdhWaP_Xbi18rH_eSO-Z9WrH_Iss3X3PxRTgaruj0XkgAcSdeIcve_ONWFau2RB2hJ0YaMAL3WYKHlHdc2WmhG8EtI2j_xUVGeY5bwJk/s16000/Ant%C3%B3nio_Carneiro_-_Cam%C3%B5es_lendo_Os_Lus%C3%ADadas.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000;">Luís de Camões lendo <i>Os Lusíadas</i>, por António Carneiro.<br /><br /></span></b></td></tr></tbody></table><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b><p></p><div style="mso-element: footnote-list;">
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Ainda que não esteja
absolutamente documentada, é crível a frase atribuída a Filipe II de Espanha<i style="mso-bidi-font-style: normal;">: «Não tenho direito a Portugal? Então eu
herdei-o, conquistei-o e paguei-o!»</i>.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/box/Documents/miguel/Emprego/Convite%20para%20o%20Lan%C3%A7amento%20do%20livro%20Noemas%20de%20Filosofia%20Portuguesa.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Repete-se: este texto foi
composto, dito e publicado em 1980.</span></p></div></div><p></p>Liceu Aristotélicohttp://www.blogger.com/profile/08309154380235786251noreply@blogger.com0